o multiculturalismo e a participaÇÃo consciente...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CAMPUS CAMPINA GRANDE CENTRO POLO ITABAIANA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES ANTONIO SANTIAGO DA SILVA O MULTICULTURALISMO E A PARTICIPAÇÃO CONSCIENTE DO CIDADÃO NA SOCIEDADE ITABAIANA PB 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CAMPUS CAMPINA GRANDE

CENTRO POLO ITABAIANA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO:

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES

ANTONIO SANTIAGO DA SILVA

O MULTICULTURALISMO E A

PARTICIPAÇÃO CONSCIENTE DO

CIDADÃO NA SOCIEDADE

ITABAIANA – PB

2014

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ANTONIO SANTIAGO DA SILVA

O MULTICULTURALISMO E A

PARTICIPAÇÃO CONSCIENTE DO

CIDADÃO NA SOCIEDADE

Monografia apresentada ao Curso de

Especialização em Fundamentos da Educação:

Práticas Pedagógicas Interdisciplinares da

Universidade Estadual da Paraíba, em convênio

com a Secretaria de Educação do Estado da

Paraíba, em cumprimento à exigência para

obtenção do grau de especialista.

Orientadora: Profa Msc. Ana Patrícia Frederico Silveira

ITABAIANA – PB

2014

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IN MEMORIAM

De meus pais Manoel Santiago da Silva

e Zulmira Leopoldina da Silva, que me

ensinaram a trilhar vencendo o caminho

dos estudos.

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AGRADECIMENTOS

A meu Deus Nosso Pai Eterno, por ter me dado o suspiro da vida, guiando-me

até hoje em minhas vitórias.

A meus irmãos, esposa, filhas, netos e amigos pelo cristão que aprendi ser.

Aos Ilustres Professores, Coordenadores e pessoal de apoio do Curso de

Especialização em Fundamentos da Educação: Práticas Pedagógicas Interdisciplinares,

promovido pela UEPB e Secretaria de Estado da Educação.

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RESUMO

O presente trabalho pretende constatar que o multiculturalismo influencia a

participação consciente do cidadão na sociedade, visto que sua manifestação nas

análises educacionais trouxe desafios essenciais às investigações sobre o conhecimento,

abrindo possibilidades para se pensar em práticas curriculares e de formação docentes

voltadas à construção de identidades discente e docente multiculturalmente

comprometidas com o ensino/aprendizagem, objetivando promover o respeito à

diferença e à pluralidade cultural, e vemos que, nas últimas décadas, ocorreu construção

de novos paradigmas educacionais e constante recriação de práxis libertadora na busca

de conscientizar o cidadão como elemento participativo da sociedade, entendendo que a

diferença cultural pode ser um enriquecimento em lugar de enfraquecimento para

valorizar as diferenças étnicas e culturais mesmo que não venha aderir aos valores do

outro, mas respeitá-los em suas diferenças, eliminando preconceito e estereótipos, e que,

num futuro próximo, a sociedade brasileira possa ficar mais esclarecida, em especial,

com o tema do antirracismo principalmente no ambiente educacional, devendo ter como

fonte principal de ação o campo do multiculturalismo. Nesse sentido, é muito

importante detalhar o que está sendo o multiculturalismo no Brasil, apontando para suas

luzes e sombras, assim como para os novos desafios que esse fenômeno – de fato, um

movimento embora desorganizado – proporciona para a sociedade brasileira, devido à

promoção e ao compartilhamento de suas heranças culturais com relação à incorporação

de políticas públicas referentes a grupos populacionais específicos com base na

valorização de sua distinção cultural, após séculos de esquecimento. As análises e

interpretações para alcançar os aspectos formais de estudo a referendar o presente

trabalho de monografia se deram a partir dos conhecimentos advindos dos autores Marta

Diniz Paulo Assis, Lucinete Ornagui de Oliveira, Francisca de Assis Silva, M. J.

Câmara, Jacques d´Adesky, Ruth Cardoso, Claude Levi-Strauss, Diego Junior da Silva

Santos, Nathália Barbosa Palomares, David Normando, Cátia Cardoso Abdo Quintão,

Eliana de Oliveira, Charles Taylor, Jurgen Habermas, Walter Praxedes, Paulo Freire,

Stuart Hall e Nilza Brandolfo Pereira.

PALAVRAS-CHAVE: Multiculturalismo. Pluralidade Cultural. Antirracismo.

Cidadania.

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ABSTRACT

This work intends to see that the multiculturalismo influences the conscious

participation of the citizen in society, as its manifestation in educational analyses

brought essencial challenges to investigations about the knowledge, opening

possibilities to thinking about curriculum practices and teacher forming aimed at

building the identities of students and teachers, committed to teaching and learning by

multiculturalism, aiming to promove respect for the difference and cultural diversity,

which make us see that, in recent decades, happenned a construction of new educational

paradigms and constant recreation of liberating praxis searching make aware the citizen

like participation element of society, understanding that the cultural differences can be

an enrichment rather than weaking to value ethnic and cultural differences that may not

even adhere to the others values, but respect them for their differences, eliminating

prejudice and stereotypes, and in a near future, the Brazilian society may be more fully

understood, specially, with anti-racism theme mainly in the educational enviorement,

and should have as main source of action throught multiculturalism. In this sense it is

very important to detail what is multiculturalism in Brazil, pointing to its light and

shadows, like to new challenges that this phenomenon – in fact, is a movement

althought disorganized – provides for Brazilian society, because of the promotion and

by sharing of their cultural heritage relating to the incorporation of public policies

related to specific population groups based on valuing their cultural distinctiveness,

after centuries of neglecting. The analyses and interpratations to reach the formal

aspects of study to endorse this monographic work were by the knowledges of the

authors Marta Diniz Paulo Assis, Lucinete Ornagui de Oliveira, Francisca de Assis

Silva, M. J. Câmara, Jacques d´Adesky, Ruth Cardoso, Claude Levi-Strauss, Diego

Junior da Silva Santos, Nathália Barbosa Palomares, David Normando, Cátia Cardoso

Abdo Quintão, Eliana de Oliveira, Charles Taylor, Jurgen Habermas, Walter Praxedes,

Paulo Freire, Stuart Hall e Nilza Brandolfo Pereira.

KEYWORDS: Multiculturalism. Cultural Plurality. Antiracism. Citizenship.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................9

CAPÍTULO 1 AS BASES REALISTAS, CONSISTENTES, E AS FASES

CONTÍNUAS DO MULTICULTURALISMO...........................................................11

CAPÍTULO 2 O INDIVÍDUO INTERCULTURAL E A CONSTRUÇÃO DA

CIDADANIA SOB A INFLUÊNCIA DO

MULTICULTURALISMO..........................................................................................14

2.1 A CONSTRUÇÃO DO INDIVÍDUO INTERCULTURAL ....................................14

2.2 O MULTICULTURALISMO E A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA ................15

CAPÍTULO 3 RAÇA E ETNIA NO ESPAÇO ESCOLAR ......................................22

3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE RAÇA E ETNIA .......................................................22

3.2 A DIVERSIDADE HUMANA NO ESPAÇO

ESCOLAR ......................................................................................................................25

3.3 A INFLUÊNCIA DO MULTICULTURALISMO NO ESPAÇO ESCOLAR ........26

3.4 O MULTICULTURALISMO NA ESCOLA E SUAS RESPOSTAS

SOCIAIS .......................................................................................................................28

3.5 A IMPORTÂNCIA DE TRABALHAR UM CURRÍCULO MULTICULTURAL

NA ESCOLA ................................................................................................................. 30

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................34

REFERÊNCIAS ............................................................................................................36

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INTRODUÇÃO:

Acreditávamos que a democracia racial era a base das relações no contexto

social brasileiro, com igualdade de oportunidade para brancos, pretos e mestiços. É

necessário observar que no decurso da história do Brasil ficou sempre claro que a

desigualdade, o preconceito, a discriminação e a exclusão social permeiam ainda hoje

na sociedade brasileira.

