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0 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA O PAPEL DO PSICOLÓGO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA, SEGUNDO A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE INTENSIVISTAS CAROLINE BROERING Itajaí, (SC) 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

O PAPEL DO PSICOLÓGO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

PEDIÁTRICA, SEGUNDO A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE

INTENSIVISTAS

CAROLINE BROERING

Itajaí, (SC) 2007

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CAROLINE BROERING

O PAPEL DO PSICOLÓGO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

PEDIÁTRICA, SEGUNDO A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE

INTENSIVISTAS

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí Orientadora: Prof.ª MSc. Marina Menezes.

Itajaí SC, 2007

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de vida, por me iluminar nesta

jornada, pois sem ele nada seria possível.

Agradeço aos meus pais, Renaldo e Sandra, por sempre estarem ao meu lado nos

momentos mais difíceis da vida, mostrando o caminho certo a ser vivido, pois sem vocês eu

não seria a pessoa que sou hoje, obrigada por me orientar, me amar, me respeitar e acima de

tudo me educar. Vocês são os meus heróis e o meu orgulho.

Agradeço a minha avó Ida que de sempre me ajudou com o seu carinho e sua

dedicação, dando força para se vencer na vida.

Agradeço a minha orientadora Marina Menezes por ser essa pessoa maravilhosa,

com sua inteligência e dedicação, que me mostrou da melhor maneira o caminho a ser

percorrido.

Agradeço ao meu namorado Carlos por sua compreensão e paciência.

Agradeço a minha amiga Vanessa que sempre me apoio e esteve presente nesta

caminhada.

Agradeço também à equipe de intensivistas da Unidade de Terapia Intensiva

Pediátrica, por terem me ajudado na realização dessa pesquisa.

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SUMÁRIO

RESUMO .............................................................................................................05

LISTA DE TABELAS ............................................................................................06

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................07

2 EMBASAMENTO TEÓRICO .............................................................................09

2.1 Hospital e Hospitalização ...............................................................................09

2.2 Hospitalização infantil .....................................................................................11

2.3 Unidade de Terapia Intensiva , Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e

Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica...............................................................14

2.4 Morte................................................................................................................18

2.5 Equipe de saúde e humanização ....................................................................19

2.6 O psicólogo nos hospitais ................................................................................21

2.6.1 O psicólogo na UTI .......................................................................................22

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS .......................................................................27

3.1 Caracterização do Local da Pesquisa .............................................................27

3.2 Participantes da pesquisa ................................................................................29

3.3 Instrumento.. ....................................................................................................30

3.4 Coleta de Dados ..............................................................................................30

3.5 Análise dos Dados ...........................................................................................31

3.6 Procedimentos Éticos ......................................................................................33

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................................34

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................71

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................74

7 APÊNDICES .......................................................................................................77

7.1 Questionário ....................................................................................................78

7.2 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido..................................................82

7.3 Carta de Aceite da Instituição ..........................................................................83

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O PAPEL DO PSICOLÓGO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA, SEGUNDO A PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE INTENSIVISTAS

Orientadora: Prof.ª MSc. Marina Menezes Defesa: junho de 2007

Resumo:

Ao se tratar de hospitalização, cabe ao profissional da saúde considerar o impacto emocional do adoecimento

a da internação. Nesta pesquisa focou-se a Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica- UTIP, destacando o

processo de hospitalização e o papel do psicólogo em uma unidade de terapia intensiva pediátrica segundo a

percepção da equipe de intensivistas da UTIP, tendo como objetivos específicos identificar o papel do

psicólogo no hospital; investigar quais as funções do psicólogo em uma UTIP; identificar as dificuldades e/ou

facilidades do psicólogo trabalhar em uma UTIP; investigar como é a interação do psicólogo com os demais

membros de uma equipe de UTIP; levantar junto a equipe a existência da necessidade ou não dos serviços

prestados pela Psicologia na UTIP; e investigar a compreensão da equipe de UTIP sobre atendimento

humanizado nesta unidade. A metodologia empregada foi de cunho qualitativo, caracterizando-se como um

estudo exploratório e descritivo. Participaram da pesquisa 15 profissionais da equipe de intensivistas de um

hospital infantil de Itajaí, Santa Catarina. Utilizou-se para a coleta de dados, um questionário auto-aplicável

com perguntas abertas e fechadas. As informações foram analisados de forma qualitativa através da técnica de

análise de conteúdo. Os resultados revelaram que os respondentes possuem concepções próprias sobre o que a

psicologia oferece no ambiente hospitalar e como esta contribui. Percebe-se que grande parte dos

respondentes atribuem às funções do psicólogo o auxílio e o apoio psicológico, não só à criança e família,

mas à equipe de saúde.

Palavras-chave: hospitalização; criança; unidade de terapia intensiva.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1- Compreensão sobre Psicologia Hospitalar.........................................36

TABELA 2- Ações que o psicólogo oferece no ambiente hospitalar......................39

TABELA 3- Clientela atendida pelo psicólogo em uma UTIP.................................43

TABELA 4- Atendimento hospitalar humanizado na UTIP.....................................45

TABELA 5- Interação entre o psicólogo e os demais membros da equipe de

UTIP........................................................................................................................48

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1 INTRODUÇÃO

Durante um processo de hospitalização o indivíduo passa por momentos de

angústia e ansiedade, pois ele encontra-se em um local diferente do seu espaço

doméstico, tendo que enfrentar emocionalmente e psicologicamente sua doença,

estabelecendo novas relações com a equipe de saúde.

Ao se tratar de hospitalização infantil cabe ao profissional o desafio de

considerar o impacto emocional do adoecimento e da internação, que deve ser

compreendido a partir da visão da criança e da família, focando sua atenção para

a possibilidade de desenvolvimento de distúrbios comportamentais associados à

faixa etária da criança hospitalizada. Também deve estar ciente de que sua

atuação requer a utilização de brinquedos, contos infantis, que funcionam como

mediadores das emoções e fantasias.

A hospitalização impõe a separação da família, de seus amigos, seus

brinquedos, enfim seu ambiente doméstico, gerando momentos de incerteza e

também sofrimento decorrentes de alguns procedimentos médicos. Na percepção

da criança o evento de estar hospitalizada surge como punição ou algo

relacionado à culpa.

A partir da década de 1950, os psicólogos começaram a atuar nos

hospitais, sendo que no início a intervenção era restrita. Com o passar dos anos

houve uma ampliação da atuação do psicólogo na equipe pediátrica, facilitando a

interação entre a família e a equipe de saúde, ampliando a qualidade de vida

dessas pessoas que são afetadas pela hospitalização.

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No âmbito hospitalar encontram-se em diferentes locais físicos, como

ambulatório, pronto-socorro, terapia intensiva e enfermarias. Nesta pesquisa será

focada a terapia intensiva, mais precisamente terapia intensiva pediátrica.

As unidades de terapia intensiva são aquelas que se destinam a receber

pacientes em estado grave, com possibilidade de recuperação, exigindo

permanentemente assistência médica e de enfermagem, além da utilização

eventual de equipamento especializado (ROMANO, 1999).

A criança, quando internada na UTIP, sofre perdas violentas, ficando frágil e

desamparada na situação em que se encontra. O psicólogo, quando atua neste

espaço participa dos fatos e acontecimentos na vida da criança e de seus

familiares. Junto à equipe, usa o conhecimento para minimizar os traumas físicos

e psicológicos da internação, auxiliando na superação das dificuldades durante a

hospitalização, garantindo a comunicação entre paciente, família e equipe.

Dessa forma, a presente pesquisa tem como objetivo investigar o papel do

psicólogo em uma unidade de terapia intensiva pediátrica, segundo a percepção

da equipe, buscando com isso elementos que permitam ajustar as funções do

psicólogo às demandas, contribuindo de forma mais integrada nas ações

realizadas por este profissional.

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2 EMBASAMENTO TEÓRICO

2.1 Hospital e Hospitalização

Segundo Campos (1995), a figura do Hospital, surgiu no ano 360 d.c, e

aponta que a palavra hospital vem do latim hospes que significa hóspede. Na

antiguidade era conhecido como um lugar que abrigava as pessoas enfermas,

devendo proporcionar a manutenção do bem estar físico, social e mental do

homem. Dessa forma, durante muito tempo o hospital constituiu-se num local onde

se abrigavam as pessoas doentes, sendo sua função mais social do que

terapêutica, visto que os tratamentos eram limitados pelos padrões e condições da

época. Seu objetivo maior era o de “encomendar almas” e não de proporcionar a

cura propriamente dita, destacando o conhecimento mais sobre o doente do que

sobre as doenças. À medida que a medicina foi se desenvolvendo, adquiriu-se

mais conhecimentos das diversas patologias que afligiam as pessoas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o hospital é a parte de

um sistema de saúde, cuja função é de assistência médica preventiva e curativa à

comunidade, incluindo serviços domiciliares e também constituindo em centro de

educação, capacitação e pesquisas biossociais, focalizando os direitos humanos

(CAMPOS, 1995).

Atualmente os hospitais estão mais capacitados e modernos, com funções

ampliadas e prestando assistência de maneira integral. Encontram-se divididos

por alas referentes às patologias apresentadas pelos pacientes, dando ênfase à

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promoção da saúde, prevenção da doença, diagnóstico, tratamento e reabilitação

física e psíquica.

Também nos dias de hoje, vem aumentando a diversidade de profissionais

na área da saúde e no contexto hospitalar, proporcionando ao paciente subsídios

técnicos e humanos que favorecem o processo de restabelecimento da saúde.

O processo de adoecer é um evento que gera estresse e é percebido como

ameaçador, sendo necessário à participação do paciente e seus familiares neste

aspecto, pois isso determina o sucesso de sua hospitalização, sendo que esta

ameaça o sistema familiar, seus papéis e seus canais de comunicação

(ROMANO, 1999).

A situação de hospitalização passa a ser determinante de muitas situações

que irão ser consideradas invasivas e abusivas na medida em que não se respeita

os limites e imposições desta pessoa hospitalizada, sendo que esta sofre um

processo de total despersonalização, pois deixa de ter o seu próprio nome e passa

a ser um número de leito ou então portador de uma determinada patologia,

passando-se a ser algo abusivo diante de sua necessidade de aceitação desse

processo (CAMON, 1995).

De acordo com o mesmo autor, o processo de hospitalização deve ser

entendido não apenas como um processo de institucionalização hospitalar, mas

como um conjunto de fatos que decorrem desse processo e suas implicações na

vida do paciente; porém o hospital, o processo de hospitalização e o tratamento

que visa no restabelecimento, não fazem parte dos projetos existenciais da

maioria das pessoas.

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A hospitalização isola a pessoa do seu convívio familiar, impede de realizar

suas tarefas cotidianas e ainda faz com que a experiência de estar adoecido seja

sentida de uma forma única e dolorosa, representando uma ruptura da sua

história. Pode ser entendida como qualquer necessidade que uma pessoa tenha

de receber os serviços prestados por uma instituição hospitalar. Os limites são

testados diante da necessidade de aceitação desse processo, correspondendo à

força na batalha contra a dor, o sofrimento, a incapacidade física e a própria

morte. O paciente acredita na possibilidade de viver com limitações e restrições e

o contato com a morte passa a ser muito mais próximo e real.

Quando o paciente é uma criança, a hospitalização pode gerar

conseqüências no seu desenvolvimento, caracterizando a hospitalização infantil

como um processo diferente da hospitalização em adultos.

2.2 Hospitalização infantil

A pediatria surgiu junto com a infância, partindo de um sentimento inicial de

indiferença, em que progressivamente a criança foi sendo vista cada vez mais

como um ser singular e diferente do adulto (OLIVEIRA,1993).

Atualmente questões referentes à hospitalização infantil se modificaram de

modo a criarem serviços especializados em pediatria. A preocupação com a

anestesia e analgesia pediátrica, por motivo de reconhecerem as especificidades

das manifestações da dor infantil, a presença de educadores e professores, o

acompanhamento de um familiar e a preocupação em reduzir ao mínimo os

períodos de isolamento, mudaram a experiência de hospitalização, pois

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anteriormente as crianças ficavam separadas do ambiente familiar e de seus

familiares, o período de internação era geralmente estendido, as crianças

permaneciam o máximo de tempo na cama, sem movimentação e anestesias e

analgesias eram dificilmente utilizadas (BARROS, 2003).

Segundo Crepaldi (1999), a hospitalização infantil é vista como agressiva,

uma vez que a infância é um momento de descobertas, alegrias e liberdade e,

quando hospitalizada, a criança deixa as suas atividades cotidianas para adaptar-

se a uma nova rotina, ocorrendo uma alteração nas condições psicológicas e

sociais.

A reação da criança frente à doença e a hospitalização dependerá da sua

idade, experiências anteriores e de suas relações parentais, pois a conduta da

criança também é influenciada pela atitude dos pais; pois independente de quão

estruturada seja a família, no momento em que um filho adoece, os outros

membros poderão vivenciar sentimentos geradores de estresse e dúvidas, sendo

que desde cedo a criança sente a necessidade de conhecer tudo aquilo que está

vivenciando, afetando sua integridade e também o seu desenvolvimento

emocional, compreende o hospital como algo desconhecido, responsável por

agredi-la; sem possibilidade de atividades ao ar livre, proibindo o seu brincar

(NIGRO, 2004; BAPTISTA & DIAS, 2003; CECCIM & CARVALHO, 1997;

CHIATTONE, 1995). Desta forma, as crianças compreendem o hospital de modo

realista como quando representam esta instituição como desconhecida, mas

também fantasiam, no sentido de relacionarem este local responsável por agredi-

las a fim de punirem seu comportamento inadequado.

