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12 Setembro · 2016 A MIGOS DA CANA O maestro Landell MARCOS LANDELL CUIDA DA AFINAÇÃO E DA HARMONIA DE UM DOS PRINCIPAIS PROGRAMAS DE PESQUISAS COM CANA-DE-AÇÚCAR DO PAÍS, O DO IAC Marcos Landell, pesquisador e garoto- propaganda da inovação no manejo varietal Clivonei Roberto e Luciana Paiva E ntre o inal da década de 1980 e iní- cio dos anos de 1990, não era raro um caminhão levando dezenas de trabalhadores rurais estacionar à margem da rodovia Antonio Duarte Nogueira, pró- ximo à Fazenda Experimental de Ribeirão Preto, para dar carona a Marcos Guimarães de Andrade Landell, jovem pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), da Secreta- ria de Agricultura e Abastecimento do Es- tado de São Paulo. Viajar na boleia do caminhão não era problema para Landell. Apaixonado pelas pesquisas, não media esforços para acom- panhar de perto os experimentos com ca- na-de-açúcar. Se as usinas eram o melhor campo de aprendizado, então era para lá que Landell se dirigia. Era uma época em que a cultura ca- navieira perdia em importância dentro do IAC. Apesar da tradição do Instituto em cana-de-açúcar, que vem desde o inal do Século XIX, sua seção de cana havia sido fechada em 1989, e apenas persistiam al- gumas ações isoladas, tocadas em dife- rentes pontos do estado. Em Ribeirão Pre- to, além de não haver veículo próprio para ir até os ensaios, Landell praticamente to- cava sozinho na região alguns projetos em cana. Desde quando cursava Agronomia

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12 Setembro · 2016

AMIGOS DA CANA

O maestro LandellMARCOS LANDELL CUIDA DA AFINAÇÃO E DA HARMONIA

DE UM DOS PRINCIPAIS PROGRAMAS DE PESQUISAS

COM CANA-DE-AÇÚCAR DO PAÍS, O DO IAC

Marcos Landell, pesquisador e garoto-propaganda da inovação no manejo varietal

Clivonei Roberto e Luciana Paiva

E ntre o inal da década de 1980 e iní-

cio dos anos de 1990, não era raro

um caminhão levando dezenas de

trabalhadores rurais estacionar à margem

da rodovia Antonio Duarte Nogueira, pró-

ximo à Fazenda Experimental de Ribeirão

Preto, para dar carona a Marcos Guimarães

de Andrade Landell, jovem pesquisador

do Instituto Agronômico (IAC), da Secreta-

ria de Agricultura e Abastecimento do Es-

tado de São Paulo.

Viajar na boleia do caminhão não era

problema para Landell. Apaixonado pelas

pesquisas, não media esforços para acom-

panhar de perto os experimentos com ca-

na-de-açúcar. Se as usinas eram o melhor

campo de aprendizado, então era para lá

que Landell se dirigia.

Era uma época em que a cultura ca-

navieira perdia em importância dentro do

IAC. Apesar da tradição do Instituto em

cana-de-açúcar, que vem desde o inal do

Século XIX, sua seção de cana havia sido

fechada em 1989, e apenas persistiam al-

gumas ações isoladas, tocadas em dife-

rentes pontos do estado. Em Ribeirão Pre-

to, além de não haver veículo próprio para

ir até os ensaios, Landell praticamente to-

cava sozinho na região alguns projetos em

cana.

Desde quando cursava Agronomia

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na Unesp (Universidade Estadual Paulista)

de Jaboticabal, onde também ingressou no

Mestrado em Produção Vegetal, Landell já

tinha uma clareza: queria ser pesquisador.

Seu sonho começa a virar realidade em

1981, quando passou no concurso para

pesquisador no IAC. No primeiro ano, de-

dicou-se mais a estudos na área de nutri-

ção, na sede da instituição, em Campinas.

Depois começou a participar de atividades

de melhoramento genético e em 1983 tor-

nou exclusivo dessa área.

Trabalhava na Seção de Cana-de

-açúcar. Um departamento que estava em

processo de esvaziamento, com muitos

pesquisadores se aposentando ou saindo.

