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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM O REGIME ADUANEIRO DE DRAWBACK COMO INSTRUMENTO DE COMPETITIVIDADE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS NO COMÉRCIO INTERNACIONAL Por: Uilber Peixoto Pereira Orientador Prof. Sérgio Majerowicz Rio de Janeiro 2011

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Page 1: O REGIME ADUANEIRO DE DRAWBACK COMO … · monografia também possa auxiliar na solução: Dadas as características do mercado internacional e as dificuldades do empresário brasileiro

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

O REGIME ADUANEIRO DE DRAWBACK COMO INSTRUMENTO

DE COMPETITIVIDADE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS NO

COMÉRCIO INTERNACIONAL

Por: Uilber Peixoto Pereira

Orientador

Prof. Sérgio Majerowicz

Rio de Janeiro

2011

Page 2: O REGIME ADUANEIRO DE DRAWBACK COMO … · monografia também possa auxiliar na solução: Dadas as características do mercado internacional e as dificuldades do empresário brasileiro

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

O REGIME ADUANEIRO DE DRAWBACK COMO INSTRUMENTO

DE COMPETITIVIDADE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS NO

COMÉRCIO INTERNACIONAL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Empresarial.

Por: . Uilber Peixoto Pereira

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AGRADECIMENTOS

....aos professores que sempre me

incentivaram, aos colegas de turma e a

todos que direta ou indiretamente

colaboraram para a conclusão deste

trabalho...

Page 4: O REGIME ADUANEIRO DE DRAWBACK COMO … · monografia também possa auxiliar na solução: Dadas as características do mercado internacional e as dificuldades do empresário brasileiro

4

DEDICATÓRIA

...dedico este trabalho especialmente a

Deus e a minha esposa e minha filha que

tanto me apoiaram...

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RESUMO

O presente trabalho procura mostrar como o regime aduaneiro de

Drawback pode ser utilizado para à redução de custos logísticos, desonerando

os impostos e taxas que incidem sobre os insumos importados, e assim

proporcionar às empresas brasileiras uma maior competitividade nas

exportações, com a redução do custo final de seus produtos.

Este Regime traz vantagens que ratificam a relevância de seu papel nas

ações dirigidas ao crescimento do Brasil Exportador. São elas: proteção ao

emprego, a alavancagem da competitividade das empresas nacionais pelo

corte de custos, evitando assim que empresas estrangeiras se instalem no país

e tirem o mercado das empresas locais. Tem-se como consequência o

aumento das exportações e a entrada de mais dinheiro no país, quando

nacionalizamos os insumos.

O Drawback beneficia todos os setores da economia, desde o

manufatureiro e industrial ao agropecuário e ao cultivo de produtos agrícolas,

desde que sejam destinados à exportação. Atualmente, após perceber o

aumento na utilização do Regime o governo desenvolveu o Drawback

Eletrônico, que faz o controle por meio de um sistema informatizado e com a

atuação do DECEX, onde defere Atos Concessórios que os fabricantes

solicitam. O controle e fiscalização diária deste Regime foi possibilitado, bem

como a comprovação e efetivação das exportações efetuadas.

Page 6: O REGIME ADUANEIRO DE DRAWBACK COMO … · monografia também possa auxiliar na solução: Dadas as características do mercado internacional e as dificuldades do empresário brasileiro

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METODOLOGIA

O método utilizado para o desenvolvimento deste trabalho foram a

pesquisa em livros, leitura de paginas na internet e especialmente estudo de

caso. A medida que as informações eram enriquecidas o trabalho tomava mais

e mais forma.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................ 8

1. O CENÁRIO ECONÔMICO INTERNACIONAL E A PARTICIPAÇÃO DO

BRASIL NO COMÉRCIO EXTERIOR...............................................................10

1.1. A importância do Comércio Internacional para a empresa ............ 10

1.2. Vantagem Competitiva na economia global ................................... 12

1.3. Inserção das empresas brasileiras no comércio

internacional.....................................................................................................16.

2. O DRAWBACK PROPORCIONANDO VANTAGEM COMPETITIVA PARA

AS EMPRESAS BRASILEIRAS ....................................................................... 19

2.1 Importação sob o regime aduaneiro especial de drawback ........... 19

2.2 A empresa identificando a necessidade do drawback ................... 21

3. REGIME ADUANEIRO ESPECIAL DE DRAWBACK ............................... 22

3.1. Regimes aduaneiros especiais ...................................................... 22

3.2. Regime Aduaneiro Especial de Drawback ..................................... 25

3.3. Modalidades de Drawback ............................................................. 29

3.4. Produtos ......................................................................................... 34

3.5. Impedimento para a concessão ..................................................... 35

3.6. Pedido de Drawback ...................................................................... 35

3.7. Drawback Eletrônico ...................................................................... 37

CONCLUSÃO ........................................................................................... 40

ANEXOS ................................................................................................... 42

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................ 43

ÍNDICE ...................................................................................................... 45

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INTRODUÇÃO

As tomadas de decisão são a principal função do gestor e são cada vez

mais importantes. A redução da carga tributária é um ponto muito importante e

relevante e exige do profissional atenção, atualização, competência, entre

outros atributos.

Este trabalho tem o objetivo de demonstrar que o bom planejamento,

inclusive o tributário, traz inúmeros benefícios para a organização, tornando-a

cada vez mais competitiva no mercado global. Através de uma análise de

como os benefícios de drawback podem trazer competitividade para as

empresas brasileiras no comércio exterior; mostrando como a implementação

deste mecanismo nas importações vem a influenciar positivamente no preço

final de seus produtos, proporcionando para as empresas uma vantagem

competitiva.

O comércio exterior é de grande importância para as nações, sendo

incentivado cada vez mais pelos governos. Estes incentivos buscam possibilitar

as empresas à redução de seus custos de produção, influenciando diretamente

no custo final do produto a ser exportado, tornando-o mais competitivo. O

aumento da competitividade busca criar condições para que às empresas

tenham o acesso a mercados novos. Porém no caso do Brasil, para atingir este

objetivo é necessário abolir as dificuldades enfrentadas pelas empresas

exportadoras que se deparam, ao exportar, com o alto “custo Brasil”, dentre

outros custos que oneram a produção, inibindo e mesmo impossibilitando a

pequena e média empresa de se inserirem no mercado internacional, e por

vezes, ao afetar a produção em escala, comprometendo a competitividade

dessas empresas também no mercado nacional.

A partir do momento em que as empresas brasileiras sejam

beneficiadas por uma redução de seus custos de importação, será possível

uma oportunidade maior de ampliação da produção dos bens exportáveis,

assim como a aquisição de equipamentos e tecnologias, possibilitando as

empresas domésticas a se inserirem em um patamar competitivo no contexto

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internacional e, em muitos setores, com relevantes ganhos para o consumidor

brasileiro.

Entre os vários benefícios fiscais e financeiros concedidos aos

exportadores pelo governo brasileiro, o drawback ganha destaque, devido à

desoneração dos impostos e taxas que incidem sobre os insumos importados,

que tornam o custo de produção dos produtos a serem exportados muito

elevados.

Este trabalho é uma pesquisa bibliográfica que têm por objetivo mostrar

de que maneira as empresas brasileiras podem se tornar mais competitivas se

fizerem uso de instrumentos como o drawback.

O objetivo do drawback é promover o incremento das exportações, pois

permite que as empresas, ao importarem mercadorias destinadas à fabricação,

beneficiamento ou acondicionamento, ou a complementação, possam se valer

da suspensão ou isenção dos impostos de importação; com isso, o custo do

produto final diminuirá, aumentando assim a possibilidade de colocação do

produto nacional no mercado externo, o que, evidentemente, provoca

desenvolvimento de determinados setores produtivos, um aumento do número

de empregos, gerando um aquecimento econômico que, conseqüentemente,

acarretará um saldo positivo na balança comercial brasileira. Além de

proporcionar benefícios para as empresas, o drawback também é importante

para o governo, devido à entrada de divisas que podem ser convertidas em

investimentos na melhoria da infra-estrutura do país, e também para os

consumidores, uma vez que os produtos apresentam preços mais acessíveis e

com boa qualidade, o que é essencial para o necessário posicionamento dos

produtos nacionais no mercado internacional.

