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O REALISMO: A REALIDADE DESNUDA. SÉCULO XIX

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O REALISMO:

A REALIDADE DESNUDA. SÉCULO XIX

“... a tendência agora é manter-se dentro do

campo dos fatos e de nada mais do que

fatos”.

Gustave Flaubert

Positivismo X Metafísica

Manifesto Comunista

Teoria da Evolução ds espécies

O mundo de cavaleiros destemidos, de virgens ingênuas e frágeis e o ideal de uma vida primitiva, distante da civilização, tudo isso terminara. A segunda metade do século XIX presencia profundas modificações no modo de pensar e agir das pessoas. No plano das ideias, surgem inúmeras correntes científicas, que procuram explicar fenômenos sociais, naturais e psicológicos à luz de teorias materialistas. No plano da ação , vive-se a segunda etapa da Revolução Industrial, cujas contradições sociais começam a aparecer.

A arte e a literatura refletem essas mudanças. Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse em descrever , analisar e até em criticar a realidade.

A visão subjetiva e parcial da realidade é substituída

pela visão que procura ser objetiva, fiel, sem

distorções. Em lugar de fugir à realidade , os realistas

procuraram apontar suas falhas como forma de

estimular a mudança das instituições e dos

comportamentos humanos. Em lugar de heróis,

surgem pessoas comuns, cheias de problemas e

limitações como qualquer um de nós.

O REALISMO EM PORTUGAL

Coimbra, importante centro cultural e universitário da época;

Questão Coimbrã, que deu início ao Realismo em Portugal;

Antônio Feliciano de Castilho X Teófilo Braga e Antero de

Quental;

EÇA, OLIVEIRA MARTINS, ANTERO DE QUENTAL, RAMALHO

ORTIGÃO, GUERRA JUNQUEIRA.

ANTERO DE QUENTAL: A ETERNA PROCURA.

Antero de Quental (1843-1891) foi o líder intelectual da

geração que deu início ao Realismo em Portugal.

Mais do que renovar a poesia, o objetivo do poeta era

modernizar Portugal.

Viveu em Paris para conhecer de perto o clima

revolucionário que se verificava, regressando a Lisboa, onde

atuou entre o operariado e em 1891 suicidou-se.

EÇA DE QUEIRÓS: A CRÍTICA VERTENTE.

Eça de Queirós (1845-1900) é considerado o mais importante

ficcionista do Realismo português e um dos maiores em língua

portuguesa.

Para expressar adequadamente sua visão de mundo, Eça criou

um estilo solto, livre e transparente, em uma linguagem

expressiva, que, incorporando a língua corrente em Lisboa,

também contribuiu para aumentar seu público.

“O Realismo é uma reação contra o

Romantismo: o Romantismo era a apoteose do

sentimento; - o Realismo é a anatomia do

caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos

pinta a nossos próprios olhos – para condenar

o que houver de mau na nossa sociedade.”

Eça de Queirós

"O homem é um resultado, uma conclusão e

um procedimento das circunstâncias que o

envolvem. Abaixo os heróis" - influência

determinista.

O REALISMO NO BRASIL

A obra Memórias póstumas de Brás cubas (1881), de

Machado de Assis, tem sido apontada como o marco inicial do

Realismo no Brasil.

A observação da produção literária dos escritores da última

geração romântica, dos anos 1860-70, revela a existência de

algumas tendências que apontavam cada vez mais para uma

literatura voltada para o seu tempo, o que caracterizava o

Realismo alguns anos depois.

O tráfico de escravos foi extinto e a abolição da escravatura

ocorreu em 1888. A falta da mão-de-obra escrava foi

substituída pelo trabalho dos imigrantes europeus. Por causa

do preconceito e da qualificação europeia para o trabalho

assalariado, o negro foi marginalizado socialmente.

A economia açucareira estava em decadência, enquanto o

eixo econômico deslocava-se para o Rio de Janeiro, devido ao

crescimento do comércio cafeeiro nessa região.

Em 1889 foi proclamada a República pelo partido burguês

Republicano Paulista (PRP), com a posse do primeiro

presidente, o marechal Deodoro da Fonseca.

MACHADO DE ASSIS: A LINGUAGEM PENSANTE.

Machado de Assis (1839-1908) nasceu no Rio de Janeiro foi

jornalista, crítico literário e teatral, poeta, cronista, contista e

romancista.