É pública e notória que a diversidade cultural atualmente vista na sociedade

brasileira nos mostra, mesmo numa escala considerável pequena, que ocorre a

valorização da cultura material e imaterial no Brasil. No entanto, falar em

multiculturalismo no âmbito escolar ocasiona intensa discussão entre a teoria e a

prática, o que é apontado por ASSIS (2003) como a valorização da diversidade cultural

eliminando preconceitos e estereótipos construídos historicamente, buscando formar

uma sociedade igualitária. Assim, o multiculturalismo promove um embasamento na

conscientização do cidadão na sociedade.

E, sendo a escola um espaço primeiro e continuo de grande variedade de

pessoas, cada qual com o seu histórico familiar, de vida e de cultura, o que pode fazer

com que o individuo se construa como pessoa tolerante e respeitadora para com as

diferenças culturais. Todavia, a escola pode ser também um lugar onde se concretize o

ato de discriminar e desrespeitar o outro, o que justifica a relevância de um documento

como os PCN ao encontro dessa conscientização acerca da Pluralidade Cultural, por

exemplo.

Desse modo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) trazem como um dos

Temas Transversais a Pluralidade Cultural, propondo que a valorização do ser humano,

em todos os seus aspectos culturais, possibilite uma educação baseada na justiça e

também na igualdade.

[...] respeitar e valorizar as diferenças étnicas e culturais não significa aderir

aos valores do outro, mas sim respeitá-los como expressão da diversidade,

respeito que é, em si, devido a todo ser humano, por sua dignidade intrínseca,

sem qualquer discriminação. (PCNs, 2001:20)

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Entretanto, sempre que se busca uma educação igualitária tem-se que pensar

não apenas numa proposta pedagógica homogênea, pois é necessário considerar as

contradições, especificidades e diversidades das regiões brasileiras. Trabalhar as

diversidades culturais é promover o conhecimento e a valorização cultural e étnica,

fortalecendo a igualdade e a justiça combatendo o preconceito e discriminações raciais

como adverte OLIVEIRA & SILVA (2013: 6).

Notadamente, o multiculturalismo passou nesta década a ocupar espaço em

vários âmbitos da sociedade, entre eles, na educação. De toda sorte, a preparação dos

professores é fundamental para possibilitar reflexão e aplicação de um trabalho

pedagógico voltado para a diversidade cultural visando possibilitar abertura de espaços

que permitam a transformação da escola num local em que as diferentes identidades

sejam respeitadas e valorizadas, ou seja, permitir que tais fatores sejam considerados

algo enriquecedor da cidadania.

Diante do exposto, o presente trabalho monográfico visa investigar como

ocorrem os meandros e desdobramentos culturais, e se a noção de cultura é um aspecto

essencial nesse processo, implicando em um novo olhar sobre a formação das

identidades, por sinal, a identidade docente.

Os escritos ressaltam a importância de mostrar como se encontra o

multiculturalismo na concepção da cidadania nos dias de hoje, enfatizando a questão

curricular na visão do multiculturalismo, numa perspectiva em que este não é mais algo

abstrato e sim concreto, estimulando que ser cidadão não é apenas cumprir a

Constituição, mas ter a capacidade de fazê-la.

O multiculturalismo, de acordo com CAMÂRA (2008), pelo que se consta

atualmente no processo escolar tem uma relação direta com o campo teórico, prático e

político que busca respostas à diversidade cultural e desafios aos preconceitos, com

ênfase na identidade como categoria central para se pensar em uma educação valorizada

da pluralidade no contexto escolar.

Assim, mostrando a existência de impactos contextuais sobre a formação das

identidades étnico-raciais de alunos e professores, enfatizando a relevância do olhar

sobre a escola como espaço de cruzamento de culturas nos aspecto da formação dos

professores.

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CAPÍTULO 1

AS BASES REALISTAS, CONSISTENTES, E AS FASES CONTÍNUAS DO

MULTICULTURALISMO

O multiculturalismo tem se confrontado nas últimas décadas, mais do que

nunca, com várias questões sociais que põe em evidência a urgência em tratar de temas

comprovadores da validade de se discutir e se manifestar acerca das multiculturas em

bases realistas, consistentes e continuas. Dentre os temas comuns no cenário de

discussão, não podemos deixar de lado o tema das diversidades raciais e o desrespeito

delas, que se configura como racismo, o qual será a abordagem principal dessa pesquisa.

Vale, portanto, algumas considerações iniciais que validem a importância da abordagem

multicultural nas escolas, em geral.

No aspecto da abordagem metodológica este trabalho busca demonstrar que o

espaço escolar vivencia as diferenças culturais.

Adotamos uma estratégia de pesquisa com o foco qualitativo da informação. Na

pesquisa, foram utilizadas como fontes de informação cadernos de pesquisa, artigo de

revista, matéria de revista não assinada e número especial de revista.

Por ser este trabalho voltado para informar que o multiculturalismo e a cidadania

refletem diretamente na diversidade entre os indivíduos em nossa sociedade, e que um

currículo escolar com vistas a refletir sobre a diversidade cultural dos alunos possa

ressignificar o papel educativo da escola em contribuir para afastar toda e qualquer

forma de discriminação no ambiente escolar.

Assim, procuramos estabelecer o que está posto é no sentido de conscientizar o

cidadão como elemento participativo da sociedade, e que a escola tem a tarefa de

procurar fazer com que o aluno aprenda conviver com o diferente e se constituir como

sujeito sociocultural.

Partindo da abordagem geral acerca deste tema, vale dizer, inicialmente, que a

grande intensificação das migrações e a facilitação dos contatos entre diferentes grupos

e culturas têm vindo a reconfigurar traços específicos dessas culturas e as relações entre

elas, de forma globalizada e positiva, mas que, também, tem arrastado antagonismos

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que não são somente envoltos pelos aspectos culturais. A titulo de ilustração, é

importante atentar para os atentados terroristas em Nova Iorque, Madrid e Londres e os

contextos a montante e a jusante desses acontecimentos trágicos constituem marcos que

alteraram de forma significativa os modos de olhar e sentir as diversas culturas, não só

as mais diretamente implicadas naqueles acontecimentos. Cresceu assustadoramente o

medo e a inquietação ao outro ameaçador, muito extensivo e também indefinido, o que

se justifica pela necessidade de repensar os modos tradicionais de lidar com a

diversidade, refletida e condicionada a partir do aparato da Inclusão Social.

Este contexto coloca o multiculturalismo na mira de ataques (e de silêncios) com

diversas origens e ao mesmo tempo em que tem gerado debates necessários – em torno

das políticas e práticas de integração cultural, social e cívica nas sociedades de

acolhimento. As muitas e diversas expressões do multiculturalismo, por motivações

ideológicas e emocionais, nunca foram vistas como consensuais, como é tratado no

artigo E, apesar do multiculturalismo...1. Sempre foi alvo de críticas e ataques à direita

e à esquerda. À direita por supostamente favorecerem o outro diferente não nacional; à

esquerda porque o reconhecimento da diversidade cultural na sociedade e na escola não

seria mais do que uma estratégia para manter a submissão e o controle das minorias sem

concessões significativas; ou seja, uma estratégia que reconhece as diferenças para

manter as desigualdades.

A grande questão que tem vindo a ser colocada é saber por que ainda persistem

ou, mesmo, aumentam, antagonismos culturais e problemas de integração, em

sociedades assumidas como pluralistas, apesar de décadas de políticas e praticas

multiculturais. Entre os críticos que estudam o multiculturalismo prevalece a ideia de

que o multiculturalismo e, em particular, as práticas de educação multicultural têm sido

colocada numa visão muito superficial das culturas e das diferenças culturais. Ao que

parece, se parte de pressuposto de que às culturas de acolhimento tem apresentado

elementos de irresistível atração para o outro que, por si só, o converteria aos benefícios

dessa sociedade atual. O multiculturalismo, na verdade, seria a forma mais adequada

para ativar a conversão aos valores da sociedade de acolhimento.