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Crepaldi (1999) ressalta que o fato da criança ficar sob os cuidados de um

hospital reforça a situação de afastamento familiar e que essa separação favorece

a situação da criança vivenciar a hospitalização como abandono, culpa e castigo,

sendo que quanto mais cedo ocorrer esse afastamento, mais generalizada e

estrutural será a seqüela na formação da personalidade da criança.

Neste sentido, devido à internação, as crianças interrompem seu

desenvolvimento e sua convivência familiar, sendo que esta experiência pode

gerar conseqüências na independência desta e em seu cotidiano.

Segundo Correia, Oliveira e Vieira (2003), as crianças chegam ao hospital

sem terem sido preparadas por seus pais a respeito do contexto hospitalar, nem

mesmo sobre a separação familiar, o que leva às fantasias de abandono. Mas ao

mesmo tempo, existe também a perspectiva de cura e a ausência de dor, que

permitem às crianças acreditarem que o hospital é um bom local, uma vez que

recebem atenção e se sentem cuidadas.

A hospitalização pode proporcionar à criança, maiores conhecimentos

sobre o seu corpo e sua doença; habilidades de enfrentamento; capacidade de

autonomia, sendo que desta forma poderá participar nas decisões que a afetam.

Para Barros (2003), as estratégias que a criança utiliza para lidar com

situações novas e aversivas vão depender de variáveis como suas experiências

anteriores de separação, como dormir na casa de parentes e experiências com

hospitalização, pois as conseqüências são menores se ocorrer apenas uma

hospitalização com duração menor que uma semana. Dependerá também das

características da doença, como sua gravidade e o grau de dor provocada e as

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condições de atendimento durante a hospitalização, através de programas de

informação e de preparação, a fim de se diminuir os impactos da hospitalização.

A criança hospitalizada possui grande capacidade de observar e captar

situações que ocorrem com ela e seu meio, revelando perspicácia em perceber os

fatos que os adultos tentam esconder, inclusive questões relacionadas à morte,

sendo que omitir ou mentir sobre esses fatos percebidos pela criança, faz com que

esta se confunda e se refugie no silêncio (CORREIA; OLIVEIRA e VIEIRA, 2003).

Os familiares, bem como a equipe de saúde, algumas vezes ocultam

informações da criança sobre seu diagnóstico e prognóstico, isto ocasiona idéias

fantasiosas sobre seu estado impossibilitando um canal de comunicação aberto

para poder sanar as dúvidas quanto à sua saúde e seu futuro.

É importante lembrar que a hospitalização é uma experiência nova para a

criança e que precisa ser elaborada, sendo que esta só ocorre quando surge

algum quadro grave ou doença, ocasionando nos familiares, na equipe de saúde e

na própria criança diferentes reações e formas de compreender o processo de

adoecer, que necessitam ser conhecidas.

Os diferentes locais físicos, que existem em um hospital podem ser

caracterizados como: ambulatórios, pronto-socorro, terapia intensiva, enfermarias

entre outros. Na presente pesquisa, o foco de estudo está centrado na unidade de

terapia intensiva, mais precisamente unidade de terapia intensiva pediátrica.

2.3 Unidade de Terapia Intensiva, Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e

Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica

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A Unidade de Terapia Intensiva – UTI pode ser considerada uma

comunidade, constituída de diferentes subsistemas: paciente e família, equipe

multidisciplinar e direção hospitalar, sendo um espaço privilegiado pelo avanço

tecnológico e possibilidades terapêuticas, entretanto, a constante existência de

doenças graves, risco de vida e de seqüelas, que caracterizam esta unidade,

exige ajustamentos mentais e emocionais de todas as pessoas envolvidas na sua

rotina (NIEWEGLOWSKI, 2004).

A UTI pode ser representada pela fronteira entre a vida e a morte,

passando a ser um local de tensões e estresses constantes, intervindo no estado

emocional levando ao desgaste geral do organismo, implicando numa situação de

grande risco, sentimentos como o medo, ansiedade, depressão, abandono,

dependência, morte, culpa, estão comumente presentes.

O paciente que entra na UTI pode ser proveniente de outras unidades

hospitalares, tal como o centro cirúrgico e a emergência. No momento da

admissão do paciente, os familiares devem aguardar fora da unidade,

permanecendo na expectativa de notícias sobre o estado de saúde do membro

familiar enfermo (NASCIMENTO, 2003).

O paciente quando internado em uma UTI, apresenta reações que podem

ser mais intensas, pois a UTI, é um local que abrange diagnósticos de diversas

especialidades, sendo a área do hospital que se diferencia de outras unidades,

pois favorece tratamento específico e intenso para o paciente em estado crítico

com a possibilidade de recuperação. Aparece em todos os hospitais como um

lugar de reserva e intensa proximidade da morte, possui equipamentos específicos

de grande tecnologia, e profissionais que ali trabalham para um melhor

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atendimento ao paciente (SOUZA, POSSARI, MUGAIAR,1985 apud BAPTISTA &

DIAS, 2003).

O paciente internado na UTI sofre perdas violentas, tanto fisicamente

quanto ao nível de sua singularidade e subjetividade. Perde suas garantias, não

sabe como será sua vida depois, tem medo de ser um peso para a família, de

perder o emprego e suas conquistas. Fica bastante frágil, desamparado e se

encontra em um período difícil, sendo afastado da família, amigos, trabalho e

lazer. A rotina de sua vida será alterada, passando por um estado de privação,

isolamento, entregue aos outros, aos profissionais de saúde, tornando-se um

paciente, sem trocadilhos, uma pessoa resignada aos cuidados médicos, que

deve esperar serenamente a melhora de sua doença, sendo vulnerável, submisso

e dependente (OLIVEIRA, N. 2002).

Oliveira, N. (2002) ainda ressalta que em qualquer UTI estão presentes os

ventiladores mecânicos e os monitores cardíacos, cada vez mais são realizados

estudos para melhorar os equipamentos, assim como os profissionais que ali

trabalham recebem treinamentos especiais, sendo que os ruídos dos aparelhos

são intensos, as janelas são fechadas e a luz é artificial.

As UTIs neonatais caracterizam-se por receber pacientes na faixa etária de

zero a dois meses de idade, nascidos pelo menos a partir da 23ª semana de

gestação. Em sua maioria, as internações são feitas imediatamente após o parto,

portanto a separação física bebê/família é imediata à saída do útero materno,

configurando uma experiência de descontinuidade muito precoce para todos, seja

bebê, seja família (VALANSI & MORSCH, 2004).

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De acordo com as mesmas autoras, numa UTI neonatal, a maior freqüência

de internações deve-se ao nascimento pré-termo, ao desconforto respiratório e à

ocorrência de asfixias, apesar de também serem presentes quadros de má

formação ou síndromes genéticas. Os horários de visita da família, em geral, são

mais extensos do que numa UTI de adulto, sendo permitida a permanência de

alguns membros da família entre 12 e 24 horas por dia. Programas de atenção

humanizada, como o método canguru, cuidados nos manuseios e respeito ao nível

de maturidade do bebê, vêm sendo implantados com muito sucesso. Tais

programas pressupõem uma atenção especial ao momento evolutivo do bebê e às

questões psíquicas que envolvem uma internação neonatal.

Na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica – UTIP, a característica

diferencial é a permanência de um membro acompanhante durante a internação

da criança. A UTIP possui características próprias geradoras de significados aos

pacientes e familiares (ROMANO, 1999).

Portanto quando a criança é internada na UTIP, somam-se as

preocupações inerentes á hospitalização, considerando que a maior dificuldade

está relacionada com a presença de aparelhos de monitoração controlando a

criança, sentimentos geradores de perda e ansiedade, causando o estresse e a

ruptura familiar (NIEWEGLOWSKI, 2004).

A criança é admitida na UTIP quando um ou mais sistemas do corpo não

mantém o equilíbrio homeostático, sendo causa de acidentes automobilísticos,

doenças crônicas, cirurgias. Ou seja, o motivo da internação pode ser inesperado

ou previsto, de acordo com o estado de saúde da criança (ROMANO,1999).

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A morte pode fazer parte do cotidiano de uma unidade de terapia intensiva,

a despeito de que esta unidade priorize o cuidado extremo ao paciente

hospitalizado.

2.4 Morte

A ameaça de perda da criança também é um aspecto que pode dificultar a

ação das famílias no enfrentamento da situação de crise, porém os pais não

costumam falar abertamente sobre a possibilidade de morte da criança.

Sobre as reações diante da morte, (KOVÁCS, 1992) afirma que os temores

frente à morte são interrupções da vida, perda da existência, aniquilamento,

desaparecimento, perda da individualidade. Além do medo da morte as crianças

demonstram medo do tratamento e do sofrimento, sentimentos estes aumentados

pela separação das pessoas, especialmente familiares.

Kovács (1992) ainda ressalta que muitos adultos negam-se a conversar

com as crianças sobre a finitude. Ocultar a verdade sobre a morte faz com que as

crianças se sintam enganadas. As crianças estão em contato direto com o seu

corpo e mesmo não lhes sendo avisado sobre a gravidade de sua enfermidade,

muitas apresentaram obter esta percepção de morte.

A morte ainda é um tabu para os profissionais da saúde. Estes lidam com

ela como um fracasso profissional e especialmente se a morte for de uma criança,

pois estabelece vínculos afetivos e quando este vínculo é interrompido, provoca

luto durante a separação.

No hospital, a morte não é só uma idéia, pois o sofrimento físico e psíquico

delimita a tarefa, fazendo com que os profissionais visualizem a morte a partir da

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falência física dos pacientes. Ou seja, a morte é uma realidade e não um mistério

(KOVÁCS, 1992).

Para a criança, a morte é vivenciada como abandono, como a perda de

controle. Uma criança terminal apresenta uma percepção bem próxima da morte,

requerendo um trabalho de luto. Cabe ao profissional de saúde ajudar esta criança

a lutar pelo seu bem-estar, tornando uma morte digna e humanizada, sabendo

lidar com as ansiedades dos pais e da criança, pois a morte se encontra entre as

experiências vividas no ambiente hospitalar (BAPTISTA & DIAS, 2003; CAMPOS,

1995; CECCIM & CARVALHO,1997).

2.5 Equipe de saúde e Humanização

Humanização do Sistema Único de Saúde (SUS) segundo o Ministério da

Saúde (2006) representa a valorização dos diferentes sujeitos que estão

envolvidos no processo de produção de saúde, ou seja, promover a autonomia e o

protagonismo destes; o aumento do grau de co-responsabilidade na produção de

saúde e de sujeitos; o estabelecimento de vínculos solidários e participação

coletiva no processo de gestão; a identificação das necessidades sociais de

saúde; a modificação dos modelos de atenção e gestão dos processos de

trabalho, tendo como o que é indispensável aos cidadãos e a produção de saúde;

o comprometimento com o ambiente; a melhoria das condições de trabalho e de

atendimento.

Quanto à humanização na UTIP, as enfermeiras acreditam que é difícil

prestar assistência humanizada pelo fato de não poderem interagir com a criança

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quando esta se encontra em coma ou sedada; por não terem tempo para

humanizar devido às emergências, e por não possuírem habilidades para lidar

com a morte (PAULI & BOUSSO, 2003).

As atividades lúdicas são essenciais no processo de humanização do

atendimento hospitalar pediátrico, pois é através destes recursos que a criança

poderá elaborar os sentimentos advindos desta experiência, ressaltando seus

aspectos saudáveis e possibilitando uma facilidade em comunicar-se, a fim de que

os adultos compreendam suas representações quanto à hospitalização e os

demais aspectos vivenciados pela criança.

Segundo Campos E. (2005), lidar com o sofrimento pode remeter a

revivência de sofrimentos pessoais, podendo o profissional se identificar com o

paciente e sofrer com ele. Os profissionais da área da saúde suportam e superam

no seu dia-a-dia diversos obstáculos, sendo que seus pacientes fragilizados

sempre cobram uma intervenção perfeita. A equipe de saúde é solicitada para

intervir, por exemplo, em casos de risco de vida, o que gera uma exigência destes

e da família, de ser onipotente, de salvar vidas e quando isto não ocorre o

profissional se sente frustrado, impotente e fracassado.

Toda a equipe de saúde é responsável pelo atendimento ao paciente,

independente de suas funções. Para tanto estratégias são desenvolvidas para que

o período de hospitalização possa a ser vivenciado com dignidade e respeito. A

humanização representa uma das formas de manter a escuta integral ao paciente

e não apenas à sua doença; sendo que a equipe de saúde é submetida

diariamente a diminuir o sofrimento, controlar os riscos de vida em casos mais

graves, que muitas vezes conflitam com os recursos disponíveis, sendo de

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extrema importância a expressão dos sentimentos, fantasias e temores das

crianças hospitalizadas e terminais frente à morte, evidenciando a necessidade de

auxiliá-las no processo de elaboração do luto (CHIATTONE, 1995).

Em muitos hospitais existem ações e projetos já implantados que se

preocupam com a humanização no atendimento pediátrico, sendo eles: os

terapeutas da alegria, que realizam atividades lúdicas a partir dos procedimentos

hospitalares, a brinquedoteca, os trabalhos voluntários, o ambiente mais

decorado, os psicólogos hospitalares, os pedagogos, isso tudo possibilitando

respeito e acolhimento pelos pacientes e seus familiares.

