o profissional contábil diante da nova realidade
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O PROFISSIONAL CONTÁBIL DIANTE DA NOVA REALIDADE
JAILMA DO SOCORRO CORDEIRO
ANA MARIA DA PAIXÃO DUARTE
RESUMO
O mundo vem quebrando antigos padrões de comportamento, impondo novas
regras, que precisam ser assimiladas e adequadas às diversas áreas profissionais. Para
que o profissional contábil suporte os desafios que se sucedem, urge o esforço no sentido
de evoluir os conhecimentos como ferramenta indispensável do ser humano no processo
de geração de informação contábil. Este estudo busca focalizar os principais fatores que
delineiam o profissional contábil diante da nova realidade. Tratamos, através do método
racional, de qualificar a pesquisa nos seguintes aspectos: quanto à finalidade, tem
características descritivas e explicativas, valendo-se da doutrina contábil; quanto aos
meios, foi aplicada a pesquisa bibliográfica, através de livros, artigos já publicados e
pesquisas na Internet. Constatamos, ainda, com base nos estudos realizados, que a
maior parte dos obstáculos enfrentados pelos profissionais contábeis é de natureza
comportamental. A maioria deles não se amoldou às relações provocadas pelo então
desafiador tema da globalização. Concluímos que, frente à tecnologia, à globalização e ao
crescente mercado competitivo, o profissional contábil tem o desafio constante de mudar
seus conceitos tradicionais, em busca da qualidade e de melhores serviços, e de estar
atento aos novos paradigmas que surgem, abandonando os que estão ultrapassados.
Procurando, assim, mudar, atualizar, identificar as necessidades das entidades, fornecer
informações objetivas e com qualidade, saber utilizá-las e transmiti-las de forma que
sejam úteis aos usuários. Posto que o profissional contábil dever estar no centro e na
liderança do processo decisório das organizações, pois, do contrário, seu lugar será
ocupado por outro profissional.
Palavras-chave: Contabilidade, Profissional, Conhecimento, Tecnologia e Informação.
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ABSTRACT
The world comes breaking old patterns of behavior, imposing new rules, that need
to be assimilated and adapted to the several professional areas. To support the challenges
that happen to the accounting professional, urge the effort in the sense to devolve the
knowledge as an indispensable tool to human being in the process of generation of
accounting information. This study search focalizes the main factors that delineate the
accounting professional facing the new reality. We intended, through the rational method,
to qualify the research in the following aspects: the about purpose, it has descriptive and
explanatory characteristics, based on the accounting doctrine; about the ways the
bibliographical research was applied, through books, articles already published and
Internet researches. We are noticed, based on the realized studies, that most of the
obstacles faced by the accounting professionals are about compartmental nature. Most of
them didn't get molded to the relationships provoked by the provoking theme of the
globalization. We concluded that, through the technology, the globalization and the
growing competitive market, the accounting professional has the constant challenge of
changing his traditional concepts, in order to look for quality and better services, and being
attentive to the new paradigms that appear, giving up the ones that are surpassed.
Seeking, like this, move, modernize, and identify the needs of the entities, to supply
objective and quality information, to know how to use and transmit them, in a way to be
useful to the users. Confirming that the accounting professionals must be in the center and
in the leadership of the decisive process of the organizations, or, otherwise, their place will
be occupied by other professionals.
Keywords: Accounting, Professional, Knowledge, Technology and Information.
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INTRODUÇÃO
Hoje, mais do que nunca, é preciso ter visão abrangente das novas condições de
trabalho exigidas pelo mercado globalizado. Vivemos uma era de intensas mudanças em
ritmo acelerado. Todas as profissões estão passando por um processo de reflexão, para
avaliar se a sua atuação está de acordo com os novos preceitos e exigências impostas
pelo fenômeno da globalização.
O mundo vem ultrapassando barreiras, quebrando antigos padrões de
comportamento, impondo novas regras. Estamos vivendo, em uma sociedade
surpreendentemente dinâmica, instável, evolutiva e de transformação. Diante desse
quadro, é necessário que o profissional contábil adquira novas qualificações e
capacitações gerenciais para ultrapassar as ameaças provocadas pelo ambiente externo
e por um mercado bastante competitivo.
Neste sentido, Edvinsson (1998, p.116) afirma:
Essa corporação nova, virtual, não possui contornos, não apenas em
relação aos seus parceiros estratégicos, mas também em relação
aos seus empregados. Nesta era de telefones celulares, da Internet
e do co-destino corporativo, o conjunto de empregados tradicionais,
antigamente centralizado em edifícios-sede em poucos locais e
partilhando uma filosofia, um estilo de vida e uma comunidade
encontram-se agora diluído no ambiente externo.
Para que o profissional contábil suporte os desafios que se sucedem, urge o
esforço no sentido de evoluir os conhecimentos específicos, globais e emocionais como
ferramenta indispensável do ser humano no processo de geração de informação contábil,
tanto em termos técnicos quanto comportamentais. Iniciativa, coragem, ética, visão de
futuro, habilidade de negociação, flexibilidade, capacidade de inovar e criar, e, sobretudo,
conhecimento de sua área de atuação, são alguns desafios apontados para o profissional
contábil atual.
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É, portanto, pretensão deste trabalho destacar o papel do profissional contábil
diante da nova realidade, exigida por uma audaciosa política de ação nos processos, -
forças externas que condicionam os padrões vigentes de qualidade profissional baseada
em tecnologia, refinadas técnicas de trabalho e comportamento ético inquestionável.
Daí a importância de se ressaltar a interpretação de Schawez (2001, p.4) a respeito
do desempenho e dos desafios do profissional contábil:
Nesse novo contexto o profissional contábil tradicional tende a ser
extinto. Todavia, a competição entre as empresas, cada vez mais
exige profissional diferencial, gerando outras funções para a classe
contábil. Teoricamente, as necessidades estão aí, basta supri-las.
