o lucro que vem debaixo d´água -...
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Ano XIII | 230 | Agosto 2014
ISSN
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ItarumãCom intuito de continuar vivendo do leite produtores trocam experiência em 6º Dia de Campo
TecnologiaInovações imprimem aumento na produtividade e queda no custo de produção
IncentivoGoiás e Nova Zelândia assinam convênio com foco na produção de leite
O lucro que vem debaixo d´água
Trajetória de quem apostou na criação de peixe fomenta evolução do setor em Goiás
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Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela
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distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos assina-
dos são de responsabilidade de seus autores.
CAMPO
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e Eurípedes Bassamurfo da Costa.
Editora: Denise N. Oliveira (331/TO)
Reportagem: Catherine Moraes, Michelle Rabelo e
Luiz Fernando Rodrigues (estagiário)
Fotografia: Larissa Melo e Fredox Carvalho
Revisão: Denise N.Oliveira
Diagramação: Rowan Marketing
Impressão: Gráfica Amazonas Tiragem: 12.500
Comercial: (62) 3096-2123
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Silva, José Vitor Caixeta Ramo, Wagner Marchesi.
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Filho, Henrique Marques de Almeida.
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de Castro Raynaud de Faria.
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Suplentes: Cacildo Alves da Silva, Michela Okada Chaves, Luzia Carolina de Souza, Robson Maia Geraldin, Antônio Sêneca do
Nascimento e Marcelo Borges Amorim.
Superintendente: Eurípedes Bassamurfo Costa
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Leonardo RibeiroPresidente do Sistema FAEG
À frente da Federação da Agricultura e Pecuária (Faeg) desde junho, te-nho vivido experiências inesquecíveis. O contato diário com produtores e entidades que representam o setor agropecuário me faz entender, de fato, a força das pessoas que trabalham e vivem no campo. Tenho me emocionado muito com histórias, casos de sucesso e medidas que se tornam realidade quando defendidas em grupo. Porém, o que mais tem me chamado atenção é a criatividade e a garra do homem do campo.
Nesta edição teremos a história de Luiz José, produtor de leite que abra-çou a metodologia Balde Cheio e teve a oportunidade de mostrar seus ganhos a quem já até pensou em desistir da atividade. Casos de produtores que usam a tecnologia a favor da produção, sem desrespeitar o meio ambiente.
São lembranças e planos futuros de quem teve força de vontade para insistir um pouco mais, coragem para mudar o rumo, sabedoria para buscar capacitação e novas estratégias, apoio para apostar tudo em caminhos que desembocaram no sucesso.
É o caso dos irmãos Gustavo e Gilberto Furtado, que após tentarem inves-tir na criação de gado de corte, enxergaram uma oportunidade de ingressarem na piscicultura. Hoje eles, juntamente com o primo e sócio Felipy Furtado, transformaram a fazenda Cascata em uma lucrativa “indústria de peixes e de sonhos”, já que a produção de pescados em Goiás ainda é considerada tímida.
Eles procuraram o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás, onde curso de piscicultura é o segundo mais procurado este ano. Até julho, foram 82 turmas, somando cerca de 820 pessoas capacitadas.
Embora o setor tenha perspectivas de expansão e mercado promissor, os desafios de Gustavo, Gilberto e Felipy não chegaram ao fim. Eles preci-sarão de mais conhecimento técnico, muito mais experiência de mercado e de crédito rural, entre outros pontos que irão surgir ao longo da caminhada. Nós fica-mos aqui na torcida e de prontidão para ajudar quando e enquanto pudermos. Boa sorte, rapazes!
A criatividade e a determinação do produtor goiano
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O lucro que vem debaixo d́ água
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Caso de Sucesso Sandro Sérgio abandonou o uso de defensivos
e apostou na agricultura orgânica
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Prosa Com a palavra, o Senar Central. Daniel Carrara, secretário executivo da entidade, fala sobre o alcance da capacitação rural
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22Mercado promissor de pescado em Goiás anima quem optou pela atividade
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Acordo internacionalGoiás e Nova Zelândia assinam convênio com foco na produção de leite
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Piscicultor Gustavo Furtado investiu na produção de peixes e hoje, junto com sócios, colhe os bons resultados.
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ItarumãCom intuito de continuar vivendo do leite produtores trocam experiência em 6º Dia de Campo
TecnologiaInovações imprimem aumento na produtividade e queda no custo de produção
IncentivoGoiás e Nova Zelândia assinam convênio com foco na produção de leite
O lucro que vem debaixo d´água
Trajetória de quem apostou na criação de peixe fomenta evolução do setor em Goiás
Agenda Rural 06
Fique Sabendo 07
Delícias do Campo 33
Campo Aberto 38
Treinamentos e cursos do Senar 36
14Tecnologia no campo Inovações imprimem aumento na produtividade e queda no custo de produção
Senar Goiás e CRC firmam parceria e Itaberaí recebe Seminário Regional de Contabilidade
Na ponta do lápis 20
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17O time do Balde Cheio em Itarumã Unidade Demonstrativa de Itarumã foi palco do 6º Dia de Campo Goiás Mais Leite e proprietário mostrou evolução da chácara
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AGENDA RURAL
26/08/2014
28/08 25/08
Horário: 8h as 17h
Local: Câmara Municipal de São João D´Aliança -GO
Informações: SENAR Goiás - (62) 3412-2748 ou (62) 3412-2750
Palestra “Agronegócio e os presidenciáveis” Local: Sindicato Rural de Rio Verde
Horário: 19horasInformações: 64 3613-6314
Palestra: O novo Código FlorestalLocal: Salão de eventos do Sindicato Rural de Ipameri
Horário: 19 horasInformações: 64 3491-1132
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FIQUE SABENDO
Faeg e Senar Goiás participam da Tecnoleite Complem
Com a proposta de apresentar
oportunidades para o agropecuarista
aperfeiçoar a produção, o município
de Morrinhos recebeu entre os dias 19
e 22 de agosto a Tecnoleite Complem
2014. O presidente da Federação da
Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg),
Leonardo Ribeiro, e o superintendente
do Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural (Senar) Goiás, Eurípedes Bassa-
murfo, compareceram na abertura ofi-
cial do evento e elogiaram a iniciativa
que chegou a sua quarta edição.
Faeg e Senar Goiás oferecem aos
visitantes oficinas demonstrativas de
Produção de Rapadura e Cachaça,
Construção de Cerca Elétrica, Artesa-
nato de Produção de flores com fibras
naturais, Trançado em Couro, Oleri-
cultura Básica / Hidroponia, Operação
e Manutenção de Ordenha Mecânica e
Inseminação Artificial de Bovinos de
leite. Além disso, foram concedidas
palestras que abordaram temas liga-
dos à pecuária leiteira e a agropecuá-
ria como um todo.
Durante a solenidade, Faeg, Se-
nar Goiás e Complem assinaram um
protocolo de intenções que objetiva
levar os cursos de capacitação das
entidades para a fazenda modelo da
cooperativa. Em meados de setembro
um termo de cooperação será assina-
do e o lugar poderá começar a receber
produtores cooperados e a sociedade
rural em geral.
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A Associação Brasileira dos Cria-
dores de Suínos (ABCS) lançou e
disponibilizou na internet, para do-
wnload gratuito, o livro “Produção
de Suínos: Teoria e Prática”. O ob-
jetivo é apresentar a base teórica e
prática para a melhoria das técnicas
de produção e aplicação de novos
conhecimentos nas granjas.
Sem fins lucrativos, o livro foi
pensado para atender à necessidade
de uma obra atualizada e completa
sobre a suinocultura ao abordar te-
mas como melhoramento genético,
sistemas de planejamento, manejo,
gestão, biosseguridade, gestão de
talentos e estratégias de manejo re-
produtivo e nutricional dos suínos.
Produção de suínos
PESQUISA
REGISTRO 14
Técnicas permitem racionalização de água na cafeicultura
Em meio aos descasos com a utilizam da água e a distribuição irregular das chuvas, a tecnologia contribui para a produção de café cereja descascado no Cerrado. Integrantes do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, desenvolveram duas técnicas que permi-tem aos cafeicultores otimizar a produção, reduzir custos e racionalizar água.
A primeira técnica é conhecida como Estresse hídri-co controlado em que consiste na suspensão da irrigação durante a estação seca do ano por um período de 72 dias
para a sincronização, uniformização e desenvolvimento dos botões florais e dos frutos. Outra técnica é o Sistema para Limpeza de Águas Residuais (SLAR) que permite a retirada de resíduos sólidos para a recirculação de água do processamento de café por via úmida. Para o pesqui-sador da Embrapa Café, Anísio José Diniz, o uso descon-trolado de água na agricultura pode gerar impactos ao meio ambiente e, para reverter esse quadro, é necessário que os produtores recebam orientações sobre a maneira adequada de utilizá-la.
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PROSA RURAL
Daniel defende cada vez mais qualificação para
o homem do campo
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Revista Campo: Diante do ce-
nário atual, que exige mão de obra
cada vez mais qualificada, existe a
necessidade de um reposicionamen-
to por parte do Senar Central?
Daniel Carrara: Com certeza! A
agropecuária brasileira avançou bas-
tante desde a criação do Senar, em
1991. Hoje suas operações tem um ní-
vel elevado de sofisticação, tem par-
ticularidades que precisam ser enten-
didas, novas carreiras e novos perfis
profissionais. Nas diferentes cadeias
produtivas são exigidas habilidades e
competências que vão além do que o
Senar sempre levou ao produtor e ao
trabalhador rural. E a missão de tirar
todas as novas tecnologias e pesqui-
sas da prateleira e disseminar no cam-
po é nossa. Por isso, começamos a fa-
zer o Senar avançar, em 2011, quando
firmamos parceria com o Ministério
da Educação para garantir cursos do
Pronatec aos brasileiros do meio ru-
ral, garantindo a inserção dos jovens
e cursos com maior duração.
Revista Campo: Você defende
o investimento em quatro bases de
formação - inicial continuada, educa-
ção profissional técnica de nível mé-
dio, educação profissional de nível
superior e pós-graduação. Como isso
será colocado em prática?
