o ‘servo sofredor’ de isaías 53

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O ‘SERVO SOFREDOR’ DE ISAÍAS 53 Por: João Alves Correia Este estudo foi preparado em conformidade com a interpretação tradicional judaica, sendo que as citações apresentadas foram extraídas diretamente do texto hebraico e as traduções seguem o padrão da Jewish Press Bible, em inglês. ISAÍAS 53:1 Mi heemin lish’muatênu, uz’rôa Adonay al mi niglatah? 1 Quem acreditou em nosso relato e o braço do S-nhor a quem foi revelado?Quem acreditou em nosso relato?” – O Servo do S-nhor (isto é, o remanescente fiel de Israel os profetas e justos de todas as gerações) era constantemente ignorado pelo resto do povo o qual não acreditava em suas palavras de exortação ao arrependimento. Os israelitas são reconhecidos por D-us como sendo Suas testemunhas(Isa 43:10), todavia nem sempre o relato transmitido por essas testemunhas tem sido aceito, seja pelos rebeldes dentre o próprio povo, ou seja ainda pelas nações as quais Israel serve de luz (Isa 42:6). Por esta razão Isaías diz, “Quem acreditou em nosso relato?” (Veja II Cro 24:19); O povo era aconselhado por todos os profetas a voltarem do seu mau caminho e a cumprir os mandamentos de D-us (II Rs 17:13) e mesmo assim, muitos deles foram mortos (I Rs 19:10). REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ Se este verso diz respeito a Jesus, como explicar o fato narrado pelo NT que as multidões se admiravam da sua “doutrina” e que seguiam-no para cima e para baixo, admirados pelos seus ensinamentos? (Mat 4:25/7:28) Se ninguém acreditava em Jesus por que as autoridades não queriam prendê-lo durante a Páscoa para evitar um motim entre o povo? (Mar 14:2) Se ninguém acreditou em Jesus por que diz-se que muitos sacerdotes tornaram-se cristãos? (At 6:7) Enfim, se ninguém acreditou em Jesus, por que Roma se preocuparia com ele, condenando-o à morte? …e o braço do S-nhor a quem foi revelado?” – Na Bíblia, a palavra “braço” tem o sentido de “poder de salvação”, e vemos por várias passagens que foi a Israel que o S-nhor revelou o Seu braço, pois foi ao povo judeu que o Eterno manifestou de forma maravilhosa o Seu grande poder para salvar quando estavam oprimidos: Exo 6:6 Israel resgatado com braço estendido e com grandes juízos. Deu 4:34 Israel tirado do Egito por D-us com mão poderosa e braço estendido. (Veja ainda: Deu 5:15/ 7:19/9:29/ 26:8/ Sal 44:3/ 77:15/ Isa 33:2/ 59:16) REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

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Por João Correia

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Page 1: o ‘Servo Sofredor’ de Isaías 53

O ‘SERVO SOFREDOR’ DE ISAÍAS 53

Por: João Alves Correia

Este estudo foi preparado em conformidade com a interpretação tradicional judaica, sendo que as

citações apresentadas foram extraídas diretamente do texto hebraico e as traduções seguem o padrão

da Jewish Press Bible, em inglês.

ISAÍAS 53:1

Mi heemin lish’muatênu, uz’rôa Adonay al mi niglatah?

1 – “Quem acreditou em nosso relato e o braço do S-nhor a quem foi revelado?”

“Quem acreditou em nosso relato?” – O Servo do S-nhor (isto é, o remanescente fiel de Israel – os

profetas e justos de todas as gerações) era constantemente ignorado pelo resto do povo o qual não

acreditava em suas palavras de exortação ao arrependimento. Os israelitas são reconhecidos por D-us

como sendo Suas “testemunhas” (Isa 43:10), todavia

nem sempre o relato transmitido por essas testemunhas tem sido aceito, seja pelos rebeldes

dentre o próprio povo, ou seja ainda pelas nações as quais Israel serve de luz (Isa 42:6). Por esta

razão Isaías diz, “Quem acreditou em nosso relato?” (Veja II Cro 24:19); O povo era aconselhado

por todos os profetas a voltarem do seu mau caminho e a cumprir os mandamentos de D-us (II Rs

17:13) e mesmo assim, muitos deles foram mortos

(I Rs 19:10).

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Se este verso diz respeito a Jesus, como explicar o fato narrado pelo NT que as multidões se

admiravam da sua “doutrina” e que seguiam-no para cima e para baixo, admirados pelos seus

ensinamentos? (Mat 4:25/7:28) Se ninguém acreditava em Jesus por que as autoridades não queriam

prendê-lo durante a Páscoa para evitar um motim entre o povo?

(Mar 14:2) Se ninguém acreditou em Jesus por que diz-se que muitos sacerdotes tornaram-se

cristãos? (At 6:7) Enfim, se ninguém acreditou em Jesus, por que Roma se preocuparia com ele,

condenando-o à morte?

“…e o braço do S-nhor a quem foi revelado?” – Na Bíblia, a palavra “braço” tem o sentido de

“poder de salvação”, e vemos por várias passagens que foi a Israel que o S-nhor revelou o Seu braço,

pois foi ao povo judeu que o Eterno manifestou de forma maravilhosa o Seu grande poder para salvar

quando estavam oprimidos:

Exo 6:6 Israel resgatado com braço estendido e com grandes juízos.

Deu 4:34 Israel tirado do Egito por D-us com mão poderosa e braço estendido.