Este é o momento ideal do profissional contábil retomar espaços,
além de, quem sabe, conquistar novos terrenos.
Mas, quais seriam, afinal, os desafios da profissão contábil nesse
limiar de milênio?
O primeiro desafio, que será vencido concomitantemente com os
demais, é mudar a imagem. O profissional contábil deve ser e
passar a imagem de pessoa dinâmica, bem informada, deter as
informações, saber utilizá-las e saber retransmiti-las.
O segundo é abandonar a idéia da contabilidade tradicional, tal
tarefa continuará sendo feita, pelo menos a curto prazo, diante das
exigências fiscais e legais, mas o profissional da contabilidade do
novo milênio irá apenas supervisionar o trabalho, esclarecendo
dúvidas, solucionando problemas e desenvolvendo aspectos
estratégicos.
O terceiro desafio é deter a informação de tudo que ocorre na
empresa, tratar esses dados de forma que sejam úteis aos gestores
do negócio. Conquistar um canal aberto de comunicação com os
usuários, pois são de vital importância que as mesmas estejam
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adequadas as suas necessidades, sob pena da perda de utilidade
das mesmas, bem como do executor.
OBJETIVO GERAL
Focalizar os principais fatores que vão delinear o profissional contábil diante da
nova realidade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Desenvolver conhecimentos específicos, globais e emocionais como ferramenta
indispensável do ser humano no processo de geração de informação contábil:
1. Conhecimentos específicos relacionados à evolução da ciência contábil;
2. Conhecimentos globais relacionados à informação contábil;
3. Conhecimentos emocionais relacionados à inteligência emocional;
4. Conhecimentos atuais relacionados à necessidade do profissional contábil se
adequar às novas formas de geração e análises das informações contábeis;
5. Conhecimentos de atitudes relacionadas ao comportamento ético profissional
inquestionável.
RELEVÂNCIA DO ESTUDO
Temos uma realidade unânime, no tocante ao profissional da contabilidade,
provocada não só pelo fenômeno da globalização e sua repercussão na economia
mundial, mas também pelo fato de estarmos vivenciando a era do conhecimento.
Logo, ao analisarmos o grande avanço que a globalização trouxe, podemos
identificar a ampliação de mercado e a evolução tecnológica, num ambiente cuja
competição entre as organizações, sem limites de fronteiras, é incontestável. Fato este
que leva o profissional da contabilidade a rever sua postura no mercado, posto que, para
se sobressair, precisa buscar maior conhecimento, estudar outras ciências, ser um
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profissional ágil, perspicaz e aberto às adversidades provocadas por um ambiente que
interage em mudanças contínuas.
Deste modo, o profissional da contabilidade precisa aprender a lidar com as
mudanças, alimentando idéias novas para melhorar o seu desenvolvimento profissional e
interagindo com as transformações que venham engrandecer o trabalho contábil. O que
não pode mais acontecer é um profissional reduzido à rotina do dia-a-dia das empresas,
submetendo-se apenas às informações de ordem econômico-financeira.
Pode-se notar, através deste breve relato, que o profissional da contabilidade deve
se engajar neste contexto, cuja pauta é informação ágil em tempo real e superação dos
desafios apontados pela sociedade, que exige informações para fortalecer as células
sociais nas estratégicas de seus negócios, no planejamento empresarial e nas práticas de
gestão.
MÉTODOS E TÉCNICA DO ESTUDO
Para desenvolver o presente trabalho, tratamos, através do método racional, de
qualificar a pesquisa nos seguintes aspectos: quanto à finalidade, tem características
descritivas e explicativas, valendo-se da doutrina contábil, dos conhecimentos
específicos, globais e emocionais como ferramenta indispensável do ser humano no
processo de geração de informação contábil, ressaltando a necessidade do profissional
contábil se adequar às novas formas de geração e análises das informações contábeis, e
abordando também a questão do comportamento ético do profissional contábil na
realidade do mundo atual.
Quanto aos meios para a realização do presente estudo, foi aplicada a pesquisa
bibliográfica, através de livros, artigos publicados e pesquisa na Internet.
A pesquisa bibliográfica tem como finalidade, segundo Cervo e Bervian (2002,
p.89):
(...) encontrar respostas aos problemas formulados, e o recurso é a
consulta dos documentos bibliográficos.
(...)
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quanto à sua natureza, os documentos bibliográficos podem ser:
primários: quando coletados em primeira mão, como pesquisa de
campo, testemunho oral, depoimentos, entrevistas, questionários,
laboratórios;
secundários: quando colhidos em relatórios, livros, revistas, jornais e
outras fontes impressas, magnéticas ou eletrônicas;
terciários: quando citados por outra pessoa.
Para dar origem a este trabalho foi utilizada a técnica de análise e síntese racionais
que, segundo os mesmos autores (2002, p.39):
Operam não mais sobre seres e fatos, mas sobre idéias e verdade
mais ou menos gerais.
A análise racional faz-se por meio da resolução. Consiste
essencialmente em reduzir o problema proposto a outro mais
simples, já resolvido.
A síntese racional parte de um princípio geral mais simples e
evidente e dele deduz, por via de conseqüência, a solução desejada.
Portanto, a pesquisa procura focalizar os principais fatores que delineiam o
profissional contábil diante da nova realidade, desenvolvendo conhecimentos específicos
e relacionando-os com a evolução da ciência contábil. Num momento posterior, trata dos
conhecimentos afins, como suporte a informação contábil e os conhecimentos
relacionados com a inteligência emocional como ferramenta indispensável do ser humano
no processo de geração de informação contábil.
