o papel do coordenador pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

23
O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES EM SERVIÇO Silvana Ap. Santana Tamassia 1 Resumo O presente artigo busca refletir sobre o papel do coordenador pedagógico na escola pública, atuando como profissional responsável pela formação docente e pela articulação do projeto político-pedagógico junto ao diretor escolar. Para isso, buscou referência em autores como Placco, Almeida, entre outros, que tratam da importância do papel do coordenador pedagógico como uma figura importante para a qualificação da prática pedagógica do professor. Pretendemos apresentar conceitualmente o tema e ilustrar com exemplos que coletamos em nossa experiência na formação de gestores no programa Gestão para a Aprendizagem e Gestão de Sala de Aula, desenvolvido pela Elos Educacional em parceria com a Fundação Lemann. Palavras-chave: Coordenador Pedagógico. Formação Continuada de Professores. Estratégias Formativas. Introdução Atualmente há uma ampla discussão sobre a formação continuada dos professores em serviço e o papel do coordenador pedagógico neste processo. Entretanto, faz-se necessário pensar também na formação desses profissionais que, muitas vezes, deixam a sala de aula e assumem esta função com condições mínimas de preparo e formação profissional para isso. 1 Mestre pela PUC/SP em Educação: Currículo, com experiência como professora em curso de Pedagogia e Pós-graduação para gestores, no Ensino Fundamental e Infantil na rede pública de ensino, bem como na coordenação pedagógica e coordenadora de programas de formação continuada de professores e gestores na Elos Educacional.

Upload: portal-qedu

Post on 20-Jul-2015

981 views

Category:

Education


47 download

TRANSCRIPT

Page 1: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA FORMAÇÃO

CONTINUADA DOS PROFESSORES EM SERVIÇO

Silvana Ap. Santana Tamassia1

Resumo

O presente artigo busca refletir sobre o papel do coordenador pedagógico na escola pública, atuando como profissional responsável pela formação docente e pela articulação do projeto político-pedagógico junto ao diretor escolar. Para isso, buscou referência em autores como Placco, Almeida, entre outros, que tratam da importância do papel do coordenador pedagógico como uma figura importante para a qualificação da prática pedagógica do professor. Pretendemos apresentar conceitualmente o tema e ilustrar com exemplos que coletamos em nossa experiência na formação de gestores no programa Gestão para a Aprendizagem e Gestão de Sala de Aula, desenvolvido pela Elos Educacional em parceria com a Fundação Lemann.

Palavras-chave: Coordenador Pedagógico. Formação Continuada de Professores. Estratégias Formativas.

Introdução

Atualmente há uma ampla discussão sobre a formação continuada dos

professores em serviço e o papel do coordenador pedagógico neste processo.

Entretanto, faz-se necessário pensar também na formação desses

profissionais que, muitas vezes, deixam a sala de aula e assumem esta função

com condições mínimas de preparo e formação profissional para isso.

1 Mestre pela PUC/SP em Educação: Currículo, com experiência como professora em curso de Pedagogia

e Pós-graduação para gestores, no Ensino Fundamental e Infantil na rede pública de ensino, bem como na

coordenação pedagógica e coordenadora de programas de formação continuada de professores e gestores

na Elos Educacional.

Page 2: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

2

As faculdades de Pedagogia precisam formar futuros professores,

diretores e coordenadores, sendo necessário o desenvolvimento de um

currículo que possa atender todas as demandas desses futuros profissionais,

porém a extensão dessa necessidade não cabe ou não está organizada de

modo que seja possível ser detalhada e aprofundada nos anos do curso de

Pedagogia e isto acaba dificultando um aprofundamento nos estudos e,

consequentemente, na formação deste profissional.

Pesquisa recente realizada pela Fundação Victor Civita2 aponta que

muitas redes de ensino ainda não têm um horário de estudo garantido dentro

da jornada de trabalho. Além disso, boa parte das escolas não conta com um

coordenador pedagógico.

Esta situação demonstra o quanto as escolas ainda não tem uma

cultura que incorpore o coordenador pedagógico, e nem mesmo a importância

de uma formação contínua das equipes pedagógicas nas escolas. Este, por

sua vez, tem dificuldade de ter clareza de suas atribuições, e acaba por vezes,

trabalhando por tentativa e erro.

Algumas redes tentam discutir este papel, porém ainda de maneira

incipiente.

De acordo com Tamassia (2011) a média nacional de coordenadores

pedagógicos que já atuaram como professores é de 88%. Isso, de alguma

maneira, colabora para sua atuação já que tem uma experiência com a sala de

aula e o trabalho pedagógico com os alunos. Entretanto, só isso não garante

um bom desempenho no trabalho de coordenação.

Coordenar exige muito mais do que conhecimentos didáticos e

metodológicos. Exige também um conhecimento de como o adulto aprende e

traz ainda a necessidade de desenvolver um papel de líder pedagógico,

habilidade que precisa ser desenvolvida para que possa atuar de forma

eficiente com seu grupo. Precisa ainda conhecer algumas estratégias

formativas para que possa desempenhar o papel do formador do grupo de

professores que acompanha, o que pressupõe ser um parceiro mais

2 Disponível em http://www.fvc.org.br/pdf/livro2-02-formacao-continuada.pdf. Acesso em 06/05/14

Page 3: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

3

experiente, que possa agregar e contribuir com a prática pedagógica do

professor.

