o novo residente de rio de moinhos · remoinhos d`Água presta à sua co - munidade. se fizermos...

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1 O RIOMOINHENSE MARÇO 2016 O novo residente de Rio de Moinhos O RIOMOINHENSE 12 PUBLICAÇÃO NÚMERO BOLETIM INFORMATIVO DA FREGUESIA DE RIO DE MOINHOS associação juvenil remoinhos d’água TRIMESTRAL * MARÇO 2016 * ANO V PÁG. 4 e 5 PÁG. 6 PÁG. 16 a 18 EMPREENDER Estabelecimento de Leonor aposta nas típicas tigeladas Desporto Amoreira vence grupo do Campeonato Inatel Entrevista Padre Nuno dá-nos a conhecer a sua história

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1O RIOMOINHENSE

MARÇO 2016

O novo residente de Rio de Moinhos

O RIOMOINHENSE12

PUBLICAÇÃO NÚMERO

BOLETIM INFORMATIVO DA FREGUESIADE RIO DE MOINHOS

associação juvenilremoinhos d’água

TRIMESTRAL * MARÇO 2016 * ANO V

PÁG. 4 e 5 PÁG. 6 PÁG. 16 a 18

EMPREENDEREstabelecimento de Leonor

aposta nas típicas tigeladas

Desporto Amoreira vence grupodo Campeonato Inatel

EntrevistaPadre Nuno dá-nos a

conhecer a sua história

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cou ou quem se envolveu nisto ou naquilo.

O Riomoinhense é também reve-lador do princípio da Liberdade, é através destas páginas que devemos dar destaque aquilo que através do nosso olhar crítico está bem, mas também por vezes está menos bem.

Refiro honestamente caro leitor, é com todo o carinho que assumo este projeto, não representa para mim qual sede de protagonismo, mas sim é com entusiasmo e com trabalho que o dirijo junto de uma equipa muito empenhada.

Apesar das suas vidas ocupadas esta equipa que está comigo não deixa de fazer um grande esforço e colaborar, de três em três meses, com esta publicação. Falo do An-dré Virtuoso, do André Santos, da Cláudia, da Micaela, da Catarina, da Bárbara, da Sónia, da Liliana, do Nuno, dos nossos cronistas re-sidentes que são o Padre Nuno, o presidente da Junta de Freguesia, Rui André, e ainda do Sr. Mário que lá nos vai deixando as suas di-cas de saúde e bem-estar. Por últi-mo lugar e não menos importante, a minha companheira e braço direito deste projeto, a Daniela. A Daniela que assume de forma profissional o design desta publicação e que me incentiva a dar continuidade a este projeto demasiado importante, que não deve definhar!

A eles resta-me dizer o meu muito Obrigada por continuarem a servir a freguesia de Rio de Moi-nhos!

EDITORIALFICHA TÉCNICA

APOIOS

DiretoraJoana Margarida Carvalho

RedaçãoAndré VirtuosoAndré SantosBárbara BretesCatarina AssunçãoCláudia FerreiraDaniela GasparJoana Margarida CarvalhoLiliana CarvalhoMicaela GonçalvesNuno LopesSónia Pacheco

CronistasMário PernadasNuno MiguelRui André

PublicidadeAdriana Antunes

Design e PaginaçãoDaniela Gaspar

ImpressãoGráfica Prova de CorAbrantes

Tiragem200 exemplares

Contactos918 818 [email protected]

ProprietáriaAssociação JuvenilRemoinhos d’Água

“UM REGISTO DE MEMÓRIAS”

JOANA MARGARIDACARVALHO

Passadas algumas edições do Bole-tim Informativo “O Riomoinhen-se” chega altura de falar sobre a

sua importância no seio da nossa comunidade.

Este boletim informativo, que chega quatro vezes por ano às ca-sas da freguesia, é efetivamente um Serviço Público que a Associação Remoinhos d`Água presta à sua co-munidade. Se fizermos uma análise mais aprofundada, percebemos que estamos a falar de um registo de memórias, de acontecimentos im-portantes, de histórias de vida que mais tarde poderão ser lidas e reli-das pelas gerações futuras.

Através do Riomoinhense, da-mos a possibilidade de que as ge-rações que vêm aí possam conhecer um pouco do que foi Rio de Moi-nhos, o que motivou e o que fez mexer a freguesia, o que se desta-

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e Gatos” pelas mãos da Madalena.A Escola Drº Manuel Fernan-

des trouxe um Campeão no jogo “Avanço”.

*Artigo retirado do blog: apeoca.blogspot.pt/

EDUCAÇÃO

12º CAMPEONATO NACIONAL DE JOGOS MATEMÁTICOS - 6º LUGAR PARA O CENTRO

ESCOLAR DE RIO DE MOINHOS

No dia 5 de m a r ç o , saía às 7 horas da manhã um autocarro da Escola Dr. Ma-

nuel Fernandes com destino a Beja, ao 12º Campeonato de Jogos Ma-temáticos. Nele foram 3 meninas a representar o Centro Escolar de Rio de Moinhos, Carolina Castro, Ma-dalena Dias e Matilde Rosado.

No nosso agrupamento estes Jo-gos movimentaram cerca de 350 alunos, dos quais foram seleciona-dos 16 para as eliminatórias que decorreram em Beja.

Tudo começou com as elimina-tórias. Muitos alunos, muitas me-sas, muitas rondas....

As nossas meninas portaram-se muito bem, todas pontuaram.

DR

Posição

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

Escola

1º Ciclo - Gatos & Cães

Nome do Jogador

Colégio de São Francisco Xavier

Colégio Pedro Arrupe

Colégio do Sagrado Coração de Maria

EB de Árvores

EB1/JI António Torrado

Centro Escolar de Rio de Moinhos

CED Jacob Rodrigues Pereira - Casa Pia de Lisboa

Centro Helen Keller

CED Jacob Rodrigues Pereira - Casa Pia de Lisboa

EB de Agarez - Vila Real

EB Oliveira Santa Maria

Miguel Câmara

Miguel Sousa

Duarte Lima

Gonçalo Costa

Martim Mendes

Madalena Dias

Edivânio Oliveira

Miguel Poças

Telma Madaíl

Beatriz Monteiro

Inês Almeida

Madalena Dias conseguiu ganhar todos os jogos dessa fase e passou à final. Com ela mais 3 alunos do nosso agrupamento, cada um no seu escalão/ jogo.