Em seguida, ressalta a necessidade do profissional contábil se adequar às novas
formas de geração e análises das informações contábeis. Por fim, o estudo mostra a
importância de um comportamento ético profissional inquestionável no âmbito da
contabilidade, recurso eficaz no processo decisório.
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Através da síntese racional, foi possível observar como conseqüência lógica que a
complexidade das operações mercantis gera a necessidade de informação contábil
rápida, objetiva e confiável em tempo real
REFERENCIAL TEÓRICO
ABORDAGEM AO CONHECIMENTO RELACIONADO À EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA
CONTÁBIL.
Ao estudar o perfil do profissional contábil, não se deve deixar de apresentar uma
breve descrição dos motivos relacionados à evolução da contabilidade ao longo do tempo.
No tocante à evolução da exigência do nível de conhecimento do profissional
contábil, a Prof. Fabrícia Souza Teixeira em seu artigo publicado no Jornal Classivale
(1999, p.27) diz:
o Contador tem destaque como profissional onde a economia desenvolve.
No Brasil, na década de 1960, o profissional contábil era chamado de
“guarda-livros”. Este conceito está mudado. Atualmente a Contabilidade no
Brasil, está voltada para o enfoque gerencial, e não somente interessada
em registrar os acontecimentos e atender o fisco. Conhecer o passado
ajuda a entender o presente e construir um futuro melhor para nossa
profissão.
Tal situação ainda pode ser reportada ao cenário social, institucional e econômico,
que provocou retumbante sucesso na ciência contábil. Destaca-se, adiante, alguns destes
cenários ao analisar as paisagens citadas pelo Prof. Sérgio de Iudícibus, no Manual de
Contabilidade (2000, p. 45), quais sejam:
desenvolvimento embrionário das entidades comerciais e industriais,
como hoje as conhecemos;
duração usualmente limitada dos empreendimentos, apesar de
alguns exemplos de empresas com longos anos de existência;
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o proprietário, como figura central da ação empresarial, em vez da
entidade e da gerência;
relativa estabilidade de preços em mercados perfeitamente
delimitados;
lentas mudanças na tecnologia, na qualidade e nas características
operacionais dos produtos..
Na verdade, o perfil do profissional da contabilidade atual foi sendo delineado ao
longo do tempo, à medida que a ciência foi evoluindo, em meio a um conjunto de fatores
facilitados por períodos históricos diferenciados, em especial, a partir do século XX, com o
desafio provocado pela Revolução Industrial até os dias atuais.
Neste sentido, coube aos profissionais da contabilidade procurar posição de
destaque, por conta das circunstancias provocadas pelo cenário globalizado que vivemos.
Fato que, até então, não havia maiores exigências para o profissional da contabilidade,
conforme podemos constatar através de anúncios nos classificados, citados por Duarte et
alli (2003), a seguir:
Durante algum tempo, o profissional da contabilidade era conhecido
como “guarda-livros”. Tinha como função primordial escriturar os
livros mercantis das empresas comerciais. Para isso, era
imprescindível uma boa caligrafia, conhecimento das línguas
portuguesa e francesa, qualidades exigidas nas ofertas de emprego,
e comprovadas nos anúncios dos classificados do Jornal do
Comércio, a seguir descritas. Posteriormente, com o advento das
máquinas, outra qualidade é o eficiente conhecimento das técnicas
datilográficas. Vejamos:
Classificados do Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 13/10/1835.
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Classificados do Jornal do Commercio, Rio de Janeiro 23/01/1850.
Daí em diante, a história da contabilidade acompanha a evolução da
humanidade. Com as crescentes exigências do mercado econômico,
surgiu a necessidade de fundar escolas de contabilidade no Brasil,
para assim desenvolver técnicas que acompanhassem as mudanças
que estavam sendo percebidas, com o propósito de formar
profissionais da contabilidade que atendessem às expectativas
comercias geradas na época.
Atualmente, não se tolera que a contabilidade esteja sendo preparada para uso
exclusivo dos mesmos usuários de quatro ou cinco décadas atrás, visto que os mercados
econômicos atuais buscam, num contexto diferenciado, dos profissionais da contabilidade
a geração de informações que proporcionem aos seus usuários conforto no planejamento
de suas operações.
Quanto a essa questão, o Conselho Federal de Contabilidade já se pronunciou
através do Apêndice da Resolução nº 774, de 16 de dezembro de 1994, quando fala
sobre os propósitos das informações geradas pela contabilidade. Tais informações,
segundo o documento, devem:
permitir ao usuário, como partícipe do mundo econômico:
observar e avaliar o comportamento;
comparar seus resultados com os de outros períodos ou Entidades;
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avaliar seus resultados à luz dos objetivos estabelecidos;
projetar seu futuro nos marcos políticos, sociais e econômicos em
que se insere.
Assim, com a manifestação da era do conhecimento, surge uma nova etapa no
desenvolvimento da sociedade humana e conseqüentemente das empresas, uma vez que
essas empresas não poderão passar desapercebidas ou alheias ao surgimento das
mudanças ocorridas em torno das riquezas patrimoniais, razão de sua existência.
Tais foram as mudanças relativas ao mercado, ao meio ambiente, à tecnologia, à
política, ao comportamento social, que passaram a atingir o patrimônio das empresas, de
modo que não seria mais possível confirmar os estudos contábeis com a simples
informação amparada no empirismo. A ciência contábil seguiu, pois, por força de todas
essas metáforas de comportamento. Portanto, as vocações de entrelaçamento humano,
sem cultura, sem visão holística, já não são mais motivos de sobrevivência no campo
empírico e isto foi reconhecido, felizmente, pelos estudiosos da ciência contábil.
A partir desses pressupostos, ficou compreendido que um profissional contábil
busca não somente contabilizar dados, mas sim interpretá-los, almejando encontrar
respostas e soluções para as decisões gerenciais que a todo o momento são tomadas
pelas empresas.