Com base em sua pesquisa de mestrado, Tamassia (2011) destaca o

papel da coordenação pedagógica como elemento fundamental para esse

movimento de formação continuada na escola, o que é corroborado por

Mizukami (2006) que destaca a importância do trabalho do coordenador

pedagógico:

“Nesse contexto, torna-se igualmente importante a presença,

na escola, de um profissional que possa observar os

professores quando experimentam novas práticas, oferecendo

sugestões e comentários não avaliativos” (p.72).

Dentro da rotina de coordenação, é importante organizar uma agenda

que garanta que o coordenador possa estar em três frentes de atuação: (i)

planejando e conduzindo as reuniões pedagógicas na escola; (ii)

acompanhando a ação pedagógica do professor em sala de aula por meio de

observações planejadas; (iii) acompanhando o resultado das aprendizagens

dos alunos por meio das avaliações internas e externas.

Certamente o coordenador estará envolvido em outras ações dentro da

unidade escolar. Entretanto, ele não pode esquecer que o seu papel dentro da

escola tem um foco nas práticas pedagógicas.

O que acontece, em muitos casos, é que o coordenador não consegue

organizar sua rotina de modo a focar nas ações pedagógicas e prioritárias,

citadas anteriormente, e acaba se perdendo no dia a dia da escola, envolvido

principalmente em problemas de indisciplina.

É preciso pensar que algumas ações irão funcionar a longo prazo mas

que agirão na raiz do problema. Não adianta ficar só “apagando incêndio” e

não formar sua equipe para lidar com as situações, ou ainda, para ajudar a sua

equipe a criar dentro da sala de aula um ambiente mais favorável para a

aprendizagem dos alunos que, com o decorrer do tempo, certamente irá

contribuir para a diminuição dos casos de indisciplina.

Page 4: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

4

Neste caso, pensar na gestão de sala de aula como um importante

tema para a formação de sua equipe contribuiria para que pudesse garantir o

seu trabalho voltado para a melhoria da prática pedagógica e, como

consequência disso, diminuir a necessidade de estar envolvido em questões

disciplinares.

Neste ponto, destacamos também a importância da parceria entre

coordenador e diretor escolar.

É importante que o diretor também veja no coordenador este agente de

formação na escola, organizando pequenas ações do dia a dia entre os

componentes da equipe, de modo que este possa desenvolver o seu papel

pedagógico e formativo.

Brito e Tamassia (2012) reforçam a importância desta parceria para a

efetivação de um trabalho consistente dentro do ambiente escolar:

Engana-se, também, quem acredita que o diretor deva ficar

exclusivamente dedicado aos aspectos administrativos do

trabalho. O diretor é o articulador central de todas as ações da

escola; sendo assim, também é o responsável pelos resultados

alcançados, inclusive no âmbito pedagógico.

Lück (2009) denomina esta parceria como coliderança, ou seja, ambos

assumem juntos o papel de líderes da aprendizagem na escola e o

compromisso de colocar em prática o projeto político-pedagógico, sempre com

vistas à aprendizagem dos alunos.

1. Gestão para a Aprendizagem: contribuições para o trabalho

pedagógico nas escolas públicas

Como apontamos na introdução deste artigo, o coordenador

pedagógico precisa priorizar e garantir em sua rotina na escola a organização

de três grandes ações: (i) planejar e conduzir as reuniões pedagógicas na

escola; (ii) acompanhar a ação pedagógica do professor em sala de aula por

Page 5: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

5

meio de observações planejadas; (iii) acompanhar o resultado das

aprendizagens dos alunos por meio das avaliações internas e externas.

Desde 2013, o curso Gestão para a Aprendizagem3 tem trabalhado

com alguns módulos de estudo que auxiliam as equipes gestoras a colocarem

em prática alguns instrumentos que podem viabilizar estas ações na escola,

embasados pelos estudos e reflexões teóricas.

Garcia (1990) propõe como um dos princípios de formação a

necessidade de integração teoria-prática, afirmando que tanto a formação

inicial como a permanente devem levar em conta a reflexão sobre a prática.

Acreditamos que este é um aspecto fundamental para que a formação

possa realmente provocar mudanças, por isso, este curso traz este princípio

em seu DNA.

Cada um dos módulos trazem os principais autores que são referência

nos temas propostos, e alguns instrumentos de aplicação prática que visam

contribuir com essa dialogicidade entre a teoria e a prática.

Cada um dos módulos procura envolver um dos aspectos fundamentais

da gestão escolar:

Gestão Estratégica;

Gestão de Resultados;

Gestão Pedagógica e Formação de Professores;

Gestão Pedagógica e Planejamento

Gestão de Pessoas e Liderança

Gestão de Pessoas e Clima Escolar

3 O curso Gestão para a Aprendizagem foi produzido por Claudia Zuppini Dalcorso e Silvana A. Santana

Tamassia, ambas fundadoras da Elos Educacional, em parceria com a Fundação Lemann em 2013. O

curso tem o objetivo de formação gestores escolares (diretores e coordenadores pedagógicos) para serem

líderes em suas escolas, com foco na aprendizagem dos alunos. Ele é composto por 1 módulo obrigatório

e 5 optativos que trazem estudos teóricos e instrumentos práticos para serem aplicados nas escolas, como

pode ser visto no site www.eloseducacional.com.. Até o primeiro semestre de 2015, já participaram cerca

de 350 escolas de 12 estados do país e faz parte de um estudo da UNESCO que pesquisa os 7 melhores

cursos para formação de gestores na América Latina, que deverá ser publicado ainda este ano.

