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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO MARIA APARECIDA DA SILVA O PROCESSO DA PARTICIPAÇÃO FEMININA NO MERCADO DE TRABALHO: UMA ANÁLISE NO SETOR DE HOTELARIA DA CIDADE DO NATAL/RN. NATAL 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

MARIA APARECIDA DA SILVA

O PROCESSO DA PARTICIPAÇÃO FEMININA NO MERCADO DE TRABALHO:

UMA ANÁLISE NO SETOR DE HOTELARIA DA CIDADE DO NATAL/RN.

NATAL

2021

MARIA APARECIDA DA SILVA

O PROCESSO DA PARTICIPAÇÃO FEMININA NO MERCADO DE TRABALHO: UMA

ANÁLISE NO SETOR DE HOTELARIA DA CIDADE DO NATAL/RN.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Ciências Administrativas da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como

requisito para a obtenção de título do grau de Bacharel

em Administração.

Orientadora: Profa. Doutora Maria Teresa Pires Costa

NATAL

2021

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas – SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

Silva, Maria Aparecida da.

O processo da participação feminina no mercado de trabalho: uma

análise no setor de hotelaria da cidade do Natal/RN / Maria Aparecida

da Silva. - 2021.

44f.: il.

Monografia (Graduação em Administração) - Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas,

Departamento de Ciências Administrativas. Natal, RN, 2021.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Teresa Pires Costa.

1. Mulheres - Monografia. 2. Mercado de Trabalho - Monografia. 3.

Hotelaria - Monografia. I. Costa, Maria Teresa Pires. II.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/Biblioteca CCSA CDU 331.5-055.2

Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355

MARIA APARECIDA DA SILVA

O PROCESSO DA PARTICIPAÇÃO FEMININA NO MERCADO DE TRABALHO: UMA

ANÁLISE NO SETOR DE HOTELARIA DA CIDADE DO NATAL/RN.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Ciências Administrativas da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como

requisito para a obtenção de título do grau de Bacharel

em Administração.

Orientadora: Profa. Doutora Maria Teresa Pires Costa

Aprovado em 22 de abril de 2021.

___________________________________________________________________________

Maria Teresa Pires Costa, Dra. – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Orientadora

__________________________________________________________________________

Antônio Alves Filho, Dr. – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Membro

___________________________________________________________________________

Luciana Bezerra de Souza Ginasi, Dra. – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Membro

NATAL

2021

AGRADECIMENTOS

Inicialmente, agradeço a Deus pela graça da vida, por me abençoar e me guiar durante

toda a jornada, por me dá força para seguir em frente e não me permitir desistir dos meus sonhos

diante aos obstáculos.

Agradeço a toda minha família por acreditar em mim e me amparar nos momentos

difíceis, meu muito obrigada a todos vocês.

Ao meu esposo, Francisco Evangilo, que acompanha minha trajetória acadêmica, me

apoiando, amparando e aconselhando, sempre acreditando no meu potencial e me incentivando

a estudar e ser alguém melhor. Muita gratidão meu amor.

Agradeço também a minha orientadora Teresa, que me ajudou na conclusão deste

estudo, me conduzindo com êxito para que possamos obter uma pesquisa de qualidade.

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo refletir sobre a trajetória da mulher no mercado

de trabalho no setor da hotelaria em Natal/RN. A escolha da hotelaria se deve à importância

econômica desta atividade para o Estado e pela expressiva participação do sexo feminino neste

setor de serviço. A hipótese do estudo é que, mesmo diante de significativos avanços, o mercado

de trabalho em geral e, o setor hoteleiro em particular, segue discriminando mulheres, seja

quanto à remuneração, à igualdade de oportunidades e/ou distribuição dos cargos. Para melhor

embasamento do tema foram analisados dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

– IBGE e utilizada uma revisão bibliográfica que serviu como mediação da discussão proposta

pelo trabalho, tendo como base os seguintes autores: BRUSCHINI (1994; 2004), HIRATA

(2002), BENEDUCE (2007) e MELO (2014) e para atender aos objetivos da pesquisa foi

aplicado um questionário com perguntas abertas e fechadas. Dentre os principais resultados

verifica-se que o setor hoteleiro emprega um número significativo de trabalhadoras, porém há

uma segregação dos cargos ocupados, pois as funções estratégicas seguem sendo ocupadas

majoritariamente por homens, consequência da discriminação ocupacional. Conclui-se ainda

que a sobrecarga ocasionada pela dupla jornada de trabalho provoca evasão das mulheres do

mercado de trabalho, sendo está a principal dificuldade enfrentada pelas profissionais do setor

hoteleiro.

Palavras-chave: Mulheres, Mercado de Trabalho, Hotelaria.

ABSTRACT

This study aims to reflect on the journey of women in the labor market in the hotel sector

in Natal/RN. The choice of hotels is due to the economic importance of this activity for the

State and the expressive participation of women in this sector service. The study hypothesizes

that, even with significant advances, the labor market in general and, the hotel sector in

particular, continues to discriminate against women, whether in terms of remuneration, equality

opportunities, and/or distribution of positions. For a better basis on the theme, data from the

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE were analyzed and a bibliographic review

was used, which served as a mediation of the discussion proposed by the work, some authors

referenced are BRUSCHINI (1994; 2004), HIRATA (2002), BENEDUCE (2007) and MELO

(2014), and to achieve the research goals was applied a questionnaire with open and closed

questions. Among the main results, it can be seen that the hotel sector employs a significant

number of workers, but there is a segregation of the positions held since the strategic functions

continue to be occupied mainly by men, as a result of occupational discrimination. It is also

concluded that the overload caused by the double workday causes evasion of women from the

labor market in which is the main difficulty faced by them in the hotel sector.

Keywords: Women, Labor Market, Hospitality.

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Estado Civil das trabalhadoras que atuam na hotelaria de Natal/RN. .................... 20

Gráfico 2: Percentual de filhos das trabalhadoras que atuam na hotelaria de Natal/RN. ........ 21

Gráfico 3: Grau de escolaridade das trabalhadoras que atuam na hotelaria de Natal/RN ....... 21

Gráfico 4: Faixa salarial das trabalhadoras que atuam na hotelaria de Natal/RN. .................. 22

Gráfico 5: Carreira Profissional X Família – mulheres na hotelaria de Natal/RN. ................. 29

Gráfico 6: Mulheres X Cargos de Liderança - hotelaria de Natal/RN. ................................... 30

Gráfico 7: Cultura de que alguns cargos são destinados, exclusivamente, ao sexo masculino -

hotelaria de Natal/RN ............................................................................................................... 31

Gráfico 8: Igualdade de Salário - hotelaria de Natal/RN......................................................... 31

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 3

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA ................................................................ 4

1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 5

1.2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................................... 5

1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................................ 5

1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO ............................................................................................ 5

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................ 6

2 BASES TEÓRICAS ...................................................................................................................... 8

2.1 A INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO: BREVE HISTÓRICO .. 8

2.2 PRESENÇA FEMININA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO ..................... 10

2.2.1 Discriminação....................................................................................................................... 12

2.2.2 Diferença Salarial ................................................................................................................. 12

2.2.3 Dupla Jornada de Trabalho .................................................................................................. 13

2.3 O TRABALHO FEMININO NO SETOR HOTELEIRO ..................................................... 14

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................................ 17

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ................................................................................ 17

3.2 PARTICIPANTES DO ESTUDO ......................................................................................... 17

3.3 PLANO DE COLETA DOS DADOS ................................................................................... 18

3.4 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................................... 19

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................................ 20

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ESTUDADA .................................................... 20

4.2 A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO E PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS FUTURAS 22

4.3 DESAFIOS ENFRENTADOS POR MULHERES NA HOTELARIA ................................ 26

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 35

APÊNDICE .......................................................................................................................................... 38

3

1 INTRODUÇÃO

Durante séculos as mulheres foram rotuladas e criadas para serem responsáveis pelos

afazeres domésticos, cuidar da casa, dos filhos e do marido, cabia a elas desempenhar com

muito esmero o papel de dona de casa, mãe e esposa, enquanto ao homem era atribuída a

imagem de provedor do sustento familiar, era papel dele, trabalhar para garantir a sobrevivência

da família. De acordo com Bassanezi (2012) por séculos as mulheres viveram excluídas do

convívio social, político e econômico, tendo dedicação exclusiva aos cuidados para o bem estar

da família.