(Veja ainda: Deu 5:15/ 7:19/9:29/ 26:8/ Sal 44:3/ 77:15/ Isa 33:2/ 59:16)

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Page 2: o ‘Servo Sofredor’ de Isaías 53

Se este texto diz respeito a Jesus, pedimos que nos expliquem se algum dia Jesus teria precisado que

D-us lhe manifestasse Seu “braço”, isto é, Seu poder de salvação. Se isto foi assim, então Jesus

também precisou ser salvo e não pode ser “salvador”.

ISAÍAS 53:2

Va-yaal ka-yonek lefanáv ukhe-shoresh me-êretz tsiáh. Lô toar lo ve-lô hadar ve-nir’ehu ve-lô

mar’eh ve-nech’medehu.

2– “Mas ele subiu como um lactente diante d’Ele e como raiz de uma terra seca.

Ele não tinha formosura e nem glória para que o notássemos, e nem aparência para que o

desejássemos“.

“Ele subiu como um lactente…” – O Servo do S-nhor (o remanescente fiel de Israel) é retratado pelo

profeta como um “lactente” que sobe (cresce) diante de D-us, como um bebê que cresce e se

desenvolve diante de seu Pai. Israel é mencionado várias vezes pelos profetas como uma criança,

como um menino – filho de D-us:

Ose 11:1 Quando Israel era menino, eu o amei, e do Egito chamei a meu filho.

Exo 4:22 Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito.

Exo 4:23 Deixa ir meu filho (Israel), para que me sirva.

Deu 1:31 Deus levou Israel como um homem leva seu filho por todo o caminho.

“…como raiz de uma terra seca” – Israel cresceu diante de D-us, Seu Pai celestial, como um ramo

verdejante em um deserto abrasante e seco:

Sal 80:8-9 Israel é uma videira frondosa cultivada por D-us.

Deu 32:9-10 D-us achou Israel numa terra deserta, num êrmo de solidão.

Ose 13:4-5 D-us conheceu Israel no deserto, em terra muito seca.

Jer 2:6 D-us fez Israel subir do Egito por uma terra de sequidão.

“…não tinha formosura…e nem aparência para que o desejássemos” – Israel desde os seus

primeiros dias até hoje não parece atraente diante das nações; Os povos do mundo têm

historicamente desprezado o povo judeu, relegando-o como um rejeitado e renegado. Isto é um fato

inegável desde que os judeus estiveram cativos no Egito até os dias do holocausto nazista.

Isa 51:7 Israel não deve preocupar-se com a injúria dos homens.

Jer 33:24 Israel desprezado e ignorado como povo pelas nações.

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Se esta passagem refere-se a Jesus, como explica-se o fato de Israel ter sido chamado de “filho” de

D-us e “primogênito” muito tempo antes? Note que o termo “primogênito” refere-

Page 3: o ‘Servo Sofredor’ de Isaías 53

se ao primeiro filho gerado, o mais importante. Não podem existir dois primogênitos, e

assim, Jesus não pode ser chamado de “primogênito” de D-us quando Israel já foi chamado assim

séculos antes. No evangelho de Mateus 2:15, o autor cita

Oséias 11:1, aplicando-a a Jesus – mas note as diferenças:

Mat 2:15 “e lá ficou até a morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito da parte do

Senhor pelo profeta: Do Egito chamei o meu filho”

Mateus dá a entender que Oséias teria “profetizado” a ida de Jesus ao Egito. Mas, vejamos se isso é

assim:

Ose 11:1 “Quando Israel era menino, eu o amei, e do Egito chamei o meu filho”

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Veja: quem é mesmo chamado de “filho” de D-us pelo profeta Oséias? Israel, é claro! Não tem nada

a ver com Jesus ou com qualquer outra pessoa. Se Mateus era confiável e agia de boa fé, por que

então omitiu vergonhosamente a primeira parte do verso de Oséias que diz claramente que o filho

tirado do Egito é Israel? Sejamos honestos com a verdade!

E mais: Será que Jesus foi conhecido numa terra seca, desértica assim como ocorreu com Israel

como já vimos? Bem, todos sabem que Jesus teria nascido na Judéia ainda que haja controvérsias

entre os pesquisadores, pois segundo alguns ele nasceu na Galiléia. Seja a verdade qual for, fato é

que ambas as regiões ficam dentro das fronteiras de Israel, que de acordo com a Bíblia não é uma

terra seca, um deserto – mas sim, “uma terra que mana leite e mel” (Exo 13:5), uma terra fértil (Nee

9:35), terra de trigo e cevada, de vides e figueiras, de azeite e mel (Deu 8:8).

E finalmente, quando foi Jesus alguém não desejado? Os gentios até hoje seguem cegamente sua

doutrina, multidões e gerações acreditaram nele e desejam seguir seus passos como se ele fosse

alguém digno de ser seguido. Além disso, os cristãos tem em Jesus

o “desejado de todas as nações”, numa referência a Ageu 2:7. Como pode ser ele o

“desejado das nações” e ainda assim “não ter aparência para que fosse desejado”??

ISAÍAS 53:3

Nivzeh va-chadal ishim ish mackheovot vi-yidua choli ukhe-master panim mimênu nivzeh

ve-lô chashavnuhu.

3 –“Ele foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e experiente em enfermidades.

E como alguém de quem se esconde o rosto, nós o desprezamos e não o consideramos“.

