o manejo da contratransferência no contexto clínico

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7/23/2019 o Manejo Da Contratransferência No Contexto Clínico http://slidepdf.com/reader/full/o-manejo-da-contratransferencia-no-contexto-clinico 1/25 1 O MANEJO DA CONTRATRANSFERÊNCIA NO CONTEXTO CLÍNICO 1  Vanessa Coelho da Silva 2  Vanessa Beckenkamp Lopez 3  RESUMO O tema contratransferência mostra-se bastante relevante e de grande importância para a atuação de psicólogos clínicos, devido às transformações na forma de perceber a relação entre terapeuta e paciente, hoje mais voltada para uma interação. Este estudo, de natureza qualitativa, teve como objetivo identificar como ocorre o manejo da contratransferência com psicólogos de orientação analítica no Vale do Paranhana. Para obtenção dos dados, utilizou-se uma entrevista semiestruturada e o conteúdo foi analisado mediante a análise de conteúdo de Bardin (1977). Os resultados mostraram a íntima ligação entre a utilização da contratransferência enquanto instrumento clínico e o processo de análise pessoal do terapeuta. Além disso, identificou-se a complexidade do manejo terapêutico da contratransferência, em relação à abstração do conceito e também pela dificuldade de pôr em palavras essa realidade. Os entrevistados expressaram a forma como as particularidades do paciente vão interferir neste manejo e como a utilização deste instrumento constrói e fortalece a relação terapêutica, sendo um significativo suporte psicológico para o paciente. Aspectos relacionados ao processo de formação do terapeuta também foram mencionados pelos participantes da pesquisa, compondo o tripé clássico da formação psicanalítica e mantendo o processo de constante aprendizagem e crescimento na prática clínica. Palavras-chave : Contratransferência. Manejo terapêutico. Relação terapêutica. Análise pessoal. ABSTRACT The countertransference theme appears enough relevant and of great importance to actuation of clinical psychologists, due to changes in the form to perceive the relation between physician and patient, now more focused to a interaction. This study, of qualitative nature, had as aim to identify how occur the countertransference management, with psychologists of analytic orientation in Paranhana Valley. In ordert to obtain data, was utilized a semistructured interview and the content was analysed by means of content analysis of Bardin (1977). The results showed the intimate connection between the utilization of countertransference while clinical instrument and the personal process of analysis of the physician. Over and above that, was identified the complexity of the therapeutic management of countertransference in relation to the abstraction concept and also by the difficulty to put in words this reality. The interviewed expressed the manner how the patient's particularity will interfere in 1  Artigo de pesquisa apresentado ao Curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Taquara, como requisito parcial para aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão II. 2  Acadêmica do Curso de Psicologia da FACCAT, ênfase em Psicologia da Saúde. E-mail: [email protected] 3  Psicóloga, Docente do Curso de Psicologia da FACCAT e Orientador do Trabalho de Conclusão.

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1

O MANEJO DA CONTRATRANSFERÊNCIA NO CONTEXTO CLÍNICO1 

Vanessa Coelho da Silva2 

Vanessa Beckenkamp Lopez3 

RESUMO

O tema contratransferência mostra-se bastante relevante e de grande importânciapara a atuação de psicólogos clínicos, devido às transformações na forma deperceber a relação entre terapeuta e paciente, hoje mais voltada para umainteração. Este estudo, de natureza qualitativa, teve como objetivo identificar comoocorre o manejo da contratransferência com psicólogos de orientação analítica noVale do Paranhana. Para obtenção dos dados, utilizou-se uma entrevista

semiestruturada e o conteúdo foi analisado mediante a análise de conteúdo deBardin (1977). Os resultados mostraram a íntima ligação entre a utilização dacontratransferência enquanto instrumento clínico e o processo de análise pessoal doterapeuta. Além disso, identificou-se a complexidade do manejo terapêutico dacontratransferência, em relação à abstração do conceito e também pela dificuldadede pôr em palavras essa realidade. Os entrevistados expressaram a forma como asparticularidades do paciente vão interferir neste manejo e como a utilização desteinstrumento constrói e fortalece a relação terapêutica, sendo um significativo suportepsicológico para o paciente. Aspectos relacionados ao processo de formação doterapeuta também foram mencionados pelos participantes da pesquisa, compondo otripé clássico da formação psicanalítica e mantendo o processo de constanteaprendizagem e crescimento na prática clínica.

Palavras-chave: Contratransferência. Manejo terapêutico. Relação terapêutica.Análise pessoal.

ABSTRACT

The countertransference theme appears enough relevant and of great importance toactuation of clinical psychologists, due to changes in the form to perceive the relationbetween physician and patient, now more focused to a interaction. This study, of

qualitative nature, had as aim to identify how occur the countertransferencemanagement, with psychologists of analytic orientation in Paranhana Valley. In ordertto obtain data, was utilized a semistructured interview and the content was analysedby means of content analysis of Bardin (1977). The results showed the intimateconnection between the utilization of countertransference while clinical instrumentand the personal process of analysis of the physician. Over and above that, wasidentified the complexity of the therapeutic management of countertransference inrelation to the abstraction concept and also by the difficulty to put in words this reality.The interviewed expressed the manner how the patient's particularity will interfere in

1  Artigo de pesquisa apresentado ao Curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Taquara,

como requisito parcial para aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão II.2  Acadêmica do Curso de Psicologia da FACCAT, ênfase em Psicologia da Saúde. E-mail:[email protected]

3 Psicóloga, Docente do Curso de Psicologia da FACCAT e Orientador do Trabalho de Conclusão.

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this handling and how the utilization of this instrument builds and strengthens thetherapeutic relationship, being a significant psychologic support to the patient.Aspects connected to the formation process of the physician were also mentioned byresearch participants, composing the classic tripod of the psychoanalytic formation

and maintaining the process of constant learning and growth in clinical practice.

Keywords: Countertransference. Therapeutic management. Therapeutics relation.Personal analysis.

