o profissional contÁbil diante da nova realidade

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Qualit@s - Revista Eletrônica - ISSN 1677- 4280 - Volume 1 - 2006 / número 1 68 O PROFISSIONAL CONTÁBIL DIANTE DA NOVA REALIDADE JAILMA DO SOCORRO CORDEIRO ANA MARIA DA PAIXÃO DUARTE RESUMO O mundo vem quebrando antigos padrões de comportamento, impondo novas regras, que precisam ser assimiladas e adequadas às diversas áreas profissionais. Para que o profissional contábil suporte os desafios que se sucedem, urge o esforço no sentido de evoluir os conhecimentos como ferramenta indispensável do ser humano no processo de geração de informação contábil. Este estudo busca focalizar os principais fatores que delineiam o profissional contábil diante da nova realidade. Tratamos, através do método racional, de qualificar a pesquisa nos seguintes aspectos: quanto à finalidade, tem características descritivas e explicativas, valendo-se da doutrina contábil; quanto aos meios, foi aplicada a pesquisa bibliográfica, através de livros, artigos já publicados e pesquisas na Internet. Constatamos, ainda, com base nos estudos realizados, que a maior parte dos obstáculos enfrentados pelos profissionais contábeis é de natureza comportamental. A maioria deles não se amoldou às relações provocadas pelo então desafiador tema da globalização. Concluímos que, frente à tecnologia, à globalização e ao crescente mercado competitivo, o profissional contábil tem o desafio constante de mudar seus conceitos tradicionais, em busca da qualidade e de melhores serviços, e de estar atento aos novos paradigmas que surgem, abandonando os que estão ultrapassados. Procurando, assim, mudar, atualizar, identificar as necessidades das entidades, fornecer informações objetivas e com qualidade, saber utilizá-las e transmiti-las de forma que sejam úteis aos usuários. Posto que o profissional contábil dever estar no centro e na liderança do processo decisório das organizações, pois, do contrário, seu lugar será ocupado por outro profissional. Palavras-chave: Contabilidade, Profissional, Conhecimento, Tecnologia e Informação.

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Qualit@s - Revista Eletrônica - ISSN 1677- 4280 - Volume 1 - 2006 / número 1

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O PROFISSIONAL CONTÁBIL DIANTE DA NOVA REALIDADE

JAILMA DO SOCORRO CORDEIRO

ANA MARIA DA PAIXÃO DUARTE

RESUMO

O mundo vem quebrando antigos padrões de comportamento, impondo novas

regras, que precisam ser assimiladas e adequadas às diversas áreas profissionais. Para

que o profissional contábil suporte os desafios que se sucedem, urge o esforço no sentido

de evoluir os conhecimentos como ferramenta indispensável do ser humano no processo

de geração de informação contábil. Este estudo busca focalizar os principais fatores que

delineiam o profissional contábil diante da nova realidade. Tratamos, através do método

racional, de qualificar a pesquisa nos seguintes aspectos: quanto à finalidade, tem

características descritivas e explicativas, valendo-se da doutrina contábil; quanto aos

meios, foi aplicada a pesquisa bibliográfica, através de livros, artigos já publicados e

pesquisas na Internet. Constatamos, ainda, com base nos estudos realizados, que a

maior parte dos obstáculos enfrentados pelos profissionais contábeis é de natureza

comportamental. A maioria deles não se amoldou às relações provocadas pelo então

desafiador tema da globalização. Concluímos que, frente à tecnologia, à globalização e ao

crescente mercado competitivo, o profissional contábil tem o desafio constante de mudar

seus conceitos tradicionais, em busca da qualidade e de melhores serviços, e de estar

atento aos novos paradigmas que surgem, abandonando os que estão ultrapassados.

Procurando, assim, mudar, atualizar, identificar as necessidades das entidades, fornecer

informações objetivas e com qualidade, saber utilizá-las e transmiti-las de forma que

sejam úteis aos usuários. Posto que o profissional contábil dever estar no centro e na

liderança do processo decisório das organizações, pois, do contrário, seu lugar será

ocupado por outro profissional.

Palavras-chave: Contabilidade, Profissional, Conhecimento, Tecnologia e Informação.

Qualit@s - Revista Eletrônica - ISSN 1677- 4280 - Volume 1 - 2006 / número 1

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ABSTRACT

The world comes breaking old patterns of behavior, imposing new rules, that need

to be assimilated and adapted to the several professional areas. To support the challenges

that happen to the accounting professional, urge the effort in the sense to devolve the

knowledge as an indispensable tool to human being in the process of generation of

accounting information. This study search focalizes the main factors that delineate the

accounting professional facing the new reality. We intended, through the rational method,

to qualify the research in the following aspects: the about purpose, it has descriptive and

explanatory characteristics, based on the accounting doctrine; about the ways the

bibliographical research was applied, through books, articles already published and

Internet researches. We are noticed, based on the realized studies, that most of the

obstacles faced by the accounting professionals are about compartmental nature. Most of

them didn't get molded to the relationships provoked by the provoking theme of the

globalization. We concluded that, through the technology, the globalization and the

growing competitive market, the accounting professional has the constant challenge of

changing his traditional concepts, in order to look for quality and better services, and being

attentive to the new paradigms that appear, giving up the ones that are surpassed.

Seeking, like this, move, modernize, and identify the needs of the entities, to supply

objective and quality information, to know how to use and transmit them, in a way to be

useful to the users. Confirming that the accounting professionals must be in the center and

in the leadership of the decisive process of the organizations, or, otherwise, their place will

be occupied by other professionals.

Keywords: Accounting, Professional, Knowledge, Technology and Information.

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INTRODUÇÃO

Hoje, mais do que nunca, é preciso ter visão abrangente das novas condições de

trabalho exigidas pelo mercado globalizado. Vivemos uma era de intensas mudanças em

ritmo acelerado. Todas as profissões estão passando por um processo de reflexão, para

avaliar se a sua atuação está de acordo com os novos preceitos e exigências impostas

pelo fenômeno da globalização.