À tarde decorreram as finais e o nosso Centro Escolar trouxe o 6º lu-gar a nível nacional do jogo “Cães

Madalena Dias (à esquerda), classificou-se em 6º lugar nos jogos matemáticos

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EMPREENDER

Há quantos anos faz este tipo de ativi-dade?

Não sei pre-cisamente há quantos anos, mas pelo menos uns 5/6 anos.

Como decorreu a vinda para este espaço?

Comecei pela distribuição. Fui distribuindo e acabei por ficar a con-fecionar o produto.

O que é feito, produzido e ven-dido neste estabelecimento?

Aqui produzimos e vendemos ti-geladas e broas de mel. As tigeladas

têm uma saída mais significativa, pois é o produto que tem mais pro-cura pela comunidade.

Como é confecionado o produ-to? Há algum segredo?

Há segredos, mas há segredos que nós também não podemos di-vulgar. É uma receita de família que tem vindo de geração em geração. Eu posso dar a receita. Por exemplo para oito dúzias de tigeladas faço 6L de leite, seis dúzias de ovos, sal, açúcar, 900g de farinha e meto cas-cas de limão para dar o gosto.

Sobretudo quem frequenta o seu espaço?

Vêm cá pessoas comprar quando me encomendam. São pessoas da terra e de vários lados. Já chegaram a vir de Lisboa, daqui e dali, pessoas de Coimbra que telefonam, enco-mendam e eu faço.

Está satisfeita com o negócio? Sim estou, é uma coisa de que

gosto, gosto muito de fazer, tudo vai com a devoção. Se eu não gostasse de fazer já aqui não estava há muito tempo. Porque isto se der, dá, mas este tipo de comércio grande parte das vezes não é rentável, porque es-tamos mais a perder do que estamos a ganhar. Isto é um negócio que há dias tem muita saída, há outros dias que não sai nada.

Qual é a relação do seu esta-belecimento com a loja ao lado?

Cada espaço tem o seu fim. Aqui é onde fazemos as tigeladas e as broas. Na outra loja é outro serviço, onde vendemos vários tipos de pro-dutos.

O que se vende nessa outra loja? Quais os produtos disponí-veis?

Vários produtos. Desde produtos de limpeza, flores, sementes, maté-rias como pinceis, pregos, parafusos, colas, entre muitos outros diversos.

Sendo que têm muitos produ-tos, o negócio está a correr bem?

Não. Não dá nada. As pessoas não aderem. Lá vem uma pessoa ou duas. Quando estamos com a loja aberta não aparece ninguém, fechamos a porta e aparece sempre alguém que fica lá à espera que abramos a porta. Vamos vendendo, mas muito pouco, uma coisa aqui outra ali.

Quais os objectivos futuros para os dois espaços?

Eu gostava de aumentar o negó-cio se tivesse possibilidades, agora assim não há grande hipótese. Gos-tava de expandir para outras zonas de Abrantes.

MICAELA GONÇALVES

Leonor Soares Luís Rosa, 63 anos, natural da Pucariça, é comerciante em Rio de Moinhos.A sua especialidade é a confeção das famosas tigeladas de Rio de Moinhos. Leonor produz

e comercializa a sua especialidade numa loja situada junto ao restaurante `O Ramiro´.

ONDE SE PRODUZ E VENDE TIGELADAS E BROAS DE MEL!

ESTABELECIMENTO DE LEONOR SOARES LUÍS ROSA

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dois encontros tiveram muitos espe-tadores e que decorreram dentro da normalidade, com fair-play por am-bas as equipas.Deseja-se a continuação do bom trabalho desenvolvido por ambas as equipas, que em muito continuam a dignificar e a honrar a freguesia a que pertencemos pelo distrito de Santarém.

ANDRÉ VIRTUOSO

A equipa de futebol da Amoreira venceu o seu grupo na primeira fase do campeonato distrital do Inatel de

Santarém, que teve início no dia 25 de outubro de 2015 e terminou no passado dia 14 de fevereiro de 2016.

Desde as primeiras jornadas que a equipa de Amoreira conseguiu alcan-çar o primeiro lugar, mantendo esse posto até ao final desta primeira fase. Garante a passagem à fase de apura-mento de campeão distrital sem ter sido derrotada por qualquer adver-sário e apenas cedeu três a empates, frente às equipas das Sentieiras, por duas vezes, e de Rio de Moinhos.A equipa de Rio de Moinhos ob-teve o terceiro lugar do grupo, não conseguindo assegurar um lugar na fase de apuramento de campeão, uma vez que apenas passaram com

AMOREIRA VENCE GRUPO DA 1ª FASE DO CAMPEONATO

DE FUTEBOL DO INATEL

apuramento direto os dois primeiros classificados. No embate direto entre as duas equi-pas da nossa freguesia, Amoreira revelou-se superior no jogo da pri-meira volta ao vencer no campo de Rio de Moinhos a equipa da casa por 2-4. Na segunda volta as equipas mediram forças no campo da Amo-reira, encontro que terminou com um empate 1-1. Importa destacar que os

DESPORTO

Equipa

Classificação Final da Primeira Fase Grupo A do Campeonato Distrital da Inatel

J W E D G PTS

AM Amoreira

GPCD Sentieiras

CP Rio de Moinhos

LRM Ortiga

CSCD Envendos

ADC Arreciadas

UD Rossiense

12

12

12

12

12

12

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3

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Méd

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CRÓNICA

“Estou mais do que nunca in-fluenciado pela convicção de que a igualdade social é a única base da felicidade humana”, referiu Nelson Mandela.

Mais dois serviços sociais para a freguesia de Rio de Moinhos.

Em parceria com a Associação Vidas Cruzadas, a Junta de Fre-guesia de Rio de Moinhos aderiu a Rede Local de Intervenção Social (RLIS) no sentido de ajudar a po-pulação criando para o efeito um

serviço de atendimento e acompa-nhamento social.

No ano de 2016, o gabinete vai funcionar na Junta de Freguesia nos seguintes dias: 16/02; 15/03; 19/04; 17/05; 13/06; 19/07; 16/08; 20/09; 18/10; 15/11 e 20/12. Este serviço é gratuito e é financiado pelo Por-tugal 2020.