Os antirracistas partem do pressuposto de um mundo dividido em duas espécies

de pessoas: os racistas e as vítimas do racismo. Com esses pressupostos a educação

multicultural e a educação antirracista podem ser piores do que não existindo nada nesse

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sentido, o que podem aprofundar as hostilidades. A realização de uma cidadania

comum, na previsão de se ter algumas perspectivas do multiculturalismo, tem sido,

sobretudo, uma formalidade permanente que não tem considerado os processos

educativos e sociais necessários para uma adesão intelectual e afetiva a esse sentido

comum de cidadania em condições de garantir a igualdade, por isso são necessários

novos caminhos para a efetivação da cidadania.

CAPÍTULO 2 ____________

1 A página da educação. E apesar do multiculturalismo... http://www.apagina.pt 2013

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CAPÍTULO 2

O INDIVÍDUO INTERCULTURAL E A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA SOB

A INFLUÊNCIA DO MULTICULTURALISMO

2.1 A CONSTRUÇÃO DO INDIVIDUO INTERCULTURAL

De acordo com D’ADESKY (1997) em seu artigo Pluralismo Étnico e

Multiculturalismo2 as chamadas bases democráticas de uma sociedade considerada

multicultural levam exatamente à exigência e à aceitação do reconhecimento de igual

valor das diferentes culturas que a compõem. O grande desafio que se coloca para a

sociedade brasileira atualmente e ao mesmo tempo poder conseguir tornar possível a

convivência de culturas ou grupos dos mais variados. Trata-se, portanto, de instaurar um

consenso democrático que seja respeitoso em relação a essa diversidade sem tornar-se

um simples encontro de interesses divergentes.

Com base nessa afirmação, o multiculturalismo chega a expressar um sentido

politico que o coloca quase em oposição ao pluralismo cultural, na medida em que essa

colocação de oposição não abarca a ideia de igualdade de valor das culturas, e

provavelmente poderia resultar políticas públicas de favorecimento às culturas

menosprezadas.

Por outro lado, o multiculturalismo está igualmente distante da postura mental

do indivíduo que busca inumeráveis referências e traços culturais para uso imediato. No

dizer de D’ADESKY (1997) em seu artigo Pluralismo Étnico e Multiculturalismo as

propostas multiculturais de igualdade de valores entre as culturas não encontram uma

ressonância num universo intercultural que tende a libertar o individuo da influência das

identidades coletivas organizadas (comunidade, etnia, nação).

A liberdade de escolha sempre será pessoal e exclusiva do individuo

intercultural. Embora as atitudes interculturais não sejam suficientes para incorporar ou

aprender outra cultura, não se pode negar que constituam. Às vezes, um modo de

abertura em relação ao outro que pode mesmo, em certos casos, conduzir o individuo a

considerar os traços ou referencias culturais de outros povos, para além da simples

busca do exótico ou do consumo superficial, como por exemplo, comer acarajé, feijoada

________________

2D’ADESKY, Jacques. Pluralismo Étnico e Multiculturalismo.

www.afroasia.ufba.br – nº 19 – 20 – p.165.pdf.2013

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ou beber chimarrão não é prova de tolerância ou de abertura em relação ao outro, mas

também se preocupa antes de tudo em manter relações simultâneas e múltiplas com

elementos e traços culturais de diversas procedências. De qualquer maneira é de admitir

que o indivíduo, quem quer que seja não se realiza fora do mundo, pois ir em direção ao

outro implica certa abertura a outras tradições, mas supõe igualmente certa ligação a

valores coletivos. Segundo D’ADESKY (1997), ainda em seu artigo Pluralismo Étnico

e Multiculturalismo ao dar, porém, saliência ao individuo, o interculturalismo passa a

diferir fundamentalmente do multiculturalismo que busca sistematicamente a

valorização da pessoa humana enquanto cidadã, a partir do reconhecimento afirmativo

dos valores coletivos expressos na cultura de cada grupo e comunidade.

2.2 - O MULTICULTURALISMO E A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

De acordo com CARDOSO (Dhnet, 2013) em seu artigo A Cidadania em

Sociedades Multiculturais3

a Cidadania e o Multiculturalismo na Sociedade parte do

problema do preconceito, das discriminações na busca de procurar entender melhor

essas questões sociais no objetivo de empreender uma luta mais eficiente contra toda e

qualquer forma de discriminação.

Tanto a cidadania e a multiculturalidade nos apresenta os aspectos da

diversidade existente em nossas sociedades como também da complexidade cultural nas

sociedades atuais. Segundo CARDOSO (Dhnet, 2013) o problema da cidadania já é

reconhecidamente uma das mais significativas questões do nosso tempo. Ele reaparece

com esta força, domina as preocupações dos grupos envolvidos com o resgate daqueles

que estão excluídos da nossa sociedade e, por isso, ganha uma importante dimensão

politica, além de se configurar também em instrumento intelectual de bastante força.

Atualmente o conceito de cidadania é de grande aceitação, mas deve se reencontrar com

todas as questões de direitos e deveres que a sociedade começa a se deparar.

Nos dias atuais, como enfatiza CARDOSO (Dhnet, 2013) no mesmo artigo

acima citado, as definições sobre cidadania têm significações muito precisas. Mas hoje,

como lemos em revistas, jornais e até mesmo em trabalhos acadêmicos e discursos, o

conceito não é usado de maneira tradicional, não corresponde mais à formulação do fim

________________

3CARDOSO, Ruth. A Cidadania em Sociedades Multiculturais.

http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/discrim/preconceito/cidadania.html

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do século XVIII e do século XIX. Ele tem outro significado. Hoje, claramente,

cidadania traz a compreensão de inclusão de populações excluídas, ou seja, todos numa

sociedade devem tornar-se cidadãos. O conceito de cidadania ortodoxo (tradicional)

implicava em que sempre há pessoas fora do mundo da cidadania. Atualmente, esse

conceito não é mais definido por seus limites. Ao contrário, ele não deve ter limites.

Segundo CARDOSO (Dhnet, 2013) no mesmo artigo acima citado, a cidadania deve ser

um instrumento de inclusão de todos os segmentos da população que estão excluídos.

Essa discussão aflora exatamente como o emergir da problemática que a sociedade nova

está trazendo. Os instrumentos ficam antigos para a realidade nova e esta força uma

redefinição. Isso nos coloca diante de um imenso desafio, o qual nós temos que nos

debruçar para pensar.

É importante ressaltar que o conceito de cidadania atualmente de acordo com

CARDOSO (Dhnet, 2013) em seu artigo A Cidadania em Sociedades Multiculturais

sofreu uma redefinição da ideia de cidadania na qual hoje é universal. No Brasil, os

problemas surgidos tem semelhança quase que com o resto do mundo. Certamente os

problemas não são os mesmos, mas tem aspectos muito semelhantes e as formas de lutar

contra eles talvez sejam também semelhantes.

A questão da cidadania segundo CARDOSO (Dhnet, 2013) começa a se

modificar, nos anos 60, quando a sociedade passa a ter outros registros e outras

maneiras de manifestar a sua vontade. Nós todos identificamos os anos 60 como sendo

os anos das explosões e das manifestações dos segmentos que não faziam parte da

politica, não tinham instrumentos para se manifestar, mas passam a aparecer no cenário

para representar a sua vontade e reverter sua situação.

Na visão de CARDOSO (Dhnet, 2013) estes segmentos estavam então, em graus

diferentes, excluídos da cidadania, conceito agora usado em sentido moderno. Quando

eles começam a ter voz, a arena das discussões muda e passa a incorporar novos atores

que com esta face, com essas reivindicações, só aparece a partir dos anos 60. O autor

afirma que as mulheres, os negros, os jovens, reivindicam autonomia e poder de

decisão. Em recordação, nos anos 70 as manifestações da juventude foi no sentido de

buscar conquistas pelo poder da influência. Não pelo poder em seu sentido vago, mas

pela presença, pelo poder numa nova arena na qual os problemas se discutem de modo

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diferente. E é esse o momento do mundo contemporâneo em que se recoloca a questão

da cidadania.