O mundo vem ultrapassando barreiras, quebrando antigos padrões de

comportamento, impondo novas regras. Estamos vivendo, em uma sociedade

surpreendentemente dinâmica, instável, evolutiva e de transformação. Diante desse

quadro, é necessário que o profissional contábil adquira novas qualificações e

capacitações gerenciais para ultrapassar as ameaças provocadas pelo ambiente externo

e por um mercado bastante competitivo.

Neste sentido, Edvinsson (1998, p.116) afirma:

Essa corporação nova, virtual, não possui contornos, não apenas em

relação aos seus parceiros estratégicos, mas também em relação

aos seus empregados. Nesta era de telefones celulares, da Internet

e do co-destino corporativo, o conjunto de empregados tradicionais,

antigamente centralizado em edifícios-sede em poucos locais e

partilhando uma filosofia, um estilo de vida e uma comunidade

encontram-se agora diluído no ambiente externo.

Para que o profissional contábil suporte os desafios que se sucedem, urge o

esforço no sentido de evoluir os conhecimentos específicos, globais e emocionais como

ferramenta indispensável do ser humano no processo de geração de informação contábil,

tanto em termos técnicos quanto comportamentais. Iniciativa, coragem, ética, visão de

futuro, habilidade de negociação, flexibilidade, capacidade de inovar e criar, e, sobretudo,

conhecimento de sua área de atuação, são alguns desafios apontados para o profissional

contábil atual.

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É, portanto, pretensão deste trabalho destacar o papel do profissional contábil

diante da nova realidade, exigida por uma audaciosa política de ação nos processos, -

forças externas que condicionam os padrões vigentes de qualidade profissional baseada

em tecnologia, refinadas técnicas de trabalho e comportamento ético inquestionável.

Daí a importância de se ressaltar a interpretação de Schawez (2001, p.4) a respeito

do desempenho e dos desafios do profissional contábil:

Nesse novo contexto o profissional contábil tradicional tende a ser

extinto. Todavia, a competição entre as empresas, cada vez mais

exige profissional diferencial, gerando outras funções para a classe

contábil. Teoricamente, as necessidades estão aí, basta supri-las.

Este é o momento ideal do profissional contábil retomar espaços,

além de, quem sabe, conquistar novos terrenos.

Mas, quais seriam, afinal, os desafios da profissão contábil nesse

limiar de milênio?

O primeiro desafio, que será vencido concomitantemente com os

demais, é mudar a imagem. O profissional contábil deve ser e

passar a imagem de pessoa dinâmica, bem informada, deter as

informações, saber utilizá-las e saber retransmiti-las.

O segundo é abandonar a idéia da contabilidade tradicional, tal

tarefa continuará sendo feita, pelo menos a curto prazo, diante das

exigências fiscais e legais, mas o profissional da contabilidade do

novo milênio irá apenas supervisionar o trabalho, esclarecendo

dúvidas, solucionando problemas e desenvolvendo aspectos

estratégicos.

O terceiro desafio é deter a informação de tudo que ocorre na

empresa, tratar esses dados de forma que sejam úteis aos gestores

do negócio. Conquistar um canal aberto de comunicação com os

usuários, pois são de vital importância que as mesmas estejam

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adequadas as suas necessidades, sob pena da perda de utilidade

das mesmas, bem como do executor.

OBJETIVO GERAL

Focalizar os principais fatores que vão delinear o profissional contábil diante da

nova realidade.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Desenvolver conhecimentos específicos, globais e emocionais como ferramenta

indispensável do ser humano no processo de geração de informação contábil:

1. Conhecimentos específicos relacionados à evolução da ciência contábil;

2. Conhecimentos globais relacionados à informação contábil;

3. Conhecimentos emocionais relacionados à inteligência emocional;

4. Conhecimentos atuais relacionados à necessidade do profissional contábil se

adequar às novas formas de geração e análises das informações contábeis;

5. Conhecimentos de atitudes relacionadas ao comportamento ético profissional

inquestionável.

RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Temos uma realidade unânime, no tocante ao profissional da contabilidade,

provocada não só pelo fenômeno da globalização e sua repercussão na economia

mundial, mas também pelo fato de estarmos vivenciando a era do conhecimento.

Logo, ao analisarmos o grande avanço que a globalização trouxe, podemos

identificar a ampliação de mercado e a evolução tecnológica, num ambiente cuja

competição entre as organizações, sem limites de fronteiras, é incontestável. Fato este

que leva o profissional da contabilidade a rever sua postura no mercado, posto que, para

se sobressair, precisa buscar maior conhecimento, estudar outras ciências, ser um

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profissional ágil, perspicaz e aberto às adversidades provocadas por um ambiente que

interage em mudanças contínuas.

Deste modo, o profissional da contabilidade precisa aprender a lidar com as

mudanças, alimentando idéias novas para melhorar o seu desenvolvimento profissional e

interagindo com as transformações que venham engrandecer o trabalho contábil. O que

não pode mais acontecer é um profissional reduzido à rotina do dia-a-dia das empresas,

submetendo-se apenas às informações de ordem econômico-financeira.

Pode-se notar, através deste breve relato, que o profissional da contabilidade deve

se engajar neste contexto, cuja pauta é informação ágil em tempo real e superação dos

desafios apontados pela sociedade, que exige informações para fortalecer as células

sociais nas estratégicas de seus negócios, no planejamento empresarial e nas práticas de

gestão.

MÉTODOS E TÉCNICA DO ESTUDO

Para desenvolver o presente trabalho, tratamos, através do método racional, de

qualificar a pesquisa nos seguintes aspectos: quanto à finalidade, tem características

descritivas e explicativas, valendo-se da doutrina contábil, dos conhecimentos

específicos, globais e emocionais como ferramenta indispensável do ser humano no

processo de geração de informação contábil, ressaltando a necessidade do profissional

contábil se adequar às novas formas de geração e análises das informações contábeis, e

abordando também a questão do comportamento ético do profissional contábil na

realidade do mundo atual.

Quanto aos meios para a realização do presente estudo, foi aplicada a pesquisa

bibliográfica, através de livros, artigos publicados e pesquisa na Internet.