Outro serviço que iniciou pra-ticamente ao mesmo tempo foi o CLDS 3G (Contrato Local de De-senvolvimento Social). A Junta de Freguesia de Rio de Moinhos esta-beleceu uma parceria com o CRIA onde está sediado este serviço so-cial. Este gabinete é composto por uma coordenadora, uma animadora sociocultural, uma psicóloga clíni-ca, uma economista e uma assisten-te social e tem 3 eixos de interven-ção: Eixo 1: emprego, formação e qualificação; Eixo 2: intervenção familiar e parental, preventiva da pobreza infantil; Eixo 3: capacita-ção da comunidade e das institui-ções.

No passado dia 3 de março, a Co-

missão Social da Freguesia de Rio de Moinhos, apresentou estes dois projetos sociais e todas as associa-ções presentes puderam analisar os objetivos subjacentes a estas duas parcerias. Isto para o caso de ser necessário encaminhar todos aque-les e aquelas que necessitam de ser ajudados e encaminhados.

JeanMolière dizia: “Não só so-mos responsáveis pelo que faze-mos, mas também pelo que não fazemos”.

Um trabalho de proximidade sempre a pensar no próximo e no seu bem-estar.

Finalizo o meu artigo citando MohandasKaramchand Gandhi (1869-1948): O que destrói o Ser Humano:

“Política sem princípios, prazer sem compromisso, riqueza sem tra-balho, sabedoria sem carácter, ne-gócios sem moral, ciência sem hu-manidade e oração sem caridade.”

FAÇAM O FAVOR DE SER FE-LIZES

RUI ANDRÉPRESIDENTE DA JFRM

RIO DE MOINHOS COM MAISDUAS VALÊNCIAS SOCIAIS

Não só somos responsáveis pelo que fazemos, mas também pelo que não fazemos.

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REPORTAGEM

A MÚSICA E A DANÇA NA ARTE DE VIVER

É Sábado. O relógio já marcou as 14 horas. A escoli-nha de música da Filarmónica Rio-moinhense está a

começar.Os aprendizes já mano-bram as suas pautas à descoberta das notas musicais.Uns ainda devo-ram a teoria com notória vontade de aprender, mas outros não escondem o entusiasmo ao arrancar os primei-ros sons do instrumento que já lhes foi atribuído. Em breve, também irão ocupar um lugar no ensaio ge-ral, vestir a farda e, claro, sentir o orgulho de fazer parte da formação

que nos habituámos a ouvir… há quase dois séculos.As informações até agora recolhidas apontam para 4 de Julho de 1821 como a data da fundação da Filarmónica Riomoi-nhense que, desta forma, assinala este ano 195 anos. As horas passam. Já são 16h30. Os mais velhos come-çam a chegar e juntam-se no pátio da antiga escola primária. O ensaio geral está marcado para as 17 ho-ras…A música, tal como a dança é uma expressão não só artística, mas tam-bém social e emocional. Estimula a autodisciplina, melhora as habili-dades matemáticas, aumenta a con-

Rui André

centração, a capacidade de memori-zação e o raciocínio lógico, desperta a sensibilidade e a criatividade. In-centiva à socialização, à partilha, ao trabalho em equipa, combate a timidez e a insegurança ao mesmo tempo que constrói a auto-estima e ensina a valorizar o esforço e o trabalho necessário na obtenção de resultados positivos.Tocar um instrumento ou dançar ajuda a ultrapassar o medo e a as-sumir riscos. É uma óptima terapia para controlar a ansiedade, acal-mar e tranquilizar. Ajuda a manter o cérebro mais activo, elevando a circulação cerebral e causando uma sensação de bem-estar, física e psi-cológica.Qualquer tipo de movimento envia informações ao sistema nervoso central, mas a música e a dança in-fluenciam o sistema nervoso de um modo mais completo. Por exemplo, aprender a dançar pressupõe apren-der a movimentar o corpo segundo técnicas e posturas adequadas e ao explorar novas maneiras de se mo-ver e de se expressar, cada dançari-no assimila noções de estética, rit-mo, equilíbrio e espontaneidade. O exercício diminui a tensão e relaxa a musculatura.Os benefícios da música e da dança estão comprovados, estando, aliás, clinicamente presentes na preven-ção e tratamento de várias condi-ções como por exemplo problemas respiratórios, fadiga, doenças car-diovasculares ou depressão.E não… a música e a dança não

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um enorme sorriso ao encontrar o equilíbrio dos seus primeiros pas-sos, outros já fazem suceder natural-mente os movimentos que dão vida à arte de dançar.A estes movimentos bem definidos juntam-se os sons. O acordeão, a pandeireta, os ferrinhos ou outros instrumentos marcam o ritmo e os cantares completam a perfeita harmonia a que nos habi-tuou o Rancho Folclórico que, em Junho, comemora 30 anos. Danças como o “Vira da Nossa Aldeia”, o “Fado Moleiro”, as “Saias de Rio de Moinhos” ou o “Fandango” vão ganhando forma e as estórias vão-se desenrolando, mantendo viva a me-mória desta terra de moleiros e ma-rítimos. Agora falta apenas enver-gar os trajes e viajar pelas tradições e costumes dos nossos antepassados riomoinhenses.

SÓNIA PACHECO

Qualquer tipo de movimento envia informações ao sistema nervoso central, mas a músi-ca e a dança influenciam o sistema nervoso de um modo mais completo.

