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CENTRO ESPÍRITA HUMILDADE, AMOR E LUZ Rua das Paineiras, 247 S. Francisco Campo Grande/MS Setembro/2017 O PASSE MAGNÉTICO Conceitos e Fundamentos (Uma Visão Espírita)

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CENTRO ESPÍRITA HUMILDADE, AMOR E LUZ

Rua das Paineiras, 247 – S. Francisco – Campo Grande/MS

Setembro/2017

O PASSE MAGNÉTICO Conceitos e Fundamentos

(Uma Visão Espírita)

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PREÂMBULO

A aplicação de passes, também chamada fluidoterapia, é um dos atendimentos oferecidos

por quase totalidade das casas espíritas brasileiras, com raras exceções. No Centro Espírita

Humildade, Amor e Luz este trabalho vem sendo desenvolvido desde a sua fundação em

27/04/1967. Dessa forma, necessário mantermos nossos trabalhadores sempre atualizados com

esse importante trabalho oferecido aos frequentadores da nossa casa de oração.

Adeso a Federação Espírita de Mato Grosso do Sul, razoável mantermo-nos seguindo suas

diretrizes, já que a adesão à FEMS demonstra o firme proposito de seguir os ensinamentos de

Kardec, na sua maior pureza doutrinária, ou seja, considerando sempre, como fonte primária de

informação as obras básicas da codificação.

Tanto é assim que em nosso estatuto social, consta, como um dos objetivos da casa, o

estudo, a prática e a difusão do Espiritismo em todos os seus aspectos, com base nas obras de

Allan Kardec, que constituem a Codificação Espírita e nas obras que, seguindo seus princípios e

diretrizes, lhe são complementares e subsidiárias.

Assim, entendemos que, para não nos desviarmos dos ensinamentos de Kardec e de Jesus,

devemos observar a simplicidade dos conceitos escritos, praticados e alicerçados na Codificação,

cujas recomendações básicas foram apoiadas pelos “Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos

Céus” 1 no dizer do Espírito de Verdade, na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Desse modo, ao final da apostila, fizemos questão de transcrever os textos de onde

buscamos a informação apresentada, os quais estão anexados como leitura complementar ao

estudo, o que visa facilitar o acesso à literatura pelo participante, de modo a clarear e firmar todo

entendimento a respeito de cada item estudado.

Esperamos que, ao final, todos os participantes possam ter ampliado suas visões e firmado

entendimento sobre essa considerável atividade desenvolvida no Centro Espírita Humildade, Amor

e Luz, optando por executar o passe na forma mais simples e eficiente possível.

Fiquem com Deus.

1 Bezerra de Menezes. (Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, em 9 de novembro de

2003, no encerramento da Reunião do Conselho Federativo Nacional, na sede da FEB – Brasília. Publicada em Reformador/dezembro de 2003)

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Sumário 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 7

2. TERAPIA DE AMOR .................................................................................................................... 8

3. FLUIDO ...................................................................................................................................... 8

3.1. Que é fluido? ............................................................................................................................. 8

3.2. Fluidoterapia ............................................................................................................................. 9

4. FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL E FLUIDOS ESPIRITUAIS ................................................................ 9

4.1. Fluído Cósmico Universal ........................................................................................................... 9

4.2. Fluidos espirituais .................................................................................................................... 10

4.3. Bibliografia .............................................................................................................................. 11

5. FLUIDOS PERISPIRITUAIS – AURA ............................................................................................. 12

5.1. O perispírito ............................................................................................................................ 12

5.2. Fluidos perispirituais ............................................................................................................... 12

5.3. Aura ........................................................................................................................................ 12

5.4. Exame de aura ......................................................................................................................... 13

5.5. Bibliografia .............................................................................................................................. 13

6. AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE OS FLUÍDOS................................................................................. 14

6.1. Características dos fluidos ....................................................................................................... 14

6.2. Classificação dos fluidos .......................................................................................................... 15

6.3. Assimilação fluídica ................................................................................................................. 15

6.4. Conclusões sobre fluidos ......................................................................................................... 15

6.5. Bibliografia .............................................................................................................................. 16

7. PRINCÍPIO (OU FLUIDO) VITAL.................................................................................................. 17

7.1. O agente da vida orgânica........................................................................................................ 17

7.2. Quando o ser o haure e libera .................................................................................................. 17

7.3. O fluido vital do corpo físico .................................................................................................... 17

8. O PASSE .................................................................................................................................. 19

8.1. Que é? .................................................................................................................................... 19

8.2. Seu mecanismo ....................................................................................................................... 19

8.3. Para que o passe alcance seu melhor resultado, é necessário: .................................................. 19

8.4. O passe ao longo da história .................................................................................................... 20

8.5. Tipos de passes (quanto ao seu agente) ................................................................................... 20

9. O MÉDIUM APLICADOR DE PASSES .......................................................................................... 22

9.1. Preparo do médium aplicador de passes .................................................................................. 22

9.2. Quem pode aplicar passes? ...................................................................................................... 22

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9.3. Bibliografia .............................................................................................................................. 23

10. EM QUEM APLICAR O PASSE ..................................................................................................... 24

10.1. Critério na aplicação do passe ................................................................................................... 24

10.2. Passe nos obsidiados ................................................................................................................ 25

10.3. Passe nos doentes pré-agônicos................................................................................................ 25

10.4. Bibliografia .............................................................................................................................. 25

11. PREPARANDO-SE PARA APLICAR O PASSE ................................................................................. 26

11.1. Preparo do receptor ................................................................................................................. 26

11.2. Orientará, em síntese, sobre o seguinte: ................................................................................... 26

11.3. O preparo do médium aplicador de passes ................................................................................ 26

12. DURANTE A APLICAÇÃO DO PASSE ............................................................................................ 28

12.1. Intimamente ............................................................................................................................ 28

12.2. Externamente .......................................................................................................................... 28

12.3. Tempo de aplicação .................................................................................................................. 29

12.4. Exaustão .................................................................................................................................. 29

13. FINALIZANDO O PASSE ............................................................................................................. 30

13.1. Resultados do passe ................................................................................................................. 30

13.2. Prece final ................................................................................................................................ 31

13.3. Recomposição do médium aplicador de passes ......................................................................... 31

14. PASSES NO CENTRO E FORA DELE.............................................................................................. 32

14.1. No Centro Espírita .................................................................................................................... 32

14.2. Sala (ou câmara) de passes ....................................................................................................... 32

14.3. Luminosidade ambiente ........................................................................................................... 32

14.4. Equipe de médium aplicador de passes ..................................................................................... 32

14.5. Preparo do público ................................................................................................................... 33

14.6. Nos lares .................................................................................................................................. 33

14.7. Em outros locais ....................................................................................................................... 33

15. RECOMENDAÇÕES AOS QUE VÃO RECEBER O PASSE ................................................................. 34

15.1. Para você que vai receber o passe............................................................................................. 34

15.2. Você sabe o que é o passe? ...................................................................................................... 34

15.3. Prepare-se para receber o passe ............................................................................................... 34

15.4. A fé é necessária ...................................................................................................................... 34

15.5. O merecimento também .......................................................................................................... 34

15.6. Atitude para com o médium aplicador de passes ....................................................................... 35

15.7. O que você pode sentir durante o passe .................................................................................... 35

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15.8. Ao final do passe ..................................................................................................................... 35

15.9. Em equipe ............................................................................................................................... 35

15.10. Autopasse ........................................................................................................................ 35

16. TÉCNICA DE APLICAÇÃO DE PASSES .......................................................................................... 36

17. CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 38

LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................................ 39

Livro: Missionários da Luz ................................................................................................................. 39

MAS O QUE É PUREZA DOUTRINÁRIA? .............................................................................................. 45

Livro dos Médiuns ............................................................................................................................ 46

Livro Caminho, verdade e vida. ......................................................................................................... 47

Livro Pão Nosso ................................................................................................................................ 50

Livro Seara dos Médiuns ................................................................................................................... 50

Livro Religião dos Espíritos ............................................................................................................... 51

Livro Emmanuel ............................................................................................................................... 51

Livro Pão Nosso ................................................................................................................................ 52

Livro Obsessão, passe e doutrinação ................................................................................................. 54

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1. INTRODUÇÃO

"E rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe

imponhas as mãos para que sare, e viva." (Marcos, 5:23)

Jesus impunha as mãos nos enfermos e transmitia-lhes os bens da saúde. Seu amoroso poder conhecia os menores desequilíbrios da natureza e os recursos para restaurar a harmonia indispensável. Nenhum ato do Divino Mestre é destituído de significação. Reconhecendo essa verdade, os apóstolos passaram a impor as mãos fraternas em nome do Senhor e tornavam-se instrumentos da Divina Misericórdia.

“Ao pôr-do-sol, todos os que tinham enfermos de diferentes moléstias lhos traziam; e ele os curava, impondo as mãos sobre cada um.” (Lucas 4. 40).

“E aconteceu estar de cama enfermo de febre e disenteria o pai de Públio, que Paulo foi ver, e, havendo orado, pós as mãos sobre ele, e o curou.” (Ats 28:8)

Este gesto foi valorizado por Jesus e seu desejo era de que se mantivesse no tempo:

"Estes sinais acompanharão os que creem: (…) imporão as mãos sobre os doentes e serão curados" (Mc 16, 17-18).

Portanto, esta possibilidade está ao alcance de todo aquele que crer.

O texto não diz que estes sinais acompanhariam somente os apóstolos. De fato, nos Atos dos Apóstolos (9:17), vemos Ananias, um simples fiel, impondo suas mãos sobre Saulo para que se recuperasse da cegueira e ficasse cheio do Espírito Santo. Uma das funções deste gesto hoje é servir de ponte para que Jesus transfira seu amor e sua compaixão.

Atualmente, no Cristianismo redivivo, temos, de novo, o movimento socorrista do plano invisível, pela imposição das mãos. Os passes, como transfusões de forças psíquicas, em que preciosas energias espirituais fluem dos mensageiros do Cristo para os doadores e beneficiários, representam a continuidade do esforço do Mestre para atenuar os sofrimentos do mundo.

Seria audácia por parte dos discípulos novos a expectativa de resultados tão sublimes quanto os obtidos por Jesus junto aos paralíticos, perturbados e agonizantes.

O Mestre sabe, enquanto nós outros estamos aprendendo a conhecer. É necessário, contudo, não desprezar-lhe a lição, continuando, por nossa vez, a obra de amor, por meio das mãos fraternas.

Onde exista sincera atitude mental do bem, pode estender-se o serviço providencial de Jesus. Não importa a fórmula exterior. Cumpre-nos reconhecer que o bem pode e deve ser ministrado em seu nome.

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2. TERAPIA DE AMOR

Os estudos de Franz Anton Mesmer acerca do magnetismo abriram novos horizontes para a pesquisa científica. Suas experiências, embora incompreendidas no início, demonstraram a ação do psiquismo sobre a moléstia.

Mais tarde, outros experimentadores aprofundaram seus estudos, clareando as noções sobre os fluidos e a sua movimentação, pela ação da vontade. Não era outro o recurso utilizado por Jesus para restabelecer a saúde dos enfermos.

A expansão do seu psiquismo superior, pela ação da vontade rigorosa, lograva alcançar as células enfermas, devolvendo o equilíbrio energético em que culminava toda a cura.

Com Allan Kardec, o estudo do fluidismo ganha a chancela da experimentação científica.

Sem esbarrar no misticismo, o Codificador nos informa sobre a natureza fluídica do Universo e oferece-nos o método para bem ampliarmos nossas energias ao serviço do próximo.

O passe, terapia de amor, está inserido entre os recursos capazes de auxiliar os sofredores, na medida em que lhes possibilita a absorção de novas energias, capazes de restabelecer o equilíbrio físico, mental e espiritual. O método continua sendo o de Jesus, que se valeu do amor para apaziguar as criaturas aturdidas.

Espírito Augusto, psicografia de Clayton B. Levy (24/8/1995, C. E. "Allan Kardec", Campinas/SP)

3. FLUIDO

3.1. Que é fluido?

Antes de adentrarmos aos liames do passe, preciso se faz estudarmos os fluidos, posto que, sem esse estudo estaremos mais ligados ao misticismo do que à ciência espírita.

Segundo a ciência oficial, fluido é a designação da fase não-sólida da matéria, a qual pode apresentar três subfases: a pastosa, a líquida e a gasosa.

Em princípio, assim também o reconhecemos no âmbito doutrinário espírita. André Luiz (psicografia de Francisco C. Xavier e Waldo Vieira) informa: "Definimos o fluido, dessa ou daquela procedência, como sendo um corpo cujas moléculas cedem invariavelmente à mínima pressão, movendo-se entre si, quando retidas por um agente de contenção, ou separando-se, quando entregues a si mesmas." (Evolução em Dois Mundos, parte 1ª, cap. XIII - "Alma e fluidos")

Mas, à luz do Espiritismo, o conceito de fluido é bem mais amplo que o da ciência oficial. "Leon Denis afirma que a matéria, quando se rarefaz, fica invisível, imponderável, toma aspectos cada vez mais sutis, os quais chamamos fluidos." Comenta o Dr. Ary Lex que, de sua parte, aduz: "A medida que se rarefaz, ganha (a matéria) novas propriedades , entre as quais uma irradiação progressivamente maior, tomando a forma de energia."

"A Física moderna praticamente derrubou a separação rígida entre matéria e energia, considerando-as, substancialmente, a mesma coisa, em graus de concentração e estrutura diferentes." (Do Sistema Nervoso à Mediunidade, cap. VII)

Na conceituação espírita, portanto, a palavra fluido designa tipo de matéria ultrarrarefeita em forma de energia.

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A palavra “fluido” "não é o melhor termo para denominar estas substâncias", concorda Mauro Quintella, explicando: "no tempo em que Kardec viveu, o estudo dos líquidos e, principalmente, dos gases levou os cientistas a superestimarem o papel dos fluidos, que passaram a ser a solução para tudo o que fosse invisível aos olhos humanos."

"Se hoje sabemos que para explicar a natureza dessas substâncias, doutrinariamente conhecidas como fluidos, temos que recorrer às teorias relativísticas e quânticas, naquela época isto era impossível. Mesmo porque os feitos de Plank e Einstein são bem posteriores."

"Os espíritos que colaboraram na codificação adaptaram sua linguagem às ideias e terminologia científica do século XIX, usaram a terminologia que era humanamente entendível, muito embora não desconhecessem explicações mais corretas." (Artigo no Suplemento Literário do Correio Fraterno do ABC, junho/1984)

3.2. Fluidoterapia

Os elementos fluídicos do mundo espiritual escapam aos nossos instrumentos de análise e à percepção dos nossos sentidos, feitos para perceberem a matéria tangível e não a matéria etérea. Em falta da observação direta, podem ser observados os seus efeitos (...), adquire-se sobre a natureza deles conhecimentos de alguma precisão.

É essencial esse estudo, porque está nele a chave de uma imensidade de fenômenos que não se conseguem explicar unicamente com as leis da matéria. (Allan Kardec, A Gênese, FEB, cap. XIV, item 4)

Fluidoterapia é a utilização dos fluidos com finalidade terapêutica, para o tratamento dos enfermos. No Movimento Espírita, emprega-se a fluidoterapia para auxiliar aos enfermos físicos e espirituais, fraterna e gratuitamente.

Para bem empregar a fluidoterapia, é indispensável tenhamos, ao menos, noções preliminares sobre o que são os fluidos e como podemos agir sobre eles.

A esse respeito, o Espiritismo fornece valiosas instruções, as quais procuraremos transmitir, de forma simples e resumida.

Os interessados em mais informações poderão recorrer à bibliografia que será citada em cada capítulo.

4. FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL E FLUIDOS ESPIRITUAIS

4.1. Fluído Cósmico Universal

A matéria elementar, primitiva, do universo é um fluido, denominado fluido cósmico universal. Sua natureza é ainda pouco conhecida, mas sabemos que:

1) São-lhe inerentes as forças que presidiram as metamorfoses da matéria, as leis imutáveis que regem o mundo.

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Na Terra, essas múltiplas forças são conhecidas sob os nomes de gravidade, coesão, afinidade, atração, magnetismo, eletricidade ativa etc. E os movimentos vibratórios do fluido são conhecidos sob os nomes de som, calor, luz.

Em outros mundos, as forças se apresentam sob outros aspectos, revelam outros caracteres desconhecidos na Terra. "Cada orbe possui (a lei de fluidos) de conformidade com sua organização planetária." (Emmanuel, psicografia de Francisco O Xavier, O Consolador, questão 23)

"Na imensa amplidão dos céus, forças em número indefinito se têm desenvolvido numa escala inimaginável, cuja grandeza tão incapazes somos de avaliar, como o é o crustáceo, no fundo do oceano, para apreender a universalidade dos fenômenos terrestres" (A Gênese, cap. VI, item 10)

2) Apresenta-se em estados que vão da imponderabilidade e da eterização até à condensação ou materialização. Em estado rarefeito, difunde-se pelos espaços interplanetários e penetra os corpos; é como um oceano imenso, no qual tudo e todos no universo estão mergulhados.

3) Distingue-se da matéria que conhecemos por suas propriedades especiais; é matéria mais perfeita, sutil, e que se pode considerar independente. Mas é ela mesma que, em suas modificações, dá origem à inumerável variedade dos corpos da natureza e determina as diversas propriedades de cada um deles (no caso, corpo é "porção" limitada de matéria).

4) Desempenha papel intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita (a qual é por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação direta sobre ela). Por ser o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão, e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.

5) É geradora de mundos, coisas e organismos materiais.

"Pelas suas inumeráveis combinações com a matéria e sob a ação do espírito, é suscetível de produzir a infinita variedade das coisas, de que conhecemos uma parte mínima."

4.2. Fluidos espirituais

Os seres espirituais vivem numa atmosfera fluídica, ou seja, inteiramente de fluidos.

É dela que extraem todos os "materiais" sobre os quais atuam e com os quais reduzem tudo o de que necessitam no seu existir.

Os fluidos da atmosfera fluídica são chamados de “fluidos espirituais”. Tal denominação não é rigorosamente exata, porque eles ainda são matéria, já que derivam do fluido cósmico universal.

Dizem fluidos espirituais apenas por uma comparação, porque eles constituem como que "a matéria do mundo espiritual" e guardam afinidade com os Espíritos.

A atmosfera fluídica não é igual em todos os planos e mundos.

Quanto menos material é a vida neles, tanto menos afinidades têm os seus fluidos com a matéria propriamente dita.

Na atmosfera espiritual terrena, os fluidos não são dos mais puros, estão próximos da materialidade e, por muito sutis e impalpáveis que nos pareçam, não deixam de ser de natureza grosseira, em comparação com os fluidos etéreos das regiões superiores.

Os Espíritos que habitam a atmosfera fluídica da Terra extraem dela os fluidos com que formam seu corpo espiritual (perispírito) e o "nutrem", constroem suas moradas, seus instrumentos, veículos etc.

Nessa atmosfera fluídica ocorrem certos fenômenos especiais, tais como:

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O da luz peculiar ao mundo espiritual (a qual, por suas causas e efeitos, é diferente da luz do mundo material);

O da veiculação do pensamento (tal como, na Terra, o ar veicula o som).

O que se produz e ocorre na atmosfera fluídica terrena é perceptível aos Espíritos. Mas escapa aos sentidos físicos dos encarnados, porque visão, audição, olfato, paladar e tato do corpo físico só são afetados pela matéria que os impressione e os fluidos não estão nesse grau, são bem mais sutis.

Os encarnados poderão perceber esses efeitos, quando em desdobramento ou expansão perispiritual, porque o estarão fazendo pelo seu perispírito e não com o corpo físico.

4.3. Bibliografia

De Allan Kardec (FEB):

- O Livro dos Espíritos, 1ª parte, cap. II, questões 22 e 27;

- A Génese, caps. VI (itens 3 a 7, 10, 17 e 18) e XIV;

- O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. VIII, item 130;

- Obras Póstumas, 1ªa parte, "Introdução ao Estudo da Fotografia e da Telegrafia do Pensamento".

