o sagrado feminino das profundezas de nosso ser · assim como uma incidência desordenada de novos...
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O SAGRADO FEMININO DAS PROFUNDEZAS DE NOSSO SER
São Paulo – Simplesmente Yoga
Ser Macho consiste em ver-se frágil, fazer-se semente para que germine
uma luz ainda maior. Aí está a Sabedoria...
Mas...A sabedoria feminilizou-se: tornou-se afetividade emocional...
O Feminino em nós é a Força rigorosa de participação no Nome divino, abertura amorosa que distribui as energias àqueles que, reconhecendo-se frágeis, penetram os céus
interiores...
Mas...A inteligência masculinizou-se: tornou-se força exterior, forçafísica, competição que massacra o mundo em busca deconquistas exteriores...
Um pouco de sua história
• As duas cidades:
Betânia: “casa dos pobres” ou Ananya: Casa das fontes ou
dos barcos, ou ainda: Bet-bara – “casa das tâmaras”. Hoje é
chamada El-Azair – “Vila de Lázaro”. Citada 12 vezes nos
Evangelhos. Elas poderiam ser duas: uma situada “a menos
de três quilômetros de Jerusalém” e outra situada “do
outro lado do Jordão”.
Magdala: situada entre Cafarnaum e Tiberíades, ao lado do
Lago da Galiléia. Em aramaico: “fortaleza”, “torre”.
Casa de MyriamDeserto / Grutas
MAGDALA
Templo
“Myriam de Magdala deve ter frequentado a Corte de Herodes, tetrarca da
Galileia, cuja capital era Tiberíades. Aliás nessa província, onde Roma
trouxe paz e prosperidade, onde a história misturou todas as raças desse
oriente médio turbulento, onde o céu é tão suave, onde é tão bom viver às
margens de um lago brilhante, as cidades ricas, as cidades prazerosas:
Cafarnaum, Magdala, Tiberíades!
Jesus e Myriam de Magdala aí se encontravam: Ele proclamando a vinda
do Reino de Deus, ela em busca de aventuras amorosas. Eles caçavam
sobre as mesmas terras.”
Padre R.L. Bruckberger
Seu contexto social, cultural e religioso
• Dominação romana – pagamentode altos impostos...
• Influência da cultura grega -Platão, Aristóteles, Zenon,Epicuro...
• A fé messiânica, o Templo, osinédrio, o calendário litúrgico:em franca decadência...
Na época de Jesus, “o judaísmo não era a única religião das terras
palestinas: uma série de outras crenças eram cultivadas nos mais diferentes
templos, e também amplamente difundidas e associadas. Às crenças mais
antigas se juntavam o sincretismo religioso, as novas aberturas filosóficas,
assim como uma incidência desordenada de novos rituais. Estes avançavam
de tal modo e passaram a ter penetrações tão elevadas, que em todo o
ambiente mundial de participação romana o vislumbre de um monoteísmo
passou a ser cada vez mais almejado por povos que não vinham das
chamadas religiões do livro, na época o judaísmo e o zoroastrismo.”
Sua família
• Sua mãe: Eucária, judia.
• Seu pai: Teófilo, sírio, negociava bálsamo nas rotas entre Pereia, Judeia eGalileia.
• Três irmãos: Marta, Lázaro e Myriam.
Raban Maur, teólogo do século IX, descreve a família de Betânia como sendo
“de raça nobre, possuindo um rico patrimônio, grandes extensões de terra,
muito dinheiro e escravos e três propriedades fora de Jerusalém” (uma delas
em Magdala).
Quem é Myriam de Magdala?
Lc. 8,36 ss - “Além dos apóstolos, havia ao lado de Jesus um grupo aindamais espantoso e mais espetacular (...). Lucas, no meio desse grupo demulheres, nomeia apenas três. Aos pés da cruz, elas se encontrarão emgrande número, tendo seguido Jesus da Galileia até Jerusalém. Essas trêsmulheres são: Myriam de Magdala, Joana e Suzana. Eu penso que elaseram de alta condição, o que é evidente, particularmente em relação àJoana, por ser a mulher do primeiro ministro do rei. Mas, aquela que ocupasempre o primeiro lugar é Myriam de Magdala, não somente por causa doseu grau de intimidade com Jesus, mas sem dúvida também por suaelevação social. Essas três mulheres eram ricas e generosas: graças a elas, ogrupo de Jesus tinha as suas necessidades garantidas.”
Padre R.L. Bruckberger
Quem é Myriam de Magdala?As controvérsias...
Os evangelhos Canônicos:
(Lc 10 e Jo 11-12): Pecadora, Maria de Betânia, Myriam de Magdala – três rostos uma sópessoa ou três rostos e três pessoas?