Devido à humanização nos hospitais, pacientes e familiares encontram um

lugar que possibilita amenizar a ansiedade, diminuindo o sofrimento e o estresse

durante o processo de tratamento, pois o hospital passa a ser um ambiente que

não é mais tão assustador, hostil e que remete somente á dor e à morte.

Torna-se necessário contextualizar a presença do psicólogo nas equipes de

saúde, como algo recente e ainda em desenvolvimento, buscando uma identidade

mais reconhecida.

2.6 O psicólogo nos hospitais

A inserção da psicologia junto aos hospitais gerais no Brasil iniciou-se entre

os anos de 1954 e 1957, podendo considerar que o que distingue o psicólogo nos

serviços de saúde é o uso de instrumentos diagnósticos científicos, sendo que o

objetivo de trabalho do psicólogo na saúde deve ser focal, estando ligado às

contingências no ambiente institucional, atuando nas relações envolvidas entre

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paciente, equipe, instituição, doença e familiares (BAPTISTA & DIAS, 2003;

ROMANO 1999; LAMOSA, 1990).

Inicialmente, os psicólogos eram contratados para atuar na área de

recrutamento e seleção ou para realizar psicodiagnósticos com o auxilio de testes.

No entanto, progressivamente passaram a ser chamados para a atuação

específica na área clinica, com o intuito de fornecer suporte emocional aos

pacientes, às famílias e a equipe de saúde. Segundo Chiattone (2000), foi a partir

dessa especificidade que o campo da psicologia hospitalar começou a se

destacar.

“(...) um psicólogo que atua subordinado a um serviço de saúde mental em um hospital geral, realizando e complementando diagnósticos psicológicos ou psiquiátricos, realizando consultoria, não é um psicólogo hospitalar, não exerce uma prática de ligação entre a psicologia e a medicina, não é uma presença constante nas enfermarias, unidades, ambulatórios, não abrange a presença tríade paciente, familiares, e equipe de saúde em modalidade definida como de assistência, ensino e pesquisa” (Chiattone, 2000, p.101).

Um desafio para o psicólogo trabalhar em um hospital, é a extrema

importância de sua autonomia e poder de decisão frente aos aspectos

psicológicos e de saúde mental envolvidos em cada paciente.

Para Camon (1995), quando o psicólogo trabalha no sentido de diminuir a

despersonalização causada no contexto hospitalar está auxiliando o processo de

humanização.

2.6.1 O psicólogo na UTI

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23

O psicólogo tem como principal objetivo ajudar o paciente e sua família a

enfrentar juntos seu adoecimento, de modo que aceitem simultaneamente toda a

realidade, desde a descoberta da doença, a sua hospitalização e uma provável

morte, assistir fatores que influenciam sua estabilidade emocional, orientar e

informar as rotinas da UTI, avaliar a adaptação do paciente à hospitalização,

avaliar o estado psíquico e sua compreensão do diagnóstico, além das reações

emocionais frente à internação e à doença, trabalhando de forma integrada com

os demais profissionais de saúde, objetivando uma visão global do paciente dentro

do enfoque interdisciplinar, possibilitando também apoio e assistência à equipe

(BAPTISTA & DIAS, 2003).

O enfoque do psicólogo hospitalar em uma UTIP precisa ser crítico,

avaliando os aspectos emocionais da criança e de sua família, sendo de extrema

importância sua autonomia. O psicólogo funciona como um elo entre a criança,

seus pais e a equipe, favorecendo uma comunicação de fácil entendimento.

O primeiro objetivo será facilitar a adaptação da criança e sua família ao

hospital, examinando a forma como se vincula à equipe e o modo como vivencia a

doença. O entendimento das fantasias e ansiedades da criança e de sua família

deverá ser examinado e mantido sob controle, com o objetivo de renovar

constantemente o elo de confiança e auxiliar o esclarecimento de dúvidas,

promovendo a integração com a equipe e favorecendo o restabelecimento na

criança (CECCIM & CARVALHO, 1997).

É importante ressaltar que o trabalho um uma UTIP, prioriza a análise

contextual que norteia a assistência psicológica. O processo de período de

desenvolvimento infantil, bem como a característica física, humana e normativa da

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instituição é de fundamental importância para o planejamento e execução de

qualquer atividade do psicólogo hospitalar infantil (BAPTISTA & DIAS, 2003).

O cuidado que caracteriza o trabalho do psicólogo hospitalar e da equipe

em UTIP tem como objetivo promover a humanização, a recuperação do paciente

e uma melhor qualidade de vida para o mesmo e sua família.

Ao psicólogo cabe orientar a equipe a sempre dar bom dia, boa tarde ou

boa noite aos pacientes, informar como está o dia lá fora, se está chovendo,

ensolarado, pois a criança internada em uma UTIP perde referências

fundamentais para o seu equilíbrio.

Romano (2006) afirma que o psicólogo é o interlocutor do paciente quando

este se coloca no lugar dele, descobrindo suas necessidades, sendo um dos

aspectos fundamentais da atuação do psicólogo reconhecer e diagnosticar as

manifestações comportamentais decorrentes de patologias orgânicas, ajudando a

família a superar o problema, sendo uma intermediação entre a família e a equipe

médica.

A internação de uma criança em estado grave configura uma situação de

crise psicológica para o paciente e sua família, pois se não forem auxiliados a

elaborar a situação desenvolve-se no contexto familiar o sentimento de culpa,

ansiedade, angústia e negação quanto à incerteza do diagnóstico e prognóstico da

doença do filho. Na busca de apoio, podem encontrar pessoas que ajudem, sendo

solidárias, e também outras que provoquem o aumento da ansiedade ou

depressão. Muitas famílias buscam explicações religiosas, considerando a doença

como parte de uma missão, e recorrendo a promessas como mecanismos de

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defesa para lidar com a situação, na ilusão de ter controle sobre ela (BALDINI &

KREBS,1998).

As autoras citadas acima ainda afirmam que uma das formas de apoio

psicológico seria a formação de grupos de apoio aos pais, objetivando minimizar a

ansiedade, os temores e as fantasias dos familiares frente à hospitalização e

propiciar, através da expressão de dúvidas e tabus, o esclarecimento e a

informação sobre os procedimentos médicos, bem como sobre a doença do

paciente. Os grupos de apoio visam oferecer também informações sobre as

rotinas referentes ao funcionamento da UTI, procurando assim prevenir a doença

mental e social da criança e sua família. Nas atividades de grupo, a família e os

médicos têm oportunidade de se conhecerem, e qualquer assunto referente ao

doente ou à família pode ser discutido amplamente.

As intervenções grupais podem oferecer melhora temporária no estado

psicológico dos membros familiares, e auxiliá-los no desenvolvimento de

estratégias que lhes permitam lidar com futuras situações de estresse, ou até,

mesmo para que, após a alta da UTI, possam prover condições à criança para que

continue, da melhor maneira possível, seu desenvolvimento biopsicossocial

afetado pela doença.

O psicólogo quando atua em um espaço como a UTI, fica diante da

concretude da experiência vivida e participa dos fatos que se transformarão em

acontecimentos na vida do paciente e de seus familiares, assim como da

construção dos elos da história pessoal de cada um (OLIVEIRA, N., 2002).

A equipe da UTIP deve trabalhar interdisciplinarmente, cada membro com

sua função, estando preparados para atender a criança na tentativa de minimizar

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seus traumas e me dos durante esse processo, devendo ser explicado todo o

procedimento que será realizado, auxiliando a família a superar as dificuldades da

hospitalização desta criança. Permitir a presença dos pais durante o período de

internação, possibilita segurança à criança. É interessante a presença dos

brinquedos, que de certa forma, ajudam a manter um vínculo com o seu lar,

deixando à criança mais animada e distraída, em relação ao fato de estar

adoecida (ROMANO,1999; CAMPOS, 1995).

As características do paciente e da família proporcionam uma dinâmica

muitas vezes bem complexa. O atendimento familiar no hospital é extremamente

importante e indispensável em muitos casos, servindo como um forte aliado para a

equipe, que, em muitos momentos, se vê com dificuldades no tratamento da

criança, sendo que o psicólogo poderá informar sobre a doença, utilizando

cartazes, gráficos, ou até mesmo desenhos, transmitindo segurança e um melhor

entendimento aos familiares, ou seja, estabelecendo um vínculo entre a equipe e a

família (FALCÃO, 2006).

A principal tarefa do psicólogo é ajudar a criança a ser sentir forte dentro de

si mesma, plena de que possui escolhas mesmo na situação de doença e morte,

apontando caminhos, oferecendo condições de forma direta, sem invadir, sendo

leve e delicado sem ser passivo, aceitando a criança com respeito e consideração

(CHIATTONE, 1995).

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27

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

A metodologia adotada na presente pesquisa foi a abordagem qualitativa,

sendo exploratória e de caráter descritivo. Segundo Richardson (1999) a pesquisa

qualitativa compreende detalhadamente os significados e características

situacionais apresentados pelos participantes, sendo uma forma adequada para

entender a natureza de um fenômeno social.

De acordo com Minayo et al (2002), a abordagem qualitativa responde a

questões muito particulares, preocupando-se com um nível de realidade que não

pode ser quantificado. Assim, a pesquisa qualitativa trabalha com um espaço mais

profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser

reduzidos à operacionalizações de variáveis.

3.1 Caracterização do Local da Pesquisa

A presente pesquisa foi realizada com a equipe de intensivistas que atuam

na UTIP de um hospital infantil de uma cidade do Vale do Itajaí-SC.

O referido hospital presta assistência ao público infantil de 0 a 14 anos de

idade que necessite de atendimento médico-hospitalar, e que resida ou não na

região, excedendo-se os casos que necessitem exames de alta complexidade.

O Hospital é constituído por um prédio de três pisos:

a) Térreo:

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Neste piso se encontram a recepção do pronto-socorro, a recepção da

internação, 3 consultórios, sendo estes para atendimento de convênios,

particulares e SUS, 1 sala de gesso, 1 sala de Raio-X, 2 salas de emergência, 1

sala de observação e 1 sala de curativos e pequenos procedimentos. Também

neste piso há 1 centro cirúrgico, sendo que este se subdivide em 2 salas para

cirurgia e 1 sala de RPA (recuperação pós-anestésica), contendo 3 leitos. Ainda

neste andar há 1 sala de espera, 1 sala de expurgo. Também no primeiro piso

está localizada a parte administrativa.

b) Primeiro Andar:

Neste andar funciona a Unidade A, onde são atendidos pacientes

conveniados ou particulares. Nesta unidade dispõem-se 12 quartos. Ainda neste

andar encontram-se a UTIP, 1 sala de expurgo, 1 posto de Enfermagem, 1 sala

para a chefia de Enfermagem, quarto de plantão masculino e feminino e quarto de

descanso, cada um com dois leitos e um banheiro cada, 1 sala de Gerência de

Enfermagem, 1 copa, 1 sala de direção médica, 1 sala de Serviços (Psicologia,

Controle de Infecção Hospitalar, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Pedagogia),1

farmácia hospitalar, 1 sala de telefonistas e 1 rouparia.

c) Segundo Andar:

Neste andar funciona a Unidade B, dividida em clínica médica e cirúrgica,

onde são atendidos os pacientes do SUS, dispondo de 64 leitos. Neste andar

ainda há um espaço destinado para recreação, 1 sala utilizada para execução de

procedimentos médicos, 2 postos de Enfermagem. Há 10 quartos na Clínica

Médica, os quais são divididos conforme as patologias: quarto 1, 2, 3 e 4 para

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pacientes Respiratórios; quartos 5, 6, 7, 8, 9 para pacientes com problemas de

Entero - infecção; quarto 10 para Patologia Geral. Na Clínica Cirúrgica são 5

quartos destinados a pacientes de Cirurgia Geral, Ortopedia, Neurologia, Otorrino

e Queimados.

O paciente chega ao pronto-socorro e solicita a consulta com o médico,

clínico geral, que pode efetuar a mesma através dos convênios do Sistema Único

de Saúde (SUS), outros convênios ou particular. No caso de internação ocorre o

mesmo procedimento.

A UTIP é caracterizada por 1 sala de espera, 1 sala de reunião, 1 quarto de

plantão, rouparia, sala de procedimentos, sala administrativa, posto de

enfermagem, banheiros, 3 janelas, 2 quartos de isolamento com ante câmeras

contendo banheiros, 8 leitos, sendo 2 neonatais e 6 pediátricos. Possui uma

equipe composta por 10 médicos, 5 enfermeiros, 16 técnicos de enfermagem, 2

auxiliares de enfermagem, 1 psicóloga sendo que esta não é exclusiva da UTIP, 1

nutricionista, 1 fonoaudióloga e 1 fisioterapeuta.

3.2 Participantes da pesquisa

Participaram da presente pesquisa, os intensivistas da UTIP do referido

hospital, perfazendo um total de 15 funcionários da UTI.

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, a coleta de dados cessou à

medida que os objetivos da pesquisa foram alcançados, a partir da semelhança

entre as respostas ou repetição de conteúdo.

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De acordo com Minayo et al (2002), a pesquisa qualitativa não se baseia no

critério numérico para garantir sua representatividade.

3.3 Instrumento

O instrumento de investigação utilizado para proceder à coleta de dados foi

um questionário auto-aplicável com perguntas abertas e fechadas (Apêndice 1).

