o modelo das competências na gestão dos rhs
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Uma discussão com tons mais contundentes a respeito do alardeado "modelo das competências".TRANSCRIPT
O modelo das competências na
gestão dos recursos humanos
Abel Sidney
O modelo das competências profissionais
. Nos países desenvolvidos a partir da década de oitenta.
. Contexto - crise estrutural do capitalismo que se configura, nos países centrais, no início da década de setenta.
. Características desta crise: . esgotamento do padrão de acumulação taylorista/ fordista
. acirrada concorrência entre as empresas
. desregulamentação dos mercados e da força de trabalho resultantes da crise da organização assalariada do trabalho e do contrato social
. Podemos afirmar que estamos a adentrar uma nova etapa do capitalismo, sob a inspiração neoliberal
. Resposta à crise:
. Reestruturações no processo produtivo:
formas de produção flexíveis;
inovação científico-tecnológica;
novos modos de gerenciamento da organização do trabalho e do saber dos trabalhadores.
. A outra face da reestruturação
Um projeto de recuperação da hegemonia do capital não só na esfera da produção, mas nas diversas esferas da sociabilidade, que se confrontasse ao contra-poder que emergira das lutas sociais e sindicais dos anos sessenta e setenta.
® O modelo das competências profissionais (ou de gestão das competências) tem pois, neste contexto, como objetivos:
. racionalizar, . otimizar e . adequar a força de trabalho face às demandas do sistema produtivo.
® Na década de 90, com a globalização e a competitividade acentuadas, temos um "alinhamento definitivo das políticas de recursos humanos às estratégias empresariais, incorporando à prática organizacional o conceito de competência, como base do modelo para se gerenciarem pessoas", apontando para novos elementos na gestão do trabalho.
® Este modelo tende a tornar-se hegemônico em um quadro de crise do trabalho assalariado e do declínio das organizações profissionais e políticas dos trabalhadores.
® As novas palavras de ordem são: produtividade, agilidade, racionalização de custos
. Elementos das novas práticas de gestão que configuram o modelo da competência no mundo do trabalho:
1) valorização dos altos níveis de escolaridade nas normas de contratação;
2) valorização da mobilidade e do acompanhamento individualizado da carreira; 3) novos critérios de avaliação que valorizam as competências relativas à mobilização do trabalhador e seu compromisso com a empresa;
4) desvalorização de antigos sistemas de hierarquização e classificação, ligando a carreira ao desempenho e à formação.
. Noções estruturantes do modelo das competências:
1) a flexibilidade
|| para lidar com as mudanças no processo produtivo
2) a transferibilidade
|| passíveis de serem transferidos de uma função a outra
3) a polivalência
|| constante atualização das próprias competências
4) a empregabilidade || para garantir o próprio emprego.
. Estratégia competitiva e o modelo das competências: A estratégia competitiva das empresas neste novo contexto apóia-se no tripé:
1) excelência operacional através da competição com base no custo,
2) inovação no produto,
3) orientação para serviços aos clientes
Com base nesta estratégia é definido as competências essenciais do negócio.
As competências dos trabalhadores necessárias à organização decorre, pois, da estratégia competitiva e das competências necessárias à sua implementação.
A competência do trabalhador deve pautar-se por uma:
. "utilidade prática e imediata" – tendo em vista os objetivos e missão da empresa
. sua qualidade passa a ser avaliada pelo "produto" final
. em suma, o trabalhador deve ser instrumentalizado para atender às necessidades do processo de racionalização do sistema produtivo. O "capital humano" das empresas precisa ser constantemente mobilizado e atualizado para garantir o diferencial ou a "vantagem competitiva" necessários à desenfreada concorrência na economia internacionalizada.
® Não há contrapartida (comprometimento) das empresas,
na maioria dos casos, na construção da competência do trabalhador
. Parte do processo de formação/construção das competências pelos trabalhadores é lhe imputado como de sua responsabilidade individual, devendo o mesmo atualizar e validar regularmente sua "carteira de competências" para evitar a obsolescência e o desemprego.
. Richard Sennett, em sua obra A Corrosão do Caráter aponta os males deste descomprometimento da empresa com o trabalhador, notadamente a partir da década de 90, quando as relações de trabalho se deterioraram.
. O esquema de curto prazo adotado (não há tempo para a partilha da convivência e de experiências) corrói a confiança, a lealdade e o compromisso e produz trabalhadores cada vez mais acuados em meio à instabilidade.
Adeus velho mundo
Qualificação x Competência
Qualificação
O tradicional conceito de qualificação estava relacionado aos componentes organizados e explícitos da qualificação do trabalhador: educação escolar, formação técnica e experiência profissional.
Relacionava-se, no plano educacional, à escolarização formal e aos seus diplomas correspondentes e, no mundo do trabalho, à grade de salários, aos cargos e à hierarquia das profissões, sendo expressão histórica das relações sociais diversas e contraditórias estabelecidas no processo produtivo.
Adeus velho mundo
Qualificação x Competência
Competência
Importa neste modelo não só a posse dos saberes disciplinares escolares ou técnico-profissionais, mas a capacidade de mobilizá-los para resolver problemas e enfrentar os imprevistos na situação de trabalho. Os componentes não organizados da formação, como as qualificações tácitas ou sociais e a subjetividade do trabalhador, assumem extrema relevância. O modelo das competências remete, assim, às características individuais dos trabalhadores.
Adeus velho mundo
Qualificação x Competência
Salve-se quem puder... Mas quem pode?
O modelo das qualificações ancorado na negociação coletiva cedeu lugar à gestão individualizada das relações de trabalho.
A relação da empresa com os indivíduos tende a enfraquecer as ações coletivas no campo do trabalho e a despolitizar a ação política sindical.
. E aí voltamos ao velho conflito capital x trabalho sob outro formato e tempo...