Page 6: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

6

Destacamos aqui, dois destes módulos que vão discutir diretamente os

três aspectos citados aqui:

Gestão de Resultados: que traz em sua grade curricular a

importância da análise e uso de dados de avaliações internas e

externas.

Nosso enfoque aqui será a importância do acompanhamento das

aprendizagens dos alunos por meio dos resultados de avaliações promovidas

internamente pela escola, e conduzidas por cada professor em sala de aula, e

pela leitura dos indicadores externos que, apesar de não trazerem o resultado

por aluno e terem um padrão a nível nacional que pode não retratar cada

realidade local, nos dão indícios importantes de pontos que merecem atenção

e pistas de onde precisamos investir mais para que os alunos avancem.

Neste sentido, é importante entendê-los e se apropriar de informações

relevantes que nos oferecem, trazendo esta reflexão para dentro da escola,

incluindo-se aí todos os professores envolvidos.

Page 7: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

7

Gestão Pedagógica e Formação de Professores: que trabalha

com a elaboração de pautas formativas e a observação de sala de

aula como metodologia na formação continuada dos professores.

Destacaremos aqui o uso da metodologia de observação de sala de aula

como importante estratégia na formação continuada dos professores em

serviço e a importância do coordenador planejar pautas formativas para as

reuniões pedagógicas coletivas na escola, instrumentalizando para isto.

Vamos ver agora, cada um desses instrumentos de forma mais

detalhada de modo a contribuir com os coordenadores que tenham interesse

em transformar suas práticas nas escolas em que atuam, priorizando as ações

pedagógicas no seu trabalho cotidiano.

1.1. As reuniões pedagógicas nas escolas

Em nossa vivência escolar temos acompanhado situações por vezes

impensadas nos momentos de reunião pedagógica semanal nas escolas.

Muitas vezes os professores não têm nenhum acompanhamento da equipe de

Page 8: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

8

coordenação e acabam fazendo uso desta para os mais diversos usos, em

detrimento do estudo e reflexão pedagógica.

Em outros casos, estes momentos que ainda são raros e vem sido

conquistados graças ao esforço político de algumas secretarias de educação e,

mais recentemente, à lei federal que estabelece uma carga horária de

formação equivalente à um terço da jornada semanal4, os gestores acabam

fazendo uso deles como momentos de transmissão de recados e demandas

administrativas, muitas vezes não prioritárias para o trabalho pedagógico.

Tais demandas podem, em vários casos, simplesmente serem

solucionadas por meio de comunicados escritos que podem ser compartilhados

por todos por meio de cadernos ou grupos virtuais que garantam o acesso de

todos à informação.

Os momentos de reunião pedagógica devem ser priorizados para estudo

e reflexão da prática, incluindo-se aí, momentos de planejamento coletivo, em

que os professores podem trocar experiências e ideias para desenvolver as

melhores estratégias visando o alcance dos objetivos propostas para cada

faixa etária e/ou turma.

O que o coordenador precisa para potencializar estes momentos é

planejar uma pauta formativa, ou seja, uma pauta que leve os professores a

refletirem e avançarem em suas aprendizagens enquanto sujeito responsável

pelo ensino dos alunos em sala de aula. Ela direciona o processo formativo dos

professores e, se bem planejada, auxilia os processos reflexivos.

Organizar esta pauta é tarefa dos gestores, em alguns casos mais

focado na figura do coordenador pedagógico.

Para organizá-la, os gestores (coordenador pedagógico juntamente

com o apoio do diretor da escola) precisam, em primeiro lugar, mapear as

necessidades formativas do seu grupo de professores. Uma formação

4 Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008

Page 9: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

9

continuada eficiente, precisa atender às especificidades daquela realidade

escolar.

Para isso, podem ser utilizadas diferentes estratégias como a aplicação

de um questionário com os professores, a observação em sala de aula, a

análise dos resultados dos alunos, indicando os conteúdos mais críticos na

aprendizagem dos alunos e que podem ser os mais vulneráveis na formação

do professor. Com esses dados em mãos, a escola pode organizar o seu

projeto de formação para o ano todo, compartilhando-o e validando com todo o

grupo.

Quanto menor o tempo disponível, maior a necessidade de organizá-lo

para que seja bem aproveitado.

A partir de nossos estudos e experiências nas escolas, destacamos

alguns elementos fundamentais para o planejamento desta pauta.

- Leitura em voz alta: é um momento introdutório que visa contribuir

para a formação do professor leitor e a ampliação do seu repertório. Isso irá

contribuir também para que seja um modelo para os seus alunos.