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são actividades destinadas apenas a auxiliar crianças e jovens na . sua formação académica e no seu crescimento enquanto indivíduos. São actividades cujos benefícios se aplicam a qualquer faixa etária, sem excepção. Ainda mais… a mú-

sica e a dança são formas de vida que definem a nossa identidade, a nossa cultura, o nosso ser. Um mun-do sem melodias, sem ritmos, sem movimentos é um mundo vazio de sentimentos e emoções.…O tempo não pára. Entretanto, já se ouvem, na Casa do Povo, as ba-tidas vigorosas de passos de dança que contam estórias do que outro-ra foi a aldeia de Rio de Moinhos. Também aqui, enquanto uns soltam

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CRÓNICA

NATAL CELEBROU-SE COM AS TRADIÇÕES HABITUAIS

No passado mês de dezembro, as várias coletividades da nossa fre-guesia realizaram diversos mo-mentos de convívio natalício. A nossa aldeia apesar de se situar no interior do país tem o privi-légio de conter vários grupos de

pessoas, jovens e menos jovens, que querem manter a união e as tradições das nossas gentes. Todas as asso-ciações, mais antigas ou recentes, trabalharam em prol da comunidade de forma voluntária. Algo raro hoje em dia, em muitas outras comunidades que para terem algum lazer fora dos seus lares, têm de se deslocar à cidade ou vila mais próxima. Por este motivo, denoto que apesar dos esforços, a comunidade não está unida como noutros tempos e os vários eventos realizados têm muitas vezes pouca adesão. Facto este que desmoraliza quem organiza e participa nestas ativi-dades pensadas para todos, trazendo cultura e animação à nossa localidade. Deste modo, e apesar das dificuldades de todos, espe-ro que nunca sejamos como aquelas aldeias que se vê na televisão, desertificadas e sem vida. E para que isto nunca venha a acontecer, teremos de estar unidos, pas-

sar o testemunho aos mais novos, participar, divulgar, apoiar e até mesmo criticar mas, de forma construtiva. Nunca criticar porque sim, isso não é a união saudável que se deseja. A época de Natal foi bem assinalada na nossa fregue-sia. No segundo fim-de-semana de dezembro, dia 12, a Associação Juvenil Remoinhos d’Água em parceria com a Casa do Povo promoveram, pelo segundo ano consecutivo, a Festa de Natal e a 5ª edição da Feira de Artesanato.Este evento teve a participação do Grupo de Teatro Pa-lha de Abrantes com Poemas de Natal, um artista cá da terra, o Joaquim Ferreira, que nos animou com a sua concertina e os instrumentos de percussão tocados por algumas crianças do público, e por fim, o Pai Natal da Casa do Povo que deu prendas aos filhos dos sócios da instituição. Estava agendado também uma apresen-tação do Orfeão de Abrantes que por motivos internos do grupo, de ordem pessoal, não conseguiram estar pre-sentes. Os artesãos que apresentaram em mais um ano as suas artes foram: Maria de Fátima Assunção (traba-lhos em croché), Ana Catarina Assunção (acessórios de moda ecológicos), Maria José Claro (trabalhos com a técnica do guardanapo), Isabel Gaspar (trabalhos em trapilho), Daniela Gaspar (ilustrações) e Sara Gaspar (trabalhos com a técnica do guardanapo). Este evento não tem como objetivo apenas a venda do artesanato, o fim comercial, mas sim é uma mostra dos escassos artistas que ainda existem na freguesia. Se não venderam naquele dia, pelo menos divulgaram as suas obras, e se venderam melhor, juntaram o útil ao agradável. Se ninguém comparece neste tipo iniciati-vas, os artistas acabam por desistir desta atividade, pois no passado eram muito mais artesãos a aderir, e assim este evento poderá acabar, se continuar assim, sem a adesão da comunidade, como se verificou na edição deste ano. No fim-de-semana seguinte, dia 20, a Sociedade Fi-larmónica de Educação e Beneficência Riomoinhense apresentou o seu tradicional concerto de Natal. Esta é aquela atividade que todos sabem que de ano para ano acontece e a freguesia espera com orgulho este acon-tecimento. Os diferentes dirigentes desta instituição, bem, ou menos bem, fazem acontecer as várias tra-dições a que estamos habituados e o mais importante é

Bingo Social

Rui André

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que não deixam morrer a Banda Filarmónica mais anti-ga do distrito de Santarém, ou até mesmo uma das mais antigas do país. Temos de ter mesmo muito orgulho e participar ainda mais, dando bastante apoio à continui-dade destes bons momentos. Entre o Natal e a Passagem de Ano, no último fim-de-semana do mês de dezembro, dia 27, a Comissão Social da Freguesia de Rio de Moinhos realizou mais uma vez o Bingo Social de Natal que alegrou os miúdos e graú-dos. A animar este convívio esteve o saxofonista João Paulo Dono, um músico filho da terra, e de Abrantes veio o Mágico Benny com truques de se ficar com a “boca aberta”. Entre a animação e o jogo do Bingo to-dos foram vencedores, uns com prémios e outros com um dia muito bem passado, que terminou com um lan-che partilhado.

CATARINA ASSUNÇÃO

São os novos residentes de Rio de Moinhos. A sua casa, com um aspeto confortável, fica sediada na entrada da freguesia. Estas duas ceg-onhas têm feito as delícias de quem passa e de quem as procura para fotografar.

Bingo Social

Rui

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12 O RIOMOINHENSE

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DR

recarregar as baterias do cérebro. Seja “bom” para consigo, não escu-te a voz crítica dentro de si, baixe o volume negativo e aumento o da voz que o encoraja, não se classifi-que a si nem aos outros. Se se vê como “fraco” e os outros “fortes” e confiantes, estará sempre em baixo. Quando alguém lhe perguntar como lhe correu o dia, pense sempre nas coisa que lhe correram bem e dê-lhes relevo, tente pensar de cabeça fresca e quando sentir pressão evite usar frases emotivas tais como “não aguento” ou “não consigo”.

Não tenha dúvidas que mudar de um pensamento negativo para um positivo pode ter grande influência na sua saúde mental. E já agora não se esqueça de dar ao seu cérebro o “combustível” que ele precisa, que é a prática de exercício físico e mental.

Como leitor registe e arquive num cantinho do seu cérebro, esta máxima;

“Se não estiver bem consigo dificilmente estará bem com al-guém…”

MÁRIO PERNADAS

Ao fazer este artigo quero mais uma vez alertar e sensibilizar os leitores, no senti-do de que não preten-

do substituir o diagnóstico médico. Quem tiver problemas crónicos de saúde deve consultar o seu médico imediatamente.Já alguma vez pensou nos benefí-cios que o exercício físico pode pro-porcionar à sua saúde e ponderou a hipótese de este melhorar as suas capacidades inteletuais? Não tenha dúvidas que estimula o seu cérebro tal como outros órgãos, o cérebro necessita de um fornecimento cons-tante de nutrientes, como a glucose e oxigénio, que lhe chegam pelo sangue. Quem pratica exercício fí-sico apresenta uma circulação san-guínea saudável para os seus órgãos vitais incluindo o cérebro, devido a um melhor funcionamento no siste-ma cardiovascular.Estudos realizados demonstram que o exercício físico promove o cres-cimento neuronal (uma substância química presente no cérebro, que por sua vez desenvolve os neuró-nios que são essenciais para a me-mória e o processamento da infor-mação). O exercício físico regular parece “imunizar” as pessoas contra os efeitos do stress chegando a ser descrito como uma vacina contra o stress. De fato o seu benefício pode ser visível algumas semanas depois de ter trocado o estilo de vida se-dentário por um que inclua a prática regular de exercício físico. A forma física ajuda a conservar a sua saú-de mental. Qualquer exercício de intensidade média acelera a circula-ção sanguínea e portanto os níveis de oxigénio e glucose no cérebro. Se até aqui temos sublinhado a im-

portância do exercício físico, pois também é verdade que temos que alimentar o nosso cérebro, porque todas as atividades, mesmo sedentá-rias como a leitura, implicam ativi-dade cerebral que consome energia.