Daniel Carrara: O caminho é o
da mudança, da adaptação a esses
novos tempos da agropecuária brasi-
leira que hoje é campeã em produção
e referência em tecnologia. Demos o
primeiro passo com o Pronatec do Se-
nar e em 2013, avançamos um pouco
mais com a criação do Departamento
de Inovação e Conhecimento, defi-
nindo o caminho que iríamos seguir
para ofertar também cursos técnicos
presenciais e a distância. Iniciamos
esse processo de mudança aderin-
do à rede e-Tec Brasil. Já estamos
estruturando e montando a rede de
polos de educação a distância com
as Administrações Regionais parti-
cipantes, produzindo conteúdos, de-
senvolvendo os materiais didáticos e
selecionando as equipes acadêmica,
administrativa e de apoio. E ainda
este ano, vamos iniciar o primeiro
curso - Técnico em Agronegócio.
Nossa meta é formar uma rede na-
cional com 100 polos de educação a
distância, com 20 mil vagas.
Revista Campo: Você defen-
de em seus pronunciamentos que
há sempre espaço para facilitar
o aprendizado dos participantes.
Como você imagina o trabalho de
estímulo deste homem do campo
que muitas vezes conseguiu concluir
apenas o ensino fundamental?
Daniel Carrara: Este é um gran-
de desafio. Na formação profissional,
nosso cliente aprende a fazer fazen-
do e, agora, na formação técnica vai
aprender conhecendo as novas tecno-
logias, muitas delas com um nível de
operação mais sofisticado, como fa-
lei. É aí que entram os nossos técnicos
do programa de Assistência Técnica e
Gerencial para apoiar, dar suporte,
O alcance da qualificação rural Daniel Carrara é secretário
executivo do Senar Central
Michelle Rabelo | [email protected]
Defendendo o investimento do
Serviço Nacional de Aprendi-
zagem Rural (Senar) em quatro
bases de formação - inicial continuada,
educação profissional técnica de nível
médio, educação profissional de nível
superior e pós-graduação – o secretário
executivo da entidade, Daniel Carrara é
o entrevistado da edição de agosto da
revista Campo.
Ele tem falado aos quatro cantos so-
bre o alcance da qualificação rural e as
mudanças que essa capacitação precisa
sofrer, diante da cobrança do mercado
por mão de obra cada vez mais tecni-
ficada, e da tarefa do Senar de melho-
rar a vida do homem do campo com
o aprendizado.
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ajudar o produtor rural a entender, e
aprender, os novos processos de pro-
dução e gerenciamento e aplicar em
sua propriedade para impulsionar a
produção e gerar mais renda. Preci-
samos fazer mais, muito mais do que
sempre fizemos.
Revista Campo: Qual o papel do
mobilizador, que diante dessa espe-
cialização da qualificação precisará
ter cada vez mais argumentos para
abordar o produtor e convencê-lo de
que os cursos são importantes?
Daniel Carrara: Olha, vai ser
um grande desafio para esse agen-
te do Senar, também. O mobiliza-
dor é peça fundamental em nossa
engrenagem, afinal é ele que faz
aquele trabalho de formiguinha nas
propriedades e sindicatos por esse
Brasil afora. Identifica o público-alvo
para as nossas modalidades de en-
sino, apresenta as características de
cada opção de formação e os benefí-
cios para a vida do nosso cliente. Essa
função exige muita responsabilidade
e comprometimento, porque ele atua
na linha de frente do Senar. Precisa
conhecer os nossos programas para
levar informações precisas e conven-
cer os produtores da importância de
se atualizar, de buscar conhecimento
permanentemente.
Revista Campo: Acaba de ser
lançado pelo Senar Goiás o portal de
Educação a Distância (EaD). O que
significa, na sua opinião, essa inicia-
tiva em um estado no qual a agro-
pecuária é um dos carros-chefes da
economia?
Daniel Carrara: É um passo mui-
to importante do Senar Goiás. Com a
educação à distância você consegue
atender aquela pessoa que não pode
deixar as atividades do dia a dia para
se dedicar a um curso presencial,
por exemplo, e nem se deslocar para
aprender. A possibilidade de apren-
der, de graça, no horário e local que o
próprio aluno escolhe é uma verdadei-
ra democratização do conhecimento,
que não pode ficar guardado. Precisa
ser compartilhado, cada vez mais. É
isso que o SENAR Central faz desde
2010, com o programa de educação a
distância, a EaD-Senar, que contabi-
liza mais de 230 mil matriculas, em
todo o Brasil.
Revista Campo: O Senar tam-
bém está firmando parcerias e vai
instalar Centros de Excelência em
todo o Brasil. Como essas estruturas
irão funcionar?
Daniel Carrara: Esses centros
vão oferecer cursos de Formação Ini-
cial e Continuada (FIC), e técnicos de
nível médio, presenciais e a distân-
cia, com foco nas principais cadeias
produtivas do agronegócio: cafeicul-
tura; dendeicultura; bovinocultura de
leite; bovinocultura de corte; cana-de-
-açúcar; fruticultura; ovinocaprino-
cultura; silvicultura; e grãos, fibras e
oleaginosas; além de um centro espe-
cializado em gestão do agronegócio.
Esses centros irão formar, tam-
bém, os técnicos de campo do pro-
grama de Assistência Técnica e
Gerencial que criamos para dar o
apoio que o produtor rural precisa,
principalmente aqueles das classes
C, D e E.
Com a educação à distância
você consegue atender aquela
pessoa que não pode deixar as
atividades do dia a dia para se
dedicar a um curso presencial
Nossa meta é formar uma rede
nacional com 100 polos de educação
à distância, com 20 mil vagas
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MERCADO E PRODUTO
Segundo dados do Mi-
nistério da Pesca e
Aquicultura (MPA), o
crescimento populacional, a
alteração no padrão de con-
sumo e o aumento do poder
de compra têm gerado uma
pressão sobre a demanda por
alimentos de boa qualida-
de. Dentre estes alimentos o
pescado apresenta um gran-
de destaque, por ser conside-
rado um alimento facilmente
digerível, altamente proteico
e de baixo valor calórico, e
ainda excelente fonte de vita-
minas e minerais.
De acordo com balanço de
2011 feito pelo MPA, índices
mostram que o consumo mé-
dio de pescado per capita/ ano
no País alcançou aproximada-
mente 11 quilos, se aproxi-
mando do valor indicado pela
Organização Mundial de Saú-
de (OMS) para consumo de 12
quilos por habitantes por ano.
A atividade da piscicultu-
ra, ramo da aquicultura que
produz peixes, gera um PIB
pesqueiro de R$ 5 bilhões,
mobiliza 800 mil profissionais
entre pescadores e aquiculto-
res e proporciona 3,5 milhões
de empregos diretos e indi-
retos, segundo o 1° Anuário
Brasileiro de Pesca e Aquicul-
tura, 2014. O potencial brasi-
leiro é enorme e o país pode
se tornar um dos maiores pro-
dutores mundiais de pescado.
Goiás é um estado privi-
legiado em extensão territo-
rial e recursos hídricos. Com
340.111,78 km², representando
4,0% do território nacional,
Goiás é o sétimo estado do
país em extensão territorial,
sendo contemplado com três
regiões hidrográficas: região
Hidrográfica Tocantins / Ara-
guaia, região Hidrográfica do
São Francisco e região Hidro-
gráfica do Paraná).
A piscicultura tem vanta-
gens por ser uma produção
contínua, com duas ou até
três safras por ano. Diferente
da pesca, em que há épocas
em que a mesma é proibida
para proteger as espécies
durante o seu período de re-
produção, o estoque da pisci-
cultura se mantém constante
(salvo em incidentes).
Os peixes podem ser cul-
tivados em açudes, vivei-
ros escavados, tanques de
diversos materiais, gaiolas
flutuantes ou tanques-rede.
O cultivo de peixes em vi-
veiros escavados tornou-se
uma importante alternativa
para os sistemas de produ-
ção agropecuária, porém o
uso de gaiolas ou tanques-
-rede é uma alternativa de
investimento de menor custo
e maior rapidez de implanta-
ção, por utilizar ambientes
aquáticos já existentes, como
o mar, rios e lagos naturais,
possibilitando melhor retor-
no e controle zootécnico.
A atividade é vista tanto
como fonte de renda princi-
pal quanto como forma de
agregação de renda à proprie-
dade, em áreas marginais,
com a utilização da mão de
obra familiar que intensifica
o uso da terra.
Com bom planejamento,
investimento inicial cons-
ciente e pesando a realidade
da propriedade e do sistema
escolhido, a lucratividade da
piscicultura aumenta e che-
ga a patamares concorrentes
com outras atividades agro-
pecuárias de costume do
Cerrado goiano.
Piscicultura – produção alternativa no CerradoSamantha Andrade | [email protected]
Samantha Andrade
é médica veterinária
e técnica adjunta do
Senar Goiás
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AÇÃO SINDICALAÇÃO SINDICAL
ALEXÂNIA
IPORÁ MINEIROS
O Sindicato Rural de Alexânia realizou, no último mês, o curso de Pintura em Tecidos. O treinamento, oferecido pelo Senar Goiás por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), também teve o apoio do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Além dos 15 participantes e a instrutora, a coordenadora do CRAS e o supervisor regional do Senar Goiás estiveram presentes no encerramento do curso.
O Sindicato Rural de Iporá realizou, em parceria com o Instituto Federal Goiano (IFG) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), treinamento do Programa Empreendedor Rural (PER). O programa tem o objetivo de desenvolver e estimular a competência pessoal dos empreendedores do agronegócio.
Além de shows e várias atrações, a 35° ExpoMineiros – que aconteceu entre 30 de junho e 3 de julho - também ofereceu aos visitantes treinamentos de fabricação caseira de Melado, Açúcar Mascavo e Rapadura. Prestigiaram os cursos o supervisor regional do Senar Goiás, Renildo Marques, o presidente do Sindicato Rural de Mineiros, Fernando Carvalho, o secretário de Agropecuária de Mineiros, Sergislei Carrijo Silva e instrutor, Antônio César Vieira.
Pintura em tecidos
Empreendedor Rural
CORUMBÁ DE GOIÁS
O Sindicato Rural Corumbá de Goiás promoveu, no último mês, o curso – tipo Promoção Social (PS) – de Produtos de Limpeza e Higiene. Na ocasião, os participantes aprenderam a fabricar água sanitária, alvejante, desinfetante, condicionador, amaciante, entre outros produtos. Entre os presentes estavam, o presidente do Sindicato Rural de Corumbá de Goiás, José Carlos, e o supervisor regional do Senar Goiás, Dirceu Borges.