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5. FLUIDOS PERISPIRITUAIS – AURA

5.1. O perispírito

O espírito atrai fluidos da atmosfera fluídica do mundo ao qual está ligado, constituindo com eles um corpo espiritual, o seu perispírito. Esse corpo fluídico lhe serve para a relação com o plano espiritual em que vive.

Ao encarnar, é pelo perispírito que o espírito se liga à matéria do nosso plano. O perispírito influi na moldagem do corpo físico e, durante a vida corpórea, serve de intermediário entre o espírito e o corpo, transmitindo ao espírito as impressões que recebe do físico e enviando ao corpo os impulsos que vêm do espírito.

5.2. Fluidos perispirituais

Os fluidos absorvidos e assimilados pelo perispírito ficam individualizados, pois adquirem características que os distinguem entre todos os outros fluidos. São chamados de fluidos perispirituais.

Comandados pela mente, os fluidos perispirituais circulam no perispírito (como o sangue circula por todo o corpo físico, levando-lhe a alimentação e veiculando as escorias). O fluido perispiritual não tem a mesma qualidade e intensidade em todas as pessoas.

Ele se irradia constantemente do perispírito e nenhum corpo lhe serve de obstáculo. Somente a vontade lhe pode ampliar ou limitar a ação.

Em seu estado normal, é imponderável e invisível para nós, só se revelando pelos efeitos que causa. Mas os sonâmbulos lúcidos ou as pessoas dotadas de dupla vista o veem, emitido pelos Espíritos (encarnados ou não), sob a forma de feixes luminosos (semelhante à luz elétrica difusa no espaço). Geralmente espalha sobre os corpos ao seu redor uma coloração mais ou menos acentuada, como uma ligeira bruma (sendo mais frequente na cor amarelada).

5.3. Aura

Cada Espírito (encarnado ou não) está constantemente envolvido por seus próprios fluidos perispirituais, formando a sua "atmosfera individual", que o acompanha em todos os seus movimentos. É a aura que André Luiz chama de "túnica de forças eletromagnéticas".

Essa atmosfera individual se irradia, variando muito na extensão que alcança, conforme a pessoa. Por meio das irradiações de sua aura, a criatura "estende a própria influência que (à feição do proposto por Einstein) diminui com a distância do fulcro consciencial emissor (o próprio ser), tomando-se cada vez menor, mas a espraiar-se no universo infindo."

As diferentes auras:

Encontram-se, cruzam-se, misturam-se sem, contudo, se confundirem;

Harmonizam-se ou se repelem, pelas particularidades dos seus fluidos, causando impressão agradável ou desagradável.

No encarnado, o perispírito não fica circunscrito pelo corpo, mas irradia ao seu derredor e o envolve, formando um halo em torno dele. A aura do encarnado, então, é o resultado da difusão dos campos energéticos que partem do perispírito, envolvendo-se com o manancial de irradiações das células físicas.

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5.4. Exame de aura

Normalmente, a aura é um campo biológico bem estruturado, não apresentando um sistema desordenado de emissão e recepção, tanto assim que é possível examinar a aura por via mediúnica (vidência), para se avaliarem as condições dos encarnados como dos desencarnados.

Mas, ao observarmos a aura, é preciso lembrar que ela pode retratar um estado momentâneo do espírito, que talvez logo venha a se modificar, porque as irradiações da aura variam (no aspecto, cor, amplitude) por causa dos graus evolutivos, aos estados anormais e patológicos e às condições emocionais de sensibilidade, percepção e doação magnética. Observação: Não confundir aura com efeito corona, que é observado até nos minerais, resulta da fuga de alta frequência e voltagem na superfície material em que incide, e não apresenta as imensas variações do campo áurico.

5.5. Bibliografia

De Allan Kardec (FEB):

-A Génese, cap. XIV-"Os Fluidos",

- Obras Póstumas, 1ª parte, "Introdução ao Estudo da Fotografia e Telegrafia do Pensamento" e "O Perispírito e Manifestações dos Espíritos Encarnados e Desencarnados", item 11.

De André Luiz, psicografia de Francisco C. Xavier e Waldo Vieira (FEB):

-Mecanismos da Mediunidade, cap. X - "Fluxo mental" (Campo da aura).

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6. AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE OS FLUÍDOS

Os fluidos são neutros, não possuem qualidades especiais, próprias; sui generis. Adquirem as do meio em que se elaboram e com elas se modificam.

Os Espíritos (encarnados ou não) agem sobre os fluidos com o pensamento e a vontade (e não manipulando, como o fazemos com os elementos materiais). Fazem isso de modo consciente ou inconsciente (basta ao Espírito pensar numa coisa para que ela se produza).

Na "grande oficina ou laboratório da vida espiritual", como diz Kardec, os Espíritos:

Imprimem direção aos fluidos (aglomeram, combinam, dispersam);

Formam conjuntos com determinada aparência, forma, cor;

Mudam suas propriedades (como os químicos fazem com os gases).

6.1. Características dos fluidos

Os fluidos impregnam-se das qualidades (boas ou más) dos pensamentos que os fazem vibrar; e se modificam pela pureza ou impureza dos sentimentos.

Em consequência da impregnação que sofrem, apresentam certas características, tais como:

Odor, consistência e cor (vapor mais ou menos luminoso, colorido e com cheiro);

Propriedades especiais (excitantes ou calmantes, por exemplo).

As qualidades que os fluidos adquirem podem ser temporárias ou permanentes e os fazem especialmente apropriados à produção deste ou daquele efeito.

A duração das qualidades adquiridas pelos fluidos depende:

Do impulso inicial dado pelo pensamento;

Da sustentação desse direcionamento pela vontade;

Da resistência externa que os fluidos encontrem.

Os fluidos perispirituais guardam muito a impressão das qualidades (boas ou más) do próprio Espírito (porque o perispírito recebe, direta e permanentemente, a ação do pensamento).

Espíritos maus produzem maus fluidos perispirituais, deles se envolvem e os emanam. Espíritos bons produzem bons fluidos perispirituais, deles se envolvem e os projetam tão puros quanto o seu grau de perfeição moral.

Afastando os maus Espíritos que viciavam os fluidos de alguém ou de algum lugar, os fluidos podem se depurar novamente. Mas os maus Espíritos, se não se modificarem para melhor, continuarão com os seus maus fluidos onde quer se encontrem.

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6.2. Classificação dos fluidos

Os fluidos não têm denominações (nomes) particulares. São designados pelas suas propriedades, efeitos e tipos originais.

No aspecto moral, trazem o cunho dos sentimentos (ex.: de ódio, de amor).

No aspecto físico, trazem o cunho de suas propriedades (ex.: excitantes, calmantes, tóxicos, expulsivos, reparadores etc.).

O quadro de classificação dos fluidos seria o de todas as paixões, virtudes e vícios do homem, bem como das propriedades da matéria, de acordo com os efeitos que produzem.

6.3. Assimilação fluídica

Fluidos semelhantes se combinam e unem em novas propriedades.

Os diferentes poderão se combinar ou não, dependendo de suas características. Os positivos predominam sobre os negativos, aos quais neutralizam, modificam ou repelem.

Como o perispírito também é de natureza fluídica, pode (por sua expansão e irradiação) assimilar fluidos tão facilmente "como uma esponja se embebe de líquido" (desde que haja entre eles possibilidade de combinação ou dependência).

É assim que o Espírito (encarnado ou não) assimila fluidos exteriores (de outrem ou do ambiente).

No encarnado, os fluidos produzidos ou assimilados, além de agirem sobre o perispírito, influem sobre o corpo físico porque está em contato molecular com o perispírito.

Se os fluidos forem bons, o corpo recebe uma impressão salutar; se forem maus, a impressão é penosa, prejudicial.

Se forem permanentes e enérgicos, os fluidos maus poderão determinar desordens físicas (é a causa de certas moléstias). Os bons, ao contrário, beneficiam e podem até curar.

6.4. Conclusões sobre fluidos

Exercemos sobre os fluidos uma influência que:

Será boa ou má, conforme o tipo de nossos sentimentos e pensamentos, podendo ser dirigida pela vontade;

Atingirá, em primeiro lugar, os fluidos de nosso próprio perispírito;

Irradiar-se-á para outros seres e o ambiente ao nosso redor;

Recebemos, dos outros ou do ambiente, fluidos que poderão nos beneficiar ou prejudicar, conforme sejam bons ou maus e conforme ofereçamos ou não para com eles possibilidade de combinação ou dependência.

Devemos procurar produzir e manter bons fluidos; evitar desgastes, perdas ou transformações prejudiciais em nossos fluidos; restaurar e repor os fluidos prejudicados ou desgastados. Para tanto:

Elevemos o pensamento (prece, meditação, estudo);

Pratiquemos boas ações e cultivemos bons sentimentos;

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Busquemos ambientes bons, moralizados e fraternos; só fiquemos em ambientes malsãos o indispensável para cumprir deveres ou ajudar caridosamente.

Mas não tenhamos receio das más influências fluídicas, porque nosso próprio perispírito é uma fonte fluídica permanentemente ao nosso dispor. Purificando e fortalecendo seus fluidos com os bons pensamentos e sentimentos, faremos dele uma "couraça protetora" contra a má influência.

"Os Espíritos realmente bons (encarnados ou não) nada têm a temer da influência dos maus Espíritos." E ajudemos outros a também manterem o seu equilíbrio fluídico:

Transmitindo-lhes bons fluidos, quando possível e necessário;

Orientando-os para que também produzam e mantenham seus próprios fluidos bons.

6.5. Bibliografia

De Allan Kardec (FEB):

- A Génese, cap. XIV - "Os Fluidos", itens 13 a 21;

- Livro dos Médiuns, cap. VIII, 2a parte, itens 130 e 131.

De Leon Denis (FEB):

- No Invisível, cap. XV - "A força psíquica. Os fluidos. O magnetismo".

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7. PRINCÍPIO (OU FLUIDO) VITAL

7.1. O agente da vida orgânica

"(...) A vida é um efeito devido a ações de um agente sobre a matéria."

Esse agente sem a matéria não é a vida, do mesmo modo que a matéria não pode viver sem esse agente.

Ele dá vida a todos os seres que o absorvem e assimilam.

É o fluido (ou princípio) vital. Tem sua fonte ou origem no fluido cósmico universal (resulta de uma de suas modificações) e nele reside, em estado latente, até que os seres o absorvam e assimilem.

7.2. Quando o ser o haure e libera

É ao encarnar que os seres orgânicos (vegetais e animais, e até mesmo o homem) haurem o princípio vital. Este, ao se unir a matéria, desenvolve a vitalidade que estava latente, animaliza a matéria (dá-lhe movimento e atividade, o que a distingue da matéria inerte).

Ao desencarnar, os seres restituem o fluido vital à fonte Universal, de onde o haviam haurido. "Morto o ser orgânico, os elementos que o compõem sofrem novas combinações de que resultam novos seres, os quais haurem na fonte universal o princípio da vida e da atividade, absorvem-no e assimilam, para novamente o restituírem a essa fonte, quando deixarem de existir."

7.3. O fluido vital do corpo físico

Os órgãos se impregnam (por assim dizer) do fluido vital e ele dá atividade a todas as partes do organismo. Por outro lado, é a ação dos órgãos que entretém e desenvolve a atividade do princípio vital do corpo físico.

Durante a vida corpórea:

O fluido vital continua a ser absorvido e assimilado pelo ser, por meio das substâncias que o contêm (ar, água, alimentos, etc.);

E o bom funcionamento dos órgãos mantém a "circulação" do fluido vital no organismo.

Quando o corpo sofre certas lesões, o fluido vital em atividade ainda pode restabelecer a comunicação das partes do organismo entre si e, assim, normalizar as funções que haviam sido momentaneamente perturbadas.

Mas se as lesões ou o desgaste orgânico ultrapassarem determinados limites, o fluido vital pode vir a se esgotar, tornando-se insuficiente para a conservação da vida no corpo que, então, morrerá.

"Num aparelho elétrico, temos a imagem mais exata da vida e da morte. Esse aparelho, como todos os corpos da natureza, contém a eletricidade em estado latente. Os fenômenos elétricos, porém, não se produzem senão quando o fluido é posto em atividade por uma causa especial. Poder-se-ia dizer então que o aparelho está vivo. Vindo a cessar a atividade, cessa o fenômeno: o aparelho volta ao estado de inércia. Os corpos orgânicos são, assim, uma espécie de pilhas ou aparelhos elétricos nos quais a atividade do fluido determina o fenômeno da vida. A cessação dessa atividade causa a morte."

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7.4. Sua quantidade nos seres e sua transmissão

"A quantidade de fluido vital não é absoluta em todos os seres orgânicos. Varia segundo as espécies e não é constante quer em cada indivíduo, quer nos indivíduos de uma espécie."

"Alguns há que se acham, por assim dizer, saturados desse fluido, enquanto outros o possuem em quantidade apenas suficiente. Daí para alguns, vida mais ativa e tenaz e, de certo modo, superabundante."

O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que o tenha de menos, melhorando-lhe as condições de vida e, em certos casos, prolongando-lhe a vida prestes a se extinguir.

7.5. Bibliografia

De Allan Kardec (FEB):

- O Livro dos Espíritos, Ia parte, cap. IV, questões 60 a 70 e 427;

- A Génese, cap. X, itens 16 a 19.

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8. O PASSE

8.1. Que é?

O passe é uma transfusão de energias psíquicas e espirituais, isto é, a passagem de um para outro indivíduo de certa quantidade de energias fluídicas vitais (psíquicas) ou espirituais propriamente ditas.

Emmanuel o define como uma "transfusão de energias fisio-psíquicas", em "O Passe", do livro Segue-me!...

Beneficia a quem o recebe, porque oferece novo contingente de fluidos bons e modifica para melhor os fluidos já existentes (saneia, fortalece).

Emmanuel o considera "equilibrante ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos" e compara sua ação à do antibiótico e à da assepsia, que servem ao corpo, frustrando instalação de doenças. (Opinião Espírita, "O Passe")

Há pessoas que têm uma capacidade de maior absorção e armazenamento dessas energias que emanam do Fluido Cósmico Universal e da própria intimidade do Espírito.

Tal requisito as coloca em condições de transmitirem esse potencial de energias a outras criaturas que eventualmente estejam necessitando.

A aglutinação dessa força se faz automaticamente e, também, atendendo aos apelos do passista através da prece.

Assim municiado com essa carga, o passista a transmite pela imposição das mãos sobre a cabeça do paciente, com discretos movimentos, sem a necessidade de tocar-lhe o corpo, porque a força se projeta de uma para outra aura, estabelecendo uma verdadeira ponte de ligação.

O fluxo energético se mantém e se projeta à custa da vontade do passista, como também de entidades espirituais desencarnadas que o auxiliam na composição dos fluídos, não havendo, portanto, necessidade de incorporação mediúnica.

O médium age somente sob a influência da entidade e, por isso, não precisa falar aconselhar ou transmitir mensagens concomitantes ao passe.

As forças fluídicas vitais (psíquicas) dependem do estado de saúde do médium e as espirituais do seu grau de desenvolvimento moral.

Daí se conclui que o médium passista deverá estar o mais possível, em perfeito equilíbrio orgânico e moral.

8.2. Seu mecanismo

Constantemente, estamos irradiando e recebendo fluidos do meio que habitamos e dos seres (encarnados ou não) com que convivemos, numa transmissão natural e automática.

O passe, porém, é uma transfusão feita com intenção e propósito. Quem o aplica, atua deliberadamente.

8.3. Para que o passe alcance seu melhor resultado, é necessário:

A) Que o médium aplicador de passes use o pensamento e a vontade, a fim de captar os fluidos, emiti-los e fazê-los convergir para o assistido.

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B) Que haja um clima de confiança entre o socorrista e o necessitado, a fim de se formar um elo de força entre eles, pelo qual "verte o auxílio da Esfera Superior, na medida dos créditos de um e de outro".

C) Que o paciente esteja receptivo, para sua mente aderir à ideia de trabalho restaurativo e comece a sugeri-lo a todas as células do corpo físico; então, irá assimilando o recurso vital que estiver recebendo e, pelas várias funções do sangue, o reterá na própria constituição fisiopsicossomática.

(André Luiz, psicografia Francisco C. Xavier e Waldo Vieira, Mecanismos da Mediunidade, cap. XXII - "Mediunidade curativa")

8.4. O passe ao longo da história

O passe não surgiu com o Espiritismo, não é uma criação da Doutrina Espírita.

Esse meio de socorrer os enfermos do corpo e da alma já era conhecido e empregado na Antiguidade.

Jesus o utilizou, "impondo as mãos" sobre os enfermos e os perturbados espiritualmente, para beneficiá-los. E ensinou essa prática aos seus discípulos e apóstolos, que também a empregaram, largamente, como vemos em "Atos dos Apóstolos".

Ao longo dos tempos, o passe continuou a ser usado, sob várias denominações e formas, em todo o mundo, ligado ou não a práticas religiosas.

No século anterior a Kardec, tudo o que então se conhecia sobre fluidos e como empregá-los estava consubstanciado no Magnetismo, de que o médico austríaco Mesmer foi o grande expoente, beneficiando muitos enfermos. Mas havia, ainda, muita ignorância sobre o que fossem os fluidos e a forma de sua transmissão.

Vimos, também, que a codificação da Doutrina dos Espíritos, por Allan Kardec, permitiu entendermos melhor o processo pelo qual o ser humano influencia e é influenciado fluidicamente, tanto no plano material como no espiritual.

Na atualidade, ele continua a ser empregado por outras religiões, que o apresentam sob nomes e aparências diversas (bênção, unção, johrei, benzedura etc). Pessoas sem qualquer relação com movimentos religiosos também o empregam (ex.: a sensitiva Djuna Davitashvili, na Rússia).

É no meio espírita, porém, que o passe se encontra mais bem compreendido e mais largamente difundido e utilizado. Nele, o passe que Jesus ensinou e exemplificou veio a se tornar uma das principais práticas de ação fluídica. Nada mais natural, pois o Espiritismo é a revivescência do puro Cristianismo.

8.5. Tipos de passes (quanto ao seu agente)

Em relação ao seu agente, o passe pode ser classificado em:

A) Magnético - Quando ministrado somente com os recursos fluídicos do próprio médium aplicador de passes (magnetismo humano).

B) Espiritual - Quando ministrado pelos Espíritos unicamente com seus próprios fluidos (magnetismo espiritual), sem o concurso de intermediário (médium, médium aplicador de passes). Os Espíritos agem com observância da sintonia e considerando os méritos ou

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necessidade do paciente (que, às vezes, nem percebe ter sido beneficiado). Para receber um passe espiritual, basta orar e colocar-se em estado receptivo.

C) Humano-Espiritual - Quando os Espíritos combinam seus fluidos com os do médium aplicador de passes, dando-lhes características especiais (magnetismo misto ou humano-espiritual).

"O fluido humano está sempre mais ou menos impregnado de impurezas físicas e morais do encarnado; o dos bons Espíritos é necessariamente mais puro e, por isto mesmo, tem propriedades mais ativas, que acarretam uma cura mais pronta." (Revista Espírita, 1865, setembro, "Da Mediunidade Curadora")

O concurso dos Espíritos poderá ser espontâneo ou provocado pelo médium aplicador de passes, com uma prece ou simplesmente num propósito (que equivale a apelo íntimo). Essa assistência espiritual é sempre desejável.

D) Mediúnico - Quando os Espíritos atuam por meio de um médium (incoporado). O fluido dos bons Espíritos "passando através do encarnado, pode alterar-se um pouco (como água límpida passando por um vaso impuro), daí, para todo verdadeiro médium curador, a necessidade absoluta de trabalhar a sua depuração." (Revista Espírita, 1865, setembro, "Da Mediunidade Curadora").