A pesquisa bibliográfica tem como finalidade, segundo Cervo e Bervian (2002,

p.89):

(...) encontrar respostas aos problemas formulados, e o recurso é a

consulta dos documentos bibliográficos.

(...)

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quanto à sua natureza, os documentos bibliográficos podem ser:

primários: quando coletados em primeira mão, como pesquisa de

campo, testemunho oral, depoimentos, entrevistas, questionários,

laboratórios;

secundários: quando colhidos em relatórios, livros, revistas, jornais e

outras fontes impressas, magnéticas ou eletrônicas;

terciários: quando citados por outra pessoa.

Para dar origem a este trabalho foi utilizada a técnica de análise e síntese racionais

que, segundo os mesmos autores (2002, p.39):

Operam não mais sobre seres e fatos, mas sobre idéias e verdade

mais ou menos gerais.

A análise racional faz-se por meio da resolução. Consiste

essencialmente em reduzir o problema proposto a outro mais

simples, já resolvido.

A síntese racional parte de um princípio geral mais simples e

evidente e dele deduz, por via de conseqüência, a solução desejada.

Portanto, a pesquisa procura focalizar os principais fatores que delineiam o

profissional contábil diante da nova realidade, desenvolvendo conhecimentos específicos

e relacionando-os com a evolução da ciência contábil. Num momento posterior, trata dos

conhecimentos afins, como suporte a informação contábil e os conhecimentos

relacionados com a inteligência emocional como ferramenta indispensável do ser humano

no processo de geração de informação contábil.

Em seguida, ressalta a necessidade do profissional contábil se adequar às novas

formas de geração e análises das informações contábeis. Por fim, o estudo mostra a

importância de um comportamento ético profissional inquestionável no âmbito da

contabilidade, recurso eficaz no processo decisório.

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Através da síntese racional, foi possível observar como conseqüência lógica que a

complexidade das operações mercantis gera a necessidade de informação contábil

rápida, objetiva e confiável em tempo real

REFERENCIAL TEÓRICO

ABORDAGEM AO CONHECIMENTO RELACIONADO À EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA

CONTÁBIL.

Ao estudar o perfil do profissional contábil, não se deve deixar de apresentar uma

breve descrição dos motivos relacionados à evolução da contabilidade ao longo do tempo.

No tocante à evolução da exigência do nível de conhecimento do profissional

contábil, a Prof. Fabrícia Souza Teixeira em seu artigo publicado no Jornal Classivale

(1999, p.27) diz:

o Contador tem destaque como profissional onde a economia desenvolve.

No Brasil, na década de 1960, o profissional contábil era chamado de

“guarda-livros”. Este conceito está mudado. Atualmente a Contabilidade no

Brasil, está voltada para o enfoque gerencial, e não somente interessada

em registrar os acontecimentos e atender o fisco. Conhecer o passado

ajuda a entender o presente e construir um futuro melhor para nossa

profissão.

Tal situação ainda pode ser reportada ao cenário social, institucional e econômico,

que provocou retumbante sucesso na ciência contábil. Destaca-se, adiante, alguns destes

cenários ao analisar as paisagens citadas pelo Prof. Sérgio de Iudícibus, no Manual de

Contabilidade (2000, p. 45), quais sejam:

desenvolvimento embrionário das entidades comerciais e industriais,

como hoje as conhecemos;

duração usualmente limitada dos empreendimentos, apesar de

alguns exemplos de empresas com longos anos de existência;

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o proprietário, como figura central da ação empresarial, em vez da

entidade e da gerência;

relativa estabilidade de preços em mercados perfeitamente

delimitados;

lentas mudanças na tecnologia, na qualidade e nas características

operacionais dos produtos..

Na verdade, o perfil do profissional da contabilidade atual foi sendo delineado ao

longo do tempo, à medida que a ciência foi evoluindo, em meio a um conjunto de fatores

facilitados por períodos históricos diferenciados, em especial, a partir do século XX, com o

desafio provocado pela Revolução Industrial até os dias atuais.

Neste sentido, coube aos profissionais da contabilidade procurar posição de

destaque, por conta das circunstancias provocadas pelo cenário globalizado que vivemos.

Fato que, até então, não havia maiores exigências para o profissional da contabilidade,

conforme podemos constatar através de anúncios nos classificados, citados por Duarte et

alli (2003), a seguir:

Durante algum tempo, o profissional da contabilidade era conhecido

como “guarda-livros”. Tinha como função primordial escriturar os

livros mercantis das empresas comerciais. Para isso, era

imprescindível uma boa caligrafia, conhecimento das línguas

portuguesa e francesa, qualidades exigidas nas ofertas de emprego,

e comprovadas nos anúncios dos classificados do Jornal do

Comércio, a seguir descritas. Posteriormente, com o advento das

máquinas, outra qualidade é o eficiente conhecimento das técnicas

datilográficas. Vejamos:

Classificados do Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 13/10/1835.

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Classificados do Jornal do Commercio, Rio de Janeiro 23/01/1850.

Daí em diante, a história da contabilidade acompanha a evolução da

humanidade. Com as crescentes exigências do mercado econômico,

surgiu a necessidade de fundar escolas de contabilidade no Brasil,

para assim desenvolver técnicas que acompanhassem as mudanças

que estavam sendo percebidas, com o propósito de formar

profissionais da contabilidade que atendessem às expectativas

comercias geradas na época.

Atualmente, não se tolera que a contabilidade esteja sendo preparada para uso

exclusivo dos mesmos usuários de quatro ou cinco décadas atrás, visto que os mercados

econômicos atuais buscam, num contexto diferenciado, dos profissionais da contabilidade

a geração de informações que proporcionem aos seus usuários conforto no planejamento

de suas operações.

Quanto a essa questão, o Conselho Federal de Contabilidade já se pronunciou

através do Apêndice da Resolução nº 774, de 16 de dezembro de 1994, quando fala

sobre os propósitos das informações geradas pela contabilidade. Tais informações,

segundo o documento, devem:

permitir ao usuário, como partícipe do mundo econômico:

observar e avaliar o comportamento;

comparar seus resultados com os de outros períodos ou Entidades;

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avaliar seus resultados à luz dos objetivos estabelecidos;

projetar seu futuro nos marcos políticos, sociais e econômicos em

que se insere.

