o padrão de urbanização brasileiro e a segregação espacial_região campinas

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  • O PADRO DE URBANIZAO BRASILEIROE A SEGREGAO ESPACIAL

    DA POPULAO NA REGIO DE CAMPINAS:O PAPEL DOS INSTRUMENTOS

    DE GESTO URBANA1

    Maria Clia Silva Caiado

    1 INTRODUO

    O padro de Urbanizao Brasileiro, como do conheci-mento de todos que de alguma forma se interessam pela formao dasociedade brasileira e de sua conformao fsica no espao, a resul-tante espacial do modelo de desenvolvimento econmico experimen-tado pelo pas, no contexto do sistema capitalista perifrico.

    Ao longo das ltimas cinco dcadas essa conformaoespacial refletida nos espaos urbanos, assumiu configuraes espec-ficas, relacionadas s diferentes etapas do processo de desenvolvimen-to econmico brasileiro.

    O modelo de Desenvolvimento Econmico excludente re-fletiu no meio urbano gerando espaos urbanos segregados, onderesidem grandes parcelas da populao excludas do processo de inte-grao econmica e social.

    facilmente constatado o distanciamento existente entrea ordem legal urbana e a existncia de uma cidade real, que vive namais absoluta ilegalidade, alimentado tanto pela sociedade, como pelo

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    1 A elaborao deste texto beneficiou-se das discusses e algumas tabulaesrealizadas durante o processo de elaborao da pesquisa Gesto do uso do solo edisfunes do crescimento urbano, realizada atravs do convnio IPEA/NESUR,no Instituto de Economia da UNICAMP, jul. 1997, da qual a autora participoucomo co-autora.

  • prprio Estado, que muitas vezes atua como o grande promotor destasegregao das parcelas excludas.

    O objetivo deste texto relacionar as diferentes fases dodesenvolvimento econmico com as diferentes configuraes assumi-das pelo espao urbano no seu processo de crescimento e desenvolvi-mento e formao de periferias, na Regio de Campinas, apontandoainda que de forma preliminar, o papel dos instrumentos de gestourbana na produo do espao urbano e na segregao espacial dosdiferentes segmentos da populao que vive na cidade e regio.

    2 O PROCESSO DE URBANIZAO NO CONTEXTODO DESENVOLVIMENTO ECONMICO BRASILEIRO

    O desenvolvimento econmico ocorrido no perodo com-preendido entre 1945 e 1980, marcado pelo intenso crescimento domercado interno, com elevadas taxas de crescimento do PIB, aceleradoprocesso de industrializao, estabelecimento de uma complexa divi-so social do trabalho gerou por todo o pas, resguardadas as diferenasregionais, um acelerado processo de urbanizao, com grandes deslo-camentos populacionais, causando profundas alterao na estruturademogrfica. A expanso do mercado de trabalho criou grande nmerode empregos urbanos, transformando a imensa maioria dos trabalha-dores em trabalhadores assalariados, permitindo a integrao degrandes parcelas da populao sociedade urbano-industrial.

    Todo esse dinamismo atraiu para as cidades grandes con-tingentes da populao, que passa a se concentrar nas grandes cidades,principalmente nas metrpoles, surgindo uma rede urbana dinmicae integrada formada por cidades de diferentes tamanhos inseridas nadiviso social do trabalho.

    Apesar do crescimento econmico e do dinamismo da eco-nomia, o modelo extremamente concentrador, de renda e populao,e bastante excludente, gerando um contingente de trabalhadoressubempregados, extremamente mal remunerados, inseridos em for-mas de organizao de produo intensiva e em trabalhos de baixascapacidade de acumulao e produtividade.

    Assim a expanso urbana se apoia numa sociedade comuma distribuio de renda bastante desigual, tendo como resultado a

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  • concentrao de renda e populao nas grandes cidades, surgindo umaestrutura social urbana fragmentada e segregada espacialmente, coma generalizao das periferias urbanas, principalmente, mas no s,nos grandes centros urbanos.

    Durante esse perodo expande-se no pas o fenmeno dacasa prpria, que cumpre o papel de atendimento aos direitos mnimosdos cidados, gerando na sociedade urbana uma dimenso integradorae de mobilidade social. Segundo Ribeiro (1994, p. 264), nas reas hojemetropolitanas, havia em 1940, pouco menos de 30% de domicliosprprios e 64% de domiclios alugados, chegando em 1980, a 57% e34% respectivamente.

    Ocorre ainda neste perodo, a expanso do mercado deconsumo, via a poltica de crdito ao consumidor, atingindo at mesmoas classes de renda mais baixas, e a expanso na oferta de bens eservios de consumo coletivo, via Estado, ainda que de maneira desi-gual.

    A dcada de 80 marcada pela perda do dinamismo econ-mico que caracterizou o perodo anterior, acompanhado da precariza-o das relaes de trabalho e desassalariamento da fora de trabalho,ampliando o setor informal e gerando a informalizao dentro dasempresas capitalistas.

    O perodo marcado pela desconcentrao espacial dapopulao no interior da regio metropolitana, apesar da permannciado processo de urbanizao da populao, ocorrendo o crescimento dosmunicpios do entorno do municpio sede, acentuando a formao deperiferias metropolitanas.

    A pobreza urbana surge como fenmeno generalizado,principalmente nas regies metropolitanas, ainda que resguardadasas diferenas regionais entre o nordeste e o sul do pas2, revelando demaneira indiscutvel as desigualdades sociais.

    A terceirizao da economia brasileira e as mudanas nomercado de trabalho, associadas ao crescimento da pobreza e dasdesigualdades sociais, fazem surgir um segmentos de excludos daordem social, que nas grandes cidades residem em reas segregadas,

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    2 Para maiores detalhes sobre o crescimento da pobreza metropolitana, vide Rocha(1991).

  • sem acesso ao mercado formal de habitao, aos servios bsicos deinfra-estrutura urbana e servios sociais e com acesso marginal aomercado de trabalho.

    A produo do espao construdo das grandes cidadespassa a integrar o circuito financeiro da acumulao, alterando adinmica e a velocidade dos mecanismos de valorizao imobiliria,sem compromissos com o sistema de regulao do uso do solo, inten-sificando a fragmentao e segregao do espao urbano.

    A produo imobiliria ilegal cresce, com a conivncia dopoder pblico, ora para atender a demanda legtima por habitao dasclasses mais pobres, no atendidas pelo sistema formal, ora parapromover ao capital imobilirio na sua busca incessante pela majora-o de lucros.

    2.1 A ilegalidade como regra:o papel dos instrumentos de gesto urbana

    A ilegalidade no que diz respeito ao cumprimento s legis-laes urbanas tornou-se regra nas grandes cidades do pas. O fatocausa estranheza e suscita a curiosidade de todos que de alguma formase interessam pela formao do espao urbano.