Limpeza e higiene
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CEZARINAMONTES CLAROS DE GOIÁS
ANÁPOLIS
O Sindicato Rural de Cezarina realizou uma palestra com o tema “Situação do agronegócio e suas perspectivas” para produtores rurais da região. No evento, os participantes puderam ouvir o consultor Arthur Toledo abordar um cenário otimista do setor agropecuário goiano. Na oportunidade, todos foram convidados a participarem do Programa Empreendedor Rural, realizado pelo Senar Goiás em parceria com o Sebrae.
Sob nova direçãoO Sindicato Rural de Montes Claros realizou uma cerimônia para comemorar a posse da sua nova diretoria. O presidente reeleito e empossado, Gilberto Ferreira Cabral, comemorou juntamente com toda diretoria. A solenidade reuniu cerca de 200 pessoas no salão de eventos do Sindicato Rural entre parceiros colaboradores, produtores e lideranças locais.
O Sindicato Rural de Anápolis, em parceria com o Senar Goiás, tem realizado diversos treinamentos de Formação Profissional Rural e Promoção Social. Em visita de acompanhamento, o Supervisor da Regional Metropolitana, Antônio Carlos, presenciou uma destas ações. No evento de Formação e Produção do Pomar Caseiro, os participantes comentaram sobre a importância do planejamento do pomar caseiro, desde a aquisição de mudas, até a colheita, aproveitamento e conservação das frutas. Todo o conteúdo programático foi trabalhado pelo instrutor Ricardo Pereira da Silva.
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PALMEIRAS
Em parceria com o Corpo de Bombeiros, o Sindicato Rural de Palmeiras confeccionou 100 abafadores para ajudar no combate das queimadas, muito comuns entre os meses de maio e setembro. O SR doou parte dos materiais – cabos de alumínio e os parafusos - e o Corpo de Bombeiros disponibilizou a mão de obra para a confecção dos instrumentos. Além disso, serão produzidos folders de conscientização para alertar os produtores. Ainda como resultado da parceria, os produtores que se dispuseram a passar por um treinamento básico, podem, caso necessário, ajudar os bombeiros do município a controlarem incêndios de pequeno porte.
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TECNOLOGIA NO CAMPO
A implementação da tecnologia no campo é caminho sem vol-ta. As inovações tecnológicas
são fundamentais para atender às ne-cessidades de produção em relação ao aumento da demanda mundial por ali-mentos. Cada vez mais surgem máqui-nas ou dispositivos que visam melhorar a produtividade e a qualidade agrope-cuária. De quebra, tendem a diminuir o custo de produção, sobretudo a médio
e longo prazo, e imprimem competitivi-dade em um mercado acirrado.
Entre as tecnologias disponíveis para as atividades no campo, a agri-cultura de precisão configura uma série de vantagens para o produtor rural. Na prática, pode ser utilizada em todas as cadeias produtivas do setor agropecuá-rio, desde que as medidas de gestão e investimento em tecnologia sejam adap-tadas à realidade de cada produtor. De
forma geral, a tecnologia otimiza o uso de insumos e dos recursos do solo, au-mento de produtividade e ainda fornece sustentabilidade da terra a longo prazo.
O produtor rural, Ênio Fernandes, afirma que há 11 anos não abre mão da agricultura de precisão para o cul-tivo de soja, milho, milheto e cana--de-açúcar, nos 3 mil hectares de sua propriedade localizada em Rio Verde, Sudoeste do Estado.
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Inovações imprimem aumento na produtividade
Ênio Fernandes não abre mão da agricultura de precisão.
Capacitação na mão de obra é fundamental para sucesso da empreitada
Karina Ribeiro | [email protected]
Especial para Revista Campo
14 | CAMPO Agosto / 2014 www.sistemafaeg.com.br
Ele explica que o primeiro passo é realizar a análise de solo, coletando qua-tro subamostras de solo a cada gleba de cinco hectares. “Essas quatro subamos-tram formam uma amostra”,ensina. Esse material é encaminhado ao laboratório, onde é feito uma análise do solo, traçan-do uma radiografia do solo da proprie-dade, uma espécie de mapa da fertilida-de. A ideia é homogeneizar o solo.
“Então aplicamos apenas a quanti-dade necessária de insumos em cada talhão de forma separada, fósforo, cal-cário e assim por diante”, diz. A máqui-na de distribuição de fertilizantes insere a quantidade exata do insumo por me-tro quadrado.
Para conseguir extrair tudo o que a tecnologia oferece para o desempenho da atividade, foi necessário investir em qualificação profissional. “Os trabalha-dores rurais tiveram que passar por cur-sos no Senar e também investimos em cursos particulares”, pontua.
Embora admita que a alta tecnologia disponível para a agricultura de precisão não caiba no bolso de todos os produ-tores, ensina que o ideal é investir de forma paulatina. No início, aponta, fez adaptação de seu maquinário para agri-cultura de precisão. “Não aconselho o produtor investir pesado no início”, afir-ma. Por isso explica que o custo depen-de do grau de investimento do produtor.
Como resultado, há cinco anos a pro-dutividade média de soja era de 54 sacas
por hectare, hoje são 59 sacas por hec-tare. “Otimizamos o uso de fertilizantes também, não sobra mais”, informa.
Imagem de satélite
Desde 2009, o produtor Joel Ragag-nin utiliza imagens de satélite para in-vestigar o estado das lavouras de milho, soja e feijão nos 6 mil hectares dedica-dos às culturas nos municípios de Jataí e Montes Claros de Goiás.
Ele explica que a imagem de satélite pode detectar manchas de baixo desen-volvimento nas lavouras, além de obser-var a quantidade de biomassa. “A rela-ção é direta, onde tem menos biomassa tem menor produtividade”, afirma.
Joel informa que busca no banco de dados de uma empresa terceirizada as imagens de satélite da região e da época escolhida. “Pode ser na época de floração ou enchimento de grãos, por exemplo”, diz. Após fazer o tra-tamento da imagem por meio de um programa de computador, consegue visualizar quais os pontos da lavoura que precisam ser visitados in loco. “É difícil saber que há um problema de produtividade no meio de uma lavoura de milho”, diz.
Como exemplo, cita um ataque de nematóides em uma área da cultura que só foi detectada após análise da ima-gem de satélite. Com a tecnologia, foi possível descobrir a amplitude e fazer a interferência. “Como o custo para
combater o nematóide é alto, fizemos o tratamento com precisão”, afirma.
Com o passar dos anos, consegue entender melhor o desenvolvimento da lavoura , diminuindo os custos de produção. Ele afirma que nem foi ne-cessário capacitar os funcionários, já que terceiriza todo o processo. Embora assuma que a adoção das imagens de satélite não sejam as únicas responsá-veis pelo aumento da produtividade, calcula que de lá pra cá, o incremento foi de 20%.
Gotejamento automáticoO sistema de gotejamento automáti-
co utilizado nos 3 mil metros quadrados de plantio de tomate cereja, no municí-pio de Bela Vista, economiza 60% de água em relação a outros sistemas de irrigação, quase dobra a produtivida-de quando associada a outros manejos e ainda registra menor incidência de pragas e doenças. Ao ser questionado sobre os pontos negativos, o produtor e engenheiro agrônomo, Luiz Eduardo Girardello, ressalta a dificuldade de as-sistência técnica, mão de obra e varieda-des com resistência.
“Nas plantações que eu dou assistên-cia como agrônomo quando acontece al-guma coisa com o painel eletrônico sou eu que providencio o reparo. Não existe quem faça o serviço”, diz. Ele conta que o sistema de automatização custa bara-to, R$ 2 mil. O painel pontua os horários de gotejamento na plantação até oito ve-zes por dia. Se não fosse o sistema, teria que contratar um funcionário só para monitorar a irrigação. “Em três meses ele se pagou. Já que teria que contratar um funcionário só para isso”, diz.
Ele conta que começou a plantar tomate cereja com o sistema de gote-jamento automático. “Não me vejo sem o sistema. É mais produtivo e ecologi-camente correto. Extraio o máximo de potencial da planta com o uso mínimo de água”, diz. Associando o plantio em estufa e o sistema de irrigação conse-gue produzir 7 quilos por planta. Em sistema aberto e sem gotejamento, a produção gira em torno de 3,5 quilos.
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Produtor Joel Ragagnin utiliza imagens de satélite para investigar o estado das lavouras
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Brinco de rastreamento de gadoCom o volume médio de 3,5 mil
cabeças de gado de recria e engorda, a identificação individual de cada animal por meio de um brinco eletrônico resulta em agilidade nos dados coletados e, con-sequentemente, em tomadas de decisão mais rápidas e assertivas.
Um chip eletrônico com um emissor de rádio frequência de baixa intensidade é introduzido na orelha de cada animal. Ao aproximar o chip de um leitor em forma de um bastão (pode ficar fixo na parede do curral), as informações são coletadas e repassadas para um com-putador por meio de sistema bluetooth. “Junto com um programa de histórico do animal, sanitário, desempenho de ganho de peso. Tomamos a decisão no curral”, diz. Para ele, o valor investido é compen-sador. “Não é tão caro. Cada chip custa em torno de R$ 5 e pode ser reaproveita-do entre duas e cinco vezes”, diz.
O gestor de pecuária de uma fazen-da em Jussara, Rodrigo Albuquerque, cita um exemplo de como o pecuarista pode se beneficiar com a tecnologia. Ele conta que ao final de um dia de coleta de dados dos animais no cur-ral, pelo método antigo (anotações em papéis), voltava para o escritório e repassava tudo para o computador. “Demorava uma semana até compilar os dados e tomar a decisão”, diz. Re-centemente, já com o novo sistema, após colher os dados, toma a decisão no curral. “Percebeu que o gado tinha ganhado peso acima do imaginado e já passamos o gado para o pasto e não para o sistema de confinamento. Economizamos”, diz. Para ele, com o investimento em tecnologia, o desafio é capacitar os trabalhadores rurais. Na propriedade em Jussara, somente um funcionário está apto a substituir Ro-drigo nas atividades.