“…desprezado e rejeitado pelos homens” – Não é necessário investigar muito a fundo a história de

Israel para percebermos o quanto este povo foi desprezado pelos outros povos: primeiro, faraó os

oprimiu no Egito; depois, vieram os inimigos de Babilônia, da Assíria, da Grécia e Roma. Com o

surgimento do cristianismo, os judeus (o povo de Israel) foi duramente perseguido, humilhado e

quase destruído pela sanha sanguinária dos líderes desta religião, quer fossem eles católicos ou

protestantes. Vieram as inquisições, os pógroms, expulsões em massa, o exílio, as deportações, as

calúnias de sangue e finalmente em pleno século XX a maior das catástrofes: o holocausto (em

hebraico, shoah), no qual seis milhões de judeus pereceram nos fornos crematórios ou envenenados.

Page 4: o ‘Servo Sofredor’ de Isaías 53

“homem de dores…experiente em enfermidades” – Israel é sem dúvida o “homem de dores,

experiente em enfermidades” mencionado por Isaías. Dele os povos até hoje escondem o rosto,

desprezando-o e desconsiderando-o.

Isa 49:7 Israel desprezado dos homens, aborrecido das nações, servo dos tiranos.

Sal 44:13 Israel como opróbrio aos seus vizinhos, escárnio e zombaria.

Sal 44:14 Israel, provérbio entre as nações, meneio de cabeça entre os povos.

Jer 10:19 Israel quebrantado; sua chaga causa grande dor.

Jer 30:12 O ferimento de Israel é gravíssimo.

Veja ainda Isa 51:7/54:6/60:14-15/ Jer 18:16/ 33:24.

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

E quanto a Jesus? Foi ele algum dia “desprezado” dos povos? Não é isso que diz o NT. Ele era

seguido por multidões: Será que isto significa ser “desprezado”? (Mat 4:25; Luc 23:27) Jesus era

famoso por toda a Galiléia e por todos era admirado (Luc 4:14-15). É isso que significa ser

desprezado? Não é o que parece. Hoje cerca de 1/3 da população mundial

(cerca de 2 bilhões de pessoas) vê em Jesus uma espécie de “deus” – isso é ser

“desprezado”? Não é o que parece!

Jesus não trabalhava e aconselhava os outros a também não trabalhar (Joa 6:27); vivia de doações e

ofertas, sendo sustentado por mulheres (Luc 8:1-3); além disso, vivia nos banquetes e grandes

festas (Luc 7:36/11:37/14:1), e dava-se com ricos e famosos. Será que isso pode ser considerado

como uma vida de sofrimentos e dores? Dificilmente…

ISAÍAS 53:4

Akhen, cholayênu hu nassá umakheoveinu s’valam va-anachnu chashavnuhu nagua mukeh

Elohim umeuneh.

4 – “Certamente ele levou as nossas enfermidades, e nossas dores suportou e nós o tínhamos como

alguém abatido, ferido de D-us e oprimido“.

“…ele levou as nossas enfermidades” – O Servo de D-us, o fiel remanescente de Israel sofre

juntamente com os pecadores dentre o povo, levando suas dores. Assim, vemos os profetas e justos

antigos pedindo e intercedendo pelos que de fato pecaram contra as leis de D-us. Moisés por

exemplo, pediu a D-us que perdoasse o pecado do povo, levou sobre si a “enfermidade” de sua nação

(Exo 32:11-12); Daniel, embora sendo justo, assumiu a culpa pelo erro do seu povo em suas orações,

levou por assim dizer, as “enfermidades” de sua nação e de sua gente (Dan 9:4-5); Jeremias é um

outro bom exemplo em sua ousada e apaixonada defesa do povo judeu, mesmo quando esse não

correspondia à vontade de D-us (Jer 30:23-25).

“ferido de D-us e oprimido” – Israel foi ferido de D-us, pois segundo os profetas, foi o próprio

Eterno que causou sua chaga e Ele mesmo e quem a sara:

Page 5: o ‘Servo Sofredor’ de Isaías 53

Isa 60:10 D-us feriu Israel em sua ira.

Ose 6:1 D-us feriu Israel e é quem o cura.

Sal 44:19 Israel foi ferido pelo Eterno.

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Jesus não tomou sobre si as dores ou enfermidades de ninguém, uma vez que disse que quem

desejasse seguí-lo deveria tomar sua própria cruz (Mat 16:24). Assim, ele não pode ser

considerado como alguém “ferido de D-us” no sentido de trazer a redenção; ele foi sim ferido por D-

us, foi considerado “maldito” pelas suas próprias transgressões e recebeu sobre si mesmo a paga

pelas suas más obras, morrendo pendurado no madeiro, isto é, sobre uma cruz romana.

ISAÍAS 53:5

Ve-hu mecholal mi-peshaeinu medukah me-avonoteinu mussar shlomenu alav uva- chavuratô

nirpá lanu.

5 -“ E ele foi profanado pelas nossas transgressões, oprimido pelas nossas iniqüidades; a disciplina

da nossa paz estava sobre ele, e pelo seu ferimento fomos curados“.

“…profanado pelas nossas transgressões” – Israel foi chamado de povo santo, separado para seu D-

us (Deu 7:6). Entretanto, as transgressões da maioria rebelde do povo fez com que sua vocação à

santidade fosse profanada; isso ocorreu também com a terra de Israel e com o Templo sagrado (Eze

24:21).

“a disciplina da nossa paz estava sobre ele” – A disciplina, a palavra de exortação ao

arrependimento que pode sempre trazer a paz sobre todo Israel está na boca dos justos dentre o povo.

