o lugar da pobreza na agenda pública brasileira

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O lugar da pobreza na agenda pública brasileira Ilza Araújo Leão de Andrade – Pesquisadora do NAPP

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O lugar da pobreza na agenda pública brasileira. Ilza Araújo Leão de Andrade – Pesquisadora do NAPP. POBREZA : expressão mais forte da desigualdade social. Idade Média - a pobreza era vista como a resultante de uma situação de incapacidade para o trabalho - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: O lugar da pobreza na agenda pública brasileira

O lugar da pobreza na agenda pública brasileira

Ilza Araújo Leão de Andrade – Pesquisadora do NAPP

Page 2: O lugar da pobreza na agenda pública brasileira

POBREZA : expressão mais forte da desigualdade social

Idade Média - a pobreza era vista como a resultante de uma situação de incapacidade para o trabalho

Nas sociedades capitalistas - como condição degradante cuja responsabilidade era atribuída aos próprios pobres (indiferente à ética do trabalho).

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A natureza desigual de próprio capitalismo torna a pobreza um fenômeno difícil de ser eliminado

Consequência - a intervenção do Estado assume sempre a condição de “medidas que se estabelecem para evitar que a pobreza gere efeitos disfuncionais ao sistema

políticas compensatórias com a responsabilidade de aliviar/neutralizar as suas conseqüências sociais,

realização de um gasto público de uma certa envergadura que tornam a pobreza economicamente “disfuncional” se considerarmos os limitados efeitos dessas políticas

Page 4: O lugar da pobreza na agenda pública brasileira

O que é, afinal, a pobreza?

Ausência da possibilidade de satisfação de necessidades básicas como: alimentação, abrigo, saúde, educação, trabalho;

Carência do indispensável para exercer um mínimo de autonomia para prover a própria sobrevivência;

“A pobreza é um juízo de valor” (Molly Orshanski, socióloga americana);

A ausência da possibilidade de ser livre, de fazer escolhas, de tomar decisões sobre a sua própria vida.

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Políticas Públicas

o conjunto de ações e omissões que manifestam uma determinada modalidade de intervenção do Estado em relação a um problema que desperta a atenção, o interesse ou a vontade de outros atores na sociedade civil.

Page 6: O lugar da pobreza na agenda pública brasileira

A existência de uma política pública supõe etapas

a construção da agenda, a formulação da política, a sua implementação a avaliação.

Page 7: O lugar da pobreza na agenda pública brasileira

O que é a agenda pública?

espaço de constituição da lista de problemas ou de assuntos que chamam a atenção dos governos e dos cidadãos;

um conjunto inesgotável de questões que demandam respostas do poder público pela sua natureza problemática.

Page 8: O lugar da pobreza na agenda pública brasileira

Níveis no processo de constituição da agenda

a agenda sistêmica ou não-governamental- a agenda da sociedade.

a agenda governamental, formada pelo conjunto de problemas que merecem a atenção do governo;

A agenda de decisão, entendida como o conjunto de problemas que deverão ser objeto de decisão dos governos com vistas a uma futura intervenção.

Page 9: O lugar da pobreza na agenda pública brasileira

O que é necessário para entrar na agenda decisória?

ter visibilidade; mobilizar grupos importantes da sociedade; encontrar ambiente institucional favorável

para o seu enfrentamento; obter um consenso das elites.

Page 10: O lugar da pobreza na agenda pública brasileira

A presença da pobreza na agenda decisória

Visibilidade - A pobreza urbana e em especial a metropolitana passa por um processo de espetacularização em virtude das suas mais variadas conseqüências, sendo a principal delas o aumento assustador da violência urbana;

Page 11: O lugar da pobreza na agenda pública brasileira

Mobilização

O sentimento de impotência e a naturalização da situação em que vivem produz acomodação nos pobres;

o alívio da pobreza e de suas manifestações: a fome, a doença, a miséria, passa a ser de responsabilidade de outros, principalmente dos que não são pobres

as medidas direcionadas para amenizar os efeitos da pobreza acabam sendo personificadas (base do paternalismo/clientelismo)

Page 12: O lugar da pobreza na agenda pública brasileira

Posição das elites

as ações de natureza assistencial assumem importância para as elites no poder, em momentos específicos.

Essas elites ao mesmo tempo que banalizam a pobreza, reconhecem a sua importância na ativação de relações propícias aos momentos eleitorais.