Escreveu por volta de 200 contos.

Podemos indentificar em sua produção dois grupos de obras:

as que apresentam características mais gerais do romance do

século XIX e as que revela um gênio na análise psicológica d

personagens.

CARACTERÍSTICAS DO REALISMO

Objetismo

Universalismo

Personagens esféricas

Contemporaneidade

Detalhismo

ANGELUS (MILLET)

O NATURALISMO NO BRASIL

O Naturalismo é uma corrente literária afim e contemporânea

do realismo.

Volta-se para a análise da realidade, porém sob uma ótica

rigorosamente científica.

No Brasil, a prosa naturalista foi influenciada por Eça de

Queirós e suas obras.

Os escritores naturalistas , sintonizados com o espírito

científico orientado pela concepção de que o mundo pode ser

estudado em partes e explicado a partir de leis objetivas,

assumiram uma nova postura diante do trabalho artístico.

CARACTERÍSTICAS DO NATURALISMO

A principal característica do Naturalismo é o cientificismo

exagerado que transformou o homem e a sociedade em

objetos de experiências.

Descrições minuciosas e linguagem simples

Preferência por temas como miséria, adultério, crimes,

problemas sociais, taras sexuais e etc. A exploração de temas

patológicos traduz a vontade de analisar todas as podridões

sociais e humanas sem se preocupar com a reação do público.

Ao analisar os problemas sociais, o naturalista mostra uma

vontade de reformar a sociedade, ou seja, denunciar estes

problemas, era uma forma de tentar reformar a sociedade

Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo (São Luís, 14 de

abril de 1857 — Buenos Aires, 21 de janeiro de 1913) foi um

romancista, contista, cronista, diplomata, caricaturista e

jornalista brasileiro.

Era famoso como caricaturista em vários jornais.

Escreveu doze romances, dez peças de teatro e um volume de

contos.

SURGIMENTO DO NATURALISMO

O mulato (1881), de Aluísio de Azevedo.

“O ano de 1881 foi dos mais significativos e importantes para

a ficção no Brasil, pois que nele se publicaram as Memórias

Póstumas de Brás Cubas e O Mulato. Havia nesses dois livros

de índole tão diversa um traço comum: em ambos triunfava a

observação. Dois escritores patenteavam repentinamente uma

liberdade até então desconhecida, e conferiam assim ao

romance um novo alcance. Começou-se a escrever para

procurar a verdade, e não mais para ocupar os ócios das

senhoras sentimentais e de um ou outro cavalheiro dado a

leituras frívolas.

Machado de Assis desenvolve um realismo psicológico e

universal.

Aluísio de Azevedo torna-se o líder da presença do estilo

naturalista entre nós.

O cortiço(1890) é considerado o melhor de toda a nossa

produção naturalista.

OUTROS AUTORES

Júlio Ribeiro ( A carne)

Inglês de Souza ( O coronel sagrado)

Adolfo Caminha ( A normalista / O bom crioulo)

Raúl d´Ávila Pompéia ( O Ateneu)

Misto de romance e memórias, oscilava entre as insinuações

de Machado de Assis e as ousadias dos naturalistas.

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS DE MACHADO DE ASSIS

Enredo não Linear;

O narrador não confiável, que ilude, provoca e

desconcerta o leitor;

Microcapítulos digressivos que explicam outros capítulos e

dão pistas para sua leitura.

as reticências, omissões, lacunas, que demosntram

capacidade de despitar o leitor ingênuo, fazendo parecer

sem importância o que é fundamental, e vice-versa.

As comparações insólitas e incongruentes;

Metalinguagem, que fazem a crítica da linguagem e da estrutura da narrativa tradicional, e questionam o próprio processo de criação literária, ao longo de seu desenvolvimento ;

Estilo anti-retórico;

Análise psicológica/psicanalítica das personagens;

Humor sutil e permanente, destruindo as ilusões românticas;

Ironia fina e corrosiva ;

Visão metafísica relativista de todos os valores humanos (pessimismo).