O cérebro mantêm-se ativo du-rante o sono processando infor-mação e controlando a atividade do organismo, mesmo em repouso o cérebro consome 20% de gluco-se contida no sangue, por isso não admira que de manhã nos sintamos de mau humor. O cérebro tem fome e se não o alimentarmos esgotará a sua energia armazenada. Nunca é tarde para adotar uma alimentação saudável para o cérebro. Já alguma vez consegui adormecer com fome? Testes realizados em algumas pes-soas comprovaram que não conse-guiam adormecer. Se porventura acontecer consigo então experimen-te em comer uma fatia de pão ou duas tostas com doce, vão permitir que o seu cérebro relaxe e propor-ciona o sono.

Sabia que a meditação não tem que ser uma experiência religiosa ou espiritual e podemos usá-la sim-plesmente como instrumento para

EXERCÍCIO FÍSICO – CÉREBRO SAUDÁVEL

SAÚDE E BEM-ESTAR

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APESAR DO FRIO, A TRADIÇÃO SAIU À RUA!

“PRÉMIO FERNANDO VIEIRA FERREIRA” ATRIBUÍDO A 6 ALUNOS DA FREGUESIA

CANTAR DOS REIS E DAS JANEIRAS

No passado dia 5 de janeiro, como é tradição na nos-sa freguesia, can-taram-se os Reis. Numa noite fria e

chuvosa, as vozes dos vários grupos fizeram-se ouvir e sentir pelas ruas da aldeia. A Casa do Povo de Rio de Moinhos em parceria com a Asso-

Foi na Assem-bleia Geral de Rio de Moi-nhos realizada no dia 27 de dezembro que o executivo da Junta de

Freguesia entregou os já habituais prémios escolares “Prémio Fernan-do Vieira Ferreira” relativos ao ano letivo 2014/2015.

Uma iniciativa anual que visa premiar os melhores alunos dos vá-rios níveis de ensino desde o 1ºciclo ao Ensino Superior.

Este ano os premiados foram: David Caseiro do 1º ciclo; Catarina André do 2º ciclo; João Luís An-dré do Ensino Secundário; Daniela Cravo Ferreira do Ensino Superior; prémio de honra para o Daniel Sea-

ciação Juvenil Remoinhos d’Água foram um dos grupos presentes. Vá-rios riomoinhenses acompanhados pelo Padre Nuno Miguel também se juntaram e cantaram em representa-ção da Igreja Matriz. Por sua vez, o grupo da Banda Filarmónica tam-bém cumpriu a tradição e cantou as Janeiras no fim de semana anterior.

Posteriormente aos cantares, os

bra; prémio de mérito para o David Pereira.

Os vencedores estão de parabéns pelo esforço e pela dedicação aos estudos, que sejam um exemplo

grupos normalmente reúnem-se num jantar de convívio.

São práticas como esta que não se podem perder, porque unem as pessoas, fazem-nas sair à rua e con-tribuem numa maior dinamização e animação da aldeia.

DANIELA GASPAR

para a motivação dos jovens da fre-guesia num ingresso de um futuro melhor.

DANIELA GASPAR

DR

FESTIVIDADES

14 O RIOMOINHENSE

MARÇO 2016

João Paulo Dias Rei nasceu no dia 12 de maio de 1991 e sempre viveu na aldeia de Pucariça, freguesia de Rio de Moinhos. As dificuldades em arranjar emprego no nosso país, levaram a que este jovem te-nha decidido procurar novas oportunida-

des fora de Portugal. O facto de ter a sua irmã na Suiça e de esta representar uma ajuda na sua adaptação, foram fatores que o levaram a tomar a decisão de ir para esse país à procura de melhores condições de vida, no passa-do dia 19 de novembro de 2013.A quando da sua chegada apaixonou-se pela cidade de Genéve devido à beleza da mesma, às diferenças cultu-rais e às diferentes oportunidades.Na sua adaptação teve algumas dificuldades na língua, mas com o passar do tempo deixou de ser um obstá-culo. A saudade que sentia das pessoas, que deixou em Portugal, não representou uma facilidade no início da sua nova vida. Por outro lado, conheceu novas pessoas muitas delas também emigrantes, uma nova cultura e conseguiu ter uma esperança de qualidade de vida.João só pensa voltar para Portugal na reforma, para vol-tar agora o país teria de mudar muito, “teria de ser mais honesto, recompensando as pessoas pelo trabalho que

“TENHO AMIGOS NA SUIÇA, MASNÃO SE COMPARAM ÀS AMIZADES

QUE DEIXEI EM PORTUGAL”

desempenham”. Isto porque, hoje em dia em Portugal, no entendimento do jovem existe exploração. Como não há grandes alternativas de trabalho, “as pessoas têm de se aguentar”. João não quer passar por isso, e também só voltaria, se Portugal tivesse metade das oportunidades que neste momento a Suiça oferece.O que mais lhe custa nesta nova vida são as saudades da família, dos amigos que deixa em Portugal e até dos idosos da Pucariça. O jovem diz-nos que tem saudades das pequenas coisas que antes de sair de Portugal nem lhes dava a devida importância. Nesta nova etapa da sua vida aprendeu a sentir verdadeiramente saudades daque-les que mais gosta e assim admite: “tenho amigos na Suiça, mas não se comparam às amizades que deixei em Portugal.”