O capítulo I irá abordar as principais características do cenário

econômico e a participação do Brasil no comércio exterior. O capítulo II

explicará como as empresas identificam a necessidade de instrumento como o

drawback. Sendo abordado no capítulo III os regimes aduaneiros especiais,

mas mantendo seu foco para o regime de drawback, suas modalidades e

benefícios.

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CAPÍTULO I

CENÁRIO ECONÔMICO INTERNACIONAL E A PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NO COMÉRCIO EXTERIOR 1.1 A IMPORTÂNCIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL PARA A EMPRESA

A crescente abertura econômica do mundo moderno vem ressaltando,

ainda mais, a importância do comércio internacional. A livre circulação de bens

e serviços proporciona ganhos mútuos, ou seja, seja para compradores, seja

para países. O que quer que seja que restrinja ou distorça a circulação de

mercadorias, atinge diretamente os benefícios oriundos do comércio

internacional.

Segundo Saumíneo, torna-se imperativo um esforço comum, entre os

parceiros comerciais, na busca da remoção dos entraves comerciais e na

elaboração de legislações e procedimentos comerciais transparentes.

Para atingir esse objetivo, o economista destaca:

Faz-se necessário, inicialmente, o conhecimento e a identificação

sistemática e atualizada das barreiras existentes. A exemplo do que já

vem sendo feito por alguns dos principais participantes do comércio

mundial, que elaboram levantamentos que visam identificar as barreiras

impostas às exportações. Este tipo de estudo mostra-se relevante não só

para melhor informar os exportadores, mas também como subsídio às

negociações internacionais que visem à eliminação dos obstáculos ao

livre comércio.

Por isso, imagino que precisamos de estudos atualizados e profundos

capazes de identificar as barreiras às exportações brasileiras de bens e

serviços que entravam, potencial ou efetivamente, o comércio com os

nossos principais parceiros internacionais, sem esquecer é claro, como

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está a nossa situação com os países membros do Mercosul, destacando-

se a Argentina. (2009)

A Organização Mundial do Comércio - OMC, tem estabelecidas algumas

regras que definem o que é uma barreira comercial, pressupondo-se se existe

prática ilegal, o que entende-se como violação às regras acordadas em esfera

supranacional.

Existem três grupos comuns de entraves no que diz respeito às barreiras

relacionadas ao comercio de bens: Barreiras Tarifárias (tarifas no processo de

importação, valoração aduaneira, entre outras); Barreiras Não-Tarifárias

(medidas antidumping e compensatórias , restrições quantitativas, ,

procedimentos alfandegários, licenciamento de importações); e Barreiras

Técnicas (normas e/ou regulamentos técnicos, regulamentos sanitários,

fitossanitários e de saúde animal).

Vale salientar que os regulamentos e normas técnicas não compõem

barreiras comerciais. As barreiras técnicas podem ou não surgir devido à falta

de clareza dos regulamentos e normas ou à exigência de procedimentos

demorados ou dispendiosos para verificação de conformidade ou, ainda, em

consequência de regulamentos muito rigorosos, de discriminação com relação

ao item importado ou de inspeções caracterizadas pelo arbítrio ou excesso de

zelo (NASCIMENTO, 2005).

O desafio de participar crescentemente do mercado internacional via

exportações assume dimensão e complexidade enormes quando se trata das

pequenas e médias empresas, em que são típicas as dificuldades de

mobilização de recursos financeiros, o baixo nível tecnológico, a carência de

canais de acesso aos mercados internacionais, etc. Todos esses fatores

confluem para um baixo poder competitivo, que está intimamente associado à

pequena dimensão e à falta de articulação dessas empresas entre si, ou com

empresas de maior dimensão. Valeria a pena enfatizar que as transformações

requeridas pelas empresas de pequeno porte, para desempenharem um papel

mais importante nas exportações, têm a ver, na maioria das vezes, com sua

baixa eficiência produtiva, que somente pode ser compensada mediante a

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superação de seu isolamento recíproco ou em relação às grandes empresas

(NASCIMENTO, 2005).

Dado o exposto, chegou-se ao seguinte problema sobre o qual esta

monografia também possa auxiliar na solução: Dadas as características do

mercado internacional e as dificuldades do empresário brasileiro em ingressar

no comércio externo, quais os principais elementos a serem considerados e

quais as linhas de ação que podem ser sugeridas para ajudá-lo a buscar o

sucesso na inserção dos seus produtos na economia internacional.

1.2 VANTAGEM COMPETITIVA NA ECONOMIA GLOBAL

As indústrias, como todos os setores, precisam de um bom ambiente para

poder crescer. Em nosso país, os juros muito altos, bem como a enorme carga

tributária, o cambio valorizado e a falta de investimentos configuram um quadro

macroeconômico absolutamente hostil e na contramão das experiências bem

sucedidas de desenvolvimento. É muito arriscado crer que é possível tentar

sobreviver sob tais condições. É como ignorar um crescimento saudável no

futuro.

É muito importante que seja criado um ambiente que aumente a

competitividade dos produtos internos em relação aos nossos principais

concorrentes nos mercados, sejam internos ou externos. Por isso existe o

empenho dos entes governamentais, pois os mesmos vislumbram alavancar as

exportações brasileiras, priorizando à desoneração tributária das exportações,

aumentando o crédito para exportação, e também facilitar o acesso ao crédito

e à simplificação dos procedimentos aduaneiros para que as empresas

passem a considerar a exportação como uma alternativa estratégica nos seus

negócios. Dessa forma, o país será cada vez mais capaz de competir, em

condições vantajosas, no mercado internacional.

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A burocracia excessiva entrava o despacho aduaneiro e impõe custos

extras de armazenagem e atrasos na entrega das mercadorias. Os custos

portuários permanecem elevados e bem acima da média praticada no mercado

internacional. Mesmo considerando os instrumentos criados para desonerar as

exportações, a incidência de tributos permanece como um grave obstáculo. A

prioridade dada às questões fiscais na reforma tributária vem gerando impacto

na gestão das políticas de exportação e de importação, contribuindo para

manter o viés antiexportador que caracteriza a economia brasileira (Neto ,

2004)2.

O comércio exterior brasileiro tem sido o grande responsável por

importantes conquistas em termos de ajustes do balanço de pagamentos,

porém as exportações brasileiras tem de continuar crescendo a taxas elevadas

nos próximos anos, de forma que assegure a manutenção de superávits na

balança comercial, atendendo ao aumento das importações.

Para tanto, são necessárias ações que conduzam a mudanças estruturais

que levem à alteração do quadro de concentrações que caracteriza as

exportações brasileiras - mercados de destino, pauta de exportação em

produtos do grupo commodities e valor exportado em um pequeno número de

empresas -, mesma situação observada há três décadas. Mantêm-se hoje

problemas que foram enfrentados pelos exportadores pioneiros,

constrangimentos de várias origens que representam barreiras internas e

podem desestruturar uma classe de empresários que luta e crê neste país.

Tais fatores, além de todos os demais dificultadores, atrapalham o

desenvolvimento do comércio exterior brasileiro, não só por prejudicarem as

atividades dos grandes e tradicionais exportadores, mas por impedirem que se

agreguem novas empresas ao esforço de exportação, sobretudo de pequenos

e médios empresários, o que permitiria o crescimento das exportações, a

geração de novos empregos e a inclusão de novos produtos na pauta de

exportação. É fundamental que, além dos esforços já iniciados pelo governo,

as empresas exportadoras consigam visualizar onde efetivamente estão e em

que condições poderão competir nesse mercado, tanto em termos de

2 Armando Monteiro Neto, Presidente da Confederação Nacional da indústria (CNI).

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competitividade efetiva para exportar quanto em capacidade organizacional e

administrativa no sentido de não perderem os que já conquistaram e conseguir

elevar sua produtividade individual aos mesmos patamares do crescimento das

exportações brasileiras.