O que aconteceu nessa recolocação dos limites da cidadania foi sobre a

contribuição que o movimento das mulheres deu neste campo. De acordo com

CARDOSO (Dhnet, 2013) entre todos os movimentos que surgiram nessa época, o de

mulheres tem um caráter especial. Segmentado, dividido em vários caminhos, o

movimento de mulheres acaba por traçar caminhos diferentes. Ele se tornou universal

muito rapidamente, teve apoio e assumiu características próprias nos diferentes

continentes do mundo. Mas encontrou suporte para a reivindicação de igualdade nestes

continentes, ainda que de maneira muito diversas. Embora tenha assumido posturas

bastante radicais em certos momentos, nuca foi violento. Este é um traço importante

quando se pensa sobre esse modo de aparição publica de novos segmentos na sociedade

contemporânea. Frequentemente a luta pelo ingresso na cidadania foi feita usando

instrumentos que podiam levar ao enfrentamento e à violência.

Segundo CARDOSO (Dhnet, 2013) o movimento das mulheres é paradigmático

neste sentido, ele pode ter sido radical, mas não violento. Além disso, por suas

características, nos trouxe uma contribuição extremamente importante, teórica e

conceitual, à compreensão dos processos tais como eles estavam ocorrendo na

sociedade. E a reivindicação das mulheres é aquela que busca a igualdade num mundo

que reúne homens e mulheres. É uma reivindicação de que este seja um mundo de

iguais. Esta reivindicação incide diretamente sobre o próprio conceito de cidadania. As

mulheres já vinham lutando pela igualdade perante a lei desde o começo do século. Em

alguns países desenvolvidos, até o direito a votar e ser votada foi muito tardio, mas foi

conquistado. CARDOSO (Dhnet, 2013) vem confirmar que a noção de igualdade entre

homens e mulheres já era plenamente aceita e aparentemente condizente com o conceito

de igualdade perante a lei, com a garantia dos direitos individuais a todos.

A eclosão do movimento feminino mostrou que a igualdade não se realizava

plenamente. A garantia de direitos iguais era garantia legal, mas não se estendia

imediatamente ao cotidiano e à cultura. A sociedade alimentava uma diferença que

estava subjacente ao conceito de cidadania. Segundo CARDOSO (Dhnet, 2013) uma

importante autora feminista, Carol Peterson, num trabalho denominado “O contrato

sexual”, demonstra que o contrato social supõe o direito individual. A garantia do

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direito individual subjacente a este contrato, era um outro, o chamado contrato

patriarcal, no qual a diferença continua a existir. Esse é o fundamento da luta das

mulheres. Como bem preleciona CARDOSO (Dhnet, 2013) as mulheres foram, junto

com o movimento negro e o movimento jovem, responsáveis por trazer a luz para a

questão da vida privada, mostrando como a vida privada é também um campo da

politica. Aí aparecem as discriminações. Ainda que não estejam inscritas nas leis e nem

sejam coerentes com a situação legal, elas persistem. Não são leis, são costumes e como

tal permanecem subjacentes a toda noção de igualdade.

Ainda de acordo com CARDOSO (Dhnet, 2013) o movimento de mulheres tem

este caráter exemplar. Entre todos os esforços dos movimentos nos anos 60 e 70, foi o

das mulheres que mostrou com maior clareza que os direitos garantidos a um indivíduo

abstrato – o cidadão – continua a encobrir todas as diferenças. E essas diferenças não

podem ser tomadas como elementos de discriminação. Por isso o lema das mulheres é

“Diferentes, porém iguais”. Não se trata de eliminar as diferenças, mas de garantir a

igualdade.

De certo, os movimentos das mulheres são exemplo, porque as diferenças

biológicas continuam a existir. As mulheres mantendo o seu papel, querem ver

reconhecido seu direito à diferença. Ou seja, as mulheres querem exercer plenamente

seus direitos, enquanto iguais e enquanto diferentes. Essa é uma questão que se coloca

para todas as minorias que sofrem discriminação.

Neste sentido CARDOSO (Dhnet, 2013) aponta que o grande problema é

exatamente reconhecer essas diferenças ao mesmo tempo em que se garante a

igualdade. A ampliação do alcance das comunicações e o desenvolvimento tecnológico

levaram o mundo, rapidamente, à globalização e ao aumento das diferenças culturais

dentro de cada sociedade. De modo que a diversidade aflora com mais intensidade. Até

a primeira metade do século XX, as categorias que realmente importavam para se

entender o mundo eram categorias gerais, eram categorias de universalização dentro de

uma sociedade. Hoje todas as categorias com as quais nós lidamos para entender o

cotidiano de uma sociedade são segmentadas, parceladas, são grupos de novos atores

presentes no espaço publico, que querem reconhecimento e legitimidade como grupo.

De acordo com CARDOSO (Dhnet, 2013) o movimento de mulheres foi o

primeiro a também constituir o slogan “A politica da vida privada”, ou o privado é

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politico, e esse foi um grande slogan do movimento feminista. É na vida privada, e não

no aparato legal ou na vida pública, que está à discriminação. E isso é verdade também

para o racismo. Nós conhecemos no Brasil, esta situação. Vivemos num país que tem

uma grande capacidade de encobrir o racismo. Ele quase é impossível de aparecer à luz

do dia, mas existe, é forte e produz a discriminação.

Na concepção de CARDOSO (Dhnet, 2013) a entrada destes elementos da vida

privada na vida politica configura um salto fundamental, nesta ultima metade do século

XX. Temos que incorporá-los conceitualmente e, a partir daí saber trabalhar. A

igualdade já garantida entre as raças, entre os sexos, a igualdade de todos, é um

arcabouço absolutamente fundamental. Sem ele nenhuma luta é possível. Mas,

atualmente trata-se de entender essa igualdade e identificar quais são as fontes que

alimentam a desigualdade. O exemplo é o movimento das mulheres.

Ainda assim, as mulheres sofrem discriminações enfrentando uma situação de

desigualdades sancionada exclusivamente pela cultura, os costumes e as tradições. Os

exemplos de discriminação são inúmeros. Segundo CARDOSO (Dhnet, 2013) em cada

segmento, com uma face politica distinta, existem direitos específicos que tem de ser

reconhecidos. Novos problemas e indicadores de discriminação estão vindo a publico,

estão sendo trazidos à arena politica. Isto significa que a demanda é o reconhecimento

de direitos específicos de diferentes segmentos. Quanto aos negros, precisam lutar

contra o racismo. Da mesma maneira que as mulheres, eles têm de lutar contra tudo

aquilo que está sedimentado e que, quase inconscientemente, é posto em circulação na

nossa sociedade. Ainda nesta questão CARDOSO (Dhnet, 2013) para lutar contra o

preconceito é preciso realizar atos que demonstrem a necessidade de que os segmentos

vítimas de discriminação possam ter reconhecidos os seus direitos específicos.

Na visão de CARDOSO (Dhnet, 2013) para que se concretizem os direitos

específicos é preciso garantir seu reconhecimento politico. É preciso disseminar a noção

dos direitos específicos e a necessidade prática de seu reconhecimento, para que se

possa lutar. No caso das mulheres, isto significa reconhecer que trabalho igual deve

corresponder a salario igual; no caso dos negros, trata-se de atuar contra a discriminação

com a ideia das chamadas politicas de discriminação positiva, que são aquelas que

garantam alguma vantagem especificas a grupos que foram tradicionalmente

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discriminados. São vantagens que buscam neutralizar a discriminação a onde ela sempre

se mostrou mais efetiva e digamos, tradicional.

Este é um ponto chave da extensão da cidadania, porque na medida em que nós

que aceitamos a ideia de direitos específicos para as minorias discriminadas estamos

legitimando a luta por esses direitos.

Apesar de a discriminação atuar no nível da sociedade, o Estado tem um papel

fundamental nessa questão. CARDOSO (Dhnet, 2013) nos mostra a existência de dois

planos e duas ações. É tarefa do Estado atuar para construir uma igualdade inexistente e

que é sempre imperfeita. Por isso o Estado deveria usar mais os instrumentos de

discriminação positiva.