A entrada das mulheres no mercado de trabalho se deu a partir da necessidade de

complementação da renda familiar diante a onda de desemprego provocada pela Revolução

Industrial, uma vez que as máquinas reduziram a necessidade da mão de obra masculina para a

realização de algumas tarefas. As máquinas eram de fácil manuseio, não se fazia necessário a

força de trabalho do homem, o que possibilitou a exploração da mão de obra feminina nas

indústrias.

Nesta época, as fabricas passaram a contratar as mulheres devido, principalmente, ao

baixo custo da mão de obra feminina, neste cenário as mulheres eram consideradas fáceis de

gerenciar, tendo como principal característica a obediência, eram submetidas à carga horária de

trabalho excessiva, como também, a remuneração dada a elas era menor que a dos homens que

trabalhavam na mesma empresa e que exerciam a mesma função.

Vieira (2006, p. 23), destaca que:

A justificativa ideológica da exploração das mulheres está no fato que elas

necessitavam menos de trabalho e de salários do que os homens porque,

supostamente, tinham ou deveriam ter quem as sustentasse. Assim, a inserção

feminina no mundo do trabalho se dá através das remunerações mais baixas, com as

mulheres ocupando postos tidos como de menor qualificação ou desqualificados.

A criação dada às mulheres desde a infância às levaram a desempenhar funções que para

os homens eram árduas, deste modo, nas empresas, os cargos que requeriam mais atenção,

habilidade e paciência, devido ao seu processo de repetição, eram papéis desempenhados pelas

mulheres, pois a produtividade era considerada maior quando comparada ao desempenho dos

homens (HIRATA 2002). Décadas atrás, as poucas mulheres que exerciam a força de trabalho

remunerada, eram alocadas em funções operacionais e/ou em segmentos desvalorizados nas

empresas.

4

A partir dos anos de 1970 houve um aumento da atuação feminina no mercado de

trabalho, que passaram a atuar também como profissionais autônomas e a partir dessa década

com a expansão dos movimentos feministas junto com os fatores econômicos, sociais, culturais

e demográficos, as mulheres passaram a reivindicar seus direitos diante a sociedade e

principalmente dentro das indústrias, lutando pela igualdade da carga horária de trabalho e

principalmente pela igualdade de remuneração entre ambos os sexos.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA

Gradualmente, a mulher vem conquistando cada vez mais espaço na sociedade e se

inserindo no mercado de trabalho, assumindo funções antes dominadas pelo sexo masculino,

sob o ponto de vista histórico (CARRERA 2001). Entretanto, mesmo com maior participação

feminina no mercado de trabalho em relação a outros tempos, todavia, as condições

permanecem diferenciadas as dos homens, quer sejam relativas à carga de trabalho, aos valores

de seus salários, aos cargos e funções desempenhadas, as relações de poder, as formas de

tratamento e valorização e ainda a dupla jornada de trabalho exercida por elas (BRUSCHINI;

PUPPIN, 2004).

As mulheres ainda são minorias a ocupar cargos gerenciais nas organizações,

sua maior predominância ainda se dá em segmentos menos valorizados no mercado. De acordo

com a pesquisa realizada pela Bain & Company Brasil (2014) das 250 maiores empresas

brasileiras, apenas 5% dos principais executivos são do sexo feminino. A Women in Business

(2016) da Grant Thornton mostrou em sua pesquisa que o Brasil é terceiro país onde há menos

mulheres ocupando cargos de liderança no mundo, 57% das empresas brasileiras não possuem

mulheres atuando nestas funções. Na concepção de Pereira, Santos e Borges (2005) uma das

razões que justificativa as dificuldades enfrentadas pelas mulheres para crescer

profissionalmente é a discriminação por gênero, presente tanto nos meios ocupacionais quanto

em relação a diferença salarial.

O Setor de serviços/comércio é o maior responsável por empregar mulheres no Brasil,

segundo a PED ABC (Pesquisa de Emprego e Desemprego no Grande ABC), do DIEESE

(2015) – Departamento Intersindical de Estatística de Estudo Socioeconômico, que mapeou a

presença feminina no mercado de trabalho no ano de 2015 entre as mulheres que estão inseridas

no trabalho remunerado brasileiro, 69,1% estavam em alguma área do setor de serviços.

5

Mediante aos vários cenários de trabalhos no setor de serviços no qual a mulher está

inserida em meio a economia brasileira, temos o setor hoteleiro, segmento do turismo que está

crescendo progressivamente, que dispõe de características peculiares, através dos principais

serviços prestados: hospedagem, alimentação e lazer.

A qualidade dos serviços oferecidos pelos colaboradores das empresas do ramo

hoteleiro é de suma importância na percepção dos clientes/turistas e consequentemente para o

sucesso do empreendimento, deste modo, nota-se que o papel exercido pelos funcionários é de

grande relevância para o crescimento e desenvolvimento das empresas deste ramo.

A figura feminina está significativamente presente no setor de serviços no Brasil, e

principalmente no que se concerne as atividades exercidas na hotelaria, enquanto ao se

considerar todos os setores da economia a presença feminina permanece próximo dos 40%, no

setor hoteleiro, passou de 55%, em 2006, para 59% da força de trabalho, entre 2006 e 2012

(RAIS, 2006-2012). Diante deste cenário têm-se como problemática desta pesquisa a seguinte

questão: Como se dá o processo da participação feminina no setor de hotelaria da cidade

do Natal - RN?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar o processo da participação feminina no mercado de trabalho, no setor de

hotelaria da cidade do Natal/RN.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Traçar o perfil das mulheres que compõe o quadro de funcionários da rede

hoteleira de Natal/RN;

• Descrever a importância do trabalho para a vida das mulheres que atuam no setor

hoteleiro da cidade do Natal/RN;

• Identificar os desafios enfrentados por essas mulheres no mercado de trabalho e

na vida pessoal para o exercício de suas funções e perspectivas futuras.

1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

6

Apesar dos progressos e conquistas femininas em relação a sua inserção no mercado

de trabalho, todavia as mulheres vivenciam diferentes desafios para se manter no mercado de

trabalho, elas são alvo de desvantagem e discriminação, como também, encontram muitas

barreiras para o crescimento profissional dentro das empresas.

Existem diversos motivos pelos quais a inserção da mulher no mercado de trabalho

deve ser estudada e analisada. Em primeiro lugar, ela produz forte impacto nas

relações sociais, pois implica uma mudança de “paradigma” familiar e cultural. Outro

motivo, não menos importante é relacionado com a discriminação de gênero, tanto em

relação a diferencias de salários quanto aos postos de trabalho. (PEREIRA; SANTOS

e BORGES, 2005, pg. 1).

A relevância do estudo se dá na sua contribuição teórica para o avanço das

discussões sobre a temática, uma área que está em constante mudança, podendo conscientizar

mulheres do seu valor na sociedade e nos negócios, para que elas possam mudar a invisibilidade

histórica e transformar as organizações. A escolha do objeto de estudo relacionado ao ramo da

hotelaria se deu devido o turismo ser umas das principais fontes econômicas do Rio Grande do

Norte, e principalmente da cidade do Natal, deste modo, a hotelaria se destaca como a atividade

de prestação de serviços que atualmente é responsável por grande parte da geração de renda e

emprego na capital do Estado e é o setor de serviços que mais oferece oportunidades de trabalho

para as mulheres.

Alguns autores trazem a análise de mulher e mercado de trabalho, entretanto, há carência

de estudos acadêmicos relacionados à atuação das mulheres no setor de serviços, área marcada

pela presença feminina em seus postos de trabalho, na hotelaria, por exemplo, muitas questões

ainda carecem de respostas, deste modo, a pesquisa trará contribuições para o avanço nas

discussões sobre o tema, uma área que está cada vez mais em ascensão diante as mudanças no

mercado de trabalho.

A pesquisa contribuirá para crescimento profissional e pessoal da autora deste trabalho,

uma vez que, durante minha graduação estagiei em dois hotéis renomados da capital do Estado

do RN, e mesmo sendo um ambiente ocupado por maioria dos colaboradores do sexo feminino,

me deparei com situações na qual a competência profissional das mulheres foram colocadas em

questão, levando em consideração apenas a questão do gênero. Importa dizer que naquele

contexto eram visíveis os desafios enfrentados por muitas delas para conseguir reconhecimento

dentro dessas empresas, mesmo que estivessem prontas para assumir cargos de lideranças,

tomar decisões, transformar as organizações e tornar as empresas em casos de sucesso.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

7

O estudo está dividido em cinco capítulos, o primeiro apresenta as disposições iniciais

referente ao tema, tais como: a problematização da pesquisa a ser investigada, a importância do

estudo no âmbito acadêmico e social, os objetivos gerais e específicos e a justificativa para a

elaboração da presente pesquisa.

O segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica da pesquisa de acordo com os

objetivos traçados, abordando o processo de inserção da mulher no mercado de trabalho

mundial, a atuação da mulher no mercado de trabalho brasileiro e os desafios vivenciados por

elas no meio profissional.

No terceiro capítulo será abordada a metodologia de pesquisa realizada para a

averiguação do cenário levantado.

No quarto capítulo será apresentada a pesquisa de campo realizada apontando-lhes os

resultados e análises, mostrando o perfil das entrevistadas, a importância do trabalho para elas,

as perspectivas futuras e por fim, os desafios vivenciados por elas para o exercício de suas

funções.

Portanto, no quinto e último capítulo, serão abordadas e apresentadas as considerações

finais do estudo realizado.

8

2 BASES TEÓRICAS

2.1 A INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO: BREVE

HISTÓRICO

Apesar das mulheres sempre ter participado da força de trabalho na sociedade por meios

da economia rural, foi durante a Revolução Industrial que ocorreu a sua inserção na cadeia

produtiva econômica capitalista, ou seja, que possibilitou o trabalho assalariado para as

mulheres. Com a chegada das máquinas houve a diminuição dos salários dos trabalhadores do

sexo masculino, considerados chefes e provedores do sustento familiar, o que os impossibilitou

deles suprirem, com êxito, as necessidades básicas do grupo familiar apenas com sua renda,

deste modo as mulheres foram introduzidas no mercado de trabalho para complementação da

renda, a fim de garantir a subsistência da família (BRUSCHINI, 1994).

Com a Implantação das máquinas nas indústrias, o trabalho se tornou menos braçal e

mais intelectual e a indústria que se iniciava necessitava de mão de obra a baixo custo, o que

possibilitou a exploração da mão de obra das mulheres na indústria têxtil. Thompson (1987, p.

170), ao analisar o operariado inglês no início da década de 1830, afirma que: “[...] a força de

trabalho adulto nas indústrias têxteis do Reino Unido atingia 191.671 pessoas, das quais

102.812 eram mulheres e apenas 88.859 eram homens”.

Os dados apresentados por Thompsom (1987) mostram que havia um número

significativo de mulheres atuando nas indústrias têxteis, pois, a mão de obra feminina se tornou

mais acessível aos olhos dos patrões, uma explicação para esse apreço ao trabalho feminino se

dava pelo baixo custo do seu trabalho e também a obediência que as mulheres tinham para com

seus empregadores, as mulheres eram consideradas fáceis de se “disciplinar.”

Durante a inserção das mulheres no mercado de trabalho elas passaram a ser totalmente

exploradas nas fábricas na quais trabalhavam, elas eram submetidas a carga horária de trabalho

excessiva, baixos salários, condições de trabalho precária, ambientes insalubres e assédios.

Segundo Zamariolli (2012)

“A mulher tinha que cumprir jornadas de trabalho de até 17 horas diárias em condições

insalubres sendo submetida a humilhações e espancamentos, chegando a ter

desvantagem salarial de até 60% em relação aos homens. Com este cenário de

exploração e injustiça surgiram manifestações operárias, pela Europa e Estados

Unidos, tendo como principal reivindicação a redução da jornada de trabalho para oito

horas por dia.”

9

Diante a este cenário de exploração, surgiram as primeiras manifestações operárias, as

mulheres passaram a se organizar em sindicatos e a fazer greves reivindicando direitos

trabalhistas, dentre as principais solicitações havia a redução da jornada de trabalho, igualdade

de salário entre homens e mulheres e tratamento digno dentro das indústrias.

Com a inserção das mulheres no mercado de trabalho remunerado, elas também

passaram a desempenhar dupla jornada de trabalho, pois além de trabalhar nas indústrias, com

carga horária excessiva, também era destinado a elas os afazeres domésticos e a educação dos

filhos. Vale salientar que esta situação perpetua até os dias atuais, devido ao processo cultural

enraizado na sociedade, ainda não foi descontruído, que atribui ao sexo feminino a

responsabilidade e o dever de conciliar as atividades domésticas, a criação e educação dos filhos

e o trabalho.

[…] as mulheres, além da jornada de trabalho remunerado, têm um número variável

de horas de trabalho em casa, o que aumenta nos finais de semana. Esse excesso de

trabalho, soma do esforço realizado no âmbito público e privado é o que se chama:

dupla jornada de trabalho. Isto significa que todo o poder e independência que tem

trazido para as mulheres a saída do lar, têm por outro lado significado um desgaste e

impacto na sua saúde tanto física como mental, incluindo o sentimento de culpa por

não conseguir realizar bem todas as tarefas de casa ou pelo “descuido” dos filhos

(CABRAL; DIAZ, 1998, p.142).

Diante o desempenho das mulheres dentro das fábricas os homens se sentiram

ameaçados e passaram a pressioná-las sobre o seu papel diante a sociedade como mulher, mãe

e esposa, Santos (2008). Mesmo diante a pressão imposta pelo patriarcado, ao longo do tempo,

as mulheres continuaram a crescer profissionalmente no mercado de trabalho, porém a dupla

jornada de trabalho também a acompanhou neste percurso.

Outro marco importante que contribuiu para a transição da mulher para o mercado de

trabalho foram os movimentos feministas que ocorreram nos anos 70. Para a “Os períodos de

maior inserção da mulher no mercado de trabalho, foram na Revolução industrial no século

XIX e na década de 1970 [...] Os movimentos feministas foram essenciais para que as mulheres

pudessem galgar os espaços que ocupam na contemporaneidade.” Estes movimentos visavam

garantir condições de melhoria para as mulheres tanto nos espaços sociais como também dentro

das organizações, lutavam pela igualdade de direitos entre homens e mulheres no que se

concerne a divisão igualitária de tarefas do lar, igualdade salarial, carga horária de trabalho

igualitária para ambos os sexos e a possibilidade de as mulheres adentrar em qualquer área do

trabalho.

10

[...]os movimentos feministas promoveram um profundo questionamento a propósito

dos papéis e os direitos das mulheres na família e na sociedade. Surgiu também nesse

momento a ideia de que a condição de gênero não seria determinada por corpos

biológicos, mas por uma construção social, uma vez que é no meio social que se

determinam os papeis que serão exercidos por homens e mulheres. (SANTOS, 2008,

p.42)

Estes movimentos foram de suma importância durante a trajetória das mulheres tanto

no meio social quanto dentro das organizações e, mesmo que até os dias atuais não foi

estabelecida uma posição de igualdade da mulher em relação ao homem, muitas conquistas

foram alcançadas.

2.2 PRESENÇA FEMININA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

Nas últimas décadas o papel da mulher na economia e na sociedade como todo passaram

por significativas transformações, resultado do processo de globalização, com destaque na

consolidação das indústrias, e do fortalecimento dos movimentos feministas que

proporcionaram a participação, cada vez mais crescente, das mulheres no mercado de trabalho.

No Brasil, além dos dois principais fatores que contribuíram para a inserção da mulher

no mercado de trabalho mundial, dois marcos foram de suma importância para a emancipação

feminina no contexto social e em relação ao mercado de trabalho, foram eles; a conquista do

direito feminino ao voto, graças aos movimentos feminista ocorrido durante o governo do então

presidente Getúlio Vargas em 1933, que impulsionou a participação das mulheres na tomada

de decisão perante a sociedade; e a Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT no ano de 1943

que impôs as primeiras normas brasileiras de proteção ao trabalho da mulher (COHEN, 2009).

A criação da CLT garantiu direitos trabalhistas, antes não existentes, para as

trabalhadoras do sexo feminino, como o registro na carteira de trabalho, férias e jornada de

trabalho igualitária com carga horária de 8 horas de trabalho diário remunerado para homens e

mulheres.

De acordo com Probst (2005), ainda, dois elementos impulsionaram a entrada das

mulheres no mundo dos negócios brasileiros, são eles, os métodos contraceptivos e o aumento

do grau de escolaridade. Com a introdução dos métodos contraceptivos, as mulheres tiveram o

poder de escolha de quando iniciar o processo de maternidade, deste modo elas puderam se

dedicar mais aos anseios profissionais e aos estudos. O aumento da escolaridade, transformou

a mão de obra feminina não qualificada em qualificada, e a facilidade para ingressar no ensino

superior possibilitaram o acesso das mulheres à novas oportunidades de trabalho.