INTRODUÇÃO

Muitos avanços técnicos e teóricos têm sido conquistados na psicanálise,

através das constantes discussões acerca da influência que a pessoa do analista

exerce na situação analítica.

Devido a este movimento e às atuais reflexões, o tema “contratransferência”

mostra-se bastante relevante e de grande importância para a atuação de psicólogos

clínicos, devido às transformações na forma de perceber a relação entre terapeuta e

paciente, hoje mais voltada para uma “interação”.

Desenvolver as potencialidades técnicas dentro da atuação clínica, de forma

que a contratransferência possa ser uma maneira eficaz de intervenção, amplia e

promove o crescimento da dupla terapeuta/paciente, gerando maior possibilidade de

alívio ao paciente em sofrimento e mais autonomia ao terapeuta em lidar com suas

questões pessoais no processo analítico, já que “hoje sabemos que exatamente o

acontecimento transferencial também induz o analista a produzir uma resposta

emocional frente ao seu paciente” (PALHARES, 2008, p. 3).

Nacif (2010) pôde apontar que Paula Heimann, entre 1949 a 1950, foi quem

estabeleceu um marco significativo em relação à utilização da contratransferência,

devido à sua preocupação em que esse fenômeno fosse utilizado de forma favorável

ao processo analítico. A autora identificou que o terapeuta iniciante poder vir a terdificuldades de manejar as próprias reações emocionais diante de projeções mais

hostis do paciente e as chamou de contratransferências patológicas. O objetivo de

Heimann foi de promover a contratransferência à um instrumento da análise, onde

as reações pudessem ser devolvidas ao paciente de forma a estimular sua evolução

no tratamento.

As preocupações de Winnicott (1983) contribuem grandemente com este tema,

 já que para ele, o terapeuta não precisa ter a pretensão de salvador do pacientenem mesmo de impor seus moralismos. O essencial neste caso é o terapeuta

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buscar, através de sua análise pessoal, fortalecer constantemente seu ego,

possibilitando seu envolvimento de forma profissional e sem esforço exagerado ou

sofrimento. Este autor ainda amplia esta idéia relatando as grandes dificuldades que

os terapeutas podem enfrentar com pacientes seriamente comprometidos, devido a

uma forte pressão exercida sobre esse profissional e o surgimento de ansiedades

psicóticas, como o ódio, por exemplo, justificando a necessidade do terapeuta ter a

consciência desses sentimentos, a fim de evitar que a terapia seja mais adaptada ao

terapeuta do que às necessidades do paciente (WINNICOTT, 1978).

Portanto, é notável a necessidade de entendimento acerca da forma como os

terapeutas atuam no campo transferencial e lidam com a sua subjetividade através

da contratransferência, principalmente devido aos constantes desafios que a clínicaatual impõe aos profissionais diante das patologias atuais. Conforme Marucco e

Marucco (2004, p. 3) pode-se definir tais patologias como “aquelas que estariam nas

margens da psicopatologia e talvez também nos limites da psicanálise, já que não se

moldariam às explicações clássicas de neurose e psicose”.

Desta forma, essa pesquisa buscou investigar de forma qualitativa, como

psicólogos de orientação analítica no Vale do Paranhana estão conciliando esses

aspectos e de que forma isso é revertido em resultados terapêuticos ao paciente.Além disso, houve a intenção de aprofundar o entendimento sobre a forma como

esses terapeutas lidam com as suas questões emocionais através do manejo

terapêutico, identificar o papel da análise pessoal como possibilidade de modificação

e/ou qualificação do trabalho clínico e as possíveis influências na relação

terapêutica.

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 Contratransferência

A contratransferência foi identificada por Freud (1969) como um fenômeno

existente na relação entre analista e paciente, porém para ele este fenômeno foi

percebido como algo que atrapalhava o processo da análise, um tipo marcante de

resistência.

Para Freud (1969, p. 157) “o médico deve ser opaco para seus pacientes e,

como um espelho, não mostrar-lhes nada, exceto o que lhe é mostrado”. O autor

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incluiu nesta visão a idéia do inconsciente do analista como entidade receptora do

inconsciente transmissor do paciente, através de uma técnica que chamou de

“atenção uniformemente suspensa” onde o analista estaria em posição de escuta de

seu paciente, cujo conteúdo só teria significado posteriormente (FREUD, 1969, p.

157).

Apesar da criação da técnica de atenção flutuante, onde era dada ênfase na

utilização do inconsciente do analista, inicialmente a contratransferência realmente

foi vista como um tipo de resistência do analista ao seu paciente, como explica

Greenson (1981), devido aos conflitos que eram despertados por características

desse paciente e suas atitudes.

A recusa e demora por parte dos analistas aceitarem a contratransferência,sendo um fenômeno essencial, não “é por acaso”. O tema parece colocar o analista

diante de sua subjetividade, seus conflitos mais secretos e extingue a tranquilizadora

sensação de superioridade em relação aos seus pacientes, demonstrando desde a

sua descoberta causar incômodo por deixar o analista frente aos seus limites

(FIGUEIRA, 1996).

Em seu estudo sobre contratransferência, Greenson (1981) novamente

contribui, quando relata que foi Heimann, entre 1950 a 1960, quem trouxe a primeiraafirmação positiva da contratransferência. O fenômeno em questão foi considerado

por ela como os diversos sentimentos que o analista experimenta em relação ao seu

paciente, devendo ser capaz de tolerar essas reações, tendo a atenção e cuidado

com a possibilidade de descarga das mesmas, que é o comportamento que o

paciente experimenta na situação analítica, e ainda utilizar esses sentimentos no

processo analítico, como uma espécie de espelho para o paciente. Conforme esta

autora, o inconsciente do analista consegue entender o inconsciente do paciente,sendo um processo e um relacionamento em um nível bastante profundo, que chega

à consciência como respostas emocionais que o analista percebe sobre seu

paciente, e a utilização da contratransferência será o uso correto dessas respostas

emocionais como chave para o entendimento e compreensão do paciente.