    No se trata aqui de uma simples afirmao de que a leino cumprida como regra no pas, ou mesmo de culpar a complexi-dade dos instrumentos, ou a falta de estrutura do Poder Pblico paraatender a crescente demanda das grandes cidades.

    Na verdade a ilegalidade aparente no uso do solo dasgrandes cidades se divide em ilegalidade como estratgia de acesso moradia das classes menos favorecidas, e ilegalidade como forma deburlar a legislao em reas de grande valorizao imobiliria comoforma de atendimento a interesses especulativos de segmentos orga-nizados do da produo imobiliria, inseridos nos processos de acumu-lao.

    Como muito bem disse Maricato (1996): a unidade articu-lada entre norma e infrao abre espao para a subjetividade, oclientelismo, o favor, a arbitrariedade.

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  • A ilegalidade consentida, e muitas vezes ignorada, pelosistema oficial de planejamento urbano, pelo poder legislativo, emesmo pelo Judicirio.

    A legislao detalhista e muitas vezes incompreensvel deuso e ocupao do solo, e muitas vezes serve as prticas de corrupoe legitimao da infrao.

    O Legislativo beneficiando-se deste fato, freqentementeatua em aes pontuais praticando o clientelismo poltico, atravs dealteraes nas leis e concesses de anistias imveis ilegais.

    A ocupao ilegal do solo pelas classes pobres urbanas normalmente consentida como uma forma de garantir o acesso moradia, mas no propriedade, desde que essas se localizem em reasno valorizadas da cidade. Caso contrrio, a legislao passa a valer enorma volta a vigorar.

    A violncia urbana, que recentemente cresce assustadora-mente, revela a toda a sociedade a face cruel, segregadora e excludentedo processo de urbanizao brasileira, revelando a existncia desteimenso contingente de excludos, que acabam por ameaar o falsoequilbrio das grandes cidades.

    Mesmo a Lei Federal n. 6766/79, cujo objetivo principal erapunir os promotores de loteamentos irregulares, e garantir o usoambiental adequado do espao urbano, este instrumento acabou porcontribuir para o mercado capitalista formal assegurando que o solourbano disponvel destine-se a produo capitalista formal, contri-buindo tambm para a segregao espacial, eliminando uma formaainda que ilegal de acesso moradia pelas classes mais pobres, acar-retando o crescimento das favelas e cortios nas grandes cidades.

    Alm das legislaes urbanas, a poltica habitacional e aoferta pblica de infra-estrutura e servios urbanos, revelam o quantoo estado assume o papel de promotor da segregao e da excluso dapopulao aos direitos cidade legal.

    A poltica habitacional revela claramente a face excludentedas polticas urbanas no Brasil, assumindo o Estado o papel depromotor e consolidador da especulao imobiliria, ao garantir oacesso moradia apenas as classes mdias em detrimento das classesmais necessitadas, atravs de subsdios oriundos do FGTS, que decerta forma vem dos trabalhadores.

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  • Alm disto, com a poltica de construo de grandes conjun-tos residenciais nas periferias desassistidas de infra-estrutura e serviosbsicos, o Estado cria a valorizao de reas ainda no consolidadas, aomesmo tempo que deixa excluda do mercado formal da habitaograndes parcelas da populao que se v obrigada a recorrer a produoinformal em favelas, cortios e loteamentos irregulares.

    Da mesma forma a poltica de oferta de infra-estrutura desaneamento e transportes pblicos diferenciam as diferentes regiesdo territrio, promovendo a valorizao segundo acesso a estes servi-os, criando assim condies indispensveis.

    3 O PROCESSO DE URBANIZAONA REGIO DE CAMPINAS

    A Regio de Campinas (vide Mapa 1) teve o seu processode urbanizao inserido no contexto do processo de interiorizao dodesenvolvimento experimentado pelo Estado de So Paulo, onde osinvestimentos governamentais realizados atravs da oferta de incen-tivos e de infra-estrutura, somaram-se a existncia de uma baseagrcola moderna fortemente articulada ao setor industrial, e a exis-tncia de uma rede urbana bem estruturada.

    Assim durante o perodo de dinamismo econmico experi-mentado pelo pas, a regio se transforma no terceiro parque indus-trial, ficando atrs somente da grande So Paulo e do Estado do Riode Janeiro.

    A lgica da localizao industrial ao longo das rodovias,gerou na regio uma conurbao que inclui, alm de Campinas, osMunicpios de Valinhos, Vinhedo, Monte Mor, Sumar, Hortolndia,Indaiatuba, Paulnia, Nova Odessa, Santa Brbara DOeste e Ameri-cana, situados ao longo da Rodovia Anhangera, que liga a GrandeSo Paulo ao interior do estado.

    A regio desenvolve-se e expande seu dinamismo em fun-o da desconcentrao das atividades produtivas em direo ao inte-rior Paulista.

    Durante o perodo 70/80 a regio apresenta um intensocrescimento populacional, marcado principalmente por grandes fluxosmigratrios como pode ser observado atravs das Tabelas 1 e 2.

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  • Mapa 1

    REGIO METROPOLITANA DE CAMPINAS

    Fonte: Unidade Tcnica de Campinas. Diretoria de Assuntos Institucionais.

    Escala original: 1:100.000

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  • Tabela 1

    REGIO DE CAMPINASCOMPONENTES DO CRESCIMENTO POPULACIONAL

    (TAXAS)1970/1991

    RG de Campinas/Municpios

    Taxas

    Crescimentopopulao total

    Crescimento vegetativo

    Migraolquida

    1970/80 1980/91 1970/80 1980/91 1970/80 1980/91

    Americana 6,29 2,13 2,22 2,27 3,97 0,05

    Artur Nogueira 4,60 5,27 1,18 1,59 3,35 4,14

    Campinas 5,86 2,22 2,00 2,01 3,77 0,41

    Cosmpolis 6,73 4,24 2,02 1,98 4,61 2,62

    Indaiatuba 6,30 5,45 1,71 2,02 4,49 3,90

    Itapira 2,07 1,51 1,71 1,70 0,34 0,05

    Jaguarina 3,88 4,62 2,18 1,94 1,65 3,08

    Mogi-Guau 5,59 3,51 1,87 2,22 3,63 1,59

    Mogi-Mirim 3,38 2,26 1,72 1,80 1,62 0,67

    Monte Mor 5,82 5,59 1,82 2,31 3,91 3,77

    Nova Odessa 10,14 4,11 1,48 2,09 8,56 2,38

    Paulnia 6,84 5,29 2,20 2,06 4,54 3,69

    Pedreira 3,57 2,40 1,65 1,69 1,87 0,92

    Santa Brbara DOeste 9,46 5,99 1,34 1,91 8,01 4,60

    Santo Antnio de Posse 3,38 2,54 1,93 2,10 1,41 0,67

    Sumar 16,01 7,53 1,03 1,88 15,21 6,30

    Valinhos 4,74 3,02 1,57 1,75 3,10 1,53

    Vinhedo 5,78 4,07 2,00 2,06 3,69 2,36

    RG Campinas 6,21 3,39 1,85 1,99 4,26 1,70

    Fonte: IBGE, formulao: Sumrio de Dados n. 1, PMC, 1993.