Landell era dos poucos novos pesquisado-

res. “Havia certo desânimo no IAC em tra-

balhar com cana naquele momento. Ape-

sar de ser o boom do Proálcool, naquela

época a Copersucar e o Planalsucar eram

muito fortes. Tinham centenas de pesqui-

sadores, enquanto o IAC havia contratado

três novos pesquisadores para repor ou-A paixão pelas pesquisas com cana-de-açúcarfoi determinante em sua proissão

Participar de apresentações divulgando a importância do melhoramento genético e acompanhar o trabalho realizado por usinas e produtores é rotina para Landell

AMIGOS DA CANA

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tros três que haviam saído”, relembra.

Já conquistado pela cultura canaviei-

ra, Landell participou de um projeto cha-

mado Pró-Oeste, que visava expandir a

cultura no Oeste do estado. Conseguiu,

junto ao IAC, autorização para o doutora-

do, que fez em Jaboticabal, em Produção

Vegetal, mas com orientação em Melhora-

mento Genético de Cana-de-açúcar.

Em 1987 pediu transferência para a

unidade ribeirão-pretana do IAC. No en-

tanto, esse cenário no Instituto, de pou-

ca valorização à cultura canavieira, colo-

cou o jovem pesquisador em um dilema:

era apaixonado pelo mundo das pesqui-

sas, mas havia sido convidado para traba-

lhar na iniciativa privada, por um salário

tentador. O que fazer???

Para a sorte da canavicultura, Landell

colocou a paixão em primeiro lugar, optou

por continuar no IAC. Ainal, não poderia

abrir mão de seus ideais. Porém, se impôs

um desaio: “não iria me enterrar no fun-

cionalismo público e me acomodar na es-

tabilidade do cargo, iria desenvolver fer-

ramentas que izessem a diferença para o

setor.”

O renascimento

da cana no IAC

Um marco importante para o fortale-

cimento da cana-de-açúcar no IAC acon-

teceu em 1991, quando Landell e alguns

outros proissionais do setor sucroenergé-

tico passaram a realizar reuniões técnicas

em Ribeirão Preto. “Era na verdade um ha-

ppy hour, que fazíamos num bar que nem

existe mais chamado “Ao Leste do Éden”.

Momentos das reuniões do Grupo Fitotécnico nos anos de 1990

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Ali discutíamos sobre espaçamento, varie-

dades, modo de plantio, doenças, pragas,

ervas daninhas. Saíamos de lá com os bol-

sos cheios de anotações feitas em guar-

danapos.” Mas como as esposas dos par-

ticipantes não estavam gostando muito

dessas reuniões no barzinho, passaram a

se encontrar no antigo auditório do IAC

de Ribeirão Preto. Era o embrião do Gru-

po Fitotécnico.

“Esse grupo foi uma grande universi-

dade para mim e para muitos outros que

passaram por lá. Passávamos uma tarde

toda discutindo diferentes temas. Aprendi

a plantar cana, adubar, dicas diversas, de

quebra lombo, como fazer para não estra-

gar cana, aplicação de herbicida. E sempre

com reuniões bastante abertas.”

O Grupo foi inspirador para a cria-

ção do Programa Cana IAC, no modelo

que existe hoje. Mas antes disso, a cana-

de-açúcar começou a renascer no Institu-

to a partir de 1994, quando os trabalhos

com a cultura passaram por uma reorga-

nização dentro do Instituto. “Fizemos um

projeto e a proposta foi aceita. Novos pro-

issionais foram contratados, cada um em

uma linha diferente de atuação, mas todos

trabalhando em sintonia, com projetos ca-

sados entre si.”

Com a equipe fortalecida, as ações

foram redirecionadas. Os projetos antigos,

que não tinham relação com a deman-

da, foram encerrados. Um novo modelo

O IAC realiza aulas práticas e dias-de-campo para disseminar

conhecimento sobre manejo varietal

AMIGOS DA CANA

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de gestão foi adotado. Hoje, o Centro de

Cana tem 14 pesquisadores. Além disso, a

equipe também é formada por funcioná-

rios públicos, estagiários, pós-graduandos

e proissionais contratados. Um grupo que

cresceu muito nos últimos onze anos, sob

a batuta de Landell.