A nova proposta de utilização da contratransferência desencadeou um maior

enfoque na postura do analista dentro do processo analítico, assim como uma

transformação de percepção em relação ao impacto que essa presença causa no

paciente.

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Machado (2009), explica que o analista precisa ter a capacidade de ser um

depositário do movimento transferencial do paciente e ter uma flexibilidade suficiente

para não se contaminar com os afetos, hostilidades que lhe são direcionados, sendo

isso um risco para o sucesso da análise. Essa mesma autora ainda remete a

relevância da contratransferência na clínica da contemporaneidade devido a grande

incidência de patologias do vazio e quadros psicossomáticos, demonstrando que a

utilização da mesma se torna essencial para atingir níveis mais primitivos do

psiquismo do paciente. Justamente pela complexidade da clínica atual, se faz

necessário um amplo conhecimento por parte do analista de seus próprios pontos

cegos, desejos e conflitos, caso contrário existe o risco de se comprometer o

processo analítico.Winnicott (1978, p. 342) utilizou o termo “contratransferência com reações

objetivas” definindo que o analista “deve conseguir ter uma consciência tão completa

da contratransferência que seja capaz de isolar e estudar suas reações objetivas”,

ou seja, no contexto clínico esse fenômeno é compreendido como um conjunto de

reações emocionais despertadas no analista de forma justificada por uma situação

clínica específica que se apresenta pelas características e traços de personalidade

que mais se destacam no paciente, geralmente mais patológicos. O autor afirma quesomente através da identificação desse impacto emocional que determinado

paciente desperta no analista, é que se torna possível a condução do processo

analítico. Ainda faz uma interessante ressalva sobre a importância da análise

pessoal do analista nesse processo.

A reflexão acerca da importância da contratransferência e sua utilização no

contexto clínico com o paciente, imediatamente desperta outros questionamentos,

como por exemplo, a forma de conduzir essas reações e como esta precisa sertratada dentro do processo analítico, por meio do manejo terapêutico.

1.2 Contratransferência e manejo terapêutico

O conceito de manejo terapêutico está diretamente ligado ao de prática clínica.

Segundo Palhares (2008, p. 2), o manejo pode ser definido como “ação terapêutica”,

o que nos remete à ação do terapeuta e sua técnica em relação às demandas do

paciente. Essa autora aprofunda a idéia, referindo clínica como um espaço

específico, com tempo próprio, denominado de tempo analítico, onde se trabalhará a

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atualização das vivências passadas, num tipo de fusão com esse tempo, criando-se

um espaço da intimidade.

Em um estudo, Romaro (2002, p. 5) salienta e dá ênfase a questões

pertinentes às dificuldades no manejo terapêutico:

Um dos problemas no manejo terapêutico é a intensa agressão que seexpressa na relação transferencial e que exige que o terapeuta possaconter, tolerar e compreender essas reações, sem agir de forma retaliatóriae sem sentir sua identidade ameaçada, uma vez que a fragmentação dasmanifestações transferenciais mobiliza reações contratransferenciaisintensas.

Kernberg (1995) descreveu o difícil manejo que os terapeutas enfrentam ao

tratar pacientes com transtornos graves de personalidade, como a personalidade

borderline, por exemplo. Ele alertou para a existência de transferências

extremamente primitivas desses pacientes, que são desenvolvidas em psicoterapia

psicanalítica, ligadas às características de suas relações objetais iniciais

internalizadas. Esse ponto de vista ilustra de forma muito clara a complexidade da

prática clínica, devido aos possíveis impasses terapêuticos ao atender pacientes

com graves transtornos de personalidade, em especial nos casos em que os

terapeutas não lançam mão da utilização da contratransferência como instrumento

clínico e/ou estejam com questões pessoais ou conflitos inconscientes permeando o

campo transferencial.

Ao se referir à utilização das técnicas analíticas, Zimerman (1999) define a

interpretação como um produto final entre comunicação transferencial, emitida pelo

paciente e a reação contratransferencial despertada no analista. Para ele, o manejo

da interpretação precisa ocorrer através da “acolhida, seguida de transformações em

sua mente e finalmente a devolução, sob a forma de formulações verbais”(ZIMERMAN, 1999, p. 379).

Em seu estudo sobre o amor e o ódio na contratransferência Antonelli (2006),

ressalta que Heimann (1950) alertou à possibilidade da interpretação dentro da

tarefa analítica tornar-se empobrecida, caso o analista não fizer uma consulta aos

próprios sentimentos, sendo fundamental subordinar essas reações ao tratamento.

Freud (1969, p. 177) salientou a importância da interpretação como manejo

dentro do processo terapêutico e destacou que o maior desafio incide nainterpretação da transferência:

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Todo principiante em psicanálise provavelmente se sente alarmado, deinício, pelas dificuldades que lhe estão reservadas quando vier a interpretaras associações do paciente e lidar com a reprodução do reprimido. Quandochega a ocasião, contudo, logo aprende a encarar estas dificuldades comoinsignificantes e, ao invés, fica convencido que as únicas dificuldades sérias

que tem de enfrentar residem no manejo da transferência.

Não se pode tratar do tema da contratransferência e seu manejo, sem ocupar-

se da importância da relação entre analista e paciente e a qualidade do vínculo que

será estabelecido. Sousa (2009) esclarece e oferece uma distinção entre relação e

vínculo. Para ela, o vínculo é marcado pelo reconhecimento do outro, já a relação

seria um estado de indiferenciação eu-outro. Sendo assim, entre analista e paciente,

existe o vínculo possibilitando que ambos se façam presentes com imprevisibilidade,

e uma relação, onde há a previsibilidade de repetição, sendo imprescindível nesse

caso o uso da interpretação.