Assim, com a manifestação da era do conhecimento, surge uma nova etapa no

desenvolvimento da sociedade humana e conseqüentemente das empresas, uma vez que

essas empresas não poderão passar desapercebidas ou alheias ao surgimento das

mudanças ocorridas em torno das riquezas patrimoniais, razão de sua existência.

Tais foram as mudanças relativas ao mercado, ao meio ambiente, à tecnologia, à

política, ao comportamento social, que passaram a atingir o patrimônio das empresas, de

modo que não seria mais possível confirmar os estudos contábeis com a simples

informação amparada no empirismo. A ciência contábil seguiu, pois, por força de todas

essas metáforas de comportamento. Portanto, as vocações de entrelaçamento humano,

sem cultura, sem visão holística, já não são mais motivos de sobrevivência no campo

empírico e isto foi reconhecido, felizmente, pelos estudiosos da ciência contábil.

A partir desses pressupostos, ficou compreendido que um profissional contábil

busca não somente contabilizar dados, mas sim interpretá-los, almejando encontrar

respostas e soluções para as decisões gerenciais que a todo o momento são tomadas

pelas empresas.

O mercado cada vez mais competitivo, a globalização e a crescente necessidade

de informação exigem do profissional um comportamento diferente de tempos atrás, de

forma a enfrentar os vários desafios apresentados nos momentos atuais. O mundo mudou

e como conseqüência os usuários das informações contábeis também mudaram suas

necessidades, em busca de qualidade e de melhores serviços. Sendo assim, o

profissional contábil deve estar atento aos novos paradigmas que surgem. É época de

mudar, atualizar, identificar as necessidades das entidades e fornecer informações

objetivas, compreensivas, confiáveis e tempestivas, de forma que sejam úteis à

administração interna, sem se deter a uma mera rotina da escrituração contábil e fiscal,

vinculando apenas as informações relativas ao aspecto econômico e financeiro para fins

administrativos externos das organizações.

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ABORDAGEM AOS CONHECIMENTOS RELACIONADOS À INFORMAÇÃO

CONTÁBIL

As mudanças sociais provocaram, na era moderna, profunda revolução no campo

do conhecimento. O progresso da informática permitiu um sensível aumento de

armazenamento e rapidez no tratamento dos dados.

O fato é que muitas coisas, que antes eram desenvolvidas num processo mais

lento, passaram a ser desenvolvidas com mais rapidez, sem limites de fronteira, para um

mundo mais exigente.

A contabilidade sofreu diretamente o impacto da evolução e do avanço da

tecnologia da informação, extremamente facilitada, requer maior vigor na explicação e

interpretação dos fenômenos demonstrados no desenvolvimento das atividades

empresariais.

Em outra época, a contabilidade não contava com praticamente nenhum recurso na

automação das informações, o tempo era um fator limitante no processo de sua geração.

As informações eram geradas para relatar situações passadas e em muito não fazia

diferença para o usuário. Os contadores geravam relatórios para atender às necessidades

básicas do fisco, deixando a desejar a produção de informações gerenciais para o

desempenho das atividades operacionais.

Ademais, a credibilidade dos profissionais da contabilidade gira em torno dos

conhecimentos acumulados, pois a sua competência vai além da capacidade técnica, em

decorrência do volume de informações que precisam ser monitoradas em decorrência do

desenvolvimento do exercício profissional.

De acordo com Nasi (apud Kraemer, 2000, p.55), para que isso aconteça:

O Contador dever estar no centro e na liderança deste processo,

pois, do contrário, seu lugar vai ser ocupado por outro profissional. O

Contador deve saber comunicar-se com as outras áreas da

empresa. Para tanto, não pode ficar com os conhecimentos restritos

aos temas contábeis e fiscais. O Contador deve ter formação cultural

acima da média, inteirando-se do que acontece ao seu redor, na sua

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comunidade, no seu Estado, no seu País e no mundo. O Contador

deve ter um comportamento ético-profissional inquestionável. O

Contador deve participar de eventos destinados à sua permanente

atualização profissional (educação continuada). O Contador deve

estar consciente de sua responsabilidade social e profissional.

O contador tem todo apoio da tecnologia, sistemas são desenvolvidos para

integração das informações, com uma linguagem simples, de fácil entendimento a fim de

otimizar os resultados empresariais. O profissional da contabilidade precisa conhecer

mais seus clientes, gerar informações identificadas.

GLOBALIZAÇÃO

No contexto econômico globalizado, o contador tem a necessidade de evoluir

juntamente com este mercado extremamente competitivo, para poder viabilizar o

fornecimento de informações que poderão dar suporte no processo de decisão das

organizações - usuárias da contabilidade.

Por globalização, Sandroni (2002, p.265) define como:

Termo que designa o fim das economias nacionais e a integração

cada vez maior dos mercados, dos meios de comunicação e dos

transportes. Um dos exemplos mais interessantes do processo de

globalização é o global sourcing, isto é, o abastecimento de uma

empresa por meio de fornecedores que se encontram em varias

partes do mundo, cada um produzindo e oferecendo as melhores

condições de preço e qualidade naqueles produtos que têm maiores

vantagens comparativas.

Takakura (2002, p.1), em seu artigo intitulado “Perfil necessário de um profissional”,

enfoca:

Dentro deste contexto, o papel do profissional contábil é de extrema

importância, principalmente no processo de geração de informação

em tempo oportuno para tomada de decisão, enfocando a qualidade

desta informação para o seu receptor. É papel da contabilidade

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indicar caminhos, alternativas, soluções para as diversas situações

da entidade frente a este mercado globalizado.

Seguindo a interpretação do mesmo autor (op.cit.), temos:

Frente a esses fatos o profissional contábil deve interagir com os

profundos e irreversíveis desafios que a globalização esta impondo

na atualidade. O mundo dos negócios não é mais limitado por

fronteiras geográficas e está se tornando cada vez mais complexo.