O ímpio todavia rejeita a palavra de correção e ignora a disciplina; nessa passagem, há uma espécie

de reconhecimento de que a palavra proferida pelo Servo do S- nhor é aquilo que pode trazer a paz

(Jer 25:4/29:19/35:15/Dan 9:6 e 10).

“pelo seu ferimento fomos curados” – Os justos de Israel sofreram terrivelmente pela opressão e pelo

aperto dos inimigos do povo de D-us. Entretanto, foram justamente estas feridas que trariam a paz e

a cura para todo o povo. Nunca faltaram justos em Israel para pedir e rogar ao Eterno pelo povo

rebelde. Jeremias é um clássico exemplo:

“Estou quebrantado pela ferida da filha do meu povo; ando de luto; o espanto apoderou- se de mim”

(Jer 8:21)

“Portanto lhes dirás esta palavra: Os meus olhos derramem lágrimas de noite e de dia, e não

cessem; porque a virgem filha do meu povo está gravemente ferida, de mui dolorosa chaga”. (Jer

14:17)

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Jesus pelo que notamos não foi profanado pelas transgressões de ninguém, senão pelas dele mesmo

pois blasfemava constantemente querendo ser D-us e menosprezando o ser humano (Mat

15:26/23:33/João 5:18). A disciplina da paz do povo judeu nunca esteve sobre Jesus pois ele jamais

Page 6: o ‘Servo Sofredor’ de Isaías 53

pediu a D-us por eles e nunca os defendeu diante dos seus inimigos como fizeram os grandes

profetas. A “disciplina” que Jesus ensinava não serviu para nada, pois buscava fazer dos judeus suas

vítimas, fazendo-os aceitar um ser humano (ele mesmo) como D-us, uma heresia imperdoável pela

lei judaica. Ninguém foi curado pelos ferimentos inflingidos a Jesus, uma

vez que aqueles que o feriram (os gentios) sempre tiveram sua simpatia ao contrário dos judeus

que eram supostamente seu povo. Suas condenações e críticas eram constantemente dirigidas aos

judeus – nenhuma palavra de conforto ou de consolação.

ISAÍAS 53:6

Kulanu ka-tson taínu; ish le-darkô paninu, va-Adonay hifgía bo et avon kulanu.

6-“Todos nós como ovelhas nos desgarramos; nos desviamos cada um pelo seu caminho, e o S-nhor

o atingiu com o pecado de nós todos“.

“…como ovelhas nos desgarramos” – O povo de Israel sempre foi comparado nas Escrituras às

ovelhas do pasto, guiadas por D-us. Entretanto, as ovelhas (o povo judeu) vez ou outra se desgarrava

devido ao descuido de seus pastores (líderes politicos e religiosos).

Jer 50:6 O povo de D-us como ovelhas desgarradas; seus pastores as fizeram errar.

Ez 34:6 O povo de D-us como ovelhas espalhadas por todas as nações.

“…o S-nhor o atingiu com o pecado de nós todos” – O pecado de toda a nação [e também dos

gentios] atinge o Servo do S-nhor, ferindo e quebrantando-o.

Jer 8:21 Jeremias ferido pelo pecado de seu povo.

Jer 15:18 Dor perpétua e ferida incurável atinge o profeta.

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Jesus ao contrário de buscar as ovelhas desgarradas, tentou fazer com que as que já estavam

congregadas se desgarrassem; fez isso quando insistiu em ser reconhecido como D-us ou como parte

da Divindade; fez isso também quando tentava desviar os judeus de sua Lei ancestral, voltando-se ao

culto pagão dos deuses semi-humanos. Assim, o pecado de ninguém o atingiu, senão o dele mesmo e

teve o fim merecido em conformidade com suas más obras.

ISAÍAS 53:7

Nigash ve-hu naaneh ve-lô yiftach piv, ka-seh la-têvach yuval, ukhe-rachel lifnei

goz’zeiha neelamah ve-lô yiftach piv.

7 -“Ele foi afligido, tiranizado e ainda assim não abriu sua boca; como um

cordeiro levado ao matadouro e como ovelha muda perante seus tosquiadores, ele não abriu

sua boca“.

O remanescente justo de Israel sofreria os terrores do exílio, da deportação e a morte sem abrir sua

boca; tal como o cordeiro que vai para a morte ingenuamente, o Servo sofre sem ter culpa alguma e

sem entender bem por que tudo aquilo acontece.

Page 7: o ‘Servo Sofredor’ de Isaías 53

Isa 42:2 O Servo não clama, não se exalta e nem se ouve sua voz nas praças e ruas.

Sal 44:11 Entregues como ovelhas para o pasto.

Sal 44:22 Entregues à morte como ovelhas para o matadouro.

Isa 50:6 A resignação do Servo.

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

E quanto a Jesus? Será que ele não abriu sua boca diante de seus acusadores e na presença daqueles

que o condenaram à morte? Quando o servo do sumo-sacerdote lhe bate no rosto, ele ao contrário do

que pregava, não deu “a outra face”, mas reclamou do golpe (João

18:22-23); Em João 18:33-37 ele abre sua boca novamente para apresentar sua defesa

diante de Pilatos e finalmente na cruz ele mais uma vez abre sua boca, desta vez para queixar-se do

abandono que sofrera da parte do seu “deus” (Mat 23:46). Assim, Jesus definitivamente não se

enquadra à figura de uma “ovelha muda” que não abre a boca diante de seus tosquiadores, isto é,

como alguém que por estar fazendo a vontade de D-us sofre resignadamente a opressão dos inimigos.