Portanto, para que o terapeuta possa utilizar técnicas de manejo terapêutico,

incluindo da contratransferência, é fundamental que a relação terapêutica esteja

estabelecida, e desta forma, o profissional poderá trabalhar em cima das prováveis

repetições que farão parte das demandas do paciente e que servirão como material

de análise dentro do processo terapêutico.

1.3 Relação Terapêutica

O psicoterapeuta (analista ou psicólogo analista) deve permanecervulnerável e ainda assim reter seu papel profissional durante suas horas detrabalho. Acho que o analista profissional que mantém comportamentocorreto está mais à vontade do que o analista que (ainda que comcomportamento correto) retém a vulnerabilidade que faz parte de umaorganização defensiva flexível (WINNICOTT, 1983).

Winnicott (1983) demonstra com clareza o valor que atribui ao analista manter

a sua vulnerabilidade diante do impacto que será causado pelo seu paciente, sendo

obviamente, necessário conciliar a isso a postura profissional, desde que livre de

estruturas defensivas que certamente impedirão de manter a situação analítica.

A conduta do terapeuta será crucial para que o paciente possa experenciar e

vivenciar a sua totalidade psíquica, de forma que ocorra um afastamento da posição

limitadora da psicopatologia. A pessoa do terapeuta através de uma presença

profissional plena irá oferecer uma sustentação dentro do processo, através do

“holding”  (MENCARELLI; VAISBERG, 2007).

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Para que ocorra o processo psicanalítico, Zimerman (1999) afirma que é

necessária a construção de um espaço chamado setting . Winnicott (1978), ao se

referir ao setting   analítico, explica que este precisa “possibilitar ao paciente viver

pela primeira vez aquilo que já foi vivido”, ou seja, os movimentos de repetição do

paciente estão em busca de integração do self , o que gera a necessidade de alguém

que acolha esta demanda, proporcionando ao paciente o holding , ou seja,

sustentação emocional.

Atribuindo a mesma significância ao setting , em outras palavras, Andrea (2006)

explica que este precisa ter um caráter de segurança, onde será possível

experimentar e modificar experiências passadas que não estão bem resolvidas.

Um outro fator é lembrado por Sandler, Dare e Holder (1986), comofundamental para o estabelecimento da relação terapêutica, a aliança terapêutica.

Estes autores explicam a importância da existência de uma aliança entre paciente e

analista, porém, salientam o imenso valor dessa aliança terapêutica, principalmente

nos momentos em que o paciente sozinho não irá dispor de recursos emocionais

para suportar o peso do tratamento. Os autores definem esta aliança como sendo

uma aceitação por parte do paciente, de nível consciente ou inconsciente, da ajuda

do terapeuta em suas limitações emocionais e apesar das resistências, internas eexternas, um desejo de contribuir na tarefa analítica para a necessidade de

enfrentamento dos problemas existentes.

Todos esse fatores da técnica e prática analítica são muito coerentes quando a

intenção é estabelecer uma situação favorável para que o paciente possa se

beneficiar do tratamento. Além disso, cabe ao terapeuta, ter a preocupação de

desenvolver o seu autoconhecimento, de forma paralela e constante ao trabalho na

clínica, para que suas questões pessoais não venham a ser um impedimento noprocesso analítico, sendo bastante saudável a revisão e tratamento de conflitos em

um processo de análise pessoal.

1.4 Análise pessoal

O terapeuta seguidamente torna-se alvo de reações contratransferenciais

intensas devido aos casos clínicos e demandas com que se depara na atuação

clínica. Pode-se dar o exemplo do terapeuta que atende pacientes que foram vítimas

de trauma. Essa situação pode desencadear no profissional sofrimento psíquico,

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sendo uma evidência da impotência e da fragilidade dos terapeutas como pessoas

reais e com limitações (EIZIRIK et al ., 2006).

É desta forma que o tema da análise pessoal do terapeuta mostra-se

importante e necessário, pois adquire um significado valioso, a partir do momento

que o terapeuta começa a entender o psiquismo de seus pacientes após conhecer e

compreender o seu próprio mundo interno. Ter consciência das próprias limitações

parece ser uma atitude madura e essencial para que um bom trabalho seja

desenvolvido na clínica psicanalítica. A análise pessoal nesse caso, certamente será

uma forma de transformar essas possíveis limitações ou conflitos em possibilidades

de entendimento e maior conexão com as questões inconscientes do paciente.

A questão de formação do analista implicou a necessária distinção entreanálise terapêutica e análise didática. A primeira seria destinada para um paciente

portador de sofrimento psíquico ou psicopatologia. Já a segunda seria específica

para a formação do analista, onde o foco seria o acompanhamento de um

analisando aproximadamente normal (HERRMANN, 2008), com a intenção de

adquirir o título de analista.

Menezes (2008) relembra o tripé clássico existente na formação do analista:

análise, supervisão e estudo teórico. Porém, ressalta a delicada e polêmica situaçãodo ambiente e relações institucionais que estão implicadas na análise, já que os

candidatos ao título de analista passam pelo processo de análise por colegas da

própria instituição e alerta ao risco dessa relação analista-analisando facilitar a

alienação dentro de grupos de afinidade, ao invés de proporcionar uma afirmação

singular e profissional dentro da instituição.

Independente da natureza da análise, Thormann (2009, p. 1) lembra que “toda

a análise necessita de um ambiente especial para se processar, tanto no que serefere ao ambiente físico, quanto ao clima emocional apropriado para experenciar

algo único e raro”. A formação do analista, incluindo seu processo de análise

pessoal, ou seja, sua experiência como analisando, refletem questões de sua prática

e a forma como enfrentará seus desafios na clínica.

Em um outro estudo, Menezes (2009, p. 1) reflete sobre o maior desafio do

desempenho da função analítica: “poder aceitar ser a pessoa a quem o analisando

se dirige e, em algum momento, poder também tomar alguma distância e responder

a ele desde um outro lugar”.