“Pela mesma forma que não nos foi dado o nome da pecadora da Galileia, também aqui (Lc.
10,38-42) não se diz o nome da cidade. Mas ele nomeia Marta e Myriam. Nenhuma menção
ao irmão Lázaro. É através de João que nós saberemos que Lázaro existe e que o lugar se
chama Bethânia. Somente em João esta família e este lugar ganharão toda importância, uma
importância capital no destino temporal do Cristo.” (Padre R.L. Bruckberger).
A influência do Gnosticismo no Evangelho de João (Raymond Bown e Ramon Justino).
“O Discípulo Amado”, autor do Quarto Evangelho: quem é ele? O que é“autoria”?
Etapa 1 - o pré-canônico
Etapa 2 - a escrita
Etapa 3 - redação final após a morte do “Discípulo Amado”!Encontram-se sete referências a um “outro discípulo” (um anônimo...) quepode ser identificado com Myriam de Magdala, “autora inspiradora do quartoevangelho”, fundadora de uma comunidade em Éfeso...
Myriam de Magdala como Apóstola dos Apóstolos (fundadora de
comunidade): o “Discípulo Amado” se transforma em um homem, devido à
mentalidade da época...
“A partir do IV século, quando a virgindade passa a ser encarada não mais apenas no seuaspecto espiritual, mas principalmente no aspecto físico e cerceador, o menosprezo pelasmulheres que acompanharam Jesus se torna cada vez mais forte. Só Maria, Mãe de Jesus,não é atingida, e passa a ser o paradigma da perfeição espiritual, enquanto Myriam deMagdala passa a representar um exemplo de mulher portadora do pecado, necessitando,portanto, de uma eterna penitência”
“...era, porém, interesse da Igreja de Roma, cada vez mais expansionista, caracterizar anecessidade de se combater o pecado (...) nas terras consideradas pagãs. (...) O PapaGregório I (540-604) utilizou esse conceito para justificar o trabalho da Igreja nessas terras,e como forma de mostrar que as mazelas do mundo eram causadas pelos pecados doshomens. Dessa forma, apenas a Igreja Católica de Roma seria portadora da salvação. (...)Ele utilizou o exemplo de Madalena como a prostituta que se arrependeu, e só por isso foicurada, passando o resto de sua vida em penitência. (...) foi nesse sermão que Gregóriopontificou que Maria Madalena, Maria de Betânia e a pecadora citada por Lucas eram amesma mulher. Isso fez com ela perdesse a sua posição de Apóstola dos Apóstolos e setornasse o exemplo da perdição do mundo”
Os Evangelhos Apócrifos
• Pistis Sofia – Códice de Askew, diálogo de Jesus com Madalena e outros discípulos.
• O Evangelho de Maria (Madalena).
• O Evangelho de Felipe.
• O Evangelho de Tomé.
O estudo conjunto desses textos possibilita uma nova recuperação da verdade sobreesta mulher em face de Jesus.
Na Tradição Gnóstica, Madalena é interpretada como personagem de sumaimportância, transmissora da Sabedoria, portadora de luz e símbolo do verdadeiroadepto de Jesus Cristo. Em outras seitas cristãs do primeiros tempos, ela também foireconhecida como uma mestra e seus ensinamentos foram oralmente transmitidos.
מרים – Myriam
מר – Marah – amargo
מים - maym – as águas...
Para onde estes textos nos levam?
O caminho arquetípico – síntese entre o histórico e o meta-histórico
1- O arrependimento e o perdãoLc, 7, 36-50
- Uma mulher, pecadora na cidade: “na perspectiva social da época, não há nenhuma oposição
entre o caráter de pecadora pública e o de uma mulher honrada...”
- O drama familiar – entre o antigo e o novo: “Uma família feliz e poderosa que seguia os
costumes e os gostos do momento. A jovem Myriam tinha sido elevada à moda grega. Aos
treze ou quatorze anos, exibindo extraordinária beleza, de espírito vívido, insolente e sensual,
ela aprendia com Platão que a beleza dos corpos é um meio de chegar à Sabedoria e, na
história de seu povo, ela aprendia que este era um prodigioso instrumento de dominação.
Essas duas certezas, que ela conservava no seu coração e no seu sangue, deveriam fazer dela
uma filha fora do comum.”
A pecadora
- Hamartia em grego, rata, em hebraico.
- Prostituição - קדׁש - qadash – “ser santo” e (ה) קדׁש - “prostituído”.
- Transgredir para regredir ou progredir?