As cotas, por exemplo, são uma parte da politica de discriminação positiva. Hoje

já se tem uma avaliação mais coerente do seu efeito. CARDOSO (Dhnet, 2013) nos

mostra também que as politicas de cotas são bastante criticadas hoje. Elas não

produziram o que se esperava delas. Nas escolas, por exemplo, ou no trabalho, elas

produziram, às vezes, efeitos perversos que não eram previstos. Estamos em dias de

hoje vivendo um momento especialmente rico que a eclosão de questões na sociedade

nos tem trazidos. Segundo CARDOSO (Dhnet, 2013) temos arcabouço teórico que, não

sendo suficiente para o debate de todas essas questões, nos obriga a repensar, a redefinir

conceitos.

Nestas reflexões, CARDOSO (Dhnet, 2013) nos faz entender que estamos hoje

frente às sociedades multiculturais, onde o numero de segmentos que tem presença

publica é muito grande. Os velhos conceitos não são suficientes para a compreensão dos

problemas. Temos, portanto que trabalhar com os novos. Atualmente a multiplicidade

de grupos nas sociedades multiculturais ganhou uma importância muito grande,

conferindo força a novos atores. Em todos esses questionamentos com relação aos

conceitos culturais entre os grupos na sociedade, e que segundo CARDOSO (Dhnet,

2013) anteriormente, eles até existiam como grupos, mas suas reivindicações tinham

menos eficácia e menos pertinência em relação à vida politica. Isto porque o Estado teve

que reconhecer esta arena nova e tem de reconhecer que a sociedade não é mais feita

pelas categorias amplas, e generalizadas, mas se compõe de novas identidades, que são

o lucro da politica das minorias hoje. Para CARDOSO (Dhnet, 2013) os grupos sociais,

como os indivíduos, definem sua identidade a partir da criação de ligações internas, ao

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mesmo tempo em que encontram sua diferenciação com relação ao outro. Isto cria

processos complexos nas sociedades multiculturais. Na orientação de CARDOSO

(Dhnet, 2013) precisamos ficar atentos aos processos de construção social de grupos

novos. A politica hoje tem de lidar com estes novos grupos. Um exemplo brasileiro

desta situação é o homem do campo. O conceito chave para este grupo, nos anos 50, era

dado pela palavra camponês. Essa palavra criava uma categoria generalizadora, que

acompanhava todas as diferentes situações vividas na zona rural brasileira pelos homens

do campo. Hoje, a palavra camponês é estranha no nosso vocabulário politico. De

acordo com CARDOSO (Dhnet, 2013) estamos falando atualmente de segmentos,

capazes de se apresentar com identidade própria: sem-terra, bóia-frias, e cada grupos

desses tem suas reivindicações especificas. Uns se distinguem dos outros porque

constroem identidades diferentes e desta maneira são legitimados

Nesse processo como bem aponta CARDOSO (Dhnet, 2013) o Estado tem um

papel importantíssimo: reconhecer categorias novas. À sociedade cabe o papel de

permitir a gestação desses diferentes segmentos, que se apresentam e mostram suas

diferenças. A partir daí se estabelece uma espécie de luta pelo reconhecimento de

direitos específicos, ao mesmo tempo em que se cria uma contra-ofensiva. Depois do

avanço, há um retrocesso. É importante que se entenda como isso aconteceu conforme

assevera CARDOSO (Dhnet, 2013). Muitas vezes a luta pelos novos direitos assume

um caráter ingênuo e parece que o não-reconhecimento de direitos é uma maldade ou

uma injustiça a ser corrigida. Certamente é uma injustiça e é certamente por isso que

temos que dar legitimidade a essa luta. Segundo CARDOSO (Dhnet, 2013) já não mais

não podemos pensar que as sociedades se movem pelos mecanismos da justiça. Na

verdade não é assim. Frequentemente vemos a negação da competição entre dois

grupos. A competição existe e sempre está posta. É preciso trazê-la para fazer

considerações a seu respeito. Conforme assevera CARDOSO (Dhnet, 2013) é que, tal

competição como esta, frequentemente negada, que reafirma a necessidade de se

empreender lutas contra o preconceito.

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CAPITULO 3

RAÇA E ETNIA NO ESPAÇO ESCOLAR

3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE RAÇA E ETNIA

Levando em consideração de que é presente no meio cultural a discussão sobre

raça, isso está muito enraizado no critério etnográfico. O termo etnógrafo significa o

conjunto de características como cor da pele e dos cabelos, formato dos olhos, estatura,

que possuem tamanha variação dentro de um mesmo grupo que não permitem fixar

limites. Pois, no dizer de CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1952: 2): ... “Qualquer homem se

pode transformar em etnógrafo e ir partilhar no local a existência de uma sociedade

que o interesse; pelo contrário, mesmo que ele se transforme num historiador ou

arqueólogo, nunca poderia entrar em contato direto com uma civilização desaparecida;

só poderia fazer através de documentos escritos ou dos monumentos figurados que esta

sociedade – ou outras – tiverem deixado a seu respeito.”

Portanto, isto significa que o entrelaçamento constante entre os diferentes grupos

humanos impede a existência de uma raça pura. Conclusivamente, CLAUDE LÉVI-

STRAUSS nos transmite entender que o significado de raça não tem sentido

exclusivamente biológico. Segundo CLAUDE LÉVI-STRAUSS (1952: 1): ... “esta

diversidade intelectual, estética, sociológica não está ligada por nenhuma relação de

causa e efeito àquela que existe no plano biológico.”

Assevera-nos SANTOS&PALOMARES&NORMANDO&QUINTÃO (2010:

121-124) que a etnia tem um conceito polivalente, que constrói a identidade de um

indivíduo resumida em: parentesco, religião, língua, território compartilhado e

nacionalidade, além da aparência física. Isto faz entender que a etnia aponta a formação

de grupo biológico e culturalmente homogêneo, possuindo traços somáticos comuns no

que se refere ao corpo apresentando, por conseguinte uma caracterização de uma

relativa uniformidade cultural.

Ao longo da história do Brasil, na qual a colonização e a escravidão se fizeram

presente, contribuíram sistematicamente para o sentimento de inferioridade do negro

brasileiro. A forte ideologia plantada no Brasil de se ter a degenerescência da raça

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mestiça, o ideal de ser branco e o mito da democracia racial foram os mecanismos de

fortíssima dominação ideológica mais poderosa que já foram produzidos no nosso

continente, e que ainda hoje permanecem no imaginário da sociedade, o que tem

dificultado a ascensão social do negro brasileiro, pois este é visto como ser inferior e

incapaz intelectualmente.

A política de ser branco sempre caracterizou o racismo no Brasil e esta situação

foi gerada por ideologias e pelos estereótipos de inferioridade e/ou superioridade raciais.

Segundo Eliana de Oliveira (Revista Espaço Acadêmico 2001) em seu artigo

Identidade, intolerância e as diferenças no espaço escolar: questões para debate “A

ideologia do branqueamento teve como objetivo propagar que não existem diferenças

raciais no país e que todos aqui vivem de forma harmoniosa, sem conflitos (mito da

democracia racial). Além desses aspectos, projeta que a nação brasileira é branca e

que, através do processo de miscigenação, irá erradicar o negro da nação brasileira,

supondo-se, assim, que a opressão racial acabaria com a raça negra pelo processo do

branqueamento. Essa tese é apresentada pelo Brasil ao mundo.”.

No Brasil existe o “mito da democracia racial” tanto apregoada que existe, a

igualdade de oportunidades para brancos, negros e mestiços. A forma como foi

disseminado esse mito permitiu omitir as desigualdades raciais, que eram constatadas

nas práticas discriminatórias de acesso ao emprego, nas dificuldades de mobilidade

social da população negra, que ocupou e ocupa até hoje os piores lugares na estrutura

social, que frequenta as piores escolas e que recebe remuneração inferior a do branco

pelo mesmo trabalho e tendo a mesma qualificação profissional. A falta de conflitos

étnicos não caracteriza ausência de discriminação, pelo contrário, o silêncio favorece o

“status quo” que, por sua vez, sempre beneficia a classe dita dominante.

