o que é a mídia cívica?

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  • 8/8/2019 O que a mdia cvica?

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    O que a mdia cvica?

    Quinta-feira, 20.09.07, 17:00-19:00 horas

    The relationship between emerging media and civic engagement as part of the launch of MIT'sCenter for Future Civic Media.abstract | speakers | summary | audiocast | podcast | video

    Bartos Theater

    Resumo

    Em seu livro Bowling Alone (2000) [Jogando Boliche Sozinho], Robert Putnam fala sobre uma geraode americanos afastados das tradicionais formas de vida comunitria e engajamento cvico, consumidores passivos de mdia de massa. Mas outros observaram a expanso de culturas participativas e comunidades

    virtuais na internet, o crescimento dos blogs, podcasts e outras formas de jornalismo cidado, ocrescimento de novas formas de afiliao social dentro de mundos virtuais. Quais lies podemosaprender desses mundos online que traro impacto nas comunidades que trabalhamos, dormimos evotamos? Quais novas tecnologias e prticas nos oferecem as melhores possibilidades de revitalizar oengajamento cvico? Este frum marca o lanamento do novo Centro de Mdia Cvica Futura do MIT,uma colaborao entre o Media Lab do MIT e o programa de Estudos Comparativos de Mdia (CMS). o primeiro de uma srie de eventos criados para voltar as atenes ao relacionamento entre mdiaemergente e engajamento cvico. O centro foi custeado por uma doao de US$ 5 milhes da KnightFoundation. Seus diretores sero Chris Csikszentmihalyi e Mitchel Resnick do Media Lab e HenryJenkins do CMS.

    Oradores

    Chris Csikszentmihalyi titular da cadeira Muriel R. Cooper de Desenvolvimento de Carreira de Artes eCincias da Mdia do Media Lab do MIT, onde dirige o grupo Cultura do Computador.

    Henry Jenkins co-diretor de Estudos Comparativos de Mdia, e titular da Cadeira Peter de Florez deCincias Humanas do MIT. autor de uma srie de livros sobre vrios aspectos da mdia e da cultura popular, incluindoConvergence Culture: Where Old and New Media Collide [Cultura de Convergncia:Onde a Mdia Antiga e Nova Colidem].

    Beth Noveck professora de direito da New York Law School, onde dirige o Instituto do Direito ePoltica Jurdicos. fundadora e organizadora das confernciasState of Play , um evento anual sobre a pesquisa sobre mundos virtuais.

    Ethan Zuckerman fellow no Centro Berkman de Internet e Sociedade, da Harvard Law School, e co-fundador daGlobal Voices , uma organizao sem fins lucrativos. fundador daGeekcorps , outraorganizao sem fins lucrativos que promove a internet em pases em desenvolvimento, e atualmentetrabalha noGlobal Attention Profiles , que oferece retratos grficos sobre onde as diferentes mdias estoatentas.

    Co-patrocinadores: MIT Comparative Media Studies e o MIT Media Lab.

    Resumo

    Greg Peverill-Conti

    [este um resumo editado, no uma transcrio textual]

    http://web.mit.edu/comm-forum/forums/civic_media.html#abstracthttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/civic_media.html#speakershttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/civic_media.html#speakershttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/civic_media.html#summaryhttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/civic_media.html#summaryhttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/civic_media.html#audiocasthttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/civic_media.html#audiocasthttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/civic_media.html#podcasthttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/civic_media.html#webcasthttp://whereis.mit.edu/map-jpg?selection=E15&Buildings=gohttp://web.mit.edu/cms/People/henry3/index.htmlhttp://web.mit.edu/cms/People/henry3/index.htmlhttp://cms.mit.edu/http://cms.mit.edu/http://www.media.mit.edu/http://www.media.mit.edu/http://web.mit.edu/comm-forum/forums/civic_media.html#abstracthttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/civic_media.html#speakershttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/civic_media.html#summaryhttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/civic_media.html#audiocasthttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/civic_media.html#podcasthttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/civic_media.html#webcasthttp://whereis.mit.edu/map-jpg?selection=E15&Buildings=gohttp://web.mit.edu/cms/People/henry3/index.htmlhttp://cms.mit.edu/http://www.media.mit.edu/
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    Este o primeiro de uma srie de fruns que destacaro as atividades do novoCentro do Futuro da MdiaCvica (C4FCM), uma colaborao entre o Programa de Estudos de Mdia Comparativa do MIT e oMedia Lab do MIT.

