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O TURISMO EDUCATIVO COMO FERRAMENTA DO ENSINO SOBRE PRESERVAÇÃO E MEIO AMBIENTE NAS ESCOLAS Laila Regina Cardoso Rafael Fabrício de Oliveira Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Instituto de Geociências e Ciências Exatas – Departamento de Planejamento Territorial e Geoprocessamento Tel.: +55 19 81212520 – Email: [email protected] Turismo Educativo e Meio Ambiente Palavras chaves: turismo educativo, meio ambiente, preservação ambiental ABSTRACT: The present work approach some possibilities of the educative tourism in the schools, through the use the discipline content and the National Curricular Parameters, and without leaving the possibilities of the school and the city; and 1

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O TURISMO EDUCATIVO COMO FERRAMENTA DO ENSINO SOBRE

PRESERVAÇÃO E MEIO AMBIENTE NAS ESCOLAS

Laila Regina Cardoso

Rafael Fabrício de Oliveira

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Instituto de Geociências e

Ciências Exatas – Departamento de Planejamento Territorial e Geoprocessamento

Tel.: +55 19 81212520 – Email: [email protected]

Turismo Educativo e Meio Ambiente

Palavras chaves: turismo educativo, meio ambiente, preservação ambiental

ABSTRACT:

The present work approach some possibilities of the educative tourism in the schools,

through the use the discipline content and the National Curricular Parameters, and without

leaving the possibilities of the school and the city; and that from the place where the student

can leave for the global, showing problems of world-wide order that they can affect the life

of all, as it is the case of the ambient question.

Key Words: educative tourism, environment, ambient preservation

RESUMO:

O presente trabalho aborda algumas possibilidades do turismo educativo nas escolas,

através a utilização do conteúdo das disciplinas e dos Parâmetros Curriculares Nacionais, e

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sem sair das possibilidades da escola e município; e que a partir do local onde o aluno se

encontra-se pode partir para o global, mostrando problemas de ordem mundial que podem

afetar a vida de todos, como é o caso da questão ambiental.

INTRODUÇÃO:

A sociedade passa hoje por uma crise de âmbito mundial ao que diz respeito à questão

ambiental. Muito se discute como gerar desenvolvimento e não se causar impactos. Hoje o

desafio é buscar um novo modelo, desenvolver-se e ao mesmo tempo não degradar ou

causar o mínimo de danos possíveis. Porem não basta ficar só em discussões porque o meio

ambiente esta sendo degradado e medidas urgentes necessitam de serem tomadas.

Pensando nesta crise de âmbito mundial a que diz respeito ao meio ambiente é que

propomos um projeto de turismo pedagógico nas escolas, principalmente no ensino

fundamental onde as crianças estão em formação de conceitos.

A atividade do turismo além de ter importância econômica, sendo que determinadas

cidades é sua principal atividade econômica, também pode ser usada com meio para

educação. Alem disso o tema Meio Ambiente é abordado nos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN) abordando temas como Educação Ambiental, Proteção Ambiental,

Sustentabilidade e outras questões ambientais.

A aprendizagem pode ser mais fácil e interessante para o aluno ao sair da sala de aula e ver

na pratica o conteúdo já aplicado anteriormente; é evidente que muitas vezes, seja por

questões de tempo ou financeiras, não é possível a realização desse tipo de trabalho nas

escolas.

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A proposta, neste caso, é aproveitar as áreas verdes (parques, bosques, reservas ambientais)

do próprio município para se fazer essas excursões didáticas a fim de ensinar noções sobre

educação ambiental, ficando mais viável pela questão de tempo, deslocamento e

econômico.

No caso da cidade de São Paulo, que possui 40 parques (estaduais e municipais) podem

servir de laboratório de aprendizagem. Esses parques estão distribuídos ao longo de todo o

município, em algumas mais e outras menos, mas existindo em todas as regiões facilita a ia

de excursões ate elas.

Com relação à metrópole paulistana será possível abordar o tema da conservação

ambiental, urbanização desordenada, problema do lixo, importância da água, temas

diretamente ligados com os problemas ambientais do planeta, mas mostrando que ações

locais de preservação podem mudar o quadro global ao que se diz respeito ao meio

ambiente.

O municio de São Paulo é um exemplo, porem este tipo de projeto é aplicável, dentro de

suas possibilidades, em qualquer município.