Afinal, o que é globalização? É um processo de integração mundial

que vem ocorrendo em todos os setores expressivos da Sociedade,

em especial nos setores econômico, financeiro-contábil, das

comunicações e negócios.

Na verdade, a contabilidade mantém o objetivo pragmático, cuja finalidade é

fornecer informações aos usuários sobre a situação econômica, financeira e física do

patrimônio da entidade e suas mutações. O que muda são as exigências dos usuários, no

tocante à utilização dessas informações, que passam a ser preferidas por este sistema

global e ágil como indicador de caminho para as empresas, posto que a informação é a

alma do planejamento, tomada de decisão e controles empresarias.

TECNOLOGIA

Com o avanço da tecnologia, a contabilidade vem sofrendo grandes mudanças, ou

seja, a contabilidade teve que incorporar atributos voltados para visão futura da empresa,

de forma a preservar sua perpetuidade, a partir dos resultados alcançados a longo prazo.

Essa nova realidade vem sendo marcada por grande preocupação em modernizar

a contabilidade, por meio da informatização e da implantação de sistemas integrados

voltados para a gestão do empreendimento como um todo, visando contemplar às

demandas do mercado por informações e decisões imediatas.

O que se percebe é a necessidade de uma contabilidade dita “em tempo real”, que

permita a tomada de decisão rápida. Nesse novo modelo, a tecnologia vem substituindo o

esforço humano por máquinas no processamento da informação. Com isso, as técnicas

contábeis e as regras práticas cederam lugar aos computadores e sua bases de dados.

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Entretanto, o tratamento dado a tecnologia como uma situação recente não condiz

com o entendimento de Sandroni (2002, p.594) quando afirma:

O processo de inovação tecnológica não é um dado da sociedade

moderna, Ele ocorreu desde a utilização da pedra como instrumento

de trabalho na pré-história do homem e o emprego dos diversos

metais nos agrupamentos humanos na Antiguidade. O progresso

tecnológico intensificou-se a partir da Revolução Industrial, atingindo

alto nível com o desenvolvimento da computação e a automação dos

processos produtivos, chegando-se a falar que na atualidade ocorre

uma “revolução tecnológica”.

Nesse momento, as organizações vêm realizando um esforço de revisão de fluxos

e processos, em todos os sentidos, para alcançar a máxima lucratividade, a maximização

dos recursos investidos, a eliminação de ineficiências, a melhoria da produtividade e a

implantação de modernas formas de administração.

As informações geradas para os diversos usuários da contabilidade contam com

ferramentas riquíssimas, pois a tecnologia, a sociedade, o ambiente giram em favor do

profissional. Além da revolução tecnológica, clientes satisfeitos, profissionais contábeis

qualificados, empresas obtendo resultados positivos decorrentes de sua atividade

operacional valorizam em alto nível o enfoque nos empreendimentos futuros e a

capacitação de ações decisórias correntes e oportunas.

CONHECIMENTO

O contador deve conhecer o cenário da economia como um todo, a

responsabilidade dele é o destino do patrimônio da entidade. O profissional contábil é o

provedor de informação, de forma simplista, podemos dizer que o contador é o médico da

entidade, visto que é ele quem analisa e diagnostica a vida das empresas, desta maneira,

confiamos a continuidade dessas empresas ao profissional contábil.

O desenvolvimento do conhecimento será a maior ferramenta destes profissionais.

É preciso deixar de operacionalizar apenas o processo de geração da informação e

passar também a desenvolver o conhecimento. Como profissionais contábeis, temos um

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longo percurso, pois é preciso pensar sobre o nosso papel diante desta comercialização

universal, diante das inovações e, porque não dizer, diante da sociedade.

A intensidade do conhecimento é requerida por conta da era em que vivemos, na

qual a característica fundamental é a utilização da maior parte da força de trabalho como

trabalhadores do conhecimento.

Branco (2002, p.1-3) descreve um pouco do contexto atual nas seguintes palavras:

Vivemos hoje a era do conhecimento, do capital intelectual, onde o

poder de manipular este conhecimento é o ponto chave das grandes

decisões. E é este capital que as empresas estão procurando,

principalmente no setor contábil: profissionais que possam interagir e

estudar as realidades políticas, sociais e financeiras e toda e

qualquer variável que possa determinar o rumo a ser tomado por

elas. O contabilista deve ter consigo que é um trabalhador do

conhecimento, um profissional valioso, procurado por seu talento e

trabalho.

No entanto, do ponto de vista relativo ao patrimônio da empresa, a conscientização

da necessidade do conhecimento do pessoal e do profissional caracteriza a dinâmica vital

para o crescimento dessa riqueza.

Desta maneira, Herchert (2002, 1-2) classifica o conhecimento em individual e

coletivo, dispostos da seguinte maneira:

CONHECIMENTO INDIVIDUAL

O conhecimento individual é aquele que se acha representado pela educação,

experiência, habilidades e atitudes das pessoas que trabalham na empresa.

Não é propriedade da companhia, pois, tem caráter subjetivo. O simples contratar

pessoas que passam a exercer seu conhecimento na célula social não outorga um valor

agregado definitivo, mas, apenas, uma ação temporária, sob o risco permanente de deixar

de existir. Quando alguém vai para casa leva estes ativos intelectuais consigo.

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Entretanto, se um conhecimento é moldado para ser utilizado nos negócios e se em torno

do mesmo são criados sistemas de execução, transferíveis, a cultura formada adquire,

praticamente, uma força agente que pode sob certas circunstâncias ser considerada

como um "ativo imaterial".

Em virtude das novas tecnologias, da internet, da concorrência entre as células sociais e

o cliente sempre mais exigente há maior interesse no aprimoramento cultural do

empregado que faz parte da organização e na valorização do ativo intelectual. A empresa

que não partir para a inovação cultural de seu pessoal para assim criar novos

procedimentos e ter a capacidade de mudanças estará com sérias dificuldades num

mercado cada vez mais exigente e competitivo. O cliente mais consciente quanto ao

atendimento, qualidade do meio patrimonial e preço buscará certamente a empresa que

lhe proporcionará o que ele precisa para satisfazer sua necessidade. Aí vence a célula

social que estiver com o pessoal melhor preparado e que possuí a mercadoria que

satisfaz o cliente. A conquista do cliente exige criatividade e capacidade de motivação

como pontos importantes.