Haverá ocasiões em que seja bom e mesmo necessário o médium aplicador de passes atuar inteiramente mediunizado. Mas, nos serviços comuns de passe num Centro, isso não é aconselhável, porque:

D.1. Nem sempre o assistido está preparado para presenciar manifestações mediúnicas e poderá se impressionar mal (mesmo sem que o comunicante chegue a falar qualquer palavra);

D.2. Poderá causar (aos olhos dos assistidos) uma diferenciação entre os médiuns passistas, diferenciação indesejável, porque é desnecessária e prejudicial;

D.3. Poderá se estabelecer diálogo entre Espírito e o assistido e:

Não haverá o dirigente para controlar e orientar o intercâmbio e analisar a comunicação;

Há tendência de se atribuir ao Espírito comunicante uma superioridade que ele pode não possuir (um Espírito pode ser bom transmissor de energia, mas não ser um instrutor ou orientador);

O assistido pode acostumar-se mal e querer sempre orientação verbal durante o passe, mas os Espíritos como sabemos nem sempre querem ou podem comparecer e se comunicar.

Em conclusão: o passe não é o momento adequado para manifestações mediúnicas. Quem é médium, além de médium aplicador de passes, tem as reuniões apropriadas para dar passividade aos Espíritos comunicantes.

"Interromper as manifestações mediúnicas no horário de transmissão do passe curativo. Disciplina é a alma da eficiência."

(André Luiz, psicografia de Waldo Vieira, Conduta Espírita, cap. XXVIII - "Perante o Passe")

Observação:

No passe também podem ser utilizados (pelos encarnados ou não) os fluidos da própria natureza, retirados do meio ambiente. (Ver: A Gênese, cap. XIV, itens 31 a 34)

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9. O MÉDIUM APLICADOR DE PASSES

9.1. Preparo do médium aplicador de passes

O médium aplicador de passes deve, em primeiro lugar, preparar-se convenientemente através da elevação espiritual, por meio de preces, meditações e leituras adequadas.

Em segundo lugar, deve encarar a transmissão do passe como um ato eminentemente fraternal, doando o que de melhor tenha em sentimentos e vibrações.

A transmissão do passe se faz pela vontade que dirige os fluidos para atingir os fins desejados. Daí concluir-se que, antes de quaisquer posições, movimentos ou aparatos exteriores, a disposição mental de quem aplica e de quem recebe o passe é o mais importante.

Deve-se, na transmissão do passe, evitar condicionamentos que já se tornaram usuais, mas que unicamente desvirtuam a boa prática espírita.

9.2. Quem pode aplicar passes?

Em princípio, qualquer pessoa saudável e de boa vontade em auxiliar ao próximo pode aplicar passes.

Não lhe faltará ajuda espiritual, porque, na falta de elemento mais eficiente, os Espíritos utilizam todo aquele que, tendo saúde e razoável equilíbrio, se dispuser ao passe.

Mas, para servir bem neste campo, de modo mais efetivo, é preciso que se cultivem e mantenham algumas condições básicas, a saber:

1) Fisicamente: ter saúde e boa disposição.

É indispensável que o médium aplicador de passes cuide do físico, porque no passe há contribuição magnética pessoal, e do seu estado de saúde dependerão: a quantidade e qualidade dos fluidos que doará.

Devem abster-se de dar passes as pessoas com doenças graves, infecciosas, debilitantes, pois não estão em condições de doar fluidos e os que têm estão enfermiços. Mas não são impedidos de aplicar passes os que tenham indisposições ligeiras ou estados crónicos não debilitantes nem contagiosos (ex.: dor de cabeça, bronquite, alergia).

Os cuidados do médium aplicador de passes com o físico visarão principalmente a:

a) Higiene para assegurar a própria saúde e a dos pacientes;

b) Alimentação, que será sem excessos, adequada ao organismo, com alimentos que ofereçam maior concentração energética;

c) Abolir vícios tais como: álcool, fumo, tóxicos etc., pois prejudicam o rendimento do médium aplicador de passes, impregnam maleficamente os fluidos e servem de atração aos maus Espíritos;

d) Evitar atividades esgotantes e excessos desnecessários (no trabalho, nos esportes, na atividade sexual, etc.), a fim de manter suas reservas de energia vital em condições de servir.

2) Espiritualmente: cultivar as virtudes e manter conduta cristã.

É indispensável que o médium aplicador de passes se cuide espiritualmente, para que produza fluidos bons e não altere prejudicialmente os que receber dos bons Espíritos.

Os cuidados do médium aplicador de passes, quanto ao espírito, visarão, principalmente:

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a) Ao sentimento fraterno, o sincero desejo de ajudar ao próximo;

b) A fé, em si mesmo, na ajuda e poder divinos, na possibilidade de beneficiar com o passe;

c) A reforma íntima, buscando sempre aperfeiçoar-se moralmente;

d) Ao equilíbrio emocional, para não se desgastar nem perturbar por mágoas excessivas, paixões, ressentimentos, inquietudes, nervosismo, temores etc.;

e) Abster-se de aplicar passes, quando em desequilíbrio espiritual acentuado. Entretanto, não impedem que apliquemos passes aquelas alterações de ânimo que são comuns aos problemas e aflições da vida, porque isso tudo nos cumpre superar na oração e no desejo de servir;

f) À perseverança no trabalho, para que os amigos espirituais possam confiar e contar com a pessoa para a tarefa.

Procure, o médium aplicador de passes, manter conduta cristã sempre, porque a necessidade de aplicar passe em alguém pode surgir a qualquer momento e deverá estar preparado.

3) Intelectualmente: ter conhecimentos especializados sobre o passe.

Este poder (o de curar) pode ser transmitido?

"O poder, não; mas o conhecimento das coisas necessárias para exercê-lo, se possuirmos." (O Livro dos Médiuns, cap. XIV)

Portanto, não ficar só aguardando que lhe surja a qualidade de médium aplicador de passes, como se ela fosse um acontecimento miraculoso e não um serviço do bem, que pede do candidato o esforço voluntário e laborioso do começo.

Convém procurar conhecer com o que se está lidando, como e para que, e também para poder oferecer mais condições ao Espírito magnetizador que quiser nos assistir, até mesmo recebendo melhor as suas sugestões e avisos.

9.3. Bibliografia

De André Luiz, psicografia de Francisco C. Xavier (FEB):

- Missionários da Luz, cap. XIX - "Passes".

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10. EM QUEM APLICAR O PASSE

O passe não tem contraindicação. Pode ser aplicado em pessoas de qualquer idade (criança, jovem, velho) e portadora de qualquer tipo de enfermidade (orgânica, psíquica ou processo obsessivo).

Só é menos rico em resultados nos adultos que estejam em inconsciência temporária por complicados desajustes do cérebro. Neste caso, cabe ao médium aplicador de passes buscar pela prece a ajuda do plano superior.

10.1. Critério na aplicação do passe

Conquanto valioso e de larga aplicação, esse recurso espiritual não pode ser usado indiscriminadamente. É preciso observar certas condições em quem o recebe, para se obter êxito real.

"A ninguém imponhas precipitadamente as mãos" (Paulo, I Tim 5:22)

Há ou não necessidade do passe?

Em primeiro lugar, verificar se a pessoa precisa mesmo do passe.

Isto pode ser feito:

Pelas informações da própria pessoa; Pela sensibilidade e experiência do médium aplicador de passes no conhecimento humano; Ou, ainda, pela manifestação dos Espíritos a respeito. Uma pessoa espiritualmente

inexperiente pode se desajustar física e psiquicamente ante um problema até comum e de fácil solução. Se esse é o caso da pessoa que nos pede passe, devemos dá-lo, para que a pessoa se reajuste. Mas procuremos, também, sentir de perto a dificuldade desse irmão que sofre para, então, auxiliá-lo com fraterno conforto e orientação segura.

Às vezes, a pessoa precisa mais dessa orientação que do passe. Aliás, sempre que houver oportunidade para isso, o médium aplicador de passes deve oferecer ao paciente meios que o ajudem a encontrar o caminho da recuperação definitiva com Jesus. (Disciplina, ação para o bem).

(Ver: Emmanuel, psicografia de Francisco C. Xavier, Segue-me! cap. "Cura Própria")

Se a pessoa não precisa de passe, devemos informá-la e esclarecê-la a esse respeito, orientando-a para o estudo doutrinário e o serviço ao próximo.

Se não precisa, mas gosta de receber passe com frequência, cumpre-nos esclarecer que:

O passe é como um medicamento; usa-se apenas quando necessário; como hábito, perde a eficácia e não é aconselhável;

Quem recebe passe sem precisar: ocupa tempo e esforço do médium aplicador de passes, em vão; tira a oportunidade de outra pessoa realmente necessitada.

Se pretendes, pois, guardar as vantagens do passe que, em substância, é ato sublime de fraternidade cristã, purifica o sentimento e o raciocínio, o coração e o cérebro.

Ninguém deita alimento indispensável em vaso impuro. Não abuses, sobretudo, daqueles que te auxiliam. Não tomes o lugar do verdadeiro necessitado, tão-só porque os teus caprichos e melindres pessoais estejam feridos. O passe exprime também gastos de forças e não deves provocar o dispêndio de energias do Alto, com infantilidades e ninharias.

Se necessitas de semelhante intervenção, recolhe-te à boa vontade, centraliza a tua expectativa nas fontes celestes do suprimento divino, humilha-te, conservando a receptividade edificante, inflama o teu coração na confiança positiva e recordando que alguém vai arcar com o

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peso de tuas aflições, retifica o teu caminho, considerando igualmente o sacrifício incessante de Jesus por todos nós, porque, de conformidade com as letras sagradas, “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças”. Emmanuel, psicografia de Francisco C. Xavier (Segue-me!..., cap. "O Passe")

Se, apesar de esclarecida, a pessoa quiser continuar com o "hábito" do passe: o médium aplicador de passes usará seu discernimento para não cooperar com esse comodismo, embora use tato e fraternidade.

A propósito, vale lembrar o que André Luiz (psicografia de Francisco C. Xavier) chama de caso de décima vez. (Material de leitura complementar em anexo).

Quando o paciente, após receber socorro completo por dez vezes consecutivas não modifique sua atitude mental para melhor, os bons Espíritos "deixam o enfermo entregue a si mesmo", por enquanto, pois sua missão é de "amparar os que erram e não fortalecer o erro". (Missionários da Luz, cap. XIX - "Passes")

10.2. Passe nos obsidiados

No caso de obsessão, o "toque dos médiuns sobre a região cortical" (plexo frontal) pode promover o desligamento temporário do obsessor, em relação ao obsidiado.

Nesse intervalo, o encarnado pode receber auxílio mais eficiente para recompor seu equilíbrio, restaurar energias desgastadas, renovar atitude mental, a disposição íntima.

Mas os obsessores postam-se nas proximidades, aguardando a vítima para se reacomodarem ou não, conforme a reação da criatura ao passe e às boas orientações recebidas.

Solução definitiva da obsessão está, pois, no esclarecimento evangélico-doutrinário, tanto do obsidiado como, se possível, do obsessor.

10.3. Passe nos doentes pré-agônicos

Nos doentes pré-agônicos, quando a desencarnação é inevitável, o passe pode, ainda, produzir efeitos benéficos:

Suavizando os sofrimentos do enfermo; Favorecendo o processo desencarnatório que esteja dificultado.

10.4. Bibliografia

De Irmão Jacob, psicografia de Francisco C. Xavier (FEB):

- Voltei, "No Grande Desprendimento".

De André Luiz, psicografia de Francisco C. Xavier (FEB):

- Obreiros da Vida Eterna, cap. 13 - "Companheiro libertado".

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11. PREPARANDO-SE PARA APLICAR O PASSE

Para o melhor resultado na emissão e recepção dos fluidos, médium aplicador de passes e receptor precisam estar convenientemente preparados.

11.1. Preparo do receptor

Pelo seu estado mental e emotivo, o receptor enfermo ou sofredor poderá ter, em relação ao passe, um estado receptivo, repulsivo ou neutro.

O ideal é que esteja receptivo, pois o passe será tanto mais eficiente quanto mais intensa a adesão da vontade do paciente ao influxo recebido.

Por isso, o médium aplicador de passes, antes de aplicar o passe, deve procurar estabelecer com o receptor a simpatia possível, animando-o e interessando-o nas coisas espirituais.

11.2. Orientará, em síntese, sobre o seguinte:

1) Os fluidos existem e as leis divinas permitem que trabalhemos com eles para aliviar e curar nossos males.

2) É preciso ter fé, não como mera atitude mística, mas sim como força atrativa e fixadora das energias benéficas.

Fé + recolhimento + respeito = receptividade

Ironia + descrença + dureza de coração = refratariedade

3) Deve orar, silenciosamente, enquanto recebe o passe, para acolher e assimilar bem as energias que lhe forem transmitidas.

4) O passe sempre beneficia, mas o grau dos resultados se fará de acordo com sua fé, merecimento ou necessidade.

O preparo de quem vai receber o passe é um pouco diferente no Centro e nos lares, porque, no Centro, onde são muitas as pessoas a serem assistidas, as informações costumam ser dadas de modo coletivo e o médium aplicador de passes não conversa antes com o receptor.

Contudo, uma frase do tipo “faça sua prece, acolha e assimile os fluidos que lhe serão passados” pode ser dita a cada pessoa pelo médium aplicador, sem se delongar em maiores diálogos no momento do passe.

11.3. O preparo do médium aplicador de passes

Será feito por meio da:

1) Concentração

Para tudo que vamos fazer, precisamos primeiro nos concentrar, centralizar a atenção no que vamos fazer.

No caso do passe, quem o vai transmitir deve firmar o pensamento na atividade espiritual que irá desenvolver, no bem que deseja fazer ao assistido e no amparo que pretende obter do Mundo Maior para essa realização.

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2) Oração

"A oração é prodigioso banho de forças, tal a vigorosa corrente mental que atrai." André Luiz (psicografia de Francisco C. Xavier, Nos Domínios da Mediunidade, cap. XVII - "Serviço de passes")

Orando, o médium aplicador de passes consegue:

a) Expulsar do próprio mundo interior os sombrios remanescentes da atividade comum da luta cotidiana;

b) Sorver, do plano espiritual superior, as substâncias renovadoras para, depois, operar com eficiência em favor do próximo;

c) Atrair a simpatia de veneráveis magnetizadores do plano espiritual.

André Luiz (Nos Domínios da Mediunidade, cap. XVII) mostra-nos Clara e Henrique meditando e orando para, em seguida, aplicarem passes nos necessitados.

Fica evidente, pois, que não há necessidade alguma de o médium aplicador de passes receber antes o chamado "passe de limpeza", a fim de estar em condições de aplicar passes.

Orando, o médium aplicador de passes se "limpa" para, então, melhor servir. Orando, a um só tempo, ajuda e é ajudado, recebe e dá bons fluidos.

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12. DURANTE A APLICAÇÃO DO PASSE

Enquanto aplica o passe, o médium aplicador de passes deve manter a seguinte disposição e atitude:

12.1. Intimamente

Confiança e desejo de ajudar, tudo condicionado à vontade de Deus. Ou seja: fé, amor e humildade. Para uma disposição íntima assim, "o amparo divino é seguro e imediato".

Serenidade para poder registrar, pela intuição, a orientação espiritual para o passe que estiver aplicando.

Mentalizar a recuperação dos órgãos do enfermo, sob a ação dos mensageiros do Senhor; porque receber, transmitir e fixar energias é função exclusiva da mente.

Substituir a curiosidade (que alguma enfermidade física ou espiritual possa causar) pelo amor fraternal, ou não haverá êxito.

12.2. Externamente

A fórmula exterior do passe não importa. Poderá obedecer à fórmula que ofereça maior porcentagem de confiança, não só a quem o dá, como a quem o recebe.

(Emmanuel, psicografia de Francisco C. Xavier, Caminho, Verdade e Vida, "Passes", e O Consolador, questão 99; Kardec, Obras Póstumas, cap. VI, item 54)

Porém o passe deverá ser sempre ministrado de modo silencioso, com simplicidade e naturalidade.

Lembrar-se de que na aplicação de passes não se faz preciso a gesticulação violenta, a respiração ofegante ou o bocejo de contínuo.

“A transmissão do passe dispensa qualquer recurso espetacular." (André Luiz, psicografia de Waldo Vieira, Conduta Espírita, cap. XXVIII)

Evitar, portanto, gestos cabalísticos, esfregar de mãos, estalar de dedos, mímicas, tremores, suspiros, assopros, gemidos (se a sua respiração se acentuar durante o passe, faça-a sem ruído). Esses rituais são oriundos de outras crenças, as quais não cabem na simplicidade necessária à aplicação do passe espírita.

Quanto ao toque no paciente, diz André Luiz: "nem sempre há necessidade"; isto porque casos especialíssimos podem requerer o toque, mas mesmo então, será feito por cima das roupas do enfermo ou das cobertas do leito, e quando não vexe o doente. Normalmente, e preferencialmente, porém, o passe espírita é feito sem se tocar o enfermo. Lembremos que podemos agir somente com o pensamento, ele é o veículo da mente.

No Centro Espírita, especialmente, deve-se evitar tocar nos pacientes, porque, além do toque ser desnecessário, na quase totalidade dos casos que atendemos:

Muitos desconhecem o Espiritismo e eles ou seus acompanhantes veem com estranheza e suspeita o toque pessoal;

Somos criaturas ainda imperfeitas e o toque físico pode desviar-nos da elevação de pensamento necessária ao passe e, quem sabe, levar-nos a envolvimentos emocionais indesejáveis, negativos.

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Portanto, prevenindo males maiores e salvaguardando o trabalhador do passe e da Casa Espírita de quaisquer prejuízos ou suspeitas, recomenda-se a aplicação do passe sem qualquer toque no paciente.

12.3. Tempo de aplicação

Não há tempo estipulado para a duração do passe. Cabe ao médium aplicador de passes usar o bom senso e obedecer à inspiração do momento.

Na Casa Espírita, a prática tem revelado que, em média, o passe costuma ser aplicado em cerca de 40 segundos. A duração de um “Pai Nosso” lentamente pronunciado é o suficiente.

Na aplicação do passe em crianças, principalmente, estas não conseguem concentração por muito tempo, motivo pelo qual o tempo pode ser reduzido.

Maior ou menor número de pessoas a serem atendidas não deve influenciar na duração do passe. Empenhar-se em cada um deles com o máximo interesse e espírito de caridade, para que o trabalho não resulte em mero automatismo.

12.4. Exaustão

O médium aplicador de passes, como mero instrumento que, pela prece, recebe para dar, não precisa "jamais temer a exaustão das forças magnéticas". (André Luiz, psicografia de Waldo Vieira, Conduta Espírita, cap. XXVIII)

Portanto, desde que haja imperiosa necessidade, o médium aplicador de passes poderá dar tantos passes quantos forem precisos, confiante no inesgotável manancial da infinita misericórdia de Deus.

Mas poderá sentir cansaço físico ou mental por estar aplicando passes em muitas pessoas e por muito tempo.

Cabe ao médium aplicador de passes, pois, dosar sua atividade. E, mesmo reconhecendo ser um simples intermediário, poupará suas reservas energéticas evitando excessos desnecessários ou o mau uso, e buscará os meios naturais que o auxiliem na mais rápida recuperação (oração, repouso, alimentação etc.). Desse modo, ajudará o esforço da espiritualidade em seu favor.

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13. FINALIZANDO O PASSE

13.1. Resultados do passe

Não obstante a ajuda dos bons Espíritos, o resultado do passe dependerá das condições do médium aplicador de passes e do receptor.

Tendo recebido o passe, alguns enfermos se sentem curados, outros acusam melhoras, outros permanecem impermeáveis ao serviço de auxílio.

Classificando o resultado do passe, diremos que ele pode ser:

1) Benéfico, quando:

O médium aplicador de passes está em condições físicas e espirituais para transmiti-lo; E quem recebe está receptivo.

São sempre benéficos os resultados de um passe alicerçado na oração e na sinceridade de propósito. Porém, podem nos parecer mais ou menos expressivos, porque há a considerar as necessidades evolutivas e provacionais do assistido.