O movimento negro brasileiro vem denunciando com muita frequência o

tratamento discriminatório recebido por eles, lutando não só para eliminar as políticas

de inferiorização com respeito às diferenças raciais, mas também pela igualdade de

oportunidade, que é traduzido como sendo a ética da diversidade.

A nossa realidade escolar brasileira é a de que no dia a dia da escola está

ficando impregnada do mito da democracia racial – isto é um dos aspectos surgidos da

cultura da classe dominante e que faz a escola transmitir essa utopia, pois representa as

classes privilegiadas e não a totalidade da população, embora haja contradições no

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interior da escola que possibilitam problematizar essa cultura hegemônica, não

desprezando as diversidades culturais trazidas pelos alunos. Assim, apesar da escola

brasileira inculcar o saber dominante, essa educação problematizadora poderia tornar

mais evidente o conhecimento empírico, comumente, cultura popular.

Uma proposta de educação voltada para a diversidade cultural, sem dúvida, pode

colocar a todos nós, educadores, o grande desafio de estar atentos às diferenças

econômicas, sociais e raciais e de procurar buscar o domínio de um saber crítico que

permita interpretá-las. Em se tratando de uma proposta educacional será preciso rever o

saber escolar e também investir na formação do educador, possibilitando-lhe adquirir

uma formação teórica diferenciada da eurocêntrica. O currículo apresentado até hoje

para a escola, deverá ser revisto, e esta precisa mostrar aos alunos que existem as

diversidades culturais.

E preciso compreender e aceitar que o multiculturalismo seja um dos muitos

caminhos para combater preconceitos e discriminações ligados à etnia, ao gênero, as

deficiências, à idade e à cultura, constituindo assim uma nova ideologia para a

sociedade como a nossa que é composta por diversas etnias, nas quais as marcas das

identidades culturais, como a cor da pele, modos de falar, diversidade religiosa, sempre

fizeram e continuará fazendo a diferença em nossa sociedade.

O educador brasileiro tem a grande tarefa não só de conhecer os mecanismos da

dominação cultural, econômica, social e politica, ampliando os conhecimentos

antropológicos, mas também de perceber as diferenças étnico-culturais sobre essa

realidade cruel, humilhante e desumana.

Olhar para a diversidade da diferença é instigá-la e vê-la tanto na estrutura

como no plano da coletividade. Pensar numa escola pública de qualidade é pensar na

perspectiva de uma educação de inclusão. É questionar o cotidiano escolar,

compreender e respeitar o jeito de ser negro, estudar a história do negro brasileiro e

assumir que a nossa sociedade é racista. Construir para a escola um currículo

multicultural é respeitar as diferenças raciais, culturais, étnicas, de gêneros e outros.

Pensar num currículo multicultural para a escola é opor-se ao etnocentrismo.

Se a educação brasileira está centrada na dominação cultural da elite branca, o

multiculturalismo, por ser uma estratégia de orientação educacional para os problemas

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das diferenças culturais na instituição escolar, reconhecerá a alteridade e o direito à

diferença dos grupos marginalizados, como negros, índios, homossexuais, mulheres,

deficientes físicos e outros, que se sentem ainda nos dias atuais excluídos do processo

social. Portanto deve ser algo mais do que apenas uma teoria a ser propagada.

A realidade que enfrentamos atualmente é indubitavelmente perversa. Olhamos

crianças miseráveis perambulando pelas ruas das grandes cidades, vemos pela TV e

jornais o sofrimento de crianças africanas, meninas sendo prostituídas no Brasil e na

Ásia e em outros países, massacres que transformam a segurança dos poderosos em

insegurança para todos nós. Quase que ninguém exige respostas para tantos horrores,

mas de todos nós exigem um comprometimento pessoal por uma humanidade mais justa

e solidária. O curioso em tudo isso é que sempre estamos procurando um culpado por

todos esses problemas. Além disso, podemos observar no meio em que vivemos

flagrantes e atitudes preconceituosas nos atos, gestos e falas. E, como não poderia ser

diferente, tudo isso se estende ao ambiente escolar.

3.2 - A DIVERSIDADE HUMANA NO ESPAÇO ESCOLAR

Quando tratamos para se reconhecer a existência da diversidade humana no

ambiente escolar é preciso ter como parâmetro a necessidade de também reconhecer as

características humanas daqueles alunos. Buscamos interpretar que somos como uma

coletividade, ou quem sou como indivíduo, dependemos do reconhecimento que nos é

dado pelos outros. “Ninguém pode edificar a sua própria identidade independentemente

das identificações que os outros fazem dele”, nos ensina Habermas (1983: 22).

O reconhecimento pelos outros nunca deixará de ser uma necessidade humana,

já que o ser humano é um ser que só existe através da vida social. Como também nos

ensina Taylor (1994: 58), um individuo ou um grupo de pessoas podem sofrer um

verdadeiro dano, uma autentica deformação se agente ou a sociedade que os rodeiam

lhes mostram como reflexo, uma imagem limitada, degradantes, depreciada sobre ele.

Toda a vez que construímos uma imagem depreciativa, muitas vezes sobre

aqueles que são portadores de deficiências e grupos subalternos, pobres, negros,

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prostitutas, homossexuais, é deprimente para estes e causa-lhes sofrimento e

humilhação, ainda mais por que tais representações das imagens são construídas quase

que para a legitimação da exclusão social e politica dos grupos tidos como

discriminados.

Para que haja compreensão e o respeito à diversidade na escola é necessário que

todos os envolvidos sejam reconhecidos como iguais em dignidade e em direito. É

preciso verificar em nosso meio social a concepção liberal de reconhecimento, devemos

também questionar os mecanismos sociais existentes, como a propriedade, e os

mecanismos políticos, como a concentração de poder, que produz uma hierarquia entre

os indivíduos diferentes em superiores e dominantes, e em inferiores e subalternos.

Em outras colocações de palavras, quando é considerado que os seres humanos

dependem do reconhecimento que lhes é dado, estamos reconhecendo que a identidade

do ser humano não é inata (não nata) ou pré-determinada, e isso nos tornando mais

críticos e reflexivos sobre a maneira como estamos contribuindo para a formação das

identidades dos estudantes.

Nos ensinamentos de Taylor (1994: 58), a projeção sobre o outro de uma

imagem inferior ou humilhante pode deformar e oprimir até o ponto em que essa

imagem seja internalizada. E não dar um reconhecimento igualitário a alguém pode ser

uma forma de opressão.

Quando passamos a afirmar que todos os seres humanos são igualmente dignos

de respeito (Taylor, 1994: 65), isso não pode significar que devemos deixar de

considerar as inúmeras formas de diferenciação que existem e surgem a cada época

entre os indivíduos e grupos.

É preciso que se possa fornecer o apoio e os recursos necessários para que não

haja assimetria (falta de correspondência), desigualdade nas oportunidades e no acesso

aos recursos. Novamente Taylor (1994: 64): Para aqueles que têm desvantagens ou

mais necessidades é necessário que sejam destinados maiores recursos ou direitos do

que para os demais.

3.3 – INFLUÊNCIA DO MULTICULTURALISMO NO ESPAÇO ESCOLAR

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Numa proposta multicultural, a escola poderá construir um currículo que permita

problematizar a realidade. Mesmo não sendo o único espaço de integração social, a

escola poderá possibilitar a consciência da necessidade dessa integração entre os

envolvidos, desde que todos tenham a oportunidade de acesso a ela e a possibilidade de

nela também permanecer.

A educação escolar ainda é um espaço considerado privilegiado para crianças,

jovens e adultos das camadas populares terem acesso ao conhecimento científico e

artístico do saber sistematizado e elaborado, do qual a população pobre e negra é

excluída por viver num meio social muito desfavorecido.

A escola é o espaço onde se encontra a maior diversidade cultural e também é

considerado o local mais discriminador. Tanto é verdade que existem escolas

para ricos e pobres, de boa e má qualidade, respectivamente. Por isso trabalhar

as diferenças é um grande desafio para o professor nos dias atuais, por ele ser o

mediador do conhecimento, ou melhor, um facilitador do processo ensino-

aprendizagem. A escola em que ele foi formado e na qual trabalha é

reprodutora do conhecimento da classe dominante, classe esta, que dita às

regras e determina o que deve ser transmitido aos alunos. Mas, se o professor

for detentor de um saber crítico, poderá questionar e problematizar esses

valores e saberá extrair desse conhecimento o que ele tem de valor universal.