Fred
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Fred
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Luiz Eduardo utiliza sistema de gotejamento automático para produzir tomate cereja. Veja detalhe ao lado
Rodr
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quer
que
Rodrigo usa no gado um chip eletrônico com um emissor de rádio frequência
16 | CAMPO Agosto / 2014 www.sistemafaeg.com.br
Para foto oficial, Luiz posou ao lado dos companheiros
de Balde Cheio
Produtor que aderiu metodologia mostra evolução da propriedade
Michelle Rabelo | [email protected]
“Me preparei tanto para este dia e agora que ele chegou não consigo con-trolar a emoção. É muita alegria”, disse o atacante do time Balde Cheio, Luiz José Machado, proprietário da chácara Nova Esperança - a Unidade Demons-trativa de Itarumã que foi palco do 6º Dia de Campo Goiás Mais Leite no mês de agosto. Assim como o atacante é responsável por balançar a rede, Luiz marcou um gol de placa quando decidiu apostar na metodologia Balde Cheio e virar o jogo, diminuindo os custos e au-mentando a produção.
Ao lado de Luiz, o time Balde Cheio do município de Itarumã - outros 12 produtores de leite que abraçaram a metodologia e são assistidos por téc-nicos do Serviço Nacional de Aprendi-zagem Rural (Senar) Goiás – também
comemora os bons ventos que eleva os lucros com a otimização da produção.
Como todos os Dias de Campo, organizados pelo Senar Goiás, com o apoio da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e dos Sindica-tos Rurais (SRs), o evento que aconte-ceu na chácara Nova Esperança contou com a participação de parceiros que apresentaram aos visitantes novidades que prometem melhorar ainda mais a produtividade de quem tira o susten-to do leite. Estiveram presentes repre-sentantes da Heringer Fertilizantes, da Agroquima, da Syngenta e da Dow AgroSciences.
Sendo assim, além de caminhar pela propriedade e ver de perto as mu-danças sofridas pela propriedade e as-sistirem a palestras que apresentaram o
antes e o depois, em números, da chá-cara de Luiz José, os visitantes também puderam conhecer produtos e tirar dú-vidas sobre a forma correta de manejar a pastagem, adubar o solo, alimentar os bezerros, produzir uma silagem de qua-lidade e aplicar defensivos agrícolas.
Em busca de conhecimento, cerca de 600 produtores foram até a chácara. Para o presidente do SR de Itarumã, El-son Freitas, o evento serviu ainda para mostrar que os produtores da cidade estão, cada vez mais, acreditando na tecnologia e em como ela pode mudar realidades. Ao lado de Elson, também receberam os convidados o técnico re-gional Raí Valle de Souza, o coordena-dor do Balde Cheio, Marcos Henrique Teixeira e o supervisor Regional do Su-doeste, Renildo Marques.
Laris
sa M
elo
O time Balde Cheio de Itarumã
GOIÁS MAIS LEITE
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Laris
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Laris
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Laris
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Laris
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Da água para o vinhoPara apresentar a chácara Nova Es-
perança aos visitantes ninguém melhor do que Raí Valle de Souza, o técnico re-
gional que acompanha Luiz José desde 2012, quando o produtor foi até Santa Helena de Goiás visitar uma Unidade Demonstrativa do Balde Cheio e voltou
à Itarumã com a mala cheia de sonhos. A primeira visita oficial de Raí ao
proprietário foi em janeiro de 2013, quando Luiz tinha 16 animais – sendo 14 em lactação – e tirava 190 litros de leite por dia. “Ele ganhava no período das águas e perdia tudo no período da seca”, conta Raí ao falar do alto inves-timento que Luiz fazia em pastagem. “O produtor de leite precisa de auxílio e capacitação. Precisa de boa vontade, confiança e da ajuda de parceiros como o Senar, a Faeg e os Sindicatos Rurais. Ficamos muito felizes em ver os produ-tores acreditarem no nosso trabalho e buscarem ajuda”, disse Raí.
Hoje são 26 animais – sendo 18 em lactação – e Luiz retira 410 litros de leite por dia. As medidas da propriedade não mudaram: a área total é de 4.9 hectares, sendo que 4.1 são utilizados para o leite e 0.8 são para reserva. Luiz fez a análise e a correção do solo, além das aduba-ções de base, orgânica e nitrogenada,
Ivone Rezende fez questão de ver de perto como a produção da chácara Nova Espe-rança mudou tanto. Ele é funcionário de uma propriedade leiteira em Itarumã e foi até o Dia de Campo saber mais sobre o que pode ser feito no dia a dia para diminuir os custos e aumentar os lucros. “Aprender é sempre bom. Hoje trabalho com 50 animais e quero repassar para o meu patrão o segredo de não comprar mais nenhum e dobrar a produção de leite, que hoje é de 600 litros/dia”. Ivone conta que o primeiro passo já foi dado: antes os animais pastavam no Gramão e hoje ficam na Braquiária.
Diego Rezende é proprietário de uma fazenda de 300 hectares na qual trabalha com leite há cerca de nove anos. Atento a todas as informações repassadas, ele conta que ficou encantando com o evento. “Aqui pude ter contato com a história do seu Luiz e conhecer vários produtos que podem melhorar a produtividade dos meus animais”. Diego fez vários cursos no Senar Goiás e conta que a capacitação fez diferença na sua maneira de tocar o negócio. O produtor, que diz saber a importância da assistência técnica, tem 60 animais e tira, por dia, 800 litros de leite.
Adezino Alves levou os filhos para conhecerem a propriedade de
Luiz José, e foi até o Dia de Campo em busca de conhecimentos
que possam ajudar na manutenção da fazenda na qual ele traba-
lha. Adezino, que ordenha mecanicamente 55 vacas e retira 300
litros de leite/dia, diz não conhecer à fundo o Balde Cheio, mas
afirma que enxergar a chácara Nova Esperança é “a prova viva de
que é possível produzir bem em uma propriedade pequena”.
Ao lado da esposa, Luiz recebeu os visitantes que chegaram para saber o segredo do sucesso
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Laris
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O presidente do SR de Serranópolis, José Alves de Carvalho, foi um dos muitos que foram prestigiar Luiz José. Ele fez questão de passar em todos os stands e conhecer de perto as novidades para quem cria gado de leite. “Eventos como esse são muito importantes já que quem comparece sai daqui com muitos conhecimentos – o que é essencial para lidar com a produção de leite”. José Alves defendeu a participação do produtor em todo o processo do Balde Cheio. “Se o produtor tiver boa vontade as coisas acontecem. Não tem jeito”.
Para Adelmo Barbosa, à frente do SR de Caçu, é muito im-portante ver os Sindicatos Rurais trabalhando para colocar em prática eventos que levem conhecimento para o produ-tor. “Temos que, cada vez mais, fazer coisas diferentes que melhorem os resultados de quem planta e cria”. Além dele, presidentes de SRs de vários municípios marcaram presen-ça no evento e fizeram questão de elogiar a iniciativa do Senar Goiás.
O consultor técnico do Senar Goiás, Carlos Henrique Freitas, falou sobre a situação do mercado leiteiro de Goiás e sobre a função do Senar junto ao homem do campo. “O nosso princi-pal objetivo é capacitar pessoas. Nós nos importamos com o produtor e seus sonhos. Não importa se são quatro ou quatro mil hectares. Queremos fazer com que as pessoas alcancem seus objetivos e ganhem qualidade de vida além, é claro, de poder dar à família mais conforto”.
a compra de um tanque de expansão, silo para armazenagem de concentrado e quadro reprodutivo.
Além disso, seguiu à risca os requi-sitos exigidos pelo Senar Goiás: faz exa-mes de brucelose e tuberculose em to-dos os animais da propriedade, deixou o local aberto à visitação, cumpriu com o combinado junto ao técnico e não deu ouvidos aos conselhos desanimadores de vizinhos e parentes.
Cenário mundialPara falar sobre o fortalecimento
da atividade leiteira em Goiás, o con-sultor técnico do Senar Goiás, Carlos Eduardo Freitas, apresentou um qua-dro comparativo da produção de leite no Brasil, nos Estados Unidos e na Nova Zelândia, no qual os produtores amarelinhos aparecem com inúmeras chances de evoluírem cada vez mais. Ele destacou a necessidade de “mu-
dar o conceito de produção e para isso, exemplos como o do seu Luiz são muito importantes”.
Primeiro produtor mundial de lei-te, os Estados Unidos possui 500 mil produtores que são responsáveis por 90 bilhões de litros/ano. Em quinto, o Brasil tem 930 mil produtores e 30 bilhões de litros/ano. Por fim, a Nova Zelândia tem 14 mil produtores e 18 bilhões de litros/ano.
Para o consultor, o Brasil se des-taca, pois tem pesquisa de desen-volvimento, mão de obra, entidades – como a Faeg - que fazem arranjos institucionais e outras que oferecem conhecimento e capacitação.“Agora só falta vontade e persistência por parte de quem vive do leite. Está na cabeça de cada um a força de vonta-de. Ninguém é favorecido por sorte, região onde mora ou algo do tipo. É uma questão de querer”.
Goiás Mais LeiteO superintendente do Senar Goi-
ás, Eurípedes Bassamurfo, também falou aos presentes e apresentou da-dos do Goiás Mais Leite, programa do qual a metodologia Balde Cheio faz parte. Ele apresentou um diagnós-tico da cadeia produtiva do leite em Goiás e destacou a importância dos cursos de capacitação.
Bassamurfo apresentou um estado com alto capital imobilizado em ter-ras, baixo percentual de animais em lactação, ausência de controle zootéc-nico, falta de assistência técnica e bai-xa sucessão familiar. Em contraparti-da, animando os presentes, Eurípedes falou sobre as metas do Balde Cheio. “Em 2010 eram 03 grupos – com 23 produtores – assistidos. Hoje são 55 grupos e 700 produtores. A nossa meta são 77 grupos e 1 mil produto-res assistidos”, disse.