O mercado cada vez mais competitivo, a globalização e a crescente necessidade
de informação exigem do profissional um comportamento diferente de tempos atrás, de
forma a enfrentar os vários desafios apresentados nos momentos atuais. O mundo mudou
e como conseqüência os usuários das informações contábeis também mudaram suas
necessidades, em busca de qualidade e de melhores serviços. Sendo assim, o
profissional contábil deve estar atento aos novos paradigmas que surgem. É época de
mudar, atualizar, identificar as necessidades das entidades e fornecer informações
objetivas, compreensivas, confiáveis e tempestivas, de forma que sejam úteis à
administração interna, sem se deter a uma mera rotina da escrituração contábil e fiscal,
vinculando apenas as informações relativas ao aspecto econômico e financeiro para fins
administrativos externos das organizações.
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ABORDAGEM AOS CONHECIMENTOS RELACIONADOS À INFORMAÇÃO
CONTÁBIL
As mudanças sociais provocaram, na era moderna, profunda revolução no campo
do conhecimento. O progresso da informática permitiu um sensível aumento de
armazenamento e rapidez no tratamento dos dados.
O fato é que muitas coisas, que antes eram desenvolvidas num processo mais
lento, passaram a ser desenvolvidas com mais rapidez, sem limites de fronteira, para um
mundo mais exigente.
A contabilidade sofreu diretamente o impacto da evolução e do avanço da
tecnologia da informação, extremamente facilitada, requer maior vigor na explicação e
interpretação dos fenômenos demonstrados no desenvolvimento das atividades
empresariais.
Em outra época, a contabilidade não contava com praticamente nenhum recurso na
automação das informações, o tempo era um fator limitante no processo de sua geração.
As informações eram geradas para relatar situações passadas e em muito não fazia
diferença para o usuário. Os contadores geravam relatórios para atender às necessidades
básicas do fisco, deixando a desejar a produção de informações gerenciais para o
desempenho das atividades operacionais.
Ademais, a credibilidade dos profissionais da contabilidade gira em torno dos
conhecimentos acumulados, pois a sua competência vai além da capacidade técnica, em
decorrência do volume de informações que precisam ser monitoradas em decorrência do
desenvolvimento do exercício profissional.
De acordo com Nasi (apud Kraemer, 2000, p.55), para que isso aconteça:
O Contador dever estar no centro e na liderança deste processo,
pois, do contrário, seu lugar vai ser ocupado por outro profissional. O
Contador deve saber comunicar-se com as outras áreas da
empresa. Para tanto, não pode ficar com os conhecimentos restritos
aos temas contábeis e fiscais. O Contador deve ter formação cultural
acima da média, inteirando-se do que acontece ao seu redor, na sua
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comunidade, no seu Estado, no seu País e no mundo. O Contador
deve ter um comportamento ético-profissional inquestionável. O
Contador deve participar de eventos destinados à sua permanente
atualização profissional (educação continuada). O Contador deve
estar consciente de sua responsabilidade social e profissional.
O contador tem todo apoio da tecnologia, sistemas são desenvolvidos para
integração das informações, com uma linguagem simples, de fácil entendimento a fim de
otimizar os resultados empresariais. O profissional da contabilidade precisa conhecer
mais seus clientes, gerar informações identificadas.
GLOBALIZAÇÃO
No contexto econômico globalizado, o contador tem a necessidade de evoluir
juntamente com este mercado extremamente competitivo, para poder viabilizar o
fornecimento de informações que poderão dar suporte no processo de decisão das
organizações - usuárias da contabilidade.
Por globalização, Sandroni (2002, p.265) define como:
Termo que designa o fim das economias nacionais e a integração
cada vez maior dos mercados, dos meios de comunicação e dos
transportes. Um dos exemplos mais interessantes do processo de
globalização é o global sourcing, isto é, o abastecimento de uma
empresa por meio de fornecedores que se encontram em varias
partes do mundo, cada um produzindo e oferecendo as melhores
condições de preço e qualidade naqueles produtos que têm maiores
vantagens comparativas.
Takakura (2002, p.1), em seu artigo intitulado “Perfil necessário de um profissional”,
enfoca:
Dentro deste contexto, o papel do profissional contábil é de extrema
importância, principalmente no processo de geração de informação
em tempo oportuno para tomada de decisão, enfocando a qualidade
desta informação para o seu receptor. É papel da contabilidade
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indicar caminhos, alternativas, soluções para as diversas situações
da entidade frente a este mercado globalizado.
Seguindo a interpretação do mesmo autor (op.cit.), temos:
Frente a esses fatos o profissional contábil deve interagir com os
profundos e irreversíveis desafios que a globalização esta impondo
na atualidade. O mundo dos negócios não é mais limitado por
fronteiras geográficas e está se tornando cada vez mais complexo.
Afinal, o que é globalização? É um processo de integração mundial
que vem ocorrendo em todos os setores expressivos da Sociedade,
em especial nos setores econômico, financeiro-contábil, das
comunicações e negócios.
Na verdade, a contabilidade mantém o objetivo pragmático, cuja finalidade é
fornecer informações aos usuários sobre a situação econômica, financeira e física do
patrimônio da entidade e suas mutações. O que muda são as exigências dos usuários, no
tocante à utilização dessas informações, que passam a ser preferidas por este sistema
global e ágil como indicador de caminho para as empresas, posto que a informação é a
alma do planejamento, tomada de decisão e controles empresarias.
TECNOLOGIA
Com o avanço da tecnologia, a contabilidade vem sofrendo grandes mudanças, ou
seja, a contabilidade teve que incorporar atributos voltados para visão futura da empresa,
de forma a preservar sua perpetuidade, a partir dos resultados alcançados a longo prazo.