    Henry Jenkins, co-diretor do novo centro, apresentou uma ampla definio para o termo mdia cvica. Ele ilustrou seu argumento com uma srie deimagens da cultura popular americana e mundial. A primeira imagem foi umafoto preto-e-branca de um grupo de homens reunidos, lendo jornal eaparentemente conversando. A segunda foi de um grupo de japonesas tirandofotos com seus telefones celulares. Jenkins perguntou qual dos dois gruposaparentava estar em uma interao cvica. Jornais e homens representam

    poltica, no sentido tradicional, disse Jenkins. Mas as mulheres na segunda imagem tambm podem estar usando a mdia para ligar-se a outras pessoas com finalidades sociais, cvicas e comunitrias. O contedoe o contexto da imagem influenciam o que pensamos. Por exemplo, o que as mulheres estofotografando? Elas esto ligando o contedo de volta a alguma comunidade compartilhada?

    Para Jenkins, mdia cvica pode descrever qualquer uso de mdia que estimula engajamento cvico. importante entender que mdia significa prticas e protocolos sociais que definem seus usos culturais,assim como as tecnologias que permitem essas atividades.

    Jenkins ento discutiu a definio de democracia. Ele o fez com imagens ilustraes da revoluoamericana, pinturas de Norman Rockwell, cenas de filmes de Frank Capra, etc. Ele destacou que, emmuitos casos, nossas definies contemporneas de democracia incluem elementos retrs. Perguntou ele:Como podemos definir democracia ao pensar sobre o futuro? Uma das metas do C4FCM fazer com queas pessoas pensem na democracia de formas criativas.

    Voltando sua ateno idia de engajamento cvico, Jenkins usou duas imagens para ilustrar possveisdefinies. Usando uma imagem de um boliche, ele citou o livro de Robert Putnam, Bowling Alone , parailustrar uma poca em que as comunidades se reuniam para interagir. Televiso, argumentou Putnam, ooposto, porque torna as pessoas menos engajadas. Esse ponto de vista assume que assistir televiso umaatividade solitria e que entretenimento no pode ser a base de engajamento cvico.

    Jenkins discordou dessas premissas, destacando que a televiso tem sido uma atividade compartilhada eque o boliche, como mdia de comunicao, pode representar uma oportunidade de engajamento cvico.

    Considerando esses exemplos, Jenkins perguntou o que pensvamos sobre comunidades tradicionais. Por exemplo, em mundos virtuais como World of Warcraft, os vrios grupos demonstram um nascenteengajamento cvico embora construdos em torno de comunidades de interesse, no local. Esta assumidadicotomia entre comunidades reais e imaginrias precisa ser analisada criticamente. Por exemplo,Benedict Anderson escreveu sobre comunidades imaginrias que tm um conjunto entendido deobrigaes sociais e um sentido de valores compartilhados. Da mesma forma, ao mesmo tempo em que jornais so vistos como sendo comunitrios, eles tambm representam uma comunidade imaginria, porque o leitor se encontrar com todos os outros leitores.

    Outro motivo para repensar o relacionamento entre comunidades reais e imaginrias vem da ascenso daexperincia dispora. As pessoas desabrigadas pelo furaco Katrina, por exemplo, podem usar atecnologia para compartilhar preocupaes e conexes locais que vo alm da sua atual localizao. Astecnologias esto permitindo a criao de novos tipos de comunidades de interesse mas a comunidadeimaginada no nem um pouco nova. Por exemplo, Jenkins falou das casas de caf de Londres do sculo18, freqentadas no por moradores da vizinhana, mas sim por pessoas que compartilhavam interesses literatura, poltica, etc.