O roteiro do questionário foi elaborado a partir dos objetivos específicos da

referida pesquisa.

Para a composição das questões do instrumento da presente pesquisa,

buscou-se no referencial teórico consultado, aspectos referentes ao papel do

psicólogo no processo de hospitalização infantil em uma Unidade de Terapia

Intensiva Pediátrica em relação à tríade: paciente, família e equipe de saúde.

Cabe ressaltar, que foi realizado o piloto, de forma a verificar se o

instrumento estava adequado aos objetivos do trabalho.

3.4 Coleta dos Dados

Como o instrumento caracteriza-se por um questionário auto-aplicável, com

perguntas abertas e fechadas, a pesquisadora deixou as cópias do mesmo na

UTIP da instituição fonte da pesquisa, com a devida autorização do responsável e

por intermédio da psicóloga da instituição. Juntamente ao questionário, foi deixada

uma carta de apresentação, contendo objetivos do trabalho, termo de

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consentimento livre e esclarecido (Apêndice 2). Para que os participantes se

sentissem motivados a participar da pesquisa, foi deixado um recipiente de vidro

enfeitado com balas, acompanhado de uma mensagem de agradecimento aos

colaboradores. Num primeiro momento ocorreu resistência dos participantes para

responderem ao questionário devido ao fato deste estar anexo ao termo de

consentimento, pois muitos não queriam se identificar. Num segundo momento, a

pesquisadora separou os questionários dos termos de consentimento, deixando

duas caixas com aberturas para que os participantes, após o preenchimento dos

mesmos, depositassem os questionários em uma caixa e os termos de

consentimento na outra. Essa estratégia permitiu maior adesão por parte dos

intensivistas que foram voluntários da pesquisa. Os questionários e termos de

consentimento foram recolhidos pela pesquisadora semanalmente, durante os

meses citados.

3.5 Análise dos Dados

Os dados coletados foram analisados através do modelo de análise de

conteúdo de Moraes (1999).

Moraes (1999) define análise de conteúdo como uma metodologia de

pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de

documentos e textos. A análise de conteúdo constitui-se de cinco etapas:

preparação das informações; unitarização ou transformação do conteúdo em

unidades; categorização ou classificação das unidades em categorias; descrição e

interpretação.

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A preparação das informações consistiu em identificar as diferentes

amostras de informações a serem analisadas, sendo que estas informações

devem estar de acordo com os objetivos da pesquisa. Após iniciou-se o processo

de codificação dos materiais, estabelecendo um código que possibilitou identificar

rapidamente cada elemento da amostra, o qual pode se constituído de números

ou letras, o que facilitou a pesquisadora a um documento específico.

Após os dados terem sido preparados, eles foram submetidos ao processo

de unitarização, onde os materiais foram relidos cuidadosamente para definir a

unidade de análise, sendo que esta unidade foi o elemento unitário de conteúdo a

ser submetido posteriormente à classificação. O próximo passo foi codificar cada

unidade, estabelecendo códigos adicionais, associados ao sistema de codificação

já elaborada anteriormente. Após esta etapa fez-se o isolamento de cada uma das

unidades de análise, para que fossem submetidas à classificação, definindo-se em

seguida, as unidades de contexto.

A categorização ou classificação das unidades em categorias foi o

procedimento de agrupar dados, classificando-se por semelhança ou analogia,

segundo critérios previamente estabelecidos. Esta categorização facilitou a análise

de informações, mas deve-se fundamentar em definição precisa do problema, dos

objetivos e dos elementos utilizados na análise de conteúdo.

A descrição foi o primeiro momento da comunicação dos resultados, onde

foi produzindo um texto-síntese em que expresse o conjunto de significados

presentes nas diversas unidades de análise incluídas em cada uma delas, é nesse

momento que expressou-se os significados captados e intuítos nas mensagens

analisadas.

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Por último fez-se à interpretação, que foi o momento de atingir a

compreensão mais aprofundada do conteúdo das mensagens mediante inferência

e interpretação, a qual foi feito sobre conteúdo manifesto pelos autores, como

também sobre os latentes, sejam eles ocultados conscientes ou inconscientes

pelos autores.

3.6 Procedimentos Éticos

O Conselho Federal de Psicologia (CFP,2000, p.1) considera que:

A pesquisa envolvendo seres humanos, em Psicologia, é uma prática social que visa conhecimentos que propiciam o desenvolvimento teórico do campo e contribuem para uma prática profissional de atender as demandas da sociedade.

A pesquisa com seres humanos exige a presença do termo de

consentimento informando aos participantes. Segundo a CFP (2000), art 2º, o

termo de consentimento informado refere-se à garantia que os participantes da

pesquisa tem que sua participação é voluntária e que foram informados e

entenderam com clareza os objetivos, procedimentos, e que suas informações

obtidas na pesquisa e sua identidade serão mantidas em sigilo.

Os resultados da presente pesquisa serão apresentados à instituição após

a banca de defesa da monografia, com data a ser agendada pela instituição e

pesquisadora.

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos, juntamente com

uma discussão e análise destes resultados.

As informações, após uma leitura sistemática e apurada, foram organizadas

em categorias, apresentadas a seguir:

Categorias 1: Compreensão sobre Psicologia Hospitalar

Esta categoria objetivou identificar a compreensão dos participantes sobre a Psicologia Hospitalar. As informações foram coletadas através das perguntas fechadas do questionário.

2: Ações que o psicólogo executa no ambiente hospitalar

Esta categoria objetivou investigar as percepções dos participantes sobre quais são as ações que o psicólogo executa no ambiente hospitalar. As informações foram coletadas através de uma pergunta fechada do questionário.

3: Clientela atendida pelo psicólogo em uma UTIP

Esta categoria objetivou investigar os conhecimentos dos participantes quanto à composição da clientela atendida pelo psicólogo em uma UTIP. As informações foram coletadas através das perguntas fechadas do questionário.

4: Atendimento hospitalar humanizado na UTIP

Esta categoria objetivou investigar a compreensão da equipe de UTIP sobre atendimento humanizado nesta unidade. As informações foram coletadas através das perguntas fechadas do questionário.

5: Interação entre o psicólogo e os demais membros da equipe de UTIP

Esta categoria pretendeu investigar a opinião dos participantes a respeito da interação do psicólogo com os demais membros da equipe de UTIP. As informações foram coletadas através das perguntas fechadas do

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questionário.

6: Funções do psicólogo na UTIP

O objetivo desta categoria foi investigar com os participantes, quais as funções do psicólogo em uma UTIP. As informações foram coletadas nas perguntas abertas do questionário.

7: Profissionais que fornecem um atendimento humanizado na UTIP

Esta categoria tem como objetivo investigar a compreensão da equipe de UTIP sobre o atendimento humanizado. As informações foram coletadas nas perguntas abertas do questionário.

8: Dificuldades do trabalho do psicólogo em UTIP

Esta categoria tem como objetivo identificar dificuldades do trabalho do psicólogo em uma UTIP. As informações foram coletadas nas perguntas abertas do questionário.

9: Facilidades do trabalho do psicólogo em UTIP

Esta categoria tem como objetivo identificar as facilidades do psicólogo trabalhar em uma UTIP. As informações foram coletadas nas perguntas abertas do questionário.

10: Necessidade dos serviços prestados pela Psicologia na UTIP

Esta categoria tem como objetivo levantar junto à equipe a existência da necessidade ou não dos serviços prestados pela Psicologia na UTIP. As informações foram coletadas nas perguntas abertas do questionário.

A seguir serão analisadas as categorias acima apresentadas:

Categoria 1: Compreensão sobre Psicologia Hospitalar

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A psicologia hospitalar busca comprometer-se com questões ligadas à

qualidade de vida dos pacientes bem como dos profissionais de saúde, tendo

como principal objetivo à minimização do sofrimento pela hospitalização

(CAMON,1995).

Os dados referentes a esta categoria, podem ser observados na disposição

da Tabela 1:

Tabela 1: Freqüência e porcentagem de ocorrência de unidades sobre o tema Psicologia Hospitalar

Nota: A porcentagem dentro de cada pergunta não soma 100% porque havia a possibilidade do respondente assinalar mais de uma resposta.

Através da Tabela 1, verificou-se que (30%) dos respondentes referem que

a psicologia hospitalar atua no âmbito da promoção de saúde ao paciente

hospitalizado e sua família.

Unidades F % Uma área de investigação cientifica

1

2,5%

Uma área de especialização que se preocupa com atendimento em saúde publica

3 7,5%

Uma área que preocupa-se com a Saúde mental da coletividade 6 15% Uma área que utiliza Técnicas de diagnóstico e psicoterapia 7 17,5% Pertencente á diferentes áreas de atuação 2 5% Área de Intervenção que propicia o bem estar do paciente hospitalizado

8 20%

Utilização de procedimentos mais apropriados à instituição 0 0% Área que ocupa-se da Realização de Consultas psicológicas 1 2,5% Promoção de saúde ao paciente hospitalizado e sua família 12 30% Não tenho opinião sobre o assunto 0 0% Outro: Especifique

0 0%

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Em seguida, os participantes assinalaram que a psicologia hospitalar é uma

área de intervenção que propicia o bem estar do paciente hospitalizado com

(20%); seguidos de (17,5%) que referiram que a mesma é uma área que utiliza

técnicas de diagnóstico e psicoterapia.

Os dados refletem que a maior parte dos respondentes, relaciona a

Psicologia Hospitalar como uma ação promotora de saúde, sendo que a

promoção de saúde implica definir novos modelos de atuação e competências

profissionais específicas, articulados numa concepção de integração

(OLIVEIRA,1995).

Segundo Czeresnia (2004), a promoção da saúde visa assegurar à

igualdade de oportunidades que permitam a todas as pessoas realizar seu

potencial de saúde, ou seja, ter acesso à informação, ter habilidades para viver

melhor, bem como oportunidades para fazer escolhas mais saudáveis, pois a

promoção de saúde busca modificar condições de vida para que sejam dignas e

adequadas, no processo de tomada de decisão favorecendo a saúde e a melhoria

das condições de bem-estar.

Para Oliveira (1995), os profissionais de saúde, representantes quer das

ciências humanas, quer das biológicas, consideram relevante a influência dos

fatores psicológicos na sua prática cotidiana e entendem, com razão, que sua

intervenção propicia o bem estar do paciente. Assim é possível inferir que os

respondentes, pertencentes à área da saúde, compreendem que também

representa uma área da Psicologia Hospitalar a promoção do bem estar de

pacientes hospitalizados.

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Porém, observa-se que o modelo clínico talvez ainda povoe a compreensão

de boa parte dos respondentes, cuja perspectiva da Psicologia Hospitalar ainda

está associada a atividades como realização de diagnóstico e psicoterapia. As

formas habituais de diagnóstico e de psicoterapia não satisfazem as exigências do

atendimento de um grande número de pacientes, tal como ocorre nas instituições

hospitalares, e estas técnicas com abordagens específicas muitas vezes não são

apropriadas às classes menos privilegiadas, menos escolarizadas e sem

condições intelectuais, emocionais e econômicas de se beneficiarem das mesmas

(SIMON,1983 apud OLIVEIRA,1995).

As demais respostas, referentes à atuação da psicologia hospitalar, indicam

que (15%) associam-na a uma área que preocupa-se com a saúde mental da

coletividade; (7,5%) a uma área de especialização que se preocupa em saúde

pública; (5%) à diferentes áreas de atuação; (2,5%) a uma área de investigação

cientifica; e (2,5%) a uma área que ocupa-se da realização de consultas

psicológicas. As respostas referentes à utilização de procedimentos mais

apropriados à instituição; não possuir opinião sobre o assunto e outro, não foram

citados pelos respondentes, totalizando (0%).

Segundo uma pesquisa quanti-qualitativa exploratória de Moré et al (2004),

desenvolvida junto aos alunos do Programa de Residência em Saúde da Família,

oferecido pela Universidade Federal de Santa Catarina no segundo semestre de

2002, cujo objetivo foi analisar as representações sociais que os residentes do

Programa de Saúde da Família da UFSC tinham a respeito da Psicologia e das

possibilidades de ação do psicólogo neste contexto, observou-se que (24%) das

respostas foram codificadas como dúvidas. Sobre o que é Psicologia, obtiveram-

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se respostas vagas, ambíguas ou até mesmo em que o entrevistado afirmava não

saber o que é Psicologia. Nota-se, assim, que apesar de trabalharem junto de

psicólogos, os demais profissionais da área da saúde ainda têm dúvidas em

relação à mesma, o que remete a questionamentos sobre como a Psicologia vem

se inserindo nos serviços de saúde, de que forma é mostrada por seus

profissionais e, de que maneira sua presença está se configurando nestas equipes

de atenção à saúde.

Contrariamente ao que este estudo aponta, na presente pesquisa, quase

todos os respondentes sabem expressar de alguma maneira o que é a Psicologia,

e o que esta faz no contexto hospitalar.

Categoria 2: Ações que o psicólogo executa no ambiente hospitalar

O trabalho do psicólogo no contexto das instituições hospitalares vem

delineando uma nova especialidade em psicologia, sendo abordado de forma mais

sistemática no âmbito da investigação cientifica, preocupando-se com o

atendimento em saúde pública, contribuindo para o bem estar humano e para a

qualidade de vida (GIANNOTTI, 1995).