- Investigação dos conhecimentos prévios do grupo sobre o tema:

este é um importante momento no início da reunião em que o coordenador, a

partir do seu planejamento prévio do tema que será abordado no dia, irá

mapear os saberes dos professores sobre as discussões que nortearão o

estudo do tema que irá discutir.

- Momentos de reflexão para ampliação do conteúdo: neste

momento o coordenador precisa propor questões que levem às reflexões que

deseja promover; para isso pode lançar mão de textos que podem colaborar

para embasar teoricamente o assunto ou vídeos que possam trazer à tona a

discussão pretendida.

Nestes momentos de reflexão também vale pensar numa estratégia

muito rica e eficiente para o trabalho de formação dos professores: a

tematização da prática. Esta estratégia, indica ao formador (aquele que está

Page 10: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

10

coordenando a reunião) que traga para as reuniões trechos de vídeos de uma

aula, ou registros escritos bem detalhados, que possam provocar trazendo para

o grupo algumas reflexões com base em cenas-chave que aparecem. Ele

precisa preparar este encontro de modo a garantir o melhor aproveitamento

desta situação, fazendo pausas estratégicas para chamar a atenção do grupo

para pontos relevantes de acordo com o conteúdo do dia.

O trabalho de tematização é uma análise que parte da prática

documentada para explicitar as hipóteses didáticas subjacentes. Chamamos

esse trabalho de “tematização da pratica de sala de aula” porque se trata de

olhar para a prática de sala de aula como um objeto sobre o qual se pode

pensar (2002, p. 123)

O que está em jogo nesta estratégia? A natureza dos conteúdos, os

processos pelos quais os alunos aprendem e os procedimentos usados pelos

professores para ensiná-los.

Os materiais mais adequados para fazer a tematização são vídeos de

situações de sala de aula, planejamentos de aula e registros de aula feitos pelo

professor.

A gravação de vídeo é a mais eficaz pois você pode levá-lo para uma

reunião onde todos poderão acompanhar a situação apresentada de forma

real. Caso o seu grupo não esteja preparado para compartilhar este tipo de

situação, é possível utilizar vídeos externos para esta tematização. Para essa

escolha tem que ser um bom exemplo de vídeo com alguns problemas para

reflexão. Se a aula tiver muitas questões para serem melhoradas, pode não ser

um bom material para esta atividade.

- Momentos para reorganização dos saberes e síntese das

aprendizagens: após as reflexões realizadas, é importante que seja feito um

fechamento que ajude a sistematizar as ideias discutidas no encontro. Neste

momento, podem também ser propostos encaminhamentos que ajudem a levar

para a prática as reflexões realizadas no encontro, fugindo de uma discussão

fundamentalmente teórica, para uma reflexão de sua prática, fundamentada

pelas teorias, visando o aprimoramento da mesma, ou seja, propondo novas

ações que a qualifiquem.

Page 11: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

11

Para Freire “(...) na formação permanente dos professores, o momento

fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a

prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.” (2002, p.

43-44).

Outro aspecto importante para se pensar ao planejar esta pauta é

definir bem qual o objetivo do encontro e até onde se espera que os

participantes avancem, quais os materiais são necessários para serem

providenciados e a organização do espaço, de modo que favoreça as

discussões proposta de acordo com a metodologia escolhida.

É claro que se estamos falando de uma pauta formativa, não cabe

elaborarmos uma aula expositiva sobre os conteúdos propostos, o ideal é

pensarmos numa sequência de atividades que ajudem aos participantes a

avançarem no seu conhecimento sobre o que está sendo discutido.

Veja algumas sugestões que podem ser úteis na hora de pensar sobre

isso na sua escola.

Saberes trabalhados

Deixe claras as metas de aprendizagem, relacionando-as com as estratégias que serão desenvolvidas ao longo

da reunião.

Menos é mais

O excesso pode tornar a formação superficial. Opte por trabalhar somente um tema por vez, dependendo da

complexidadade.

Lista útil

Definir e especificar os objetos necessários aos estudos faz com que eles sejam providenciados com

antecedência.

Momento cultural

Uma leitura, a apresentação de um vídeo ou uma conversa sobre uma exposição ou peça em cartaz são opções

para iniciar a reunião.

Resgate de saberes

Ao retomar as conclusões anteriores, é possível verificar os conhecimentos adquiridos e marcar a continuidade

do plano de formação.

Olhar reflexivo

Planeje as estratégias para problematizar a prática docente. Tome como objeto de reflexão bons exemplos de

situações didáticas.

Page 12: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

12

Previsão das respostas

Antecipe as possíveis reações em função dos problemas didáticos enfrentados. Isso ajuda a pensar em outras

possibilidades de abordagem.

Hora de resumir

Planeje momentos de intervenção para amarrar o conteúdo. Sistematize os conhecimentos com base nos

registros coletivos.

Aulas seguintes

Dê tempo para que o grupo prepare coletivamente as aulas. Acompanhe o processo e dê espaço para discutir

algumas decisões.

Avaliação e Comentários

Reserve um espaço para indicar se as ações foram realizadas e descrever situações que tenham saído do

planejamento.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/como-elaborar-boas-pautas-reunioes-pedagogicas-

705307.shtml

1.2. A observação de sala de aula

A observação de sala de aula, como uma estratégia de formação

continuada dos professores na escola, contribui para levar o professor a uma

reflexão de sua prática e a buscar novas possibilidades de intervenções para a

melhoria do ensino.