ISAÍAS 53:8

Me-otser umi-mishpat lukach ve-et dorô mi yesocheach? Ki nigzar me-êretz chayim, mi-

pêsha ami nêga lamô.

8 – “Pela opressão e pelo juízo foi tirado e sua geração quem mencionará? Pois ele foi cortado da

terra dos viventes, pela transgressão do meu povo houve ferimento para eles“.

“Pela opressão e pelo juízo foi tirado” – O Servo do S-nhor (os justos em Israel) foi tirado, tomado,

levado pela opressão de seus inimigos e também pelo juízo divino. A combinação desses dois

fatores fez com que o Servo passasse por todas as crises e que pudesse assim por seu testemunho fiel,

servir de meio para trazer novamente a paz ao povo de D-us. A “opressão” na passagem refere-se aos

inimigos do povo de D-us (Babilônia, Grécia, Roma, a Igreja, etc); o “juízo” por sua vez reflete a

mão de D-us que fere o Servo atingindo-o com todo tipo de aflições e que mais tarde traz-lhe a cura

(ver Ose 6:1-3).

“…e sua geração quem mencionará?” – A penúria pela qual o Servo teria que passar chega a

impressionar o profeta levando-o a questionar se haveria alguém que pudesse fazer menção de sua

posteridade. O sofrimento que os servos de D-us passariam colocaria em risco toda a sua geração; os

seus inimigos certamente não pouparam esforços na tentativa maquiavélica de eliminar da face da

terra sua incômoda presença. Entretanto, apesar do duro castigo imposto ao Servo, há o anúncio da

redenção e do livramento: “Tu não temas, servo meu, Jacó, diz o S-nhor; porque estou contigo; pois

destruirei totalmente todas as nações para onde te arrojei; mas a ti não te destruirei de todo, mas

castigar-te-ei com justiça, e de modo algum te deixarei impune” (Jer 46:28).

“…ele foi cortado da terra dos viventes” – O termo “cortado” como usado por Isaías refere-se à

morte, e ao exílio por extensão. Ser cortado da terra dos viventes é o mesmo que ser morto ou

desterrado, exilado de sua terra natal, e da terra por excelência, a Terra de Israel. O profeta Jeremias

Page 8: o ‘Servo Sofredor’ de Isaías 53

como modelo do Servo do S-nhor, sentiu-se como cordeiro levado ao matadouro, vítima daqueles

inimigos que tencionavam eliminá-lo: “Mas eu era como um manso cordeiro, que se leva à matança;

não sabia que era contra mim que maquinavam, dizendo: Destruamos a árvore com o seu fruto, e

cortemo-lo da terra dos viventes, para que não haja mais memória do seu nome” (Jer 11:19). Assim

sentia- se o Servo do S-nhor:

Eze 37:11 “Então me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que eles

dizem: Os nossos ossos secaram-se, e pereceu a nossa esperança; estamos de todo cortados”

“Pela transgressão do meu povo houve ferimento para eles” – O Servo de forma coletiva foi atingido

pela transgressão de todo o povo rebelde, e recebeu a ferida e o

quebrantamento sem embora merecê-lo. A tradução deste verso poderá surpreender aquele

que não está familizarizado com o hebraico bíblico, entretanto a expressão encontrada no final do

verso (“para eles”) traduz-se do termo למו[lamô]. Esta expressão hebraica é encontrada em cerca

de 20 versos nas Escrituras, especialmente em Jó 24:17 e Sal 88:8 onde a mesma é vertida pela

Almeida como “para eles” (note o plural).

No caso de nosso texto (Isa 53:8) não poderíamos esperar que as versões em português ou em

qualquer outra língua moderna vertesse o termo desta forma, no plural pois isto seria um golpe fatal

na idéia cristã de que o Servo do S-nhor retratado pelo profeta seria uma só pessoa, no caso Jesus.

Percebemos aí e em muitos outros casos, a desonestidade intelectual dos chamados “eruditos”

cristãos.

Ao usar o plural (“para eles”), Isaías demonstra cabal e insofismavelmente que o Servo do S-nhor é

um personagem coletivo – não trata-se portanto de uma só pessoa, mas sim, de várias. Como vimos,

o termo inclui todos os justos de Israel de todas as gerações, profetas, patriarcas, reis e pessoas

comuns que fizeram a vontade de D-us, chamando o restante do povo ao arrependimento e à

conversão.

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

Jesus não foi levado pela opressão dos inimigos do povo de D-us pois ao contrário dos profetas das

Escrituras, não denunciou o opressor estrangeiro – antes, foi conivente com ele. Cedeu a Roma

quando tacitamente concordou com o pagamento dos pesados tributos impostos pelos dominadores

(Mat 22:21), entretanto nos evangelhos não vemos jamais ele

devolvendo os dízimos no Templo; Jesus nunca criticou o poder político dominante, no caso o

Império Romano – preocupou-se mais em falar mal dos líderes e príncipes do seu povo (Mat 23),

algo condenado pela Lei bíblica (Exo 22:28). Quando inquirido sobre sua pretensa identidade

messiânica diante do potentado romano, ele acovardou-se não assumindo publicamente o que

ensinava aos seus chegados, isto é, que ele seria o Messias enviado de D-us; ele certamente não o fez

diante de Pilatos porque isto poderia acarretar em crime de lesa majestade, podendo ser acusado de

insurreição política. Quanto a ser tirado pelo juízo (divino), cristão algum concordaria com isso pois

evidenciaria que Jesus sofreu um castigo pelas mãos de D-us.