Os participantes da pesquisa apresentaram respostas referentes a esta

categoria, conforme Tabela 2;

Tabela 2: Freqüência e porcentagem de ocorrência de unidades sobre ações do psicólogo no hospital

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Nota: A porcentagem dentro de cada pergunta não soma 100% porque havia a possibilidade do respondente assinalar mais de uma resposta.

Conforme é possível observar na Tabela 2, os participantes da pesquisa, ao

responderam sobre as ações do psicólogo no ambiente hospitalar, indicaram que

o psicólogo oferece apoio à equipe de saúde, pacientes e familiares (23,25%).

Em seguida, os respondentes assinalaram com (20,93%) que uma das

ações do psicólogo seria auxílio nas relações sociais entre equipe de saúde,

pacientes e familiares, e (16,27%) referiram-se a minimização de traumas e

medos durante a hospitalização.

O papel do psicólogo é essencial para apoiar, esclarecer, informar e levar à

equipe a se relacionar efetivamente com o paciente e sua família, dar-lhe as

informações de aspectos específicos de sua patologia e prognóstico. Com isto, o

psicólogo hospitalar adquire um papel relevante para a harmonia da equipe e para

a saúde do paciente (MARINHO & CABALLO, 2001).

O profissional da saúde deveria entender o paciente como um ser no

mundo e a investigação da doença como conseqüência do diálogo estabelecido

Unidades F % Assistência psicológica integral e contínua ao paciente e seus familiares

6

13,95%

Minimização de traumas e medos durante a hospitalização 7 16,27% Auxílio nas relações sociais entre a equipe de saúde, paciente e familiares

9 20,93%

Orientação à equipe de saúde, paciente e familiares 5 11,62% Apoio à equipe de saúde, paciente e familiares 10 23,25% Não contribui 0 0% Atendimento psicológico à equipe de saúde, paciente e familiares 5 11,62% Não tenho opinião sobre o assunto 0 0% Outro: Especifique: Assistência psicológica a equipe de saúde

1 2,32%

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entre o paciente e o mundo, sendo que o paciente necessita de uma atitude mais

diretiva, funcionando como um auxílio moral, um apoio, levando a um alívio sobre

o processo de hospitalização, atuando também no ajustamento do paciente às

condições da vida hospitalar, pois a doença rompe a interação deste com a

sociedade e seus familiares, havendo uma mudança de papéis, de equilíbrio e

rotina de sua vida, buscando a recuperação, sua reintegração segura ao ambiente

familiar e social (CAMPOS, 1995).

Romano (1999), ressalta que uma das tarefas que o psicólogo desenvolve

em um hospital é a assistência direta ao paciente e sua família, intermediando a

relação equipe, paciente e família, além de informar tudo o que está ao alcance de

forma eficaz, para que se tenha uma linguagem de fácil entendimento,

preparando-o este para uma hospitalização mais tranqüila e segura na tentativa de

minimizar seus traumas e medos durante esse processo.

As maiores freqüências de respostas indicam que os participantes

demonstram uma percepção bastante próxima ao que a literatura especializada

refere sobre as ações do Psicólogo no hospital. Talvez isso seja decorrente de

suas experiências profissionais ou a contribuição de uma formação acadêmica

que contemple a noção de interdisciplinaridade.

Segundo Moré et al (2004), a interdisciplinaridade não nega as

especialidades, procura sim, reconhecer e respeitar as especificidades de cada

profissional, superando o conhecimento fragmentado e trabalhando o mesmo

através de interdependências e relações. O trabalho em equipe, por sua vez,

exige a resolução de problemas em conjunto, visando o desenvolvimento da

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comunicação entre os diferentes saberes, entre os distintos profissionais, tendo o

senso comum presente na postura dos profissionais.

O psicólogo então, trabalha de forma integrada com os demais membros

profissionais de saúde, objetivando uma visão global do paciente dentro do

enfoque interdisciplinar, possibilitando também apoio e assistência à equipe

(BAPTISTA & DIAS, 2003).

A Psicologia tem importância em todas as situações relacionadas à saúde

do ser humano, e o psicólogo, como um profissional da promoção de saúde, atua

tanto na prevenção como no tratamento (CAMPOS,1995).

As demais respostas, referentes às ações do psicólogo no ambiente

hospitalar, indicam que (13,95%) dos respondentes consideram a assistência

psicológica integral e contínua ao paciente e seus familiares; (11,62%) a

orientação à equipe de saúde, pacientes e familiares; (11,62%) ao atendimento

psicológico à equipe de saúde, pacientes e familiares; (2,32%) escolheram a

resposta outro: assistência psicológica a equipe de saúde. Os itens referentes às

respostas não contribui e não tenho opinião sobre o assunto, não foram

sinalizados (0%).

Categoria 3: Clientela atendida pelo psicólogo em uma UTIP

A UTIP pode ser considerada uma comunidade, pois faz parte dela a

criança internada, seus pais cuja presença é indispensável, participando dos

cuidados necessários, pois assim estes sentem-se mais próximos da criança, e

também à equipe de saúde que presta atendimento humanizado objetivando

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amenizar a ansiedade, diminuindo assim o sofrimento (PAULI & BOUSSO, 2003;

ROMANO,1999).

Tabela 3: Freqüência e porcentagem de ocorrência de unidades sobre o tema a clientela atendida pelo psicólogo em UTIP

Nota: A porcentagem dentro de cada pergunta não soma 100% porque havia a possibilidade do respondente assinalar mais de uma resposta.

A partir da tabela 3 verificou-se que (64,70%) dos respondentes refere-se à

clientela atendida pelo psicólogo em uma UTIP, como sendo a criança internada,

seus pais e familiares e a equipe de saúde que presta atendimento nesta unidade.

Em seguida, os participantes assinalaram como clientela, apenas os pais e

familiares da criança internada com (17,64%); sendo que (11,76%) referiram

apenas a criança internada e (5,85%) sinalizaram outro: pais e pacientes. A

categoria que indica ser a clientela do psicólogo em UTIP os demais profissionais

de saúde que atuam junto a criança internada, não foi sinalizada (0%), sendo que

não ter opinião sobre o assunto também não foi indicado pelos respondentes

(0%).

Unidades F % Apenas a criança internada

2

11,76%

Apenas os pais e familiares da criança internada 3 17,64% Os demais profissionais de saúde que atuam junto a criança internada

0 0%

A criança internada, seus pais e familiares e a equipe de saúde que presta atendimento nesta unidade

11 64,70%

Não tenho opinião sobre o assunto 0 0% Outro: Especifique: Pais e pacientes

1 5,85%

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Para Campos (1995), o psicólogo no contexto hospitalar, teria o papel

clínico, mas também o social, o organizacional e o educacional na forma de

assistência, a equipe multiprofissional e demais funcionários do hospital,

abrangendo atividades de assessoria, consultoria e interconsulta.

O psicólogo presta cuidados determinantes à população hospitalar, sendo:

os pacientes e sua família, os funcionários do hospital em geral, a equipe de

profissional, os estagiários e os administradores, sendo que o trabalho do

psicólogo só se efetiva, se ocorre uma colaboração de todos os outros

profissionais, iniciando-se assim uma atividade multiprofissional, valorizando a

interdisciplinaridade (NEDER, 1992).

Categoria 4: Atendimento hospitalar humanizado na UTIP

A internação hospitalar de uma criança é sempre uma situação diferenciada

da rotina, principalmente se ela ocorre em uma UTIP, pois esta causa estresse

para a criança, seus familiares e também para a equipe de saúde. Devido ao

conhecimento dessa realidade, tem ocorrido uma mudança na visão do

atendimento que é prestado pela equipe de saúde. A função da UTIP não se

restringe a tratar apenas da doença e sim cuidar da criança de modo que a

mesma não tenha seqüelas físicas nem emocionais decorrentes da internação;

por isso é preciso humanizar a UTIP. Para isso acontecer é necessário uma

intervenção efetiva, nas estruturas, nos conceitos, derrubando obstáculos e tabus

relacionados a este segmento hospitalar (LIRA, 2002).

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Os participantes indicaram suas repostas frente a esta categoria, conforme

dados da Tabela 4:

Tabela 4: Freqüência e porcentagem de ocorrência de unidades sobre o tema atendimento hospitalar humanizado na UTIP

Nota: A porcentagem dentro de cada pergunta não soma 100% porque havia a possibilidade do respondente assinalar mais de uma resposta.

Entre os participantes, (35%) referem-se ao atendimento hospitalar

humanizado na UTIP, enfatizando o reconhecimento de limitações, valores e

crenças tanto pessoais como de pacientes e familiares de pacientes.

Em seguida, os participantes assinalaram como atendimento humanizado, o

respeito e a escuta dos sentimentos e dúvidas de pacientes e familiares (25%);

porém (20%) referiram o atendimento humanizado como conquistar uma relação

sem conflitos com a família dos pacientes.

A assistência prestada em uma UTIP atinge diretamente a saúde da família,

sendo que os profissionais de saúde trazem suas crenças e valores pessoais e

profissionais sobre família e doença, as quais os influenciam em suas visões,

Unidades F % Amar ao próximo como a si mesmo

3

7,5%

Melhorar o ambiente com decorações, a fim de reduzir o estresse 3 7,5% Conquistar uma relação sem conflitos com a família dos pacientes 8 20% Respeitar e ouvir os sentimentos e dúvidas de pacientes e familiares 10 25% Reconhecer limitações valores e crenças tanto pessoais como de pacientes e familiares de pacientes,

14 35%

Não tenho opinião sobre o assunto 0 0% Outro: Especifique: é necessário qualidade e eficácia do atendimento prestado ao paciente e seus familiares, bem como capacitação profissional para um atendimento solidário

2 5%

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avaliações e, sobretudo, no cuidado e nas interações com a família. A influência

das crenças e valores sobre a assistência prestada é considerada como um

indicador importante dos aspectos que permeiam o cuidar no contexto da UTIP

(PAULI & BOUSSO, 2003).

É importante entender que a melhoria do relacionamento entre o hospital e

seu usuário, não depende exclusivamente de técnicas, mas sim de uma política de

ação para a humanização de seus serviços, posto que a humanização é a

característica fundamental de uma administração eficaz, abrangendo todos os

níveis de responsabilidades, ou seja, a equipe técnica, os próprios pacientes e

seus familiares (LIRA, 2002).

Pauli & Bousso (2003), ressaltam que a equipe alega não possuir tempo

para humanizar em razão das várias emergências que acontecem em uma UTIP,

pois diante dos acontecimentos, a assistência precisa ser rápida e prática, sendo

difícil dar atenção, respeitar e ouvir os sentimentos dos pacientes e familiares.

Permitir a presença dos pais perto da criança na UTIP, é uma forma de

humanizar a assistência, pois a equipe se sensibiliza com o sofrimento colocando-

se no lugar desta família, permitindo assim uma relação sem conflitos.

Em pesquisa realizada por PAULI & BOUSSO (2003), com enfermeiras de

uma UTIP em São Paulo, acerca das crenças referentes à humanização em

UTIPs, observou-se que as crenças modificam-se durante sua experiência

profissional, na medida que convivem com o familiar. Pelo fato da UTI ser um

lugar considerado por alguns como frio e agressivo, as enfermeiras procuram

tornar este ambiente menos agressivo e estressante aos olhos da criança,

mudando a decoração através de figuras nas paredes. Também consideram a

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permanência dos pais nesta unidade, pois estes participam na assistência para

além dos cuidados básicos como alimentação e higiene.

Em contrapartida, os respondentes da presente pesquisa parecem

reconhecer e valorizar as limitações, valores e crenças tanto pessoais como de

pacientes e familiares de pacientes, demonstrando a importância ao respeito dos

sentimentos e dúvidas, objetivando uma relação com menos conflitos com a

família.

O cuidado no contexto da humanização precisa ser compreendido como um

dever de cada pessoa e não um dever exclusivo de uma classe profissional, pois

as relações de cuidado não são de pura intervenção, mas sim de interação. A

hospitalização humanizada compreende um bom acolhimento, um sistema de

informação integrado e funcional que assegure o respeito e a dignidade aos

direitos do paciente e de seus familiares (BACKES et al, 2006).

As demais respostas, referentes ao atendimento hospitalar humanizado na

UTIP, indicam que (7,5%) referem este atendimento como uma forma de melhorar

o ambiente com decorações, a fim de reduzir o estresse; e (7,5%) amar ao

próximo como a si mesmo; (5%) indicam a reposta outro: é necessário qualidade e

eficácia do atendimento prestado ao paciente e seus familiares, bem como

capacitação profissional para um atendimento solidário; e (0%) afirmou não

possuir opinião sobre o assunto.

Categoria 5: Interação entre o psicólogo e os demais membros da equipe de

UTIP.

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Uma das primeiras dificuldades surgidas quando se pensa na atividade do

psicólogo na realidade hospitalar é a sua inserção (CAMON, 1995). O trabalho

interdisciplinar é uma alternativa importante para resolver não apenas os

problemas da assistência, mas também os problemas que ocorrem no âmbito das

relações interpessoais (CREPALDI, 1999).

As respostas dos participantes, dispostas da Tabela 5, indicam que em

relação à referida categoria

Tabela 5: Freqüência e porcentagem de ocorrência de unidades sobre o tema a interação entre o psicólogo e os demais membros da equipe que atuam na UTIP.

Nota: A porcentagem dentro de cada pergunta não soma 100% porque havia a possibilidade do respondente assinalar mais de uma resposta.