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Outro grande desafio clínico refere-se ao fato de que atualmente, o

inconsciente do analista vem ganhando muito espaço na situação analítica, gerando

uma necessidade de repensar sobre a influência que as características da pessoa

do analista podem exercer neste processo, agregando mérito ao profissional que

puder utilizar e não negligenciar tal presença, de forma que seja mais um

instrumento no exercício da função analítica (MACHADO, 2009).

2 MÉTODO

2.1 Delineamento

A presente pesquisa se caracterizou por um estudo de natureza qualitativa.Richardson (2007) recomenda que a pesquisa qualitativa é o método de

investigação mais adequado em situações que o pesquisador deseja analisar fatores

de ordem psicológica, motivacional e expectativas. “No paradigma qualitativo, o foco

é sobre o subjetivo; perspectiva de dentro para fora, os dados são reais, ricos e

profundos, não é generalizado [...]” (REICHARDT apud  SCARPARO, 2000, p. 56).

2.2 ParticipantesOs participantes deste estudo foram quatro terapeutas de orientação analítica

que atuam no contexto clínico no Vale do Paranhana, com especialização na área

clínica com enfoque psicanalítico e com pelo menos cinco anos de atuação na área

clínica. O número de participantes respeitou a saturação de dados e os mesmos

foram escolhidos por conveniência.

2.3 Instrumento para coleta de dadosO instrumento utilizado para obtenção dos dados sobre o manejo da

contratransferência no contexto clínico, foi uma entrevista semiestruturada (como

consta no apêndice A do artigo). Para Cunha (1993), a entrevista pode ser definida

como um ato criativo e “a espinha dorsal de todas as profissões que lidam com a

saúde mental” (p. 29). Este autor ainda divide a entrevista em focos (transferência e

contratransferência) e objetivos (diagnóstico, prognóstico e tratamento). Para que

ocorra um manejo do entrevistador de todas as possibilidades e imprevisibilidades

que podem surgir na singularidade de cada entrevista, é necessário que este possa

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apoiar-se em embasamento teórico e prático e ainda em recursos experenciados e

introjetados em seu self  (SACARPARO, 2000).

2.4 Procedimentos para coleta de dados

Primeiramente foi encaminhado o projeto de pesquisa ao comitê de ética do

curso de Psicologia da FACCAT para aprovação. Após a aprovação, foi feito contato

telefônico com a finalidade de agendamento da data, horário e local para a

realização da entrevista com os psicólogos selecionados. A realização da coleta de

dados através da entrevista ocorreu no próprio consultório do psicólogo ou outro

local de trabalho do profissional (local de atuação clínica, além de sua atuação em

consultório). “É relevante o contato telefônico que antecede a entrevista com fins deobter informações para formular previamente hipóteses diagnósticas e estratégias de

trabalho” (SCARPARO, 2000, p. 105). Posteriormente, foi lido e assinado o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo a entrevista gravada e posteriormente

transcrita. As participações dos terapeutas ocorreram de forma voluntária e não

trouxe nenhum privilégio, seja ele de caráter financeiro ou de qualquer natureza. Foi

preservado o sigilo e a privacidade da identidade dos mesmos, tendo reservado o

direito de omissão de dados.

2.5 Procedimentos para análise dos dados

Após a coleta dos dados através das entrevistas, as informações obtidas na

observação e na entrevista foram transcritas, repassadas aos entrevistados para

aprovação da transcrição, sendo analisadas através do método de análise de

conteúdo de Bardin (1977). Esta análise consiste em técnicas que tratarão das

comunicações existentes na pesquisa e é composta por três fases: pré-análise,inferência e interpretação (BARDIN, 1977). Segundo Bardin (1977) a análise de

conteúdo é um conjunto de instrumentos metodológicos que se aplicam a dados, a

fim de torná-los passíveis de análise e tratamento científico. No final através deste

método, pretende-se obter uma síntese de acordo com o referencial teórico já

escolhido. A metodologia qualitativa, análise de conteúdo, foi escolhida para que o

tema contratransferência, assim como seus sentimentos subjetivos, possam ser

entendidos com maior profundidade (EIZIRIK et. al ., 2007).

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3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

3.1 Categoria A – A Relação Entre Análise Pessoal e Contratransferência 

A análise pessoal é apontada pelos entrevistados como um aspecto bastante

significativo tanto para o entendimento da contratransferência, como para a sua

utilização em termos de técnica, demonstrando que o uso adequado passará pelas

questões subjetivas do terapeuta. Devido à predominância do tema, essa categoria

é trabalhada inicialmente.

3.1.1 Categoria A1 – A análise pessoal: a subjetividade do terapeuta na utilização da

contratransferênciaEsta sub-categoria revela a influência que a análise pessoal do terapeuta

exerce na utilização da técnica psicanalítica, através da verificação de sua

contratransferência. Os entrevistados demonstraram total consenso em relação à

íntima ligação destes dois aspectos e a grande relevância dentro da prática clínica: 

O comentário a seguir, do 2º entrevistado, comprova a vulnerabilidade

emocional que o terapeuta pode apresentar em relação às questões do seu paciente

e a forma como algumas situações podem ocasionar mobilização, lembrando anecessidade de rever esses sentimentos em análise pessoal: “[...] Porque não

adianta, o paciente te traz coisas, pode entender que aquilo é dele, mas tem

momentos que tem que ir lá (análise), pra alguém te ajudar a compreender porque

aquilo mexeu tanto contigo, ou até se não tem vontade de atender alguém [...]”

(INFORMAÇÃO VERBAL)4. 

A fala do entrevistado converge com a visão de Nacif (2010), quando salienta

que a pessoa do analista será a principal ferramenta do terapeuta psicanalítico, justificando a necessidade da análise pessoal. Este autor menciona que alguns

elementos primitivos e inconscientes podem agir no processo de escuta do paciente.

Outra importante atribuição à análise pessoal do terapeuta é dada por Sampaio

(2010), quando explica que o insight precisa ser um instrumento para o terapeuta,

que somente será possível através da manifestação de seus aspectos inconscientes

primitivos já elaborados e que serão identificados no paciente. Esse processo é

possível mediante o trabalho do terapeuta em sua análise pessoal.