A “geração” de Jesus, isto é, sua memória não correu jamais risco de ser esquecida, uma vez que sua

doutrina prevaleceu no mundo de então, ganhando todo o orbe romano por decreto à partir do séc. III

EC. Logo, não é sobre ele que Isaías fala.

Page 9: o ‘Servo Sofredor’ de Isaías 53

Jesus morreu (de forma prática) por aqueles que o aceitam. Logo, sua morte so pode significar

alguma coisa para as pessoas que acreditam que seus pecados afetaram-no, causando sua sina

fatídica na cruz. O profeta Isaías afirma: “pela transgressão do meu povo foi ele atingido” – Isaías

pertencia ao povo judeu, e para os judeus, a morte de Jesus nao tem o valor que os cristãos lhe

conferem. Logo, Isaías falava sobre outras pessoas, e não sobre o deus cristão.

ISAÍAS 53:9

Va-yiten et reshayim kivrô veet ashir be-motav al lô chamás assah ve-lô mirmah be-piv.

9 –“E foi-lhe dada sepultura com os ímpios e com os ricos em suas mortes apesar de não ter

feito violência e de não existir engano em sua boca“.

“E foi-lhe dada sepultura com os ímpios” – O Servo do S-nhor recebeu “sepultura” juntamente com

os que mereciam a morte, ou seja, os ímpios dentre o povo. Como

afirmamos anteriormente, a morte aqui e tudo o que se relaciona a ela não significa

necessariamente a interrupção da existência física. “Morte” nessas passagens é uma espécie de

metáfora para aludir ao exílio, à deportação (cf. Sal 107:10-14/Eze 37/Ose 13:14-

16). O Servo (os justos dentre o povo) foi ao exílio, e em certo sentido, deram-lhe sepultura

juntamente com os malévolos que não deram ouvidos às palavras dos profetas. Basta lembrar de

Daniel e seus companheiros em Babilônia; de Esdras, Neemias e Zorobabel nos dias da Média e

Pérsia e depois de todos os justos que foram dispersos depois do ano 70

EC.

“…e com os ricos em suas mortes” – O “pobre” não necessariamente no sentido econômico, é às

vezes colocado em oposição ao “rico”, ao mais favorecido. Diz o salmista que “o ímpio…persegue

furiosamente ao pobre” (Sal 10:2). Logo, os ricos aqui significam os ímpios – e o que temos é uma

repetição da frase anterior usando outras palavras, o que é característico da literatura hebraica. Este

recurso literário é chamado de paralelismo:

foi-lhe dada sepultura com os ímpios = com os ricos nas suas mortes

Temos uma aparente inconsistência nesse verso. Ninguém “morre” mais de uma vez, então como

explicar nossa tradução da última parte do verso “em suas mortes”? Mais uma vez, nossas versões

em língua portuguesa nos desamparam e não nos deixam perceber esta realidade. O profeta

escreveu “nas suas mortes” (note o plural) e não “na sua morte” (singular). A palavra em hebraico

para “morte” é (mot), e se Isaías pretendesse dizer “na sua morte” (singular), ele teria escrito

(be-motô); ao contrário disso, ele escreveu (be-

motav), onde o sufixo corresponde à uma forma do possessivo plural, traduzido como

“suas”. Hoje em dia infelizmente nenhuma versão em língua portuguesa transmite esta realidade.

Mas, voltando à questão: como explicar o uso do plural aqui visto que ninguém morre mais do que

uma vez? Bem, como já afirmamos, não estamos falando aqui de morte física como a conhecemos. A

idéia da “morte” nessa e em outras passagens refere-se ao exílio, como já demonstramos (vide Sal

107:10-14/Eze 37:12/Ose 13:14-16). Sabendo então que houve dois grandes exílios (O primeiro, de

586 a 515 aEC e o segundo, do ano 70 EC até 1948), poderemos perceber por que o profeta falou de

“mortes” e não de uma só “morte”. Assim, a profecia se encaixa perfeitamente ao contexto histórico

da experiência do povo judeu.

Page 10: o ‘Servo Sofredor’ de Isaías 53

“…apesar de não ter feito violência e de não existir engano em sua boca” – O salmista afirma que

embora o Servo (o justo remanescente de Israel) não tivesse se esquecido de D-us e jamais agido de

forma falsa contra o Pacto, todo aquele mal (o exílio) lhes sobreveio (Sal 44:18). Sofonias afirma por

outro lado, que o remanescente de Israel não comete iniqüidade e nem profere mentiras, não

achando-se engano em sua boca

(Sof 3:13).

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

E quanto a Jesus? Bem, sabemos que ele morreu literalmente e que foi sepultado. Entretanto,

aprendemos de Isaías 53:9 que é impossível uma referência aqui à morte física, uma vez que o

profeta usa o plural e ninguém morre duas ou mais vezes! Temos aqui a primeira impossibilidade da

aplicação do texto a Jesus. A segunda diz respeito à sepultura que deram ao Servo junto com os

ímpios. Como sabemos, Jesus não foi sepultado juntamente com ninguém, seja justo ou ímpio – ele

esteve segundo os evangelhos, sozinho no sepulcro de José de Arimatéia, que não era ímpio

(segundo o NT), mas sim, rico. Jesus

não esteve com Arimatéia (um homem rico) em sua morte – logo, nem de longe poderemos

aplicar tal passagem a Jesus.