    Jenkins continuou e deu exemplos da combinao de comunidades de interesse e comunidades locais. OsiteMeetup um, assim como o Flickr , que usa o interesse comum em fotografia e estimula as pessoasa se encontrarem por locais. Em alguns casos, essa combinao pode levar a novas formas de localizaoe ativismo. A mdias mais amplas, capacitadas por tecnologia, esto permitindo que contedo local ganheexposio nacional, que por sua vez pode levar criao de novas comunidades e canais de comunicao.

    http://civic.mit.edu/?cat=4http://civic.mit.edu/?cat=4http://civic.mit.edu/?cat=4http://www.amazon.com/Bowling-Alone-Collapse-American-Community/dp/0743203046http://www.amazon.com/Bowling-Alone-Collapse-American-Community/dp/0743203046http://civic.mit.edu/?cat=4http://civic.mit.edu/?cat=4http://www.amazon.com/Bowling-Alone-Collapse-American-Community/dp/0743203046
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    Quem est envolvido em mdia cvica, perguntou Jenkins? Os bloggers, os jornalistas colegiais, fontes denotcias tnicas, pessoas que participam de atividades transgeracionais (compartilhamento de experinciasdigitais) podem formar as bases do engajamento cvico. Segundo Jenkins, o desafio a necessidade de ademocracia ser mais do que um evento especial que acontece uma vez ao ano. Precisa se tornar umdesafio e atividade diria; e todos devem perguntar-se quais tecnologias ajudam a criar esse sentido deengajamento?

    Chris Csikszentmihalyi iniciou dando mais detalhes sobre o Centro e suamisso. Ele espera que isto sirva como um ponto de encontro paracomunidade, jornalismo e tecnologia. A grande meta do Centro desenvolver novas tecnologias e sistemas sociais.

    Ele referiu-se descrio que Jenkins fez da televiso, como uma atividade comunitria. Destacou que seele tirasse a televiso de casa e a colocasse na sua rua, duas coisas aconteceriam: seria pequena demais para causar qualquer impacto e provocaria a desvalorizao da vizinhana. Ele explicou que no podemosnos ater a aspectos especficos da tecnologia, porque muitas vezes as coisas so usadas de forma estranha,usual ou inesperada. Citou o ponto de vista de Bruno Latour, que disse que a tecnologia a sociedadetornada durvel; seu prprio ponto de vista que toda a tecnologia tem nuances polticos vencedores e perdedores.

    Csikszentmihalyi destacou que ningum jamais vai perder dinheiro vendendo um produto que d poderesao indivduo, mas que a tecnologia criada para o indivduo muitas vezes no beneficia a sociedade cvica.Tambm explicou que as pessoas que afirmam que a tecnologia neutra normalmente se afastaram tantoque o relacionamento entre o indivduo, a sociedade e a tecnologia se perde. Argumentou que embora sejacorreto afirmar que tanto uma arma quanto uma escova de dente podem ser usadas para matar, essa preciso terica to abstrata que perde credibilidade.

    Em seguida, ele explorou dois temas: a popularidade da tecnologia individual e os usos ou efeitossecundrios ou no intencionados da tecnologia. muito mais fcil, disse ele, vender algo (digamos, umiPod) para o indivduo que vender algo (transporte pblico) para grupos. Um cortador de grama, explicou, pode ser usado para aparar a grama do jardim, aumentar a poluio do ar ou acordar a vizinhana.

    Os criadores e desenvolvedores de produtos tambm tendem a projetar as coisas pensando neles mesmos(ou em mercados especficos); portanto, acabam ignorando aplicaes secundrias ou no intencionais deseus produtos. O utilitrio Hummer, por exemplo, tem a imagem de um veculo seguro; porm, prejudicial ao meio ambiente, aos outros motoristas, etc. Ele lamentou o fato de sempre desenvolvermostecnologias no alinhadas com engajamento cvico.