11

Após análise da crescente participação da mulher no mercado de trabalho brasileiro

entre os anos de 1980 a 2014, através dos dados de PNADs (Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios), Jesus (2016) verificou que um dos principais fatores para este aumento foi o

controle da taxa de natalidade

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), em 2007 as mulheres

representavam 40% da parcela do mercado de trabalho formal, em 2016 passaram a representar

44% deste mercado. Vale salientar que, todavia, muitas mulheres exercem atividades informais,

caracterizado principalmente pelo subemprego.

Entretanto, mesmo ocorrendo um expressivo aumento da participação feminina nos

mais variados setores do mercado de trabalho ao longo do tempo, as mulheres ainda enfrentam

condições adversas nos meios profissionais, seja quanto à remuneração, oportunidade de

crescimento profissional e distribuição de cargos, quando comparado aos profissionais do sexo

oposto.

Segundo WERMELINGER et al (2010, p. 3):

(...) Contudo, essa entrada maciça de mulheres no mercado de trabalho não tem

representado, necessariamente, uma redução significativa das desigualdades

profissionais entre os gêneros. A maior parte dos empregos femininos continua

concentrada em alguns setores de atividades e agrupada em um pequeno número de

profissões, os quais formam “guetos” de trabalho.

Quanto a oferta de trabalho, existe uma distinção em relação aos postos de trabalhos

ofertados as mulheres, na maioria das vezes, á elas são oferecidas as tarefas mais rotineiras,

atividades de movimentos repetitivos, poucos qualificados e em condições precárias, quando

se tratando de trabalho que exige um nível de escolaridade superior elas são alocadas em

ocupações que remete ao cuidar, como nas áreas da saúde. As áreas tecnológicas, assim como

os cargos de liderança nas empresas, em sua maioria, são reservadas aos homens. (ANTUNES,

2002).

De acordo com Wermelinger et al. (2010, p. 3), no setor de saúde, por exemplo, “a

participação feminina chega a quase 70% do total, com 62% da força de trabalho das categorias

profissionais de nível superior, chegando a 74% dos profissionais de níveis médio e elementar.”

Entretanto, mesmo com a força de trabalho composta por um número significativo de mulheres,

apenas 25% do percentual total desempenham funções de liderança neste ramo de trabalho,

como alerta a Organização Mundial da Saúde – OMS.

Observa-se que mesmo em um espaço de trabalho com um número expressivo de

profissionais qualificadas e capacitadas do sexo feminino, no campo de trabalho estereotipado

12

para as mulheres, poucas exercem atividades de liderança neste ramo, consequência de alguns

desafios que elas enfrentam no mercado de trabalho como, por exemplo, a discriminação, que

será explicado no tópico seguinte.

2.2.1 Discriminação

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, no Brasil,

62,6% dos cargos gerenciais eram ocupados por homens e 37,4% pelas mulheres, no ano de

2019. A maior desigualdade por sexo foi encontrada nos 20% da população ocupada com os

maiores rendimentos do trabalho principal (77,7% para os homens contra 22,3% para as

mulheres). Do mesmo modo, a desigualdade se aprofunda nas faixas etárias mais elevadas:

entre pessoas de 60 ou mais anos de idade, 78,5% dos cargos gerenciais eram ocupados por

homens e 32,6% pelas mulheres e no mesmo ano elas receberam 77,7% (ou pouco mais de ¾)

do rendimento dos homens.

Apesar de igualmente instruídas, as mulheres ainda são minoria a ocupar cargos de

liderança, elas, todavia atravessam diversos obstáculos, dentre eles está a discriminação

ocupacional que é definida por Loureiro (2003) “quando certos grupos são impedidos de

incorporar cargos específicos quando comparado a outros coletivos detentores da mesma

capacidade”.

Todavia, ainda algumas questões estão presentes no processo de contratação de

mulheres para cargos de alta gestão, onde que por muitas vezes é colocado em xeque a

capacidade tida pelas mulheres na tomada de decisões, as empresas veem na maternidade um

empecilho que interfere no desenvolvimento das trabalhadoras nas organizações. As licenças

maternidade, que são determinadas por lei, e o tempo dedicado a família e principalmente aos

cuidados com os filhos, levam a muitas empresas preferir a contratação de homens por

considerarem não haver interferência do campo familiar, considerando os homens mais

centrados aos negócios, assim, diante da visão retrógada de muitas empresas, muitos cargos de

liderança são criados para serem ocupados, exclusivamente, por homens.

2.2.2 Diferença Salarial

Ainda segundo dados do IBGE (2019) enquanto o rendimento médio mensal dos

homens era de R$2.555, o das mulheres era de R$1.985. A desigualdade é maior entre as

13

pessoas nos grupos ocupacionais com maiores rendimentos. Nos grupos de Diretores e gerentes

e Profissionais das ciências e intelectuais, as mulheres receberam, respectivamente, 61,9% e

63,6% do rendimento dos homens. Mesmo exercendo posições de trabalho semelhantes à dos

homens as mulheres continuam a receber menores salários, consequência da discriminação

salarial, que segundo Loureiro (2003) “acontece quando certos grupos auferem salários

inferiores em relação a outros realizando os mesmos ofícios”. Por mais que a igualdade salarial

entre homens e mulheres seja assegurada por lei no Brasil, não há uma fiscalização efetiva para

o seu cumprimento.

O fator discriminação ocupacional, como abordado anteriormente, é a uma das

principais base que explica a ocorrência da discriminação salarial, uma vez que a diferença

salarial entre os sexos seja mais perceptível nos cargos estratégicos. As mulheres estão a cada

dia mais qualificadas para assumir diversos postos de trabalho, mas diante de possíveis

processos biológicos, como a gravidez e o instinto maternal para com a família, atribuído pela

dedicação e cuidados fazem com que diversas empresas acreditem que elas devam receber

menor salário comparado aos homens, pois acreditam que estes fatores externos podem

dificultar no desenvolvimento e na dedicação das mulheres para com a organização.

2.2.3 Dupla Jornada de Trabalho

As mulheres, mesmo após assumir o papel de trabalhadora, não foi isenta das

responsabilidades domésticas, continuou sendo mãe, esposa, e dona de casa e somou o papel

de profissional. Para Josette apud Cohen (2009) as diferenças entre homens e mulheres

aparecem claramente quando se foca a carreira, pois os homens constroem um futuro

profissional e as mulheres lidam com dupla jornada, profissional e familiar.

A dupla jornada de trabalho é outro desafio que prejudica majoritariamente o sexo

feminino, por meio de uma cultura patriarcal que ainda está enraizada na sociedade onde aponta

as mulheres como principais responsáveis pela realização das atividades domésticas, pela

criação dos filhos e da família como o todo, ocasionando o excesso de trabalho para aquelas

que ainda exercem funções remuneradas.

Para Melo (2014, p.55):

As atividades realizadas no âmbito doméstico eram (e ainda são) de responsabilidade

das mulheres, elas são responsáveis pela manutenção dos outros membros da família,

sobretudo dos homens que necessitavam retornar aos seus postos de trabalhos

diariamente. Além disso, historicamente, as mulheres foram educadas,

14

exclusivamente, para as atribuições domésticas, as quais eram valorizadas, sobretudo

do ponto de vista da formação das famílias.

Atualmente muitas mulheres oscilam entre o cuidado do lar e as atividades econômicas,

onde por vezes elas não conseguem conciliar as duas funções, deixando a profissão em segundo

plano, ocasionando a evasão de muitas mulheres do mercado de trabalho, e quando não praticam

o trabalho remunerado, mesmo realizando tarefas indispensáveis dentro do seu lar, elas são

classificadas como inativas diante as estatísticas.

As mulheres de baixa renda e com filhos são as mais afetadas pela sobrecarga de

trabalho/dupla jornada e para adentrar no mercado de trabalho buscam apoio através de políticas

públicas do Estado, como por exemplo a oferta de creches para as crianças e também a

solidariedade da família para auxiliar nos afazeres domésticos e cuidar dos filhos. Algumas

delas procuram trabalho de meio expediente e até mesmo informais para que possam atender

também, a demanda de trabalho existente nos seus lares.

De acordo com a ONU Mulheres (2014.p.64):

A desigualdade na distribuição dos afazeres domésticos entre os sexos impõe às

mulheres aceitar ou buscar empregos cujas jornadas sejam menores ou em atividades

precárias, a fim de viabilizar o cuidado a outros que delas se espera. Por outro lado,

se o trabalho é feito no próprio domicílio, elas dedicam mais horas ao trabalho

reprodutivo do que se estivessem trabalhando no âmbito de uma empresa.