Essa nova realidade vem sendo marcada por grande preocupação em modernizar
a contabilidade, por meio da informatização e da implantação de sistemas integrados
voltados para a gestão do empreendimento como um todo, visando contemplar às
demandas do mercado por informações e decisões imediatas.
O que se percebe é a necessidade de uma contabilidade dita “em tempo real”, que
permita a tomada de decisão rápida. Nesse novo modelo, a tecnologia vem substituindo o
esforço humano por máquinas no processamento da informação. Com isso, as técnicas
contábeis e as regras práticas cederam lugar aos computadores e sua bases de dados.
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Entretanto, o tratamento dado a tecnologia como uma situação recente não condiz
com o entendimento de Sandroni (2002, p.594) quando afirma:
O processo de inovação tecnológica não é um dado da sociedade
moderna, Ele ocorreu desde a utilização da pedra como instrumento
de trabalho na pré-história do homem e o emprego dos diversos
metais nos agrupamentos humanos na Antiguidade. O progresso
tecnológico intensificou-se a partir da Revolução Industrial, atingindo
alto nível com o desenvolvimento da computação e a automação dos
processos produtivos, chegando-se a falar que na atualidade ocorre
uma “revolução tecnológica”.
Nesse momento, as organizações vêm realizando um esforço de revisão de fluxos
e processos, em todos os sentidos, para alcançar a máxima lucratividade, a maximização
dos recursos investidos, a eliminação de ineficiências, a melhoria da produtividade e a
implantação de modernas formas de administração.
As informações geradas para os diversos usuários da contabilidade contam com
ferramentas riquíssimas, pois a tecnologia, a sociedade, o ambiente giram em favor do
profissional. Além da revolução tecnológica, clientes satisfeitos, profissionais contábeis
qualificados, empresas obtendo resultados positivos decorrentes de sua atividade
operacional valorizam em alto nível o enfoque nos empreendimentos futuros e a
capacitação de ações decisórias correntes e oportunas.
CONHECIMENTO
O contador deve conhecer o cenário da economia como um todo, a
responsabilidade dele é o destino do patrimônio da entidade. O profissional contábil é o
provedor de informação, de forma simplista, podemos dizer que o contador é o médico da
entidade, visto que é ele quem analisa e diagnostica a vida das empresas, desta maneira,
confiamos a continuidade dessas empresas ao profissional contábil.
O desenvolvimento do conhecimento será a maior ferramenta destes profissionais.
É preciso deixar de operacionalizar apenas o processo de geração da informação e
passar também a desenvolver o conhecimento. Como profissionais contábeis, temos um
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longo percurso, pois é preciso pensar sobre o nosso papel diante desta comercialização
universal, diante das inovações e, porque não dizer, diante da sociedade.
A intensidade do conhecimento é requerida por conta da era em que vivemos, na
qual a característica fundamental é a utilização da maior parte da força de trabalho como
trabalhadores do conhecimento.
Branco (2002, p.1-3) descreve um pouco do contexto atual nas seguintes palavras:
Vivemos hoje a era do conhecimento, do capital intelectual, onde o
poder de manipular este conhecimento é o ponto chave das grandes
decisões. E é este capital que as empresas estão procurando,
principalmente no setor contábil: profissionais que possam interagir e
estudar as realidades políticas, sociais e financeiras e toda e
qualquer variável que possa determinar o rumo a ser tomado por
elas. O contabilista deve ter consigo que é um trabalhador do
conhecimento, um profissional valioso, procurado por seu talento e
trabalho.
No entanto, do ponto de vista relativo ao patrimônio da empresa, a conscientização
da necessidade do conhecimento do pessoal e do profissional caracteriza a dinâmica vital
para o crescimento dessa riqueza.
Desta maneira, Herchert (2002, 1-2) classifica o conhecimento em individual e
coletivo, dispostos da seguinte maneira:
CONHECIMENTO INDIVIDUAL
O conhecimento individual é aquele que se acha representado pela educação,
experiência, habilidades e atitudes das pessoas que trabalham na empresa.
Não é propriedade da companhia, pois, tem caráter subjetivo. O simples contratar
pessoas que passam a exercer seu conhecimento na célula social não outorga um valor
agregado definitivo, mas, apenas, uma ação temporária, sob o risco permanente de deixar
de existir. Quando alguém vai para casa leva estes ativos intelectuais consigo.
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Entretanto, se um conhecimento é moldado para ser utilizado nos negócios e se em torno
do mesmo são criados sistemas de execução, transferíveis, a cultura formada adquire,
praticamente, uma força agente que pode sob certas circunstâncias ser considerada
como um "ativo imaterial".
Em virtude das novas tecnologias, da internet, da concorrência entre as células sociais e
o cliente sempre mais exigente há maior interesse no aprimoramento cultural do
empregado que faz parte da organização e na valorização do ativo intelectual. A empresa
que não partir para a inovação cultural de seu pessoal para assim criar novos
procedimentos e ter a capacidade de mudanças estará com sérias dificuldades num
mercado cada vez mais exigente e competitivo. O cliente mais consciente quanto ao
atendimento, qualidade do meio patrimonial e preço buscará certamente a empresa que
lhe proporcionará o que ele precisa para satisfazer sua necessidade. Aí vence a célula
social que estiver com o pessoal melhor preparado e que possuí a mercadoria que
satisfaz o cliente. A conquista do cliente exige criatividade e capacidade de motivação
como pontos importantes.
A capacidade intelectual do empregado, moldada a um sistema de trabalho específico e
com método adequado, é importante para o êxito da organização. Este ativo imaterial fará
diferença de uma empresa para sua concorrente. A célula social pode adquirir tais forças
intelectuais ou investir na formação delas. Deverá buscar manter tais ativos intangíveis
sempre atualizados e em constante evolução isto passa a ser um objetivo estratégico de
valor.