Em suas pesquisas, Schön (1998) realiza uma crítica ao ensino

tradicional e propõe uma concepção de formação de professores baseada em

uma epistemologia da prática, ou seja, em reflexão, análise e investigação.

Destaca noções fundamentais para relacionar a teoria e a prática, e justifica a

importância de não apenas refletir sobre a ação, mas “refletir sobre a reflexão

na ação”, para interpretá-la, e planejar soluções possíveis de ressignificação.

Pensando nisso, a observação de sala de aula é uma estratégia muito

importante para aproximar a equipe de coordenação da escola da prática do

professor em sala de aula, contribuindo para sua reflexão sobre o fazer

pedagógico.

Inserir essa estratégia de formação nas escolas não é uma tarefa fácil,

pois está enraizada culturalmente a ideia de que se observa para

supervisionar. Historicamente, as práticas de observação vivenciadas no

Page 13: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

13

interior das salas de aula estão associadas à fiscalização e distante do objetivo

da reflexão como um componente do processo de formação.

Para que essa prática se constitua como uma estratégia formativa, deve

estar a serviço do acompanhamento e da formação do professor no espaço

escolar. Segundo Scarpa (1998), a observação em sala de aula é uma

estratégia importante, pois fornece dados para a intervenção junto aos

professores no seu processo formativo, fugindo do discurso falado ou escrito e

focando essencialmente na prática vivenciada.

Ainda segundo a autora, esta ação também se mostra relevante para a

formação do coordenador enquanto agente desta formação na escola, pois

está envolvida neste processo a maneira de realizar essa observação para

subsidiar o professor com elementos de análise e reflexão sobre sua prática.

Para Weisz (2002), esta prática é um importante instrumento de reflexão

porque, muitas vezes, o professor está sempre tão envolvido em sua ação que,

às vezes, não consegue enxergar o que salta aos olhos de um observador

externo.

Essa estratégia contribui também para que o coordenador pedagógico

possa conhecer melhor o seu grupo de professores e suas necessidades

formativas, podendo planejar de forma mais eficiente os horários de trabalho

coletivo na escola, com foco na realidade em que está inserido.

Freire (1996) traz também uma discussão importante sobre da

observação de sala de aula, destacando a importância de cuidar para que o

professor não se sinta invadido no seu fazer pedagógico.

Para ela, é preciso educar o olhar para sair de si mesmo e enxergar o

outro sem julgamento e, principalmente, de maneira objetiva, buscando

enxergar o que está por trás de cada ação, sem pré-julgamentos, e pensando

no que poderia ser melhorado. Segundo a autora, observar não é vigiar, mas

estar atento àquilo que precisa ser desvelado ou, ainda, àquilo que pode e

deve ser valorizado.

Page 14: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

14

Neste sentido, Dalcorso e Allan (2010) corroboram com esta questão e

apontam que é preciso definir de maneira clara o papel do observador na sala

de aula, que deve ter um foco específico ao entrar em sala. Além disso, deve

cuidar para não interferir neste contexto e tornar-se cúmplice dos fatos

observados. Ou seja, o foco do coordenador deve ser observar um evento e

registrar de forma objetiva o que realmente ocorreu no momento da

observação, sem colocar aí a sua subjetividade e sem colocar juízo de valor.

Isso quer dizer que os registros de observação devem conter

exclusivamente aquilo que foi possível ser observado com base em evidências

e não aquilo que supõe que possa estar por trás do que está vendo na aula. É

importante lembrar que, ao ver um recorte da aula, nem sempre temos

elementos suficientes para fazer afirmações conclusivas. Por isso, é muito

importante o momento de feedback com o professor no qual o observador

possa conversar e esclarecer aquilo que pode causar dúvidas sobre o

procedimento adotado naquele momento.

Assim, a metodologia apresentada no curso Gestão para a

Aprendizagem destaca três momentos imprescindíveis neste processo:

De acordo com estes passos, a equipe de coordenação precisa se

planejar antes de ir para a sala de aula. É preciso definir qual o foco de

Page 15: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

15

observação que deve estar centrado num ponto em que a escola deseja

investir. É importante que este ponto seja um objetivo passível de mudança e

que a observação não fique centrada na figura do professor.

É importante ainda, compartilhar o planejamento do professor para que

saiba o que esperar da aula que será observada, escolhendo o melhor

momento para esta observação.

Outro ponto importante a ser definindo antes de ir para a aula, é o roteiro

de observação. Ele pode seguir um padrão da unidade escolar ou pode ser

ajustado para cada foco que se deseja observar.

Scarpa (1998) também enfatiza a importância de um protocolo de

observação que possa ser utilizado como roteiro para este momento. Este

roteiro vai contribuir muito para que professores e coordenação se planejem

para este momento, tornando-o mais produtivo, instaurando, assim, um clima

positivo, já que o que será observado, não será uma surpresa mas algo

previamente acordado.

No momento da observação, o coordenador deve ter uma postura

discreta, procurando não interferir na aula que está acontecendo. Os registros

devem se ater ao foco combinado e às evidência que indiquem o que de fato

aconteceu, evitando as inferências, como dito anteriormente.