    Mas no se trata apenas de apoiar o engajamento cvico em geral. Ele acredita que precisamos estimular tipos especficos de engajamento, dando vrios exemplos:

    FUH2 Um site para postagem de imagens anti-Hummer;

    The Melrose Mirror Um jornal intergeracional que atende uma necessidade comunitria;

    Computer Clubhouse Uma ONG que oferece acesso tecnologia a comunidades carentes; e

    Selectricity Que permite a criao e realizao de eleies online.

    Beth Noveck apresentou sua prpria definio de mdia cvica. Ela acreditaque atualmente assume-se que a mdia desempenha um papel central na promoo de uma discusso pblica independente, fiscalizando o governo e promovendo responsabilidade. Ela sugeriu que talvez tenha chegado a horade reinventar nosso conceito de mdia.

    De acordo com Noveck, fracassou o papel deliberativo da mdia e o de melhorar e promover ademocracia em si. O discurso raciocinado no levou a uma participao cvica significativa. Tomando o

    http://www.fuh2.com/http://melrosemirror.media.mit.edu/servlet/plutohttp://www.computerclubhouse.org/http://www.computerclubhouse.org/http://selectricity.org/http://selectricity.org/http://www.fuh2.com/http://melrosemirror.media.mit.edu/servlet/plutohttp://www.computerclubhouse.org/http://selectricity.org/
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    exemplo de Putnam, a respeito da liga de boliche, ela destacou que a participao no muda,necessariamente, o equilbrio do poder.

    Engajamento cvico e conversao no significam participao; alm disso, a conversa entre vizinhos no provoca impacto na forma que funcionam os governos. O problema que atividades comunitrias no soescalveis em parte porque a tecnologia ainda no chegou l. Outro aspecto do problema que asquestes que enfrentamos muitas vezes exigem um conjunto de conhecimentos mais profundo que aquele possudo pela maioria das pessoas. Essa falta de poder foi reforada pelo pensamento deliberativo e aviso do indivduo como consumidor, invs de criador de mdia. Isso a levou a questionar se o pblicoseria mais bem atendido por uma imprensa profissional ou distribuda. Ela citou os sites OhMyNews e

    Newsassignment como exemplos de reportagem distribuda, fora dos limites tradicionais da imprensa.

    medida que continue essa tendncia alimentada principalmente pela tecnologia ela a vmaterializando a teoria proposta por de Tocqueville, que para que acontea o engajamento ativo, as pessoas precisam ter acesso s informaes e s ferramentas para tomadas de deciso. Com isso, Noveck perguntou: como a mdia cvica, em comparao com a deliberativa? Em ltima anlise, significamudar nossa conceitualizao da Primeira Emenda Constitucional Americana [liberdade de expresso] defalar sobre o falar para falar sobre ao. A democracia exige mais que apenas lanar o voto a cadaquatro anos; precisa tornar-se um hbito do dia-a-dia.

    Para alcanar essa meta, ser necessrio construir pontes entre a tecnologia da Web 2.0 e as instituiesde poder, para que as pessoas possam ligar-se e tomar ao. Esse tipo de conexo exigir novos modelosque nos permitam trabalhar com novas fontes de informaes. Esses modelos ainda no foram definidosou entendidos. Tambm precisamos imaginar novas formas de essas informaes serem postas afuncionar. Para exemplificar, ela descreveu tecnologias que identificam possveis reas problemticasantes que explodam, ou o desenvolvimento de novos modelos de responsabilidade. A maior caractersticadessa nova mdia cvica no todos falando ao mesmo tempo, mas a obteno do conhecimento dacomunidade. Finalmente, Noveck destacou que precisamos determinar o que funciona e o que nofunciona. A produo em grupo tem muitos benefcios, mas no funciona sempre.

    Ela ainda mostrou outros exemplos de mdia cvica em ao:

    Peer to patent Um site que usa a diversidade do conhecimento da comunidade para estimular conversaes em torno de convenincia de patentes e se exclusividade deve, de fato, ser concedida emtodos os casos;

    Sense.us Um site que oferece ferramentas para analisar dados do censo e oferece uma forma de conectar informaes, conhecimento e poder;

    Democracy Island (no Second Life) Que ilustra a importncia do papel do entusiasmo para fazer funcionar a mdia cvica; e

    Smartvote.ch Um site suo que permite a eleitores descobrir suas prprias assunes e pontos de vista e

    conferir se combinam com os de seus candidatos.