A valorização da cana-de-açúcar

pelo IAC, a dedicação da equipe e a par-

ceria com o setor sucroenergético, fo-

ram o combustível que Landell precisava

para transformar seu desaio em realida-

de: produzir ferramentas que contribu-

am para o desenvolvimento da agroindús-

tria canavieira. Assim, o Centro de Cana

IAC transformou-se em uma referência na

área de pesquisas canavieiras. Realiza tra-

balho multidisciplinar dentro do Progra-

ma Cana IAC que envolve melhoramento

genético, ciências do solo, caracterização

de ambientes de produção, itotecnia, ma-

nejo de pragas e doenças e estimativa de

produção.

O IAC conta com rede de experimen-

tação em 11 Estados brasileiros, com cerca

de 160 empresas conveniadas. O resultado

dos trabalhos engloba o desenvolvimento

de vinte variedades IAC — 19 para o se-

tor sucroalcooleiro e uma para ins forra-

geiros. O Programa gera também eicien-

tes pacotes tecnológicos, que têm levado

a competitividade da canavicultura paulis-

ta a outros Estados brasileiros e ao exte-

rior (México, países da América Central e

Continente Africano.

Landell está na coordenação do Pro-

Em 2012, Orlando Castro, do IAC, o pesquisador Landell, e o escritor Augusto Cury na comemoração dos 20 anos do Grupo Fitotécnico de Cana-de-açúcar

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Ensaios conduzidos com Cana-de-Açúcar pelo Programa Cana IAC em Veracruz, México

grama Cana do IAC desde 2005. No dia

a dia, cabe a ele manter o time ainado,

com projetos inter-relacionados e bem fo-

cados. Nesta orquestra de vários talen-

tos, nem sempre o maestro Landell toca

os instrumentos, mas cuida para que as

pesquisas e a motivação nunca saiam do

compasso.

Do espetáculo da

cana-gigante ao

sucesso do MPB

A inovação passou a

ser a marca do Programa

Cana IAC, com o desenvol-

vimento de variedades de

alta produtividade e a de-

fesa da evolução das prá-

ticas de cultivo canaviei-

ro. Disseminar o conceito

de que o setor deve sair do

lugar comum e abrir espa-

ço no plantel varietal para

essas variedades de alto

desempenho, passou a ser

o novo desaio de Landell

que, como um caixeiro-viajante, saiu e sai

pelo mundo da cana vendendo a ideia de

que é possível produzir mais e melhor. E

tudo começa pela adoção de variedades

mais produtivas.

Entre as novas variedades com

alto potencial biológico estão as: IA-

CSP91-1099, IACSP93-3046, IACSP94-2094

Visitantes se encantam

com as canas-gigantes do IAC

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Mais uma atração no Jardim Varietal do IAC em Ribeirão Preto: clones de cana-energia, outra linha de pesquisa do Instituto

e IACSP95-5000, lançadas em 2007. De

acordo com Landell, essas variedades as-

seguram o ganho de produtividade de

1,5% ao ano. Segundo o

pesquisador, é possível

obter aumentos de 10%

a 30%, se os produtores

souberem explorar bem o peril desses

materiais, associando-os ao ambiente de

produção adequado.

Dentre essas variedades, a IAC91-

1099 e a IACSP95-5000 são as que mais

se destacam pela elevada produtividade

e concentração de sacarose. Comparadas

a materiais bastante cultivados comercial-

mente, a produtividade da IACSP95-5000

foi superior em 17,7% e a da IAC91-1099

em 11%. Esses valores correspondem a

uma variação na produção de 120 a 90 to-

neladas/hectare e de 140 a 95 toneladas/

hectare, respectivamente.

No jardim varietal do Centro de

Cana, em Ribeirão Preto, sob as condições

ideais de cultivo, essas variedades alcan-

çam seis metros de altura e apresentam

produtividade superior a 300 toneladas

por hectare. As variedades de alto poten-

cial genético do IAC tornaram-se famosas

mundialmente ao serem divulgadas pelo

meio on-line e chamadas de cana-gigante.