Às vezes, a ajuda do passe pode se traduzir em melhor disposição mental, em confiança e resignação. Mesmo bom, o resultado do passe será passageiro, não se fixará definitivamente, se a pessoa não mantiver a conduta cristã. Esse o grande papel do espiritismo: o auxílio na mudança espiritual.

2) Maléfico, quando:

O médium aplicador de passes está despreparado física e espiritualmente e emite fluidos grosseiros ou perturbadores em direção ao paciente;

O paciente, também despreparado, não sabe ou não pode fazer frente à carga fluídica que recebe do médium aplicador de passes.

Não sofrerá prejuízo o paciente que:

Acionar seu próprio potencial fluídico para repelir, neutralizar ou modificar os maus fluidos que lhe foram endereçados;

Merecer a interferência de bons Espíritos em seu favor.

3) Nulo, quando o paciente, embora receba boa ajuda do médium aplicador de passes, se mantém impermeável (descrença, leviandade, aversão).

Neste caso, as energias não absorvidas pelo paciente retornam ao médium aplicador de passes ou se combinam com os fluidos ambientes e ficam, assim, de patrimônio geral, até serem canalizadas ou atraídas para quem lhe ofereça receptividade.

Atitude do médium aplicador de passes ante bons resultados alcançados com o passe:

O passe, em última análise, procede de Deus, sendo o médium aplicador de passes um mero instrumento.

Como intermediário da vontade do Alto, entregue o médium aplicador de passes a Deus a condução do seu trabalho, com naturalidade e humildade, evitando:

“contemplar" excessivamente os bons resultados alcançados (é porta aberta à vaidade); Falar sempre dos benefícios que tem proporcionado com seus passes (é ostentação orgulhosa); Ficar curioso ou aflito por resultados nos passes (semeemos o bem, mas a germinação, desenvolvimento, flor e fruto dele pertencem a Deus).

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Certo é, porém, que haverá sempre uma recompensa natural para quem se doa no passe. Dando, recebemos; e geralmente recebemos sempre mais do que damos, porque Deus é muito generoso.

13.2. Prece final

Quer tenham sido amplos ou reduzidos os resultados do passe, nele tivemos a oportunidade de servir, em nome de Jesus, com a permissão divina e a ajuda dos bons Espíritos. Cumpre-nos, pois, agradecer numa oração, pelo que nos foi dado realizar.

13.3. Recomposição do médium aplicador de passes

Na prece final, o médium aplicador de passes encontrará, ainda, a recomposição natural que acaso precise, sem ser necessário que alguém lhe aplique um passe para isso.

Somente em casos especiais, notando que, por si mesmo, não alcança a plena recuperação de suas energias ou de seu equilíbrio, é que o médium aplicador de passes recorrerá ao auxílio de um passe de recomposição, ministrado por outro companheiro de tarefa. Esforçar-se-á, porém, por evitar que isso seja preciso.

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14. PASSES NO CENTRO E FORA DELE

14.1. No Centro Espírita

Núcleo importante de assistência espiritual a encarnados e desencarnados, o Centro Espírita conta com:

1) A constante presença, atuação e proteção dos bons Espíritos.

2) Maiores recursos e aparelhagens fluídicos.

Por isso mesmo é o Centro Espírita o ambiente mais adequado para se aplicar passe.

14.2. Sala (ou câmara) de passes

É a que fica especialmente reservada, no Centro Espírita, para a aplicação de passes. Nela, se "reúnem sublimadas emanações mentais (efeitos dos pensamentos, preces etc.) da maioria de quantos se valem do socorro magnético, tomados de amor e confiança".

(André Luiz, psicografia de Francisco C. Xavier, Nos Domínios da Mediunidade, cap. XVII)

O Centro instalará a sala de passes, se achar possível e conveniente, mas não é uma condição absolutamente indispensável para o serviço de passe.

14.3. Luminosidade ambiente

A redução da luz, durante o passe, pode favorecer a manipulação de certos fluidos, pelos Espíritos. Mas é preferível a claridade plena à muita obscuridade, pelos inconvenientes materiais e pessoais que esta possa acarretar num ambiente coletivo (dificuldade na movimentação do médium aplicador de passes e dos assistidos, má impressão e desconfiança de alguns ante a penumbra).

14.4. Equipe de médium aplicador de passes

A aplicação de passes no Centro Espírita não é feita somente pelos encarnados, mas sim, com a ajuda dos bons Espíritos.

Há, pois, duas equipes em serviço:

1) A espiritual

Organizando os serviços de passe no que lhes compete, os mentores espirituais, para que o trabalho alcance êxito fazem uma seleção e controle dos seus cooperadores, conforme a capacidade fluídica e técnica, comportamento individual, perseverança, etc., pois será preciso experiência, segurança, responsabilidade, assiduidade e observância de horário.

2) A de encarnados

Devemos ter igual cuidado ao formá-la. Os médiuns passistas também devem apresentar as qualidades necessárias (como os cooperadores desencarnados) e seu trabalho será devidamente acompanhado e controlado pela direção dos trabalhos de passe.

A equipe deverá ser sempre a mesma. Cada médium aplicador de passes fará todo o esforço (até sacrifício) para ser pontual e assíduo, de modo a que encarnados e desencarnados possam contar com ele, porque qualquer ausência, mesmo aquela por motivo justo e de substituição providenciada, acarretará algum prejuízo, quando mais não seja, pela necessidade de ajuste do substituto ao grupo.

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14.5. Preparo do público

Antes de iniciar o trabalho, fazer rápida explicação ao público sobre o passe. Aos que já sabem, servirá de lembrete. Aos que comparecem pela primeira vez, a orientação, ainda que ligeira, ajudará a que melhor recebam o passe e lhe fixem os benefícios.

Abrir e encerrar com uma prece a tarefa dos passes. Distribuir em turmas os candidatos ao passe, quando forem muitos.

Havendo falta de médium aplicador de passes, utilizar os passes espirituais (os que são ministrados diretamente pelos Espíritos). Neste caso, fazer ao público uma explicação preliminar:

1) Informando que é e como se faz este tipo de auxílio.

2) Orientando todos a se prepararem para recebê-lo.

Atendimento em separado: para os doentes portadores de moléstias contagiosas, bem como as repugnantes ou que exalam mau cheiro, a fim de evitar possível contágio nos demais assistidos e não causar má impressão nem constrangimento a ninguém (André Luiz, psicografia de Waldo Vieira, Conduta Espírita, cap. XXVIII - "Perante o Passe"), o que não quer dizer que falte nesse atendimento todo o carinho e atenção fraterna que o enfermo merece.

Atendimento em primeiro lugar aos muito enfermos, aos bem idosos, às gestantes e às crianças, por necessidade natural deles e para que não sofram qualquer inconveniente, pela espera a que fiquem sujeitos.

14.6. Nos lares

O médium aplicador de passes poderá aplicar passes no assistido na residência dele. Mas só convém fazê-lo, quando:

1) O enfermo não puder se locomover para ir até o Centro.

2) Houver sido solicitado a isso, pelo próprio enfermo, ou sua família, ou seu responsável; em caso contrário, é preferível limitar-se a assisti-lo com irradiações a distância.

E deve sempre se fazer acompanhar ao menos por mais um colaborador espírita, pois se surgirem complicações, uma só pessoa poderá ter dificuldades, e se desgastar muito para controlar a situação.

14.7. Em outros locais

As circunstâncias podem nos levar a, eventualmente, aplicar passes em enfermos que se encontram em outros locais que não o Centro ou residência, tais como:

1) Hospitais, onde os enfermos estejam internados. Será necessário, então, respeitar as normas gerais do hospital (horário, permissão, etc.).

2) Locais de trabalho profissional, de lazer etc. Só quando for para atender a uma emergência. Nestes casos, o médium aplicador de passes usará de bom senso, a fim de que a tarefa seja executada eficiente e discretamente, de tal modo que só benefícios proporcione a todos e não venha a se tornar um hábito para os assistidos receberem passes fora do Centro.

Haverá outros casos em que, se interferir ostensivamente, o médium aplicador de passes somente despertará curiosidade em terceiros. Por exemplo, na rua, quando pessoas foram acidentadas ou sentiram mal súbito; ou a enfermos que vivem da caridade pública. Melhor, então, será agir com boa vontade, mas caridosa e silenciosamente, pedindo a Deus a cooperação amiga dos Espíritos superiores em favor dessas pessoas. Com a permissão divina, eles poderão ajudá-las de modo eficiente, sem aparecer.

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15. RECOMENDAÇÕES AOS QUE VÃO RECEBER O PASSE

15.1. Para você que vai receber o passe

Esta Casa lhe dá boas vindas, em nome do amor do Cristo.

Para que você encontre no passe a bênção que verdadeiramente procura, permita que antes conversemos um pouco a respeito.

15.2. Você sabe o que é o passe?

O passe é uma transfusão de energias físicas e espirituais. Foi Jesus quem nos ensinou a impor as mãos sobre os enfermos e necessitados e a orar por eles, para serem beneficiados.

É o que vamos fazer por você, agora. E os amigos espirituais, a mando de Jesus, auxiliarão você.

15.3. Prepare-se para receber o passe

Coloque-se bem à vontade na cadeira.

Não cruze braços nem pernas. Apoie as mãos nos joelhos. Não por ritual, mas para que você fique mais confortável. Assim, o corpo fica bem acomodado e a circulação sanguínea é livre e perfeita.

Respire duas ou três vezes profunda e calmamente. Suavizará as tensões musculares.

15.4. A fé é necessária

Para atrair e reter as forças espirituais que vão ser derramadas sobre nós, cada um precisa estar interessado, de boa vontade, confiante.

Quem não se colocar nesse estado de ânimo favorável, dificilmente conseguirá a bênção que procura, porque a incredulidade é uma barreira à atuação dos Espíritos em nosso favor.

Jesus sempre dizia, quando alguém, por meio dele, conseguia uma bênção: "Vai, a tua fé te salvou".

E, de fato, a misericórdia divina está sempre pronta a nos ajudar, dependendo da nossa fé.

Portanto, ore com fervor, silenciosamente, enquanto estiver recebendo o passe.

15.5. O merecimento também

O resultado dependerá não só da fé mas, também, do merecimento ou da necessidade de cada um.

Se nossa situação espiritual ante as leis divinas permitir, receberemos a bênção total, a cura, a solução do problema.

Se isso não for do nosso merecimento, ainda assim, pelo passe, receberemos alívio, melhoras e forças para suportar nossas provações.

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15.6. Atitude para com o médium aplicador de passes

Não converse com o médium aplicador de passes durante o passe. O silêncio é importante para a concentração.

Todos os médiuns aplicadores de passes estão bem assistidos espiritualmente. Por isso, tanto faz tomar passe com este ou aquele.

15.7. O que você pode sentir durante o passe

Durante o passe, geralmente você sentirá bem-estar, alívio e sensação de refrigério e de vigor. Mas há quem sinta calor, frio, formigamento, transpiração excessiva, palpitação, tonteira...

Neste caso, não fique aflito. Tudo isso é passageiro e, terminando o passe, voltará à normalidade.

É que os fluidos estão sendo ativados e renovados e você sente os reflexos dessa modificação. Fique calmo que tudo se normaliza de novo.

Também não é hora de você receber Espíritos, não é o momento para comunicações. Se você é médium, procure controlar sua mediunidade. Se sua mediunidade precisa ser educada, procure o Estudo da Mediunidade da Casa de Oração.

15.8. Ao final do passe

Agradeça a Deus pelos benefícios recebidos.

O passe é uma doação de energias. Alguém teve de ceder alguma coisa de si mesmo para que você recebesse.

Esse recurso divino não pode ser usado sem necessidade. Portanto, volte para o passe quando lhe for indicado, sempre que precisar.

Mas lembre-se de que remédio se toma na dose certa e enquanto precisamos dele. Quando estivermos recuperados, não há mais necessidade do passe.

Se você está em tratamento médico, não deixe de tomar os remédios que o médico lhe receitou, porque o melhor é unir o tratamento terreno ao espiritual.

15.9. Em equipe

É o ministrado por mais de um médium aplicador de passes (dois a quatro), quando o paciente estiver com muita carência fluídica ou em grande perturbação espiritual, ou quando houver expressa orientação espiritual para isso.

15.10. Autopasse

É quando a própria pessoa procura medicar-se magnética e fluidicamente.

Nem todos os doentes podem recorrer ao autopasse, pois é necessário concentração, mesmo que momentânea, para se colocar em condição receptiva, e quem está em aflição, dores agudas, sistema nervoso abalado, dificilmente manterá boa concentração.

O autopasse poderá ser feito com gestos ou sem eles (neste caso, só pela prece, disposição íntima).

Para atingi-lo, é indispensável que, antes, a pessoa procure se acalmar, esquecer ressentimentos, dominar temores etc.

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16. TÉCNICA DE APLICAÇÃO DE PASSES

André Luiz (psicografia de Francisco C. Xavier), em Missionários da Luz (cap. XIX - "Passes"), relata vários casos de enfermos, tipos de passes empregados e resultados obtidos.

A título de exemplo, que poderá ser verificado no material de leitura complementar, André Luiz cita algumas técnicas, que importante se diga, são utilizadas pelos espíritos desencarnados na aplicação de passes. Citando-as: passe longitudinal ou de extensão; rotatório, transversal, perpendicular, mãos combinadas, de sopro quente ou frio.

Porém, destacamos, a seguir, aquilo que o conhecimento da mecânica dos fluidos já nos fez concluir:

Os movimentos que gradativamente foram sendo incorporados à forma de aplicação do passe, por nós, encarnados criaram verdadeiro folclore quanto a esta prática espírita, desfigurando a verdadeira técnica.

José Herculano Pires, no Livro Obsessão, passe e doutrinação, obra de leitura complementar anexo a este material diz: “A técnica do passe não pertence a nós, mas exclusivamente aos Espíritos Superiores.

Só eles conhecem a situação real do paciente, as possibilidades de ajudá-lo em face de seus compromissos nas provas, a natureza dos fluidos de que o paciente necessita e assim por diante.

Os médiuns vivem a vida terrena e estão condicionados na encarnação que merecem e de que necessitam. Nada ou pouco sabem da natureza dos fluidos, da maneira apropriada e eficaz de aplicá-los, dos efeitos diversos que eles podem causar.

Na verdade, o médium só tem uma percepção vaga, geralmente epidérmica dos fluidos. É simples atrevimento – e portanto, charlatanismo – querer manipulá-los e distribuí-los a seu modo e a seu critério. ”

Não há necessidade do toque no paciente para que a transmissão do fluido ocorra. A transmissão se dá de aura para aura.

O encostar de mãos em quem recebe o passe causa reações contrárias à boa recepção dos fluidos e, mesmo, cria situações embaraçosas que convém prevenir.

Sucede que, ao longo do tempo, os passistas passaram a se preocupar mais com os movimentos que deveriam realizar do que com o dirigir seus pensamentos para movimentar os fluidos.

Não há posição convencionada para que o beneficiado deva postar-se para que haja a recepção dos fluidos (pernas descruzadas, mãos em concha voltadas para o alto, etc.).

O importante é a disposição mental para captar os fluidos que lhe são transmitidos e não a posição do corpo.

O médium passista transmite o fluido sem a necessidade de incorporação de um espírito para realizar a tarefa. Daí decorre que o passe deve ser silencioso, discreto, sem o balbuciar de preces, sem a repetição de “chavões” ou orientações a guisa de palavras sacramentais.

O passe deve ser um momento de paz, tanto para quem recebe como para quem doa as energias restauradoras.

Devem-se evitar os condicionamentos desagradáveis, tais como: estalidos de dedos, palmas, esfregação de mãos, respiração ofegante e sopros. Nesse instante, a gesticulação terá caráter secundário. A Jesus, bastava um olhar para que os eflúvios superiores alcançassem o necessitado.

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O estudo da transmissão fluídica tem demonstrado que não há necessidade dos médiuns darem-se as mãos para que a “corrente se estabeleça”, nem a alternância dos sexos para que o passe ocorra, nem a obrigação do passista de livrar-se dos objetos metálicos para não “quebrar a corrente”.

Estamos mergulhados num “mar de fluidos” e o médium, à medida que dá o passe, carrega-se automaticamente de fluidos salutares. Portanto, nada mais é que simples condicionamento a necessidade que certos médiuns apresentam de receberem passes de outros médiuns ao final do trabalho, afirmando-se desvitalizados.

Da mesma forma, não existe um número determinado de passes que o médium poderá dar, acima do qual ele estará prejudicando-se.

Poderá haver cansaço físico, mas nunca desgaste fluídico, se o trabalho for bem orientado.

Logo, a imposição de mãos, como o fez Jesus, é o exemplo mais simples, portanto, mais correto de transmitir o passe.

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17. CONCLUSÃO

Façamos a nós mesmos duas perguntas: Que vim, realmente, fazer nesta Terra? Por que estou querendo aprender sobre o passe?

Que mova-nos tão somente o desejo de atender ao convite do Espírito de Verdade, seguindo seus ensinamentos básicos: “Amai-vos! Este o primeiro mandamento. Instruí-vos! Este o segundo”.

Certos de que buscamos o entendimento do passe para, conhecendo, melhor servir, sirvamos com amor e destemor, pois assim a luz não se fará rogada, e iluminará nossas almas, clareando-nos o Espírito. Por este caminho lograremos a resposta do convite Crístico: “Segue-me!”, que é o que vimos – e devemos – fazer, aqui e em todo lugar!

A nós, que ainda ajudamos na condição de aprendizes, o alcance da eficiência estará na razão direta do amor sincero que formos capazes de sentir pela pessoa beneficiada.

Movimentemos as energias em favor dos necessitados, conscientes de que, nesse exercício de doação fraternal, estaremos beneficiando a nós próprios.

Scheilla, psicografia de Clayton B. Levy (18/11/1994, Centro Espírita "Allan Kardec", Campinas/SP)

“Se abraçamos o Espiritismo, por ideal cristão, não podemos negar-lhe fidelidade.”

“A verdadeira prática Espírita é a expressão da moral cristã, consubstanciada no Evangelho do Mestre Jesus.”2

2 MAS O QUE É PUREZA DOUTRINÁRIA? Resguardemos Kardec das enxertias conceituais e práticas exóticas

Jorge Luiz Hessen

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LEITURA COMPLEMENTAR

Livro: Missionários da Luz Ditado pelo Espírito: EMMANUEL

Psicografada por: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER Cap. 19 – Passes

Em todas as reuniões do grupo, junto ao qual funciona Alexandre, com atribuições de orientador, vários são os serviços que se desdobram sob a responsabilidade dos companheiros desencarnados. Nem sempre me foi possível estudá-los separadamente; todavia, respeito a alguns deles, não me furtei ao desejo forte de receber elucidações do respeitável instrutor. Um desses serviços era o de passes magnéticos, ministrados aos frequentadores da casa.

O trabalho era atendido por seis entidades, envoltas em túnicas muito alvas, como enfermeiros vigilantes. Falavam raramente e operavam com intensidade. Todas as pessoas, vindas ao recinto, recebiam-lhes o toque salutar e, depois de atenderem aos encarnados, ministravam socorro eficiente às entidades infelizes do nosso Plano, principalmente as que se constituíam em séquito familiar dos nossos amigos da Crosta.

Indagando de Alexandre, relativamente àquela seção de atividade espiritual, indicando-lhe os companheiros, em esforço silencioso, esclareceu o mentor, com a bondade de sempre:

— Aqueles nossos amigos são técnicos em auxílio magnético que comparecem aqui para a dispensação de passes de socorro. Trata-se dum departamento delicado de nossas tarefas, que exige muito critério e responsabilidade.

— Esses trabalhadores — interroguei — apresentam requisitos especiais?