O comércio internacional tem caminhado de um lado para a liberação

dos fluxos comerciais de bens e serviços e de outro, para a formação de zonas

integradas de comércio, denominadas blocos econômicos, os quais podem

apresentar formatos diferentes conforme acordos político-econômicos dos

integrantes. Há uma necessidade do empresário da pequena empresa ter

conhecimentos em como está o país no processo globalizado, e como o Brasil

se estruturou para formar uma política externa consistente.

Os produtos brasileiros podem estar competitivos tanto pelo ponto de

vista do mercado interno quanto do externo. Esta competitividade deve ser

analisada sob os aspectos abaixo:

§ Empresarial ou Microeconômica – pontos de condição como

produtividade, marketing, inovação e qualidade - a capacidade

produtiva e sua relação com custos e preços (produtividade), a

capacidade para inovação e sua relação com qualidade e

diferenciação de produtos, a qualidade dos recursos humanos, a

capacidade de comercio e a gestão das empresas.

§ Estrutural ou Setorial - pontos de condição como mercado e à

tecnologia (acesso), à configuração da indústria e sua relação com

escala de produção e à dinâmica específica da concorrência.

§ Sistêmica ou Macroeconômica - pontos de condição como

macroeconômicos, internacionais (mercado internacional), avanço

do conhecimento, infra-estruturais, fiscais, financeiros e político-

institucionais, que mais diretamente influenciariam o desempenho

geral ou específico da cadeia em algumas das variáveis

econômicas analisadas: na mão-de-obra contratada, no comércio

exterior, nos custos da estrutura produtiva ou nos obstáculos que

essa mesma dimensão impõe à superação dos problemas

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competitivos identificados no plano micro (empresarial) e setorial

(estrutural).

Para se ampliar a interpretação da competitividade, é necessário

combinar, dentro de uma construção lógica e consistente, esses

condicionantes de domínio das empresas aos condicionantes da

competitividade nos planos setorial e sistêmico, uma vez que os

condicionantes de domínio das empresas, como custo e preço, encontram

elementos esclarecedores nas três dimensões da competitividade, compondo,

por exemplo, o custo empresarial, custo estrutural e sistêmico.

A vantagem competitiva é um fator crucial do desempenho de uma

empresa em mercados globais e competitivos. Embora a atratividade da

indústria seja em parte reflexo de fatores sobre os quais uma empresa tem

pouca influência, a estratégia competitiva tem poder considerável para tornar

uma indústria mais ou menos lucrativa. Conhecer os fundamentos de toda

estratégia competitiva é uma etapa prévia à formulação da estratégia

internacional (MAIA, 2001).

Toda empresa deve tomar a seguinte decisão estratégica: qual o tipo de

vantagem competitiva que quer ter, se é em custos ou se é em diferenciação.

Junto com isso tem que se estruturar em três ambitos:

• Produto e/ou serviço: Se quer ser generalista ou especialista,

diversificada ou concentrada;

• Empresarial: O que pretende em suas operações, qual o nivel de

integração vertical;

• Geográfico: Qual sua pretensão, ser uma empresa mundial,

regional ou apenas local.

Estes pontos aplicam-se a toda e qualquer empresa, pois são fatores

cruciais quando a intenção é melhorar a competitividade nos mercados locais e

também migrar para o mercado internacional.

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1.3 INSERÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS NO COMÉRCIO

INTERNACIONAL

O novo contexto de industria e comercio requer que os governos se

comportem de uma nova forma, com relação a política industrial e de comercio

internacional, definindo novas estratégias para desenvolver vantagens para

alavancar a competitividade das industrias nacionais.

A normatização, a regulamentação e a crescente preferencialização do

comércio mundial, estão induzindo decisões sobre investimentos, quanto à

forma, composição e localização geográfica; estimulando a busca de

vantagens competitivas, através da produção de escala; à incorporação de

tecnologia e a saltos na produtividade, necessários à competitividade;

promovendo a redução de custos e aumentando o mercado interno (

FONSECA, 2005).

Segundo Benedicto Fonseca:

Essa é a realidade que o governo precisa entender, visando a realizar os

investimentos necessários, para que os agentes produtores e

exportadores possam enfrentá-la e dominá-la, com capacidade

competitiva e eficiência. Em síntese, superar as deficiências internas,

compatibilizando-as com o objetivo de abertura plena da economia.

Os quatro segmentos abaixo definem essas deficiências segundo

Benedicto Fonseca:

§ externo, que diz respeito a nossa reduzida participação nos setores

mais dinâmicos, de maior valor agregado, no comércio mundial.

Em realidade, a exportação brasileira permanece concentrada em

termos de mercados, produtos e empresas;

§ estrutural, decorrente da frágil e descontinuada política de

investimentos, voltada para a maximização da oferta de bens e

serviços e insuficiente avanço na incorporação de tecnologias;

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§ institucional, que é um dos mais graves obstáculos à

competitividade externa, e se define no excesso de legislação,

normas e regulamentos, e na pesada burocracia decorrente; e

§ formação de preços e competição, compreendendo políticas

integradas de câmbio, tributário, financiamento, seguro de crédito e

garantias, logística de transporte e facilitação da ação externa para

vendas DDP, entregando a mercadoria no território do importador.

É preciso muito profissionalismo para inserir uma empresa no comércio

internacional. O significativo aumento da competitividade internacional pelos

mercados exigiu novos padrões de desempenho produtivo e tecnológico às

empresas que querem um dado nível de competitividade global.

A falta de conhecimento e informação sobre comércio exterior é o que

vem a comprometer qualquer esforço para elaboração de planejamento

visando o mercado externo. O desconhecimento sobre o perfil do público-alvo,

os possíveis concorrentes, os preços praticados, as barreiras internas do país

comprador, são uma das dificuldades encontradas pelos exportadores. Ter

objetivos definidos é vital para o desenvolvimento de uma política de comércio

exterior e a chave fundamental para o sucesso (MAIA, 2001).

Ao abrir-se para o comércio internacional, a empresa aprimora seus

processos administrativos e organizacionais. E, conseqüentemente, com a

diversificação de mercados, conduzirá ao aperfeiçoamento da estratégia

mercadológica, ao conhecimento de novas técnicas de produção e à utilização

dos planos de marketing mais sofisticados. Todos esses fatores contribuem

para a maior competitividade da empresa, tanto na plano internacional quanto

dentro de seu próprio mercado. A preocupação constante com a adequação

do produto ao mercado consumidor vai produzindo na empresa uma mudança

de mentalidade que termina por propiciar um salto qualitativo, com reflexos

positivos também sobre a sua atuação no mercado interno (Romero e Gomes,

2002).

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CAPÍTULO II

O DRAWBACK PROPORCIONANDO VANTAGEM COMPETITIVA PARA AS EMPRESAS BRASILEIRAS

Neste capítulo primeiramente serão abordadas as vantagens da importação

sob o regime de drawback. E, em seguida, como as empresas identificam a

necessidade de um instrumento que proporcione uma redução dos custos,

assim como uma melhor e maior inserção de seus produtos no mercado

externo, proporcionando uma saudável competição à nível internacional.

2.1 IMPORTAÇÃO SOB O REGIME ADUANEIRO ESPECIAL DE

DRAWBACK

O Drawback é um veiculo de estímulo às exportações que permite, às

empresas brasileiras, o melhoramento e a modernização de seus produtos;

permite aos industrializadores e importadores, importar insumos (matérias-

primas, matérias secundárias, embalagens, partes e peças) destinados à

fabricação, beneficiamento ou composição de um outro produto a exportar, ou

que já foram exportados, sem impostos e taxas.