A mulher segue buscando uma maneira de contrapor a sua via pessoal e profissional,

conciliando o seu espaço de trabalho com seus afazeres domésticos, assim, fica evidente a

necessidade da equidade diante a divisão das tarefas domésticas entre as pessoas capazes de

exercê-las dentro da família, há que romper o paradigma advindo de uma construção social

ultrapassada de que as atividades domésticas são de exclusiva responsabilidade das mulheres.

Assim como qualquer outro ser humano a mulher necessita de um espaço dedicado para fazer

algo por elas e para elas.

2.3 O TRABALHO FEMININO NO SETOR HOTELEIRO

A hotelaria é um dos ramos do turismo caracterizada pela prestação de serviços, como

sendo um produto intangível, onde tem como principal finalidade ofertar atividades que

englobam o receber bem, oferecendo hospedagem, lazer, alimentação dentre outros serviços

relacionado a hospitalidade dos visitantes (DAVIES, 2007). A qualidade dos serviços ofertados

é um dos melhores e maiores diferenciais competitivos que uma empresa do ramo hoteleiro

15

pode obter, assim, a qualidade na prestação de serviços é peça indispensável para a boa

percepção do cliente e cabe a correta postura e as devidas competências dos membros que

compõem o quadro de colaboradores das organizações.

O elemento humano é peça essencial para o sucesso do empreendimento hoteleiro, a

competência de lidar com pessoas, a capacidade de acolher, a prestatividade em servir, são

características essenciais no contexto da hospitalidade e nas mulheres essas qualidades são

naturalmente encontradas como afirma Beneduce (2007), a mulher em sua essência tem a

virtude de receber e acolher o próximo, são ágeis, organizadas, sensíveis, conseguem lidar com

conflitos e ainda tem a predisposição em servir, fatores que estão diretamente ligados ao

propósito da hotelaria no geral.

Dados apontando por (RAIS, 2006-2012) mostraram que no ano entre 2006 e 2012, 59%

da força de trabalho no setor hoteleiro era composta pela mão de obra feminina, e que os

números estão em constante crescimento, uma vez que a atuação no segmento requer

competências que vão ao encontro da personalidade obtida pelas profissionais femininas, que

além de outros atributos e qualificações, as favorecem no momento da contratação para este

campo de atuação. Segundo Costa et al (2011) as mulheres de sobressaem no setor hoteleiro

porque existe o compartilhamento da visão de que o gênero feminino possui capacidade de

realizar várias atividades ligadas ao cuidado.

Por outro lado, se faz necessário destacar que as mulheres não nascem com estes

atributos, estas aptidões são semeadas desde o seu nascimento e adquiridas ao longo do tempo

transformando-as e obrigando-as a desenvolver tais comportamentos. A preponderância da

presença das profissionais femininas no setor hoteleiro pode estar diretamente associada, pelo

fato das questões da feminização de determinadas profissões, isso acontece quando algumas

atividades desempenhadas neste ramo são vistas como funções femininas e muitas vezes

remetem ao espaço doméstico, como por exemplo, os empregos de arrumadeiras onde a própria

palavra está associada ao sexo feminino e é uma função direcionada exclusivamente às

mulheres (INSTITUTO ETHOS, 2004).

Segundo dados apresentados por Costa et al (2011), nos cargos de poder da hotelaria

havia uma forte presença de profissionais do sexo masculino, a gerência geral de todos os hotéis

pesquisados era exercida por homens, enquanto os setores de recepção, reservas, governança,

finanças, manutenção, alimentos e bebidas e eventos as mulheres assumem a gerência de 43%

desses setores. Assim, até o ano de 2011, na mesma medida que crescia o número de

profissionais mulheres no mercado de trabalho hoteleiro, se confirmava a tese de que elas eram

16

menos absorvidas em cargos de alto poder, e estavam mais presentes em setores de trabalho

feminizados.

Para Fochi (2005) a maior participação masculina nas funções de alto poder em relação

às mulheres, se deve ao fato de que são atribuídas às mulheres atividades que retratam as

responsabilidades domésticas, destinando a elas os cargos de menor prestígio. Portanto, mais

uma vez encontramos neste segmento as mulheres em posição de desvantagem e discriminação

em relação ao mercado de trabalho e com maior dificuldade de crescimento profissional neste

ramo.

17

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Como assegura Prodanov e Freitas (2013), pode-se dizer que a pesquisa é forma de

partida para entender uma questão a ser levantada, um ponto de investigação que gera dúvidas.

Neste contexto, fica claro que através da pesquisa cientifica pode-se gerar novas teorias e novas

investigações sobre um tema. Pode-se constatar que se deve buscar fontes confiáveis para

analisar as suas dúvidas a serem investigadas e que muitas vezes as respostas para as perguntas

não são explicadas, sendo necessários novos estudos sobre o tema.

O estudo a ser realizado é a pesquisa que "objetiva gerar conhecimentos novos e úteis

para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses

universais" (PRODANOV, FREITAS, 2013, p.51) tratando assim de uma pesquisa que busca

aprofundar o conhecimento em um determinado assunto, com a possibilidades para novas

discussões sobre o tema podendo ser utilizados em pesquisas aplicadas.

Já quanto a classificação da pesquisa, pode-se abordar que a mesma é exploratória

descritiva, de acordo com Gil (2008, p.27), as pesquisas exploratórias “habitualmente envolvem

levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso".

Dessa forma, pode-se dizer que a pesquisa exploratória, é voltada para estudar temas passíveis

de novas investigações, novos levantamentos através de estudos que reafirmam a busca. Já a

pesquisa descritiva segundo Gil (2008, p.28) é "a descrição das características de determinada

população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis". Sendo assim, as

pesquisas descritivas, buscam apresentar o estudo de uma determinada comunidade, as

definições deste determinado grupo interpretando as possíveis causas que remetem aos

resultados adquiridos.

Dessa maneira, a presente pesquisa pode ser classificada como exploratória sendo

utilizado fontes bibliográficas, pesquisa de campo para aprofundar o tema e descritivas trazendo

a análise e interpretação de dados de um determinado grupo.

3.2 PARTICIPANTES DO ESTUDO

As participantes do estudo foram profissionais mulheres que ocupam variados cargos

na rede hoteleira da capital do Estado do Rio Grande do Norte, sendo a amostra intencional

composta por profissionais que atuam na rede hoteleira da cidade de Natal/RN que se

18

dispuseram a responder ao instrumento de pesquisa no período de 22 de fevereiro a 12 de março

de 2021.

Foram critérios de inclusão: trabalhar na rede hoteleira da cidade de Natal, capital do

Estado do Rio Grande do Norte, ser do gênero feminino e concordar em responder aos

instrumentos de pesquisa. Foram critérios de exclusão não atender aos três requisitos

anteriormente descritos.

3.3 PLANO DE COLETA DOS DADOS

Conforme Prodanov e Freitas (2013, p.69) A pesquisa quantitativa "considera que tudo

pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para

classificá-las e analisá-las." Através desta abordagem de pesquisa, a interpretação dos dados

coletados são análises mediante a relação de causa e efeito, com uso de métodos estatísticos

para explicar fenômenos estudados. Ainda segundo Prodanov e Freitas (2013, p.59) a pesquisa

de campo "Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente,

na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que presumimos relevantes, para

analisá-los."

Com o interesse de levantar informações sobre o tema abordado neste trabalho, utilizou-

se a técnica de coleta de dados através de um questionário estruturado, com perguntas abertas

e fechadas de acordo com os objetivos estabelecidos, que buscou a interpretação da amostra da

população pesquisada e a observação que possibilitou a melhor compreensão do ambiente de

trabalho.

Para atender aos objetivos da pesquisa foi elaborado um instrumento de coleta de dados

(questionário) através da ferramenta Google Drive e distribuído para as funcionárias dos hotéis

via e-mail, WhatsApp e Instagram. No questionário continham 14 perguntas abertas e fechadas

que visavam atender aos objetivos estabelecidos no trabalho.

Cumprindo-se o primeiro objetivo da pesquisa tem-se as questões de 1 a 5 do

questionário. Tais questões foram elaboradas com o propósito de traçar o perfil das funcionárias

que atuam na rede hoteleira da capital do Estado. As questões de 6 a 9 foram dedicadas a

analisar a importância do trabalho e perspectivas profissionais futuras para estas trabalhadoras

e para o alcance do terceiro objetivo foram elaboradas as questões de 10 a 14 que visou

identificar os desafios enfrentados pelas mulheres para exercício das suas funções no setor de

hotelaria.