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  • O crescimento populacional mais dinmico pode ser obser-vado na dcada de 70, com praticamente todos os municpios da regioapresentando elevadas taxas de crescimento ao ano, podendo serobservado que o Municpio de Sumar assume as taxas mais elevadas,

    Tabela 2

    REGIO DE CAMPINASCOMPONENTES DO CRESCIMENTO POPULACIONAL

    (VALORES ABSOLUTOS)1991

    RG de Campinas/Municpios

    Componentes do crescimento

    Crescimentopopulacional absoluto

    decenalCrescimento

    vegetativoSaldo

    migratrio

    1970/80 1980/91 1970/80 1980/91 1970/80 1980/91

    Americana 55.688 31.775 19.959 31.080 35.729 695

    Artur Nogueira 5.770 12.103 1.504 3.358 4.266 8.745

    Campinas 288.695 181.875 100.099 151.050 188.596 30.825

    Cosmpolis 11.122 13.434 3.394 5.777 7.728 7.657

    Indaiatuba 25.700 44.579 7.102 15.199 18.598 29.380

    Itapira 8.893 8.581 7.384 8.822 1.509 -241

    Jaguarina 4.819 9.792 2.742 3.782 2.077 6.010

    Mogi-Guau 30.839 33.891 10.465 19.746 20.374 14.145

    Mogi-Mirim 14.333 14.116 7.370 10.300 6.963 3.816

    Monte Mor 6.060 11.496 1.925 4.365 4.135 7.131

    Nova Odessa 13.557 12.204 1.996 5.707 11.561 6.497

    Paulnia 10.047 15.848 3.283 5.683 6.764 10.165

    Pedreira 6.330 6.373 2.966 4.128 3.364 2.245

    Santa Brbara DOeste 45.603 68.696 6.555 20.135 39.048 48.561

    Santo Antnio de Posse 3.073 3.457 1.777 2.621 1.296 836

    Sumar 78.760 124.391 5.017 28.654 73.743 95.737

    Valinhos 18.147 18.945 6.112 10.134 12.035 8.811

    Vinhedo 9.303 11.930 3.268 5.565 6.035 6.365

    RG Campinas 636.739 623.486 192.918 336.106 443.821 287.380

    Fonte: IBGE, formulao: Sumrio de Dados n. 1, PMC, 1993.

    XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 465

  • acompanhado do Municpio de Nova Odessa e Santa Brbara DOeste,coincidindo com o perodo marcado pelo surgimento das periferiasmetropolitanas no Brasil. Na verdade o Municpio de Sumar, princi-palmente no que diz respeito ao ento distrito de Hortolndia, eman-cipado em 1991, apresenta caractersticas de periferia, abrigando apopulao de mais baixa renda, que na sua grande maioria trabalhaem Campinas. Nova Odessa e Santa Brbara DOeste por sua vez,assumem tambm o papel de periferia de Americana, considerado osegundo centro da Regio, apresentando como Sumar, altas taxas decrescimento do saldo migratrio.

    Pode ser observado tambm, que vrios municpios daregio apresentam taxas de crescimento mais elevadas que a doMunicpio de Campinas j na dcada de 70.

    Segundo Baeninger, Maia (1992), o crescimento absolutoda populao quase triplica na dcada de 70, devido principalmente,ao componente migratrio, que representou 67,71% do crescimentoabsoluto da populao. Os municpios que apresentaram participaesmais elevadas deste componente no crescimento absoluto foram osmesmos que apresentaram as maiores taxas de crescimento popula-cional, indicando a importncia deste componente no expressivo cres-cimento demogrfico da regio.

    Ainda segundo os autores acima citados, o movimentomigratrio intra-regional foi bastante intenso, onde cerca de 86.076pessoas se deslocaram de um municpio para outro neste perodo.Deste total, os municpios que concentraram fluxos mais altos foramSumar que recebeu 29%, Santa Brbara DOeste, 13% e Campinas13,5%.

    Apesar de j na dcada de 70, o Municpio de Campinasperder populao para os municpios da regio, a dcada de 80 marcada pela desconcentrao populacional, a exemplo das demaisregies metropolitanas, onde o municpio sede perde populao paraos municpios sede do entorno. Sumar continua a apresentar as taxasmais elevadas de crescimento populacional e de saldo migratrio,apesar da regio como um todo apresentar um arrefecimento nocrescimento populacional.

    Apenas os Municpios de Artur Nogueira e Jaquarinaapresentam taxas mais elevadas de crescimento populacional e saldomigratrio no perodo 80/91, em relao ao perodo 70/80.

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  • A tendncia de menor crescimento do Municpio de Cam-pinas se mantm na dcada de 80, apresentando tambm queda nataxa de crescimento do saldo migratrio. A participao relativa dapopulao do municpio sede cai de 47,22% no perodo anterior, para41,28%, enquanto o Municpio de Sumar eleva a sua participaorelativa de 7,24% para 11,14% do total da regio (vide Tabela 3).

    Esse arrefecimento no crescimento populacional, aindaque as taxas apresentadas pela regio possam ser consideradas eleva-das no contexto nacional e mesmo mundial, reflexo da crise econ-mica enfrentada pelo pas na dcada de 80, onde a perda do dinamismoeconmico, a precarizao das relaes de trabalho e o aumento dapobreza urbana, fez com que os fluxos migratrios para as grandescidades sofressem um arrefecimento, diminuindo assim a concentra-o populacional, nos grandes centros urbanos, alm claro da quedada fecundidade que reduziu o crescimento vegetativo da populao,fenmeno observado no mundo moderno.

    Todo esse crescimento demogrfico experimentado pelaregio na dcada de 70, e ainda que em proporo menor na dcada de80, gerou uma expanso da populao urbana e sua localizao noterritrio, expandindo a mancha urbana regional.

    A expanso urbana observada na regio a partir dos anos70 foi marcada pela crescente horizontalizao e periferizao dosespaos urbanizados, com a formao de vazios urbanos retidos comoreserva de valor, explicando, em grande medida, a intensificao doprocesso de articulao urbana de Campinas com os municpios lim-trofes e a conformao das reas conurbadas.

    Esse padro de ocupao urbana consolidou-se principal-mente no vetor sudoeste de expanso da cidade, configurando as reassituadas alm da Rodovia Anhanguera, na direo dos Municpios deSumar, Hortolndia, Monte-Mor e Indaiatuba.