O principal objetivo deste regime é promover o incremento das

exportações, possibilitando maior colocação dos produtos nacionais no

mercado mundial, o que, evidentemente, irá traduzir-se no desenvolvimento de

determinados setores produtivos do país.

Vale também mencionar que este regime tem como objetivo incentivar e

tornar mais competitivo o produto exportado.

Entre os incentivos fiscais de maior abrangência no seu acesso1, o

drawback desponta como a “preferência nacional”, visto constituir um forte

aliado para que as empresas possam competir em melhores condições no

1 O Regime Aduaneiro Especial de Controle Informatizado, mais conhecido por Recof,

traz mais vantagens a seus beneficiários, contudo, hoje é restrito a apenas alguns setores da economia, a empresas que tenham grande porte, além de haver bastante rigor para sua concessão.

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mercado internacional, compreende suspensão ou isenção do recolhimento de

taxas e impostos, incidentes sobre a importação de mercadorias utilizadas na

industrialização, ou acondicionamento de produtos exportados ou a exportar

(SARTORI e CLARISSA, 2000).

Além dos incentivos na importação, na saída para o exterior do produto

final, mantêm-se os incentivos fiscais e financeiros inerentes à exportação,

como imunidade do IPI, imunidade do ICMS, isenção da Cofins, isenção do

PIS/Pasep. Portanto do ponto de vista fiscal, sua utilização é sempre positiva,

diante da possibilidade de importar mercadorias com desoneração de tributos,

permitindo a exportação do produto final em condições de igualdade com os

concorrentes internacionais, pois o custo da matéria prima seria similar ao

vigente no mercado internacional (SARTORI e CLARISSA, 2000).

Drawback gera muitos benefícios para os envolvidos no processo do

empresariado ao Governo. Esta movimentação aquece a economia interna,

fortalece o nome brasileiro no mercado internacional e há uma maior

movimentação de recursos e investimentos dentro das corporações, além da

redução de custos de produção devido a isenção de impostos oriundos da

importação. Todos esses itens ajudam no desenvolvimento e dão uma maior

competitividade dos bens nacionais no mercado internacional, com enorme

qualidade e preços acessíveis, consolidando nossa marca de maneira cada

vez mais positiva em todo o mundo.

O Drawback traz as seguintes vantagens:

• Custos de produção reduzidos;

• Melhor qualidade do seu produto;

• Aperfeiçoamento das tecnologias;

• Maior participação nos mercados;

• Conquista de novas frentes de trabalho, através da exportação;

Utilização mais eficiente da capacidade da produção;

• Aproveitamento dos incentivos concedidos pelo governo, como

financiamentos e amparo em todas as etapas do processo de produção

e comercialização.

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• Alguns tributos de importação - Imposto sobre Produtos Industrializados

(IPI), e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de mercadorias

e Prestação de serviços de Transportes Interestaduais e Intermunicipais

e de Comunicação (ICMS) – na maioria das vezes podem ser

recuperáveis, através de crédito fiscal por meio de compensação com o

mesmo imposto devido nas saídas para mercado interno. A recuperação

do valor de um tributo e o fato de deixar de ser devido é o que faz uma

sensível diferença nos custos dos desembolsos financeiros das

empresas.

• A possibilidade de melhorar os resultados decorrentes das vendas ao

exterior. Este resultado será mais acentuado quanto maior for o grau de

participação dos insumos nos produtos que a empresa fabrica e exporta.

• Desenvolvimento de condições mais competitivas para produtos

exportados. Pois se a empresa em lugar de pagar, exemplo -

US$300.000,00 pelo insumo necessário, onera-se em apenas

US$100.000,00, esse fato irá permitir rebaixar o preço de venda ao

exterior, possibilitando a oferta do produto em mercados onde, até

determinado momento, não apresentava condições de preço. Este efeito

no resultado final irá depender do grau de participação que o insumo

representa no preço final do produto.

Da análise do emprego do regime em diversos países, a OMA identificou os

seguintes benefícios para as economias nacionais:

• Geração de atividades na economia doméstica;

• Proteção dos lucros sobre importação de mercadorias liberadas no

território aduaneiro;

• Oferecimento de opções quando outro regime aduaneiro especial, como

admissão temporária, não se aplica.

De acordo com as autoras, Ângela Sartori e Ana Clarissa Araújo, o processo

drawback é considerado uma importante ferramenta de incentivo à exportação

e um dos principais regimes aduaneiros especiais de incentivo à exportação e

que tem contribuído para o aquecimento da atividade econômica brasileira. “O

Drawback é o maior aliado das exportações do Brasil", conclui as autoras.

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Os beneficios do Regime afirmam seu papel relevante nas ações dirigidas

ao crescimento do Brasil Exportador. São elas: a alavancagem da

competitividade das empresas nacionais devido ao corte de custos; proteção

ao emprego; saldo positivo na balança de comercial, entrada de mais dinheiro

no país devido as exportações e possibilidade de nacionalização de parte dos

insumos.

2.2 A EMPRESA IDENTIFICANDO A NECESSIDADE DO DRAWBACK

Para avaliar o significado da importação sob o regime de drawback, é

necessário conhecer, ainda que de forma superficial o processo de tributação a

que estão sujeitas as mercadorias importadas pelo país, e o peso que os

encargos representam no preço final desta mercadoria importada.

Em condições normais, um insumo importado está sujeito ao Imposto de

Importação (II) , Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Imposto sobre

Operações relativas à Circulação de mercadorias e Prestação de serviços de

Transportes Interestaduais e Intermunicipais e de Comunicação (ICMS) , o

Adicional ao frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), dentre

outros.

Entretanto, pode-se comprovar a elevação do preço da aquisição dos

insumos, por força dos tributos que oneram a entrada de mercadoria

estrangeira, portanto, esta forma de tributação influência forte e diretamente no

preço final dos produtos, e com isso inibe o empresariado doméstico para às

exportações pois estes vêem seus produtos perdendo competitividade perante

seus similares em outros mercados.

Diante da agressiva tributação que as empresas brasileiras se deparam,

pode-se concluir imediatamente que o produto brasileiro para a exportação

dependendo do grau de tributação dos insumos importados, o país deverá

sofrer significativa redução em seu poder de competição nos mercados

mundiais.

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22

Devido a este cenário, as empresas necessitam estudar e analisar seus

planos de importação a fim de identificar insumos que se destina a integrar

mercadoria a ser exportada, pois os resultados de análise bem feita, poderão

induzir o exportador a pensar seriamente e decidir por recorrer à importação

sob o regime de drawback.

Esta análise vem a ser, como por exemplo, um levantamento de dados dos

insumos que estão presente em determinado produto, assim como a forma de

tributação, preço unitário, quantidade requerida, país de origem, o percentual

de participação do insumo no produto final, quantidade à exportar, dentre

outros.

Após análise dos planos e a obtenção de informações à respeito dos

benefícios que o drawback proporciona, a empresa ao se deparar com um

produto vinculado a uma exportação e outro estando enquadrado nas

condições de drawback, é evidente que o empresário optará imediatamente

pelo drawback, obtendo-se assim vantagens imediatas e condições mais

cômodas para exportar seu produto.

Ainda na visão de Leone Soares (1986), além da desoneração de tributos

que por si só seria suficiente para justificar o recurso do drawback, os produtos

importados sob esse regime ainda se beneficiam de outras formas de

tratamento. Formas estas que consistem nas importações cursadas ao amparo

do regime as quais não estão sujeitas ao exame de similaridade e a

obrigatoriedade de transporte em navio de bandeira brasileira. Estas formas

não necessariamente tributárias, precisam ser consideradas porque concorrem

para simplificar e agilizar as operações de importações.

Levando-se em consideração todos esses efeitos e mais os de ordem

econômica e financeira, comum às empresas, os recursos à importação sob

drawback deve constituir permanentemente desafios às empresas que

exportam ou que pretendem exportar.