“Sob a influência do helenismo, os costumes se tornaram extremamente livres, até mesmopermissivos, sobretudo para as mulheres, até mesmo as mais jovens. A moda aí semisturou, o deboche era incrível. Myriam de Magdala era o exemplar e a estrela destemundo. Para um judeu piedoso, é evidente que sua vida tão debochada só poderia ser umescândalo. Ela bebia esse escândalo como uma bebida refrescante. Ela nada compreendiadas obrigações estabelecidas dos fariseus. Para ela, esse deboche não era mais que umacontestação, uma maneira ostensiva de abalar o peso desse julgo.” (Padre R.L. Bruckberger)
ש
2- Discípula com os discípulos, Lc 8, 1-3
“A possessão diabólica não é forçosamente o sinal de um estado de pecado. Mas o hábito do pecado e uma certa perversidade nesse hábito favorecem a possessão diabólica”.
Os demônios do ventre: gastrimargia (gula), porneia (luxúria), philarguria(avareza) – são os mais visíveis, porém não os mais perigosos.
Os demônios da alma: a Orgé (cólera), lupé (tristeza, melancolia, languidez), acedia (depressão), kenodoxia (inflação egóica), uperufania (megalomania) –estes são mais dissimulados.
3- Aquela que escuta – Lc 10, 38-41.
O único necessário
4- Aquela que chora – compaixão e intercessão Jo 11, 1-44
• Se estivesses aqui meu irmão não teria morrido...
• “A Virgem Maria foi a serva da encarnação e, dando-lhe um corpo, revelouDeus aos homens. Mas é Maria Madalena que, mais do que qualquer outro,revelou a ternura dessa humanidade. O Cristo está longe, tanto de todoestoicismo quanto de todo puritanismo. (...) ele santifica nossas lágrimascomo abençoa o vinho das nossas adegas. É preciso amar a vida com nossashumildes alegrias para sentir a dor da morte de um amigo”...
• Uma presença além da dor e da alegria...
5- Aquela que unge – Sacerdotisa e Profeta (Jo 12, 1-8; Mt 26,6-13; Mc 14, 3-9)
• A unção: o valor e o símbolo do perfume...
• Pobres sempre os tereis, mas a mim, nem sempre...
7- Aquela que ousa o vazio e a falta – Jo 20,1-2
8- O reencontro com o Ressuscitado – Jardineira da Criação Jo 20, 11-16 (Evangelho de Maria)
9- O apostolado da Fraternidade – Anunciadora dos novos tempos Apóstola dos Apóstolos – sentido da ecclesya – Jo 20, 17-18
10- A missão – Apostolado – “Mártir” – Silêncio.
A angelical
Gula
Avareza
Porneia
Cólera
Tristeza e acedia
Vã glória
Megalomania
Comunhão
Contentamento
Eros
Doçura / Paciência
Alegria
O Anjo da lembrança
Respeito
O caminho iniciático de Myriam de Magdala
O arrependimento e o perdão – Lc 7, 40-50 Discípula com os discípulos – Lc 8, 1-3 Aquela que escuta – Lc 10, 38-42 Aquela que chora – compaixão e intercessão – Jo 11, 1-46 Aquela que unge – sacerdote e profeta – Jo 12, 1-8 Aquela que testemunha a dor e a morte – Parteira que acompanha o novo
nascimento, a agonia e a morte – Jo 19,25 e Mt 27, 55 Aquela que ousa o vazio e a falta – Jo 20,1-13 O reencontro com o Ressuscitado – jardineira da criação – Jo 20, 14-16
(Evangelho de Maria) O apostolado da Fraternidade – anunciadora dos novos tempos – apóstola
dos Apóstolos – sentido da ecclesya – Jo 20, 17-18 A missão – apostolado – “Mártir” – silêncio.
Tanto que esperou pudesse um diaChegar bem perto dizendo tudoSe não conseguiu como queriaO seu silêncio não ficou mudo
Ela muito amou, tem a minha pazVai seguir caminho sem temorSabe quem eu sou e será capaz
De espalhar na Terra o meu amor
Ela ultrapassou toda medidaNão lhe bastando meros preceitosLágrimas, perfume, que acolhida!
Nem se importando com preconceitos
Se ninguém ousou dizer bem claroO que pensava daquele gesto
Ele revelou como era raroEsse carinho tão manifesto
Ele é sempre mais que um convidadoSe põe a mesa nutrindo a vidaOlha os corações e põe de ladoToda a aparência, cura a ferida.
Ela muito amou, tem a minha pazVai seguir caminho sem temorSabe quem eu sou e será capaz
De espalhar na Terra o meu amor
ELA MUITO AMOU