4  Todas as informações contidas neste capítulo foram obtidas oralmente com os participantes dapesquisa.

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O entrevistado 4 afirma de forma incisiva, a impossibilidade de atuação dentro

da esfera psicanalítica sem ter vivenciado um processo de análise pessoal. Tal

afirmação evidencia a importância do terapeuta trabalhar em si suas questões

pessoais para sua atuação profissional: “[...] Eu não consigo imaginar um

terapeuta... podendo até compreender a questão, e podendo utilizar a

contratransferência no processo, na relação com o paciente, eu não consigo

imaginar, alguém podendo ter essa noção de transferência e contratransferência,

sem ter vivido isso (análise)... então assim, pra mim... é básico [...]”.

O participante procura demonstrar em sua fala, que a complexidade da prática

exige do terapeuta um trabalho com as suas questões pessoais. Ao se referir às

características de um terapeuta psicanalítico, as autoras Souza e Teixeira (2004) explicam que este precisa ter certos atributos, e estar em constante

aperfeiçoamento, já que a atuação profissional exige tamanha responsabilidade.

Dentre alguns atributos os autores referem a consciência deste terapeuta da

importância da análise pessoal.

3.1.2 Categoria A2 – O manejo terapêutico da contratransferência: técnica

psicanalíticaO manejo terapêutico está associado à aplicação e vivência da teoria

psicanalítica em seu conjunto de técnicas. Os relatos dos entrevistados explicitaram

a complexidade da prática clínica dentro desses moldes, demonstrando certa

dificuldade de abstrair o conceito de contratransferência, apresentando uma

tendência nos entrevistados de responder às questões dentro de aspectos gerais da

técnica psicanalítica. Outro dado interessante e predominante entre os participantes

da pesquisa acerca do manejo, é de como isso ocorre de forma particular com cadapaciente:

O entrevistado 3 aborda a questão das características individuais do paciente

como algo que irá influenciar na forma de manejo terapêutico: “[...] O manejo da

contratransferência, com cada paciente... Acho que vai depender um tanto das

questões individuais do paciente, como ta aquele atendimento, porque todos os

atendimentos são diferentes [...]”.

Complementando a fala do entrevistado, Isolan (2005) afirma que as questões

individuais tanto do paciente quanto do terapeuta, serão determinantes nos

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movimentos transferenciais-contratransferenciais. Ele salienta que o gênero e o

momento em que cada membro desse par se encontra em termos de

desenvolvimento e etapa do ciclo vital também serão grandes influências em tais

movimentos. Sobre esse manejo diferenciado em relação às características

individuais do paciente, Romaro (2002) explica que deve ser analisado às possíveis

dificuldades e os potenciais de cada paciente, a fim de agregar à relação

transferencial os possíveis avanços.

A seguinte fala revela a importância do terapeuta estar atento ao manejo da

contratransferência com cada paciente em específico, assim como o entrevistado

acima, sendo que o terapeuta precisa ter a sensibilidade e empatia para revelar ou

não os sentimentos contratransferenciais, levando em conta as necessidades dopaciente: “[...] Se for benéfico pro tratamento do paciente, então... pode influenciar,

sim, de alguma forma nesse sentido, de ser exposto... ou de se falar sobre isso com

o paciente, mesmo que não for dito, eu acho que é importante a gente poder pensar

sobre esses sentimentos que aparecem [...]”.

Ao tratar sobre o manejo da contratransferência, Zusman (2006), refere o

cuidado que o analista deve ter no conteúdo a ser revelado ao paciente sobre o que

está sendo experimentado pela via contratransferencial, pois cabe ao analistapermitir ao paciente trilhar esse novo caminho e não ser substituído por um que o

terapeuta queira propor.

O 3º entrevistado novamente contribui e deixa evidente em sua fala, a

complexidade da prática clínica, assim como a dificuldade de pôr em palavras essa

experiência: “[...] Toda a questão da vivência... como passar por essas questões... a

teoria é diferente da prática... não é que é diferente, mas a teoria não consegue

explicar a prática numa forma assim tão clara, por mais que se tente [...]”.Palhares (2008, p. 4) demonstra a veracidade da fala do entrevistado acima

quando explica que “a vivência clínica aponta para algo que não é possível objetivar

numa escrita, ou numa apresentação, exatamente pela ruptura, em alguns casos

radical, da lógica temporal e espacial”. O mesmo autor refere “manejo” como a

articulação entre transferência e contratransferência, assim como a “vivacidade”

dessa experiência, sendo isso traduzido em prática psicanalítica.

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3.1.3 Categoria A3 – Análise pessoal e supervisão/formação: Base para a prática

clínica e conseqüentemente para se utilizar e abstrair a contratransferência

A questão da relação entre análise pessoal e vivência de supervisão/formação,

é vista nesta sub-categoria, através dos relatos dos participantes da pesquisa, como

algo importante dentro do processo analítico e trabalho na clínica em geral, sendo

valioso apoio em momentos de possíveis impasses terapêuticos, ou simplesmente

para trabalhar e compreender melhor as manifestações contratransferenciais e

questões pessoais do terapeuta para o fortalecimento profissional. Além disso, é

possível identificar uma importante atribuição por parte dos terapeutas ao tripé:

Conhecimento teórico, supervisão e análise pessoal como fatores essenciais para se

utilizar e abstrair a contratransferência:O entrevistado 2 descreve em um mesmo relato, a dificuldade de poder abstrair

alguns conceitos, dentre eles a própria contratransferência e ainda comenta a

importância do processo de supervisão dentro da clínica: “[...] Então, conceitos, que

o próprio conceito é difícil, daí discriminar no trabalho... É difícil da gente

discriminar... É complexo... Daí na supervisão relata... Porque às vezes a gente ta

relatando e já ta pensando, se dando conta [...]”.