19

3.4 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados coletados, através do questionário, foram em gráficos utilizando-se da

ferramenta do software Google Forms, com intuito de facilitar o entendimento do leitor aos

resultados e para as perguntas abertas foram transcritas as citações das entrevistadas.

Para a análise das perguntas abertas do questionário levou-se em consideração o número

de vezes que as entrevistadas passaram a mesma ideia sobre determinada pergunta, a relevância

das respostas e as diferentes percepções passadas por elas em detrimento do assunto abordado,

a fim de sanar as questões apresentadas nos objetivos específicos e contribuir para uma melhor

compreensão sobre o tema.

.

20

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste tópico serão abordados os resultados e interpretações dos dados obtidos através

da pesquisa realizada. A análise dos resultados foi dividida em três principais etapas

correspondentes aos objetivos específicos, são elas: traçar o perfil das trabalhadoras na hotelaria

da cidade do Natal/RN, descrever a importância do trabalho na vida delas e perspectivas futuras

e por fim, mostrar os desafios vivenciados por elas para o exercício de suas funções.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ESTUDADA

Neste tópico buscou-se mostrar o perfil das trabalhadoras na rede hoteleira da cidade do

Natal, que para a conclusão desta pesquisa foram entrevistadas 52 colaboradoras deste ramo, e

diante a análise dos dados obtidos verificou-se que as respondentes estão entre 22 a 46 anos de

idade, e que o estado civil está dividido entre casadas (maior percentual), solteiras e divorciadas,

como mostra o gráfico a seguir:

Gráfico 1: Estado Civil das trabalhadoras que atuam na hotelaria de Natal/RN.

Fonte: Elaboração própria. 2021

Dentre as entrevistadas 76,9% tem filhos, na visão de Pazello, (2006), filhos podem ser

um entrave para as mulheres que visam um crescimento profissional, tanto em relação as

diferenças salariais quanto aos tipos de ocupação, quando comparada aos profissionais do sexo

masculino. Esse fator acontece em detrimento da cultura discriminatória de algumas empresas

ou por dificuldades de conciliação das tarefas de mãe e profissional.

21

Gráfico 2: Percentual de filhos das trabalhadoras que atuam na hotelaria de Natal/RN.

Fonte: Elaboração própria. 2021

Em relação a escolaridade, ficou constatado maior predominância no ensino de

educação superior completo e médio completo, mas deve-se observar que vários níveis de

escolaridade foram citados, como mostra o gráfico 03:

Gráfico 3: Grau de escolaridade das trabalhadoras que atuam na hotelaria de Natal/RN

Fonte: Elaboração própria. 2021.

Um fator importante que deve ser destacado é que 63,4% das mulheres entrevistadas já

ingressaram no ensino de educação superior, o que mostra que as mulheres estão cada vez mais

escolarizadas, o que vai ao encontro da tese defendida por Probst (2005) de que o aumento da

escolaridade impulsionou a entrada das mulheres no mercado de trabalho no Brasil.

22

Quanto as funções desempenhadas pelas trabalhadoras nos hotéis, várias foram citadas,

onde foram distribuídas em: subgerentes/supervisoras (5), assistente

administrativo/reservas/financeiro/recursos humanos/departamento pessoal (17),

recepcionistas (8), assistente de serviços gerais (7), camareiras (9), agente de alimentação e

bebida (6). Diante destes dados nota-se que mesmo com o nível de escolaridade satisfatório,

86,53% das mulheres entrevistadas estão alocadas em cargos de trabalho de níveis hierárquicos

operacionais, enquanto apenas 13,46% exercem funções de chefia. Esses dados confirmam a

tese de Wermelinger et al. (2010) de que mesmo mais escolarizadas, grande parte dos empregos

femininos estão concentrados em alguns setores de atividades, muitas vezes em setores menos

valorizados nas organizações, e poucas ocupam cargos de gestão.

As funções desempenhadas pelas trabalhadoras refletem, diretamente na faixa salarial,

como mostrado no gráfico a seguir:

Gráfico 4: Faixa salarial das trabalhadoras que atuam na hotelaria de Natal/RN.

Fonte: Elaboração própria. 2021.

O padrão de salário recebido pelas funcionárias é reflexo das funções desempenhadas

nas empresas de hotelaria onde a pesquisa foi aplicada, nota-se que nenhuma das entrevistadas

recebem entre 06 a 10 salários mínimos, pois nenhuma delas exercem funções de alta gerência,

as poucas que exercem cargos de chefia estão sublocadas em subgerências.

4.2 A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO E PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS

FUTURAS

23

Neste tópico as trabalhadoras foram questionadas sobre a importância do trabalho, o

porquê escolheu esta área de atuação, se existe oportunidade de crescimento na empresa em

que atua ou plano de carreira, e quais são suas perspectivas profissionais futuras.

Quando perguntadas sobre a importância do trabalho, a maioria das entrevistadas

relacionaram o trabalho com um meio de sobrevivência, de suprir as necessidades básicas da

família, prover uma vida melhor aos seus filhos. Além de realização pessoal e independência

financeira. Dentre as falas foram destacadas as seguintes colocações:

“É uma maneira de conquistar independência financeira, é produtividade e inserção

no meio profissional.” (A4).

“O trabalho para mim é uma realização pessoal, pois sempre tive vontade de trabalhar,

é poder realizar meu sonho.” (A11)

“Responsabilidade e independência financeira, é poder mostra minhas habilidades

e construir um futuro melhor.” (A19)

“O trabalho pra mim é uma realização pessoal, é poder colocar em prática todo meu

aprendizado, é sentir-se realizada profissionalmente, é também liberdade financeira.” (A23)

“Autonomia e liberdade, é realizar-se e poder fazer o que gosta, poder contribuir para

o crescimento da empresa e crescer junto com ela.” (A31)

“O trabalho é um meio de alcançar meus objetivos, realizar meus sonhos sem ter que

depender de alguém financeiramente, é autonomia e liberdade, é realização.” (A42)

“Ser livre financeiramente, ter autonomia nas decisões financeiras, é não depender de

ninguém, e poder arcar com o meu sustento sem precisar financeiramente de terceiro, enfim, é

ser feliz.” (A48)

Diante dos relatos, observou-se que em sua maioria, as mulheres visam no trabalho sua

independência financeira. Após anos dependendo financeiramente de terceiros, principalmente

do sexo oposto, as mulheres veem no trabalho remunerado a liberdade financeira, onde elas

podem ter o poder de decisão sobre o seu dinheiro, sendo a renda um dos fatores que criam

24

condições para que as mulheres saiam de situações de humilhações. Assim, nas situações

abordadas, o trabalho assalariado pode ser visto, também, como uma das ferramentas de

empoderamento da mulher.

Por outro lado, o trabalho deixou de ser uma conquista, uma satisfação pessoal para ser

uma obrigação familiar e passou a ser visto como o meio de garantir o sustento parcial ou total

da família. Assim, estes fatores entram em concordância com a ideia de Bruschini (1994), de

que uma das principais razões para que as mulheres adentrem no mercado de trabalho está

relacionado ao suprimento das necessidades da família.

Na pergunta seguinte, buscou-se verificar o porquê da escolha da área de atuação. Diante

das respostas, observou que maioria das participantes afirmaram que escolheram a área por se

identificar, gostar de lidar com pessoas e ainda por ser uma área que emprega mais mulheres e

que há mais oportunidade de vagas. Abaixo pode ser observado algumas declarações:

“Por ser minha área de formação e por me identificar com o cargo, sempre gostei

de gerenciar pessoas.” (A 1)

“Me formei na área e me identifico com os segmentos que existem no turismo,

inclusive hotelaria.” (A 11)

“Porque gosto de prestar serviço, lidar com pessoas e na hotelaria muitas mulheres

são contratadas, é um setor que mais oferece vagas para nós” (A 15)

“Porque sou fascinada por trabalhar com pessoas, sempre trabalhei com isso e sou

muito grata por atuar nesta área.” (A 20)

“Porque foi o que tinha diante meus estudos, preciso estudar mais, fazer uma

graduação para conseguir um emprego melhor.” (A 26)

“Porque gosto de servir as pessoas, gosto de ajudar através do meu trabalho, faz

parte da minha função aqui.” (A 32)

“Porque estudei para isso e amo o que faço, amo minha área de atuação, me sinto

realizada no que faço.” (A 46)

25

Diante o exposto pode-se observar que assim como destacado por Beneduce (2007),

a mulher em sua essência tem a virtude de servir, receber e acolher, uma explicação para o alto

índice de atuação no setor de prestação de serviços, e principalmente na hotelaria.