    Todos estes exemplos, e centenas de outros, visam quebrar os entraves governamentais, expondo problemas e questes; tambm oferecem s pessoas as ferramentas necessrias para compartilhar informaes e tambm us-las efetivamente. O potencial da mdia cvica estimular um novo dilogo emtorno da Primeira Emenda, um voltado ao fazer, no apenas ao falar; voltado a fazer o governo prestar contas atravs de tecnologias que conectam pessoas, informaes, idias e poder.

    Ethan Zuckerman comeou pedindo desculpas por no ter uma referncia aRobert Putnam ou boliche mo. Alm disso, em seu mundo, o deGlobal Voices , boliche quer dizer cricket, o que bem diferente. Isso ilustra o queZuckerman v como um ponto essencial quando uma tecnologia ou umconceito so vistos fora de contexto, os resultados podem ser muitodiferentes. De acordo com Zuckerman, quando se pensa em mdia cidad

    http://english.ohmynews.com/http://english.ohmynews.com/http://www.newassignment.net/http://www.peertopatent.org/http://vis.berkeley.edu/papers/sense.us/http://www.smartvote.ch/http://english.ohmynews.com/http://www.newassignment.net/http://www.peertopatent.org/http://vis.berkeley.edu/papers/sense.us/http://www.smartvote.ch/
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    nos EUA, a narrativa comea com o exemplo de Howard Dean; alm disso, mdia cvica normalmente um bando de caras brancos berrando.

    Um momento crucial para o blogging no mundo em desenvolvimento aconteceu um pouco antes, em2001, com o siteSalam Pax. Escrito por um arquiteto iraquiano, o Salam Pax mostrava detalhes prticossobre a vida no Iraque e informaes pessoais sobre o autor. Zuckerman ressaltou que esse blog era umexemplo das pontes criadas por blogging que desafiam assunes tradicionais sobre vrias partes domundo.

    Outro exemplo de um blog ponte Mahmoods Den. Escrito por um empreendedor em Bahrain, o blogoferece uma perspectiva que desafia nossos pontos de vista sobre a regio do Golfo Prsico. Em seu blog,Mahmood explica que seu objetivo apagar a imagem provocada principalmente por eles mesmos, preciso admitir que persegue muulmanos e rabes ao redor do mundo. No sou e no desejo ser ummissionrio. Administro vrios sites na internet que visam exatamente isso, criar um entendimentomelhor que no somos um bando de malucos determinados a destruir o mundo. A explicao deMahmood descreve porque muitas pessoas acabam envolvidas em blogs ponte querem ter certeza queseus pases e suas culturas esto representados online.

    Com o tempo, Zuckerman constatou que os blogs ponte eram apenas uma pequena parte do que estavaacontecendo. Seu guia para o resto que estava acontecendo para uma grande parte foi o site Manal eAlaa, de dois bloggers egpcios. Segundo Zuckerman, Alaa se vale de uma plataforma de bloggingutilizada por muitos no Egito, incluindo muitos integrantes do movimento Kefaya (Basta) um amplomovimento de oposio ao Presidente Mubarak do Egito. Alaa e seus amigos depararam-se criando umaalternativa imprensa principal egpcia. Isso aconteceu porque no importa quo grande tivesse sido o protesto realizado, nunca era divulgado nas notcias. Assim, Alaa tinha de organizar os protestos etambm sua cobertura. Durante uma manifestao, Alaa foi preso e passou trs meses na priso. Ele passou muito mais tempo na priso do que aqueles presos com ele provavelmente porque (graas suaesposa Manal) Alaa continuou a publicar seu blog da priso. Embora o incidente tenha resultado em umaestadia mais prolongada na cadeia, tambm atraiu muito mais ateno ao o que estava acontecendo comele e no Egito do que normalmente seria o caso.