    No perodo 80/91 os Municpios de Sumar (includo Hor-tolndia) e Monte-Mor apresentaram uma das maiores taxas de cres-cimento da regio. O ento distrito de Hortlandia apresentou adensidade mais elevada da regio, com 1646,37 hab/km2, seguido pelosMunicpios de Americana, Campinas e Sumar, com respectivamente,990,15, 950,66 e 943,72 hab/km2.

    XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 467

  • Tabela 3

    POPULAO TOTAL, TAXA ANUAL DE CRESCIMENTO DA POPULAOE DISTRIBUIO RELATIVA

    RG CAMPINAS

    RG de Campinas/Municpios

    Populao residente Taxa anual decrescimento (%)Distribuio relativa

    da populao (%)

    1980 1991 1970/80 1980/91 1980 1991

    Americana 122.004 153.779 6.29 2.13 8.67 7.57

    Artur Nogueira 15.941 28.044 4.60 5.27 1.13 1.38

    Campinas 664.559 846.238 5.86 2.22 47.22 41.68

    Cosmpolis 23.232 36.666 6.73 4.24 1.65 1.81

    Indaiatuba 56.237 100.816 6.30 5.45 4.00 4.96

    Itapira 47.929 56.510 2.07 1.51 3.41 2.78

    Jaguarina 15.210 25.002 3088 4.62 1.08 1.23

    Mogi-Guau 73.549 107.440 5.59 3.51 5.23 5.29

    Mogi-Mirim 50.634 64.750 3.38 2.26 3.60 3.19

    Monte Mor 14.020 25.516 5.82 5.59 1.00 1.26

    Nova Odessa 21.893 34.097 10.14 4.11 1.56 1.68

    Paulnia 20.755 36.603 6.84 5.29 1.47 1.80

    Pedreira 21.383 27.756 3.57 2.40 1.52 1.37

    Santa Brbara DOeste 76.621 145.317 9.46 5.99 5.44 7.16

    Santo Antnio de Posse 10.872 14.329 3.38 2.54 0.77 0.70

    Sumar 101.834 226.225 16.01 7.53 7.27 11.14

    Valinhos 48.922 67.867 4.74 3.02 3.48 3.34

    Vinhedo 21.641 33.571 5.78 4.07 1.54 1.65

    RG Campinas 1.407.236 2.030.722 6,21 3.39 100.00 100.00

    Fonte: IBGE, formulao: Sumrio de Dados n. 1, PMC, 1993.

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  • Essa expanso urbana, associada ao intenso crescimentopopulacional, ao longo da via Anhanguera se deu principalmente emfuno da regra de instalao industrial que pautou o processo deinteriorizao do desenvolvimento, que privilegiou grandes eixos ro-dovirios regionais. Alm deste condicionante, este movimento deperiferizao da Regio Sudoeste foi reforado pela abertura do Aero-porto de Viracopos, pela implantao do Distrito Industrial de Cam-pinas, e pela implantao de vrios conjuntos habitacionais instaladosnesta regio do municpio, atravs da atuao das COHABs Campinase Bandeirantes.

    No eixo de ocupao ao longo da Via Anhanguera quaseno existe descontinuidade na ocupao, configurando uma manchaurbana praticamente contnua, que se estende de Vinhedo at Ameri-cana, articulando fortemente a economia, o mercado de trabalho e avida urbana deste conjunto de municpios.

    Este vetor Anhanguera, em direo ao interior, caracteri-za-se pela localizao de populaes pobres, expulsas de reas urbanasmais valorizadas, principalmente nos Municpios de Hortolndia,Sumar, e Monte-Mor, limtrofes de Campinas na sua poro oeste.

    Ao contrrio destes municpios, este mesmo vetor na dire-o da Grande So Paulo verifica-se uma ocupao diferenciada depadro mdio e alto. Os Municpios de Valinhos e Vinhedo apresen-tam, alm da vocao industrial, uma importante participao naagricultura da regio, onde so produzidas frutas nobres, como figo,goiaba, morango e uva, inclusive para a exportao. Mais recentemen-te, esses municpios, principalmente Vinhedo, tem sido palco de umprocesso de valorizao imobiliria, a partir da implantao de diver-sos condomnios residenciais, abrigando populao de alta renda, quena sua grande maioria trabalha em So Paulo, elevando assim o preoda terra urbana e o padro de ocupao dos municpios.

    Os Municpios de Americana, Santa Brbara DOeste,Nova Odessa ainda no eixo da Anhanguera na direo do interior,destacam-se por constituir um polo txtil dos mais importantes doEstado, e formam, junto com Campinas e Sumar, o principal eixofabril da regio.

    O eixo norte nordeste, na direo de Baro Geraldo Paulnia, e Jaguaruna Mogi-Mirim, apresenta-se como outro vetorde expanso da mancha urbana regional, configurando-se como um

    XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 469

  • eixo de ocupao com menor poder de induo sobre a ocupao dereas do entorno, acomodando camadas de mdia e alta renda.

    Os Municpios de Artur Nogueira, Engenheiro Coelho(emancipado de Artur Nogueira em dezembro 1991), Santo Antniode Posse, Pedreira e Jaguarina, apesar de manterem estreitas rela-es de interdependncia com Campinas, no se encontram conurba-dos, apresentando um processo de desenvolvimento econmico dife-renciado do eixo da Anhanguera.

    So municpios com densidades mais baixas, apresentandoem 1991, populao inferiro a 30.000 habitantes e taxas de crescimen-to populacional prximas mdia regional. Estes municpios, apesarde apresentarem atividades industriais, so municpios com significa-tiva participao na produo agrcola total da regio. Dentre estesmunicpios, Jaguarina e Pedreira so os que possuem atividadeindustrial mais significativa.

    Entre os principais condicionantes da conformao destenovo eixo, destacam-se alguns investimentos realizados nas poresnorte e nordeste do Municpio de Campinas, como a abertura daRodovia D. Pedro I, a implantao de vrios estabelecimentos comer-ciais de abrangncia regional, (Makro, Carrefour, Shoppings Iguatemie Galeria, entre outros) a instalao da Universidade Estadual deCampinas UNICAMP, do Campus I da PUC/Campinas, a instalaodo Polo de Alta Tecnologia do CIATEC (Polo I) e da Refinaria doPalnalto REPLAN e do Polo Petroqumico a ela associado, instaladosno Municpio de Paulnia.

    A implantao da REPLAN no Municpio de Paulnia,gerou uma elevao da receita oramentria municipal, apresentandoem 1990, a maior receita e o maior valor adicionado per capita daregio3. Este fato conferiu ao municpio uma diferenciao na presta-o dos servios pblicos, principalmente na sade e na educao,fazendo com que a populao residente tivesse uma elevao no padrode atendimento das demandas sociais, e uma melhora na qualidade devida, sem no entanto elevar a renda pessoal dessa populao, e semalterar a sua condio perifrica, abrigando populao de baixa rendae que na sua grande maioria, trabalha sub-empregada no Municpiode Campinas.