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EDUCAÇÃO FISCAL
Senar Goiás e CRC firmam parceria para orientar contabilistas
Denise Oliveira | [email protected]
Michelle Rabelo | [email protected]
Seminário destaca pouco conhecimento de legislação tributária
Especialista em Direito Tributário ministrou
palestra para contabilistas
Fred
ox C
arva
lho
A ideia de uma educação fis-
cal continuada – que tenha
início ainda nas cadeiras da
escola e siga pelos corredores dos
cursos superiores – faz os olhos de
qualquer contador brilharem. A ideia
é de que, se o aluno ainda jovem for
tratado como cidadão e entender a
importância de conhecer os tributos
e o trâmite exigido pelo Estado ele
se tornará um adulto mais conscien-
te e parceiro de seu futuro conta-
dor. Mas como não se pode mudar
a realidade do país da noite para o
dia, entidades que representam os
dois lados se unem buscando aler-
tar contabilistas e empresários.
Resultado de uma destas parce-
rias é o Seminário de Contabilidade
Rural que percorre quatro municí-
pios goianos até o final do ano. A
iniciativa nasceu da união dos esfor-
ços do Serviço Nacional de Apren-
dizagem Rural (Senar) Goiás e do
Conselho Regional de Contabilida-
de (CRC), além de parceiros especí-
ficos de cada região, como os Sindi-
catos Rurais (SRs) que dão suporte
para os eventos.
O objetivo dos seminários é reu-
nir contadores, escritórios de conta-
bilidade, profissionais de recursos
humanos, acadêmicos de ciências
20 | CAMPO Agosto / 2014 www.sistemafaeg.com.br
contábeis e empresas de agrone-
gócios para aperfeiçoarem conhe-
cimento acerca da Atividade Rural
– Pessoa Física e Pessoa Jurídica.
Marcando o início da série de
quatro eventos, o município de Ita-
beraí foi o primeiro a receber o Se-
minário. O evento aconteceu no dia
13 de agosto e na ocasião, foram
abordados importantes assuntos
contábeis que, na maioria das vezes,
são motivos de questionamentos dos
produtores rurais e os contadores.
Para o professor, contabilista,
especialista em Direito Tributário
e palestrante convidado, Israel Fer-
reira de Lima, a grande influência
da contabilidade brasileira é a tri-
butação do Imposto de Renda (IR)
e “mesmo com as facilidades atuais
para declarar o imposto, falta ainda
conhecimento em relação à legis-
lação”. Ele explica que as dúvidas
também giram em torno do que é a
atividade rural, quais os documen-
tos necessários para fazer a declara-
ção e como fazer um planejamento
tributário. Israel é enfático ao falar
sobre a necessidade de que seminá-
rios como este alcancem também o
produtor rural.
Na terra do leite
Para o contador Hamilton Cami-
lo, encontros como o que ocorreu
em Itaberaí são de grande relevân-
cia para o aprendizado e para apro-
ximar contabilistas e clientes, neste
caso o produtor rural. “Hoje é muito
fácil declarar o Imposto de Renda,
por exemplo. O sistema facilita de-
mais a apuração dos resultados. O
nosso grande problema é conhecer
os pormenores da legislação e con-
seguir chegar nesses resultados”,
explica Hamilton, que é proprietário
de um escritório de contabilidade e
tem em sua carteira de clientes cer-
ca de 40 do setor rural.
No dia 15 de outubro será a vez
do município de Itumbiara receber
o Seminário. Em seguida, ao longo
do mês de novembro, a iniciativa
passa por Rio Verde, no dia 12, e
em Jataí, no dia 26.
Parceria
Na ocasião em que a parceria
foi f irmada, o superintendente do
Senar GO apresentou as diversas
ações e programas da inst itui-
ção e destacou a importância do
conhecimento para o homem do
campo. “O produtor, t rabalhador
rura l e seus familiares precisam
de capacitações, t reinamentos e
prof issionalização para que pos-
sam aumentar a produt iv idade,
rentabilidade e assim cont ribuir
cada vez mais com o desenvolv i-
mento socioeconômico de sua re-
gião e o Senar possui mais de 100
cursos de formação prof issional”,
comentou o superintendente.
Segundo o presidente do CRC,
Elione Cipriano da Silva, a parce-
ria com o Senar Goiás cont ribuirá
muito com a prát ica contábil na
esfera rura l. “Devemos cada vez
mais aprox imar a teoria da prá-
t ica e uma inst ituição que v isa a
disseminação do conhecimento
como o Senar só tem a cont ribuir
com o t rabalho dos contadores no
nosso estado”, af irmou.
Elione destaca que os semi-
nários representa a oportunida-
de do contabilista t irar dúvidas e
div idir experiências. “Eles saem
dos eventos como mult iplicadores
para levar informação mais preci-
sa até seus clientes e poder t razer
o empresário rural para essa im-
portante missão: ter o cont role de
suas at iv idades com mais prox imi-
dade da realidade”.
Fred
ox C
arva
lho
Camilo é contador de cerca de 40 proprietários rurais
Laris
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Parceria foi firmada na sede do Senar Goiás
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LUCRO DEBAIXO D́ ÁGUA
Casos de sucesso fomentam evolução do setor
Karina Ribeiro | [email protected]
Especial para Revista Campo
Mercado promissor de pescado em Goiás faz produção quadruplicar
Laris
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ello
www.sistemafaeg.com.br22 | CAMPO Agosto / 2014
Embora detenha uma extensa rede
de recursos hídricos, a produção
de pescados em Goiás ainda é
considerada tímida. Mas as vantagens
do negócio, como grande potencial de
mercado, boa rentabilidade e fácil ma-
nejo estão despertando interesses em
produtores atraídos pela diversificação
das atividades rurais. Por outro lado, a
burocracia da legislação e os altos en-
cargos repelem investidores e mantém
muitos produtores na informalidade.
Com incentivos do governo, mano-
bras legislativas, mercado favorável e a
divulgação de técnicas e casos de su-
cesso fomentaram a evolução do mer-
cado de pescado em Goiás. Em 2011 a
produção anual saiu de 13,6 toneladas
para 18,3 toneladas em 2012. A pers-
pectiva é de que este número atinja
quase 20 mil toneladas este ano. Esse
incremento ocorre graças ao aumento
de produtores na atividade e formali-
zação de antigos piscicultores.
A estimativa é de que em 2016 com
a produção de quase 200 hectares de
áreas dentro de parques aquícolas nos
reservatórios das usinas hidrelétricas
de Serra da Mesa e Cana Brava, a pro-
dução goiana seja de 54,6 toneladas/
ano, ou seja, deve quadruplicar no pe-
ríodo de cinco anos. Os dados são da
Secretaria da Agricultura do Estado de
Goiás (Seagro). Em maio deste ano, fo-
ram divulgados os vencedores da lici-
tação de áreas aquícola goiana nos re-
servatórios das usinas hidrelétricas de
Serra da Mesa. A cessão destas Águas
da União para o cultivo do pescado vai
aumentar a produção aquícola goiana
em mais de 2,1 mil toneladas de pes-
cado por ano, segundo informações
do Ministério da Pesca.
Segundo a coordenadora do de-
partamento técnico de piscicultura do
Senar em Goiás, Samantha Leandro
de Sousa Andrade, o curso de pisci-
cultura é o segundo mais procurado
este ano. Até julho, foram 82 turmas,
somando cerca de 820 pessoas capa-
citadas. “Observamos que são pro-
dutores engajados, que já tem algum
conhecimento e querem realmente se
qualificar para permanecer na ativida-
de ou iniciá-la”, afirma. Ela diz ainda
que esta busca pela informação vem ao
encontro de um dos maiores desafios
do setor. “O Senar tem conhecimento
e aptidão para repassar aos produtores
todas as dificuldades e intempéries da
atividade”, conclui.
Produtores
Segundo os irmãos e produtores de
pescado, Gustavo e Gilberto Furtado,
além do sócio e primo, Felipy Furtado,
eles estudaram a viabilidade do negócio,
mas só entraram de cabeça na produção
de tilápias após a participação de um
curso de piscicultura do Senar. Inclusi-
ve, esta espécie corresponde a mais da
metade do que é produzido em Goiás.
Gustavo conta que, em 2010, ad-
quiriram uma área de 4 mil hectares,
a Fazenda Cascata, em Alto Paraíso.
Inicialmente, a intenção era trabalhar
com gado de corte, atividade exerci-
da por eles no município goiano de
Campos Belos.
Gustavo conta que os antigos pro-
prietários da fazenda haviam constru-
ído dois tanques para piscicultura e
herdaram licença ambiental para três
hectares de lâmina d´água. “Mas até
então sempre as utilizamos como lazer,
sem nenhuma visão comercial”, afirma.
No início de 2011, diz, ao estudar
nutrição de ruminantes como forma
de melhorar o rendimento do confina-
mento, ficou surpreso ao observar que
o gado consome cerca de 9 quilos de
alimento para produzir um quilo de
Gustavo estudou a viabilidade do negócio, mas só entrou de cabeça na produção de tilápias após a participar de um curso de piscicultura
Agosto / 2014 CAMPO | 23www.senargo.org.br
carne enquanto que o peixe conso-
me 1,4 quilos para produzir a mesma
quantidade. “Fiz um levantamento
dos custos iniciais, valor de mercado
e percebi que tínhamos um grande
potencial a ser explorado. Inclusive
pela abundância de água que temos
na propriedade”, diz.
Após decidir entrar no negócio,
Gustavo entendeu que precisava bus-
car informações precisas para a cons-
trução de tanques, técnicas de manejo
entre outros aprendizados. Ele desco-
briu que o próximo curso da atividade
ministrado pelo Senar seria em Morri-
nhos, Região Sudoeste do Estado, dis-
tante de sua propriedade. “Não perdi
tempo e fui fazer o curso”, diz.
Enquanto isso, as máquinas que
já haviam sido contratadas para exe-
cutar o serviço para escavar o tanque
ficaram paradas a espera das orienta-
ções colhidas pelo produtor. Um dia
após encerrar o curso, já iniciaram as
obras na fazenda.
Atualmente, os sete hectares dedi-
cados a produção de tilápia correspon-
dem a 80% do faturamento da proprie-
dade. Cerca de 200 hectares são para
o plantio de soja e milho (basicamente
para a produção de ração para gado)
e o restante é destinado ao gado de
corte. “O lucro de sete hectares de ti-
lápia equivalem a seis mil cabeças de
gado em engorda”, diz. Ele explica que
o emprego de tecnologia permite que
pratique uma conversão alimentar me-
nor e, consequentemente, maior renta-
bilidade. Enquanto o custo do quilo da
tilápia sai por R$1,90, revende o pro-
duto a R$ 4,20.