Este agente externo ao meio patrimonial poderá levá-lo a eficácia ou a ineficácia. A
probabilidade de eficácia do meio patrimonial será maior onde há conhecimento. Este
ativo imaterial fará diferença na prosperidade ou não da célula social.
Quanto maior o conhecimento maior a probabilidade de eficácia.
Quanto mais eficácias ocorrerem melhor o desempenho patrimonial volvido à
prosperidade.
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Cada trabalhador com sua cultura é importante na célula social, pois cada um tem uma
função a cumprir do mais humilde ao mais graduado. Cada um participando no bom
andamento do todo da organização.
Somando as habilidades intelectivas dos elementos da célula social teremos o
conhecimento coletivo.
CONHECIMENTO COLETIVO
É o conjunto formado por parcelas de intelectualidades individuais e moldado a uma
filosofia empresarial, enriquecida pela tecnologia.
Com a tendência de transformar companhia hierarquizada em estrutura mais plana, mais
dinâmica e ágil onde os trabalhadores participam nas decisões da empresa e é levado em
conta o conhecimento e a experiência dos trabalhadores. Há valorização da cultura dos
empregados e há interesse em atualização do conhecimento por meios de palestras,
leituras, cursos etc. Nestas empresas há valorização do ativo intelectual e há interesse na
cultura da célula social.
Segundo o Prof. Lopes de Sá: "É, também, factível, investir-se em algo imaterial como a
educação de pessoal, seleção de elementos de maior experiências e criatividade e obter-
se um resultado muitas vezes maior que a aplicação feita, sem que, contudo, tais valores
sequer integrem as demonstrações dos balanços patrimoniais”.
A contabilidade tradicional é criticada pelos estudiosos por não mencionar em seus
demonstrativos contábeis o ativo imaterial da intelectualidade e os ativos intangíveis.
Segundo (Cinca e Garcia, pg. 2) A informação, que hoje interessa a gerência da empresa
e que não está suficientemente expressa nos balanços e documentos contábeis
tradicionais, se referem a atividades de pesquisa e desenvolvimento, recursos humanos,
câmbios nos recursos e processos produtivos, capacidade de inovação e valores que
conduzem os produtos ao consumidor.
Os estudiosos estão se preocupando na mensuração dos ativos imateriais e do
conhecimento gerado pelo elemento humano que vai movimentar o capital da
organização
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Além do conhecimento, é preciso que o profissional contábil se preocupe em definir
modelo de informação útil ao usuário, levando em consideração que o usuário não deve
estar preso apenas às informações contidas nos relatórios normativos tradicionais
(Balanço Patrimonial, DRE – Demonstração do Resultado do Exercício), e sim, estender à
elaboração de informações contidas nos relatórios gerenciais.
ABORDAGEM AOS CONHECIMENTOS RELACIONADOS À INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL
Diante da nova realidade, tornou-se indispensável para qualquer área que o
profissional saiba administrar sua própria carreira, lidar com os novos anseios,
dificuldades, transformando-os em potenciais de crescimento.
Para que as pessoas desenvolvam bem suas atividades profissionais, não basta
desenvolver o intelecto, mas, sobretudo, lidar de maneira equilibrada com as emoções. A
inteligência emocional vem apresentar técnicas por meio das quais o profissional
reconheça as próprias emoções, desenvolvendo as habilidades intrapessoais como
conhecimento, autodomínio e automotivação, bem como as interpessoais, que focalizam
a empatia e as aptidões sociais.
Neste mundo competitivo e individualista, as relações sociais vêm se deteriorando
numa velocidade espantosa. O individualismo intenso acarreta uma competitividade cada
vez maior e essa visão de mundo causa o isolamento e a desintegração da vida em
comunidade, numa época em que as pressões econômico-sociais exigiriam maior
cooperação e envolvimento entre as pessoas. Precisamos aprender a dominar
habilidades humanas essenciais para lidar com nossas próprias emoções.
Um bom profissional tem que cuidar da sua imagem perante seus clientes, aí sim,
começa o papel do “marketing pessoal”, tendo um bom patrimônio pessoal, capital
intelectual e estando bem preparado profissionalmente para assumir um cargo ou
emprego.
Assim, Marion (2002, p.3) diz:
O profissional contábil é levado a administrar sua própria carreira.
Requer o fato de estar atento para as oportunidades de mercado,
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descobrir os nichos existentes e investir em marketing pessoal para
garantir uma “boa marca”. Para melhorar o marketing pessoal, o
profissional deve pensar em ser executivo-chefe de si mesmo.
Nós, pessoas físicas, somos uma empresa e precisamos ter nossa
marca. Precisamos de marketing pessoal para fazer negócios. Como
agentes livres, que a profissão e a economia nos proporcionam,
temos chances de nos destacar, ter uma marca registrada.
Prosseguindo, Shawes (2001, p.10) denota:
Uma das ferramentas para conquistar e manter clientes é o
marketing -freqüentemente, identificado - simplesmente como venda
agressiva e propaganda. Vale salientar que no conceito de
marketing o mais importante é conhecer e satisfazer as
necessidades e desejos do cliente. Começa com a formação das
necessidades do cliente, integrando as atividades que afetarão a
satisfação do cliente com finalidade de manter um relacionamento.
ABORDAGEM AOS CONHECIMENTOS RELACIONADOS À NECESSIDADE DO
PROFISSIONAL CONTÁBIL SE ADEQUAR ÀS NOVAS FORMAS DE GERAÇÃO E
ANÁLISES DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS.
A responsabilidade do contador não está restrita à operacionalidade das
informações.
É importante ressaltar a divulgação da contribuição que a entidade dá à sociedade
em nível social.