Os participantes ao responderam sobre a interação entre o psicólogo e os

demais membros da equipe que atuam na UTIP, indicam que esta interação

ocorre através do respeito ao trabalho de todos (34,09%). Em seguida, os

respondentes assinalaram com (22,7%) que uma das razões para a interação é

Unidades F % Confiança

9

20,4%

Uma boa comunicação 10 22,7% Respeito ao trabalho de todos 15 34,09% Compartilham crenças religiosas 4 9,09% Existência de conflitos 2 4,54% Cada um faz apenas sua parte 1 2,27% As relações são tensas 1 2,27% Não tenho opinião sobre o assunto 0 0% Outro: Especifique: Interagir com o profissional de saúde do período noturno

1 2,27%

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uma boa comunicação. Após, com (20,4%), os respondentes referiram que esta

interação se dá por meio de confiança.

O grande desafio da interação entre o psicólogo e os demais membros da

equipe de UTIP, é fazer com que a equipe reconheça suas próprias limitações,

seus valores e crenças, desenvolvendo sentimentos de confiança, respeito e uma

boa comunicação em si mesma e, com isso, construir um caminho para

estabelecer um relacionamento mais harmonioso no contexto hospitalar (PAULI &

BOUSSO, 2003).

As demais respostas, referentes à interação entre o psicólogo e os outros

membros da equipe de UTIP, indicam que (9,09%) consideram que ocorra

interação através do ato de compartilhar crenças religiosas; (4,54%) afirmam que

nesta unidade a interação ocorre por meio da existência de conflitos; (2,27%)

compreendem que nesta interação cada um faz apenas a sua parte; (2,27%)

relatam que as relações são tensas; (2,27%) indicaram outro: o psicólogo deveria

interagir como profissional de saúde do período noturno. Quanto a este item,

infere-se que talvez neste turno, os demais profissionais da UTIP demandem o

contato com o psicólogo. A categoria não possuir opinião sobre o assunto, não foi

indicada pelos respondentes (0%).

Frente às respostas dos participantes, o que observa-se é que a interação

do psicólogo com os demais profissionais está configurada em ações que

demonstrem respeito e valorização ao trabalho de todos.

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A inserção do trabalho do psicólogo no contexto hospitalar pode mudar a

dinâmica de atividades de toda equipe de saúde, pois busca evitar discórdias e

desentendimentos entre esses (FOSSI & GUARESCHI, 2004).

Categoria 6: Funções do psicólogo na UTIP

Através das respostas obtidas com o questionário, observou-se que os

respondentes atribuem às funções do psicólogo na UTIP as seguintes atividades:

_ Suprir medos e traumas;

_ Minimizar as dificuldades e ansiedades, a dor da perda ou de

seqüelas, prevenindo as repercussões negativas no contexto hospitalar;

_ Auxiliar, apoiar, prestar assistência, atendimento psicológico e

orientação a pacientes, familiares e equipe, fornecendo equilíbrio para

enfrentamento das dificuldades.

A hospitalização é uma experiência angustiante na vida do ser humano,

podendo comprometer sua integralidade física e seu desenvolvimento mental, pois

o contexto hospitalar pode gerar repercussões negativas. As reações psicológicas

frente à doença e a hospitalização na infância vão depender da faixa etária da

criança, das preocupações com sua integridade física, das sensações de

desconforto, do sentimento de abandono, punição e dificuldades no

relacionamento social. Portanto é de extrema importância avaliar o significado que

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a doença e a hospitalização têm para a criança e seus familiares (BAPTISTA &

DIAS, 2003).

Na UTIP é de extrema importância também a presença do psicólogo, pois

este tem o papel de observar de forma qualificada, o comportamento e as reações

psicológicas diante deste processo, contribuindo nas situações de perda, na

assistência e intervenção aos pacientes e seus familiares, sendo que o suporte

emocional e psicológico é um fator importante dentro desta unidade, tendo este o

intuito de compreender os aspectos relacionais envolvidos nos subsistemas da

UTIP, bem como demonstrar ao profissional da psicologia a relevância de seu

trabalho. Isto é possível verificar nas respostas dos participantes, referentes às

ações do psicólogo na UTIP:

“... apoio aos pais da criança internada, pois é um momento difícil que eles precisam conversar e expor seus sentimentos e o psicólogo é uma boa opção (R1)

“... acompanhar doente e familiares, assistência ao doente, assistência aos colaboradores presentes com orientações distintas sob tal (R8)

“... apoio a equipe de saúde para tentar minimizar os traumas, medos do paciente e familiares, assistência aos familiares e paciente utilizando métodos e procedimentos mais apropriados e adequados, assim minimizando a dor da perda ou das seqüelas existentes, como o equilíbrio para enfrentamento das dificuldades a serem encontradas, tentando trazer qualidade de vida ao paciente (R14)

Ainda os participantes afirmam que o psicólogo na UTIP atua para:

_ Complementar o trabalho da equipe (multiprofissional);

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_ Manter uma boa relação com toda a equipe

Faz-se necessário que o psicólogo participante das equipes de saúde,

mostre sua formação através da sua forma pensar e agir, visando buscar maior

contextualização das suas ações a fim de que a equipe e os usuários tenham

conhecimento a respeito dessa ciência e profissão, complementando o trabalho da

equipe e também mantendo uma boa relação através de uma clara comunicação.

A resposta a seguir, demonstra esta compreensão por parte dos

participantes:

“... auxiliar familiares e pacientes minimizando os traumas causados pela internação, completando o trabalho da equipe (multidisciplinar), digo multiprofissional ( R4)

Na concepção dos participantes da pesquisa, o psicólogo teria como função

também:

_ Preparar os familiares para situações, quando ocorre alta

A informação é um elemento fundamental no contexto hospitalar, sendo

esta eficaz diante de qualquer procedimento, pois representa segurança,

transparência e participação efetiva no processo de cura. Restabelecer a saúde e

promover alternativas preventivas para uma melhor qualidade de vida, portanto,

são características básicas da missão do hospital, que não se constituem um fim

em si mesmo, mas um meio que integra uma rede ampliada de relações sociais

(BACKES et al, 2006). Sendo esta missão do hospital, e o psicólogo membro

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integrante da equipe, também compete a ele fornecer informação sobre aspectos

psicológicos relativos ao paciente e família.

Preparar os familiares, para as diversas situações quando o paciente sai da

UTIP, é uma das grandes dificuldades dos profissionais da área da saúde.

Quando a criança é admitida na UTIP seu estado inspira muitos cuidados

ou é muito grave, sendo que esta unidade representa um lugar de reserva e

intensa proximidade da morte. Geralmente quando esta criança recebe alta, deve-

se levar em consideração as possíveis seqüelas permanentes, consequentemente

geradas pelo seu estado grave.

A equipe de profissionais deve estar preparada para auxiliar a criança e a

família para lidar com as dificuldades que elas enfrentarão durante a

hospitalização, assim como em alguns casos, nos cuidados que deverão ter no

pós-alta da criança, pois devido o seu grave estado, possivelmente algumas

seqüelas poderão permanecer.

Conforme relata um dos participantes, o psicólogo poderá atuar:

“... em relação ao paciente criança que tem algum grau de compreensão, fazê-lo suprir seus medos e traumas, e em relação ao cuidador, fazê-lo compreender os passos do paciente na UTI, e muitas vezes preparar os familiares, para as diversas situações quando o paciente sai da UTI (R2)

Na presente pesquisa, os participantes indicam ainda entre as ações do

psicólogo em uma UTIP:

_ Conhecimento sobre o quadro do paciente;

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_ Utilização de métodos e procedimentos adequados

O papel do psicólogo no ambiente hospitalar, na assistência à crianças,

consiste em dois princípios: entender a rotina e as imposições relacionadas a

doença do paciente, considerar as rotinas hospitalares (horários, manipulações,

procedimentos), a cultura médica e o regime da instituição hospitalar.

A compreensão dessas práticas, nas rotinas diárias, torna-se essencial na

previsão da ordem dos cuidados psicológicos, quanto aos comprometimentos das

doenças (BAPTISTA & DIAS, 2003).

Os participantes referem este conhecimento através dos seguintes relatos:

“... através de uma boa relação com toda equipe da UTIP, ter conhecimento sobre o quadro dos pacientes para da melhor maneira poder ajudar, orientando os familiares e o próprio paciente quando possível (R10)

“... apoio emocional aos familiares dos pacientes e atendimento direto aos pacientes que estejam conscientes, ou seja, sem sedação (R12)

As falas acima ressaltam que o psicólogo é um membro importante da

equipe de saúde, pois este tem recursos técnicos e teóricos para realizar

procedimentos adequados em sua intervenção junto ao paciente e família, e

conseqüentemente, através de uma boa comunicação com os outros membros da

equipe, pode adquirir maior conhecimento sobre o quadro do paciente e prestar

um atendimento mais humanizado.

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Categoria 7: Profissionais que fornecem um atendimento humanizado na UTIP

Nesta categoria os respondentes enfatizam que o atendimento humanizado

é uma atribuição de todos os profissionais envolvidos com o paciente e a família,

desde a admissão do paciente até a prestação de cuidados e serviços.

O significado da humanização passa necessariamente pelos valores,

sentimentos e atitudes que guiam o modo de ser e agir dos profissionais, no

sentido de prestar um atendimento diferenciado e humanizado, a partir de uma

práxis comprometida com a mudança. Proporcionar um atendimento integral e

humanizado ao paciente compreende, relações humanas de cuidados capazes de

envolver o cuidador, a pessoa cuidada, a família, o ambiente propriamente dito e a

sociedade (BACKES et al, 2006).

Os profissionais da área da saúde suportam e superam na rotina diária,

diversos obstáculos, sendo que pacientes e familiares sempre cobram uma

intervenção perfeita.

Evidencia-se esta perspectiva, quando a partir da fala de um dos

participantes, conclui-se que a construção de um ambiente de cuidado humano,

requer de todos os profissionais o envolvimento efetivo e afetivo desde o ingresso

do paciente no hospital, necessitando serem consideradas, segundo Backes

(2006), as condições materiais e organizacionais do acolhimento, as condições de

sua permanência no hospital, assim como as condições morais, técnicas e

relacionais dessa permanência. Assim a humanização é uma atribuição:

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“... da equipe multiprofissionais. Enfermeiro, psicólogo, médico, fono, fisioterapeuta, nutricionista, assistente social, mais especialista conforme patologia do paciente, dessa maneira é que se tem uma assistência realmente humanizada, e digo mais isto ainda implica em melhor assistência a partir da chegada do paciente até a sua alta, para tanto o recepcionista como todo e qualquer funcionário da Unidade fazem parte da assistência/ atendimento humanizado e isto só acontece, se realmente a equipe é unida e tem o mesmo objetivo “o paciente” (R14).

Categoria 8: Dificuldades do trabalho do psicólogo em UTIP

A partir das respostas, observou-se que os participantes atribuem às

dificuldades do psicólogo trabalhar em uma UTIP os seguintes itens:

_ Falta de conhecimento dos profissionais da UTIP sobre a atuação

psicológica, dificultando a conquista do seu espaço;

_ Trabalhar em equipe com respeito mútuo

O convívio dos diferentes integrantes das equipes de saúde

multiprofissionais, traz à tona os mais variados questionamentos com relação a

postura destes profissionais, no que diz respeito a parâmetros de ação em

comum. Esta realidade tem gerado a necessidade de capacitação dos mesmos,

no sentido de desenvolver e trabalhar diálogos multidisciplinares em direção aos

interdisciplinares. Isto implica um real desafio das bases de formação de suas

especialidades extrapolando-as, através da aceitação de outros saberes, fazendo

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necessária a aproximação, o conhecimento dos diferentes saberes, a facilitação

do diálogo, a compreensão e o respeito mútuo (MORÉ et al , 2004).

Na presente pesquisa estes indicadores podem ser exemplificados na fala

de um dos participantes:

“... dificuldades todos os profissionais sempre encontram, porém se supera quando se conquista o espaço, e espaço existem para todos os profissionais de saúde, dentro da UTIP, só a união faz a qualidade da assistência ao paciente, e o mais importante para o profissional deve ser o paciente (R14)

Outras peculiaridades na atuação do psicólogo em UTIP, sinalizadas pelos

participantes, indicam as seguintes dificuldades:

_ Horário para encontrar os familiares;

_ Trabalhar com familiares sem se envolver

Devido a UTI ser um local restrito e reservado, uma das grandes

dificuldades de trabalhar nesta unidade, é a informação e o esclarecimento

relacionados ao paciente e sua hospitalização, pois o horário de visita e a

permanência dos familiares acontecem por um período muito curto, dificultando

assim um atendimento mais humanizado durante este processo.

Nesta unidade, encontram-se pacientes graves e que algumas vezes

permanecem por um longo tempo, sendo difícil o não envolvimento com estes e

seus familiares, pois com o passar do tempo formam-se os vínculos afetivos.