Mas diz que está freando o incre-
mento da produção. “De uma forma
geral, ano passado sobrou peixe e fal-
tou filé. O mercado precisa de mais
frigoríficos para o processamento em
filé, que é o que tem valor comercial”,
diz. Ele e os sócios estudam a possi-
bilidade de construir um frigorífico
na propriedade.
Para o superintendente do Ministé-
rio da Pesca em Goiás, Paulo Roberto
Manoel Pereira, os cinco frigoríficos
de peixe que operam em Goiás conse-
guem atender a demanda dos produto-
res do Estado. “Inclusive eles compram
matéria-prima de outros seis Estados”,
diz. Na sua avaliação, essa diferença
entre produção de pescado e capaci-
dade de processamento das fábricas
ocorre quando se soma à produção de
pescado de produtores que atuam de
forma informal, ou seja, que não se-
guem as normas legislativas. “Frigorí-
fico não vai adquirir produtos que eles
não sabem a procedência”, diz.
Laris
sa M
ello
Os sócios dedicam sete hectares a produção de tilápia
24 | CAMPO Agosto / 2014 www.sistemafaeg.com.br
Investimentos
Segundo o superintendente do Mi-
nistério da Pesca em Goiás, Paulo Rober-
to, para produção em escala comercial, o
órgão está investindo na implementação
de parques aquícolas em diversos pon-
tos do Estado. Na prática, o volume de
produção de pescado no Estado deve
quadruplicar em apenas cinco anos.
“São áreas sociais e outras empresariais,
cujos empresários pagarão pelo direito a
20 anos de concessão”, diz.
Por outro lado, diz, o ministério
investiu R$ 15 milhões na construção
da fábrica de ração em Itauçu, a fim
de baratear o custo do produto no Es-
tado. “A localização é estratégica, já
que fica em uma região equidistan-
te dos parques aquícolas implemen-
tados”, diz. Paulo Roberto lembra
ainda que também são realizados
investimento em assistência técnica
e manejos, com chamamento público
para empresas.
Desafios
Embora o setor tenha perspectivas
de expansão e mercado promissor,
especialistas consultados pela Revis-
ta Campo afirmam que existem ainda
muitas arestas a serem aparadas. Para
eles, especialmente por se tratar de
uma atividade relativamente nova no
Estado (escala comercial), faltam aos
produtores, conhecimento técnico ex-
periência de mercado e crédito rural.
Mas, em comum, compartilham que a
morosidade e as dificuldades burocrá-
ticas são os grandes entraves do setor.
Tanto que afirmam que a dificuldade
para se formalizar incentiva muitos a
permanecerem na informalidade. Para
se ter ideia, na prática, não há consen-
so quanto ao volume de produção de
pescado em Goiás, ao somar produto-
res formais e informais.
Samantha Leandro, afirma que du-
rante um seminário de planejamento do
setor, o governo estadual demonstrou
boa vontade em desatar alguns nós do
setor, como rever a política de encar-
gos, dar celeridade a licença ambiental.
“É promissor, mas precisamos que essa
boa vontade se concretize”, diz.
A consultora técnica do Senar para
o Meio Ambiente e a Piscicultura, Jor-
dana Sara, lembra que para tanques
escavados de até cinco hectares a ou-
torga é feita pela internet e o licencia-
mento ambiental é simplificado. “Mas
exigem pareceres técnicos cujos laudos
ainda ficam caros para o pequeno pro-
dutor”, diz. Ela explica que existe difi-
culdade em regularizar produtores an-
tigos, há mais de 30 anos na atividade.
Mas, diz, o problema agrava quando
se trata de áreas mais extensas. Jorda-
na afirma que existem tanques que es-
tão dentro das normas exigidas e, nem
assim, conseguem a licença ambiental
para iniciar o negócio. “Existem tan-
ques que estão aguardando há três ou
quatro anos os documentos”, afirma.
Samantha levanta ainda questão
dos encargos fiscais. Ela explica que in-
cide sobre o pequeno produtor a mes-
ma carga tributária que para médios e
grandes produtores. Para ela, a legisla-
ção ‘incentiva’ produtores a permane-
cerem na informalidade. “Quando ele
coloca tudo na ponta do lápis, assusta”,
diz. Por outro lado, diz, não há como o
produtor goiano competir com produ-
tos de outros Estados que são isentos
do Imposto sobre Operações Relativas
à Circulação (ICMS). “O pescado de
outros Estados cheguem mais baratos
que os produzidos aqui”, afirma.
Paulo Roberto compartilha da opi-
nião e, embora reforce que o governo
esteja buscando fazer reajustes, critica
a alta carga tributária. “Para o pequeno
produtor, infelizmente, assumir todos
os encargos que a legislação requer
fica pesado e o incentiva a deixar o
mercado”, explica.
Representantes apontam também
a falta de conhecimento técnico como
um dos gargalos do setor. Para Paulo
Roberto ressalta que o maior desafio
é modificar a cultura do produtor de
pescado. “Vi dentro de campus uni-
versidade chiqueiros no lado de cima
dos tanques de peixe para que os de-
jetos caíssem na água. Isso é inadmis-
sível”, recorda.
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Pesc
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Goi
ás
Segundo Paulo Roberto, volume de produção de pescado no Estado deve quadruplicar
Agosto / 2014 CAMPO | 25www.senargo.org.br
Ele explica que em função dessa
falta de conhecimento técnico ou des-
caso de muitos produtores de pescado
é que o Brasil importa anualmente 1,5
bilhão de toneladas de peixe. Destes,
39,8% de espécies que poderiam ser
produzidas no País. “Um frigorífi-
co não vai comprar peixe sem proce-
dência. É necessário que o produtor
cumpra as normas padrão e saia da
informalidade para ganhar mercado.
Temos é que produzir peixe dentro dos
padrões internacionais para vender o
peixe para fora”, diz.
Ele explica que o Ministério da Pes-
ca tem investido em cursos do Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Médio e
Emprego (Pronatec). Embora não estives-
se com os números no momento da entre-
vista, afirma que a demanda está muito
alta e que será pactuado mais vagas para
o curso em 2015. Ele explica que o órgão
investiu em unidades experimentais em
sete municípios do Estado. Na prática, as
unidades apontam a viabilidade de pro-
dução em tanque de rede ou escavado,
formas de manejo, entre outras práticas.
Segundo informações da Seagro, a de-
mora para o liberação de licenciamentos
ocorre em função de um número reduzido
de contingente técnicos para análise dos
projetos. A secretaria diz ainda que esse é
o principal fator relacionado ao alto índice
de informalidade e não os encargos e lem-
bra ainda que a Lei Estadual 18.188/2013
autoriza a concessão de crédito outorgado
e redução da base de ICMS nas operações
relativas à comercialização de peixe, jaca-
ré, rã e camarão de água doce produzidos
no Estado de Goiás.
Segundo a secretaria, o Estado vem
avançando na atividade aquícola e, em
breve, será lançado o “Planejamento
Estratégico da Cadeia da Aquicultura
Goiana” que está em fase de revisão,
onde contará com os pontos fracos,
fortes, ameaças, atribuições e compe-
tências em cada foco do setor aquícola.
ABNT
Profissionais do setor temem que
a entrada em vigor da primeira norma
técnica do setor pela ABNT, que está
em fase final de concepção, dificulte
ainda mais a vida dos pequenos produ-
tores de pescado.
O projeto aborda práticas visando à
produtividade, à sanidade dos animais e
à garantia de produção de alimentos se-
guros para uma certificação. Ele foi desen-
volvido após 18 meses de discussão, com
a participação do Sebrae, ABNT, Ministé-
rio da Pesca e Aquicultura e Instituto Na-
cional, Qualidade Tecnologia (Inmetro).
A norma técnica não é obrigatória
para os produtores de peixe, no entan-
to, segundo Jordana, após entrar em
vigor, começa a ser exigida pelas insti-
tuições financeiras para a liberação de
crédito, pelos frigoríficos, etc. “Para o
produtor se ajustar, o custo é extrema-
mente elevado, o que acabará gerando
uma reserva de mercado, retirando os
pequenos e médios da atividade”, diz.
“Eu vejo como mais um novo gar-
galo para a atividade. O governo incen-
tiva muitos a entrarem na atividade e
depois cria esses gargalos. Por ser uma
área nova, até ela se ajustar ainda vai
surgir muitos obstáculos para o produ-
tor”, afirma Samantha.
Fred
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lho
Jordana explica que existe dificuldade em regularizar
produtores antigos
Samantha cita os gargalos enfrentados por quem se
arrisca na piscicultura
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26 | CAMPO Agosto / 2014 www.sistemafaeg.com.br
EAD
Senar Goiás lança portal de EaD para garantir formação do trabalhador rural
Catherine Moraes | [email protected]
Luiz Fernando Rodrigues | [email protected]
Educação à distância
Visitantes se aglomeraram em espaço reservado ao Senar Goiás para
acompanhar lançamento do portal
Agosto / 2014 CAMPO | 27www.senargo.org.br
A formação e a profissionaliza-
ção trazem inúmeras conse-
quências ao trabalhador rural.
Entre as principais estão o aumento da
rentabilidade dos negócios e a garantia
da sustentabilidade do meio ambiente.
Com a expectativa de reunir pessoas
em busca de oportunidades para a
abertura de novos negócios e de capa-
citação que auxiliem na consolidação
de micro e pequenas empresas, tanto
do campo quanto da cidade, o Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural (Se-
nar) Goiás lançou o portal de Educação
a Distância (EaD).
O lançamento foi realizado no dia
31 de julho, na 10ª edição da Feira do
Empreendedor, realizada pelo Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae) e que tem o Senar
como parceiro. No primeiro momento,
foram disponibilizadas as inscrições
para os cursos de gestão e empreende-
dorismo rural e os presidentes de Sindi-
catos Rurais do Estado puderam saber
um pouco mais sobre o projeto que vão
disseminar em seus municípios.
Para o presidente do Conselho Ad-
ministrativo do Senar Goiás, Leonardo
Ribeiro, o produtor rural é um empre-
endedor nato e, por esse motivo, é tão
importante fomentar o conhecimento
de forma contínua. “O conhecimento e
a capacitação fazem parte de uma es-
tratégia de produzir mais e melhor. O
trabalhador rural, o produtor rural de
hoje trabalha com conhecimento técni-
co, com excelência, a fim de suprir um
mercado, um consumidor cada vez mais
exigente”, afirmou.