    Alaa e seus associados tambm ilustram o aspecto de ao, no palavras da mdia cvica, mencionada pelos oradores anteriores. Em um dos casos narrados por Zuckerman, um homem foi preso, e graas aoTwitter, Alaa e outros puderam notificar outras pessoas da deteno e a percurso que a polcia estavafazendo para a delegacia. Multides rapidamente se aglomeraram ao longo do percurso, por fim parandoa polcia e liberando o detido.

    Zuckerman destacou que a mdia cidad ou jornalismo cidado tendem a funcionar melhor em pasesmoderadamente repressores que em pases altamente repressores, funcionando muito pouco em pases pouco ou nada repressores. O Centro Berkman est acompanhando quais pases controlam o que as pessoas esto vendo, dizendo e fazendo online; de forma nada surpreendente, as limitaes existem em pases que tambm controlam a mdia tradicional. Ele destacou que as empresas tambm participam dacensura, citando Microsoft Spaces como um exemplo. Na China, esse site no permitiu o registro de um blog denominado Ilovefreedomofspeechhumanrightsanddemocracy [amoliberdadedeexpressodireitoshumanosedemocracia], sugerindo um outro nome que no tivesselinguagem proibida.

    Zuckerman explicou que o nvel de censura online em um pas equivalente ao nvel de censura offlinemultiplicado pelo nvel de adoo de internet. Ele destacou que isso demonstra a necessidade de MdiaCvica especialmente no mundo em desenvolvimento muito alm da internet. Mensagens de texto, ouSMS, tambm desempenham um importante papel no monitoramento de governos e de outros sistemas de poder e na divulgao de informaes. Por exemplo, em Gana telefones celulares foram utilizados commuito sucesso para expor fraude eleitoral.

    Mesmo no contando todos esses aspectos, se olharmos para as mdias sendo consumidas, vemos que tmorigem nas regies esperadas Amrica do Norte, Europa Ocidental, China, etc. Convencer pessoas a

    prestar ateno a outros pases e culturas mais que apenas traduzir textos. Para que pessoasdesenvolvam um entendimento, precisam de linguagem, contexto e ateno; mesmo se tiverem, quandocolocamos as ferramentas de criao de contedo em novas mos, os resultados sero imprevisveis.

    http://mahmood.tv/http://mahmood.tv/http://manalaa.net/http://manalaa.net/http://manalaa.net/http://mahmood.tv/http://manalaa.net/http://manalaa.net/
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    Para Zuckerman esta histria em si no otimista, embora ele seja otimista quanto ao potencial da MdiaCvica no mundo em desenvolvimento.

    Debate

    PERGUNTA: Como que o C4FCM ir equilibrar mdia social (o falar) com mdia construtiva (ofazer)? Vocs vo considerar anonimato e reputao?

    NOVECK: Ambas so boas questes para reflexo; tambm acho que existe uma necessidade para mdiaconstrutiva. Como advogada, acho que o objetivo de resoluo de problemas e justia social melhor atendido por uma combinao de tecnologia, direito e poltica. O objetivo deste projeto deve ser a criao para comunidades, no a criao para indivduos. As tecnologias por trs da mdia sociais ouconstrutivas no podem ser simplesmente vistas como tecnologias, mas devem tambm ser colocadasdentro de um contexto social.

    JENKINS: Em termos de C4FCM, ambos os lados, construtivo e social, so parte daquilo queacreditamos ser a mdia cvica; a definio apresentada no incio do debate foi propositalmente ampla, deforma a incluir tanto aquilo considerado no CMS quanto no Media Lab.

    PERGUNTA: Estou comeando a ficar cansado de blogs as matrias so simplesmente passadas desite para site e informaes incorretas so disseminadas; medida que aumenta a velocidade dedeliberao, o que podemos fazer para tornar a mdia civil mais civilizada?

    ZUCKERMAN: Eu criei inmeros guias para bloggers annimos; espero que algum da rea de teoriada informao possa provar que informaes incorretas sejam disseminadas com mais velocidade queinformaes corretas. Infelizmente, essa a realidade, de forma que temos de conviver com ela. O graude conectividade significa que temos de aceitar que informaes ruins acontecem.