Isto se evidencia na fala de um dos participantes:

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“... devido a UTIP ser um local de pacientes (crianças) bastante grave, penso que o mais difícil é participar desses momentos ruins com os familiares, sem se envolver (R10)

Para muito profissionais da saúde, o envolvimento com o paciente e sua

família, é um terreno perigoso. Dessa forma, muitos desenvolvem estratégias para

defenderem-se das conseqüências desse envolvimento. Porém, o cotidiano

transforma muitas vezes essa estratégia em uma atitude de total insensiblidade

com o outro. Esta calosidade profissional1 é a postura do profissional da saúde,

caracterizada uma indiferença total à dor do paciente, uma calosidade que o

impede de ser tocado, ainda que minimamente, pelo sofrimento do paciente, como

um total desprezo pela sua dor. O fato de o profissional da saúde adquirir a

calosidade profissional para não sofrer diante da dor do paciente, chega a ser

justificável tanto pela quantidade dos atendimentos realizados, como pela forma

como esse sofrimento pode alterar sua própria vida (CAMON, 1998).

Lidar com aspectos emocionais faz parte da atuação do psicólogo, porém

também aí se implicam todos os demais profissionais. Isso muitas vezes é

associado pelos outros membros da equipe de saúde à grande fantasia em

relação ao psicólogo, de que ele vivencia o envolvimento de uma forma mais

intensa. Assim, muitas vezes a equipe acredita que cuidar do bem estar emocional

do paciente é tarefa apenas do profissional de psicologia.

Entre as dificuldades de ação do psicólogo, os participantes destacaram

ainda:

1 Termo utilizado por Angerami-Camon (1998).

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_ Atendimento ao paciente em coma;

_ Pacientes com chance de óbito ou seqüelas

As UTIs são locais onde se internam doentes graves que ainda têm um

prognóstico favorável para viver. Nesse local, são atendidos casos de pessoas

que se encontram em uma situação limite (entre a vida e a morte) e necessitam de

recursos técnicos e humanos especializados para sua recuperação (OLIVEIRA,N.,

2002).

A equipe de saúde deve considerar a possibilidade de existência de vida

psíquica no paciente comatoso, respeitando-o, estimulando-o e permanecendo a

seu lado, acolhendo-o e respeitando sua dignidade (SEBASTIANI,2003).

Referente a isso, um dos participantes ilustra o que considera uma

dificuldade para a ação do psicólogo na UTIP:

“... paciente grave geralmente sem comunicação e com grande chance de óbito ou seqüelas permanentes (R13)

O trabalho do psicólogo no contexto hospitalar ainda é polêmico, pois

muitos tentam adaptar modelos de atuação em consultório particular, sendo que o

trabalho do psicólogo objetiva minimizar o sofrimento ligado à hospitalização,

surpreendendo o fato de muitos hospitais se recusarem a ter psicólogos.

Este profissional trabalha junto a pacientes com grande chance de óbito,

proporcionando apoio e escuta, percebendo as suas necessidades,

desenvolvendo um contato mais íntimo, favorecendo a busca de compreensão e

reflexões sobre a questão da finitude e de uma morte digna (KOVÁCS, 1992).

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Porém, na presente pesquisa, um dos participantes destaca que o

psicólogo não enfrenta dificuldades na UTIP, como é possível verificar:

“... desde que o profissional psicólogo deseja trabalhar, não vejo dificuldades (R11)

O que se conclui aqui, é que talvez a experiência deste participante da

pesquisa, esteja associada a intervenções por parte do psicólogo, mais voltadas a

um atendimento nos moldes da Psicologia Clínica tradicional, ou talvez muito

desvinculada das ações que a equipe realiza, desenvolvendo intervenções

somente quando é solicitado, sem participar da rotina de forma mais direta.

Os psicólogos vêm refletindo sobre sua atividade em áreas novas e

algumas alternativas de intervenção, atribuindo métodos de atuação que

propiciem uma maior integração da equipe de saúde e uma preocupação em

definir o papel do psicólogo nas instituições médicas em nível preventivo e

educativo, por meio de difusão de mensagens e aumento de informações

(GIANNOTTI, 1995).

O psicólogo na instituição hospitalar, defronta-se constantemente com

problemas éticos, seja com pacientes e também com seus colegas, com maior ou

menor poder e impotência social. Todos os profissionais parecem entender de

psicologia e arriscam-se a fazer diagnósticos, mas é direito do psicólogo exercer a

sua profissão se impondo para que se efetive uma intervenção adequada a sua

capacitação profissional.

Conhecer as atribuições de outros profissionais é de extrema importância

quando se pretende a inserção numa equipe multidisciplinar, sendo que para isso

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acontecer é necessário respeito e consideração dos valores de cada

especificidade profissional.

Cabe ao psicólogo demarcar com clareza a sua prática, com os recursos de

sua técnica, com suas formulações, para ir construindo a fazendo a sua história, a

fim de conquistar seu espaço (CAPITÃO, 1995).

Categoria 9: Facilidades do trabalho do psicólogo em UTIP

As respostas obtidas junto aos respondentes sinalizaram os seguintes itens

referentes às facilidades do psicólogo trabalhar em uma UTIP:

_ Duração de tempo de internação;

_ Menor números de pacientes;

_ Especificidade do ambiente

Uma das facilidades do psicólogo trabalhar em UTIP seria o menor número

de pacientes, o que permite maior contato com os mesmos, favorecendo assim

uma melhor comunicação entre a equipe de saúde e proporcionando um

atendimento mais individualizado e imediato.

Algumas internações na UTIP também podem ser longas, o que leva a um

contato mais intenso com paciente e família.

Os participantes justificam estas compreensões da seguinte forma:

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“... é um ambiente restrito e os pacientes infelizmente permanecem por mais tempo que nas unidades (R1)

“... a especificidade do trabalho/ambiente, acesso rápido a equipe de saúde e menor número de pacientes (R5)

Entre as facilidades encontradas na ação do psicólogo em UTIP, os

participantes ainda destacam:

_ Trabalhar em equipe, obtendo um bom relacionamento, através de

uma boa comunicação;

_ O reconhecimento de sua importância

A inserção dos serviços de psicologia é privilegiada em instituições onde há

espaço para reuniões entre os diversos profissionais da equipe multidisciplinar,

pois nestas condições, o psicólogo evidenciará a importância da valorização do

conjunto dos aspectos emocionais do individuo. A equipe médica de saúde, então,

busca humanizar as condições do individuo no seu período de hospitalização.

O vínculo entre o indivíduo e a equipe multidisciplinar têm de ser

considerado no manejo psicológico. É indispensável que o psicólogo saiba

detalhadamente das atividades desenvolvidas pelos demais profissionais, bem

como os limites de cada um, possibilitando uma atuação integrada, com manejo

único (FOSSI & GUARESCHI, 2004).

Percebe-se que este item é considerado por um dos participantes, quando

refere o reconhecimento da importância do psicólogo no hospital.

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“... quando toda a equipe entende a importância do atendimento do psicólogo, facilita bastante o atendimento (R12)

O primeiro fator que identifica uma equipe multiprofissional, passa a ser a

percepção, a crença de seus integrantes, de que o conhecimento não é algo

isolado e fragmentado (ROMANO,1999).

O psicólogo hospitalar, assim como os demais membros da equipe de

saúde, não pode se colocar dentro do hospital como força isolada solitária sem

contar com outros determinantes para atingir seus preceitos básicos, sendo que

um depende do outro, e todos dentro deste contexto têm a sua importância, pois

são saberes distintos que fazem toda a diferença para a melhora no processo de

hospitalização (CAMON,1995).

Também se observou entre as falas dos participantes, outras facilidades na

atuação do psicólogo em UTIP:

_ Apoio psicológico à paciente, familiares e equipe

O psicólogo no hospital escuta o usuário, a família do usuário, os outros

membros da equipe e a opinião médica, portanto, é viável que ocorra através da

apropriação de um modelo da psicologia, enquanto uma área de saber científico, o

exercício das relações de poder, pois o psicólogo na sua formação acadêmica tem

o preparo teórico e técnico para fornecer apoio psicológico (FOSSI &

GUARESCHI, 2004).

Um dos participantes sinaliza esta facilidade de atuação quando indica a

quem o psicólogo presta atendimento a:

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“... pacientes, familiares e equipe com necessidades de apoio psicológico (R13).

Além das facilidades citadas, os participantes também atribuem outras

facilidades à atuação do psicólogo:

_ Olhar qualificado ao comportamento das pessoas;

_ Acesso direto com cliente, olho no olho

A instituição hospitalar possui uma estrutura organizacional complexa

quanto aos profissionais, papéis, estrutura, divisão de trabalho, metas, hierarquia

e normas que a regulam. Há uma prática profissional voltada, quase que

exclusivamente para a eficácia do atendimento ao paciente, e muitas vezes,

percebe-se uma menor valorização das condições de trabalho essenciais para a

saúde do trabalhador, que permanecem expostos por um período prolongado à

situações que exigem alta demanda emocional (ROSA & CARLOTTO, 2005).

Na medida em que cada profissional pode considerar-se apoiado pelo

colega, no sentido técnico e humano, através de trocas de experiências, saberes,

procedimentos, modos de lidar com o sofrimento, com o que despersonaliza e

submete o outro, quer seja este, colega ou paciente, pode-se modificar esse

estado de coisas. Para tanto é importante partir-se da constatação de que cada

um individualmente não está preparado para lidar com a complexidade que a

realidade hospitalar encerra (CREPALDI,1999).

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Fazer contato implica o envolvimento que também facilita a relação. O

psicólogo é treinado para mediar às comunicações e auxiliar na expressão de

idéias e sentimentos.

Percebe-se que grande parte dos respondentes refere-se às funções

desempenhadas pelo psicólogo como facilidades talvez quando comparadas às

funções desempenhadas por outros profissionais da saúde, que envolvam

procedimentos invasivos, dolorosos ou com risco de morte.

É possível compreender isso melhor através da fala de um dos

participantes:

“... olhar qualificado para o comportamento do grupo (funcionários) e famílias, compreendendo o movimento individual e coletivo das pessoas (R3)

Categoria 10: Necessidade dos serviços prestados pela Psicologia na UTIP

De acordo com as respostas, observou-se que os respondentes atribuem o

seguinte item à pertinência dos serviços prestados pela Psicologia:

_ Necessário

Devido a UTIP ser um ambiente de grandes tensões e estresse, o psicólogo

é indispensável dentro desta unidade, pois ele irá intervir de maneira a auxiliar na

superação de possíveis traumas e auxiliar o manejo de diversos sentimentos,

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trabalhando não só com pacientes, mas também orientando os familiares e a

equipe de saúde.

Essa perspectiva também é possível verificar na resposta de um dos

participantes, referentes à necessidade do psicólogo na UTIP:

“... é um integrante da equipe, sendo essencial e tão importante como os outros membros, pois um precisa do outro (R1)

Ainda os participantes referem que o psicólogo na UTIP:

_ Integra a equipe e paciente;

_ Realiza e possibilita o trabalho humanizado

Toda a equipe de saúde é responsável pelo atendimento ao paciente,

independente de suas funções. Para tanto, estratégias são desenvolvidas para

que o período de hospitalização possa ser vivenciado com dignidade e respeito. A

humanização representa uma das formas de manter a escuta integral ao paciente

e não apenas à sua doença.

A resposta a seguir, demonstra esta compreensão por parte dos

participantes:

“... pelo fato de ser importante a humanização no melhor tratamento do paciente, não podemos só tratar a doença, e sim o paciente como um todo e seus familiares e todas as pessoas em sua volta (R10)

Na concepção dos participantes da pesquisa, o psicólogo ainda seria

necessário na UTIP para prestar serviços que promovam:

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_ Um bom andamento do processo de amenização dos anseios;

_ Apoio emocional;

_ Auxilio do manejo de diversos sentimentos (medo, insegurança,

conflitos);

_ Recuperação integral do paciente

Um trabalho de reflexão que envolva toda a equipe de saúde é uma das

necessidades mais prementes para fazer com que o hospital perca seu caráter

meramente curativo para transformar-se numa instituição que trabalhe não apenas

com a reabilitação orgânica, mas também com o restabelecimento da dignidade

humana (CAMON, 1995).

O profissional responsável pelo cuidado necessita, nesse processo,

reconhecer as particularidades de cada paciente como sua família, amigos, lazer,

trabalho, alimentação e outros tantos apegos que podem favorecer a construção

de um ambiente de cuidado humano. O significado do cuidado humano passa,

necessariamente pelo resgate dos pequenos e/ou grandes eventos que tornam o

ser humano único e especial nos diferentes espaços e situações em que se

encontra, no sentido de prestar um atendimento personalizado, voltado não para a

doença, mas para o ser humano que adoece (BACKES et al, 2006).

Os participantes justificam esta compreensão da seguinte forma:

“... por trás da doença, há diversos sentimentos (medo, insegurança, conflitos), sendo importante a presença do psicólogo (R10)

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“... bastante importante o trabalho deste profissional, tendo em vista que vem a somar na recuperação integral do paciente (R12)

“... incontestavelmente, a criança hospitalizada e família necessita de suporte emocional no que se refere a terapia intensiva no tratamento de crianças com risco iminente de morte, a mãe, pai,etc necessitam de apoio psico-emocional afim de amenizar/evitar traumas psicológicos (R5)

Ainda referente à pertinência dos serviços prestados pela psicologia na

UTIP, os respondentes destacam a seguintes ação:

_ Intervir com funcionários que vivem sob tensão e stress, pois a

UTIP é um ambiente com conflitos

Neste contexto, devido ao alto nível de estresse e tensão das equipes de

saúde, os profissionais podem apresentar exaustão devido o excesso de trabalho,

esquecendo suas próprias necessidades e valores. Neste caso pode-se falar em

Burnout, uma síndrome do trabalho devido à divergência da percepção entre o

esforço e a conseqüência.