O Superintendente do Senar Goiás,
Eurípedes Bassamurfo afirmou que
esta é uma forma de levar ao campo
o conhecimento a quem, muitas vezes,
não consegue ir para um banco de fa-
culdade ou abrir mão de um pouco do
tempo para fazer um curso presencial.
“Levar o conhecimento ao campo de
forma flexível, como o Ensino à Dis-
tância, é garantir, inclusive, a sucessão
familiar. Pais e filhos podem estudar
juntos”, finalizou.
Além do stand institucional, o Senar
Goiás, que foi um dos patrocinadores
do evento, teve os espaços Sistema “S”
e Conhecimento. No primeiro, a ins-
tituição dividiu o local com as outras
entidades como o Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (Senai), Servi-
ço Nacional de Aprendizagem Comer-
cial (Senac), Serviço Social do Comércio
(Sesc), Serviço Nacional de Aprendiza-
gem em Transportes (Senat) e o próprio
Sebrae. Lá os visitantes tiveram a opor-
tunidade de conhecer um pouco mais
do trabalho desenvolvido pelo Senar. Já
no Espaço Conhecimento foi montada
uma biblioteca, onde quem estivesse na
Feira poderia ter acesso aos materiais
institucionais sobre os programas e os
projetos do Senar Goiás.
O Diretor financeiro do Sindicato
Rural de Cabeceiras, Joaquim Pereira
Cardoso, elogiou a iniciativa e salien-
tou a importância dos estudos para a
produção. “Usar o tempo da forma que
pudermos é uma opção excelente. Às
vezes sobra um tempo à noite, ou mes-
mo logo cedinho, antes de começar os
trabalhos na propriedade. Sabemos que
quanto mais estudo tivermos, podere-
mos produzir com qualidade e seremos
ainda mais respeitados”, afirmou.
Fred
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arva
lho
Eurípedes Bassamurfo: Ensino a Distância possibilita
levar o conhecimento ao campo de maneira flexível
28 | CAMPO Agosto / 2014 www.sistemafaeg.com.br
Fred
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lho
A feira
Durante a Feira do Empreendedor,
realizada entre os dias 31 de julho e
3 de agosto, o Centro de Convenções
recebeu ao menos 10 mil visitantes
nos quatro dias de evento. A Feira
disponibilizou cinco rodadas de ne-
gócios, 40 missões, mais de 200 ca-
pacitações e quatro mil orientações
técnicas para potenciais empresários
e empreendedores, microempreende-
dores individuais (MEI), produtores
rurais e empresários da microempresa
e empresa de pequeno porte. Tudo de
maneira gratuita.
Com o objetivo de proporcionar aos jovens do campo o conhecimento sobre os princípios do empreendedorismo
e relacioná-los com a realidade do meio rural, o Senar Goiás, em uma parceria pioneira com Senar Central e IEA –
empresa que desenvolveu o portal, disponibiliza o Programa Jovem Empresário Rural, com o curso “Aprendendo
e empreendendo: na vida e no negócio rural”. A formação é destinada a jovens com idadea partir de 16 anos que
sejam filhos de produtores rurais, estudantes de ciências agrárias, ambientais e afins ou profissionais autônomos. O
curso é dividido em dois módulos (O empreendedorismo ao longo da vida e Os comportamentos empreendedores
e o perfil do líder no negócio rural) e possui carga horária de 20 horas.
Outro programa oferecido é Minha Empresa Rural, com o curso “O agronegócio e o crescimento brasileiro”.
Com o objetivo de apresentar o atual cenário que aponta o Brasil com potencial para ser o maior país agrícola do
mundo, o curso promove um entendimento sobre a evolução do agronegócio brasileiro. Possui carga horária de 20
horas e é destinado a produtores rurais, estudantes de ciências agrárias ambientais e afins e profissionais autôno-
mos ou que atuem nas empresas que compõem as cadeias produtivas do agronegócio. Para mais informações sobre
os cursos que terão início em outubro, acesse: http://ead.senargo.org.br/
Lançamento do portal foi realizado durante a Feira do
Empreendedor de 2014
Cursos para o desenvolvimento rural
Agosto / 2014 CAMPO | 29www.senargo.org.br
FUNDO DE FOMENTOLa
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Representantes da Embaixada, da Faeg e do Senar seguram o quadro ao lado do produtor
Goiás e Nova Zelândia assinam convênio com foco na produção de leite
Catherine Moraes | [email protected]
Michelle Rabelo | [email protected]
Incentivo que vem do lado de lá
30 | CAMPO Agosto / 2014 www.sistemafaeg.com.br
Referência mundial em produção de leite, a Nova Zelândia escolheu Goiás para selar um convênio de trabalho visando o aumento de produtividade local. Dentro do estado, a metodolo-gia Balde Cheio do programa Goiás Mais Leite é que vai receber o fundo de fomento no valor de R$ 65.700. O dinheiro será repassado aos pro-dutores por meio de 219 quadros de controle de reprodução.
Para oficializar o convênio, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e a Embaixada da Nova Ze-
lândia no Brasil assinaram a doação em solenidade realizada no mês de agosto.
Na ocasião, o embaixador in-terino Andrew Gillespi, o superin-tendente do Senar Goiás, Eurípedes Bassamurfo o presidente da Fede-ração Leonardo Ribeiro assinaram o documento. Além disso, o produ-tor rural Geraldo Borges, um dos integrantes da metodologia Balde Cheio, também foi homenageado. Após o evento, ele apresentou sua propriedade, localizada no municí-pio de Bela Vista, e os ganhos al-cançados por meio do trabalho aos representantes neozelandeses.
Para encerrar com chave de ouro, a empresa neozelandesa LIC/NZ Brasil também fez a doação aos produtores goianos R$ 9 mil em sê-men de três raças oriundas do país:
Jersey, Frisson e Kiwicross. O dife-rencial das mesmas é a alta produ-tividade comparada às raças mais comuns no país. A Kiwicross, em es-pecial, é híbrida de Jersey e Frisson e foi desenvolvida na Nova Zelândia.
Segundo Leonardo Ribeiro a assinatura do convênio representa uma oportunidade de aprendizado. “A Nova Zelândia tem números que saltam aos olhos no que tange a produção de leite. Precisamos apro-veitar isso já que a nossa realidade é muito boa. Hoje nós somos o quarto maior produtor de leite do Brasil, com aproximadamente 3,5 bilhões de litros produzidos ao ano”.
Para os produtores, o Quadro reprodutivo é importante porque, por meio dele é possível realizar um manejo reprodutivo por meio de informações como: data de insemi-
Leonardo Ribeiro falou sobre a importância da produção de leite
Laris
sa M
ello
Agosto / 2014 CAMPO | 31www.senargo.org.brwww.senargo.org.br
nação, parto, período de lactação, entre outros.
“Estamos muito satisfeitos em saber que nossos produtores terão ainda mais chance de aumentar a produtividade e os ganhos. Com uma demanda crescente de alimen-tos, nosso país também ganha. Que esta seja mais uma das muitas par-cerias que virão”, pontuou Leonar-do Ribeiro.
“Nós consideramos o Balde Cheio como uma maneira rápida, concreta e de baixo custo de se aumentar a produtividade de pequenos produ-tores rurais goianos. Estamos mui-to felizes de poder contribuir para o fortalecimento desse programa, por meio da aquisição de 219 Quadros de Controle de Reprodução. Espero que os Quadros possam contribuir ainda mais com o gerenciamento das pe-quenas propriedades leiteiras partici-pantes do programa”, afirmou o em-baixador interino Andrew Gillespie.
O embaixador ainda destacou as características do estado. “Goiás tem todas as oportunidades de ser um forte produtor de leite: tem sol, tem terra, tem água e tem mão de obra. Com as condições que tem o estado e o conhecimento da Nova Zelândia, a produção do leite pode ser 3 e até 4 vezes maior do que a atual”.
Balde CheioDesenvolvido no Estado pelo
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás) e Faeg desde 2010, o Balde Cheio leva conhe-cimento técnico aos produtores. Dessa forma, muitas vezes é pos-sível aumentar os ganhos reduzin-do despesas e até mesmo rebanho. Atualmente, Goiás conta com 670 propriedades rurais assistidas, dentre estas, 52 são unidades de-monstrativas, acompanhadas por 53 técnicos (engenheiros agrôno-mos, veterinários, zootecnistas).
O superintendente do Senar Goi-ás, Eurípedes Bassamurfo destaca o trabalho do técnico que visita as propriedades e orienta os produ-tores de maneira individualizada. “Temos que valorizar o técnico e a metodologia, que oferece uma me-lhor qualidade de vida, gera renda e evita o êxodo rural”.
O produtor Geraldo Borges ex-plica que a metodologia mudou a realidade da propriedade. “Muita gente acha que tirar leite é estru-tura. Não é. O segredo é dar ao animal conforto, água, comida e sombra. Ele não quer mais nada de você e o Balde Cheio me mostrou isso na prática”.
Andrew e Geraldo na propriedade leiteira em Bela Vista
Liderançaem produção
Com alta produtividade, a Nova
Zelândia tem 4,5 milhões de habi-
tantes e 4,2 milhões de vacas lei-
teiras. Com isso, consegue produ-
zir 17 bilhões de litros de leite por
ano e exporta 95% desta produ-
ção, sendo que produz 2% do con-
sumo mundial. O país investe per-
manentemente em pesquisas que
vão desde a criação de cultivares
de pastagem até o melhoramento
genético. Além disso, é exemplo de
modelo de boas práticas nas pro-
priedades. Por lá, tudo é auditado
com integração entre produtor, in-
dústria e governo.
O Brasil produz 35 bilhões de litros
de leite por ano, mas, para alcançar
estes resultados possui 23 milhões
de vacas leiteiras. Isso significa
dizer que, caso tivesse a mesma
produtividade dos neozelandeses,
conseguiria produzir 93 bilhões de
litros de leite por ano. Por aqui, a
produção é de 5% do total consu-
mido no mundo, mas apenas 1%
da produção é exportada.