A capacidade intelectual do empregado, moldada a um sistema de trabalho específico e

com método adequado, é importante para o êxito da organização. Este ativo imaterial fará

diferença de uma empresa para sua concorrente. A célula social pode adquirir tais forças

intelectuais ou investir na formação delas. Deverá buscar manter tais ativos intangíveis

sempre atualizados e em constante evolução isto passa a ser um objetivo estratégico de

valor.

Este agente externo ao meio patrimonial poderá levá-lo a eficácia ou a ineficácia. A

probabilidade de eficácia do meio patrimonial será maior onde há conhecimento. Este

ativo imaterial fará diferença na prosperidade ou não da célula social.

Quanto maior o conhecimento maior a probabilidade de eficácia.

Quanto mais eficácias ocorrerem melhor o desempenho patrimonial volvido à

prosperidade.

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Cada trabalhador com sua cultura é importante na célula social, pois cada um tem uma

função a cumprir do mais humilde ao mais graduado. Cada um participando no bom

andamento do todo da organização.

Somando as habilidades intelectivas dos elementos da célula social teremos o

conhecimento coletivo.

CONHECIMENTO COLETIVO

É o conjunto formado por parcelas de intelectualidades individuais e moldado a uma

filosofia empresarial, enriquecida pela tecnologia.

Com a tendência de transformar companhia hierarquizada em estrutura mais plana, mais

dinâmica e ágil onde os trabalhadores participam nas decisões da empresa e é levado em

conta o conhecimento e a experiência dos trabalhadores. Há valorização da cultura dos

empregados e há interesse em atualização do conhecimento por meios de palestras,

leituras, cursos etc. Nestas empresas há valorização do ativo intelectual e há interesse na

cultura da célula social.

Segundo o Prof. Lopes de Sá: "É, também, factível, investir-se em algo imaterial como a

educação de pessoal, seleção de elementos de maior experiências e criatividade e obter-

se um resultado muitas vezes maior que a aplicação feita, sem que, contudo, tais valores

sequer integrem as demonstrações dos balanços patrimoniais”.

A contabilidade tradicional é criticada pelos estudiosos por não mencionar em seus

demonstrativos contábeis o ativo imaterial da intelectualidade e os ativos intangíveis.

Segundo (Cinca e Garcia, pg. 2) A informação, que hoje interessa a gerência da empresa

e que não está suficientemente expressa nos balanços e documentos contábeis

tradicionais, se referem a atividades de pesquisa e desenvolvimento, recursos humanos,

câmbios nos recursos e processos produtivos, capacidade de inovação e valores que

conduzem os produtos ao consumidor.

Os estudiosos estão se preocupando na mensuração dos ativos imateriais e do

conhecimento gerado pelo elemento humano que vai movimentar o capital da

organização

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Além do conhecimento, é preciso que o profissional contábil se preocupe em definir

modelo de informação útil ao usuário, levando em consideração que o usuário não deve

estar preso apenas às informações contidas nos relatórios normativos tradicionais

(Balanço Patrimonial, DRE – Demonstração do Resultado do Exercício), e sim, estender à

elaboração de informações contidas nos relatórios gerenciais.

ABORDAGEM AOS CONHECIMENTOS RELACIONADOS À INTELIGÊNCIA

EMOCIONAL

Diante da nova realidade, tornou-se indispensável para qualquer área que o

profissional saiba administrar sua própria carreira, lidar com os novos anseios,

dificuldades, transformando-os em potenciais de crescimento.

Para que as pessoas desenvolvam bem suas atividades profissionais, não basta

desenvolver o intelecto, mas, sobretudo, lidar de maneira equilibrada com as emoções. A

inteligência emocional vem apresentar técnicas por meio das quais o profissional

reconheça as próprias emoções, desenvolvendo as habilidades intrapessoais como

conhecimento, autodomínio e automotivação, bem como as interpessoais, que focalizam

a empatia e as aptidões sociais.

Neste mundo competitivo e individualista, as relações sociais vêm se deteriorando

numa velocidade espantosa. O individualismo intenso acarreta uma competitividade cada

vez maior e essa visão de mundo causa o isolamento e a desintegração da vida em

comunidade, numa época em que as pressões econômico-sociais exigiriam maior

cooperação e envolvimento entre as pessoas. Precisamos aprender a dominar

habilidades humanas essenciais para lidar com nossas próprias emoções.

Um bom profissional tem que cuidar da sua imagem perante seus clientes, aí sim,

começa o papel do “marketing pessoal”, tendo um bom patrimônio pessoal, capital

intelectual e estando bem preparado profissionalmente para assumir um cargo ou

emprego.

Assim, Marion (2002, p.3) diz:

O profissional contábil é levado a administrar sua própria carreira.

Requer o fato de estar atento para as oportunidades de mercado,

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descobrir os nichos existentes e investir em marketing pessoal para

garantir uma “boa marca”. Para melhorar o marketing pessoal, o

profissional deve pensar em ser executivo-chefe de si mesmo.

Nós, pessoas físicas, somos uma empresa e precisamos ter nossa

marca. Precisamos de marketing pessoal para fazer negócios. Como

agentes livres, que a profissão e a economia nos proporcionam,

temos chances de nos destacar, ter uma marca registrada.

Prosseguindo, Shawes (2001, p.10) denota:

Uma das ferramentas para conquistar e manter clientes é o

marketing -freqüentemente, identificado - simplesmente como venda

agressiva e propaganda. Vale salientar que no conceito de

marketing o mais importante é conhecer e satisfazer as

necessidades e desejos do cliente. Começa com a formação das

necessidades do cliente, integrando as atividades que afetarão a

satisfação do cliente com finalidade de manter um relacionamento.