METODOLOGIA:

As questões levantadas no decorrer do artigo vem da pratica e observações dos autores

(licenciados na disciplina de geografia pela UNESP – Rio Claro) durante estagio e aulas

ministradas no ensino fundamental e médio. Alem da pratica de trabalho de campo exercida

durante toda a graduação em geografia, tendo disciplinas especificas como “Trabalho de

campo integrado” e “Metodologia de trabalho de campo”.

A escolha do município de São Paulo como exemplo do artigo se deu pelo fato de ser uma

metrópole de grande relevância econômica e nacionalmente conhecida por seus problemas

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da ordem ambiental. Foi utilizado apenas um mapa que coloca de maneira simples a

localização das áreas verdes dentro do município, porque um maior aprofundamento

demandaria muito mais tempo de pesquisas para os autores.

A CRISE DO MEIO AMENIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL:

O conceito de desenvolvimento sustentável, que se discute muito nos dias atuais, surgiu na

década de 1980 na busca do equilíbrio entre meio ambiente, sociedade e desenvolvimento

econômico, alem de discussões sobre padrões de consumo e produção. A sociedade passa

hoje por uma crise de âmbito mundial quanto à questão ambiental. O grande desafio é o de

como gerar desenvolvimento e ao mesmo tempo não se causar impactos; é possível se

desenvolver sem agredir o meio ?

“A problemática ambiental – a poluição e degradação do meio, a crise de recursos naturais,

energéticos e de alimentos – surgiu nas ultimas décadas do século XX como uma crise de

civilização, questionando a racionalidade econômica e tecnológica dominantes”. (LEFF,

2001)

Com relação ao turismo não é diferente, atividade cresce no decorrer dos anos, tornando-

se uma atividade de importância econômica. Porem a maneira rápida e a falta de

planejamento com que muitas vezes a atividade é executada, aliado ao o aumento da

demanda de empreendimentos turísticos implantados, causam danos, às vezes

irreversíveis ao meio ambiente.

A ATIVIDADE TURISTICA:

A atividade do turismo cada vez mais ganha importância para a economia do país,

recebendo cada vez mais investimentos tanto por parte dos governos, quanto da iniciativa

privada, havendo lugares que dependem exclusivamente da atividade turística. Sobre a

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definição do que seja turismo, existem inúmeras. A definição da EMBRATUR (BRASIL,

2008) é:

Uma atividade econômica representada pelo conjunto de transações compra e venda de serviços turísticos efetuadas entre os agentes econômicos do turismo. É gerado pelo deslocamento voluntário e temporário de pessoas para fora dos limites da área ou região em que têm residência fixa, por qualquer motivo, excetuando-se o de exercer alguma atividade remunerada no local que visita.

Trigo (2000:60) ainda define o turismo como “uma atividade sofisticada que

movimenta bilhões de dólares por ano e atinge centenas de milhões de pessoas. Inúmeros

locais transformaram-se em complexos turísticos pelas mais variadas razões.”

O TURISMO COMO FORMA DE EDUCAÇÃO:

O segmento que se refere ao “turismo educativo” ou “turismo pedagógico” esta se

tornando uma atividade cada vez mais comum no Brasil. Em decorrência desse fato e

associado a crise vivida hoje na educação brasileira, o turismo educativo torna-se um

importante aliado do professor no ensino e para um melhor aprendizado do aluno.

Beni (2002) define o Turismo Educativo (Pedagógico) como:

Retomada da antiga prática amplamente utilizada na Europa e principalmente nos Estados Unidos por colégios e Universidade particulares, e também adotada no Brasil por algumas escolas de elite, que consistia na organização de viagens culturais mediante o acompanhamento de professores especializados da própria instituição de ensino com programa de aulas e visitas a pontos históricos ou de interesse para o desenvolvimento educacional dos estudantes.

Claro que o turismo deve servir como auxilio a aprendizagem, nunca esquecendo a

importância do conteúdo passado em sala de aula, deve ser um complemento ao conteúdo

para não tornar-se simplesmente um passeio com a escola.

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É necessário todo um planejamento antes de sair a campo com o itinerário e principalmente

a conscientização dos alunos sobre o porque da excursão.

OS PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS: MEIO AMBIENTE:

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) abordam todas as disciplinas do ensino

fundamental e alguns temas transversais, em um total de dez volumes, entre eles o volume

numero 9 denominado de “Meio Ambiente e Saúde”.