Eliana de Oliveira (Revista Espaço Acadêmico 2001)

Na maioria dos casos, os professores além de não conhecer nem se dão conta de

que o país é pluriétnico e que a escola é sistematicamente o lugar ideal para discutir as

diferentes culturas, e suas contribuições na formação do nosso povo. Eles também

ignoram que muitas vezes as dificuldades do aluno advêm do processo que está

relacionado à sua cultura, tão desrespeitada ou até ignorada pelos professores.

A nossa escola ainda continua sendo baseada numa visão eurocêntrica,

contrariando o pluralismo étnico-racial e cultural da sociedade brasileira. E os

educadores brasileiros e os responsáveis pela formação de milhares de jovens na sua

grande maioria são vítimas dessa educação preconceituosa, na qual receberam a sua

formação e a socialização. Esses educadores não receberam uma formação adequada

para lidar com as questões da diversidade e com os preconceitos na sala de aula e no

espaço escolar. A pequena quantidade vista por todos nós de alunos negros nas escolas é

resultado, na realidade, da desigualdade praticada pela instituição escolar e pelo próprio

processo de seu desenvolvimento educacional. Também a prática seletiva da escola

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silencia sobre as diferenças raciais e sociais, provocando a exclusão do aluno de origem

negra pobre, dos portadores de necessidades especiais e outros.

Trabalhar igualmente essas diferenças em dias de hoje não é uma tarefa fácil

para o professor, porque para lidar com elas é necessário compreender como a

diversidade se manifesta e em que contexto. Portanto, pensar uma educação escolar que

integre as questões étnico-raciais significa progredir na discussão a respeito das

desigualdades sociais, das diferenças raciais e outros níveis e no direito de ser diferente,

ampliando, assim, as propostas curriculares das escolas, buscando efetivamente uma

educação mais democrática.

De certa forma, em nossa realidade, se sabe que seja impossível uma escola

igual para todos, notadamente não seja impossível à construção de uma escola que

reconheça que os alunos são diferentes, que possuem uma cultura diversa e que repense

o currículo, a partir da realidade existente dentro de uma lógica de igualdade e de

direitos sociais. Portanto, podemos verificar que é fácil deduzir que a exclusão em

nossas escolas não está relacionada somente com o fator econômico, ou seja, por ser um

aluno de origem pobre, mas também pela sua origem étnico-racial, como bem descreve

OLIVEIRA (2001).

3.4 - O MULTICULTURALISMO NA ESCOLA E SUAS RESPOSTAS SOCIAIS

De acordo com PRAXEDES (2004), ainda em seu artigo A diversidade humana

na escola: reconhecimento, multiculturalismo e tolerância, as sociedades consideradas

contemporâneas são heterogêneas, compostas por diferentes grupos humanos, interesses

contrapostos, classes e identidades culturais sempre em conflito. Atualmente, vivemos

em sociedades nas quais diferentes estão quase que permanentemente em contato uma

com a outra. Os diferentes são obrigados ao encontro e à convivência. E são assim

também as escolas.

As fomentadas ideias multiculturalistas proporcionam a discussão e como

podemos entender e até resolver os problemas gerados pela heterogeneidade cultural,

politica, religiosa, étnica, racial, comportamental, econômica, já que teremos

invariavelmente que conviver de alguma maneira.

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Segundo HALL (2003) passa a identificar o surgimento de pelo menos seis

concepções diferentes de multiculturalismo no presente momento:

1. Multiculturalismo conservador: os dominantes buscam, assimilar as

minorias diferentes às tradições e costumes da maioria;

2. Multiculturalismo liberal: os diferentes devem ser integrados como iguais

na sociedade dominante. A cidadania deve ser universal e igualitária, mas

no domínio privado os diferentes podem adotar suas práticas culturais

específicas;

3. Multiculturalismo pluralista: os diferentes grupos devem viver

separadamente, dentro de uma ordem política federativa;

4. Multiculturalismo comercial: a diferença entre os indivíduos e grupos deve

ser resolvida nas relações de mercado e no consumo privado, sem que

sejam questionadas as desigualdades de poder e riqueza;

5. Multiculturalismo corporativo (público ou privado): a diferença deve ser

administrada, de modo a que os interesses culturais e econômicos das

minorias subalternas não incomodem os interesses dos dominantes;

6. Multiculturalismo crítico: questiona a origem das diferenças, criticando a

exclusão social, a exclusão politica, as formas de privilegio e de hierarquia

existentes nas sociedades contemporâneas. Apoia os movimentos de

resistência e rebelião dos dominados.

No dizer do teórico, chega-se a compreensão que na atualidade os

multiculturalismos nos ensinam que reconhecer o diferente e/ou a diferença é

reconhecer que existem indivíduos e grupos que são diferentes entre si, mas que

possuem direitos correlatos, e que a convivência entre todos em uma sociedade

democrática depende da aceitação da ideia de compormos uma totalidade social

heterogênea na qual:

a) não poderá ocorrer a exclusão de nenhum elemento num todo;

b) os conflitos de interesse e de valores deverão ser negociados pacificamente;

c) o diferente e/ou a diferença é de ser atribuído a estes o respeito. Stuart Hall

(2003)

A introdução da politica do reconhecimento e as várias concepções de

multiculturalismo nos ensinam, enfim, que é necessário que seja admitida a diferença ou

o diferente na relação com o outro. Isto quer dizer que de acordo com PRAXEDES

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(2004) tolerar e conviver com aquele que não é como eu sou e não vive como eu vivo, e

o seu modo de ser não pode significar que o outro deva ter menos oportunidades, menos

atenção e oportunidades.

Percebe-se que hoje, mais do que nunca, no chamado mundo civilizado, o

principal fundamento da questão social, que é o indivíduo ter a consciência de si mesmo

e da existência e do respeito para com o outro, essa consciência que podemos chamar de

consciência da cidadania tem grande possibilidade de se tornar um valor universalmente

reconhecido, sem exclusões. Sendo assim, a escola cumprirá o seu papel.

3.5 - A IMPORTÂNCIA DE TRABALHAR UM CURRÍCULO MULTICULTURAL

NA ESCOLA

De acordo com PEREIRA (2010) em se artigo A Importância de Trabalhar a

Diversidade Cultural na Escola, atualmente é necessário verificar como a escola vem

trabalhando a diversidade cultural e qual é a proposta curricular para enfrentar tal

desafio. A princípio, é imprescindível ver a sensibilização dos alunos para fazer uma

reflexão sobre a importância de se trabalhar a diversidade cultural.

Conforme nos assevera PEREIRA (2010), os estudantes precisam se sentir

integrante dessa cultura e encontrar-se aberto em receber a influência de outras culturas,

no que compreende a existência de culturas diferentes, de outro tempo e espaço

respeitando seu modo de vida, a questão da organização politica, social e econômica. A

diversidade cultural, nos argumentos precisos de PEREIRA (2010), está presente muito

diariamente no contexto brasileiro, expressando-se na música, dança e culinária, da

nossa língua e entre outras atividades em nosso cotidiano. É preciso entender a

necessidade de ressaltar, é que para trabalhar essas questões é preciso contemplar a

diversidade cultural, e até partindo do folclore que muitas vezes vemos as diferenças

existentes.

Ainda nessa perspectiva, PEREIRA (2010) dar ênfase em socializar o

conhecimento das diferentes culturas deve ser tarefa primordial da escola, mas é preciso

também atuar na transformação dos saberes para com os educandos; e é nessa

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perspectiva de um somatório de esforço que poderemos promover o pleno

desenvolvimento do individuo como cidadão. Assim, compreendemos que podemos

construir uma nação livre, soberana e solidária, onde possa o exercício da cidadania não

se constituir como privilegio de poucos, mas direitos de todos, e assim, devendo ser a

grande meta a ser perseguida por todos os seguimentos sociais.