Neste novo milênio, o profissional da Contabilidade terá de aprender a tomar
decisões, visto o trabalho em clima de incertezas e mudanças rápidas. Para isso, deve
avaliar sempre as decisões tomadas no passado, presente e futuro e procurar
compreender os riscos das práticas profissionais, porque administrar com eficiência e
êxito é um tanto difícil e exige um ótimo preparo profissional.
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Hoje, cada vez mais é valorizada a capacidade de tomar decisões adequadas,
rápidas e efetivas, mesmo que as informações que estão disponíveis sejam incompletas,
contraditórias, difusas e não objetivas. Ter a capacidade e a coragem para reconhecer,
enfrentar e resolver desafios imprevisíveis, correndo os riscos inevitáveis e inerentes às
situações, podem distinguir o líder do liderado.
Drucker (1999) crê que no instante que a informação estiver organizada e
disponível a todos, o conhecimento será a chave do sucesso empresarial.
Não há duvida de que a profissão contábil caminha para a intelectualidade. Assim,
o exercício do contabilista deverá ultrapassar sua área específica de atuação e se integrar
com as mais diversas áreas de conhecimento aplicadas aos negócios, como Economia,
Administração, Direito. Para o Contador, as condições de destaque, nesse novo milênio,
será para aquele que se move da cultura do passado para a visão do futuro, além de
estar sempre aberto para aprender novos conceitos. O conhecimento do comportamento
humano é tão significativo no trabalho do profissional quanto suas habilidades técnicas. O
trabalho de interpretação e decisão será a sua maior área de atividade e a mensuração
qualitativa será adicionada à mensuração quantitativa, que tem sido o forte do especialista
contábil.
Nesse novo cenário, fica evidente que o profissional da contabilidade possui um
imenso desafio pela frente, de forma a “preservar seu mercado profissional nessas novas
relações de negócios”. E, para isso, olhar para o passado facilita, o aprendizado.
Portanto, para sobressair em um mundo sem emprego, o contador deverá ser um
profissional empreendedor de si mesmo, além de saber correr riscos e agregar
inteligência ao seu trabalho. Cada vez mais, será o grau de conhecimento que irá definir o
valor do profissional. O capital intelectual será a matéria-prima do mundo novo, orientado
pela informação.
Aqueles profissionais que ainda ficam presos ao passado e só conhecem a
Contabilidade, em termos de “partidas dobradas”, debitando e creditando sem agregar
nenhum valor à empresa, estão com seus serviços profissionais ultrapassados –
atividades que deverão ser substituídas pela informática, que fará a mesma tarefa com
muito mais eficiência e eficácia.
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Logo, os profissionais contábeis que relutarem em lidar com as mudanças, neste
terceiro milênio, estarão destinados ao obsoleto.
ABORDAGEM AOS CONHECIMENTOS RELACIONADOS AO
COMPORTAMENTO ÉTICO PROFISSIONAL INQUESTIONÁVEL.
A profissão contábil conta com um Código de Ética Profissional Contábil peculiar. O
contabilista tinha como diretrizes as regulamentações éticas vigentes na sociedade.
Como, para cada profissão, existem situações específicas que exigem um
posicionamento ético próprio, era difícil o contabilista direcionar suas condutas sem
possuir seu oportuno código.
Agora os contabilistas possuem seu próprio código de ética, que foi criado em
1970, e modificado em 1986. Entretanto, a simples existência do CEPC1- não assegura
um comportamento ético por parte dos profissionais. É importante que ele seja observado,
seguido e obedecido. Isto garantirá uma maior credibilidade e qualidade dos serviços
contábeis prestados.
A ética é e sempre será necessária para o relacionamento em sociedade. Para ela,
existem várias definições, algumas delas até como sinônimo de moral, entretanto, o seu
campo de significação ultrapassa os limites do que é considerado certo e o que não é, e o
profissional deve se revestir de comportamento ético para dirimir quais caminhos devem
ser seguidos em determinadas situações.
Segundo Lisboa (1997, p.69-70):
o CEPC traz quatro elementos como indispensáveis ao desempenho
satisfatório do serviço prestado pelo contabilista. São eles: a
competência, o sigilo, a integridade e a objetividade.
A competência é assegurada pelos conhecimentos e experiências
necessários ao desenvolvimento do trabalho, devendo aí ser
considerado o processo de educação continuada por meio de
treinamentos e cursos de reciclagem. Na era moderna, não há
espaço para a acomodação; o profissional deve sempre ampliar
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seus limites sempre buscando novos conhecimentos, não só
conhecimentos restrito à área contábil, mas sim, abrangentes a
outras áreas afins.
O sigilo é de uma importância, uma vez que o contabilista tem como
objeto informações confidenciais de seu cliente ou empregador.
Observe-se que o sigilo é um deve do profissional, somente em
relação aos fatos e atos lícitos. Para os atos ilícitos, o indivíduo não
só não tem o dever de guardar sigilo, como tem a obrigação de
denunciar, como um resultado do exercício de sua cidadania.
A integridade está ligada à confiança e credibilidade que o
profissional passa para seus clientes. No exercício da profissão, não
se pode segregar o indivíduo do profissional, portanto, as empresas
não querem só profissionais competentes, mas sim competentes e
honestos. Hoje, cada vez mais procuram-se no homem valores
muitas vezes esquecidos ou escondidos por trás de ambições
incompatíveis com a honestidade e zelo.
A objetividade busca assegurar aos usuários da informação contábil
a compreensão da mesma com fins de garantir a sua utilidade para
fins de tomada de decisão. Assim, o contabilista deve procurar ser
claro, conciso ao comunicar-se com o usuário. A clareza e a
simplicidade de palavras não significam pobreza de conhecimentos,
mas tão somente uma forma de melhor explicar relatórios e
demonstrações contábeis.