BÁRBARA BRETES

PUCARIÇA

JOÃO PAULO DIAS REI

Bárb

ara

Bret

es

A saudade que sentia das pessoas, que dei-xou em Portugal, não representou uma fa-cilidade no início da sua nova vida.

15O RIOMOINHENSE

MARÇO 2016

CRÓNICA

PADRE NUNO MIGUEL, PÁROCO

MISERICÓRDIA, ALICERCE DE COMUNIDADE

A dimensão da Mise-ricórdia na vida do Homem, ao longo de todos os séculos, apresentou-se como

fundamental para a sua formação, quer espiritual, quer moral, e para uma boa convivência social. São Paulo na sua Carta à comunidade de Corintios (cf. 1Cor 13, 1-13), assume-o com outras palavras, “se não tiver caridade nada sou”, e não tiver amor nada sou, se não tiver misericórdia nada sou, poderíamos dizer. Este ano o Papa Francisco proclamou o Jubileu do Ano Santo da Misericórdia. Nele coloca a es-perança de que as comunidades, no confrontarem-se com a beleza do olhar misericordioso de Deus, en-contrem ainda com mais força na Verdade de Deus a Verdade das suas vidas. O Papa Francisco deseja que os Cristãos, neste mundo em rápi-da transformação, não se “percam” no supérfluo da vida, mas centrem a

sua vida naquilo no que é realmente importante. A procura de que cada cristão possa aproximar-se mais do rosto de Deus Pai Misericordioso e crescer na sua relação com Ele, aceitando com misericórdia a pró-pria fragilidade e as fragilidades das comunidades que, em volta da Mesa da Eucaristia, procuram crescer e ser rosto da misericórdia de Deus. O grande sinal deste ano da Misericór-dia é a Porta Santa, as portas jubila-res espalhadas por todo o mundo, e às quais todos os fiéis são desafiados a peregrinarem e a concretizaram o seu compromisso interior de comu-nhão com este Deus misericordioso. Um sinal forte que se deseja elo de comunhão entre as comunidades paroquiais e diocesanas, de modo a construírem fortemente a Unida-de da Igreja. São muitos os desafios que o Papa Francisco faz neste Ano da Misericórdia a todos os fiéis: pe-regrinações; oração intensa; pratica das obras de misericórdia; perdão com amor e verdade; coerência com o compromisso baptismal; as-siduidade à Eucaristia; vivência dos Sacramentos, em especial do Sacra-mento da Reconciliação; vivência da fé com respeito, não procurando excepções nem promovendo cor-rupção; peregrinação e passagem na Porta Jubilar; acolhimento da indulgência sobre os pecados com o compromisso de uma verdadei-ra transformação de vida. Entre os desafios do Papa Francisco, o desa-fio da peregrinação à Porta Jubilar, deve ter da parte das comunidades,

uma atenção especial. Na cidade de Abrantes, como foi previamen-te anunciado, há uma Porta Jubilar à qual cada um é desafiado a pere-grinar e a fortalecer a sua vida en-quanto peregrino da Misericórdia. Assim, todas as quartas-feiras, du-rante o período da manhã, e ao 3ª domingo de cada mês, durante o pe-ríodo da tarde, está presente na Igre-ja de São Vicente, em Abrantes, um Sacerdote disponível para ajudar a viver este momento tão significati-vo como expressão de fé e desejo de conversão interior. No domingo, 17 de Abril, no período da tarde, as comunidades da paróquia de Rio de Moinhos são convidadas e viver este sinal da peregrinação e a passarem pela Porta Santa procurando receber de Deus a indulgencia de todos os seus pecados. Haverá um tempo de Adoração ao Santíssimo Sacramen-to, um tempo de reconciliação, e no final da tarde, a celebração da Eu-caristia, terminando deste modo fes-tivo a peregrinação da misericórdia da nossa paróquia. A misericórdia em nós não se constrói apenas com vontades e intenções, mas com acti-tudes concretas na nossa vida de fé. Será certamente um momento forte de unidade comunitária e de grande comunhão com Deus, que tornará ainda mais forte o alicerce que su-porta a nossa paróquia e a vida in-terior de cada um. Aceitemos o de-safio do Papa Francisco e sejamos peregrinos e construtores da Unida-de e da Misericórdia de Deus, neste Ano Santo da Misericórdia.

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À CONVERSA COM...

“SE DE FACTO AMAMOS,ENTÃO NADA NOS ABALARÁ”

FOI NO PASSADO DIA 5 DE MARÇO, NUMA TRANQUILA TARDE DE SÁBADO, QUE O PADRE NUNO, NATURAL DE BEMPOSTA, COM 35 ANOS, PÁROCO DA NOSSA ALDEIA, ABRIU A PORTA AO RIOMOI-NHENSE. FALOU-NOS SOBRE A SUA ENTRADA NA VIDA CRISTÃ, O SEU TRABALHO EM PROL DAS COMUNIDA-DES E SOBRE O QUE SÃO OS VALORES DA IGREJA.

Porquê a opção por esta vida de padre? Conte-nos a sua histó-ria…

A questão vocacional acontece um pouco fora daquilo que é o co-mum. Dantes os jovens iam todos para o seminário, depois iam fazen-do a sua experiência, eu não, o meu caminho foi diferente deste cami-nho comum. Eu já tinha trabalhado, estudado e com 20 anos dá-se uma mudança grande na minha vida, com a ida para a tropa. Quando re-gressei a vida já não era igual, tinha projetos familiares, tinha alguém com quem estava, mas ao regressar muito estava diferente, eu próprio estava diferente. A tropa se calhar deu o clique, o facto de ter saído de casa dos meus pais, de estar longe dos meus amigos, fez com que sen-tisse que queria um pouco mais do que aquilo que era o comum.

Comecei a integrar um grupo de jovens da paróquia que vivia a ques-tão da caridade, do amor, da parti-lha, e sentia-me bem naquele grupo, revia-me naqueles valores. Naquela altura, ainda estava um pouco fora

da Igreja, mas o grupo apoiou-me, acolheu-me, sentia-me integrado e depois com o tempo voltei a fazer parte da Igreja.