Regimes Aduaneiros Especiais, como Drawback, foram os programas

governamentais responsáveis pelo aumento no volume de exportações

registrados a partir de 2002, oferecendo uma variedade de vantagens às

empresas inseridas no mercado internacional.

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CAPÍTULO III

REGIME ADUANEIRO ESPECIAL DE DRAWBACK

Este capítulo irá abordar o que vêm a ser, e quais são os Regimes

Aduaneiros Especiais, sendo o assunto principal desta monografia e foco deste

capítulo o Regime Aduaneiro especial de drawback, suas modalidades e

benefícios e de que forma este instrumento proporciona às empresas maior

capacidade competitiva. A base de informação para este capítulo na maior

parte foi o Regulamento Aduaneiro2, este que consolida as legislações

vigentes e faz todos os ajustes necessários para a utilização dos serviços de

aduana adaptados à estrutura então operante.

3.1 REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS

No regime comum de importação e de exportação de mercadorias ocorre,

via de regra, o pagamento de tributos. Entretanto, devido à dinâmica do

comércio exterior, o governo criou mecanismos que permitem a entrada ou a

saída de mercadorias do território aduaneiro3 com suspensão ou isenção de

tributos. Esses mecanismos são denominados Regimes Aduaneiros Especiais.

2 Regulamento Aduaneiro 31ºed. Decreto nº91.030 de 05 de março de 1985. 3 Território aduaneiro: compreende o território nacional, ou seja, águas territoriais, o espaço aéreo

e a parte terrestre.

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Abaixo relaciona-se como exemplo de regimes aduaneiros especiais, e logo

após, seguem os exemplos de regimes aplicados em áreas especiais:

• Admissão Temporária

• Depósito Alfandegado Certificado - DAC

• Depósito Aduaneiro de Distribuição - DAD

• Depósito Afiançado - DAF

• Depósito Especial - DE

• Drawback

• Depósito Franco

• Entreposto Aduaneiro

• Regime aduaneiro especial de importação de insumos destinados a

industrialização por encomenda de produtos classificados nas posições

8701 a 8705 da Nomenclatura Comum do Mercosul - RECOM

• Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle

Informatizado - RECOF

• Regime aduaneiro especial de exportação e de importação de bens

destinados às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo

e de gás natural - REPETRO

• Regime aduaneiro especial de importação de petróleo bruto e seus

derivados - REPEX

• Exportação Temporária

• Loja Franca

• Trânsito Aduaneiro

Abaixo são exemplos de regimes aduaneiros especiais aplicados em áreas

especiais, estes foram criados com o propósito de atender a determinadas

situações econômicas peculiares de pólos regionais:

• Áreas de Livre Comércio - ALC

• Zona Franca de Manaus - ZFM

• Entreposto Internacional da ZFM - EIZOF

• Zona de Processamento de Exportação – ZPE

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3.2 REGIME ADUANEIRO ESPECIAL DE DRAWBACK

Mas o que significa drawback ? Baseado em Leoni Soares de Rezende4, o

drawback é uma palavra inglesa de uso internacional e seu significado

genérico é reembolso de direitos alfandegários, representando, em

conseqüência, benefício fiscal.

O benefício de drawback vem a ser o retorno, no todo ou em parte, dos

impostos e taxas cobrados sobre a entrada de produtos estrangeiros no país,

que sejam objeto de beneficiamento e exportação, ou sobre a importação de

matéria-prima ou produtos semi manufaturados nacionais a serem exportados.

O drawback é um grande aliado para a política econômica, pois pode

aumentar a competitividade aos produtos brasileiros no mercado internacional,

estimular as exportações, além de contribuir para o crescimento econômico e o

cumprimento de compromissos relacionados à dívida externa do país.

O regime aduaneiro especial de drawback é um incentivo à exportação que

permite ao fabricante ou produtor importar insumos desonerados de impostos

utilizadas na industrialização, ou acondicionamento de produtos exportados ou

a exportar.

A operação que modifica a natureza, o funcionamento, o acabamento, a

apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo é

chamada de industrialização e se apresenta nas seguintes formas de

classificação:

• Transformação: exercida sobre matéria-prima ou produto intermediário e

que resulte na obtenção de espécie nova;

• Beneficiamento: importa em modificar, aperfeiçoar ou alterar o

funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto;

4 SOARES, Leoni de Rezende. Exportação e “Drawback”. 2º ed. , São Paulo: Aduaneiras,

1986

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• Montagem: consiste na reunião de produtos, peças ou partes que resulte

em um novo produto ou unidades autônoma, ainda que sob a mesma

classificação fiscal;

• Acondicionamento ou Reacondicionamento: importa em alterar a

apresentação do produto, através da colocação de embalagem, quando

propicia agregação de valor ao produto final;

• Renovação ou Recondicionamento: é exercida sobre produto usado ou

parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado.

O objetivo do drawback consiste em proporcionar uma redução nos

custos dos produtos vendidos ao exterior, para que possam competir com seus

similares de outros países, pois a importação livre de tributos e taxas influirá na

redução do custo final dos produtos.

Este benefício poderá ser concedido a empresas industriais ou

empresas comerciais habilitadas a operar em comércio exterior.

A legislação brasileira prevê a suspensão, isenção e restituição como

modalidades de aplicação do drawback, havendo no entanto, dentro dessas

modalidades, algumas operações especiais.

Ficando a concessão dos benefícios previstos a suspensão, e isenção

sob atribuição da Secex - Secretaria de Comércio Exterior, e restituição

(praticamente não é mais utilizado; o instrumento de incentivo à exportação em

exame compreende, basicamente, as modalidades de isenção e suspensão)

cabendo a SRF- Secretaria da Receita Federal.

A base legal deste incentivo está contida no Regulamento Aduaneiro,

porém, a Portaria nº14, de 17/11/2004 (com as alterações promovidas até a

portaria Secex nº 23/2006),da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), intitula

o Regulamento Aduaneiro de Regime Aduaneiro Especial de drawback. A

citada portaria atribui ao Departamento de Operações de Comércio Exterior -

Decex, a autonomia para a concessão, acompanhamento e verificação do

cumprimento do compromisso de exportar.

O regime compreende a Suspensão ou Isenção de:

• Impostos de Importação (II);

• Imposto sobre produto Industrializados (IPI);

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• Imposto sobre operações relativas à Circulação de mercadorias e sobre

prestação de serviços e de transporte Interestadual e Intermunicipal e de

Comunicação (ICMS), este na forma definida pelos Estados e Distrito

Federal;

• Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM);

• Outras taxas que não correspondam à efetiva contraprestação de

serviços realizados;

• As importações cursadas ao amparo do regime não estão sujeitas ao

exame de similaridade e a obrigatoriedade de transporte em navio de

bandeira brasileira.

A seguir, de acordo com o livro “Drawback - Legislação Básica”5, serão

demonstradas as modalidades e os casos especiais de drawback.

3.3 Modalidades de Drawback

A modalidade suspensão é a mais utilizada. Contempla a suspensão dos

tributos incidentes na importação de insumos a serem utilizados na fabricação

do produto a ser exportado. O pedido de drawback deve ser feito antes da

exportação se realizar e o não- recolhimento dos tributos se efetivará com a

comprovação da exportação realizada.

A empresa interessada em operar no regime deve solicitar a emissão do

Ato Concessório de drawback em módulo específico no Sistema Integrado de

Comércio Exterior - SISCOMEX6. O prazo máximo para a permanência da

mercadoria importada para a industrialização no país, com suspensão de

tributos, será de 2 (dois) anos, exceto nos casos de importação de

5 Drawback - Legislação Básica. 4º ed. Rio de Janeiro: Aduaneiras, 2002 6 Sixcomex - Sist. Integrado de Comércio Exterior, instituído pelo Decreto nº660, de

25/09/92, como um instrumento de controle informatizado de sistemática administrativa de acompanhamento e controle das diferentes etapas do comércio exterior brasileiro.