O momento mais importante desta ação, pois é aquele em que o

professor será convidado a refletir sobre a sua prática, é o feedback. É neste

momento que o formador/coordenador vai aproximar os conteúdos das

formações com as ações pedagógicas desenvolvidas em sala de aula,

cumprindo, ao lado dos professores, seu papel de parceiro mais experiente,

que poderá contribuir para a reflexão da prática e as mudanças necessárias

(TAMASSIA, 2011).

Para que este momento não se torne apenas informativo mas também

formativo, é importante que o coordenador não inicie apresentando tudo que

registrou, mas que faça uso de algumas habilidades comunicativas que levarão

o professor a refletir sobre a aula observada.

Page 16: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

16

Ele pode fazer uso de paráfrases, que consiste em dizer, com suas

próprias palavras, o que disse outra pessoa, com o objetivo de verificar se

houve entendimento do que o outro falou. Veja alguns exemplos:

Pelo que entendi, você ... É isso mesmo? Então você quer dizer que isto aconteceu porque... ? Deixe eu ver se ficou claro. O objetivo da aula era...?

Outro tipo de intervenção são as perguntas esclarecedoras. Elas nos

ajudam a ter uma imagem clara de uma situação específica apresentada ou de

uma ideia, sem fazer juízo de valor ou generalizações. Vamos ver alguns

exemplos:

Por que só um aluno da dupla estava com a folha da atividade? O que você pretendia com esta estratégia?

Qual foi o seu objetivo ao solicitar que os alunos numerassem os parágrafos do texto?

Por que o aluno xx estava fazendo a atividade individualmente?

Já as perguntas de sondagem têm como principal objetivo levar a

pessoa diretamente envolvida na ação a refletir sobre o ocorrido e pensar em

possíveis encaminhamentos. Ela estimula a reflexão e tira a obrigação de

quem observou responder a tudo e passa esta tarefa para quem foi observado.

Por exemplo:

O que você sugere para melhorar esta situação? Que outra estratégia poderia ser utilizada para que isso não

acontecesse?

Neste primeiro momento, esta conversa irá ajudar o coordenador a

esclarecer aquilo que ele observou e poderão então fazer uma discussão

pautada no que foi observado e nos esclarecimentos do professor.

Após esse primeiro momento, é importante então que sejam feitos

encaminhamentos acordados entre os dois, incluindo algumas sugestões

trazidas pelo coordenador que possam tornar este momento o mais propositivo

possível. Estes encaminhamentos devem ser registrados e o professor deve

ter cópia deste material para que possa planejar suas ações pautadas no que

discutiram buscando qualificar a sua prática.

Page 17: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

17

Para Ednir (et. al., 2006), o feedback é uma espécie de alimento do

profissional que busca o seu crescimento.

É muito importante que esse feedback ocorra, no máximo, dentro de

uma semana, caso contrário, poderá perder seu impacto e a importância sobre

aquele momento observado. Se o período entre a observação e o feedback for

muito grande, o seu efeito pode ser menor do que o esperado e,

provavelmente, o professor perderá a credibilidade nesta estratégia.

Como vemos, o papel do coordenador pedagógico (e, em alguns casos,

do diretor que está à frente das ações pedagógicas da escola) é muito

importante para o crescimento profissional do professor, como também aponta

Vasconcellos (2004):

O coordenador, ao mesmo tempo em que acolhe e engendra, deve ser questionador, desequilibrador, provocador, animando e disponibilizando subsídios que permitam o crescimento do grupo; tem, portanto, um papel importante na formação dos educadores, ajudando a elevar o nível de consciência (p. 89)

1.3. Acompanhando as aprendizagens dos alunos por meio das avaliações

A situação em que a educação brasileira se encontra atualmente

requer dos gestores que atuam nas Secretarias de Educação um olhar voltado

para os resultados, porém pensando em agir a partir dos dados. Em 2013, a

média do IDEB5 das escolas brasileiras chegou a 4,9, numa escala que vai até

10.

Mas, para que haja uma mudança que realmente faça com que os

alunos aprendam cada vez mais, é preciso que os gestores que atuam na

escola possam também acompanhar de perto os resultados de cada aluno,

podendo auxiliar os professores para que possam fazer intervenções que

levem os alunos a avançarem em seu processo de aprendizagem.

Para isso é preciso que cada escola tenha claro quais são as

expectativas de aprendizagem para cada ciclo.

5 Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, baseado na nota da Prova Brasil e do número de alunos

aprovados em cada ciclo.

Page 18: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

18

E para acompanhar o processo e saber se as expectativas de

aprendizagem foram alcançadas uma avaliação institucional é um ótimo

recurso. Neste caso, é importante que o coordenador pedagógico organize,

junto ao grupo de professores, uma avaliação padronizada, ou seja, uma

avaliação que se baseie nas expectativas de aprendizagem para determinado

ano (3º ano, por exemplo) e que construam juntos para que tenham um

parâmetro sobre como os alunos do 3º ano estão em relação à essas

expectativas, independente do que o professor já tenha trabalhado. Ela servirá

também para guiar o professor a fim de que ele não perca a sua meta, o seu

objetivo com aquele grupo e todos possam chegar nesta meta até o final do

ano.