ABORDAGEM AOS CONHECIMENTOS RELACIONADOS À NECESSIDADE DO

PROFISSIONAL CONTÁBIL SE ADEQUAR ÀS NOVAS FORMAS DE GERAÇÃO E

ANÁLISES DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS.

A responsabilidade do contador não está restrita à operacionalidade das

informações.

É importante ressaltar a divulgação da contribuição que a entidade dá à sociedade

em nível social.

Neste novo milênio, o profissional da Contabilidade terá de aprender a tomar

decisões, visto o trabalho em clima de incertezas e mudanças rápidas. Para isso, deve

avaliar sempre as decisões tomadas no passado, presente e futuro e procurar

compreender os riscos das práticas profissionais, porque administrar com eficiência e

êxito é um tanto difícil e exige um ótimo preparo profissional.

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Hoje, cada vez mais é valorizada a capacidade de tomar decisões adequadas,

rápidas e efetivas, mesmo que as informações que estão disponíveis sejam incompletas,

contraditórias, difusas e não objetivas. Ter a capacidade e a coragem para reconhecer,

enfrentar e resolver desafios imprevisíveis, correndo os riscos inevitáveis e inerentes às

situações, podem distinguir o líder do liderado.

Drucker (1999) crê que no instante que a informação estiver organizada e

disponível a todos, o conhecimento será a chave do sucesso empresarial.

Não há duvida de que a profissão contábil caminha para a intelectualidade. Assim,

o exercício do contabilista deverá ultrapassar sua área específica de atuação e se integrar

com as mais diversas áreas de conhecimento aplicadas aos negócios, como Economia,

Administração, Direito. Para o Contador, as condições de destaque, nesse novo milênio,

será para aquele que se move da cultura do passado para a visão do futuro, além de

estar sempre aberto para aprender novos conceitos. O conhecimento do comportamento

humano é tão significativo no trabalho do profissional quanto suas habilidades técnicas. O

trabalho de interpretação e decisão será a sua maior área de atividade e a mensuração

qualitativa será adicionada à mensuração quantitativa, que tem sido o forte do especialista

contábil.

Nesse novo cenário, fica evidente que o profissional da contabilidade possui um

imenso desafio pela frente, de forma a “preservar seu mercado profissional nessas novas

relações de negócios”. E, para isso, olhar para o passado facilita, o aprendizado.

Portanto, para sobressair em um mundo sem emprego, o contador deverá ser um

profissional empreendedor de si mesmo, além de saber correr riscos e agregar

inteligência ao seu trabalho. Cada vez mais, será o grau de conhecimento que irá definir o

valor do profissional. O capital intelectual será a matéria-prima do mundo novo, orientado

pela informação.

Aqueles profissionais que ainda ficam presos ao passado e só conhecem a

Contabilidade, em termos de “partidas dobradas”, debitando e creditando sem agregar

nenhum valor à empresa, estão com seus serviços profissionais ultrapassados –

atividades que deverão ser substituídas pela informática, que fará a mesma tarefa com

muito mais eficiência e eficácia.

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Logo, os profissionais contábeis que relutarem em lidar com as mudanças, neste

terceiro milênio, estarão destinados ao obsoleto.

ABORDAGEM AOS CONHECIMENTOS RELACIONADOS AO

COMPORTAMENTO ÉTICO PROFISSIONAL INQUESTIONÁVEL.

A profissão contábil conta com um Código de Ética Profissional Contábil peculiar. O

contabilista tinha como diretrizes as regulamentações éticas vigentes na sociedade.

Como, para cada profissão, existem situações específicas que exigem um

posicionamento ético próprio, era difícil o contabilista direcionar suas condutas sem

possuir seu oportuno código.

Agora os contabilistas possuem seu próprio código de ética, que foi criado em

1970, e modificado em 1986. Entretanto, a simples existência do CEPC1- não assegura

um comportamento ético por parte dos profissionais. É importante que ele seja observado,

seguido e obedecido. Isto garantirá uma maior credibilidade e qualidade dos serviços

contábeis prestados.

A ética é e sempre será necessária para o relacionamento em sociedade. Para ela,

existem várias definições, algumas delas até como sinônimo de moral, entretanto, o seu

campo de significação ultrapassa os limites do que é considerado certo e o que não é, e o

profissional deve se revestir de comportamento ético para dirimir quais caminhos devem

ser seguidos em determinadas situações.

Segundo Lisboa (1997, p.69-70):

o CEPC traz quatro elementos como indispensáveis ao desempenho

satisfatório do serviço prestado pelo contabilista. São eles: a

competência, o sigilo, a integridade e a objetividade.

A competência é assegurada pelos conhecimentos e experiências

necessários ao desenvolvimento do trabalho, devendo aí ser

considerado o processo de educação continuada por meio de

treinamentos e cursos de reciclagem. Na era moderna, não há

espaço para a acomodação; o profissional deve sempre ampliar

Qualit@s - Revista Eletrônica - ISSN 1677- 4280 - Volume 1 - 2006 / número 1

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seus limites sempre buscando novos conhecimentos, não só

conhecimentos restrito à área contábil, mas sim, abrangentes a

outras áreas afins.

O sigilo é de uma importância, uma vez que o contabilista tem como

objeto informações confidenciais de seu cliente ou empregador.

Observe-se que o sigilo é um deve do profissional, somente em

relação aos fatos e atos lícitos. Para os atos ilícitos, o indivíduo não

só não tem o dever de guardar sigilo, como tem a obrigação de

denunciar, como um resultado do exercício de sua cidadania.

A integridade está ligada à confiança e credibilidade que o

profissional passa para seus clientes. No exercício da profissão, não

se pode segregar o indivíduo do profissional, portanto, as empresas

não querem só profissionais competentes, mas sim competentes e

honestos. Hoje, cada vez mais procuram-se no homem valores

muitas vezes esquecidos ou escondidos por trás de ambições

incompatíveis com a honestidade e zelo.