Esta missão de ir ajudar, com cânticos, com convívios, fez des-pertar que queria uma vida dedicada ao outro. Mais tarde em 2001, co-mecei então a perceber o que signi-ficava ser padre, comecei a perce-ber a beleza de ser padre, e depois começou a nascer um desejo muito grande que se concretiza em 2003, com a minha entrada no seminário. Durante três anos, fui refletindo, fui fazendo algumas atividades, que me deram a capacidade de perceber que ao dar-me ao outro, era o que que-ria, nunca pensei era que fosse dar tudo.

Tratou-se de um chamamen-to?

É um chamamento sim. Há uma alegria e uma paixão que vamos sentido. Depois já integrado na Igre-ja, já na eucaristia, há um diálogo que estabelecemos com Deus, com Jesus, que é um grande amigo e va-

mos quase ao despique com ele: eu pergunto, ele responde, eu pergun-to, ele responde, e responde como? A partir da paz, da alegria, do desejo de ir, e eu comecei a sentir isto tudo, até que um dia, surgiu a interroga-ção: porque não eu? E nesse mo-mento, fiquei um bocado assustado, não era pelo sacerdócio que tinha pensado a vida, e acabei por entrar quase num deserto, a fugir de algu-mas coisas, até que não consegui su-portar e tive de gritar e dizer que se calhar ser padre, seria a opção.

Como foi a reação da sua fa-mília?

A família soube nos últimos tem-pos. Fui fazendo este caminho, pe-dindo a ajuda de um sacerdote e fui fazendo uns retiros. A minha mãe começou a perceber que eu andava inquieto com alguma coisa, mas só num dia, num domingo ao almoço, faltavam uns três meses para entrar para o seminário, acabei por comu-nicar. Como era muito brincalhão, de partidas, não fui levado a sério, quando disse, foi a risada total,

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PADRE NUNO

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ninguém acreditou, e depois fiquei muito aflito, porque supostamente era um momento muito importante. Depois a minha mãe lá perguntou se era a sério e eu disse que sim, de se-guida tudo se equilibrou.

Justifica “deixar tudo” para dedicar a vida às aldeias e vilas rurais e às pessoas?

Justifica tudo! Agora é um ca-minho difícil, é um caminho de descoberta. Nós não vamos para o seminário logo a pensar que vamos ser padres, às vezes pode haver esse sentimento interior, mas no semi-nário faz-se uma experiência, com outros homens, com outros jovens, é uma experiência de Deus, e depois ao longo do tempo é que se vai fa-zendo o discernimento. No meu pri-meiro ano de seminário, éramos 14 e terminámos 4: 2 portugueses e 2 cabo-verdianos.

Ao longo de 5/6 anos, 10 saíram, fizeram o seu discernimento, a sua descoberta, e perceberam que não era por ali o caminho. Como dois namorados que chegam a uma fase em que se juntam ou se separam, nós também temos um tempo de “namoro” com Jesus, com a Igreja e percebemos se é com isto que que-remos viver o resto da vida. Há os que o fazem, ordenam-se e há aque-les que percebem que não é aquilo que querem para a vida, e vão por outro caminho.

Justifica sempre, quando o faze-mos de forma verdadeira e apaixo-nada. Não é tudo fácil, sou padre há 4 anos e tive momentos muito bons, outros difíceis e vou continuar a tê-los, como qualquer pessoa. Agora, nós não podemos avaliar uma deci-são, tão importante como é o casa-mento, como a vida sacerdotal, por causa de uma experiência de um dia menos conseguido, porque vão haver sempre. Se de facto amamos, então nada nos abalará.

Com tantas paróquias, um padre, hoje, anda sempre atare-fado. Ainda há tempo para a es-piritualidade?

Muito pouco! Gostava de ter a vida de pároco há 30 anos atrás, por-que um pároco só tinha uma paró-quia, e dedicava-se aquela paróquia, hoje não é assim. Eu tenho 4: Rio de Moinhos, no concelho de Abrantes e depois todo o concelho de Cons-tância: Santa Margarida, Montalvo e Constância e ainda sou o capelão do mosteiro das Irmãs Clarissas.

Como é um “dia normal”?Começando do fim: às vezes à

noite há reuniões, serões em famí-lia…no final do dia tenho sempre duas missas, como tenho quatro pa-róquias procuro celebrar uma euca-ristia numa: terça Montalvo, quarta Rio de Moinhos, quinta Santa Mar-garida e sexta Constância, e depois ir às capelanias uma vez por mês, onde tenho 5, e já não vou celebrar à Igreja da Misericórdia, em Constân-cia, já não consigo.

Habitualmente de manhã, tenho mais trabalho administrativo, depois ao início da tarde tenho atendimen-to, confissões, missa e missa outra

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vez. É uma rotina, mas é diferente todos os dias, gosto bastante, até porque a forma como me relaciono em Rio de Moinhos não me relacio-no com Santa Margarida, sendo que são povos diferentes, e assim suces-sivamente.

Qual é o seu dia de descanso?Tenho a segunda-feira teorica-

mente para descansar, mas é difí-cil descansar, porque vou ter com universitários, com outros grupos. Centralizo tudo à segunda, para não quebrar o ritmo das paróquias.

Como carateriza a comunida-de riomoinhense?

Acho que é uma comunidade es-pecial, socialmente boa e interessa-da, mas que vive muito o problema do outro, muitas vezes o outro é o problema mais negativo. Olha para o outro pelo que tem de pior e não pelo que tem de melhor.

Acho que gosta de trabalhar por uma causa, mas acho que tem difi-culdade em unir-se. Dentro da co-munidade, há pequenos grupos que fazem algumas coisas, mas nem tudo se congrega. Se no início não temos este entendimento, vamos

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conversando com uns e com outros e todos se queixam do mesmo. Acho que é uma comunidade com bom coração, acolheram-me muito bem e se estou em Rio de Moinhos e não noutra paróquia, é porque de facto me sinto bem.

O que funciona menos bem, trabalha-se?

Sim trabalha-se, principalmente na Igreja. Procuramos através da pa-lavra, dos sacramentos, das orações, trabalhar isso mesmo. Mas não é fácil, porque às vezes as pessoas podem ficar felizes, mas depois che-gam no comum dos nossos espaços, e há alguém que não concorda com algo, o que é suficiente para deses-truturar tudo aquilo que à partida es-tava tão bem e bonito.

Quer continuar por cá?Eu quero, mas lá está se o nosso

Bispo agora disser `agora tens de ir para ali` eu vou…

Qual é o seu projeto para Rio de Moinhos?