A presença da ética na profissão contábil depende da coexistência desses quatros
elementos de conduta que exercem grande influência na contribuição de profissionais
com alto grau de qualidade nos serviços, o que resultará no reconhecimento sólido de
todos os contabilistas.
O profissional da contabilidade deve fornecer ao cliente ou empregador um serviço
de alto nível e qualidade. Por exemplo, ao entregar ”balancetes”, principalmente se esse
1 Código de Ética Profissional Contábil
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for o primeiro trabalho para o cliente em questão, deve-se junto entregar relatórios
simples, contudo claros e objetivos, orientando sobre situações relevantes. Isso teria um
valor reconhecido, especialmente se aquele para quem está sendo ofertado o serviço é
leigo em contabilidade. A iniciativa, aliada à competência, trará uma imagem positiva para
esse profissional, estendendo-se também para toda sua classe.
Essa atitude requer conhecimento e disposição, mas traz benefícios para toda a
classe. Deve-se observar que a tecnologia e os meios de comunicação estão a favor
desse desenvolvimento, que é a ampliação dos horizontes de trabalho contábil.
Para Santo Agostinho (apud Lima, 1997, p.12), em seu celebre livro de confissões,
apenas uma falha ética por um profissional é capaz de gerar a desconfiança da sociedade
nos serviços de todos os outros profissionais.
CONCLUSÃO
Concluímos que os desafios dos profissionais contábeis, frente ao mercado
competitivo, à globalização e à crescente informatização, exigem mudanças nos seus
conceitos tradicionais, sempre em busca da qualidade e de melhores serviços. Sendo
assim, o profissional contábil deve estar atento aos novos paradigmas que surgem,
abandonando o que estiver ultrapassado. É época de mudar, atualizar, identificar as
necessidades das entidades, fornecer informações objetivas e com qualidade, sabendo
utilizá-las e transmiti-las de forma que sejam úteis aos clientes.
A roupagem do profissional contábil mudou à medida que a Ciência Contábil
evoluiu. Ao longo do tempo, esse profissional vem optando por caminhos com maior
ousadia. Aliás, ousadia, desejo de aprender constantemente e a capacidade de lidar com
o conhecimento são ponto-chave para o profissional bem-sucedido.
O desejo de aprender deve ser algo aplicado a todo o momento. A polivalência
será um requisito básico, pois as empresas estão requerendo profissionais que sejam
muito bons em algumas coisas e ótimos em várias, isso faz com que esses profissionais
devam ter uma vontade de aprender sempre maior. Além disso, devem acumular
habilidades e competências, sempre se atualizando e se reciclando.
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A capacidade de lidar com o conhecimento exige do profissional contábil novos
horizontes, ou seja, o profissional deve ter um senso empreendedor. Hoje o que importa é
a capacidade de aprender a lidar com as mudanças, com novas idéias, ter coragem.
O contabilista deve possuir um perfil e uma formação humanística, uma visão
global que o habilite a compreender o meio social, político, econômico e cultural onde está
inserido, tomando decisões em um mundo diversificado e interdependente. Deve ter uma
formação técnica e científica para desenvolver atividades específicas da profissional, com
capacidade de externar valores de responsabilidade social, justiça e ética. Deve ter
competência para compreender ações, analisar criticamente as organizações, antecipar e
promover suas transformações, compreender a necessidade do aperfeiçoamento
contínuo, desenvolver a autoconfiança.
As empresas buscam profissionais “ideais” para gerenciarem seus negócios. A
busca de produtividade aliada à redução de custos confirma que a globalização também
atingiu a estrutura organizacional da empresa, alterando as funções existentes e
deixando-as mais amplas. Para ser gerente, não basta ser eficiente no desempenho de
suas funções, tem que ser eficaz. Ser eficaz é a função do gerente contábil. A informação
é o elo de ligação entre o processo contábil e a tomada de decisão. Esses profissionais
são os que mais se enquadram nessas exigências, mas para alcançar tal posição tem que
fazer do conhecimento a principal ferramenta.
O profissional contábil do passado e do presente precisa superar a estagnação
para poder interagir neste contexto globalizado, conseqüência da comercialização
universal, carente e exigente de informação em tempo oportuno para tomada de decisão.
O perfil do profissional da contabilidade deve evoluir de acordo com a evolução do
cenário onde está envolvido, até porque é o traço do perfil quem determina a manutenção
do profissional no mercado, e quando falamos em cenário não podemos deixar de falar
em conhecimento, tecnologia e ética profissional.
Como agente de mudanças, o profissional da contabilidade não pode se tornar
alheio ao processo de desenvolvimento econômico que estamos vivendo, por se tratar de
um momento bastante competitivo, conseqüente de uma globalização que atinge a
economia mundial.
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Com o avanço da tecnologia, é de fundamental importância que o profissional da
contabilidade esteja aberto ao desenvolvimento tecnológico. As inovações podem
ocasionar impactos em todas as áreas da sociedade, abrindo novos caminhos para que o
Contador tenha melhores condições para desempenhar sua atividade profissional e
satisfazer aos usuários.
Sugerimos, então, que os contadores, que se preocupam em construir uma carreira
sólida, respeitada e com credibilidade, estejam atentos às implicações éticas. Logo o
contador deve ter a consciência de seu papel e não se restrinja exclusivamente ao
registro de fatos contábeis e documentos que atendam às exigências fiscais e legais.
Para que isso aconteça, é necessário que o contabilista desempenhe suas funções com
atitudes que valorizem a classe.
Diante desta realidade, a profissão contábil vem a cada dia se aperfeiçoando,
ganhando cada vez mais maior destaque no mercado. O contador moderno é um
profissional de valor que precisa acumular conhecimentos, fornecer informações objetivas
e com qualidade, saber utilizá-las e transmiti-las de forma que sejam úteis aos usuários.
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