Mediante a rápida degradação que o meio ambiente sofre hoje e a necessidade de

preservação do planeta, este volume dos Parâmetros Curriculares Nacionais aborda

diversos temas sobre a questão ambiental:

Educação Ambiental e cidadania

Noções básicas para a questão ambiental

Meio Ambiente e seus elementos

Elementos naturais e construídos do meio ambiente

Áreas urbana e rural

Fatores físicos e sociais do meio ambiente

Proteção ambiental (Proteção, Preservação, Conservação, Recuperação ,

Degradação)

Sustentabilidade

Diversidade

Visões distorcidas sobre a questão ambiental

Educação Ambiental

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O PAPEL DO PROFESSOR E O TOPICOS A SEREM ABORDADOS SOBRE O MEIO

AMBIENTE:

Muitos dos temas sobre meio ambiente estão vinculados à disciplina de geografia, ficaria

assim o professor desta disciplina responsável pela excursão didática.

Fica o desafio para o professor em passar o conteúdo e ao mesmo tempo na medida do

possível aborde a realidade dos alunos, alem da interdisciplinaridade com as outras

disciplinas que estão no currículo.

Então para formular o roteiro e o assunto a ser abordado durante a excursão didática será

utilizados:

O conteúdo da disciplina de geografia e áreas afins;

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), volume numero 9 (Meio Ambiente e

Saúde);

A(s) área(s) de visitação escolhida no próprio município, dentro das possibilidades

da escola;

Temas possíveis a serem abordados:

Com base nesses três itens mencionados anteriormente, ha a possibilidade da abordagem de

diversos temas relacionados ao meio ambiente sempre abordando importância da

preservação da natureza para as gerações futuras:

1. A importância do cuidado com a água, porque é de extrema importância para a

manutenção da vida no planeta.

Preservação dos mananciais e nascentes dos rios

Tratamento de água e esgoto

Lixo jogado nos rios

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2. A questão do lixo doméstico:

Separação do lixo orgânico

A importância da reciclagem

3. Poluição sonora e visual

4. Preservação da flora e fauna

Plantio de arvores

Conscientização da preservação das especiais nativas

Roteiro e procedimento da excursão:

A escolha de um tema a ser abordado com os alunos de acordo com o conteúdo

abordado em sala de aula.

Um prévio estudo teórico do tema escolhido

Escolha do local da visitação

Estudo teórico do local escolhido

Apos tema e local escolhidos, definir o roteiro da excursão

Utilizar um mapa do local com o roteiro

Ter sempre o cuidado para que a turma permaneça sempre junta durante o trajeto no

parque

Apos a excursão discutir com a turma em sala de aula o que foi visto

O CASO DAS AREASVERDES DA CIDADE DE SÃO PAULO:

Tomamos como exemplo o município de São Paulo, porque se trata de uma metrópole

nacionalmente e internacionalmente conhecida, todos os problemas e eventos são

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grandiosos e proporcionais ao seu tamanho. O objetivo é mostrar que mesmo dentro do

limite de cada escola em qualquer cidade é possível este extra sala no ensino através de

excursões didáticas, o turismo educativo.

Através das excursões didáticas realizadas nos parques, neste caso da cidade de São Paulo,

pode-se discutir problemas nacionais e mundiais sobre o meio ambiente partindo do local,

de algo mais próximo ao aluno.

Por exemplo ao se tratar do assunto preservação da Mata Atlântica, antes de abordar a

questão em escala nacional, anteriormente parte-se do próprio município.

Abaixo a relação dos 40 parques do município de São Paulo, divididos pela localização de

cada um. São parques municipais, estaduais, ou áreas de proteção ambiental (APA).

Parques de São Paulo

Centro:

Parque da Aclimação, Parque Buenos Aires, Parque da Luz, Parque Trianon (Tenente

Siqueira Campos).

Zona Leste:

Parque Santa Amélia, Parque Chácara das Flores, Parque Chico Mendes, Parque do Carmo,

Parque e Fazenda do Carmo (APA), Mata do Iguatemi (APA), Parque Piqueri, Parque Raul

Seixas, Parque Ecológico do Tietê.

Zona Norte:

Horto Florestal (Parque Estadual Alberto Loefgreen), Parque Anhanguera, Parque Estadual

da Cantareira, Parque Cidade de Toronto, Parque Estadual do Jaraguá e Pico do Jaraguá,

Parque Jardim Felicidade, Parque Lions Club Tucuruvi, Parque Rodrigo de Gásperi, Parque

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São Domingos, Várzea do Rio Tietê (APA), Parque Vila dos Remédios, Parque Vila

Guilherme.