— Sim — explicou o mentor amigo —, na execução da tarefa que lhes está subordinada, não basta a boa vontade, como acontece em outros setores de nossa atuação. Precisam revelar determinadas qualidades de ordem superior e certos conhecimentos especializados. O servidor do bem, mesmo desencarnado, não pode satisfazer em semelhante serviço, se ainda não conseguiu manter um padrão superior de elevação mental contínua, condição indispensável à exteriorização das faculdades radiantes. O missionário do auxílio magnético, na Crosta ou aqui em nossa Esfera, necessita ter grande domínio sobre si mesmo, espontâneo equilíbrio de sentimentos, acendrado amor aos semelhantes, alta compreensão da vida, fé vigorosa e profunda confiança no Poder Divino. Cumpre-me acentuar, todavia, que semelhantes requisitos, em nosso Plano,

constituem exigências a que não se pode fugir, quando, na Esfera carnal, a boa vontade sincera, em muitos casos, pode suprir essa ou aquela deficiência, o que se justifica, em virtude da assistência prestada pelos benfeitores de nossos Círculos de ação ao servidor humano, ainda incompleto no terreno das qualidades desejáveis.

Ouvindo as considerações do orientador, lembrei-me de que, de fato, vez por outra, viam-se nas reuniões costumeiras do grupo os médiuns passistas, em serviço, acompanhados de perto pelas entidades referidas. Vali-me, então, do ensejo para intensificar meu aprendizado.

— Os amigos encarnados — perguntei —, de modo geral, poderiam colaborar em semelhantes atividades de auxílio magnético?

— Todos, com maior ou menor intensidade, poderão prestar concurso fraterno, nesse sentido respondeu o orientador —, porquanto, revelada a disposição fiel de cooperar a serviço do próximo, por esse ou aquele trabalhador, as autoridades de nosso meio designam entidades sábias e benevolentes que orientam, indiretamente, o neófito, utilizando-lhe a boa vontade e enriquecendo-lhe o próprio valor. São muito raros, porém, os companheiros que demonstram a vocação de servir espontaneamente. Muitos, não obstante bondosos e sinceros nas suas convicções, aguardam a mediunidade curadora, como se ela fosse um acontecimento miraculoso em suas vidas e não um serviço do bem, que pede do candidato o esforço laborioso do começo. Claro que, referindo-nos aos irmãos encarnados, não podemos exigir a cooperação de ninguém, no setor de nossos trabalhos normais; entretanto, se algum deles vem ao nosso encontro, solicitando admissão às tarefas de auxílio, logicamente receberá nossa melhor orientação, no campo da espiritualidade.

— Ainda mesmo que o operário humano revele valores muito reduzidos, pode ser mobilizado? interroguei, curioso.

— Perfeitamente — aduziu Alexandre, atencioso.

— Desde que o interesse dele nas aquisições sagradas do bem seja mantido acima de qualquer preocupação transitória, deve esperar incessante progresso das faculdades radiantes, não só pelo próprio esforço, senão também pelo concurso de Mais Alto, de que se faz merecedor.

Não longe de nós, permaneciam os técnicos espirituais do auxílio magnético, em atividade metódica. Reconhecia-lhes nos trabalhos silenciosos um mundo novo de ensinamentos, convidando-me a experiências proveitosas; todavia, anotando as

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explicações do instrutor, ponderei quanto à, possibilidade de contribuição pelo esclarecimento de algum amigo encarnado, em face do assunto, e perguntei:

2 — Quando na Crosta, envolvidos pelos fluidos mais densos, como poderemos desenvolver a capacidade radiante, depois da edificação de nossa boa vontade real, a serviço do próximo?

O orientador percebeu-me a intenção e elucidou, de pronto:

— Conseguida a qualidade básica, o candidato ao serviço precisa considerar a necessidade de sua elevação urgente, para que as suas obras se elevem no mesmo ritmo. Falaremos tão só das conquistas mais simples e imediatas que deve fazer, dentro de si mesmo. Antes de tudo, é necessário equilibrar o campo das emoções. Não é possível fornecer forças construtivas a alguém, ainda mesmo na condição de instrumento útil, se fazemos sistemático desperdício das irradiações vitais. Um sistema nervoso esgotado, oprimido, é um canal que não responde pelas interrupções havidas. A mágoa excessiva, a paixão desvairada, a inquietude obsidente, constituem barreiras que impedem a passagem das energias auxiliadoras. Por outro lado, é preciso examinar também as necessidades fisiológicas, a par dos requisitos de ordem psíquica. A fiscalização dos elementos destinados aos armazéns celulares é indispensável, por parte do próprio interessado em atender as tarefas do bem. O excesso de alimentação produz odores fétidos, através dos poros, bem como das saídas dos pulmões e do estômago, prejudicando as faculdades radiantes, porquanto provoca dejeções anormais e desarmonias de vulto no aparelho gastrintestinal, interessando a intimidade das células. O álcool e outras substâncias tóxicas operam distúrbios nos centros nervosos, modificando certas funções psíquicas e anulando os melhores esforços na transmissão de elementos regeneradores e salutares.

O mentor fez uma pausa mais longa, observando em mim o efeito de suas palavras, e concluiu:

— Levada a efeito a construção da boa vontade sincera, o trabalhador leal compreende a necessidade do desenvolvimento das qualidades a que nos referimos, porquanto, em contato incessante com os benfeitores desencarnados, que se valem dele na missão de amparo aos semelhantes, recebe indiretas sugestões de aperfeiçoamento que o erguem a posições mais elevadas.

3 As observações de Alexandre não podiam ser mais claras; contudo, aventurei-me ainda a ponderar:

— Consideremos, todavia, que surja a necessidade imediata de socorrer alguém, no Círculo dos

encarnados, e examinemos a hipótese da imprescindibilidade dum instrumento humano. Imaginemos que não exista, de pronto, em derredor de nossa tarefa, o órgão completo e adequado à influenciação das potências superiores. Existirá, certamente, porém, ao nosso lado, um companheiro em condições comuns, que, mergulhado na ignorância, ainda não percebe os perigos a que expõe o próprio corpo, mas que se deixará aproveitar pelo nosso esforço espiritual em benefício de outrem. Será crível que não possa ser aproveitado?

O instrutor sorriu bondosamente, e considerou:

— Seria demasiado rigor. Em todo lugar onde haja merecimento nos que sofrem e boa vontade nos que auxiliam, podemos ministrar o benefício espiritual com relativa eficiência. Todos os enfermos podem procurar a saúde; todos os desviados, quando desejam, retornam ao equilíbrio. Se a prática do bem estivesse circunscrita aos Espíritos completamente bons, seria impossível a redenção humana. Qualquer cota de boa vontade e espírito de serviço recebe de nossa parte a melhor atenção.

Imprimiu Alexandre pequeno intervalo à palestra, e, depois de pensar um minuto, esclareceu:

— Quando nos referimos às qualidades necessárias aos servidores desse campo de auxílio, a ninguém desejamos desencorajar, mas orientar as aspirações do trabalhador para que a sua tarefa cresça em valores positivos e eternos.

4 Nesse momento, aproximou-se um dos companheiros em serviço, pedindo a cooperação de Alexandre em determinado setor.

Ele atendeu, gentil. No entanto, antes de separar-se de mim, conduziu-me ao reduzido grupo de entidades que se encarregavam dos passes e, apresentando-me ao amigo que chefiava o trabalho, explicou, generoso:

— Anacleto: nosso irmão André Luiz, que exerceu funções de médico na última experiência terrestre, estimaria receber alguns esclarecimentos, quanto aos serviços de sua especialidade. Desde já, agradeço tudo o que você fizer por ele.

O diretor daquele departamento de auxílio acolheu-me fraternalmente e, fosse porque estava em trabalho ativo ou porque se dava a poucas palavras, convidou-me, sem perda de tempo, às observações diretas das atividades sob sua chefia.

Delicadamente, colocou-me ao lado de uma senhora respeitável, que se localizara à mesa, não longe do orientador da casa.

— Vejamos esta irmã — exclamou Anacleto, prontificando-se ao auxílio afetuoso —, observe-lhe o coração e, principalmente, a válvula mitral.

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Detive-me em acurado exame da região mencionada e, efetivamente, descobri a existência de tenuíssima nuvem negra, que cobria grande extensão da zona indicada, interessando ainda a válvula aórtica e lançando filamentos quase imperceptíveis sobre o nódulo sino-auricular. Expus ao novo amigo minhas observações, ao que me respondeu:

— Assim como o corpo físico pode ingerir alimentos venenosos que lhe intoxicam os tecidos, também o organismo perispiritual pode absorver elementos de degradação que lhe corroem os centros de força, com reflexos sobre as células materiais. Se a mente da criatura encarnada ainda não atingiu a disciplina das emoções, se alimenta paixões que a desarmonizam com a realidade, pode, a qualquer momento, intoxicar-se com as emissões mentais daqueles com quem convive e que se encontrem no mesmo estado de desequilíbrio. Às vezes, semelhantes absorções constituem simples fenômenos sem maior importância; todavia, em muitos casos, são suscetíveis de ocasionar perigosos desastres orgânicos. Isto acontece, mormente quando os interessados não têm vida de oração, cuja influência benéfica pode anular inúmeros males.

Indicou o coração de carne da irmã presente e continuou:

— Esta amiga, na manhã de hoje, teve sérios atritos com o esposo, entrando em grave posição de desarmonia íntima. A pequena nuvem que lhe cerca o órgão vital representa matéria mental fulminatória. A permanência de semelhantes resíduos no coração pode ocasionar-lhe perigosa enfermidade. Atendamos ao caso.

Sempre sob minha observação, Anacleto assumiu nova atitude, dando-me a entender que ia favorecer suas expansões irradiantes e, em seguida, começou a atuar por imposição. Colocou a mão direita sobre o epigastro da paciente, na zona inferior do esterno e, com surpresa, notei que a destra, assim disposta, emitia sublimes jatos de luz que se dirigiam ao coração da senhora enferma, observando-se nitidamente que os raios de luminosa vitalidade eram impulsionados pela força inteligente e consciente do emissor. Assediada pelos princípios magnéticos, postos em ação, a reduzida porção de matéria negra, que envolvia a válvula mitral, deslocou-se vagarosamente e, como se fora atraída pela vigorosa vontade de Anacleto, veio aos tecidos da superfície, espraiando-se sob a mão irradiante, ao longo da epiderme. Foi então que o magnetizador espiritual iniciou o serviço mais ativo do passe, alijando a maligna influência. Fez o contato duplo sobre o epigastro, erguendo ambas as mãos e descendo-as, logo após, morosamente, através dos quadris até aos joelhos, repetindo o contato na região mencionada e prosseguindo nas mesmas operações por diversas

vezes. Em poucos instantes, o organismo da enferma voltou à normalidade.

5 Eu estava admirado. E como o assunto envolvia problemas espirituais de elevada significação, assim que o instrutor terminou o trabalho, indaguei:

— Perdoe-me a pergunta, mas, na hipótese de não se socorrer esta irmã, da colaboração de uma casa espiritista, como se haveria com a doença oculta? Estaria ao abandono?

— De modo algum — respondeu Anacleto, sorrindo.

— Há verdadeiras legiões de trabalhadores de nossa especialidade amparando as criaturas que, através de elevadas aspirações, procuram o caminho certo nas instituições religiosas de todos os matizes. A manifestação de fé não se limita a simples afirmação mecânica de confiança. O homem que vive mentalmente, visceralmente, a religião que lhe ensina a senda do bem, está em atividade intensa e renovadora, recebendo, por isto mesmo, as mais fortes contribuições de amparo espiritual, porquanto abre a porta viva da alma para o socorro de Mais Alto, através da oração e da posição ativa de confiança no Poder Divino.

O novo companheiro indicou a irmã que se libertara da desastrosa influenciação e esclareceu, depois de uma pausa:

— Nossa amiga está procurando a verdade, cheia de sincera confiança em Jesus. Ovelha fustigada pela tempestade do mundo e inexperiente na esfera do conhecimento, volta-se para o Divino Pastor, como a criança frágil, sequiosa do carinho materno. Estivesse orando numa igreja católica romana ou num templo budista, receberia o socorro de nossa Esfera, por intermédio desse ou daquele grupo de trabalhadores do Cristo. Naturalmente aqui, no seio de uma organização indene das sombras do preconceito e do dogmatismo, nosso concurso fraternal pode ser mais eficiente, mais puro, e as suas possibilidades de aproveitamento são muito mais vastas. É preciso assinalar, porém, que os auxiliadores magnéticos transitam em toda parte, onde existam solicitações da fé sincera, distribuindo o socorro do Divino Mestre, dentro da melhor divisão de serviço. Onde vibre o sentimento sincero e elevado, aí se abre um caminho para a Proteção de Deus.

A elucidação fez-me grande bem pela revelação de imparcialidade na distribuição dos bens de nosso Plano. Entretanto, outra pergunta ocorreu-me, de imediato.

— Todavia, meu amigo — considerei —, admitamos que esta nossa irmã fosse estranha a qualquer atividade de ordem espiritual. Imaginemo-la sem fé, sem filiação a qualquer escola religiosa e sem qualquer atestado de merecimento na prática da

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virtude. Ainda assim, receberia o benefício dos passes libertadores?

Anacleto, com aquela bondade paciente que eu conhecia em Alexandre, observou:

— Se fosse uma criatura de sentimentos retos, embora infensa à religião, em suas meditações naturais receberia auxílio, não obstante menor, pela sua incapacidade de recepção mais intensa das nossas energias radiantes; mas, se ficasse integralmente mergulhada nas sombras da ignorância ou da maldade, permaneceria distante da colaboração de ordem superior e as suas forças físicas sofreriam desgastes violentos e inevitáveis, pela continuidade da intoxicação mental. Quem se fecha às ideias regeneradoras, fugindo às leis da cooperação, experimentará as consequências legítimas.

6 Satisfeito com as elucidações recebidas, reconheci que não me competia interromper o curso dos trabalhos, tão somente para satisfazer minha curiosidade pessoal.

O novo companheiro dirigiu-se a diferente setor.

Postávamo-nos, agora, ao lado de um cavalheiro idoso, para cujo organismo Anacleto me reclamou atenção.

Analisei-o acuradamente. Com assombro, notei-lhe o fígado profundamente alterado. Outra nuvem, igualmente muito escura, cobria grande parte do órgão, compelindo-o a estranhos desequilíbrios. Toda a vesícula biliar permanecia atingida. E via-se, com nitidez, que os reflexos negros daquela pequena porção de matéria tóxica alcançavam o duodeno e o pâncreas, modificando o processo digestivo. Alguns minutos de observação silenciosa davam-me a conhecer a extrema perturbação de que o órgão da bile se sentia objeto. As células hepáticas pareciam presas de perigosas vibrações.

Enderecei ao amigo espiritual meu olhar de admiração.

— Observou? — disse ele, bondosamente toda perturbação mental é ascendente de graves processos patológicos. Afligir a mente é alterar as funções do corpo. Por isso, qualquer inquietação íntima chama-se desarmonia e as perturbações orgânicas chamam-se enfermidades.

Colocou a destra amiga sobre a fronte do cavalheiro e acrescentou:

— Este irmão, portador dum temperamento muito vivo, está cheio dos valores positivos da personalidade humana. Tem atravessado inúmeras experiências em lutas passadas e aprendeu a dominar as coisas e as situações com invejável energia. Agora, porém, está aprendendo a dominar a

si mesmo, a conquistar-se para a iluminação interior. Em semelhante tarefa, contudo, experimenta choques de vulto, porquanto, dentro de sua individualidade dominadora, é compelido a destruir várias concepções que se lhe figuravam preciosas e sagradas. Nesse empenho, os próprios ensinamentos do Cristo, que lhe serve de modelo à renovação, doem-lhe no íntimo como marteladas, em certas circunstâncias. Este homem, no entanto, é sincero e deseja, de fato, reformar-se. Mas sofre intensamente, porque é obrigado a ausentar-se de seu campo exclusivo, a caminho do vasto território da compreensão geral. No círculo dos conflitos dessa natureza, vem lutando, desde ontem, dentro de si mesmo, para acomodar-se a certas imposições de origem humana que lhe são necessárias ao aprendizado espiritual, e, no esforço mental gigantesco, ele mesmo produziu pensamentos terríveis e destruidores, que segregaram matéria venenosa, imediatamente atraída para o seu ponto orgânico mais frágil, que é o fígado. Ele, porém, está em prece regeneradora e facilitará nosso serviço de socorro, pela emissão de energias benéficas. Não fosse a oração, que lhe renova as forças reparadoras, e não fosse o socorro imediato de nossa Esfera, poderia ser vítima de doenças mortais do corpo. A permanência de matéria tóxica, indefinidamente, na intimidade deste órgão de importância vital, determinaria movimentos destruidores para os glóbulos vermelhos do sangue, complicaria as ações combinadas da digestão e perturbaria, de modo fatal, o metabolismo das proteínas.

Anacleto fez uma pausa mais longa, sorriu cordialmente e acentuou:

— Isto, porém, não acontecerá. Na luta titânica em que se empenha consigo mesmo, a vontade firme de acertar é a sua âncora de salvação.

Permanecia tão surpreso com o ensinamento, que não ousei dirigir-lhe qualquer interrogação.

Anacleto continuou de pé e aplicou-lhe um passe longitudinal sobre a cabeça, partindo do contato simples e descendo a mão, vagarosamente, até à região do fígado, que o auxiliador tocava com a extremidade dos dedos irradiantes, repetindo-se a operação por alguns minutos. Surpreendido, observei que a nuvem, de escura, se fizera opaca, desfazendo-se, pouco a pouco, sob o influxo vigoroso do magnetizador em missão de auxílio.

O fígado voltou à normalidade plena.

7 Mais alguns minutos e nos encontramos diante de uma senhora grávida, em sérias condições de enfraquecimento.

Anacleto deteve-se mais respeitoso.

— Aqui — disse ele, sensibilizado — temos uma irmã altamente necessitada de nossos recursos fluídicos.

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Profunda anemia invade-lhe o organismo. Em regime de subalimentação, em virtude das dificuldades naturais que a rodeiam de longo tempo, a gravidez constitui para ela um processo francamente doloroso. O marido é parcamente remunerado e a esposa é obrigada a vigílias, noite a dentro, a fim de auxiliá-lo na manutenção do lar. A prece, porém, não representa para este coração materno tão somente um refúgio. A par de consolações espontâneas, ela recolhe forças magnéticas de substancial expressão que a sustentam no presente drama biológico.

Em seguida, indicou a região do útero e ponderou:

— Observe as manchas escuras que cercam a organização fetal.

Efetivamente, aderindo ao saco de líquido amniótico, viam-se microscópicas nuvens pardacentas vagueando em várias direções, dentro do sublime laboratório de forças geradoras.

Dando-me a perceber seu fundo conhecimento da situação, Anacleto continuou:

— Se as manchas atravessarem o líquido, provocarão dolorosos processos patológicos em toda a zona do epiblasto. E o fim da luta será o aborto inevitável.

Comovidíssimo, contemplei o quadro divino daquela mãe sacrificada, unida à organização espiritual daquele que lhe seria o filho no porvir. Foi o chefe da assistência magnética que me arrebatou daquela silenciosa admiração, explicando:

— Não obstante a fé que lhe exorna o caráter, apesar dos seus mais elevados sentimentos, nossa amiga não consegue furtar-se, de todo, à tristeza angustiosa, em certas circunstâncias. Há seis dias permanece desalentada, aflita. Dentro de algum tempo, o esposo deve resgatar um débito significativo, faltando-lhe, porém, os recursos precisos. A pobre senhora, contudo, além de suportar a carga de pensamentos destruidores que vem produzindo, é compelida a absorver as emissões de matéria mental doentia do companheiro, que se apoia na coragem e na resignação da mulher. As vibrações dissolventes acumuladas são atraídas para a região orgânica, em condições anormais e, por isso, vemo-las congregadas como pequeninas nuvens em torno do órgão gerador, ameaçando, não só a saúde maternal, mas também o desenvolvimento do feto.

Estupefato, ante os novos ensinamentos, reparei que Anacleto chamou um dos auxiliares, recomendando-lhe alguma coisa.