Na questão de número 10 buscou-se verificar se na empresa que as trabalhadoras atuam

possui um plano de carreira com cargos e salários definidos e diante a pesquisa 71,15% das

entrevistadas afirmaram não ter ou desconhecer se há um plano de carreira. As poucas que

afirmaram que na empresa possuí este plano de trabalho, fizeram as seguintes declarações:

“Sim, a empresa é aberta a promoção de funcionários sempre que surgem

oportunidades”. (A 29)

“Sim. diante seu comportamento dentro da empresa, diante da necessidade da

empresa, você pode participar de processos seletivos”. (A 31)

“Sim, dependendo da conduta dentro da empresa, com 02 anos de casa você pode

ser promovido através de processo seletivo”. (A 35)

“Sim, entrei como recepcionista e agora sou supervisora de marketing, a cada 2 anos

há processos seletivos internos”. (A 39)

“Sim, apenas de fachada, o QI é que sobressai”. (A 41)

“Sim, a cada 2 anos de empresa, você pode participar de processos seletivos

internos”. (A 45)

“Sim, se você almeja crescer na empresa pode fazer processo seletivo a cada 2 anos

de casa”. (A 51)

Não estabelecer um plano de carreira na empresa e até mesmo não deixar os

colaboradores a par desse plano, pode gerar a falta de perspectiva de crescimento e

desmotivação pelos funcionários, tornando o ambiente com alta rotatividade no quadro de

colaboradores. Vejamos que das poucas respostas afirmativas, para a possibilidade de tal

promoção, as trabalhadoras devem permanecer no mínimo 2 anos na organização.

26

Para finalizar este tópico foi questionado para as trabalhadoras quais são suas

perspectivas profissionais futuras. E diante as diversas respostas foram destacadas as mais

presentes no estudo.

“Estudar para crescer profissionalmente. (A 1 a A 7)

“Me especializar e crescer profissionalmente na área.” (A 16)

“Estudar uma pós em departamento pessoal, para subir de cargo na empresa .” (A24)

“Fazer uma pós e gestão de pessoas para alcançar novo posto de trabalho.” (A 31)

“Poder fazer uma faculdade para conseguir um emprego melhor.” (A 33)

“Estudar e trabalhar para ter meu próprio negócio.” (A 19)

“Terminar minha graduação e atuar em outra área.” (A 45)

“Estudar e ter uma profissão melhor.” (A 51)

Ao mencionar projeções profissionais futuras 95% das respondentes relacionaram esta

perspectiva ao estudo, elas acreditam que a educação é crucial para o alcance de melhores

oportunidades de trabalho e para o ingresso em áreas mais qualificadas. O aumento do nível de

escolaridade é um fator determinante para o crescente número de mulheres no mercado de

trabalho.

4.3 DESAFIOS ENFRENTADOS POR MULHERES NA HOTELARIA

Neste tópico buscou-se identificar os desafios enfrentados pelas trabalhadoras, tanto no

âmbito profissional, como pessoal, para o exercício de suas atribuições no mercado de trabalho.

27

Inicialmente, com o intuito de saber se estas trabalhadoras exercem dupla jornada de

trabalho, e como se dá este processo, foi realizado a seguinte pergunta: Quem é responsável

pelos seus afazeres domésticos? Se for você, como concilia com a sua vida profissional?

Diante os resultados 69,23% das entrevistadas afirmaram serem exclusivamente elas

responsáveis pelos afazeres domésticos; 19,23% disseram que a mãe ou parente do sexo

feminino eram responsáveis por exercer esta atividade; 7,69% afirmaram que há uma secretária

responsável por esta tarefa e apenas 3,84% afirmaram que dividem essa função com os

companheiros.

Vejamos algumas colocações:

Minha secretária, é responsável por cuidar da casa e da minha filha. (A 7)

É uma correria só, saio para trabalhar às 5h da manhã e só volto a tarde, é quando

organizo tudo para o outro dia. (A 11)

Minha mãe me ajuda durante a semana, e na minha folga dou uma geral na casa,

faço comida e deixo no congelador. (A 15)

Eu. No final de semana faço faxina na casa e faço almoço para a semana e durante

a semana minha filha me ajuda. (A 19)

Eu sou a responsável, a dupla jornada de trabalho pra mulheres é real, trabalho mais

em casa que na empresa. (A 24)

Concílio apesar de ser difícil. Devido a escala 6x1, meus afazeres são deixados para

depois do trabalho. (A 31)

Minha mãe é a principal responsável, mas tento deixar tudo organizado nos finais de

semana. (A 42)

Eu que me viro pra fazer tudo, pois meu marido também trabalha. (A 48)

Eu e meu marido dividimos os afazeres. (A 50)

28

Ao analisar esta questão, pode-se concluir que a dupla jornada de trabalho está bem

presente no cotidiano dessas mulheres, em que em alguns casos, é vista como mais uma

obrigação exclusiva da mulher, sendo uma visão patriarcal advinda de uma construção social

ultrapassada imposta pela sociedade. Essa situação é vista com normalidade, onde os maridos

são isentos da participação das responsabilidades do lar, sendo atribuído a eles, apenas o dever

de prover o sustento familiar. Deste modo, encontramos a mulher assumindo a dupla jornada

de trabalho, tentando “equilibrar” família e trabalho e não se culpar pelo “abandono” do lar e

dos filhos Rocha-Coutinho (2003).

Vejamos que em algumas situações, para permanecer no mercado de trabalho, cuidar do

lar e dos filhos, quando não há condições de arcar com toda carga de trabalho, as mulheres

dependem do apoio de terceiros, de maioria, também do sexo feminino, seja um parente, uma

secretária para dividir as funções domésticas e assim poder exercer atividades remunerada no

mercado de trabalho.

Para compreender o dilema vivido pelas mulheres ao tentar conciliar o trabalho com os

deveres familiares. Foi lançado, através de uma questão fechada, o seguinte questionamento:

Em função da família algumas mulheres tendem a deixar a carreira profissional em segundo

plano. Observa-se o gráfico a seguir:

29

Gráfico 5: Carreira Profissional X Família - mulheres na hotelaria de Natal/RN

Fonte: Elaboração própria. 2021.

Neste contexto, em que as mulheres devem abrir mão, mesmo que temporariamente da

vida profissional em função da família, 96,1% das trabalhadoras concordam com a afirmação.

Acredita-se que estas mulheres analisaram a afirmativa como um todo, visando diversas

situações na quais as trabalhadoras femininas precisam renunciar, mesmo que temporariamente

da sua carreira, seja para cuidar da família, seja para cuidar das atividades domésticas. Por outro

lado, algumas mulheres não precisam fazer está renúncia, pois pode obter poder aquisitivo para

terceirizar as funções ou até contar com apoio da família para a realização dos demais afazeres

que são impostos a ela.

O gráfico 06 buscou verificar se as trabalhadoras concordavam que algumas empresas,

após conhecimento prévio das questões familiares, evitavam contratar mulheres para cargos de

alta gestão.

30

Gráfico 6: Mulheres X Cargos de Liderança – hotelaria de Natal/RN.

Fonte: Elaboração própria. 2021.

Neste contexto 98,1% das respondentes acreditam que as questões familiares podem

interferir diretamente na contratação de mulheres para cargos de liderança, o que corrobora com

a análise de Noronha (2003) de que mesmo as mulheres obtendo maiores níveis intelectuais, os

homens são privilegiados para cargos de chefia. A discriminação é o principal motivador para

a não contratação de mulheres para assumir cargos gerenciais, uma das principais causa para

este cenário, está relacionada as questões biológicas, principalmente a maternidade, as

empresas veem a maternidade com um empecilho que pode influenciar no desempenho das

mulheres dentro da empresa, outra questão está relacionada aos pensamentos enraizados pelo

machismo de que os cargos de poder se encaixam a figura masculina.

Sobre a percepção de que na empresa pode haver a cultura de que existem cargos

destinados exclusivamente para os homens, podemos verificar no gráfico 07 o que pensam as

trabalhadoras.

31

Gráfico 7: Cultura de que alguns cargos são destinados, exclusivamente, ao sexo masculino -

hotelaria de Natal/RN

Fonte: Elaboração própria. 2021

Mesmo a rede de hotelaria, ser uns dos setores de serviços que mais empregam mulheres

como constatado por (RAIS, 2006-2012), as entrevistadas acreditam que existem cargos dentro

dessas organizações que são ocupados exclusivamente por homens, pois ainda existem funções

consideradas masculinas.