Zona Oeste:

Água Branca (Parque Dr. Fernando Costa), Parque Alfredo Volpi, Parque Cemucam,

Parque Luis Carlos Prestes, Parque Previdência, Parque Raposo Tavares, Parque Villa-

Lobos.

Zona Sul:

Parque Burle Marx, Parque dos Eucaliptos, Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, Parque

Ecológico do Guarapiranga, Parque Ibirapuera, Parque Independência, Parque

Guarapiranga, Parque Lina e Paulo Raia, Parque Nabuco, Parque Santo Dias, Parque

Estadual da Serra do Mar (Núcleo Curucutu), Parque Severo Gomes.

Áreas verdes do município de São Paulo

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Figura 1: áreas verdes de São Paulo (fonte: site Veja São Paulo)

Como explicado anteriormente, apos a aula pratica em algum dos parques localizado do

mapa acima, partir para o contexto global. Primeiramente localizando o município dentro

do Estado de São Paulo.

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Abaixo mapa da ong SOS Mata Atlântica da situação da Mata Atlântica no Estado de São

Paulo:

Figura 2: situação da Mata Atlântica no Estado de São Paulo (fonte: ONG SOS Mata Atlântica)

Para finalizar o assunto, depois da aula pratica no município, sua localização, mostra-se a evolução

da Mata Atlântica no pais.

O Brasil já teve parte de seu território coberto pela Mata Atlântica, mas que desde a época

da colonização sobre grandes impactos antrópicos como mostra do mapa da ong SOS Mata

Atlântica.

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Figura 3: evolução da Mata Atlântica no Brasil (fonte: ONG SOS Mata Atlântica)

CONSIDERAÇÃOS FINAIS:

O objetivo do trabalho é mostrar como o turismo educativo pode ser uma importante

ferramenta para o aprendizado e conscientização sobre os problemas ambientais que hoje é

uma preocupação em escala mundial.

Não se faz necessário métodos nem matérias sofisticados, a partir do conteúdo das próprias

disciplinas e dos Parâmetros Curriculares Nacionais onde um dos volumes aborda, entre

outros temas, a questão do meio ambiente, nem a necessidade de deslocamento para outros

municípios. A idéia é o aprendizado porem dentro da realidade de cada escola e município.

Foi destacado neste trabalho o município de São Paulo, mostrando que mesmo em numa

metrópole deste porte, e com poucas áreas verdes em relação a seu tamanho é possível

através do turismo pedagógico à educação ambiental e a partir discutir os problemas de

ordem mundial sobre degradação ambiental, para despertar cidadãos conscientes para que

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realmente haja um desenvolvimento sustentável, preservando assim o planeta para as futura

gerações.

BIBLIOGRAFIA:

BARRETO, M. Manual de iniciação ao estudo do turismo. Campinas: Papirus Editora,

2006.

BECKER, D.F (org). Desenvolvimento sustentável: necessidade e/ou possibilidade?

Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2001.

BENI, M.C. Análise estrutural do turismo. São Paulo: Editora SENAC, 2002.

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais : meio ambiente e saúde. Brasília:

Secretaria de Educação Fundamental, 1997

EMBRATUR. Instituto Brasileiro de Turismo. Disponível em:

<http://www.braziltour.com/site/br/home/index.php> Acesso em: junho 2009

LEFF,E. Epistemologia Ambiental. São Paulo: Cortez Editora, 2001

OLIVEIRA. C.D.M. Turismo Geoedicativo e Integração Regional do Ceará. Caderno

Virtual de Turismo. Volume 7, numero 1 (2007)

SOS Mata Atlântica. Disponível em: < http://www.sosmatatlantica.org.br/> Acesso em

julho 2009

TRIGO, L.G.G. Turismo e qualidade: tendências contemporâneas.Campinas: Papirus

Editora, 2000.

Veja São Paulo. Disponível em:

<http://vejasaopaulo.abril.com.br/red/popups_vejinha/mapa_verde/index.html> Acesso em

junho 2009

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AGRADECIMENTOS:

A todos dos laboratórios do Departamento de Planejamento Territorial e Geoprocessamento

(DEPLAN) do curso de Geografia da Unesp campus Rio Claro nossos mais sinceros

agradecimentos.

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