Logo após, muito cuidadosamente, atuou por imposição das mãos sobre a cabeça da enferma, como se quisesse aliviar-lhe a mente. Em seguida, aplicou passes rotatórios na região uterina. Vi que as

manchas microscópicas se reuniam, congregando-se numa só, formando pequeno corpo escuro. Sob o influxo magnético do auxiliador, a reduzida bola fluídico-pardacenta transferiu-se para o interior da bexiga urinária.

Intensificando-me a admiração, o novo companheiro, dando os passes por terminados, esclareceu:

— Não convém dilatar a colaboração magnética para retirar a matéria tóxica de uma vez. Lançada no excretor de urina, será alijada facilmente, dispensando a carga de outras operações.

Foi então que se aproximou de Anacleto o servidor a quem me referi, trazendo-lhe uma pequenina ânfora que me pareceu conter essências preciosas.

O orientador do serviço tomou-a, zeloso, e falou:

— Agora, é preciso socorrer a organização fetal. A alimentação da genitora, por força de circunstâncias que independem de sua vontade, tem sido insuficiente.

Anacleto retirou do vaso certa porção de substância luminosa, projetando-a nas vilosidades uterinas, enriquecendo o sangue materno destinado a fornecer oxigênio ao embrião.

Expressando minha profunda admiração pelo concurso eficiente de que fora testemunha, considerou o generoso auxiliador:

— Não podemos abandonar nossos irmãos na carne, ao sabor das circunstâncias, mormente quando procuram a cooperação precisa através da prece. A oração, elevando o nível mental da criatura confiante e crente no Divino Poder, favorece o intercâmbio entre as duas Esferas e facilita nossa tarefa de auxílio fraternal. Imensos exércitos de trabalhadores desencarnados se movimentam em toda parte, em nome de Nosso Pai. Em vista disto, meu irmão, o homem de bem encontrará, depois da morte do corpo, novos mundos de trabalho que o esperam e onde desenvolverá, infinitamente, o amor e a sabedoria, de que possui os germens no coração.

8 Em seguida, Anacleto passou a atender um cavalheiro, cujos rins pareciam envolvidos em crepe negro, tal a densidade da matéria mental fulminante que os cercava. Aplicou-lhe passes longitudinais, com muito carinho, e, finda a operação, observou-me:

— Um dia, compreenderá o homem comum a importância do pensamento. Por agora, é muito difícil revelar-lhe o sublime poder da mente.

O chefe da assistência magnética ia estender-se, talvez, em considerações educativas,

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mas um dos cooperadores do serviço aproximou-se e notificou-lhe, atencioso:

— Estimaria receber a sua orientação num caso de “décima vez”. Trata-se do nosso conhecido, que apresenta graves perturbações no baço.

Extremamente surpreendido, acompanhei Anacleto, que se dirigiu para um dos recantos da sala.

À nossa frente estava um cavalheiro idoso, que o orientador examinou com atenção. Por minha vez, observei-lhe o fígado e o baço, que acusavam enorme desequilíbrio.

— Lastimável! — exclamou o chefe do auxílio, depois de longa perquirição. — Entretanto, apenas poderemos aliviá-lo. Agora, após dez vezes de socorro completo, é preciso deixá-lo entregue a si mesmo, até que adote nova resolução.

E, dirigindo-se ao auxiliar, acentuou:

— Poderá oferecer-lhe melhoras, mas não deve alijar a carga de forças destruidoras que o nosso rebelde amigo acumulou para si mesmo. Nossa missão é de amparar os que erraram, e não de fortalecer os erros.

Percebendo-me o espanto, Anacleto explicou:

— Nosso esforço é também educativo e não podemos desconsiderar a dor que instrui e ajuda a transformar o homem para o bem. Nas normas do serviço que devemos atender, nesta casa, é imprescindível ajuizar das causas na extirpação dos males alheios. Há pessoas que procuram o sofrimento, a perturbação, o desequilíbrio, e é razoável que sejam punidas pelas consequências de seus próprios atos. Quando encontramos enfermos dessa condição, salvamo-los dos fluidos deletérios em que se envolvem por deliberação própria, por dez vezes consecutivas, a título de benemerência espiritual. Todavia, se as dez oportunidades voam sem proveito para os interessados, temos instruções superiores para entregá-los à sua própria obra, a fim de que aprendam consigo mesmos. Poderemos aliviá-los, mas nunca libertá-los.

Depois de ligeira pausa e sentindo que eu não me atreveria a interromper-lhe os preciosos ensinamentos, Anacleto prosseguiu:

— Este homem, não obstante simpatizar com as nossas atividades espiritualizantes, é portador dum temperamento menos simpático, por extremamente caprichoso. Estima as rixas frequentes, as discussões apaixonadas, o império de seus pontos de vista. Não se acautela contra o ato de encolerizar-se e desperta incessantemente a cólera e a mágoa dos que lhe desfrutam a companhia. Tornou-se, por isso mesmo, o centro de convergência de intensas vibrações destruidoras. Veio ao nosso grupo em busca de melhoras, e, desde há muitas semanas, buscamos

orientá-lo no serviço do amor cristão, chamando-lhe a consciência à prática de obrigações necessárias ao seu próprio bem-estar. O infeliz, porém, não nos ouve. Adquire ódios com facilidade temível e não percebe a perigosa posição em que se confina. Frequenta-nos há pouco mais de três meses e, durante esse tempo, já lhe fizemos as dez operações de socorro magnético integral, alijando-lhe as cargas malignas, não só dos pensamentos de angústia e represália que ele provoca nos outros; mas também dos pensamentos cruéis que fabrica para si. Agora, temos de interromper o serviço de libertação, por algum tempo. A sós com a sua experiência forte, aprenderá lições novas e ganhará muitos valores. Mais tarde, receberá, de novo, o socorro completo.

Profundamente edificado com o processo educativo, ousei perguntar:

— Qual a medida de tempo estipulada para os casos dessa natureza?

O interlocutor, porém, assumindo atitude discreta, contornou a pergunta e respondeu:

— Varia de acordo com os motivos. O efeito obedece à causa.

Anacleto prosseguiu auxiliando, enquanto eu me perdia em profundas considerações de ordem superior. Depois de partir os laços carnais, compreendemos, com mais clareza e intensidade, a função da dor no campo da justiça edificante. Aquela permanência de minutos, junto ao serviço de assistência magnética, renovava-me as concepções referentemente a socorros e corrigendas. O Senhor ama sempre, mas não perde a ocasião de aperfeiçoar, polir, educar…

Foi Alexandre que, ao reaproximar-se de mim, chamou-me à realidade. Os trabalhos haviam terminado.

Abraçando-me, às despedidas, Anacleto acentuou:

— Será sempre bem-vindo. Volte ao nosso setor, quando quiser. Seu concurso ser-nos-á valioso estímulo!…

Não encontrei expressões para corresponder-lhe à generosidade humilde, mas creio que o devotado auxiliar compreendeu-me o olhar de profundo reconhecimento.

E, acompanhando o meu instrutor, de volta à nossa colônia espiritual, reconheci que meu entendimento se dilatava, como se nova fonte de luz me borbulhasse no coração.

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MAS O QUE É PUREZA DOUTRINÁRIA? Resguardemos Kardec das enxertias conceituais

e práticas exóticas Jorge Luiz Hessen

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Publicado no site: www.redeamigoespirita.com.br/ em

24/07/2013 às 11:43, em Artigos Espíritas.

Ao término de uma palestra, cujo tema enfatizava a questão das práticas estranhas às normas de conduta que a Doutrina Espírita preceitua, aproximou-se de nós um confrade, deixando transparecer uma série de dúvidas quanto à instituição espírita, onde frequentava, próxima à sua residência. Confessou-nos que estava tentando se harmonizar com aquele grupo, mas a forma como conduziam os trabalhos conflitava com os esclarecimentos contidos nos Livros da Codificação.

Esclareceu-nos, também, que, naquele centro, os trabalhadores adotavam a prática da "apometria" para promoverem sessões de "desobsessão" e que o tratamento pela "corrente magnética" era a coqueluche do centro-oeste brasileiro.

Disse-nos, ainda, que, enquanto uns utilizavam cristais para energizarem os assistidos, outros recomendavam o hábito da meditação sob pirâmides para o necessário equilíbrio espiritual. Havia, também, aqueles que incentivavam o famoso "banho de sal grosso", juntamente com ervas "medicinais" e outros quejandos.

Convidado para trabalhar naquele centro, em serviços de atendimento aos necessitados da região, mostrou-se-nos extremamente receoso em assumir tal responsabilidade, já que tais práticas não eram condizentes com os ensinamentos da Doutrina Espírita.

Se abraçamos o Espiritismo, por ideal cristão, não podemos negar-lhe fidelidade. O legado da tolerância não se consubstancia na omissão da advertência verbal diante às enxertias conceituais e práticas anômalas que alguns companheiros intentam impor no seio do Movimento Espírita.

Para os mais afoitos, a pureza doutrinária é a defesa intransigente dos postulados espíritas, sem

3 Jorge Luiz Hessen – Brasília-DF. É membro da Rede

Espírita, servidor público federal, residente em Brasília, palestrante, escritor, articulista em diversos jornais e sites, com textos publicados na Revista Reformador da FEB, O Espírita de Brasília, O Imortal, Revista Internacional do Espiritismo, entre outros e além de conselheiro da revista eletrônica O Consolador. E-mail: [email protected]

maior observância das normas evangélicas; para outros, não menos afobados, é a rígida igualdade de tipos de comportamentos, sem a devida consideração aos níveis diferenciados de evolução em que estagiam as pessoas. Sabemos que o excesso de rigor na defesa doutrinária pode nos levar a graves erros, se enredarmos pelas trilhas de extremismos injustificáveis, posto que redundarão em divisão inaceitável, em face dos impositivos da fraternidade.

É óbvio que não podemos converter defesa de pureza kardeciana em cristalizada padronização de práticas que podem obstar a criatividade espontânea, diante da liberdade de ação. Inobstante repelir atitudes extremas, não podemos abrir mão da vigilância exigida pela pureza dos postulados espíritas. Não hesitemos, pois, quando a situação se impõe, e estejamos alerta sobre a fidelidade que devemos a Kardec e a Jesus. É importante não esquecermos de que nas pequeninas concessões vamos descaracterizando o projeto da Terceira Revelação.

"É necessário preservar o Espiritismo conforme o herdamos do eminente Codificador, mantendo-lhe a claridade dos postulados, a limpidez dos seus conteúdos, não permitindo que se lhe instale adenda perniciosa, que somente irá confundir os incautos e os menos conhecedores das suas diretrizes.” É inegável que existem inúmeras práticas não compatíveis com o projeto doutrinário que urge sejam combatidas à exaustão, nas bases da dignidade cristã, sem quaisquer laivos de fanatismo, tendente a impossibilitar discussão sadia em torno de questões controversas.

Apresentando certa apreensão quanto ao Movimento Espírita nosso 'Kardec Brasileiro' recorda: "a Boa Nova (...) produz júbilo interno e não algazarra exterior (...) Não é lícito que nos transformemos em pessoas insensatas no trato com as questões espirituais. Preservar, portanto, a pulcritude e a seriedade da Doutrina no Movimento Espírita é dever que nos compete a todos e particularmente ao Conselho Federativo Nacional através das Entidades Federadas".

Lamentavelmente, em nome do Espiritismo, muitos propõem apometrias, desobsessão por corrente mento-eletromagnética, aplicações de luzes coloridas para higienizar auras humanas e curar (pasmem!) azia, cálculo renal, coceiras, dores de dente, gripes, soluços em crianças, verminoses, frieiras, etc.. Se não bastasse, recomenda-se, até, carvãoterapia (?!) para neutralizar "maus-olhados". É só colocar um pedaço de tora de carvão debaixo da cama e estaremos imunes ao grande flagelo da humanidade - o "olho comprido"- e, nessa tragicomédia, o Espiritismo vai capengando em certos centros espíritas.

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A verdadeira prática Espírita é a expressão da moral cristã, consubstanciada no Evangelho do Mestre Jesus. Assim, o grupo espírita só terá maior credibilidade se houver pureza doutrinária e se a prática estiver conforme os ensinamentos de Jesus, sob qualquer tipo de continente (desobsessão, educação mediúnica, palestras, livros, mensagens, Assistência Social etc.).

No Espiritismo, o Cristo desponta como excelso e generoso condutor de corações e o Evangelho brilha como o Sol, na sua grandeza mágica. Uma doutrina que cresceu assustadoramente nos últimos lustros, em suas hostes surgiram bons líderes, ao tempo em que também apareceram imprudentes inovadores, com a presunção de "atualizar" Kardec.

Recordemos que Kardec legou à humanidade a melhor de todas as embalagens (pureza doutrinária) ao divino presente que é a Doutrina dos Espíritos, e aqueles que têm como base o alicerce do Evangelho podem, até, conviver com qualquer obra ou filosofia, que estarão imunizados contra o vírus das influenciações obsedantes.

Livro dos Médiuns Allan Kardec

Item 175.

Unicamente para não deixar de mencioná-la, falaremos aqui desta espécie de médiuns, porquanto o assunto exigiria desenvolvimento excessivo para os limites em que precisamos ater-nos. Sabemos, ao demais, que um de nossos amigos, médico, se propõe a tratá-lo em obra especial sobre a medicina intuitiva.

Diremos apenas que este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é do que magnetismo.

Evidentemente, o fluido magnético desempenha aí importante papel; porém, quem examina cuidadosamente o fenômeno sem dificuldade reconhece que há mais alguma coisa. A magnetização ordinária é um verdadeiro tratamento seguido, regular e metódico; no caso que apreciamos, as coisas se passam de modo inteiramente diverso.

Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo.

A intervenção de uma potência oculta, que é o que constitui a mediunidade, se faz manifesta, em certas circunstâncias, sobretudo se considerarmos que a maioria das pessoas que podem, com razão, ser qualificadas de médiuns curadores recorre à prece, que é uma verdadeira evocação.

Item 176.

Eis aqui as respostas que nos deram os Espíritos às perguntas que lhes dirigimos sobre este assunto:

1ª Podem considerar-se as pessoas dotadas de força magnética como formando uma variedade de médiuns? “Não há que duvidar.”

2ª Entretanto, o médium é um intermediário entre os Espíritos e o homem; ora, o magnetizador, haurindo em si mesmo a força de que se utiliza, não parece que seja intermediário de nenhuma potência estranha. “É um erro; a força magnética reside, sem dúvida, no homem, mas é aumentada pela ação dos Espíritos que ele chama em seu auxílio. Se magnetizas com o propósito de curar, por exemplo, e invocas um bom Espírito que se interessa por ti e pelo teu doente, ele aumenta a tua força e a tua vontade, dirige o teu fluido e lhe dá as qualidades necessárias.”

3ª Há, entretanto, bons magnetizadores que não creem nos Espíritos? “Pensas então que os Espíritos só atuam nos que creem neles? Os que magnetizam para o bem são auxiliados por bons Espíritos. Todo homem que nutre o desejo do bem os chama, sem dar por isso, do mesmo modo que, pelo desejo do mal e pelas más intenções, chama os maus.”

4ª Agiria com maior eficácia aquele que, tendo a força magnética, acreditasse na intervenção dos Espíritos? “Faria coisas que consideraríeis milagre.”

5ª Há pessoas que verdadeiramente possuem o dom de curar pelo simples contato, sem o emprego dos passes magnéticos? “Certamente; não tens disso múltiplos exemplos?”

6ª Nesse caso, há também ação magnética, ou apenas influência dos Espíritos? “Uma e outra coisa. Essas pessoas são verdadeiros médiuns, pois que atuam sob a influência dos Espíritos; isso, porém, não quer dizer que sejam quais médiuns curadores, conforme o entendes.”

7ª Pode transmitir-se esse poder? “O poder, não; mas o conhecimento de que necessita, para exercê-lo, quem o possua. Não falta quem não suspeite sequer de que tem esse poder, se não acreditar que lhe foi transmitido.”

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8ª Podem obter-se curas unicamente por meio da prece? “Sim, desde que Deus o permita; pode dar-se, no entanto, que o bem do doente esteja em sofrer por mais tempo e então julgais que a vossa prece não foi ouvida.”

9ª Haverá para isso algumas fórmulas de prece mais eficazes do que outras? “Somente a superstição pode emprestar virtudes quaisquer a certas palavras e somente Espíritos ignorantes, ou mentirosos podem alimentar semelhantes ideias, prescrevendo fórmulas. Pode, entretanto, acontecer que, em se tratando de pessoas pouco esclarecidas e incapazes de compreender as coisas puramente espirituais, o uso de determinada fórmula contribua para lhes infundir confiança. Neste caso, porém, não é na fórmula que está a eficácia, mas na fé, que aumenta por efeito da ideia ligada ao uso da fórmula.”

Livro Caminho, verdade e vida. Ditado pelo Espírito: EMMANUEL

Psicografada por: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER Cap. 153

“E rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare, e viva.” — (MARCOS, capítulo 5, versículo 23.)

Jesus impunha as mãos nos enfermos e transmitia-lhes os bens da saúde. Seu amoroso poder conhecia os menores desequilíbrios da Natureza e os recursos para restaurar a harmonia indispensável.

Nenhum ato do Divino Mestre é destituído de significação. Reconhecendo essa verdade, os apóstolos passaram a impor as mãos fraternas em nome do Senhor e tornavam-se instrumentos da Divina Misericórdia.

Atualmente, no Cristianismo redivivo, temos, de novo, o movimento socorrista do plano invisível, através da imposição das mãos. Os passes, como transfusões de forças psíquicas, em que preciosas energias espirituais fluem dos mensageiros do Cristo para os doadores e beneficiários, representam a continuidade do esforço do Mestre para atenuar os sofrimentos do mundo.

Seria audácia por parte dos discípulos novos a expectativa de resultados tão sublimes quanto os obtidos por Jesus junto aos paralíticos, perturbados e agonizantes.

O Mestre sabe, enquanto nós outros estamos aprendendo a conhecer. É necessário, contudo, não desprezar-lhe a lição, continuando, por nossa vez, a obra de amor, através das mãos fraternas. Onde

exista sincera atitude mental do bem, pode estender-se o serviço providencial de Jesus.

Não importa a fórmula exterior. Cumpre-nos reconhecer que o bem pode e deve ser ministrado em seu nome.

Livro Estudando a Mediunidade Martins Peralva

Item 26 – Passes

O socorro, através de passes, aos que sofrem do corpo e da alma, é instituição de alcance fraternal que remonta aos mais recuados tempos.

O Novo Testamento, para referir-nos apenas ao movimento evangélico, é valioso repositório de fatos nos quais Jesus e os apóstolos aparecem dispensando, pela imposição das mãos ou pelo influxo da palavra, recursos magnéticos curadores.

Nos tempos atuais tem cabido ao Espiritismo, na sua feição de Consolador Prometido, conservar e difundir largamente essa modalidade de socorro espiritual, embora as crônicas registrem semelhante atividade no seio da própria Igreja, através de virtuosos sacerdotes.

Os centros espíritas convertem-se, assim, numa espécie de refúgio para aqueles que não encontram na terapêutica da Terra o almejado lenitivo para os seus males físicos e mentais.

André Luiz não esqueceu de, no seu livro, preparar interessante capítulo, a que denominou “Serviço de passes”, no qual se nos deparam oportunos e sábios esclarecimentos quanto à conduta do passista e daquele que procura beneficiar-se com o socorro magnético.

Neste capítulo, referir-nos-emos ao trabalho do médium passista, ou seja, aos requisitos indispensáveis aos que neste setor colaboram. Existem dois tipos de passes, assim discriminados:

a) Passe ministrado com os recursos magnéticos do próprio médium;

b) Passe ministrado com recursos magnéticos hauridos, no momento, do Plano Divino.

Convém lembrarmos que, em qualquer dessas modalidades, o passe procede sempre de Deus. Esta certeza deve contribuir para que o médium seja uma criatura humilde, cultivando sempre a ideia de que é um simples intermediário do Supremo Poder, não lhe sendo lícito, portanto, atribuir a si mesmo qualquer mérito no trabalho.