Zaslavsky, Nunes e Eizirik (2003, p. 5) complementam a idéia do entrevistado,esclarecendo que a supervisão é um mecanismo pelo qual o supervisionando

poderá aprimorar as suas competências e ainda elaborar meios para perceber as

suas limitações frente à complexidade de um determinado paciente. Os autores

destacam que a supervisão é uma maneira eficiente do terapeuta desenvolver

“habilidades terapêuticas”.

O entrevistado 2 revela a importância do tripé da formação psicanalítica para a

atuação clínica e a forma como o tempo de atuação e a experiência vão fortalecendoa prática. Já o 3º participante, deixa claro a importância que a supervisão e a análise

desempenham no sucesso terapêutico e a forma como vão auxiliar o terapeuta na

compreensão da contratransferência: “[...] É fundamental. Eu acho que é uma

construção que foi se dando ao longo... enfim, da minha atuação clínica [...] E isso

eu tenho pra mim muito claro que foi uma construção, também das minhas de

leituras, do meu estudo [...] De aproveitar o que tu lembra [...]”. Afirma, ainda, “[...]

Depois ou pra além do tratamento do paciente tem toda a questão da supervisão, da

análise pessoal, porque a gente também tem que trabalhar a questão da

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contratransferência [...] tem que entender o que é contratransferencial em outros

espaços... como a supervisão e a análise [...]”.

A essência do trabalho psicanalítico é descrita por Zaslavsky, Nunes e Eizirik

(2003, p. 2) através dos “três pilares básicos: a análise didática, os seminários

teóricos e a supervisão clínica de análises”. Para esses autores, esse modelo

reforça a busca constante de aperfeiçoamento para a atuação clínica e atribuem à

supervisão uma importante fonte de aprendizagem sobre fenômenos

contratransferenciais.

3.2 Categoria B – A contratransferência na relação terapêutica

O relacionamento que ocorre entre terapeuta e paciente se mostra como baseessencial para o desenvolvimento de um trabalho terapêutico, sendo a mola

propulsora para que o processo analítico possa acontecer, na busca da melhora

desse paciente. A própria utilização das ferramentas técnicas, incluindo a

contratransferência, será possível se o vínculo entre a dupla analítica estiver

estabelecido. Pôde-se constatar pelo relato dos entrevistados essa realidade dentro

da prática clínica nas seguintes sub-categorias:

3.2.1 Categoria B1 – A contratransferência na formação da aliança terapêutica

Esta sub-categoria demonstra de que forma ocorre a formação do vínculo entre

paciente e terapeuta na situação analítica, principalmente através do uso da

contratransferência, estruturando a relação entre ambos:

O entrevistado 1 demonstra a possibilidade da contratransferência ser utilizada

como forma de elo entre o terapeuta e paciente, estreitando e aproximando a dupla:

“[...] Porque se tu identifica a contratransferência, o que tu ta sentindo e de certaforma verbaliza ou coloca isso à tona pro paciente, ele sente que tu ta

compreendendo ele [...]”.

Ao refletir sobre a importância da transferência e contratransferência como

material de análise, Andrea (2006, p. 1) explica que:

[...] para que esses conceitos se convertam em material [...] é necessárioque o terapeuta possa ouvir o que é dito, tentando compreender osignificado daquela fala dentro da relação que ambos estão vivendonaquele momento específico.

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Desta forma, o terapeuta mantém sua atenção na subjetividade do paciente e

possíveis manifestações contratransferenciais como forma de desenvolver a relação

entre ambos.

Através da afirmação de Gomes, Ceitlin, Hauck e Terra (2008, p. 2), podemos

descrever a aliança terapêutica como “uma relação positiva e estável entre terapeuta

e paciente, que permite levar a cabo uma psicoterapia de orientação analítica”. Os

autores ainda salientam a necessidade da atenção do terapeuta em relação às

intervenções terapêuticas, que precisam ser consideradas para o fortalecimento

constante da aliança terapêutica.

Portanto, é possível associar a fala do entrevistado em relação à utilização da

contratransferência, como intervenção terapêutica promotora da aliança entreterapeuta e paciente. Sandler, Dare e Holder (1986, p. 29) lembram que o

psicanalista jamais pode se eximir de uma importante tarefa: “favorecer o

desenvolvimento de uma aliança terapêutica”, que certamente ocorrerá durante todo

o processo de tratamento do paciente.

3.2.2 Categoria B.2 – Contratransferência: Veículo de manutenção da relação

terapêutica e processo analíticoQuando a relação terapêutica foi estabelecida com qualidade, pode-se dizer

que o processo analítico está realmente ocorrendo, de forma que a utilização da

contratransferência proporcione a manutenção desse processo e a evolução do

paciente:

O 1º entrevistado propõe as manifestações contratransferenciais como reações

inevitáveis no terapeuta, principalmente em relação à situações traumáticas e

difíceis para o paciente. A forma como o terapeuta vai lidar com essas reações edevolver ao paciente, são cruciais para a melhora do mesmo e para a manutenção

da relação terapêutica: “[...] Por exemplo, sei lá, ele ta te contando uma coisa, ele ta

com muita raiva, ele ta contando aquilo e aquilo tu também fica com raiva, o jeito que

ele fala é agressivo e tu também fica com raiva, aquele sentimento vem [...] e tu

poder nomear isso: ‘acho que tu ficou muito brabo, ficou muito chateado’, ele se

sente entendido [...]”.

Através dessa situação clínica relatada pelo entrevistado, se percebe que o

terapeuta pode compartilhar de reações emocionais de sofrimento em situações

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traumáticas trazidas pelo paciente, sendo importante desenvolver capacidades para

lidar e proteger seu psiquismo desses sentimentos contratransferenciais. Como

afirmam Eizirik et. al. (2006, p. 6):

“... Essas capacidades são fundamentais para o bom desenvolvimento darelação terapêutica, que, por sua vez, é uma das principais ferramentaspara a restituição da confiança e segurança interna dos pacientestraumatizados”.