Profissionais que apresentam Burnout demonstram sentimentos diversos,

apresentando-se cansados, angustiados, esgotados, irritados, impotentes e

revoltados devido à sobrecarga originada pela demanda de atendimentos e suas

limitações em situações envolvendo riscos de vida (ROSA & CARLOTTO, 2005).

Sobre a postura de atendimento dos profissionais da saúde, cabe destacar

o espaço entre a “calosidade profissional” até o distanciamento crítico do paciente,

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que permite que o profissional da saúde lide com os aspectos emocionais de

forma lúcida, tendo condições de ajudar o paciente, sem ter que sofrer junto.

Outro aspecto é a empatia genuína, que representa a atitude do profissional

que se envolve com o doente de modo singelo, sem o estabelecimento de

qualquer barreira. Também há o profissionalismo afetivo, em que o profissional

trata o doente com respeito pela sua dor e sofrimento, desenvolvendo um trabalho

sistemático sem um envolvimento emocional intenso (CAMON, 1998).

Percebe-se que esses aspectos são considerados pelos participantes

quando referem a necessidade do profissional da psicologia na UTIP:

“... é o primeiro profissional que deveria estar na UTI, para direcionar seu trabalho para as famílias, mas principalmente para os funcionários que vivem sob tensão e stress (R3)

“... acredito que o psicólogo é um profissional indispensável dentro da UTIP, pois a mesma tem características muito peculiares, em relação a sua função e atendimento. Na UTIP tudo é muito urgente e grave, gerando tensão e muitas vezes, impotência na luta ente a vida e a morte. Diversos pensamentos e sentimentos permeiam uma internação na UTIP, não somente no paciente e seus familiares, mas em todos que nela atuam. É neste contexto que o psicólogo irá intervir, visando trabalhar essas questões e prestar atendimento integral ao paciente e seus familiares, bem como orientar a equipe para um serviço humanizado. Cabe ressaltar ainda, que o psicólogo que irá atuar e uma UTIP, precisa estar devidamente habilitado para tal ofício, além disso, necessita lidar com suas próprias crenças, sentimentos e reações, suscitados por este ambiente (R15)

Observou-se nesta pesquisa que os respondentes possuem concepções

próprias sobre o que a psicologia faz em um hospital e o que este profissional

contribui em um ambiente tão frio e misterioso quanto é a UTI, sendo que a

presença desse profissional é de extrema importância, pois este tem na sua

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formação acadêmica o diferencial dos outros profissionais da área da saúde,

obtendo o olhar qualificado sobre o comportamento das pessoas e a condição de

oferecer assistência integral na recuperação do processo de hospitalização,

visando buscar não a doença, mas o paciente enquanto indivíduo.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No âmbito hospitalar, a psicologia pretende compreender, avaliar e intervir

nos problemas comportamentais e emocionais durante o processo de

adoecimento; na promoção de saúde, no desenvolvimento infantil e familiar; bem

como na prevenção de doenças, compreendendo prevenção como intervenções

que buscam evitar patologias específicas, diminuindo a incidência e a prevalência

de doenças.

A presente pesquisa teve como objetivo, investigar o papel do psicólogo em

Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica, segundo a percepção da equipe de

intensivistas.

Ao investigar sobre o papel do psicólogo na UTIP, percebe-se que a maioria

dos respondentes conhece o que a psicologia oferece no âmbito hospitalar e no

que esta contribui.

Em relação às funções do psicólogo na UTIP, verificou-se que os

participantes atribuem as mesmas à supressão de medos e traumas; minimizar as

dificuldades, ansiedades, a dor da perda ou de seqüelas, prevenindo as

repercussões negativas no contexto hospitalar; auxiliando, apoiando, prestando

assistência psicológica; orientando pacientes, familiares e equipe, fornecendo

equilíbrio; complementando o trabalho da equipe (multiprofissional); favorecendo a

manutenção de uma boa relação com toda a equipe; preparando os familiares

para situações que envolvem a alta; conhecendo o quadro do paciente internado e

utilizando métodos e procedimentos adequados (restritos ao psicólogo).

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A compreensão sobre atendimento humanizado na UTI foi mencionada

através da concepção de que ele representa uma ação de todos os profissionais

envolvidos com o paciente e a família, desde a admissão do mesmo até a quem

presta cuidados e serviços. Pois o que caracteriza como seres humanos é a

necessidade de vivermos em permanente relação com o outro, não só no sentido

prático, mas, principalmente, no suporte emocional através do carinho e da

atenção.

Os respondentes identificaram como dificuldades do trabalho do psicólogo

em UTIP, a falta de conhecimento dos profissionais desta unidade sobre a

atuação psicológica, dificultando a conquista do seu espaço. Sinalizaram ser difícil

trabalhar em equipe com respeito mútuo; depender de horários restritos para

intervir junto aos familiares de paciente internado. Outro fator de dificuldade

sinalizado foi trabalhar com familiares sem se envolver emocionalmente, o que

parece ser um desafio para o profissional de unidades hospitalares, visto que

depara-se com a doença, a hospitalização, a morte e o estresse provocados por

estes eventos. O atendimento ao paciente em coma e pacientes com chance de

óbito ou seqüelas, também mostrou ser um desafio que impõe-se ao psicólogo em

UTIs, bem como aos demais profissionais, pois tratam-se de pacientes e famílias,

com expectativas, desejos, histórias que muitas vezes são alteradas e

redirecionadas totalmente a partir desta internação.

Em relação às facilidades percebidas no trabalho do psicólogo na UTIP, os

participantes sinalizaram a duração do tempo de internação, que permite maior

contato com a criança em função também de um menor número de pacientes. O

fato da UTIP ser um ambiente restrito, o psicólogo experimenta a possibilidade de

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uma melhor comunicação entre a equipe, o que conseqüentemente, segundo os

participantes, promove o reconhecimento de sua importância. Ao oferecer apoio

psicológico à paciente, familiares e equipe, através de um olhar qualificado ao

comportamento das pessoas, o psicólogo também vivencia facilidades, segundo

os participantes, talvez porque esse tipo de abordagem permita conhecer melhor o

funcionamento emocional para desenvolver maior tolerância com os demais.

Ao levantar a existência da necessidade ou não dos serviços prestados

pela psicologia na UTIP, percebe-se a importância atribuída a esse profissional na

percepção dos participantes, que afirmam ser um elemento necessário para

interagir com os demais membros da equipe e paciente, favorecendo o trabalho

humanizado, auxiliando no manejo de diversos sentimentos e na recuperação

integral do paciente.

Isso justifica a extrema importância de se aprofundar os conhecimentos

nesta área, para que a formação acadêmica prepare os profissionais da Psicologia

e demais áreas da saúde para pensarem interdisciplinarmente, respeitando o

trabalho do outro, permitindo um atendimento mais qualificado. Mais do que

executar uma tarefa e/ou cumprir uma função específica, é preciso atentar para a

forma e o contexto em que as mesmas se inserem.

O cuidado humanizado pressupõe um processo educativo de reflexão,

estímulo e conscientização para desenvolver ações e atitudes mais integradoras,

independentemente da função que cada profissional exerça.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7 APÊNDICES

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Apêndice 7.1

Questionário

Você irá responder a um questionário com perguntas objetivas (fechadas),

onde você poderá escolher mais de uma alternativa de resposta para cada

pergunta e perguntas descritivas (abertas), onde você deverá redigir sua

resposta:

1- Assinale a(s) alternativa(s) referente(s) ao que você entende por

Psicologia Hospitalar?

( ) Uma área de investigação científica

( ) Uma área de especialização que se preocupa com atendimento em saúde

pública

( ) Uma área que preocupa-se com a Saúde mental da coletividade

( ) Uma área que utiliza Técnicas de diagnóstico e psicoterapia

( ) Pertencente à diferentes áreas de atuação

( ) Área de Intervenção que propicia o bem estar do paciente hospitalizado

( ) Utilização de procedimentos mais apropriados à instituição

( ) Área que ocupa-se da Realização de Consultas psicológicas

( ) Promoção de saúde ao paciente hospitalizado e sua família

( ) Não tenho opinião sobre o assunto

( ) Outro: Especifique:______________________________________

2- Assinale a(s) alternativa(s) referente(s) ao seu ponto de vista, sobre a

contribuição que o psicólogo oferece no ambiente hospitalar?

( ) Assistência psicológica integral e contínua ao paciente e seus familiares

( ) Minimização de traumas e medos durante a hospitalização

( ) Auxilio nas relações sociais entre equipe de saúde, paciente e familiares

( ) Orientação à equipe de saúde, paciente e familiares

( ) Apoio à equipe de saúde, paciente e familiares

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( ) Não contribui

( ) Atendimento psicológico à equipe de saúde, paciente e familiares

( ) Não tenho opinião sobre o assunto

( ) Outro: Especifique:______________________________________

3- Na sua opinião, qual (is) a (s) função (ões) do Psicólogo em uma Unidade

de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP)?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

4- Assinale a(s) alternativa(s) referente(s) a quem compõe a clientela

atendida pelo Psicólogo em uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica

(UTIP)?

( ) apenas a criança internada.

( ) apenas os pais e familiares da criança internada.

( ) os demais profissionais de saúde que atuam junto à criança internada.

( ) a criança internada, seus pais e familiares e a equipe de saúde que presta

atendimento nesta unidade.

( ) Não tenho opinião sobre o assunto.

( ) Outro. Especifique:______________________________________________

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5- O atendimento hospitalar humanizado na Unidade de Terapia Intensiva

Pediátrica (UTIP) representa uma função de qual(is) profissional(is)?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

6- Assinale a(s) alternativa(s) referente(s) ao que você entende por

atendimento hospitalar humanizado na Unidade de Terapia Intensiva

Pediátrica (UTIP):

( ) Amar ao próximo como a si mesmo.

( ) Melhorar o ambiente com decorações, a fim de reduzir o estresse.

( ) Conquistar uma relação sem conflitos com a família dos pacientes.

( ) Respeitar e ouvir os sentimentos e dúvidas de pacientes e familiares.

( ) Reconhecer limitações, valores e crenças tanto pessoais como de pacientes

e familiares de pacientes.

( ) Não tenho opinião sobre o assunto.

( ) Outro: Especifique:_____________________________________________

7- Qual(is) a(s) dificuldade(s) para o Psicólogo realizar seu trabalho em uma

Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP)?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

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8- Qual(is) a(s) facilidades(s) para o Psicólogo realizar seu trabalho em uma

Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP)?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

9- Assinale a(s) alternativa(s) referente(s) a interação entre o Psicólogo e os

demais membros da equipe que atuam em uma Unidade de Terapia Intensiva

Pediátrica (UTIP):

( ) Confiança ( ) Existência de conflitos

( ) Uma boa comunicação ( ) Cada um faz apenas sua

parte

( ) Respeito ao trabalho de todos ( ) As relações são tensas

( ) Compartilham crenças religiosas ( ) Não tenho opinião sobre o

assunto

( ) Outro: Especifique:_______________________________________________

10 – Na sua opinião o Psicólogo é necessário em uma Unidade de Terapia

Intensiva Pediátrica (UTIP)? Justifique:

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

OBRIGADA PELA SUA COLABORAÇÃO!!!!!!!!

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Apêndice 7.2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome: ________________________________________________________

RG: _________________________ Idade: ________ Sexo: _____________

Fui esclarecido sobre o trabalho intitulado : “O papel do psicólogo

em uma unidade de terapia intensiva pediátrica segundo a percepção da

equipe de intensivistas” , da autoria de Caroline Broering e sob orientação da

Prof.ª MSc. Marina Menezes.

Estou ciente que ao consentir em participar deste estudo terei que

responder a um questionário auto-aplicável com perguntas abertas e fechadas

que objetiva investigar o papel do psicólogo em uma unidade de terapia intensiva

pediátrica segundo a percepção da equipe de intensivistas, visando obter

informações que promovam o trabalho interdisciplinar nesta unidade hospitalar.

Por ser este um estudo de caráter puramente científico, estou assegurado(a) que

meus dados pessoais serão mantidos em anonimato e os dados coletados pelo

questionário só serão utilizados para os propósitos deste estudo. Sendo minha

participação totalmente voluntária estou ciente de que não terei direito à

remuneração e poderei, em qualquer momento, desistir de participar do presente

estudo.

Itajaí, ____ de _____________ de 200__.

Assinatura (de acordo): ____________________

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Apêndice 7.3 CARTA DE ACEITE DA INSTITUIÇÃO

O hospital .........., situado ........, número ...... na cidade de Itajaí, Santa

Catarina, está ciente da pesquisa intitulada: O papel do psicólogo em uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica, segundo a percepção da Equipe de Intensivistas, da aluna Caroline Broering, regularmente matriculada no curso de Psicologia da UNIVALI- Campus Itajaí e sob orientação da Prof.ª MSc. Marina Menezes.

Na presente pesquisa serão aplicados questionários a fim de investigar o papel do Psicólogo em uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica, segundo a percepção da Equipe de Intensivistas.

Os dados coletados poderão ser utilizados tanto para fins acadêmicos, como para publicação em eventos e/ou revistas científicas por professores idôneos no ensino de seus alunos do Curso de Psicologia da UNIVALI. Por serem voluntários não terão direitos a nenhuma remuneração, e os dados referentes a estes profissionais serão mantidos em sigilo. Local: _____________________________ Data: _____________________________ Assinatura (de acordo): ___________________________