Mas ser variedade famosa não bas-

ta, precisa chegar aos canaviais e fazer a

diferença. Para isso, era necessário que-

Landell apresenta a José Paulo Stupiello, presidente da Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil (STAB), o desempenho das variedades de alto poder genético em condições favoráveis de desenvolvimento

20 Setembro · 2016

brar a resistência do setor em adotar no-

vas variedades.

Aí o IAC inovou novamente, desen-

volveu o sistema inédito que mudou o

conceito de plantar cana-de-açúcar: o de

Mudas pré-brotadas (MPB) - a tecnologia

de multiplicação que contribui para a pro-

dução rápida de mudas, associando eleva-

do padrão de itossanidade, vigor e uni-

formidade de plantio. Além de reduzir a

quantidade de mudas que vai a campo.

Para o plantio de um hectare de cana, o

consumo de mudas cai de 18 a 20 tonela-

das, no plantio convencional, para 2 tone-

ladas no MPB.

O novo sistema mudou o concei-

AMIGOS DA CANA

Ao lançar o sistema de muda pré-brotada, MPB, o IAC revoluciona o setor

O IAC promove cursos de produção de MPB e desenvolve parceria com associações de produtores para disseminar o sistema de muda pré-brotada

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to de multiplicação de mudas. Até então

era usado o método convencional, ado-

tado desde a chegada das primeiras ca-

nas ao Brasil, por volta de 1.530, em que

se abre o sulco e põe o colmo-semente

dentro. Com o MPB, passou-se a colocar a

planta. O sistema também incentiva a re-

tomada da formação de viveiros, e ao re-

duzir o tempo de utilização da cana-mu-

da, facilita a adoção de novas variedades

com maior potencial. O MPB também tem

um cunho social, pois é acessível do pe-

queno ao grande produtor.

O IAC iniciou em 2009 as pesqui-

sas de desenvolvimento do MPB, lança-

do oicialmente em 2012 e que já se tor-

nou um retumbante sucesso e mais um

exemplo de que Landell cumpre a pro-

messa de contribuir para fazer a diferen-

ça no setor.

Espírito empreendedor

e amante da MPB

Um dos diferenciais de Landell entre

os pesquisadores é seu dom de ser rela-

ções-públicas do Programa Cana e garoto

-propaganda das inovações. Ele conta que

esse seu lado empreendedor começou na

época de faculdade. Veio da necessidade

de contribuir com sua família para mantê

-lo estudando em Jaboticabal. Ao perceber

entre os alunos de faculdade demanda por

aulas de inglês, montou com um amigo de

república, um curso, isso em 1978. Saía à

noite para divulgar o curso e fazer matrícu-

la de quem estivesse interessado. Também

colava cartazes de propaganda nos postes

com cola de polvilho durante a madrugada

“Aquela escola me deu condição de con-

cluir a graduação e fazer o mestrado. Pude

estudar muito, porque tinha condições de

me manter. Não tinha muito tempo para

jogar bola, mas aquele esforço foi impor-

tante para o resto da vida.”

Nascido em Campinas, Landell che-

gou a Ribeirão aos três anos, quando seu

pai - um engenheiro da Cia. Mogiana de

Estradas de Ferro – foi transferido para

a cidade. Em 1991, casou-se com Adria-

na e têm três ilhos. O mais velho, Gabriel,

já é agrônomo e trabalha em uma multi-

nacional no Paraná. O segundo, Estevão,

faz faculdade de Agronomia em Jabotica-

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bal. Já o terceiro, João, ainda não resolveu

que carreira trilhar. “Ele me falou que pre-

tende fazer Agronomia, mas não imponho

nada”, fala o pai coruja.

Mas Landell não apenas inluenciou

indiretamente os ilhos na escolha da car-

reira. Como o pai, eles também são apai-

xonados por música. Os três tocam violão

e quando a família está reunida, a sala vira

um concerto improvisado. O gosto musi-

cal de Landell também veio de berço. Seus

pais e avós gostavam muito de música,

principalmente música brasileira. Sua mãe

tocava piano; e o pai, bandolim.