    470 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP

    3 Para maiores detalhes ver Fichamento... (1993).

  • O vetor de expanso de Indaiatuba, acompanhando o eixoda Rodovia Santos Dumont, hoje a segunda concentrao fabril maisimportante da Regio. O processo de ocupao deste vetor apresentadinmica diferenciada daquela presente na Regio Sudoeste, devidodentre outros fatores, a presena de grandes reas institucionais, daexistncia de reas agrcolas ainda produtivas e, principalmente,devido ao alto preo da terra, o que limita uma ocupao urbana maisintensa.

    O Municpio de Indaiatuba apresentou em 1991, a terceiramaior taxa de crescimento da regio e era o quinto em populao, com100.816 habitantes, apresentando uma densidade de 336,91 hab/Km2,superada apenas pelos municpios conurbados ao longo da Anhaguera.

    A localizao industrial ao longo deste eixo intensificou-seaps a abertura do Aeroporto de Viracopos e a instalao do DistritoIndustrial de Campinas, na Regio Sul do municpio sede. Apesar daconurbao de Campinas e Indaiatuba ser ainda incipiente, deve-seconsiderar a possibilidade de adensamento e de provvel compactaoda mancha urbana nesta direo, a exemplo do que aconteceu ao longoda Anhanguera.

    O intenso processo de periferizao experimentado pelaregio marcou profundamente o perfil da aglomerao, provocandograves conseqncias urbanas e sociais como: a deteriorao do stionatural e da qualidade do meio ambiente; desajustes das redes deinfra-estrutura urbana; agravamento dos problemas sociais da perife-ria; comprometimento das finanas pblicas pelos custos crescentesda urbanizao; constituio de espaos segregados destinados exclu-sivamente populao de baixa renda, entre outros.

    Apesar de todo o dinamismo da regio, mesmo durante achamada dcada perdida a pobreza urbana, o desemprego, a exclu-so social de grandes parcelas da populao acentua-se, a exemplo doquadro nacional das regies metropolitanas, e torna-se ainda maisevidente a formao de uma periferia regional, onde as condies devida so precrias e com baixa qualidade de vida.

    Os Municpio de Sumar, Monte-Mor e Hortolndia, ape-sar de possurem uma estrutura econmica industrial dinmica esignificativa, apresentam grandes contingentes de populao de baixarenda, com acesso precrio aos servios bsicos de infra-estruturaurbana e acesso restrito ao mercado de trabalho. Em Sumar e

    XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 471

  • Hortolndia o acesso produo formal de moradia tambm bastan-te restrito, a exemplo de Campinas, principalmente na sua poro doterritrio limtrofe a este municpio, convive atualmente com o cres-cimento da populao favelada e das invases ilegais de terra.

    A expanso urbana de Sumar, ocorreu com maior dina-mismo durante a dcada de 70, principalmente atravs do parcelamen-to irregular do solo urbano, que na verdade nem chegava a ser ilegal,uma vez que no existia legislao municipal de parcelamento do solo,enquanto o Municpio de Campinas no mesmo perodo, mesmo seantecedendo a legislao federal sobre o tema, j restringia esse tipode parcelamento do solo, ainda que de maneira discreta (a Lei deParcelamento do Solo de Campinas foi aprovada em 1959).

    A mancha urbana de Sumar apresenta nesta dcada umcrescimento vertiginoso, chegando a representar um aumento de 70%da rea urbana ocupada.

    Outros municpio da regio tambm apresentam condiesscio-econmicas que indicam uma deteriorao na qualidade de vida,mas em Sumar e Hortolndia torna-se mais evidente as caractersti-cas de periferia metropolitana. O grande nmero de viagens pendula-res de Sumar e Hortolndia para Campinas, por exemplo, indicam aclara dependncia entre esses dois municpios para atendimento dasnecessidades de emprego, estudo, servios sociais, principalmenteeducao e sade, e at mesmo acesso ao comrcio mais especializado(vide Mapa 2)4.

    Segundo os dados apresentados pelo Plano Diretor deCampinas para a regio em 1991, 67,17% do nmero de viagensmensais rodovirias (duplo sentido) na regio metropolitana, ligavamCampinas a Sumar e Hortolndia (vide Tabela 4).

    Alguns dados referentes aos domiclios particulares per-manentes extrados do Censo de 1991 foram selecionados como formade ilustrar algumas destas considerao feitas aqui, ficando clara, noentanto, a necessidade de uma investigao mais apurada, principal-mente no que diz respeito ao acesso a servios sociais e mercado detrabalho na regio.

    472 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP

    4 Vrios estudos e indicadores destes fatos j foram realizados e portanto no seroaqui apresentados. Para maiores detalhes veja Plano Diretor de Campinas, 1991.

  • Mapa 2

    REGIO DE CAMPINASCARREGAMENTO NOS CORREDORES DE TRANSPORTE COLETIVO

    Fonte: Plano Diretor de Campinas, 1991.

    XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 473

  • Os dados selecionados na expectativa de demonstrar ascondies de deteriorao, excluso e segregao espacial da regioforam representados na Tabela 5 abaixo, lembrando sempre que oatual Municpio de Hortolndia aparece nos dados de 1991, comodistrito de Sumar.

    4 CAMPINAS: CIDADE LEGAL X CIDADE REAL

    O Municpio de Campinas, assim como o descrito para aregio, tem o seu espao urbano, como reflexo das transformaeseconmicas experimentadas pelo pas, reconfigurado no perodo 50/91,enfrentando um crescente processo de urbanizao, marcado pelaformao de periferias urbanas, crescimento da pobreza, deterioraona qualidade de vida, aumento da violncia, da segregao de exclusosocial da populao urbana.

    Tabela 4

    PASSAGEIROS DA REGIO METROPOLITANA

    Municpio N de viagens mensais(duplo sentido) Percentual

    Americana 72.500 2,21

    Artur Nogueira 9.352 0,28

    Cosmpolis 34.582 1,05

    Indaiatuba 77.729 2,37

    Monte-Mor 209.212 6,36

    Nova Odessa 18.901 0,57

    Jaguarina 55.709 1,70

    Paulnia 176.165 5,37

    Pedreira 12.784 0,39

    Santa Brbara DOeste 15.740 0,48

    Santo Antnio de Posse 5.159 0,16

    Sumar (Hortolndia) 2.204.318 67,17

    Valinhos 318.978 9,72

    Vinhedo 71.041 2,16

    Total 3.282.177 100,00

    Fonte: Plano Diretor de Campinas, 1991.

    474 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP

  • Campinas apresenta desde a dcada de 60 o papel de poloregional, no entanto na dcada de 70 que emerge como uma grandecidade, assumindo caractersticas de sede de Regio Metropolitana,estruturando-se nas ltimas dcadas como polo tercirio de alta tec-nologia.