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mercadorias destinadas à bens de capital de longo ciclo de produção, quando

o limite máximo será de 5 (cinco) anos.

Relatório Unificado de drawback será utilizado para comprovação das

exportações, identificando os documentos eletrônicos registrados no Siscomex,

relativos às operações de importação e de exportação.

Para o desembaraço aduaneiro dos insumos constantes no Ato

Concessório, a empresa firmará, junto à Inspetoria da Receita Federal, Termo

de Responsabilidade -TR, em razão da suspensão dos encargos incidentes

sobre a importação que se concretiza, como:

Imposto de Importação (II) , Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),

além destes impostos, destacados no Termo de Responsabilidade - TR , o

Imposto sobre Operações relativas à Circulação de mercadorias e Prestação

de serviços de Transportes Interestaduais e Intermunicipais e de Comunicação

(ICMS) , e o Adicional ao frete para Renovação da Marinha Mercante

(AFRMM), também deixam de onerar a importação. Além disso, existe também

dispensa de exame de similaridade7 e do transporte internacional obrigatório

em bandeira nacional. A concessão é feita pela Secex - Secretaria de

Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior, mediante Ato Concessório.

A empresa interessada em operar no regime deve solicitar a emissão do

Ato Concessório de drawback em módulo específico no Sistema Integrado de

Comércio Exterior - SISCOMEX. O prazo máximo para a permanência da

mercadoria importada para a industrialização no país, com suspensão de

tributos, será de 2 (dois) anos, exceto nos casos de importação de

mercadorias destinadas à bens de capital de longo ciclo de produção, quando

o limite máximo será de 5 (cinco) anos.

7 Exame de similaridade- estão sujeitas ao exame as importações amparadas por

benefícios fiscais (isenção ou redução do imposto de importação). Este exame será realizado pelo Decex, sendo assim, considerado similar ao estrangeiro o produto nacional em condições de substituir o importado.

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Modalidade Isenção

O regime de drawback modalidade Isenção será concedido pela Secretaria de

Comércio Exterior - Secex. Essa concessão se efetivará com a emissão de Ato

Concessório de drawback. A empresa recorre a esta modalidade quando já

tenha comprovado a exportação de produtos nos quais a indústria utilizou

partes, peças, componentes ou matérias-primas importadas com pagamento

de tributos, mercadoria equivalente, para reposição daquelas importadas

anteriormente.

Para a reposição de mercadorias equivalentes será utilizada esta

modalidade, com a mesma finalidade das originalmente importadas,

adequadas à realidade tecnológica, porem o valor total dos produtos a importar

deverá ser limitado às mercadorias a substituir. Este benefício deve ser

solicitado após a realização de exportação. Nesta modalidade, a empresa não

assumirá qualquer compromisso condicionado à futura exportação, visto que a

mesma se realizou antecipadamente.

A importação para reposição do estoque será feita com a isenção do

recolhimento do Imposto de Importação (II), do Imposto sobre produtos

Industrializados (IPI) e do Adicional ao frete para Renovação da Marinha

Mercante (AFRMM), incidentes na importação, em quantidade e qualidade

equivalentes destinadas à reposição de mercadoria anteriormente importada

utilizada na industrialização do produto exportado.

O limite máximo para a importação de insumos para reposição do

estoque, com isenção de tributos, será de 2 (dois) anos da data da emissão,

podendo ser solicitado prorrogação do prazo de validade de Ato Concessório

de drawback, mas para isto ele deverá ser justificado e examinadas as

peculiaridades de cada caso.

Para a modalidade isenção - as empresas deverão utilizar o Relatório

Unificado de drawback e identificar os documentos eletrônicos registrados no

Siscomex, relativos às operações de importação e de exportação. Feita a

reposição dos estoques, os insumos assim importados poderão ser utilizados

livremente pela empresa e, no caso de nova exportação, o benefício poderá

ser novamente pleiteado.

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Modalidade Restituição

Esta modalidade é de competência da Receita Federal. Assemelha-se à

modalidade isenção, por ser requerida após a ocorrência da importação, da

produção e da exportação. Porém, nesta modalidade a concessão do regime

dar-se-á com a emissão de Certificado de Crédito Fiscal à importação.

A empresa ao optar por esta alternativa, apesar de ter exportado produto

no qual foram empregados insumos importados, não tem interesse em repor

seus estoques através da isenção, razão pela qual decida-se pela restituição

total ou parcial do Imposto de Importação (II) e do Imposto sobre Produtos

Industrializados (IPI).

Atualmente o drawback de restituição quase não é mais utilizado. São

somente as modalidades de isenção e suspensão.

Operações especiais

O regime de drawback brasileiro opera com três categorias ou

modalidades básicas:8 suspensão, isenção e restituição. Além dessas três

modalidades previstas no Decreto Lei nº 37/66, a consolidação das normas

prevê a existência de operações especiais, que são chamadas de

“submodalidades”, uma vez que poderão ser aplicadas apenas no âmbito das

três modalidades existentes, devendo submeter-se às suas normas jurídicas

subsidiariamente, ou seja, são espécies do gênero “modalidade”.

Essas submodalidades não se encontram vinculadas a todas as

modalidades de drawback concomitantemente, podendo ser espécies de

apenas uma ou mais delas. São as seguintes.

Drawback Interno

O drawback interno, ou verde - amarelo, é um regime especial para

compra, no mercado interno de matérias-primas, produtos intermediários e

8 Na prática, a modalidade pode ser alterada até antes do despacho aduaneiro de

importação.

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materiais de embalagem, de fabricação nacional, com suspensão do IPI,

quando destinados à industrialização de produtos para exportação.

Drawback Genérico

Sua utilização é exclusivamente na modalidade suspensão quando as

empresas não possuem condições de definir quantidade e discriminação exata

dos produtos a serem importados, devido a grande quantidade e diversificação

dos mesmos. Caracteriza-se pela discriminação genérica da mercadoria a

importar e o seu respectivo valor.

Drawback Intermediário

Aplicável nas modalidades suspensão e isenção. Caracteriza-se pela

importação de mercadoria, por empresas denominadas fabricantes -

intermediários, destinada a processo de industrialização de produto

intermediário a ser fornecido a empresas industriais - exportadoras, para

emprego na industrialização do produto final destinado à exportação.

Drawback Solidário

Concedido exclusivamente na modalidade suspensão, quando participam

duas ou mais empresas industriais. Cada empresa ficará responsável pela

industrialização de sua parcela nos produtos a exportar; vinculadas a um único

contrato de exportação.

Drawback para Embarcação

Ocorre nas modalidades suspensão e/ou isenção. Caracteriza-se pela

importação de mercadoria destinada a processo de industrialização de

embarcação para fins de venda no mercado interno.

Drawback Sem Cobertura Cambial

Somente será concedido na modalidade suspensão. Caracteriza-se pela

não cobertura cambial, parcial ou total, da importação.

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Drawback para Fornecimento no Mercado Interno

Somente será concedido na modalidade suspensão. Se dará pela

importação de matéria-prima, produto intermediário e componente destinados

a processo de industrialização, no País, de máquinas e equipamentos a serem

fornecidos no mercado interno, em decorrência de licitação internacional.

Drawback para Reposição de Matéria-Prima Nacional

Somente será concedido na modalidade isenção. Se dará pela importação

de mercadoria para reposição de matéria-prima nacional utilizada em processo

de industrialização de produto exportado, visando beneficiar a indústria

exportadora ou o fornecedor nacional e para atender a situações conjunturais

de mercado.