Qualquer expressão de vaidade, além de constituir insensatez, significará começo de queda.

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O Passe Magnético – Conceitos e Fundamentos – Uma visão Espírita Página 48

Além da humildade, deve o passista cultivar as seguintes qualidades:

a) Boa vontade e fé;

b) Prece e mente pura;

c) Elevação de sentimentos e amor. “Àquele que mais tem, mais lhe será dado”, afirmou Jesus.

Nas palavras do Senhor encontramos valioso estímulo a todos os continuadores de sua obra, inclusive aos que viriam depois, à conquista dos bens divinos, a se expressarem pela multiplicação dos recursos de ajudar e servir em seu nome.

As qualidades ora enumeradas constituem fatores positivos para o médium passista. A prece, especialmente, representa elemento indispensável para que a alma do passista estabeleça comunhão direta com as forças do Bem, favorecendo, assim, a canalização, através da mente, dos recursos magnéticos das esferas elevadas. “A oração é prodigioso banho de forças, tal a vigorosa corrente mental que atrai.”

Por ela, consegue o passista, duas coisas importantes e que asseguram o êxito de sua tarefa:

a) “Expulsar do próprio mundo interior os sombrios pensamentos remanescentes da atividade comum, durante o dia de lutas materiais;

b) Sorver do plano espiritual as substâncias renovadoras de que se repleta, (a fim de conseguir operar com eficiência, a favor do próximo”.

Através dessa preparação em que (se limpa), para, limpo, melhor servir, consegue o médium, simultaneamente, ajudar e ser ajudado. Receber e dar ao mesmo tempo. Quanto mais se renova para o Bem, quanto mais se moraliza e se engrandece, espiritualizando-se, maiores possibilidades de servir adquire o companheiro que serve ao Espiritismo Cristão no setor de passes.

A renovação mental é como se fosse um processo de desobstrução de um canal comum, a fim de que, por ele, fluam incessantemente as águas. A nossa mente é um canal. Mente purificada é canal desobstruído.

Mencionados os fatores positivos, é mister enumeremos, agora, os negativos. Relacionemos, assim, aqueles que reduzem as possibilidades do seareiro invigilante. Especifiquemos as qualidades que lhe não permitem dar quanto e como devia.

Ei-las, em síntese:

a) Mágoas excessivas e paixões;

b) Alimentos inadequados e alcoólicos;

c) Desequilíbrio nervoso e inquietude.

Sendo o passista, naturalmente, um medianeiro da Espiritualidade Superior, deve cuidar da sua saúde física e mental. Alimentação excessiva favorece a vampirização da criatura por entidades infelizes, o mesmo ocorrendo com os alcoólicos em demasia. O equilíbrio do sistema nervoso e a ausência de paixões obsedantes propiciam um estado receptivo favorável à transmissão do passe.

Não podemos esquecer que o passe é “transfusão de energias psicofísicas”. E o veículo dessa transfusão deve, sem dúvida, ser bem cuidado. Aconselha Emmanuel que “a higiene, a temperança, a medicina preventiva e a disciplina jamais deverão ser esquecidas”.

Adverte, ainda, que “tudo na vida é afinidade e comunhão sob as leis magnéticas que lhe presidem os fenômenos.”

Doentes afinam-se com doentes. “O médium receberá sempre de acordo com as atitudes que adotar perante a vida.“

Naturalmente nenhum de nós, nem passista algum, terá a pretensão de obter, nos serviços a que se consagra, os sublimes resultados alcançados por Jesus, em todos os lances do seu apostolado de luz, e pelos apóstolos em numerosas ocasiões; entretanto, educar-nos mentalmente e curar-nos fisicamente, a fim de melhor podermos servir ao próximo, afiguram-se-nos impositivos a que nos não devemos subtrair.

O médium precisa “afeiçoar-se à instrução, ao conhecimento, ao preparo e à melhoria de si mesmo, a fim de filtrar para a vida e para os homens o que signifique luz e paz”. Não devemos concluir o presente capítulo, dedicado de coração aos passistas do nosso abençoado movimento espiritista, sem que lembremos outros requisitos não menos importantes para os que operam no setor de passes em instituições. São os seguintes:

a) Horário

b) Confiança

c) Harmonia interior

d) Respeito.

O problema da pontualidade é fundamental em qualquer atividade humana, mormente se essa atividade se relaciona e se desenvolve em função e na dependência da Esfera Espiritual. Nem um minuto a mais, nem a menos, para início dos trabalhos. Recordemos que os supervisores de centros e de grupos mediúnicos não esperam, indefinidamente, que, com a nossa clássica displicência, resolvamos iniciar as tarefas. Se insistimos na indisciplina, eles passarão adiante à procura de núcleos e companheiros que tenham em melhor apreço a noção de responsabilidade...

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O passista que não confia no Alto limita, também, a sua capacidade receptiva. Fecha as portas da “casa mental”, obstando o acesso dos recursos magnéticos. Secundando a confiança, o fator harmonia interior, se apresenta também imprescindível a um excelente processo de filtragem dos fluidos salutares. E, por fim, o respeito ante a tarefa assistencial que se realiza através do passe.

Respeito ao Pai Celestial, aos instrutores espirituais e àqueles que lhe buscam o concurso. Pontualidade, confiança, harmonia interior e respeito são, evidentemente, virtudes ou qualidades de que não pode prescindir o médium passista.

Item 27 - Na hora do passe...

Estudemos a questão dos passes.

Podemos dizer que o tratamento mediante passes pode ser feito diretamente, com o enfermo presente aos trabalhos, ou através de irradiações magnéticas, com o enfermo a distância.

No passe direto, depois de orar silenciosamente, o médium é inteiramente envolvido pelos fluidos curadores hauridos no Plano Superior e que se canalizam para o organismo do doente; no passe a distância, que é uma modalidade de irradiação, o médium, sintonizando-se com o necessitado, a distância, para ele canaliza igualmente fluidos salutares e benéficos.

Nas chamadas “sessões de irradiação”, os doentes são beneficiados a distância, não somente em virtude dos fluidos dirigidos conscientemente pelos encarnados, como pelas energias extraídas dos presentes, pelos cooperadores espirituais, e conduzidas ao local onde se encontra o irmão enfermo.

Há criaturas que oferecem extraordinária receptividade aos fluidos magnéticos. São aquelas que possuem fé robusta e sincera, recolhimento e respeito ante o trabalho que, a seu e a favor de outrem, se realiza.

Na criatura de fé, no momento em que recebe o passe, a sua mente e o seu coração funcionam à maneira de poderoso imã, atraindo e aglutinando as forças curativas. Já com o descrente, o irônico e o duro de coração o fenômeno é naturalmente oposto. Repele ele os jorros de fluidos que o médium canaliza para o seu organismo. É aconselhável, a nosso ver, ore o indivíduo, em silêncio, enquanto recebe o passe, a fim de que a sua organização psicofísica incorpore e assimile, integralmente, as energias projetadas pelo passista. Tal atitude criará, indubitavelmente, franca receptividade ante o socorro magnético.

Para mais completa elucidação do assunto, vamos transcrever alguns trechos do capítulo “Serviço de passes”, relativos a estas considerações: “Alinhando apontamentos, começamos a reparar que alguns enfermos não alcançavam a mais leve melhoria. As irradiações magnéticas não lhes penetravam o veículo orgânico. Registrando o fenômeno, a pergunta de Hilário não se fez esperar:

— Por quê?

— Falta-lhes o estado de confiança — esclareceu o orientador.

— Será, então, indispensável a fé para que registrem o socorro de que necessitam?

— Ah! sim. Em fotografia precisamos da chapa impressionável para deter a imagem, tanto quanto em eletricidade carecemos do fio sensível para a transmissão da luz. No terreno das vantagens espirituais, é imprescindível que o candidato apresente uma certa tensão favorável”.

E, mais adiante:

“Sem recolhimento e respeito na receptividade, não conseguimos fixar os recursos imponderáveis que funcionam em nosso favor, porque o escárnio e a dureza de coração podem ser comparados a espessas camadas de gelo sobre o templo da alma.

Referindo-nos ao passe a distância, comum nas sessões de irradiação, ouçamos novos esclarecimentos:

— E pode, acaso, ser dispensado a distância?

— Sim, desde que haja sintonia entre aquele que o administra e aquele que o recebe. Nesse caso, diversos companheiros espirituais se ajustam no trabalho do auxílio, favorecendo a realização, e a prece silenciosa, será o melhor veículo da força curadora.”

Sintetizando os nossos apontamentos, temos, então, dois tipos de passes:

a) Passes diretos (enfermo presente);

b) Passes a distância (enfermo ausente).

E no tocante à receptividade ou refratariedade das pessoas, no momento do passe, temos:

a) Fé, mais recolhimento, mais respeito, somam RECEPTIVIDADE;

b) Ironia, mais descrença, mais dureza de coração, somam REFRATARIEDADE.

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Livro Pão Nosso Ditado pelo Espírito: EMMANUEL

Psicografada por: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER – Item 44 Curas

“E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado a vós o reino de Deus.” Jesus (Lucas, 10:9)

Realmente Jesus curou muitos enfermos e recomendou-os, de modo especial, aos discípulos. Todavia, o Médico Celestial não se esqueceu de requisitar ao Reino Divino quantos se restauram nas deficiências humanas. Não nos interessa apenas a regeneração do veículo em que nos expressamos, mas, acima de tudo, o corretivo espiritual.

Que o homem comum se liberte da enfermidade, mas é imprescindível que entenda o valor da saúde. Existe, porém, tanta dificuldade para compreendermos a lição oculta da moléstia no corpo, quanta se verifica em assimilarmos o apelo ao trabalho santificante que nos é endereçado pelo equilíbrio orgânico.

Permitiria o Senhor a constituição da harmonia celular apenas para que a vontade viciada viesse golpeá-la e quebrá-la em detrimento do espírito? O enfermo pretenderá o reajustamento das energias vitais, entretanto, cabe lhe conhecer a prudência e o valor dos elementos colocados à sua disposição na experiência edificante da Terra.

Há criaturas doentes que lastimam a retenção no leito e choram aflitas, não porque desejem renovar concepções acerca dos sagrados fundamentos da vida, mas por se sentirem impossibilitadas de prolongar os próprios desatinos. É sempre útil curar os enfermos, quando haja permissão de ordem superior para isto, contudo, em face de semelhante concessão do Altíssimo, é razoável que o interessado na bênção reconsidere as questões que lhe dizem respeito, compreendendo que raiou para seu espírito um novo dia no caminho redentor.

Livro Seara dos Médiuns Ditada pelo Espírito: EMMANUEL

Psicografada por: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Item 67 - Mediunidade e doentes

Reunião pública de 12/9/1960 Questão nº 176 Parágrafos 1º 2º e 3º

No que se refere aos doentes, os cientistas ateus apenas enxergam o corpo na alma e os religiosos extremistas apenas enxergam a alma no corpo; as inteligências sensatas, porém, observam

uma e outro, conjugando bondade e medicação nos processos de cura.

Os cientistas ateus, ao modo de técnicos puros, quase sempre entregam exclusivamente ao laboratório toda a orientação terapêutica, interpretando a moléstia como sendo mero caso orgânico de curso previsto, qual se o corpo fosse aparelho frio, de comportamento pré-calculado, esquecendo-se de que os corpúsculos brancos do sangue fabricam antitoxinas sem haverem frequentado qualquer aula de química.

Os religiosos extremistas, à feição de místicos intransigentes, quase sempre entregam exclusivamente à oração todo o trabalho socorrista, interpretando a moléstia como sendo simples ato expiatório da criatura, qual se a alma encarnada fosse entidade onipotente na própria defensiva, olvidando que os vírus não interrompem o assalto infeccioso diante dessa ou daquela preleção de moral.

As inteligências sensatas, no entanto, percebem que o corpo se move à custa da alma, sabendo, porém, que a alma, no plano físico, precisa do corpo para manifestar-se, embora reconheçam que toda reação substancial procede do interior para o exterior, razão pela qual, em todos os tratamentos, como ação supletiva, será lícito recorrer às forças inesgotáveis do espírito.

Na mediunidade curativa, portanto, suprime a enfermidade, quanto possível, com o amparo da medicina criteriosa, mas unge-te de amor para socorrer o doente. A solidariedade ergue o índice da confiança e a confiança mobiliza instintivamente os recursos da Natureza. Pronuncia a prece que reconforte e estende o passe magnético que restaure, como se fossem pedaços de teu próprio coração em forma de auxílio. Sobretudo, não envenenes o ânimo de quem sofre. Ainda mesmo diante dos criminosos e viciados que a doença arruína, levanta a voz e alonga os braços, sem qualquer nota de azedia ou censura, recordando que possivelmente estaríamos nós no lugar deles se tivéssemos padecido as provas e tentações nas quais sucumbiram, agoniados.

Seja quem for o doente do qual te aproximes, compadece-te quantas vezes se fizerem necessárias, entendendo que é preciso aprender a ajudar o necessitado, de maneira que o necessitado aprenda a ajudar a si mesmo. Somente assim descobrirás, tanto em ti quanto nos outros, o surpreendente poder curativo que dimana, ilimitado e constante, do amor de Deus.

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Livro Religião dos Espíritos Ditada pelo Espírito: EMMANUEL

Psicografada por: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Item 59 - Fenômeno magnético Reunião pública de 28/8/59

Questão nº 427

Quem admite hoje o fenômeno magnético, por novidade, se esquece naturalmente de que, no Egito dos Ramsés, velho papiro trazido aos nossos dias já preceituava quanto ao magnetismo curativo: — "Pousa a tua mão sobre o doente e acalma a dor, afirmando que a dor desaparece."

Séculos transcorreram, até que ele adquirisse extensa popularidade com as demonstrações de Mesmer e atravessasse, tímido, o pórtico da experimentação científica com personalidades marcantes, quais James Braid e Durand de Grosa, Charcot e Liébeault.

E, nos tempos últimos, ei-lo em foco, desde os mais avançados gabinetes das ciências psicológicas até os espetáculos públicos nos quais a hipnose é conduzida, indiscriminadamente, para fins diversos.

Entretanto, importa considerar que é justamente em Nosso Senhor Jesus Cristo que ele atinge o seu ponto mais alto na Humanidade.

Todavia, não se vale dele o Senhor para alardear os poderes que lhe exornam o Espírito.

Não lhe mobiliza os recursos para impressionar sem proveito. Não lhe requisita os valores para discussões estéreis. Não lhe concentra as possibilidades para a defesa de si próprio.

Jesus é o amor divino alongando os braços à angústia humana. Estende a mão e cegos veem, e paralíticos se levantam, e feridentos se alimpam e obsidiados se recuperam. Fita Madalena em casa de Simão e dá-lhe forças para que se liberte das entidades sombrias que a subjugam; contempla Zaqueu no sicômoro e modifica-lhe as noções da riqueza material; fixa Judas no cenáculo e o companheiro infeliz foge apressado, incapaz de suportar-lhe a presença, e endereça a Pedro um simples olhar das grades da prisão e o amigo que o negara pranteia amargamente.

Ainda assim, não se detém nos casos particulares.

Junto ao povo, tempera cada manifestação com autoridade e doçura, humildade e comando, respeito e compreensão. De ninguém indaga a prática religiosa, para fazer o bem. No ensinamento, utiliza parábolas para não ferir fosse a quem fosse.

A todos oferece o apaziguamento da alma, antes da cura física. Não procura os poderosos da Terra para qualquer entendimento, e, sim, busca de preferência os que passam curvados sob o jugo das aflições. Não se faz precedido de arautos e batedores. Não demanda lugares especiais para a exibição dos fenômenos que lhe vertem das faculdades sublimes.

E, para imprimir o magnetismo divino da Boa-Nova na mente popular, traça no monte as bem-aventuranças da vida eterna, proclamando veemente:

"Felizes os humildes de espírito, porque a eles toca o reino dos Céus.”

"Felizes os que choram, porque serão consolados.“

"Felizes os afáveis, porque possuirão a Terra.”

"Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.”

"Felizes os misericordiosos, porque obterão misericórdia.”

"Felizes os que trazem consigo o coração puro, porque sentirão a presença de Deus.”

"Felizes os pacíficos e os pacificadores, porque serão chamados filhos do Altíssimo.”

"Felizes os que forem perseguidos sem causa, porque o reino dos Céus lhes pertence.”

Se afeiçoas, assim, ao fenômeno magnético, seja qual for o filão de tuas atividades; poderás estudá-lo e incrementá-lo, estendê-lo e defini-lo, mas, para que dele faças motivo de santidade e honra, somente em Jesus Cristo encontrarás o luminoso e indiscutível padrão.

Livro Emmanuel Ditada pelo Espírito: EMMANUEL

Psicografada por: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

MEDICINA ESPIRITUAL

A saúde humana nunca será o produto de comprimidos, de anestésicos, de soros, de alimentação artificialíssima.

O homem terá de voltar os olhos para a terapêutica natural, que reside em si mesmo, na sua personalidade e no seu meio ambiente. Há necessidade, nos tempos atuais, de se extinguirem os absurdos da “fisiologia dirigida”.

A medicina precisa criar os processos naturais de equilíbrio psíquico, em cujo organismo, se

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O Passe Magnético – Conceitos e Fundamentos – Uma visão Espírita Página 52

bem que remoto para as suas atividades anatômicas, se localizam todas as causas dos fenômenos orgânicos tangíveis.

A medicina do futuro terá de ser eminentemente espiritual, posição difícil de ser atualmente alcançada, em razão da febre maldita do ouro; mas os apóstolos dessas realidades grandiosas não tardarão a surgir nos horizontes acadêmicos do mundo, testemunhando o novo ciclo evolutivo da Humanidade.

O estado precário da saúde dos homens, nos dias que passam, tem o seu ascendente na longa série de abusos individuais e coletivos das criaturas, desviadas da lei sábia e justa da Natureza.

A Civilização, na sua sede de bem-estar, parece haver homologado todos os vícios da alimentação, dos costumes, do sexo e do trabalho. Todavia, os homens caminham para as mais profundas sínteses espirituais.

A máquina, que estabeleceu tanta miséria no mundo, suprimindo o operário e intensificando a facilidade da produção, há de trazer, igualmente, uma nova concepção da civilização que multiplicou os requintes do gosto humano, complicando os problemas de saúde; há de ensinar às criaturas a maneira de viverem em harmonia com a Natureza.

Livro Pão Nosso Ditado pelo Espírito: EMMANUEL

Psicografada por: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

– Item 110 – Magnetismo pessoal “E toda a multidão procurava tocar-lhe, porque saía dele uma virtude que os curava a todos.”

(Lucas, 6:19)

Na atualidade, observamos toda uma plêiade de espiritualistas eminentes, espalhando conceitos relativos ao magnetismo pessoal, com tamanha estranheza, qual se estivéssemos perante verdadeira novidade do século 19.

Tal serviço de investigação e divulgação dos poderes ocultos do homem representa valioso concurso na obra educativa do presente e do futuro, no entanto, é preciso lembrar que a edificação não é nova. Jesus, em sua passagem pelo Planeta, foi a sublimação individualizada do magnetismo pessoal, em sua expressão substancialmente divina.

As criaturas disputavam-lhe o encanto da presença, as multidões seguiam-lhe os passos, tocadas de singular admiração. Quase toda gente buscava tocar-lhe a vestidura.

D’Ele emanavam irradiações de amor que neutralizavam moléstias recalcitrantes. Produzia o Mestre, espontaneamente, o clima de paz que alcançava quantos lhe gozavam a companhia.

Se pretendes, pois, um caminho mais fácil para a eclosão plena de tuas potencialidades psíquicas, é razoável aproveites a experiência que os orientadores terrestres te oferecem, nesse sentido, mas não te esqueças dos exemplos e das vivas demonstrações de Jesus.

Se intentas atrair, é imprescindível saber amar. Se desejas influência legítima na Terra, santifica-te pela influência do Céu.