    Tabela 5

    REGIO DE CAMPINASCONDIES DE VIDA 1991

    PARTICIPAO RELATIVA DO TOTAL DO MUNICPIO(%)

    MunicpiosDomiclosc/chefe

    semrendimento

    Domiclios em

    aglomeradosub-normais

    Domicliospor inst. sanit.comum a mais

    de umdomicliourbano

    Domiclioscom lixocoletado

    indiretamenteurbano

    Domiclios comabastecimento

    de guas/canalizao

    interna urbano

    Americana 2,05 1,35 3,92 0,48 2,40

    Artur Nogueira 2,87 0,00 1,08 0,00 0,00

    Campinas 3,15 7,20 3,08 0,66 3,13

    Cosmpolis 1,89 3,40 5,90 1,19 4,01

    Indaiatuba 3,97 0,03 4,94 0,87 0,76

    Itapira 1,99 0,00 6,61 0,00 3,03

    Jaquarina 1,50 0,00 0,33 0,17 0,03

    Mogi-Guau 3,37 0,05 4,31 0,17 1,58

    Mogi-Mirim 2,39 0,14 3,11 0,11 1,87

    Monte-Mor 5,67 1,25 0,00 0,12 5,35

    Nova Odessa 4,22 0,00 0,00 0,00 1,08

    Paulnia 1,96 0,00 2,69 0,00 1,58

    Pedreira 2,11 0,00 4,01 0,41 0,39

    Santa BrbaraDOeste 3,02 0,67 2,24 0,10 1,32

    Santo Antnioda Posse 2,06 0,00 8,49 0,00 2,79

    Sumar 5,20 3,35 5,42 1,15 3,97

    Valinhos 1,84 0,00 3,80 3,45 0,91

    Vinhedo 2,52 0,00 6,21 2,47 0,44

    Total da Regio 3,17 3,70 3,67 0,69 2,55

    Fonte: Censo Demogrfico de 1991.

    XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 475

  • O processo de ocupao do solo urbano se deu com a predo-minncia da expanso horizontal, produzindo uma mancha urbanadescontnua, onde so encontrados grandes vazios e reas de ocupaorarefeita. Algumas reas centrais do municpio, num perodo posteriorso adensadas, inclusive com verticalizao, sendo que em 1991,apenas 9,20% dos domiclios foram classificados como apartamentos.

    O crescimento e a configurao da mancha urbana domunicpio no foi homogneo, e diferentes partes do territrio muni-cipal assumem diferentes funes na insero da dinmica econmicamunicipal.

    Para uma caracterizao da configurao da mancha ur-bana durante o seu processo de expanso foi adotada a diviso dacidade segundo os seus principais vetores de expanso urbana

    A Regio Central de Campinas apresenta uma urbaniza-o consolidada, com reas bastante adensadas, onde se concentramas atividades comerciais, de servios e institucionais, e o uso residen-cial de mdio e alto padro. Essas caractersticas so encontradaspraticamente em toda a rea j consolidada, delimitada pelas rodoviasD. Pedro I e Anhanguera, e por grandes reas institucionais.

    Na poro Leste na direo dos distritos de Sousa e Joa-quim Egdio, encontram-se ainda reas desocupadas. Sendo que noentanto a ocupao residencial de padro mdio alto tem sido expan-dida nesta regio, atravs da implantao de condomnios fechados etem sido objeto tambm de investimentos em grandes empreendimen-tos comerciais e do parque ecolgico, o que vem gerando mudanas noritmo e padro de ocupao.

    Mais ao Norte encontra-se o distrito de Baro Geraldo, quenos ltimos 25 anos abriga a Universidade Estadual de Campinas UNICAMP, apresentando uma concentrao de alta e mdia renda,reas em grande processo de valorizao imobiliria, apresentandogrande potencial de crescimento, embora a regio ainda seja compostapor muitas reas de baixa ocupao e por reas com destinao aindano urbanas, pela legislao atual.

    E por fim, a poro sudoeste do municpio caracterizadapor uma ocupao rarefeita, de baixo padro ocupacional e populaode baixa renda, apresentando tendncias de intensificao deste pa-dro.

    476 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP

  • Para uma melhor compreenso dos diferentes segmentosdo espao urbano de Campinas, os dados e informaes apresentadasforam baseados na diviso administrativa utilizada pela PrefeituraMunicipal, que divide a rea municipal em quatro grandes regiesadministrativas. Embora reconhea que uma anlise mais precisadeveria se utilizar de reas menores, e que a prpria administraodispes de outras subdivises que atenderiam a este fim, foi feita aopo pela Secretaria de Ao Regional SARs, em funo da atualdisponibilidade de dados censitrios e da prpria prefeitura, e porreconhecer que estas divises expressam ainda que de maneira maisgeral, a segregao espacial, que o objetivo principal deste item (videMapa 3).

    Essa segregao do territrio municipal acompanhada deexcluso social de algumas destes segmentos espaciais e de alto graude ilegalidade em relao as leis urbansticas e do acesso moradia e terra urbana.

    Os dados apresentados a seguir sob a forma de grfico,apresentam a evoluo da populao e dos imveis construdos, porSARs.

    Os grficos apresentados revelam a intensificao da ocu-pao no territrio da SAR Oeste, principalmente na dcada de 70 e80, quando so formadas e intensificadas as periferias urbanas.

    O crescimento demogrfico experimentado pelas diferen-tes regies do municpio no perodo 70/91, como demostrado na Tabela6, a seguir, alm de revelar o aumento da participao relativa dapopulao em algumas regies, como a SAR Oeste, tambm possibilitaque se faa algumas suposies sobre papel do componente migratrioneste crescimento.

    Como se pode observar, a taxa de crescimento apresentadapor esta parcela do espao urbano, 5,40% ao ano, dificilmente poderser explicada pelo crescimento vegetativo, indicando que essa regioprovavelmente recebeu um significativo nmero de imigrantes, quecontriburam para o seu crescimento populacional, e conseqente-mente para a formao da periferia urbana do Municpio de Campinas,e at mesmo da regio, uma vez que essa regio encontra-se conurbadacom os Municpios de Sumar e Hortolndia, que assumem caracte-rsticas de periferia regional.

    XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 477

  • Mapa 3

    LIMITES DAS SARs CAMPINAS

    Fonte: Plano Diretor de Campinas, 1995.