3.4 Produtos

I - Mercadorias, matérias - primas, produto semi-acabado, utilizados na

industrialização de produtos;

II - Peças, partes, utensílios, dispositivos, aparelhos e máquinas, quando

complementares de aparelhos, máquinas, veículos ou equipamentos;

III - Mercadorias utilizadas na embalagem acondicionamento ou apresentação

de produto industrializado, se propiciar uma agregação de valor ao produto

final;

IV - Animais destinados ao abate e posterior exportação;

V - Matérias-primas e outros produtos que, embora não integrando o produto a

exportar ou já exportado, a exemplo daqueles empregados em alvejamento,

purificação ou operações semelhantes, sejam consumidos no processamento

industrial;

VI - Matérias-primas, produtos intermediários e componentes destinados à

industrialização no País, de máquinas e equipamentos a serem fornecidos, no

mercado interno, em decorrência de licitação internacional;

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VII - Insumos para construção de embarcações, para venda no mercado

interno;

VIII - Mercadoria para reposição de matéria-prima nacional, exclusivamente na

modalidade de isenção.

3.5 Impedimento para a concessão

I - Importação de mercadoria cujo valor do imposto de importação, em casa

pedido, for inferior ao limite mínimo fixado pela Câmara de Comércio Exterior;

II - Importação de mercadorias utilizada na industrialização de produtos

destinados ao consumo na Zona Franca de Manaus e em áreas de livre

comércio;

III - Exportação ou importação de mercadorias suspensa ou proibida;

IV - Importação de petróleo e seus derivados, com exceção da importação de

coque calcinado de petróleo;

V - Exportações vinculadas à comprovação de outros regimes aduaneiros ou

incentivos à exportação.

3.6 Pedido de Drawback

Para adquirir o Regime de drawback, a empresa deverá apresentar o

formulário Pedido de Drawback, com o NCM9 - Nomenclatura Comum do

Mercosul, a descrição, a quantidade e o valor da mercadoria a importar e do

produto a exportar.

Para a liberação do pedido de drawback será levado em consideração o

resultado cambial da operação. A relação básica a ser observada é de 40%

(quarenta por cento), estabelecida pela comparação do total das

importações,onde são incluídos o preço da mercadoria no local de embarque

no exterior e todas as parcelas estimadas de seguro, frete e demais despesas

9 NCM - Nomenclatura Comum do Mercosul - O processo de integração para a

consolidação do Mercosul e a necessidade de uma nova nomenclatura unificada para atender ao fluxo de comércio, estatísticas e tarifas para o comércio intra e extra - Mercosul levou a

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incidentes com o valor líquido das exportações, assim entendido o valor de

embarque deduzido das parcelas de comissão de agente, eventuais descontos

e outras deduções. A empresa deverá fornecer os todos os valores estimados

para frete, seguro e demais despesas incidentes na importação pretendida.

Precisa-se de formulário próprio para se montar um processo de drawback,

nas agências de comércio exterior do Banco do Brasil, que é o único

encarregado de analisar tais pedidos em nome do Decex. Com todos estes

formulários preenchidos e a anexação dos documentos necessários, o Banco

do Brasil/Decex irá estudar, fazer as exigências necessárias e emitir um Ato

Concessório de drawback, em nome da empresa industrial ou comercial, cujo

número deverá estar aposto em todos os documentos da operação.

A empresa apresentando documentação que comprove a efetiva

importação e exportação nas condições constantes do Ato Concessório de

drawback, será considerado cumprido o compromisso de exportação vinculado

ao Regime.

A liquidação do compromisso de exportação se dará mediante a exportação

efetiva do produto previsto no Ato Concessório, na quantidade, valor e prazo

nele fixados, a comprovação do recolhimento dos tributos e adicionais exigidos

na importação, e a liquidação ou impugnação de débito eventualmente lançado

contra a beneficiária. Caso vencido o Ato Concessório e não cumprido o

compromisso de exportar, em razão da não utilização ou utilização parcial da

mercadoria importada, a beneficiária deverá tomar como providência, dentro

do prazo de 30 (trinta) dias contados a partir da data limite para exportação,

estabelecida no Ato Concessório de drawback os seguintes critérios:

Providenciar a devolução ao exterior da mercadoria não utilizada; requerer

a destruição da mercadoria imprestável ou da sobra, sob controle aduaneiro,

às suas expensas; ou destinar a mercadoria remanescente para consumo

interno, com o devido recolhimento dos tributos e adicionais exigidos na

importação, com os acréscimos legais previstos na legislação.

criação da NCM, tendo como base o Sistema Harmonizado de codificação e designação da mercadorias.

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A empresa deve utilizar o Relatório Unificado de drawback para informar os

documentos registrados no Siscomex, tais como o RE10 - Registro de

Exportação, a DI11 - Declaração de Importação, o RES12 - Registro de

Exportação Simplificado, tanto na modalidade de isenção como na de

suspensão de tributos, bem como manter em seu poder as notas fiscais de

venda no mercado interno.

Esses documentos comprovam as operações de importação e exportação

vinculadas ao regime especial de tributação e devem estar vinculados ao Ato

Concessório para o processamento de sua baixa no sistema e devem estar

identificados no Relatório Unificado de drawback,.

As exportações relacionadas ao Regime de drawback estão sujeitas às

normas gerais em vigor para o produto, inclusive quanto ao tratamento

administrativo aplicável. Um mesmo Registro de Exportação - RE não pode ser

utilizado para comprovação de Atos Concessórios de drawback distintos de

uma mesma beneficiária - é obrigatória a vinculação do Registro de Exportação

- RE ao Ato Concessório de drawback.

As importações relacionadas ao Ato Concessório de drawback estão

sujeitas a licenciamento não automático previamente ao despacho aduaneiro,

isto é, deverá ser registrada antes do embarque no exterior, podendo em

alguns casos, ser registrada depois do embarque, mas antes do registro da DI

- Declaração de Importação.

3.7 Drawback Eletrônico

O regime drawback, na modalidade suspensão, teve suas operações

simplificadas através da Portaria da Secex nº 14, de 17 de outubro de 2001. A

10 RE - Registro de Exportação - é o conjunto de informações de natureza comercial,

financeira, cambial e fiscal que caracterizam a operação de exportação de uma mercadoria e definem o seu enquadramento. O processo de exportação inicia-se com a solicitação no Siscomex deste registro.

11 DI - Declaração de Importação- documento formulado pelo importador no Siscomex, sendo este o documento base do despacho de importação.

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Secex - (Secretaria de Comércio Exterior ), desenvolveu com o SERPRO -

Serviço Federal de Processamento de Dados, um sistema de controle para tais

operações denominado Sistema Drawback Eletrônico, implantado desde

novembro de 2001 em módulo específico do Siscomex.

A versão eletrônica caracteriza-se por vincular a importação dos insumos

ao compromisso futuro de exportação, devendo ser pleiteado antes de se

efetivar a importação da mercadoria, pelo Registro de Drawback, o registro de

todas as etapas do processo de concessão do drawback em documento

eletrônico, (solicitação, autorização, consultas, alterações, baixa); tratamento

administrativo automático nas operações parametrizadas; e o

acompanhamento das importações e exportações vinculadas ao vinculadas ao

registro, integrado ao Siscomex.

Após a aprovação do RD (Registro Drawback), a empresa poderá solicitar a

LI (Licença de Importação) cujo controle e utilização do saldo de importação

aprovado são feitos automática e simultaneamente no próprio RD.

Este novo Sistema constitui notável avanço na operacionalização do

regime, integrando-se ao SISCOMEX nas vertentes de importação e

exportação.

Esta nova sistemática facilita o acesso ao regime, conferindo maior

segurança ao controle dessas operações, além de agilizar e modernizar o

sistema.

O drawback eletrônico também oferece uma maior transparência ao usuário

que, através da apresentação do saldo da operação, pode visualizar o quanto

ainda tem por importar e o que já foi exportado, facilitando seus controles, com

o saldo de importação automático.