Para que o coordenador possa acompanhar esses resultados, é

importante que a escola tenha um instrumento de monitoramento onde possa

observar de forma sintetizada como cada turma da escola se saiu, já que não é

possível analisar os resultados de cada aluno individualmente. Porém, com

uma síntese de cada sala que traga os resultados dos alunos, será possível ter

um panorama geral da escola e analisar estes resultados para saber quais as

melhores estratégias de ação.

Uma gestão baseada em resultados faz com que o trabalho da equipe

esteja mais focada onde realmente deve estar – na aprendizagem dos alunos –

e se baseia em situações e condições concretas e não em “achismos” que

muitas vezes acabam desviando a equipe das reais causas dos problemas.

A base da avaliação do sucesso em educação, seja ela em sala de aula ou na instituição ou em larga escala, é a aprendizagem, à medida que esta revela a eficiência ou o fracasso da instituição. Outras variáveis devem ser levadas em conta nas práticas avaliativas em educação, porém a aprendizagem está na base de todas elas, devido ser o resultado final que se espera e se deseja em toda atividade educativa. (LUCKESI, 2012, p. 22)

É claro que esta avaliação mais institucional não exclui a necessidade

do professor realizar outros momentos de avaliação em sala de aula com o

objetivo de acompanhar o processo de aprendizagem e ir ajustando o seu

planejamento. Porém, estamos falando da importância do coordenador

pedagógico ter esse olhar macro para sua escola e ter elementos concretos

para que no dia das reuniões de conselho de classe, por exemplo, ele possa

ter propostas concretas para discutir com o grupo que auxiliem no

Page 19: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

19

replanejamento das ações pedagógicas definindo as atividades de ensino mais

adequadas de acordo com as necessidades mapeadas. Desta maneira, o

coordenador assume o seu papel de quem orienta e apoia o professor neste

processo, além destas reuniões tornarem-se momentos mais produtivos e

tirarem o foco apenas da situação de indisciplina ou da queixa sobre as

famílias.

Veja um pequeno exemplo apresentado no curso, que mostra como

podemos ter uma síntese dessas aprendizagens para o monitoramento das

ações na escola:

Março Agosto

Produção de Texto Leitura

Man

tém

as

idei

as c

entr

ais

do e

nred

o

Org

aniz

a as

idei

as d

e fo

rma

coer

ente

Util

iza

elem

ento

s de

coe

são

Esc

reve

as

pala

vras

com

a o

rtog

rafia

cor

reta

Man

tém

as

cara

cter

ístic

as d

o gê

nero

Faz

uso

dos

sin

ais

de p

ontu

ação

Seg

men

ta a

s pa

lavr

as c

orre

tam

ente

Iden

tific

a o

tem

a ce

ntra

l do

text

o

Loca

liza

info

rmaç

ões

expl

ícita

s no

text

o

Loca

liza

info

rmaç

ões

impl

ícita

s no

text

o

André

Aline

Igor

Kaique

Leandro

Matheus

Vitor

Maria

Marcos

Juliana

Lourdes

Paula

João

Pedro

Augusto

Vinicius

Thiago

objetivo

alcançado

objetivo em

desenvolvimento

Produção de Texto Leitura

Man

tém

as

idei

as c

entr

ais

do e

nred

o

Org

aniz

a as

idei

as d

e fo

rma

coer

ente

Util

iza

elem

ento

s de

coe

são

Esc

reve

as

pala

vras

com

a o

rtog

rafia

cor

reta

Man

tém

as

cara

cter

ístic

as d

o gê

nero

Faz

uso

dos

sin

ais

de p

ontu

ação

Seg

men

ta a

s pa

lavr

as c

orre

tam

ente

Iden

tific

a o

tem

a ce

ntra

l do

text

o

Loca

liza

info

rmaç

ões

expl

ícita

s no

text

o

Loca

liza

info

rmaç

ões

impl

ícita

s no

text

o

Page 20: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

20

À partir deste exemplo de Língua Portuguesa, é possível observar

rapidamente por meio das cores, um ótimo recurso visual para esta leitura, que

na linha horizontal temos o rendimento por aluno, percebendo por exemplo,

que a aluna já avançou com relação a estes conteúdos e, portanto, precisa se

maiores desafios, assim como também é possível verificar na linha vertical

quais os conteúdos necessitam ser mais aprofundados em sala, como é o caso

da ortografia.

Outro ponto interessante é que, quando comparamos março e agosto,

dois momentos diferentes da avaliação, notamos que as habilidades

relacionadas à localização de informações implícitas no texto, que era uma

dificuldade da maioria dos alunos, já foi superada por boa parte deles no

segundo momento.

Com estas informações em mãos fica mais fácil para o coordenador

sugerir e planejar os momentos formativos na escola, pois este mapeamento

demonstra também onde o coordenador pedagógico precisa atuar de maneira

mais propositiva e trazer elementos que possam contribuir com a formação do

professor para melhor trabalhar com estas habilidades em sala.

Neste papel de olhar macro, o coordenador também precisa estar atento

aos indicadores externos. Desde 2005, o Ministério da Educação (MEC) criou a

Prova Brasil que avalia as habilidades dos alunos em Língua Portuguesa e

Matemática nos anos finais dos ciclos.