CORRENTES FILOSÓFICAS DA ÉPOCA

● Positivismo (Auguste Comte)

● Determinismo (Hippolyte Taine)

● Darwinismo (Charles Darwin)

● Evolucionismo social (Herbert Spencer)

● Experimentalismo (Claude Bernard)

● Socialismo Utópico (Saint-Simon)

● Socialismo Científico (Karl Marx)

POSITIVISMO

O positivismo é uma linha teórica da sociologia, criada

pelo francês Auguste Comte (1798-1857), que

começou a atribuir fatores humanos nas explicações

dos diversos assuntos, contrariando o primado da

razão, da teologia e da metafísica.

Defende a ideia de que o conhecimento científico é a

única forma de conhecimento verdadeiro. De acordo

com os positivistas somente pode-se afirmar que uma

teoria é correta se ela foi comprovada através de

métodos científicos válidos.

O positivismo teve fortes influências no Brasil, tendo como sua representação máxima, o emprego da frase positivista “Ordem e Progresso”, extraída da fórmula máxima do Positivismo: "O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim", em plena bandeira brasileira. A frase tenta passar a imagem de que cada coisa em seu devido lugar conduziria para a perfeita orientação ética da vida social.

O positivismo teve muita influência na literatura. No Brasil, por exemplo, influenciou escritores naturalistas como Aluísio de Azevedo e Raul Pompéia.

Evolucionismo – a teoria de que o homem é o produto da evolução natural das espécies e o reconhecimento dos mecanismos pelos quais essa evolução se processou deram à Biologia um papel fundamental, e o domínio desse campo do conhecimento passa a influenciar vários outros(Psicologia, Sociologia, etc.).

• O homem passa a ser visto especialmente sob o aspecto biofisiológico, tomado como ser animal, regido pelo instinto biológico, pelas mesmas leis que regem todos os animais.

Socialismo: estimula as lutas de classe e a

organização política do proletariado.

• É uma resposta da exploração do operariado

nas indústrias e nos grandes centros urbanos.

• Nessa teoria Marx e Engels mostram o

quanto o aspecto social está vinculado ao

processo econômico e político.

Determinismo e Experimentalismo

• O homem é fruto do meio, da raça e do

momento histórico.

• Não se deve afirmar nada antes de ser

comprovado.

• Teorias que influenciarão o chamado

Romance de Tese ou Romance Experimental,

muito comum no Naturalismo.

. Bovarismo - causas da decadência moral da

mulher no século XIX:

• Excessiva leitura de livros românticos;

• Vida ociosa;

• Superstição religiosa cristã.

O romance, até então, era o território da aventura,

em que o leitor buscava exatamente se refugiar da

banalidade da vida cotidiana. Madame Bovary

aparece então como um contra-senso: um

romance em que nada acontece.

Desconstrói todos os jargões românticos; até

mesmo o adultério, um dos temas romanescos, é

despojado de toda sua aura aventurosa, acabando

por ser tão entediante quanto o casamento.

PARNASIANISMO

Depois da revolução romântica, que impôs novos parâmetros e valores artísticos, formou-se em nosso país um grupo de poetas que desejava restaurar a poesia clássica, desprezada pelos românticos.

Esses poetas, os parnasianos, achavam que certos princípios românticos, como simplicidade da linguagem, valorização da paisagem nacional, emprego de sintaxe e vocabulário mais brasileiro, sentimentalismo, tudo isso ocultara as verdadeiras qualidades da poesia. Em seu lugar propuseram, então, uma poesia objetiva, de elevado nível vocabular, racionalista, perfeita do ponto de vista formal e voltada para temas universais.

Assim, enquanto o Realismo e o Naturalismo são

estilos voltados para crítica social, a contestação dos

valores burgueses, a estética parnasiana concentrou-

se no ideal da arte pela arte, ou seja, valorizou

sobretudo o seu próprio mundo, em detrimento da

realidade exterior.

O Parnasianismo se distanciava da realidade e se

voltava para si mesmo.

A "TRÍADE PARNASIANA": OLAVO BILAC, RAIMUNDO

CORREIA E ALBERTO DE OLIVEIRA

CARACTERÍSTICAS DO PARNASIANISMO

Formas poéticas tradicionais;

Purismo e preciosismo vocabular;

Objetividade;

Tendência descritivista;

Erotismo;

Mitologia greco-latina;

Esteticismo;

Rigor técnico.

Início: 1882- Publicação de Livro Fanfarras, de

Teófilo Dias.

Término: 1893- Início Simbolismo no Brasil.