Embora o regime de drawback possa ser praticado nas modalidades

suspensão, isenção e restituição, a versão eletrônica só está disponibilizada na

modalidade suspensão, o que é de grande abrangência, por se tratar da

modalidade mais utilizada neste regime.

12 RES - Registro de Exportação Simplificado - as operações de exp. que se enquadrem

com cobertura cambial até o limite deUS$10.000,00, ou o equivalente em outras moedas, mercadoria não sujeita ao imposto de exportação

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Para o acesso ao Sistema Drawback Eletrônico, a habilitação será

concedida aos representantes legais das empresas, autorizados a operar na

exportação.

Drawback Web

O Drawback Web é a versão para Internet do Drawback Eletrônico,

possibilitando aos beneficiários do regime o acesso ao sistema on line .

O Drawback Web possibilita o registro da operação em documento

eletrônico, com todas as etapas informatizadas: solicitação, consulta, alteração

e baixa.

As informações prestadas pelo usuário estão sujeitas à validação, desde

o momento do registro da solicitação do Ato Concessório, em eventuais

alterações, até o da comprovação dos compromissos assumidos, em

conformidade com o tratamento administrativo previsto na legislação e

observados os parâmetros estabelecidos pela SECEX para os bens a serem

exportados.

Da mesma maneira que o Sistema Drawback Eletrônico, o Drawback

Web permite o acompanhamento do Ato Concessório, das Declarações de

Importação (DI) e dos Registros de Exportação (RE) a ele vinculados.

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CONCLUSÃO

A participação do Brasil no comércio exterior mundial ainda é muito

pequena. Porém, se o país aumentar as exportações sua participação no

contexto internacional crescerá, com isso haverá maior geração de renda e

emprego que é o principal motor de equilíbrio dos países.

As exportações aumentando favorece a entrada de divisas estrangeiras

e o cenário se torna mais atrativo para os investimentos diretos no país, sendo

estes importantes fatores para o aquecimento da economia.

As empresas brasileiras enfrentam dificuldades em suas vendas

externas, uma vez que importam insumos com altos tributos, o que reflete em

maior custo de produção, impossibilitando a colocação do produto a nível

competitivo no mercado internacional.

O objetivo do presente trabalho foi demonstrar como o regime de

drawback é importante, uma vez que incentiva às exportações e permite às

empresas a importarem insumos com a desoneração dos impostos e taxas.

Houve um impulso do Governo no desenvolvimento do Drawback

Eletrônico, que controla os processos por meio de um sistema informatizado e

da atuação do Decex, deferindo os Atos Concessórios solicitados pelos

fabricantes. Com isso o gerenciamento da utilização diária do regime

possibilitou e facilitou a comprovação das exportações efetuadas, agilizando

todo o processo e reduzindo a burocracia, mas a falta de informação à respeito

do regime ainda é comum por parte de algumas empresas, porém, nota-se que

com o passar do tempo este número não só aumenta, como as que já se

beneficiam do drawback se mantém usuárias. O regime de drawback é

oferecido para toda e qualquer empresa habilitada em atuar no comércio

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exterior, seja de qualquer atividade, localidade e tamanho, com a finalidade de

estimular as exportações brasileiras tornando o produto doméstico mais

competitivo frente aos estrangeiros.

O regime aduaneiro especial de drawback merece cada vez mais a

atenção do governo para que este proporcione facilidade no acesso e

manuseio dos processos, e também requer atenção dos empresários para se

faça o uso deste regime de maneira correta, pois uma vez não comprovada as

exportações dentro dos prazos estabelecidos para o cumprimento do regime

as empresas arcam com todos os tributos pertinentes mais os juros, vale

ressaltar que, este regime especial é reconhecido como uma prática leal e

comum de comércio, permitido pela OMC - Organização Mundial do Comércio.

Pelo que foi apresentado neste trabalho, pode-se concluir que é de

extrema necessidade maiores incentivos para as exportações brasileiras,

sendo relevante cada vez mais a divulgação dos benefícios e das modalidades

proporcionados pelo drawback.

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ANEXOS

MODELO DO RELATÓRIO UNIFICADO DE DRAWBACK

( ) IMPORTAÇÃO ( ) EXPORTAÇÃO/FORNECIMENTO MERCADO INTERNO***RELATÓRIO UNIFICADO DE DRAWBACK

Empresa: CNPJ: Ato Concessório nº *

DI/RE/RES Data NF Data NCM Descrição da Mercadoria Peso(indicarunidade)

Quantidade(indicarunidade)

Valor no Local deEmbarque

(indicar moeda)

Valor TotalUS$ **

TOTAL

As informações contidas no presente Relatório Unificado de Drawback são de inteira responsabilidade da empresa beneficiária do Regime de Drawback.* Preencher apenas na modalidade suspensão**Converter para US$ com base nas datas indicadas neste Relatório.

***Cancelar o item não utilizado ________________________ _________________________

Data:

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BIBLIOGRAFIA

1. ABE – Associação de Comércio Exterior do Brasil acessado em

03/11/2005 (http://www.enaex.com.br/arquivos/tema.pdf)

2. Drawback - Legislação Básica. 4º ed. Rio de Janeiro: Aduaneiras,

2002.

3. Federação das Indústrias do Estado de São Paulo acessado em

03/11/2005.

( http://www.fiesp.org.br )

4. GONÇALVES, Reinaldo. O Brasil e o comércio internacional.

Transformações e Perspectivas. São Paulo: Contexto, 2000.

5. KELLER, Daniel de Almeida. O Comércio Exterior Brasileiro em

2004: IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.

6. MAIA, Jayme de Mariz. Economia Internacional e Comércio Exterior.

São Paulo : Atlas, 2001.

7. MONTEIRO Mônica Romero & PIRES, Jovelino de Gomes.

Comércio Exterior. Teoria X Prática no Brasil. São Paulo:

Aduaneiras, 2003.

8. MOURA, Geraldo. Direito de Navegação em Comércio Exterior, São

Paulo: Aduaneiras, 2000.

9. NASCIMENTO, Saumíneo da Silva - Barreiras Externas às

Exportações Brasileira, artigo publico no site Export News acesssado

em 03/11/2005. (http://www.exportnews.com.br/artigos/aa38.htm).

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10. Neto, Armando Monteiro –

11. SARTORI, Ângela, ARAÚJO, Ana Clarissa. Drawback e o Comércio

Exterior – Visão Jurídica e Operacional –. Edição 2000.

Pennsylvania: PMI, 2001. 216 p.

12. VAZQUEZ, J. L. Comércio exterior brasileiro. São Paulo: Atlas,

1995p.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ............................................................................................ 8

1. O CENÁRIO ECONÔMICO INTERNACIONAL E A PARTICIPAÇÃO DO

BRASIL NO COMÉRCIO EXTERIOR...............................................................10

1.1. A importância do Comércio Internacional para a empresa ............ 10

1.2. Vantagem Competitiva na economia global ................................... 12

1.3. Inserção das empresas brasileiras no comércio

internacional.....................................................................................................16.

2. O DRAWBACK PROPORCIONANDO VANTAGEM COMPETITIVA PARA

AS EMPRESAS BRASILEIRAS ....................................................................... 18

2.1 Importação sob o regime aduaneiro especial de drawback ........... 18

2.2 A empresa identificando a necessidade do drawback ................... 21

3. REGIME ADUANEIRO ESPECIAL DE DRAWBACK ............................... 23

3.1. Regimes aduaneiros especiais ...................................................... 23

3.2. Regime Aduaneiro Especial de Drawback ..................................... 25

3.3. Modalidades de Drawback ............................................................. 27

3.4. Produtos ......................................................................................... 32

3.5. Impedimento para a concessão ..................................................... 32

3.6. Pedido de Drawback ...................................................................... 33

3.7. Drawback Eletrônico ...................................................................... 35

CONCLUSÃO ........................................................................................... 37

ANEXOS ................................................................................................... 39

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................ 40

ÍNDICE ...................................................................................................... 42