É essa situação que explica a permanência da pobreza na agenda decisória, contudo, em situação de instabilidade no que diz respeito à sua importância e ao seu grau de priorização nessa agenda.

Page 13: O lugar da pobreza na agenda pública brasileira

A questão da pobreza no debate público no Brasil

A crise social que se abateu no país a partir de meados dos anos 70 e que foi, em grande medida, responsável pela crise de legitimidade do regime militar, ocasionou mobilizações importantes acerca do empobrecimento da população, principalmente da classe trabalhadora urbana;

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Constituição de 88

incorporou todo esse debate presente nos movimentos sociais e na sociedade como um todo e garantiu avanços significativos na direção do reconhecimento da cidadania.

Definiu um sistema de Seguridade Social que incorpora Previdência, Saúde e Assistência Social, acenando com a possibilidade de incorporar à cidadania uma maioria que está hoje à margem do sistema formal de emprego estando assim fora de qualquer mecanismo de proteção social.

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Movimento pela Cidadania Contra a Fome e a Miséria

Deu visibilidade a questão da pobreza (apresentou números alarmantes)

Mobilizou a sociedade; Politizou temas como: 1. produção e distribuição de alimentos;2. a relação entre saúde e nutrição;3. o desenvolvimento local;4. Parceria Estado-sociedade.

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O governo FHC

A crise econômica e fiscal que demandava decisões que possibilitassem a estabilidade macroeconômica e a retomada do crescimento, e exigiam uma reforma do Estado;

A grande mobilização social e a profundidade (riqueza) do debate acerca da pobreza em nosso país, que elencava um conjunto de medidas importantes para o enfrentamento do problema;

Page 17: O lugar da pobreza na agenda pública brasileira

O combate a pobreza no governo FHC

adoção de um novo organograma oficial para o tratamento da política social.

a distribuição de competências da área social entre os ministérios da Previdência, Saúde, Educação, Desenvolvimento Agrário e,Trabalho e Emprego, numa demonstração de um tipo de visão do social mais estruturante .

Page 18: O lugar da pobreza na agenda pública brasileira

Principais programas:

Programa Comunidade Solidária – estratégia de ação para o combate à fome e a pobreza;

Programas de transferência de renda – Bolsa Escola

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Comunidade Solidária – linhas de ação

Redução da mortalidade infantil Apoio ao desenvolvimento da Educação Infantil e o

Ensino Fundamental; Geração de ocupação e renda e qualificação

profissional; Melhoria das condições de alimentação dos

escolares e das famílias pobres; Melhoria das condições de habitação e saneamento

básico; Fortalecimento da agricultura familiar

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Governo Lula

Herda do governo FHC um quadro de políticas de combate a pobreza bem estruturado, do ponto de vista conceitual;

Desativa o Comunidade Solidária, com todos os seus desdobramentos (Alfabetização Solidária, Universidade Solidária), que era um programa do governo Fernando Henrique;

Lança o programa FOME ZERO (que tem a visão integrada do Comunidade Solidária).

Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação (Fome Zero) e o Vale gás.

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Segundo momento do governo Lula

Unificação das ações: Bolsa Escola (Gov. FHC), Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação (Fome Zero) e o vale gás, passo importante para a efetividade das políticas de combate a pobreza;

Criação do PAIF e dos CRAS no Âmbito da Secretaria Nacional de Assist. Social

Programa Luz para Todos; Fragilização dos programas voltados para a

agricultura familiar; Focalização nas questões relativas à pobreza

urbana.

Page 22: O lugar da pobreza na agenda pública brasileira

Problemas

Centralidade do Bolsa Família e sua incapacidade de enfrentar a pobreza. Cidadania vira sinônimo de consumo.

Uso eleitoreiro da transferência de renda; Fragilização das ações estruturantes

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Problemas relativos aos programas de combate à pobreza:

eles costumam se transformar em moeda de troca dos políticos para adquirir benefícios eleitorais ou para demonstrar a eficiência de suas administrações;

os mecanismos de seleção dos beneficiários e os meios disponíveis para denunciar as deficiências que se apresentam na implementação dos programas são muito frágeis, não impedindo a deturpação de suas finalidades e o mau uso dos recursos;

a oferta dos serviços nunca responde as demandas em termos de quantidade e qualidade;

os programas de combate a pobreza e a satisfação das necessidades básicas dos cidadãos pobres precisam ser imunes às crises econômicas;

o combate a pobreza deve ter a conotação de uma política social integral, que combata a pobreza em todos os flancos e não somente de um ponto de vista;

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