    JENKINS: A mesma distoro tambm acontece atravs da mdia tradicional mas reduzida a som esem a possibilidade de resposta.

    CSIKSZENTMIHALYI: No perca a f.

    PERGUNTA: Vocs j ouviram falar deePetitions, e como acham que esse site se enquadra naquilo quevocs acabaram de falar? Governos do ateno a isso?

    [O participante esclareceu a sua pergunta, explicando que estava se referindo a um site do governo britnico que permitia populao apresentar questes, as quais eram atendidas pelo governo se houvesseum nmero suficiente de pessoas envolvidas]

    NOVECK: Conheo o ePetitions, mas ainda no acho que seja uma ferramenta adequada para promover mudana. Na verdade, de certa maneira, desvia a ateno das pessoas e desestimula a elaborao de

    http://epetitions.net/http://epetitions.net/http://epetitions.net/
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    solues, porque acabam apenas expressando sua opinio, invs de compartilhar informaes ou tomar ao.

    PERGUNTA: Porque devemos achar que no uma boa coisa o fato de a maior parte da mdia vir domundo desenvolvido? Precisamos saber das polticas de Madagascar?

    ZUCKERMAN: A resposta de Rudolph Giuliani so os ataques terroristas de 11 de setembro; elesmudaram nossa viso da globalizao e provaram que tudo est interligado; com eles, constatou-se queregies e questes at ento ignoradas tm sim impacto no mundo como um todo.

    CSIKSZENTMIHALY: O objetivo dot-los de novas tecnologias, de forma que elas possam ajudar oengajamento cvico, e no prejudic-lo. Fazer isso exige observar a tecnologia em vrios ambientes, paraentender seus potenciais e limitaes.

    PERGUNTA: Existe um problema com a forma em que o dilogo est sendo enquadrado consumidores contra cidados; empresas contra governos embora seja fato que as empresas tm mais poder sobre as pessoas que os governos, alm de existirem menos formas de realizar mudanas. No podemos simplesmente focar no governo.

    CSIKSZENTMIHALYI: Os produtores de tecnologia esto produzindo coisas de seu prprio interesse.Apache um exemplo de uma tecnologia com objetivos cvicos.

    NOVECK: Bem lembrado. Uma pergunta complicada: Quem governo? O problema que noexistem verdadeiras ferramentas para promover mudanas institucionais nem no governo ou no setor privado.

    PERGUNTA: Existem muitas pessoas no amarradas tecnologia. Existem pessoas que no estoconectadas. Como espera que participem da mdia cvica?

    ZUCKERMAN: Devem existir abordagens para resolver disparidades ou desconexes de comunicao.

    JENKINS: A maior parte das lacunas esto relacionadas a habilidades sociais e conforto. Existem muitasformas de combinar habilidades tcnicas com idias e informaes. O site transgeracionalMelrose Mirror um exemplo, e o Centro est voltado a ajudar a fechar a lacuna na participao.

    PERGUNTA: Me parece que uma medida do sucesso da mdia cvica a capacidade de umacomunidade acessar o poder; mas tambm envolve a criao de uma identidade grupal e entusiasmo edisposio em agir com base nas informaes e na identidade grupal.

    NOVECK: Existem ferramentas que facilitam nos reunirmos para tomar ao. As finalidades no precisam ser sempre polticas. Podemos trabalhar juntos para fazer qualquer coisa, fazendo-o comouma comunidade. Assim que realizarmos algo no mundo, ficamos poderosos.

    CSIKSZENTMIHALYI: Os EUA so nicos pela existncia de jornais locais temos essa idia do jornalismo e da neutralidade mas isso algo que muitas pessoas tm dificuldade em encarar,

    http://www.apache.org/http://www.apache.org/http://melrosemirror.media.mit.edu/servlet/plutohttp://www.apache.org/http://melrosemirror.media.mit.edu/servlet/pluto
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    especialmente quando as pessoas passam a contribuir com contedo. possvel ver isso na lentido emque o contedo contribudo para o Wikinews.