A última questão buscou compreender a percepção das trabalhadoras em relação a

igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função dentro da hotelaria.

Observamos a seguir:

Gráfico 8: Igualdade de Salário - hotelaria de Natal/RN

Fonte: Elaboração própria. 2021

32

Diante a questão, 78,8% das respondentes acreditam que há igualdade de salário entre

homens que atuam na mesma função que elas. De acordo com dados do IBGE, a diferença

salarial é perceptível, principalmente, em cargos de alto escalão, assim, esta pode ser uma

explicação para que o maior percentual das trabalhadoras responderem positivamente a essa

questão, uma vez que maioria estão presentes em cargos do setor operacional das empresas e a

diferença salarial não ser tão perceptível neste nível hierárquico.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Gradualmente, a mulher vem conquistando cada vez mais espaço no mercado de

trabalho em todo o mundo. A partir das bases teóricas, foi possível observar que a inserção da

mulher no mercado de trabalho brasileiro está em constante ascensão, e o aumento da

escolaridade e os métodos contraceptivos foram peças chaves para este crescimento, contudo,

ainda existem algumas barreiras que dificultam este processo, sendo a desigualdade de gênero

um dos principais desafios a ser enfrentado.

A revisão bibliográfica confirmou que diante uma cultura patriarcal e machista ainda

enraizada na sociedade, a discriminação, a diferença salarial, a dupla jornada de trabalho são os

principais obstáculos enfrentados pelas profissionais no mercado de trabalho. As mulheres

apresentam maior grau de estudo, quando comparadas aos trabalhadores do sexo masculino, e

são menos absorvidas pelo mercado, não são preferência para cargos de liderança por questões

de discriminação, oscilam entre o cuidado do lar e as atividades econômicas exercendo a dupla

jornada de trabalho, tem remuneração diferente para posição de trabalho semelhantes à dos

homens.

Na rede de serviços hoteleiro, que está diretamente vinculado ao setor de serviços e

comércio, as mulheres são mais absorvidas para a ocupação de cargos, desde modo o presente

estudo teve como objetivo verificar o processo de participação das mulheres que trabalham na

rede de hotelaria de Natal/RN, traçar o perfil dessas mulheres, mostrar a relevância do trabalho

para elas e apresentar as dificuldades enfrentadas por este grupo. Através do questionário

estruturado foi possível traçar o perfil dessas mulheres com base nas questões de 01 a 05; as

questões subjetivas de 06 a 09, buscou analisar a importância do trabalho para elas e

33

perspectivas futuras, e nas questões (objetiva e subjetivas) de 10 a 14 mostrar os desafios

enfrentados para o exercício da função

A partir da análise dos resultados verificou-se que as trabalhadoras são mulheres jovens

com idade entre 22 a 46 anos, maioria casadas, com filhos, grau de escolaridade de nível de

educação superior, com faixa salarial entre 1 a 3 salários mínimos e que desempenham diversas

funções nos hotéis da Capital do Rio Grande do Norte.

Ao falar sobre a importância do trabalho essas mulheres o relacionaram a independência

financeira e a um meio de suprimento das necessidades da família, e que a escolha da área de

atuação se deu através da identificação com este ramo, que se qualificaram para tal função e

que é um setor que emprega mais mulheres. Maioria das respondentes desconhecem se há um

plano de carreira definido nas empresas em que trabalham e para projeções futuras, enxergam

na qualificação através da educação o alcance de melhores oportunidades no mercado de

trabalho.

Dentre os principais desafios enfrentados estão: a dupla jornada de trabalho e a

discriminação. Notou-se que mesmo o setor hoteleiro empregar um número significativo de

trabalhadoras mulheres, há uma segregação dos cargos ocupados, como observado por

Nogueira (2006), na qual a maioria das entrevistadas ocupam funções de nível hierárquico

operacional com aspectos domésticos e de características femininas, como é o caso das

ocupações de recepcionistas, assistentes de serviços gerais, camareiras, agentes de alimentação

e bebida, citadas no questionário, que são atividades ligadas ao servir, receber e cuidar. Assim,

a desigualdade salarial não é sentida por grande parte das respondentes uma vez que poucas

delas não exercem funções de alta gestão, que o setor em que a desigualdade salarial mais

prevalece.

Para a realização da pesquisa, algumas dificuldades foram encontradas, tais como a

impossibilidade, mediante a pandemia do Corona Vírus – COVID 19, de realizar entrevistas

presenciais com maior grau de aprofundamento onde o assunto pudesse fluir melhor e assim

obter maior entendimento dos relatos passado pelas entrevistadas. Com a aplicação dos

questionários algumas questões obtiveram muitas informações vazias e sem detalhes, que

impossibilitou maior discussão sobre o assunto.

O meio de distribuição dos questionários de deu através das redes sociais, por meio de

divulgação no Instagram e grupos de WhatsApp e, também, encaminhado por e-mail para as

redes hoteleiras da cidade, porém não foi obtido o retorno esperado. O número da amostra foi

menor que o esperado uma vez que não houve o interesse esperado da participação das mulheres

34

em contribuir com a pesquisa acadêmica, não fazem questão de responder aos questionários,

principalmente quando as perguntas são abertas.

Por fim, o presente estudo contribuiu para a explanação e compreensão da temática

principal. Acredita-se que futuros estudos possam somar a este com o intuito de promover as

dificuldades vivenciadas pelas mulheres na inserção do mercado de trabalho. Dessa maneira,

reintegro a necessidade de mais estudos científicos e reflexões sobre essa temática para o setor

de hotelaria para que assim seja possível modificar o pensamento crítico social do mercado de

trabalho hoteleiro objetivando a igualdade entre os gêneros e a melhoria do ambiente de

trabalho.

Para futuros trabalhos em relação a esta temática, seria interessante analisar como se dá

a participação das mulheres no mercado de trabalho durante a pandemia do Corona vírus, a fim

de mostrar os desafios relacionados as questões do trabalho em home office, da dupla jornada

de trabalho e percentual de mulheres ativas no mercado de trabalho neste período. Seria

interessante, também, a realização de uma pesquisa com homens e mulheres sobre o tema, para

que possa contrapor a percepção de ambos os sexos.

35

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APÊNDICE

APÊNDICE PESQUISA DE CAMPO REALIZADA COM AS MULHERES QUE

TRABALHAM NA REDEDE HOTELEIRA DE NATAL/RN.

Prezadas respondentes, me chamo Maria Aparecida da Silva, bacharel do curso de

Administração da Universidade Federal do Rio grande do Norte - UFRN, campus Natal e

estou coletando dados que servirão de base para o meu trabalho de conclusão de curso sobre a

orientação da Profa. Doutora Maria Teresa Pires Costa.

A pesquisa é destinada as trabalhadoras mulheres que atuam na rede hoteleira da cidade

do Natal-RN, as informações coletadas são confidenciais e serão usadas apenas para fins

acadêmicos. Peço a sua colaboração para responder as questões abaixo de forma sincera e de

acordo com as questões propostas.

1) Idade: ____

2) Estado civil: ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Viúvo(a) ( ) Outros

3) Escolaridade: ( ) Analfabeta ( ) Ensino Fundamental completo ( ) Ensino Fundamental

Incompleto ( ) Ensino Médio completo ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Superior

4) Cargo/Função: _______________________________________________________

5) Salário: ( ) de 1 a 3 salários mínimos ( ) de 3 a 6 salários mínimos ( ) de 6 a 10 salários

mínimos.

6) O que significa o trabalho para você?

7) Por que escolheu atuar nesta área?

8) Na empresa que você trabalha existe um plano de carreira (crescimento profissional)

dentro da empresa, se sim, qual?

9) Quais são os seus planos profissionais para o futuro?

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10) Quem é responsável pelos seus afazeres domésticos? Se for você, como concilia com a

sua vida profissional?

11) Em função da família algumas mulheres tendem a deixar a carreira profissional em

segundo plano.

( ) Concordo Inteiramente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo Completamente

12) Em função do conhecimento prévio das questões familiares, as empresas evitam

contratar mulheres para altos postos de trabalho.

( ) Concordo Inteiramente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo Completamente

( ) Não

13) Na empresa que trabalho predomina a cultura de que alguns cargos são destinados ao

sexo masculino.

( ) Concordo Inteiramente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo Completamente

14) Os profissionais homens que atuam na mesma função que a sua recebem salário igual

ao seu?

( ) Sim ( ) Não