E será que não podemos encontrar violência e mentira nas palavras e ações de Jesus? O que dizer do

destino bárbaro e cruel que ele tenciona dar àqueles que não acreditam nele? (veja Luc 19:27) Como

esquecer da violência empregada por ele ao expulsar os cambistas? (Mat 21:12) E o que dizer da

mentira que Jesus proferiu ao dizer aos seus irmãos que não iria à festa dos tabernáculos? Sabemos

que depois que seus irmãos foram, ele para lá se dirigiu, mas em secreto (João 7:2, 8-10) E o que

dizer da maior mentira de todos os tempos, ou seja, a mentira da sua segunda vinda – visto que ele

mesmo prometeu voltar ainda naquela mesma geração? Quantas centenas de gerações se passaram

desde então? (Mat 24:34)

ISAÍAS 53:10

Va-Adonay chafetz dakeô hecheli. Im tassim asham nafshô yir’eh zerá yaarikh yamim ve-

chefetz Adonay be-yadô yitslach.

10 -“E ao S-nhor agradou ferí-lo, fazendo-o adoecer. Se ele imputar culpa à sua alma, verá sua

descendência prolongar os seus dias, e a vontade do S-nhor prevalecerá pela sua mão”.

“E ao S-nhor agradou ferí-lo” – Sabemos pelo profeta Oséias que foi o S-nhor que feriu

Israel, Seu Servo, e é Ele mesmo quem os cura:

“Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele despedaçou e nos sarará; fez a ferida, e no- la atará”

(Ose 6:1)

“Se ele imputar culpa à sua alma…” – Note que a tradução da frase deixa claro que o

Servo não tem culpa, mas se ele imputar culpa à si mesmo “verá sua descendência prolongar

os seus dias”. Ao longo do texto bíblico, vemos os profetas e os justos entre os israelitas assumindo,

tomando sobre si a culpa que não tinham pelos pecados do seu povo. Daniel é um clássico exemplo:

Page 11: o ‘Servo Sofredor’ de Isaías 53

Eu, pois, dirigi o meu rosto ao S-nhor D-us, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, e saco e

cinza. E orei ao S-nhor meu D-us, e confessei, e disse: (…) pecamos e cometemos iniqüidades,

procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus preceitos e das tuas ordenanças.

(Dan 9:3-5)

Jeremias embora inocente assim como Daniel, assumiu a culpa do seu povo: “Nós transgredimos, e

fomos rebeldes” (Lam 3:42)

“verá sua descendência prolongar os seus dias” – O salmista afirma que os justos

florescerão como a palmeira (Sal 92:12), isto é, sua descendência permanecerá para sempre; o

S-nhor promete preservar os seus santos (Sal 37:28) e seus dias serão como os dias da árvore (Isa

65:22).

“a vontade do S-nhor prevalecerá pela sua mão” – Através do sofrimento inflingido ao Servo, a

vontade de D-us finalmente prevalecerá. Sabemos que Israel foi posto por luz das nações (dos

gentios) de acordo com Isa 42:6 e 49:6. Ao perceber a penúria e a aflição do Servo do S-nhor, as

nações serão finalmente compungidas, levadas a entender o propósito do Eterno D-us. Assim, o véu

posto sobre o entendimento dos gentios será levantado (Isa 25:7) e os povos do mundo buscarão a D-

us através do povo judeu(Zac 8:23), reconhecendo que só herdaram mentiras e ilusões (Jer 16:19-

20).

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

E quanto a Jesus? Concordariam os cristãos que D-us agradou-se com a sua execução sobre uma cruz

romana? Dificilmente…

E o que dizer da frase, “se ele imputar culpa a sua alma”? Será que em algum momento Jesus cogitou

a hipótese de ter alguma culpa? Será que algum dia imputou culpa sobre si mesmo, pedindo a D-us

pelo seu povo? Não encontramos um só verso do NT que apóie isso – muito pelo contrário, pois ele

disse: “Quem de vós me convence de pecado?” (Joa

8:46). Jesus não soa nada humilde e nem um pouco disposto a imputar culpa a si mesmo,

compartilhando do destino do povo de D-us, assim como fizeram os justos e profetas no passado.

E quanto à “descendência” de Jesus? Onde ela está? Deixou ele alguma semente na terra?

De que forma sua semente pode ela mesma “prolongar os seus dias”?

E o que dizer da “vontade do S-nhor”? Terá ela prevalecido pela mão de Jesus? O que vemos no

mundo hoje depois de 2000 anos de existência do cristianismo? De que forma o mundo mudou –

para melhor ou para pior? E o conhecimento das leis de D-us, a que nível está? O que as pessoas hoje

em dia conhecem da Torá, da Palavra de D-us? Não há como demonstrar que isso cumpriu-se nele,

de forma alguma.

ISAÍAS 53:11

Me-amal nafshô yir’eh yisbá. Be-datô yatsdik tsadik avdi la-rabim va-avonotam hu yisbol.

Page 12: o ‘Servo Sofredor’ de Isaías 53

11 – “Ele verá e ficará satisfeito com o trabalho de sua alma. Através de seu conhecimento, o

meu Servo vindicará o Justo a muitos e as suas iniqüidades ele levará“;

“Ele verá e ficará satisfeito com o trabalho de sua alma” – O Servo verá com satisfação que a obra

de conversão do seu povo será finalmente coroada de êxito e que sua vocação para ser luz dos

gentios será gratificada pelo sucesso, como vimos no verso anterior. O povo judeu pelo testemunho

do Servo servirá plenamente o seu D-us, observando fielmente Suas leis (Eze 37:24); os gentios

buscarão ao Eterno e aprenderão sobre Ele (Zac 8:23)

“Através do seu conhecimento o meu Servo vindicará o Justo” – D-us será plenamente vindicado

pela obra do Servo, quando a mesma for concluída.