O entrevistado contribui com uma importante situação existente na clínica,

onde o movimento contratransferencial contribui para a constante manutenção da

relação entre terapeuta e paciente, gerando concomitantemente o alívio do

sofrimento do paciente.

O 4º entrevistado salienta a maneira como a contratransferência vai contribuir

para a evolução do paciente e como a preocupação do terapeuta em fortalecer a

relação de ambos para buscar a melhora desse paciente é decisiva no resultado

terapêutico: “[...] No momento em que eu, lanço mão dessa ferramenta, pra poder

compreender os sentimentos do paciente através dos meus sentimentos, eu to

contribuindo para evolução do processo de terapia dele [...] pensando no bem-estar

desse paciente, eu começo a compreender como é que esse paciente funciona [...]”.Zimerman (2004) utiliza o termo “atitude psicanalítica interna do analista” para

demonstrar a forma como recursos psíquicos desse profissional serão fundamentais

no setting  como forma de suprir as demandas do paciente até que o mesmo possa

desenvolvê-las. O autor afirma que essa atitude somada a uma postura mais ativa

no processo de análise, através da subjetividade do terapeuta, inclusive em relação

às interpretações, serão decisivas na evolução do tratamento.

Fica evidente que a contratransferência está associada à evolução do processoanalítico e também com a qualidade da relação que será experenciada no processo,

de forma que essa relação já é um importante suporte psicológico para o paciente.

Ao se referir à qualidade afetiva existente no campo analítico, Sampaio (2010)

lembra que a relação da dupla se dá em diferentes níveis: “ambiente, objeto e

sujeito”. Essa experiência será possível a partir do oferecimento que o terapeuta faz

de si próprio ao paciente, para que este possa utilizá-lo nesses diferentes níveis.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo possibilitou uma identificação mais minuciosa acerca da maneira

como os psicólogos clínicos que representam o Vale do Paranhana utilizam a

contratransferência e de que forma ocorre este manejo. A tarefa mostrou-se

complexa pelo fato do próprio conceito ser de difícil abstração, porém não menos

significativa, já que o conteúdo dos relatos dos participantes contribuiu com uma

maior visualização do tema e seus desdobramentos na prática.

Os dados coletados com os psicólogos de orientação analítica do Vale do

Paranhana mostraram que a análise pessoal é o aspecto mais lembrado e associado

ao tema contratransferência. Os resultados apontam para esse aspecto como um

tipo de “pilar” que vai possibilitar ao terapeuta entrar na situação analítica manejandoa contratransferência, e conseqüentemente obtendo êxito através do alívio do

sofrimento dos pacientes.

Essa grande predominância do aspecto da análise pessoal parece justificar a

expressão “pessoa do analista”, bastante difundida e utilizada atualmente,

demonstrando que o terapeuta é uma pessoa real no tratamento, que sofre o

impacto emocional causado pelo paciente. Sendo assim, não há como negar essa

realidade no contexto clínico, sendo fundamental e não apenas aconselhável, que omesmo trabalhe a sua subjetividade em processo de análise.

Foi identificada uma tendência dos psicólogos de tratarem o manejo da

contratransferência dentro de um conjunto mais amplo de técnicas psicanalíticas,

sugerindo uma difícil abstração da contratransferência e ao mesmo tempo, a

complexidade de pôr em palavras as características do manejo na prática. Outro

fator que esteve associado ao manejo foram as características individuais do

paciente e da influência que esse fator exerce no momento de fazer o manejoterapêutico da contratransferência.

Esses achados demonstram a complexidade da prática clínica, pois desta

forma não podemos contar com uma “fórmula”, já que cada nova dupla formada,

paciente-terapeuta, vai proporcionar um determinado campo transferencial e

conseqüentemente formas particulares de reações contratransferenciais. O

diferencial neste caso, segundo as contribuições dos entrevistados, mostrou ser a

seriedade como cada profissional conduz a sua formação, valorizando aspectos

relacionados à supervisão e novamente à análise pessoal, compondo o tripé

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clássico da formação de um terapeuta psicanalítico. Os entrevistados comprovaram

que este modelo além de fortalecer a atuação clínica, também valoriza a prática

como um processo de constante aprendizagem, construção e crescimento.

O conteúdo analisado também possibilitou a contribuição acerca da maneira

como a contratransferência estrutura, fortalece e mantém a relação entre terapeuta e

paciente. Além de reforçar o vínculo e a aliança terapêutica, a utilização da

contratransferência mostrou-se como fonte de um importante suporte psicológico

para o paciente, mantendo vivo o compromisso terapêutico.

Além dos resultados acima mencionados, conclui-se que este estudo pôde

contribuir com a exploração de um tema bastante rico para os psicólogos que atuam

e que pretendem atuar na área clínica. Além disso, houve o objetivo de instigar nomeio acadêmico e em psicólogos principiantes, a relevância que as reações

contratransferenciais terão no trabalho clínico psicanalítico, já que o paciente

manterá em qualquer espaço terapêutico a sua complexidade enquanto ser humano.

O estudo demonstra a importância e necessidade dessa realidade ser trabalhada já

no momento da formação acadêmica.

Sugere-se a continuidade dos estudos da contratransferência com psicólogos

clínicos em espaços específicos de clínica e com tempos de atuação clínicadiferenciados, a fim de se identificar como ocorrem essas reações com pacientes em

situações diferenciadas e de que forma o tempo de atuação impacta no manejo da

contratransferência.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A - Roteiro de entrevista semiestruturada

1) Qual a relevância que você dá para a contratransferência em sua prática

clínica?

2) E para o manejo da contratransferência, qual a importância, em sua opinião?

3) Ainda de acordo com a sua prática profissional no âmbito e contexto clínico,

qual o papel da análise pessoal para a sua atuação?

4) Como você vê a questão da análise pessoal e o manejo da

contratransferência?

5) Como você vê a questão da contratransferência e a relação terapêutica?