No aspecto do exercício da cidadania, PEREIRA (2010) dar um enfoque de que

a escola em dias de hoje é submetida ao desafio de contribuir na formação de cidadãos

críticos, conscientes e atuantes. Logo tomamos a compreensão, na qual, é

reconhecidamente uma tarefa complexa que exige da escola um movimento que

ultrapasse temas, conteúdos e programas em seu currículo. A escola chegando a realizar

tal atribuição, a partir disso, se percebe o verdadeiro sentido da palavra cidadania.

Na observação de PEREIRA (2010) ele chega a questionar como cada indivíduo

entende a relação cultura e educação. Segundo PEREIRA (2010) ele nos mostra a

possibilidade de percebemos que de um lado vamos encontrar o sentido da ideia da

educação e do outro lado o sentido da ideia de cultura no que se refere ao lugar, o

processo educacional como passa a surgir para formar pessoas e formar consciência.

Quando abordamos o termo diversidade cultural estamos tratando de um tema

atual e relevante, principalmente no momento em que a escola passa a desenvolver um

ensino que procura atender a diversidade cultural de sua clientela.

Ainda do ponto de vista de PEREIRA (2010), a escola deve estimular as

diferenças e ao mesmo tempo dar significados inteligentes do ponto de vista da

produção do saber para se chegar ao nível de aprendizagem satisfatório.

Nada mais nada menos, as diferenças entre os indivíduos fazem parte de todo

um processo social e cultural. Não é preciso explicar que homens e mulheres brancos e

negros, são distintos entre sí, e sabemos que ao longo do processo histórico, na visão de

PEREIRA (2010), as diferenças foram construídas e usadas no seio da sociedade como

sendo critérios de classificação, seleção, inclusão e exclusão.

Consequentemente, é possível compreender como assevera PEREIRA (2010),

que no processo de aprendizagem iremos sempre ver o “diferente” com suas

complexidades nas suas relações humanas e nas afirmações, nos seus significados e nos

seus ressignificações.

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Assim sendo, o que PEREIRA (2010) nos assegura em seu artigo A Importância

de Trabalhar a Diversidade Cultural na Escola que, é papel da escola propor a

apropriação política do conhecimento científico e da cultura em geral para não perder de

vista o aspecto fundamental, ou seja, a noção de que o conhecimento não é apenas

embasado nas informações técnicas a serem aprendidas pelos alunos, mas de construção

de saberes.

Nessa maneira surge um vasto campo de possibilidades pois “o saber do povo”

consegue designar muitas formas de conhecimentos que são expressos nas criações

culturais dos diversos grupos de uma sociedade.

Como bem retrata PEREIRA (2010), é que todo o processo de educação na visão

de Paulo Freire é uma organização tida na relação entre currículo, conhecimento e

cultura. Diante dessa temática de Paulo Freire, nos mostra PEREIRA (2010) é preciso

pensar nessa valorização da diversidade cultural e trabalhar a diversidade cultural.

Desde os mais remotos tempos da história, o homem sempre se confronta com a

necessidade de buscar conhecimento, com o fim de poder explicar fatos, fenômenos,

entender a natureza ou facilitar sua existência. Nessa abordagem de PEREIRA (2010), a

humanidade tem construído conhecimentos a partir dos desafios necessários para

sobreviver. O conhecimento sempre surgiu e foi acumulado em decorrência das

experiências vividas.

Segue os apontamentos de PEREIRA (2010) numa amostragem nítida que a

dimensão histórica e social desde os primórdios do tempo permite a compreensão da

história como produção do ser humano, nos aspectos das relações sociais e de diferentes

conjunturas, em épocas diferentes. Se o educador procurar trabalhar a noção de tempo

nessa dimensão dará possibilidade para o aluno analisar o contexto de diferentes épocas

e localizar na linha do tempo o atual modelo de sociedade onde o mesmo está inserido.

Segundo PEREIRA (2010), o educador conjuntamente com o aluno vai ver que a

sociedade atual é originária de um processo histórico de evolução no campo politico,

social, cultural e econômico que se originou no passado, e nesse processo evolutivo

continua a ser construído no seu dia a dia, através da ação do homem na história.

O homem cria a cultura na medida em que, integrando-se nas condições de seu

contexto de vida reflete sobre ela e dá respostas aos desafios que encontra.

Cultura aqui é todo resultado da atividade humana, do esforço criador e

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recriador do homem, de seu trabalho por transformar e estabelecer relações

dialogais com outros homens. (FREIRE, Paulo. 1999. p. 41)

Nessa expectativa, cultura é tudo que resulta da criação humana. O homem

chega a criar, podendo até transformar e ser afetado por essas transformações. Acerca

disso, o homem produzindo cultura produz-se a si mesmo. Nessa perspectiva de visão,

PEREIRA (2010) nos informa, logo não há cultura sem o homem, como não há homem

sem cultura. A cultura é algo concreto que envolve o homem, configura sua identidade,

personalidade, maneira de ver, pensar e sentir o mundo.

A cultura não existe sem o homem. A cultura faz parte do íntimo do homem.

Ainda nessa visão de cultura, nos assevera PEREIRA (2010) que, se o homem é o que é

na história dos tempos é porque ele tem contato com outro homem, numa realidade

especifica que chega a se tornar verdade; mas somente há desenvolvimento se o homem

interagir com o outro, e esta interação começa na família. O homem não nasce um “ser

social”, ele se torna “ser social” em contato com o outro.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste nosso tema de trabalho que em muito modesto foi discorrido em todas as

linhas anteriores, quiçá, pudéssemos saber sempre um pouco mais, mas num tema de

tão grande espectro de natureza da diversidade cultural e de cunho inesgotável no

assunto, digo que o fiz não para causar espanto de conhecimento ao leitor, longe de

mim, apenas referir-me um pouco ao assunto pesquisado.

Pois bem, o multiculturalismo teve o seu surgimento como ainda atualmente é,

através da necessidade de implantação de projetos pedagógicos, sobretudo para a escola

e a universidade, mas também para o emprego público e a vida associativa.

Assim sendo, o multiculturalismo emerge no sentido de promover o mesmo nas

análises educacionais, trazendo desafios essenciais as investigações sobre o

conhecimento, abrindo possibilidades para se pensar em práticas curriculares e de

formação docente, voltadas à construção de identidades discentes e docentes

multiculturalmente comprometidas com o ensino/aprendizagem, visando promover o

respeito à diferença e a pluralidade cultural.

O título do tema que foi escolhido para este trabalho tenta reunir os aspectos da

multiculturalidade nos tempos atuais com exercício da cidadania. A cidadania

conscientiza o cidadão brasileiro a respeitar as questões que envolvem a diversidade e a

complexidade cultural na sociedade atual. A cidadania é reconhecidamente uma da mais

importante questão do nosso tempo. A cidadania reaparece com esta força, consegue

dominar as preocupações dos agentes envolvidos com o resgate daqueles que estão

excluídos da nossa sociedade e, por isso ganha uma grande dimensão politica, além de

se projetar também em instrumento intelectual de bastante força. O conceito de

cidadania nos dias atuais é aceito por todos, mas deve se reencontrar com a questão de

direitos e deveres que a sociedade começa a colocar.

O grande desafio da escola nos tempos atuais é procurar incessantemente

contribuir para formar cidadãos críticos, conscientes e atuantes. Evidentemente, e claro,

tratar-se de uma tarefa extremamente complexa e que exige da escola um movimento

que ultrapasse temas, conteúdos e programas. Nessa tarefa que se coloca em nossa

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frente enquanto educador, e se realizada tal tarefa, sem sombra de dúvida, perceberemos

o verdadeiro sentido da palavra cidadania.

Portanto, este trabalho tem como pretensão humilde, mostrar em suas linhas

elaboradas, e mais uma vez dizendo que mostra que o multiculturalismo é um prévio

debate para a sociedade atual realizando mudanças nos sistemas educacionais enquanto

espaço monoculturais, através do desenvolvimento de atitudes, projetos curriculares e

ideias pedagógicas, que sejam sensíveis à emergência do multiculturalismo.

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