    478 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP

  • Grfico 1

    EVOLUO DA PARTICIPAO RELATIVADA POPULAO POR SAR

    1970/1991

    Grfico 2

    EVOLUO DA PARTICIPAO RELATIVADO NMERO DE IMVEIS POR SAR

    1960/1993

    1970 1980 19910,00

    5,00

    10,00

    15,00

    20,00

    25,00

    30,00

    35,00

    40,00

    %

    1970 1980 1991

    Leste Norte Sul Oeste

    1960 1970 1980 1990 199305

    101520253035404550

    1960 1970 1980 1990 1993

    Leste Norte Sul Oeste

    XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 479

  • O crescimento populacional no municpio, a exemplo daregio, veio acompanhado do crescimento da populao favelada,principalmente na rea pertencente a SAR Oeste, como mostra aTabela 7 e o Grfico 3.

    Como pode ser observado, a populao favelada da regioda SAR Oeste, representa 11,06% do total da populao favelada, e onmero de domiclios em favelas, representam 41,72% do total dedomiclios em favelas.

    A distribuio dos domiclios segundo a renda, expresso noCenso 80, j revelava a diferenciao da distribuio da populao demais baixa renda no espao urbano. Novamente a Regio Oeste sedestaca, assumindo as maiores participaes relativas da populaomais pobre, como mostra o Grfico 4.

    Os dados utilizados pela Prefeitura Municipal para de-monstrar os ndices de qualidade de vida no municpio, so bastanteilustrativos da diferenciao do padro de vida dos diferentes segmen-tos da populao. O ndice foi construdo com base nas informaescoletadas pelo Censo 91, selecionadas segundo o critrio de piorescondies para revelar as situaes mais crticas da cidade. Como podeser observado no Grfico 5 que apresenta esses dados por SARs, a SAROeste novamente apresenta as participaes mais elevadas.

    Tabela 6

    POPULAO RESIDENTE, POR SECRETARIAS DE AO REGIONALMUNICPIO DE CAMPINAS 1970/1980/1991

    SARPopulaoresidente

    Taxas anuaisde crescimento

    (%)

    Distribuiorelativa

    (%)

    1970 1980 1991 1970/80 1980/91 1970 1980 1991

    Norte 83.353 136.161 163.871 5,03 1,70 22,44 20,50 19,63

    Sul 134.969 206.916 222.302 4,37 0,65 36,33 31,16 26,27

    Leste 129.635 178.377 205.679 3,24 1,30 34,89 26,86 24,31

    Oeste 28.540 142.697 254.386 17,46 5,40 6,34 21,48 30,06

    Total 376.497 664.181 846.238 5,86 2,22 100,00 100,00 100,00

    Fonte: Fundao IBGE. Censos Demogrficos de 1970 e 1980.Resultados preliminares do Censo Demogrfico de 1991.

    480 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP

  • Tabe

    la 7

    POPU

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    1991

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    Lest

    e20

    5.71

    513

    .216

    24,3

    16,

    4261

    .010

    2.89

    727

    ,00

    20,3

    04,

    753,

    374,

    56

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    2.46

    07.

    991

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    .656

    1.73

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    12,1

    94,

    153,

    884,

    60

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    223.

    483

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    6626

    ,41

    8,17

    58.8

    033.

    681

    27,0

    025

    ,79

    6,26

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    4,96

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    te25

    4.46

    828

    .135

    30,0

    811

    ,06

    62.1

    595.

    953

    27,7

    741

    ,72

    9,58

    4,09

    4,73

    Tota

    l84

    6.12

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    100,

    0010

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    Font

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    .

    XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 481

  • Grfico 3

    PARTICIPAO RELATIVA DA POPULAO TOTALE FAVELADA POR SAR

    1991

    Grfico 4

    DOMICLIOS SEGUNDO RENDIMENTO MENSAL POR SAR1980

    Leste Norte Sul Oeste0,00

    5,00

    10,00

    15,00

    20,00

    25,00

    30,00

    35,00

    Leste Norte Sul Oeste

    Distrib. Relativa da Populao (%) Distrib. Relativa da Populao em Favelas (%)

    Norte Sul Leste Oeste0,00

    10,00

    20,00

    30,00

    40,00

    50,00

    60,00

    70,00

    Parti

    cipa

    o R

    elativ

    a

    Norte Sul Leste Oeste

    Mais de 1 a 3 SM Mais de 3 a 5 SM Mais de 5 a 10 SMMais de 10 a 20 SM Mais de 20 SM Sem Informao

    482 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP

  • Grfico 5

    CONDIES DE VIDA POR SAR/PARTICIPAO RELATIVA1991

    Todo esse processo de desenvolvimento e urbanizaoexcludente, como j foi dito anteriormente o reflexo do modelo dedesenvolvimento econmico brasileiro, e claramente no um fen-meno exclusivo de Campinas e regio.

    No entanto a segregao espacial, resultante da exclusosocial gerada por este padro perifrico de desenvolvimento agrava-da, e muitas vezes promovida pelo prprio sistema de gesto urbana,resultado da atuao do Estado, atravs de programas, polticas elegislaes urbanas.

    Estes instrumentos promovem a segregao espacial comexcluso aos servios e infra-estrutura bsica e tambm promovem avalorizao imobiliria diferencialmente pelo territrio urbano, pos-sibilitando a realizao da renda da terra, que impede o acesso estebem, pelas parcelas excludas das grandes cidades.

    A ilegalidade generalizada em relao as legislaes urba-nas, como demostrado em itens anteriores deste texto, assume muitasvezes uma forma de clientelismo e corrupo do Poder Pblico nofavorecimento das parcelas mais privilegiadas, principalmente docapital imobilirio.

    Leste Norte Sul Oeste0,00

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    Leste Norte Sul OesteSAR

    Populao Residente Populao de 15 e + Chefes de Famlia s/renda ou c/ ate 2 SM Populao Analfabeta de 15 anos e +Domiclio em Aglomerado Sub-Normal Domiclio com Acesso Precrio Rede de EsgotoDomiclio sem Acesso coleta de Lixo Abast. de gua atravs de Fontes Diversa

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  • Mais a ilegalidade no acesso moradia que mais visivel-mente revela a face de excluso e segregao da gesto urbana nascidades brasileiras.

    O Municpio de Campinas apresenta alto grau de ilega-lidade no que diz respeito as regularizaes de construes, aimplantao de loteamentos e assentamentos, e na propriedade damoradia.

    Durante a dcada de 70, apesar da Lei Municipal deparcelamento do solo ser bastante restritiva, a fiscalizao e as puni-es no eram eficientes, e a expanso da urbanizao, principalmentena Regio Sudoeste do municpio, foi marcada pelo surgimento dosloteamentos clandestinos, muitos deles regularizados urbanistica-mente, anos depois atravs de programas municipais de regularizao.Aps a Lei Federal n. 6766, que previa a punio com cadeia para osloteadores ilegais, entre outras, esse tipo de ocupao cessa, sem queoutra alternativa reste populao de baixa renda, que no seja amoradia ilegal em favelas e cortios, uma vez que o sistema formal dehabitao no capaz de atend-la.

    A partir desta data cresce significativamente o nmero deinvases, e logicamente a populao favelada nas grandes cidades,inclusive Campinas.