Aos dez anos, entrou no ginásio vo-

cacional, em Batatais, SP. Viajava todo dia

para ter aula em tempo integral. Um pe-

ríodo rico na sua formação. Foi quando

AMIGOS DA CANA

O jovem músico Landell com seu violão de 12 cordas

Em 1990, aos 33 anos, participa de apresentações musicais em Ouro Preto, ao lado do músico Paulinho Brasília

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aprendeu a tocar violão e compôs suas

primeiras músicas. Landell tem cerca de

150 composições de sua autoria, sendo

que parte é de músicas cristãs.

Já participou de vários festivais, inclu-

sive colecionando alguns prêmios, como

de melhor letra com a canção “Vila Rica”.

Na sua trajetória de artista musical,

Landell compôs músicas românticas para a

esposa – como “Simplesmente Dri” e “Toda

e Qualquer Forma de Amor” -, cantigas de

ninar e desenvolveu um projeto de músi-

cas sobre animais brasileiros, como lobo-

guará, bicho-preguiça e urubu-rei. Foram

músicas que compôs para ensinar crianças,

de maneira lúdica, sobre alguns animais da

fauna brasileira. Ele mesmo fazia a pesqui-

sa sobre os bichos, compunha as letras e

as músicas, e se apresentava nas escolas.

A iniciativa foi muito bem-sucedida. Uma

das composições que fez mais sucesso foi

sobre o lobo-guará, que é bastante per-

seguido nas comunidades rurais porque

se acredita que ele come galinha nas fa-

zendas. “Mas isso não é verdade, ele come

principalmente frutas, diferente do lobo

americano que é carnívoro e agressivo.”

Na correria do dia a dia, acabou dei-

xando a música em segundo plano, até

1996, quando voltou a ter contato com um

grupo cristão. “É um grupo sem religião

especíica, que se reúne na casa dos mem-

bros para falar sobre Jesus Cristo. Quem

o conhece se sente incomodado com o

cristianismo de resultado e a teologia da

prosperidade, que empobrece muito a fé.

Existem valores que são eternos.” Desde

então, Landell retomou a composição de

letras e melodias de músicas cristãs.

Sua preocupação é sempre trans-

mitir o que tem de melhor para o outro.

Seja em casa, nas letras das músicas, ou no

Centro de Cana do IAC, “eu me sinto um

grande garçom, para as pessoas virem se

servir do que precisam”. No setor sucro-

energético, sua vocação é levar o melhor

conhecimento para quem está disposto a

aprender. “Não faço isso para agradar nin-

guém, mas por convicção. E como nossa

vida é um caminho, temos que ter respon-

sabilidade a cada passo.”

Hoje, ao olhar para trás, percebe que

“Vila Rica”, composta por Paulinho Brasília (música) e Marcos Landell (letra)

“Apenas te olhar”, por Marcos Landell e José Maria da Costa

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sua opção por continuar no IAC há mais

de 25 anos valeu muito. “Tenho grande

satisfação de ter construído alguma coi-

sa para a agricultura brasileira, para a ca-

navicultura em especial, ao lado de outras

pessoas dentro do IAC que também são

apaixonadas pelo que fazem.” Para ele, sua

principal contribuição no Instituto não foi

em criação de tecnologias, mas “semear”

nas pessoas mais novas o sentimento de

“servir”. A satisfação de oferecer conheci-

mento e tecnologias a todo um segmento.

“O foco da minha carreira, hoje, é en-

gajar pessoas a se comprometerem com

este setor. Se cada uma, dentro de sua

área, identiicar quais são os gargalos da

produção, quais os pontos em que te-

mos de dar saltos, independente da polí-

tica pública, já estará dando grande con-

tribuição.” Landell almeja ver o dia em que

a agroindústria canavieira consiga se sus-

tentar pela própria produtividade e eici-

ência. “Felizmente o tempo de concretizar

os nossos sonhos já chegou. Estamos no

momento de por em prática tecnologias

transversais, como MPB, manejo varietal,

novas variedades, e praticar a canavicul-

tura dentro de uma nova visão. E quando

tudo isso frutiicar, toda cadeia da cana-de

-açúcar será alavancada.”

AMIGOS DA CANA

“Amor de meu amor”, por Marcos Landell e José Maria da Costa

Em novembro de 1974 aos 17 anos - a música

sempre fez parte da vida de Landell