Laris
sa M
ello
Laris
sa M
ello
32 | CAMPO Agosto / 2014 www.sistemafaeg.com.br
DELÍCIAS DO CAMPO
INGREDIENTES: 1 kg de polpa de peixe, sem espinhas, moída500 gramas de trigo para quibe2 cebolas médias raladas2 colheres de sopa de sal refinado1 colher de sobremesa de alho em pó5 colheres de sopa de salsinha e cebolinha picada5 colheres de sopa de hortelã picadosuco de 1 limão
QUIBE DE PEIXE
Ânge
lo A
rman
do
• Envie sua sugestão de receita para [email protected] ou ligue (62) 3096-2200
• Receita elaborada pelo tecnólogo em Gastronomia e instrutor do Senar Goiás, Ângelo Armando de Paula
Os quibes podem ser recheados com queijo ou com castanha. Depois de pronto, enfeite com pimentão cortado em rodelas para servir
PREPARO: Hidrate o trigo com água morna/quente e deixe esfriarDepois de frio, adicione a polpa de peixe moída com o restante dos ingredientes e misture bem
Enrole os quibes do tamanho desejado e frite em óleo quente até dourar
CASO DE SUCESSO
Há cerca de três anos, Sandro Sérgio resolveu investir na agricultura orgânica
Fred
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Produtor resolve investir em produtos orgânicos para se firmar no mercadoLuiz Fernando Lemes | [email protected]
Mudanças para o bem do consumidor
34 | CAMPO Agosto / 2014 www.sistemafaeg.com.br
A mudança pode demorar a acontecer. Porém, quando chega o momento, deman-
da um grande esforço de todos. Foi assim que Sandro Sérgio de Moura resolveu investir na agricultura orgâ-nica, abandonando o uso de substân-cias que colocassem em risco a saú-de humana e o meio ambiente” por “defensivos agrícolas. Desde cedo, o produtor de 44 anos cresceu envol-vido com a produção agropecuária, mas, há cerca de três anos, resolveu investir no mercado que ainda tenta se consolidar no Brasil.
Ao tomar conhecimento do cur-so de Olericultura Orgânica oferecida pelo Serviço de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás, Sandro não pensou duas vezes para aproveitar a oportunidade. “Fiquei sabendo através do Sindicato Rural de Anápolis e me interessei. O curso oferece uma boa base para quem quer iniciar ou aperfeiçoar a carreira neste ramo”, afirmou o produtor. Além disso, a vontade de produzir produtos orgânicos também fez o diferencial. “Eu queria produzir na minha proprie-dade, mas sem a utilização de defensi-vos agrícolas. Estava procurando novos mercados para crescer”, completou.
Durante o curso do Senar Goiás mo-tivado pelo instrutor Paulo Sato, Sandro teve conhecimento sobre os tipos de solos ideais para a produção, aprendeu sobre o melhor modo de preparo e como controlar ervas daninhas, pragas e doen-ças. Além disso, conheceu os processos de colheita, embalagem e comercializa-ção, conhecimentos que estão sendo uti-lizados hoje na propriedade de Sandro.
O produtor confessa que o início foi devagar, com poucos recursos e muitos erros. Entretanto, após alguns meses, já produz 16 variedades de folhagem em sua propriedade que fica próximo ao município de Teresópolis, sendo os principais a alface, rúcula, agrião, man-jericão, acelga, brócolis, almeirão, entre outros. “Tudo começou modestamente e com muitos erros. Até hoje nós erra-
mos algumas coisas, mas o importante é que estamos seguindo no caminho certo”, ressalta Sandro.
Ajuda para superar as adversidadesEntre as principais dificuldades en-
frentadas pelo produtor destaca-se a fal-ta de divulgação sobre a importância de consumir produtos orgânicos. Para supe-rar isso, Sandro conta com a ajuda de sua mulher que vai aos pontos de vendas para abordar e explicar aos clientes a impor-tância de consumir esse tipo de alimento.
Além da esposa, Sandro ainda con-ta com a colaboração de cinco a seis funcionários, mas fala que a principal dificuldade reside em encontrar pessoas para trabalhar na propriedade. “Conse-guimos superar muitos obstáculos, mas encontrar trabalhadores é difícil porque preciso pegar alguém que more aqui próximo para reduzir os gastos com o transporte. Hoje, por exemplo, só te-mos três que estão efetivados”, explica.
Atualmente, os funcionários da hor-ta trabalham diretamente com o plantio que necessita de cuidados minuciosos com a terra e com as folhagens. Após serem recolhidos, os produtos passam por um processo de higienização e em-balagem para serem distribuídos nos pontos de vendas. Durante a produção, os alimentos estão isentos de insumos artificiais e de defensivos agrícolas e chegarão às mesas dos consumidores mais saudáveis que os convencionais.
Laris
sa M
elo
Instrutor Paulo Sato foi a ponte entre Sandro Sérgio e os orgânicos
EM JULHO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU
363 CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL* 85 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*
5.164 PRODUTORES E
TRABALHADORES
RURAIS
CAPACITADOS
41 133 10 02 10 11 144 42 41 07 02 05 30 0
Na área de
agricultura
Em atividade
de apoio
agrossilvipastoril
Na área de
silvicultura
Na área de
extrativismo
Em
agroindústria
na área de
aquicultura
na área de
pecuária
Em
atividades
relativas à
prestação
de serviços
Alimentação
e nutrição
Organização
comunitária
Saúde e
alimentação
Prevenção de
acidentes
Artesanato Educação para
consumo
CURSOS E TREINAMENTOSSh
utter
EM JULHO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU
363 CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL* 85 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*
5.164 PRODUTORES E
TRABALHADORES
RURAIS
CAPACITADOS
41 133 10 02 10 11 144 42 41 07 02 05 30 0
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atividades
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prestação
de serviços
Alimentação
e nutrição
Organização
comunitária
Saúde e
alimentação
Prevenção de
acidentes
Artesanato Educação para
consumo
Para outras informações sobre treinamentos e cursos oferecidos pelo Senar Goiás entre em contato pelo telefone (62) 3412-2700 ou pelo site www.senargo.org.br
Com cada vez mais frequência, a tecnologia tem invadido nosso cotidiano, simplificando tarefas
diárias e permitindo que pessoas te-nham acesso às mais diferentes informa-ções. Pensando nisso, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás, visando promover a mudança de hábitos e o comportamento do produtor rural, oferece o Programa de Inclusão Digital Rural para produtores, trabalhadores ou familiares de produtores rurais com ida-de mínima de 14 anos. Através do curso, os interessados terão suporte para me-lhorar a condição de vida e obterão no-vas formas de aprendizado, conquistan-do benefícios pessoais e profissionais.
O Programa Inclusão Digital Rural tem duração (carga horária) de 16 horas, onde dez alunos/turma terão a oportu-nidade de adquirir noções básicas de informática, de sistema operacional, editor de texto e planilha eletrônica. O conteúdo programático ainda é com-posto por conceitos e navegação na
internet, proporcionando que o interes-sado tenha noções sobre e-mail e segu-rança, além de navegar e conhecer as ferramentas dos sites do Senar Goiás e da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg).
Através do curso, o produtor rural terá oportunidade de conhecer novas tecnologias e informações que são re-levantes aos conhecimentos modernos do seu meio com o objetivo de alcançar a eficiência na propriedade rural, como o controle do custo de produção. Além disso, objetiva-se a implementação de formas de aprendizado e de ferramenta de gestão na área rural por meio do en-sino à distância.
O Programa foi iniciado em 2009 e, desde então, contou com a participa-ção de, aproximadamente, 5 mil par-ticipantes em 540 eventos oferecidos. Os treinamentos são certificados e, para isso, o aluno deve ter, no míni-mo, 80% de frequência e apresentar rendimento satisfatório.
Tecnologia à serviço do campoLuiz Fernando Rodrigues | [email protected]
*Cursos promovidos entre os dias 26 de junho e 25 de julho
CAMPO ABERTO
O Serviço Nacional de Aprendizagem Ru-
ral de Goiás - SENAR/AR-GO tem por missão
capacitar a mão de obra que desenvolve suas
atividades no campo por meio de Formação
Profissional Rural – FPR e Promoção Social
–PS. Para isso são realizadas ações destina-
das ao trabalhador rural e seus familiares, e,
a instituição conta com importantes parcerias
que de forma direta ou indireta contribuem
nos processos de capacitação. Os Sindicatos
Rurais Patronais, Sindicatos de Trabalhadores
e Trabalhadoras Rurais são exemplos dessas
parcerias.
Mas, os recursos financeiros são oriundos
de onde?
Eles vêm do campo e voltam para o cam-
po. Os atores* nesse processo atuam de forma
coordenada. Primeiramente o produtor rural,
principal agente e beneficiário direto deste
processo contribui com um percentual no ato
da comercialização da sua produção – na co-
mercialização de 1000 sacas de grãos, duas sa-
cas são destinadas ao processo da capacitação,
por exemplo. O Senar, por sua vez, coordena
e aloca esses recursos para que eles retornem
ao campo por meio de capacitação de mão-de-
-obra. O Sindicato Rural, como parceiro em seu
município, faz acontecer na prática essas ações
– levando o Senar nas propriedades rurais efe-
tivando assim esse trabalho.
Porém, não somente os produtores rurais
são agentes contribuintes. O Senar Goiás, via
departamento financeiro, atua especificamen-
te por meio da arrecadação a fim de orientar,
quer seja individualmente, visitando empresas
que comercializam produtos agropecuários,
quer seja na forma coletiva através, por exem-
plo, de seminários regionais direcionados a
contadores e empresas do agronegócio, a res-
peito da contribuição decorrente da comercia-
lização da produção agropecuária, conforme
preceitua a Lei (Lei 8.315/91; lei 8.540/92; lei
8.212/91; lei 9.528/97; lei 10.256/01).
Assim, com uma atuação direta e focada na
transparência o Senar Goiás tem, juntamente
com suas parcerias, promovido o desenvolvi-
mento do campo gerando bons frutos ao pro-
dutor e trabalhador rural e seus familiares.
Maria Izabel Oliveira
L. Soares é gestora
do Departamento
Financeiro do
Senar Goiás.
Laris
sa M
elo
Maria Izabel Oliveira | [email protected]
Do campo para o campo
* “Fluxo ilustrativo do processo da capacitação da família rural”
38 | CAMPO Agosto / 2014 www.sistemafaeg.com.br