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O Passe Magnético – Conceitos e Fundamentos – Uma visão Espírita Página 53

Técnicas de aplicação de passes realizadas por espíritos desencarnados, segundo André Luiz, no livro “Missionários da Luz” cujo texto base encontra-se no inicio desse material complementar.

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Livro Obsessão, passe e doutrinação J. Herculano Pires

Item II - O Passe

1 - Suas origens, aplicações e efeitos

O passe espírita é simplesmente a imposição das mãos, usada e ensinada por Jesus como se vê nos Evangelhos.

Origina-se das práticas de cura do Cristianismo primitivo. Sua fonte humana e divina são as mãos de Jesus. Mas há um passado histórico que não podemos esquecer.

Desde as origens da vida humana na terra encontramos os ritos de aplicação dos passes, não raro acompanhados de rituais, como sopro, a fricção das mãos, a aplicação de saliva e até mesmo (resíduo do rito do barro), a mistura de saliva e terra para aplicação no doente.

No próprio Evangelho vemos a descrição da cura de um cego por Jesus usando essa mistura. Mas Jesus agiu sempre, em seus atos e em suas práticas, de maneira que essas descrições, feitas entre quarenta e oitenta anos após a sua morte, podem ser apenas influência de costumes religiosos da época.

Todo o seu ensino visava afastar os homens das superstições vigentes no tempo. Essas incoerências históricas, como advertiu Kardec, não podem provir dele, mas dos evangelistas; caso contrário, Jesus teria procedido de maneira incoerente no tocante aos seus ensinos e seus exemplos, o que seria absurdo.

O passe espírita não comporta as encenações e gesticulações em que hoje se envolveram alguns teóricos improvisados, geralmente ligados a antigas correntes espiritualistas de origem mágica ou feiticista.

Todo o poder e toda a eficácia do passe espírita dependem do espírito e não da matéria, da assistência espiritual do médium passista e não dele mesmo. Os passes padronizados e classificados derivam de teorias e práticas mesméricas, magnéticas e hipnóticas, de um passado já há muito superado.

Os espíritos realmente elevados não aprovam nem ensinam essas coisas, mas a prece e a imposição das mãos. Toda a beleza espiritual do passe espírita, que provém da fé racional no poder espiritual, desaparece ante as ginásticas pretensiosas e ridículas gesticulações.

As encenações preparatórias: mãos erguidas ao alto e abertas, para suposta captação de fluidos pelo passista, mãos abertas sobre os joelhos, pelo paciente, para melhor assimilação fluídica, braços e

pernas descruzados para não impedir a livre passagem dos fluidos, e assim por diante, só serve para ridicularizar o passe, o passista e o paciente.

A formação das chamadas pilhas mediúnicas, com o ajuntamento de médiuns em torno do paciente, as correntes de mãos dadas ou de dedos se tocando sobre a mesa – condenadas por Kardec – nada mais são do que resíduos do mesmerismo do século passado, inúteis, supersticiosos e ridicularizantes.

Todas essas tolices decorrem essencialmente do apego humano às formas de atividades materiais. Julgamo-nos capazes de fazer o que não nos cabe fazer. Queremos dirigir, orientar os fluidos espirituais como se fossem correntes eléctricas e manipulá-los como se a sua aplicação dependesse de nós. O passista espírita consciente, conhecedor da doutrina e suficientemente humilde para compreender que ele pouco sabe a respeito dos fluidos espirituais – e o que pensa saber é simples pretensão orgulhosa – limita-se à função mediúnica de intermediário.

Se pede a assistência dos Espíritos, com que direito se coloca depois no lugar deles?

Muitas vezes os Espíritos recomendam que não se façam movimentos com as mãos e os braços para não atrapalhar os passes. Ou confiamos na ação dos Espíritos ou não confiamos, e neste caso é melhor não os incomodarmos com os nossos pedidos.

O passe espírita é prece, concentração e doação. Quem reconhece que não pode dar de si mesmo, suplica a doação dos Espíritos. São eles que socorrem aqueles por quem pedimos, não nós, que em tudo dependemos da assistência espiritual.

2- Magia e Religião

O passe nasceu nas civilizações da selva como um elemento de magia selvagem, um rito das crenças primitivas. A agilidade das mãos em fazer e desfazer as coisas sugeria a existência, nelas, de poderes misteriosos, praticamente comprovados pelas ações quotidianas da fricção que acalmava a dor, da pressão dos dedos estancando o sangue ou expulsando um espinho ou o ferrão de uma vespa ou o veneno de uma cobra.

Os poderes mágicos das mãos se confirmavam também nas imprecações aos deuses, que eram simplesmente os espíritos.

As bênçãos e as maldições foram as primeiras manifestações típicas dos passes. O selvagem primitivo não teorizava, mas experimentava instintivamente e aprendia a fazer e desfazer com o poder das mãos.

Os deuses o auxiliavam, socorriam, instruíam em suas manifestações mediúnicas naturais. A

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sensibilidade mediúnica aprimorava-se nas criaturas mais sensíveis e assim surgiram os pajés, os feiticeiros, os xamãs, os mágicos terapeutas, curadores.

A descoberta do passe acompanhava e auxiliava o desenvolvimento do rito, da linguagem e da descoberta de instrumentos que aumentavam o poder das mãos.

Podemos imaginar, como o fez Andrew Lang, um homem primitivo olhando intrigado o emaranhado de riscos da palma de sua mão, sem a mínima ideia do que aquilo poderia significar. Seus descendentes iriam admitir, mais tarde, que ali estavam traçados os destinos de cada criatura.

O mistério da mão humana foi um elemento essencial do desenvolvimento da inteligência e especialmente da descoberta lenta e progressiva, pelo homem, do seus poderes internos.

Dos tempos primitivos até aos nossos dias, a mão é o símbolo do fazer que nos leva ao saber. Enquanto a Lua, o Sol e as estrelas atraíam os homens para o mistério do cosmos, a mão os levava a mergulhar nas profundezas da natureza humana.

Dessa dialética do interior e do exterior nasceram a Magia e a Religião. A Magia é prática, nasceu das mãos e funcionava através delas.

A Religião é teórica, nasceu dos olhos, da visão abstrata do mundo e funciona no plano das ideias. Na Magia, os homens submetem os deuses ao poder humano, obrigam a Divindade a obedecê-los, a fazer por eles.

Na Religião, os homens se submetem aos deuses, suplicam a proteção da Divindade. Mas, apesar dessa distinção, as religiões não se livraram dos resíduos primitivos das fórmulas mágicas.

Todas as Igrejas da atualidade, mesmo após as reformas recentes, apegam-se ao fazer dos mágicos, através de seus sacramentos. O exemplo mais claro disso é o sacramento da Eucaristia, na Igreja Católica, pelo qual o sacerdote obriga Deus a materializar-se nas espécies sagradas da hóstia, para que o crente possa absorvê-lo e purificar-se com a sua ingestão.

No Espiritismo os resíduos mágicos não podiam existir, pois trata-se de uma doutrina racionalista, mas o grande número de adeptos provindos dos meios religiosos, sem a formação filosófica e científica da Doutrina, transportam esses resíduos para o nosso meio, numa tentativa de padronização de práticas espíritas e de transformação dos passes num fazer dos médiuns e não dos espíritos.

É tipicamente mágica a atitude do médium que pretende, com sua ginástica, limpar a aura de uma pessoa ou limpar uma casa.

As tentativas de cura através desses bailados mediúnicos revelam confiança mágica do médium no rito que pratica. Por isso Jesus ensinou simplesmente a imposição das mãos acompanhada da oração silenciosa. A oração em voz alta e em conjunto é também um resíduo mágico, pelo qual se tenta obrigar Deus ou os Espíritos a atenderem os clamores humanos.

A religião racional, e portanto consciente, baseia-se na fé esclarecida pela razão, que não comporta de maneira alguma essas e outras práticas formais e carregadas de misticismo igrejeiro.

3- A técnica do passe

Os elaboradores e divulgadores de técnicas do passe não sabem o que fazem. A técnica do passe não pertence a nós, mas exclusivamente aos Espíritos Superiores. Só eles conhecem a situação real do paciente, as possibilidades de ajudá-lo em face de seus compromissos nas provas, a natureza dos fluidos de que o paciente necessita e assim por diante.

Os médiuns vivem a vida terrena e estão condicionados na encarnação que merecem e de que necessitam. Nada sabem da natureza dos fluidos, da maneira apropriada e eficaz de aplicá-los, dos efeitos diversos que eles podem causar.

Na verdade, o médium só tem uma percepção vaga, geralmente epidérmica dos fluidos. É simples atrevimento – e portanto charlatanismo – querer manipulá-los e distribuí-los a seu modo e a seu critério.

As pessoas que acham que os passes ginásticos ou dados em grupos mediúnicos formados ao redor do paciente são passes fortes, assemelham-se às que acreditam mais na força da macumba, com seus apetrechos selvagens, do que no poder espiritual.

As experiências espíritas sensatas e lógicas, em todo o mundo, desde os dias de Kardec até hoje, mostraram que mais vale uma prece silenciosa, às vezes na ausência e sem o conhecimento do paciente, do que todas as encenações e alardes daqueles que ignoram os princípios doutrinários.

4- Passe a distância

Não há distância para a ação dos passes. Os Espíritos Superiores não conhecem as dificuldades

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das distâncias terrenas. Podem agir e curar através das maiores lonjuras.

Esse fato, constatado e demonstrado pelo Espiritismo e ridicularizado pelos cientistas materialistas, está hoje cientificamente comprovado pelas pesquisas em todo o mundo, através de pesquisas e experiências dos principais centros universitários da atualidade.

A telepatia, transmissão do pensamento, intenções e desejos, e “psicapa”, ações da mente sobre a matéria, só podem ser negadas hoje por pessoas (cientistas ou não) que estiverem cientificamente desatualizadas, e, portanto, sem autoridade para opinar a respeito.

Não obstante, não se deve desprezar a importância do efeito psicológico da presença do paciente no ambiente mediúnico ou da presença do passista junto a ele. Temos, nesse caso, dois elementos importantes de eficácia no tratamento por passes. O efeito psicológico resulta dos estímulos provocados no paciente por sua presença num ambiente de pessoas interessadas em ajudá-lo, o que lhe desperta sensação de segurança e confiança em si mesmo.

Trata-se de uma reação anímica (da própria alma do paciente) por isso mesmo psicológica, conhecida na Psicologia como estímulo de conjunto, em que se quebra o desânimo da solidão.

Por outro lado, a visita do passista ao paciente isolado em casa dá-lhe a sensação de valor social, reanimando-lhe a esperança de volta à vida normal.

Além disso, a presença do paciente numa reunião lhe permite receber a ajuda do calor humano dos outros e da doação fluídica direta, seja do médium ou também de pessoas que o acompanham.

Assim, o passe à distância só deve ser empregado quando for de todo impossível o passe de contato pessoal.

São esses também os motivos que justificam a prática dos passes individuais nos Centros, onde todos sabem que ninguém deixa de ser assistido de receber a fluidificação necessária.

5- Passe e Auxílio Mediúnico

Nas sessões de manifestações de Espíritos para doutrinação o passe é empregado como auxiliar dos médiuns ainda em desenvolvimento, incapazes de controlar as manifestações de entidades rebeldes.

A técnica espírita não é de violência, como nas práticas superadas do exorcismo, mas de esclarecimento e persuasão.

A ajuda fluídica ao médium envolvido se faz apenas através da imposição das mãos, sem tocar o médium. Certas pessoas aflitas ou mal iniciadas no assunto procuram segurar o médium, agarrá-lo com força e sujeitá-lo. Isso serve apenas para provocar a reação da entidade, provocando tumulto na reunião.

O médium se descontrola ainda mais e a entidade se aproveita disso para tumultuar a sessão. Chama-se o médium pelo nome, pede-se a ele que reaja e adverte-se a entidade para acalmar-se, sem o que se prejudicará, a si mesma.

Não se deve esquecer que a força do passe é espiritual e não a força física. Os Espíritos auxiliares estão ao redor e retiram a entidade rebelde.

O médium novato e o que dá o passe de auxílio precisam estar instruídos sobre a possibilidade dessas ocorrências e sobre o comportamento certo a adoptar.

Essas observações devem ser sempre repetidas nas sessões dessa natureza, para que o passe de auxílio não se converta em motivo de tumulto. Esse é um aspecto do problema do passe que muitos têm dificuldade de compreender, por falta de uma compreensão exacta da natureza puramente espiritual do passe.

6- Preparação para o passe

É muito comum chegarem pessoas ao Centro, ou mesmo dirigindo-se à casa de um médium, pedindo passe com urgência.

O passe não pode ser dado a qualquer momento e de qualquer maneira. Deve ser sempre precedido de preparação do passista e do ambiente, bem como do paciente. O médium precisa de preparação para bem se dispor ao ato mediúnico do passe.

Atender a esses casos imediatamente é dar prova de ignorância das leis do passe. Tudo depende de sintonias que precisam ser estabelecidas. Sintonia do médium com o seu estado íntimo; sintonia do passista com o Espírito que vai atendê-lo; sintonia das pessoas presentes com o ambiente que se deve formar no recinto.

Tudo isso se consegue através da prece e do interesse de todos pela ajuda ao necessitado.

Dar um passe sem essas medidas preparatórias é uma imprudência e um desrespeito aos Espíritos, que podem estar empenhados em outros afazeres naquele momento.

A falsa ideia de que basta estendermos as mãos sobre uma pessoa para socorrê-la é uma pretensão que tem suas raízes nas práticas mágicas. O passe não é um ato de magia, mas uma ação

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consciente de súplica às entidades espirituais superiores que nos amparam.

A existência e a ação dessas entidades não são uma suposição, mas uma realidade provada cientificamente e hoje necessariamente integrada nas leis naturais, pois não decorre de visões místicas, mas de factos, de fenómenos objetivos cujas leis já foram descobertas.

Os fenômenos paranormais não são de natureza mágica nem pertencem ao mito, mas ao real verificável por métodos adequados de pesquisa e até mesmo por meios tecnológicos.

7- Transfusão Fluídica

O passe é uma transfusão de plasma extrafísico (para usarmos essa expressão de Rhine) certamente composto de partículas livres de antimatéria.

Nas famosas pesquisas da Universidade de Kirov, na URSS, em que os cientistas soviéticos (materialistas) descobriram o corpo bioplásmico do homem, verificou-se por meios tecnológicos recentes que a força psíquica de William Crookes é uma realidade vital na nossa própria estrutura psicofísica.

O ectoplasma de Charles Richet, agindo nessas experiências como um plasma radiante, confirmou a teoria espírita (de Kardec) da ação de fluidos semimateriais nos fenómenos de telecinesia (movimento e levitação de objetos à distância).

A suposta incompatibilidade de matéria e antimatéria já havia sido afastada pela produção em laboratório de um antiátomo de Hélio, comprovando-se a realidade dos espaços interpenetrados.

De todas essas conquistas resultou necessariamente a comprovação da existência dos fluidos vitais invisíveis do organismo humano e de todos os organismos vivos, fotografados pelas máquinas fotográficas Kirlian.

O oficialismo ideológico soviético fez calar os cientistas, em defesa do materialismo de Estado, mas a descoberta foi registada e divulgada por pesquisadoras da Universidade de Prentice Hall, nos Estados Unidos.

Essa epopeia científica e tecnológica da Universidade de Kirov, combatida também pelo espiritualismo igrejeiro, deu-nos a chave do mistério das mãos humanas e do passe.

Raoul de Montandon já havia obtido na França, por meios mais modestos, fotos de corpos bioplásmicos de animais inferiores, e Gustave Geley comprovara, em Paris, o fluxo de ectoplasma em torno das sessões mediúnicas.

As mãos humanas funcionam, no passe espírita, como antenas que captam e transmitem as energias do plasma vital de antimatéria. Hoje conhecemos, portanto, toda a dinâmica do passe espírita como transmissão de fluidos no processo aparentemente simplíssimo e eficaz do passe.

Não há milagre nem sobrenatural na eficácia do passe, modestamente aplicado e divulgado por Jesus há dois mil anos. Essas as razões que nos levam a exigir, na atualidade, o respeito que o passe merece.

8 – A ciência do passe

Embora com boas intenções, as pessoas que se apressaram a oferecer ao público os lineamentos de uma Ciência do Passe, baseando-se em experiências comuns do passe utilizado nos Centros Espíritas, cometeram uma leviandade.

Kardec colocou o problema do passe em termos científicos, no campo da Fluídica, ou seja, da Ciência dos Fluidos.

Com seu rigor metodológico, ligou o passe à estrutura dinâmica do perispírito (corpo espiritual), hoje reconhecido como a fonte de todas as percepções a atividades paranormais.

A Fluídica é hoje uma Ciência Tecnológica, voltada apenas para o estudo dos fluidos materiais de propulsão.

As descobertas atuais da Parapsicologia, e particularmente as da Universidade de Kirov, confirmaram a validade da posição secularmente precursora de Kardec.

A Fluídica se abre, ante o avanço da Física Nuclear, para a pesquisa da dinâmica dos fluidos em todo o Cosmos. Só agora começamos a dispor de elementos para um conhecimento exato, o que vale dizer científico, da problemática bimilenar do passe.

Nas experiências de Kirov as manifestações dos fluidos foram vistas e fotografadas pelos cientistas soviéticos, que arriscaram a cabeça para proclamar a importância dos fluidos mediúnicos na terapêutica do futuro.

Essa foi mais uma vitória da Ciência Espírita através das pesquisas de cientistas materialistas. Isso prova que a Ciência, no fundo, não é mais do que o método geral da pesquisa e comprovação objetiva da realidade, que ao contrário das restrições kantianas e das múltiplas classificações metodológicas em vigor, é essencialmente uma só, como sustentava entre nós Carlos Imbassahy.

Por qualquer lado que invadirmos o campo do real, através de pesquisas científicas, chegamos sempre a conclusões coincidentes.

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No tocante ao passe, as teorias psicológicas da sugestão, dos estímulos provocados no organismo humano estão hoje superadas pelas descobertas objetivas da Fluídica aplicada ao Psiquismo. A Medicina Psicossomática é uma prova disso.

Quando, porém, passamos os limites da sugestão natural para os excessos da gesticulação e da fabulação,(como se faz nos pedidos ao paciente para que imagine entrar numa sala doirada, etc.), perturbamos através de desvios imaginários a ação, naturalmente controlada pelos dispositivos do inconsciente (consciência subliminar de Myers) o processo natural de reajuste e cura.

Quando Kardec propôs a tese da natureza semimaterial do perispírito (corpo bioplásmico) a expressão pareceu estranha e rebarbativa nos meios científicos. As pesquisas de Crookes, Notzing, Crawford, Geley, Imoda e Richet, além de outros, provaram posteriormente o acerto de Kardec.

Atualmente as Ciências reconheceram que a explicação dos campos de forças não dispensa o reconhecimento de uma conjugação constante de energia e matéria em todas as estruturas dinâmicas da Terra, do homem e do espaço sideral. Tudo isso nos mostra que o estudo científico do passe não pode ser feito por pessoas desprovidas de conhecimentos científicos atualizados.

O “Kardec superado” dos espíritas pretensiosos dos nossos dias está sempre na dianteira das conquistas atuais.

O Espiritismo é a Ciência e acima de tudo a Ciência que antecipou e deu nascimento a todas as Ciências do Paranormal, desde as mais esquecidas tentativas científicas do passado até a Metapsíquica de Richet e a Parapsicologia actual de Rhine e McDougal.

Qualquer descoberta nova e válida dessas Ciências tem as suas raízes n’O Livro dos Espíritos.

Todos os acessórios ligados à prática tradicional do passe devem ser banidos dos Centros Espíritas sérios.

O que nos cabe fazer nesta hora de transição da civilização terrena não é inventar novidades doutrinárias, mas penetrar no conhecimento real da doutrina, com o devido respeito ao homem de ciências e cientista eminente que a elaborou, na mais perfeita sintonia com o pensamento dos Espíritos Superiores.

F I M

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