Sempre disse que o meu projeto seriam 8 anos. Acho que é suficiente para as pessoas se cansarem de mim (risos) estou cá há 3. O objetivo é levar as pessoas a aproximarem-se de Deus. Se as pessoas gostarem de Deus, se estiverem próximas dele, esse é o sinal de que Deus está no seio da comunidade.

A religião católica é mais para velhos ou os jovens ainda se re-vêem nela?

Eu quando cheguei a Rio de Moinhos não haviam praticamente jovens na Igreja, hoje não há mui-tos mais. O ano passado fiz uma experiência de proximidade com eles, como eles não estavam muito interessados naquilo que a Igreja ti-nha para lhes dar, como eles tinham outros objetivos, fizeram algumas experiências engraçadas que não fo-

ram suficientes para ficarem.

Como se muda esta tendên-cia? Como se podem rever na Igreja?

Podem rever aquilo que Jesus é para eles. É necessário fazerem ex-periências, e eles não têm tempo para isso. Enquanto não conhecerem uma Igreja que também é jovem, enquan-to não se envolverem nas atividades da diocese, com outros jovens, não abrirem o coração à Igreja, é difícil enraizar seja o que for, porque não conhecem. Quem é que se entrega a algo que não conhece? É uma pena, porque a Igreja tem muitos desafios para os jovens.

Há algum problema nesta rea-lidade? Uma pessoa pode fazer a sua vida afastada de Jesus?

Sim, eu tenho muitos amigos que não são crentes e eu gosto bastante deles. Contudo, acho que é impor-tante acreditarmos em algo, seja no que for. Nós na Igreja católica temos este Jesus Cristo, que é de carne e osso, que fez uma história, um per-curso, que deixou uma herança mui-to forte e a qual tornamos presente todos os dias.

Costuma viajar, o que tem pre-visto para este ano?

Vou para a Polónia com jovens, serão as Jornadas Mundiais da Ju-ventude, que envolvem muitos, mui-tos jovens. Todos os anos tenho tido solicitações e procuro corresponder da maneira que consigo.

O Papa Francisco é um revolu-cionário? Ou é a própria comuni-cação social que o torna assim?

Tudo o que o Papa Francisco tem dito e feito, os outros papas também já o disseram ou fizeram, contudo ele garante uma grande proximida-de.

João Paulo II era um homem com um pensamento bastante profun-

do, falava sempre com muito cui-dado. Por sua vez, Bento XVI era efetivamente mais inacessível, mas sempre com uma paz muito grande, um homem muito profundo naquilo que são as verdades da fé. Já o Papa Francisco mantém isto tudo, mas é um homem muito aberto, muito dado, diz as coisas como se fossem novas. É um estratega, um comuni-cador com uma palavra muito sim-ples, que nos toca, que quase nos abraça. Esta é a sua grande vitória, quebra as barreiras, o que pode ser perigoso para ele, devido também a todo este mediatismo.

Para mim, é uma inspiração, eu dou a vida por ele, não faço as coi-sas como eu quero, que às vezes até gostaria de fazer, mas faço como ele quer. Não tenho de dar a minha opinião pessoal, tenho de fazer aqui-lo que a Igreja me pede, porque só assim sou verdadeiro perante o sim que dei no dia da minha ordenação.

Isso é um quanto complicado de entender…

Nós podemos dar a nossa opinião, mas ela não pode ser destruturante daquilo que é a matriz. Temos de perguntar: a Igreja é minha? Ou eu é que sou da Igreja? Eu é que sou da Igreja. Faço este exercício muitas vezes comigo próprio.

Quais são os desafios da Igre-ja nos dias de hoje?

Penso que a Igreja enquanto povo, o grande desafio é aceitar Deus. É necessário que a Igreja seja exigente, verdadeira, coerente, sai-ba perdoar e aceitar o outro como é, saiba que é muito amada e deve corresponder com esse amor. Deve ser uma Igreja mais justa, aberta, jo-vem, que procura dignificar a morte de Jesus. No meu entender, temos de nos dar até morrer, porque foi isso que Jesus fez por nós!

POR JOANA MARGARIDA CARVALHO

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PENSAR SOBRE

RECOLHA POR LILIANA CARVALHO

QUE TIPO DE FESTIVIDADE GOSTARIA DE VER DINAMIZADA NA NOSSA FREGUESIA?

DAVID BRETESPucariça

MÓNICA BREITESRio de Moinhos

MARCO FERNANDESRio de Moinhos

CARMO RAMOSRio de Moinhos

Os eventos culturais são os mais importantes para a nossa freguesia. É muito difícil agradar a todos, mas acho que devíamos ter uma festa para todas as idades, com temáticas diferentes e em dias diferentes. Por exemplo a festa dos anos 60, 80 e 90…Um fim-de-semana com muita música, pratos típicos, atividades desportivas, tudo isto no cais. Uma associação ou em conjunto com outras associações dinamizariam um mega evento e de preferência na estação mais quente. Assim a nossa freguesia marcaria a diferença, promovendo o as-sociativismo com um cartaz para todas as idades.

Gostaria de ver realizado um evento para todas as faixas etárias. Podia ser dinamizado por todas as coletividades da nossa terra. Assim poderíamos ter um conjunto diversificado de iniciativas onde participassem jovens e idosos.

Penso que podíamos realizar mais festas ao ar livre. Foi feito um grande in-vestimento no cais e este não é dinamizado. As festas junto ao rio podiam fazer toda a diferença na nossa freguesia. Porque não um “Rock no Rio”? De-víamos fazer uma festa única que unisse todas as coletividades da freguesia com várias valências: gastronomia, cultura, folclore, entre outras.

Era muito importante voltarmos às nossas grandes festas de verão como anti-gamente. Há alguns anos atrás Rio de Moinhos era conhecido pelos melhores bailes das redondezas…não se compara com a atualidade. As pessoas não va-lorizaram o esforço que as coletividades fazem para dinamizar a nossa terra.

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Pontos de distribuição do Riomoinhense:- Casa do Povo de Rio de Moinhos;- Junta de Freguesia e correios.

Faça-se sócio, pense no seu futuro e ajude quem neste momento precisa.

Tel: 241 881 308 Email: [email protected]

SAD: Serviço Apoio DomiciliárioCD: Centro de Dia - 9h às 17h

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