    Diante da impunidade e da ineficincia na fiscalizao porparte do Poder Pblico, muitas vezes vantajosa para alguns setores daeconomia, e das constantes prticas de regularizao e anistia para osilegais, ocorre um favorecimento da ilegalidade, como j foi ditoanteriormente.

    A Lei de Uso e Ocupao do Solo em Campinas, bastantecomplexa e rgida, tem sido objeto ao longo dos anos de inmerasalteraes pontuais, onde so alterados coeficientes e possibilidadesde uso do solo, para quadras ou conjunto de quadras da cidade,favorecendo na grande maioria das vezes, o capital imobilirio.

    Atravs do estabelecimento de ndices diferenciados deocupao de solo, que em ltima estncia regulam a quantidade dereas construdas, e de diferentes possibilidades de uso, regulando otipo de atividade a ser instalada no imvel, a Lei de Uso e Ocupaodo Solo acaba por promover a valorizao diferenciada do solo urbanoe conseqentemente a segregao espacial das atividades e da popula-

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  • o, segundo a sua possibilidade de acesso a esse solo de preo diferen-ciado, segundo a sua localizao.

    A ilegalidade to evidente em Campinas, que possvelverificar a existncia de um bairro inteiro ocupado ilegalmente emrelao ao uso, onde a predominncia pela instalao de clnicas econsultrios mdicos visvel, enquanto o uso permitido o residen-cial. Isso revela uma outra face das legislaes restritivas de uso eocupao do solo, que se refere a sua incapacidade em acompanhar odinamismo das cidades em seus processos de transformao, refletidosno uso e na ocupao do solo.

    A poltica habitacional implementada no s em Campi-nas, mas implantada como modelo atravs do governo federal, no sno capaz de atender o dfict habitacional das grandes cidades, comotambm exclui da sua faixa de atendimento as classes com rendimentoabaixo de 3 salrios mnimos, revelando assim o seu carter excluden-te.

    No entanto no s sobre esse aspecto que a produoformal de habitao popular excludente. Ao implantar grandesconjuntos habitacionais nas grandes cidades, quase sempre nas peri-ferias urbanas, promove a valorizao de grandes reas mantidascomo reservas de valor, aumentando o preo da terra, e permitindo oacesso a este, somente pelas classes de renda mdia, excluindo nova-mente as classes mais pobres.

    A ocupao tpica da Regio Sudoeste pela populao debaixa renda foi fortemente induzida pela atuao da COHAB, que aelegeu como destinatria de um grande nmero de conjuntos residen-ciais populares, principalmente na dcada de 70. Assim a polticahabitacional se revela tambm fortemente segregadora da populaopobre urbana.

    A poltica habitacional atual, que privilegia o acesso terrae a cesta bsica de material de construo, continua privilegiando aocupao nas mais distantes reas da periferia urbana, na RegioSudoeste do municpio.

    A articulao entre a poltica urbana e a poltica habitacio-nal ainda precria com conseqncias de diferentes tipos comoocupao de reas inadequadas para a habitao, ocupao e adensa-mento de reas desprovidas de equipamentos e de infra-estrutura em

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  • regies perifricas e ociosidade de reas urbanas j infra-estruturadas.Na verdade, a prtica da poltica habitacional sempre esteve descoladada preocupao com o crescimento urbano, com o planejamento dainfra-estrutura e dos equipamentos sociais.

    A poltica de oferta de infra-estrutura bsica por sua vez,tambm tem seu papel definido na segregao e excluso de grandesparcelas da populao, promovendo a valorizao diferencialmente asregies segundo o acesso a estes servios.

    O provimento da infra-estrutura, no Municpio de Campi-nas, obedece a lgica de atendimento s reas mais adensadas. Asregies perifricas contam com os Planos Comunitrios que, a despeitode serem uma soluo para a melhoria das condies fsicas do bairro,muitas vezes acabam por onerar duplamente o morador. o caso debairros originrios de loteamentos irregulares onde o morador nacompra do lote pagou toda a infra-estrutura que no foi implantadapelo loteador. A Prefeitura, no tendo como obrigar a execuo dosmelhoramentos pblicos por parte do loteador, promove as obras que paga pelos moradores. Por outro lado, as populaes mais pobres noconseguem arcar com os custos do programa.

    A populao excluda e segregada no espao urbano utili-zou-se de diferentes estratgias, ao longo do processo de urbanizao,como forma de viabilizar o acesso moradia e aos servios bsicos,ainda que ilegalmente ou irregularmente na maioria da vezes. O fatodo Poder Pblico, na grande maioria das vezes ignorar essa ilegalida-de, praticamente uma confisso da sua incapacidade em promovermoradias e condies de vida digna a essas parcelas da populao.

    As estratgias para acesso a moradia da populao pobreurbana, em Campinas inicia-se primeiramente com o surgimento deloteamentos clandestinos implantados margem das legislaes ur-bansticas, e num segundo momento, a partir da implantao denormas mais restritivas sobre o parcelamento do solo e de um empo-brecimento ainda maior da populao, atravs da ocupao ilegal dereas pblicas e posteriormente de reas de propriedade privada. Semfalar da utilizao de domiclios comuns a mais de uma famlia, comoo caso dos cortios nas regies mais centrais, ou mesmo da sublocao,at mesmo nas habitaes mais precrias da cidade.

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  • 5 CONCLUSES

    A inteno que prevaleceu durante a produo deste texto,foi muito mais alinhavar idias e observaes desenvolvidas ao longodos ltimos anos de estudo sobre o desenvolvimento urbano da regio,e muito menos chegar a grandes concluses sobre os diversos temasapontados.

    Fica aqui registrado a urgncia e a inteno de desenvolveranlises mais aprofundadas sobre os diferentes segmentos do espaourbano municipal e regional, sistematizando os dados dos Censos de70, 80 e 91, organizados e tabulados segundo setores censitriosagrupados para regies menores do municpio e mesmo da regio,buscando encontrar mais evidncias dos processos de segregao eexcluso social no espao urbano, caracterizando de maneira maisampla a populao que constitui esse segmento excludo. Informaesrelativas procedncia, aceso ao mercado de trabalho, formaofamiliar, estrutura etria, mobilidade espacial, entre outros destaspopulaes constituem-se num desafio bastante intrigante e que de-ver ser enfrentado.

    Fica claro no entanto que a gesto urbana, atravs de seusinstrumento assume um papel segregador e excludente na produodo espao urbano, inclusive na Regio de Campinas, sendo necessriatoda uma formulao e discusso sobre as possibilidades de atenuaodeste quadro, j que a sua eliminao depende primordialmente de umprocesso de redistribuio de renda, e da definio e um modelo dedesenvolvimento econmico que privilegie as classes menos favoreci-das.

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  • 6 BIBLIOGRAFIA

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