A objetividade busca assegurar aos usuários da informação contábil

a compreensão da mesma com fins de garantir a sua utilidade para

fins de tomada de decisão. Assim, o contabilista deve procurar ser

claro, conciso ao comunicar-se com o usuário. A clareza e a

simplicidade de palavras não significam pobreza de conhecimentos,

mas tão somente uma forma de melhor explicar relatórios e

demonstrações contábeis.

A presença da ética na profissão contábil depende da coexistência desses quatros

elementos de conduta que exercem grande influência na contribuição de profissionais

com alto grau de qualidade nos serviços, o que resultará no reconhecimento sólido de

todos os contabilistas.

O profissional da contabilidade deve fornecer ao cliente ou empregador um serviço

de alto nível e qualidade. Por exemplo, ao entregar ”balancetes”, principalmente se esse

1 Código de Ética Profissional Contábil

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for o primeiro trabalho para o cliente em questão, deve-se junto entregar relatórios

simples, contudo claros e objetivos, orientando sobre situações relevantes. Isso teria um

valor reconhecido, especialmente se aquele para quem está sendo ofertado o serviço é

leigo em contabilidade. A iniciativa, aliada à competência, trará uma imagem positiva para

esse profissional, estendendo-se também para toda sua classe.

Essa atitude requer conhecimento e disposição, mas traz benefícios para toda a

classe. Deve-se observar que a tecnologia e os meios de comunicação estão a favor

desse desenvolvimento, que é a ampliação dos horizontes de trabalho contábil.

Para Santo Agostinho (apud Lima, 1997, p.12), em seu celebre livro de confissões,

apenas uma falha ética por um profissional é capaz de gerar a desconfiança da sociedade

nos serviços de todos os outros profissionais.

CONCLUSÃO

Concluímos que os desafios dos profissionais contábeis, frente ao mercado

competitivo, à globalização e à crescente informatização, exigem mudanças nos seus

conceitos tradicionais, sempre em busca da qualidade e de melhores serviços. Sendo

assim, o profissional contábil deve estar atento aos novos paradigmas que surgem,

abandonando o que estiver ultrapassado. É época de mudar, atualizar, identificar as

necessidades das entidades, fornecer informações objetivas e com qualidade, sabendo

utilizá-las e transmiti-las de forma que sejam úteis aos clientes.

A roupagem do profissional contábil mudou à medida que a Ciência Contábil

evoluiu. Ao longo do tempo, esse profissional vem optando por caminhos com maior

ousadia. Aliás, ousadia, desejo de aprender constantemente e a capacidade de lidar com

o conhecimento são ponto-chave para o profissional bem-sucedido.

O desejo de aprender deve ser algo aplicado a todo o momento. A polivalência

será um requisito básico, pois as empresas estão requerendo profissionais que sejam

muito bons em algumas coisas e ótimos em várias, isso faz com que esses profissionais

devam ter uma vontade de aprender sempre maior. Além disso, devem acumular

habilidades e competências, sempre se atualizando e se reciclando.

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A capacidade de lidar com o conhecimento exige do profissional contábil novos

horizontes, ou seja, o profissional deve ter um senso empreendedor. Hoje o que importa é

a capacidade de aprender a lidar com as mudanças, com novas idéias, ter coragem.

O contabilista deve possuir um perfil e uma formação humanística, uma visão

global que o habilite a compreender o meio social, político, econômico e cultural onde está

inserido, tomando decisões em um mundo diversificado e interdependente. Deve ter uma

formação técnica e científica para desenvolver atividades específicas da profissional, com

capacidade de externar valores de responsabilidade social, justiça e ética. Deve ter

competência para compreender ações, analisar criticamente as organizações, antecipar e

promover suas transformações, compreender a necessidade do aperfeiçoamento

contínuo, desenvolver a autoconfiança.

As empresas buscam profissionais “ideais” para gerenciarem seus negócios. A

busca de produtividade aliada à redução de custos confirma que a globalização também

atingiu a estrutura organizacional da empresa, alterando as funções existentes e

deixando-as mais amplas. Para ser gerente, não basta ser eficiente no desempenho de

suas funções, tem que ser eficaz. Ser eficaz é a função do gerente contábil. A informação

é o elo de ligação entre o processo contábil e a tomada de decisão. Esses profissionais

são os que mais se enquadram nessas exigências, mas para alcançar tal posição tem que

fazer do conhecimento a principal ferramenta.

O profissional contábil do passado e do presente precisa superar a estagnação

para poder interagir neste contexto globalizado, conseqüência da comercialização

universal, carente e exigente de informação em tempo oportuno para tomada de decisão.

O perfil do profissional da contabilidade deve evoluir de acordo com a evolução do

cenário onde está envolvido, até porque é o traço do perfil quem determina a manutenção

do profissional no mercado, e quando falamos em cenário não podemos deixar de falar

em conhecimento, tecnologia e ética profissional.

Como agente de mudanças, o profissional da contabilidade não pode se tornar

alheio ao processo de desenvolvimento econômico que estamos vivendo, por se tratar de

um momento bastante competitivo, conseqüente de uma globalização que atinge a

economia mundial.

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Com o avanço da tecnologia, é de fundamental importância que o profissional da

contabilidade esteja aberto ao desenvolvimento tecnológico. As inovações podem

ocasionar impactos em todas as áreas da sociedade, abrindo novos caminhos para que o

Contador tenha melhores condições para desempenhar sua atividade profissional e

satisfazer aos usuários.

Sugerimos, então, que os contadores, que se preocupam em construir uma carreira

sólida, respeitada e com credibilidade, estejam atentos às implicações éticas. Logo o

contador deve ter a consciência de seu papel e não se restrinja exclusivamente ao

registro de fatos contábeis e documentos que atendam às exigências fiscais e legais.

Para que isso aconteça, é necessário que o contabilista desempenhe suas funções com

atitudes que valorizem a classe.

Diante desta realidade, a profissão contábil vem a cada dia se aperfeiçoando,

ganhando cada vez mais maior destaque no mercado. O contador moderno é um

profissional de valor que precisa acumular conhecimentos, fornecer informações objetivas

e com qualidade, saber utilizá-las e transmiti-las de forma que sejam úteis aos usuários.

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