“…e as suas iniqüidades ele levará” – O Servo como vimos, levou a culpa pelas iniqüidades da

maioria do povo rebelde; imputou culpa a si mesmo, sem embora ser culpado (Daniel, Jeremias,

etc).

REFUTAÇÃO DA POSIÇÃO CRISTÃ

E quanto a Jesus? Sua pretensa obra de redenção do povo judeu terminou em tragédia para o povo de

D-us, antes e depois do aniquilamento do estado judaico. Sua pretensa obra de salvação dos gentios

terminou em rejeição da Lei de D-us, de uma profunda fobia por tudo que é judaico –

e isso inflingiu ainda maiores sofrimentos sobre o Servo. Não podemos ver como essa “obra”

poderia satisfazer Jesus, a não ser que ele tenha inclinações sádicas.

Não podemos de forma alguma dizer que Jesus vindicou o D-us de Israel pela sua obra. Muito do

preconceito contra os judeus que hoje existe foi semeado por distorções da verdade sobre o judaísmo

ensinadas por Jesus e seus sucessores. Jesus como dissemos, não levou as inqüidades de ninguém,

senão as dele mesmo. Aliás, ele jamais imputou culpa sobre si mesmo e repelia todos aqueles que

apontavam seus pecados.

ISAÍAS 53:12

Lakhen, achalek lo va-rabim, ve-et atsumim yechalek shalal tachat asher heerah la- mavet

nafshô ve-et peshayim nim’nah ve-hu chet rabim nassá ve-la-posheyim yafgía.

12- “Portanto, eu lhe darei parte com os grandes e ele repartirá os poderosos como despojo, pelo

que derramou sua alma na morte, e foi contado com os transgressores e levou o pecado de muitos e

pelos transgressores intercederá“.

“…parte com os grandes…repartirá os poderosos como despojo” – A recompensa do

Servo será ver com satisfação que o povo de D-us e conseqüentemente o próprio Eterno serão

finalmente vindicados e as grandes nações ao reconhecerem isso, trarão dádivas e honras (Isa 60:6-9)

e os filhos de Israel despojarão aqueles que antigamente os despojaram (Eze 39:10).

“…derramou sua alma na morte” – a gloriosa recompensa do Servo é proporcional ao seu grande

desprendimento e altruísmo, pois não tendo culpa alguma, é levado à morte junto com aqueles que de

fato são os culpados e nisso ele foi “contado com os transgressores”, isto é, foi considerado como um

deles.

Page 13: o ‘Servo Sofredor’ de Isaías 53

“e pelos transgressores intercederá” – Lembremo-nos mais uma vez da grande oração

intercessória feita por Daniel em Babilônia, confessando o pecado do seu povo e imputando culpa

também a si mesmo (Dan 9). Jeremias fez o exatamente isso ao compor o livro de Lamentações

(Lam 3:42). O verbo interceder está aqui no futuro por uma razão bem simples: a intercessão do

Servo não está restrita apenas ao passado. O profeta vislumbra por todo o caítulo 53 as penúrias e os

sofrimentos pelos quais o Servo ainda passaria (os dois exílios, pógroms, deportações, inquisições,

holocausto etc) e dessa forma usa o verbo no futuro de forma bem apropriada.

BIBLIOGRAFIA

1. Bíblia Hebraica (Texto Massorético) – The British and Foreign Bible Society, 1958

2. Jewish Press Bible, JPB – edição on-line do site http://www.chabad.com

3. Talmud da Babilônia, edição on-line do site http://www.mechon-mamre.com

4. Isaías – Introdução e Comentários (J. Ridderbos) Ed. Mundo Cristão

5. Ezequiel – Introdução e Comentário (John B. Taylor) Ed. Mundo Cristão

6. Daniel – Introdução e Comentário (Joyce G. Baldwin) Ed. Mundo Cristão

7. Estudos na Bíblia Hebraica (Betty Bacon) Ed. Vida Nova

8. Dicionário Hebraico-Português/Aramaico-Português (Ed. Vozes/Sinodal)

9. Dicionário Hebraico-Português (Ed. Sefer)

Autor: ESH YOHANAN

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Isa_41:8 Mas tu, ó ISRAEL, SERVO MEU, tu Jacó, a quem escolhi, descendência de Abraão,

Isa_44:1 Agora, pois, ouve, ó JACÓ, SERVO MEU, ó Israel, a quem escolhi.

Isa_44:2 Assim diz o Senhor que te criou e te formou desde o ventre, e que te ajudará: Não temas, ó

JACÓ, SERVO MEU, e tu, Jesurum, a quem escolhi.

Isa_44:21 Lembra-te destas coisas, ó Jacó, sim, tu ó ISRAEL; porque tu és MEU SERVO! Eu te

formei, meu servo és tu; ó Israel não te esquecerei de ti.

Isa_45:4 Por amor de MEU SERVO JACÓ, e de Israel, meu escolhido, eu te chamo pelo teu

nome;

ponho-te o teu sobrenome, ainda que não me conheças.

Isa_48:20 Saí de Babilônia, fugi de entre os caldeus. E anunciai com voz de júbilo, fazei ouvir isto, e

levai-o até o fim da terra; dizei: O Senhor remiu a SEU SERVO, JACÓ;

Page 14: o ‘Servo Sofredor’ de Isaías 53

Isa_49:3 e me disse: Tu és MEU SERVO; és ISRAEL, por quem hei de ser glorificado