Junto com o fluxo dos alunos (número de alunos aprovados, reprovados

e evadidos no ciclo), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio

Teixeira (INEP)6, órgão responsável pela aplicação e análise dos resultados,

define o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de cada

escola.

O Brasil tem uma meta até 2021, para a melhoria destes indicadores.

Para isso, a equipe gestora da escola precisa se voltar para eles e aprender a

olhar e agir a partir dos dados obtidos.

Estes resultados não revelam o resultado de cada aluno, pois eles têm

como objetivo o desenvolvimento de políticas públicas que possam melhorar

6 http://idebescola.inep.gov.br/ideb/consulta-publica

Page 21: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

21

estes resultados. Eles não substituem as avaliações internas pois não indicam

o que cada aluno precisa melhorar, mas sim, como está cada escola em

relação às habilidades avaliadas, comparando-a com outras em todo o Brasil,

dando assim parâmetros para que a escola saiba o quanto está avançando em

relação a ela mesma e em relação às outras escolas de sua região ou do país.

Por isso, é importante que o coordenador pedagógico se aproprie destas

informações, a fim de analisar os resultados de sua escola e, a partir deles,

buscar entender o que levou àquele resultado e, junto ao grupo, buscar novas

estratégias que possam revertê-los e superá-los a cada ano.

Sugerimos no curso, o Portal IDEB7, que traz de maneira inteligente os

dados de cada escola, auxiliando os gestores a entenderem melhor esses

resultados, sempre com foco na melhoria de sua escola.

Assim o coordenador poderá entender melhor os dados, o que compõem

o fluxo da sua escola, o nível das habilidades em que sua escola foi avaliada

em português e matemática, além de outras informações relevantes para sua

atuação na escola, agindo a partir de dados concretos. Deste modo, ele poderá

planejar os momentos formativos na escola com base nestas informações,

instrumentalizando o professor para o uso de novas estratégias em sala de

aula.

Só assim, com base em dados, em evidências, o coordenador poderá

fugir do papel de “bombeiro”, que passa a maior parte do tempo “apagando

incêndio”, para que possa agir na causa dos problemas, garantindo assim a

aprendizagem de seus alunos e, consequentemente, a melhoria dos

indicadores de sua escola.

Considerações Finais

Destacamos aqui três importantes focos da ação do coordenador

pedagógico na escola: (i) planejar e conduzir as reuniões pedagógicas na

escola; (ii) acompanhar a ação pedagógica do professor em sala de aula por

7 http://meritt.com.br/ideb

Page 22: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

22

meio de observações planejadas; (iii) acompanhar o resultado das

aprendizagens dos alunos por meio das avaliações internas e externas.

É preciso profissionalizar cada vez mais o papel deste importante ator

nos processos educacionais para que ele atue de fato mobilizando o grupo

para a melhoria dos práticas pedagógicas na escola.

É muito importante que ele se veja neste papel e busque se aperfeiçoar

para que possa realmente ser este parceiro mais experiente que apoie o

professor em seu processo de formação continuada na escola, fugindo das

armadilhas que surgem no dia a dia da escola e que o levam a ficar apenas

correndo atrás de problemas pontuais, deixando de lado onde realmente está

foco do trabalho e onde realmente poderá ter um impacto positivo, levando à

melhoria da escola como um todo.

O objetivo deste trabalho é justamente de promover esta reflexão e

provocar o coordenador para que este assuma cada vez mais este papel de

articulador pedagógico na escola.

Só assim poderá, em parceria com o diretor, melhorar os índices de sua

escola e estabelecer um ambiente de aprendizagem tanto para professores

quanto para os alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DALCORSO, C.Z. e ALLAN, L. M. Guia de Implementação para a Equipe

Gestora: como fazer observação em sala de aula e elaborar feedback. São

Paulo: British Council, Instituto Crescer para a Cidadania, 2010.

GARCIA. G. M. Formação de Professores: Para uma mudança educativa.

Porto: Porto Editora, 1999.

EDNIR, M. (et. al.) Mestres da Mudança: liderar escolas com a cabeça e o

coração. Porto Alegre: Artmed, 2006.

Page 23: O papel do Coordenador Pedagógico na formação continuada dos professores em serviço

23

FREIRE, M. Observação, registro, reflexão: instrumentos metodológicos I. 2.

Ed. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996. (Série Seminários)

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática

educativa. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 2002.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Educação, Avaliação Qualitativa e Inovação – II.

Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira, 2012.

MIZUKAMI, M.G.N. Et Alii. Escola e Aprendizagem da Docência: processos

de investigação e formação. São Carlos: EdUFSCar, 2002.

SCARPA, R. Era assim, agora não: concepção, princípios e estratégias do

projeto de formação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998.

SHÖN, D. A. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o ensino

e a aprendizagem. São Paulo: Artmed, 1998.

TAMASSIA, S. A. S. Ação da Coordenação Pedagógica na Formação

Continuada dos Professores no Ensino Fundamental I: desafios e

possibilidades. Dissertação de Mestrado. São Paulo PUC-SP, 2011.

WEISZ, T. O Diálogo entre o Ensino e a Aprendizagem. São Paulo: Ática,

2002.