o lorde eterno e o deus mortal

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Rolando Júnior  

O LORDE ETERNO

E O DEUS MORTAL

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PRÓLOGO _______________________________ 8  

HUMANOS ANCESTRAIS____________________ 9 

O LORDE ETERNO ________________________ 14 

DAVISHA –  A FILHA DA RAINHA ____________ 48  

O DEUS MORTAL ________________________ 54 

 ASCENSÃO ____________________________ 100 

SAMÁLYA _____________________________ 141 

 ZUNNURY _____________________________ 168  

BRINCANDO COM FOGO _________________ 176 

INATO ________________________________ 197  

O CASTELO DE SHOLLAR__________________ 213 

EMERSÃO _____________________________ 249 

ENCONTRO ÀS ESCURAS _________________ 273 

DAS SOMBRAS À LUZ ____________________ 285 

 JURAMENTO À LUA _____________________ 304 

SAINDO DO CASULO _____________________ 315 

 XEQUE-MATE __________________________ 332 

MILÊNIOS _____________________________ 356 

 ANTIGOS ACORDOS _____________________ 360 

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Dedico esta obra a todos aqueles

que buscam em um livro, a vontade

de lutar por seus sonhos e a

desafiar seus próprios pesadelos.

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Abaixo segue os nomes dos personagens e um

resumo de quem são. Evite, sei que é difícil, masevite lê-la antes de começar a ler. Possui

informações sobre a estória.

NOMES GERAIS:

Akariter  –  Área gelada onde vive Shollar.

Anonda  –  Amazona amiga do barão. 

Atrodeon  –  Um jovem cigano que adquiriu sua

divindade e matou todo um panteão.

Baefierin  – Deusa das realizações.

Cimelisa  – Deusa da paz e da família, casada com

Marqzael e mãe de Fadonph e Thallamar. 

Davisha  – Rainha amazona e filha do barão. 

Emerim  – Deusa Protetora das mulheres. 

Espelho das Almas  – Grande chafariz que mostra a

alma desejada pelo deus em sua superfície.

Fadonph  – Deus filho de Cimelisa e Merqzael. 

Felisha  – Cigana cartomante e mãe de Atrodeon.

Innutar  – Deus das memórias.

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Inx  – Deus dos injustiçados.

Kalamashi  – Deserto tartareano. Mailú  – Mãe de Thagor, que ajudou Inx. 

Malavock   –  Cidade onde estão protegidos os

braceletes das almas.

Manmpar  –  Cidade sem influência direta de um

deus. Lugar neutro.

Mashikala  – Montanhas gélidas das Tartáreas.

Merqzael  – Deus da verdade, casado com Cimelisa

e pai de Fadonph e Thallamar. 

Nadrux  – Raça do povo do barão.

Nardor  – Cidade regida pelo barão.

Natafie  – Deusa protetora dos animais. 

Pãôlá  – Deusa da colheita.

Phyloan   –  Deus responsável pelo regresso das

almas à terra dos homens.

Salanter  – Deus condenador dos injustos.

Samálya  – Filha de Atrodeon. Guerreira nata. 

Serttens  – Povo do deserto.

Shollar  – Bruxo que enganou a morte.

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Thagor  – Filho de Mailú, que encontrou Inx. 

Thallamar  – Deusa filha de Cimelisa e Merqzael. Tunnyer  – Deus da intuição.

Urzaneyan   –  Deusa da sabedoria e do

conhecimento.

Vuzzaryn  – Deusa da cura.

Zannor  – Deus dos segredos. 

Zaronque  – Deus da boa sorte. 

Zona do Meio  – Floresta tartareana. 

Zunnury  –  Filha de Atrodeon criadora do elmo do

Demônio Branco. 

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PRÓLOGO

Pense na pior maldade que você conhece,

com a coisa mais pura que você já viu. Use uma com

a outra e terá minha atenção, pois da dor daqueles

que não a merecem é que me faz vivo. Não sou mal

e muito menos covarde, só não gosto das coisas

fracas e chorosas. Gosto do domínio, pois é ele

quem me lembra de quem sou realmente.

Sou o reflexo que o benevolente não quer

ver, sou a dor que você não quer sentir. Sou a

extinção da criação daquele que um dia me criou,

sou sua benção mortal e sua morte. Eu sou o

imortal que um dia morreu, eu sou aquilo que você

mais detesta e ama. Eu sou a vida e a morte, eu sou

Atrodeon e acima de mim somente eu existo.

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HUMANOS ANCESTRAIS

Na era dos grandes primordiais, rezam as

lendas que os deuses ancestrais viviam como

homens e usavam de seus poderes para melhorar o

paraíso em que viviam. Não existiam muitos, mas

eram suficientes para transformar a atual terra dos

homens em um paraíso.

E neste paraíso, amavam, discutiam e até

mesmo matavam. Sempre quando um deus

ancestral era morto, o seu executor se tornava mais

forte e mais sábio. Tanto que os mais sábios se

isolavam dos demais, pois poderia haver inveja e

ganância. Cada um tinha uma tarefa distinta e

enquanto uns cuidavam dos vegetais, outros

cuidavam dos animais.Os mais sábios que viviam isolados e eram

mais poderosos que os deuses ancestrais, se

difundiram nos seis elementos primordiais. O ar, o

fogo, a água, a terra, o ódio e o amor. Eles eram tão

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além dos outros deuses, que se tornaram

oniscientes e onipresentes. Estes deuses quandonão estavam satisfeitos com os feitos dos deuses

menores, mostravam sua ira com as forças da

natureza que possuíam.

Já Amor e o Ódio foram mais longe e ao

invés de manterem o equilíbrio entre as coisas,

começaram a entrar em desacordo com o que o

outro defendia. Ondas de amor à guerra surgiram

para que houvesse outro grande deus primordial

entre os demais. Uma catástrofe estava

condenando a grande harmonia pela cobiça do

poder e a sabedoria que era adquirida com a morte

dos deuses, estava impregnada com a discórdia do

Ódio e do Amor.

Num acordo tratado às escondidas, os

quatro primeiros deuses primordiais, responsáveis

pelos elementais da natureza, entraram em atrito

com o Ódio e o Amor em uma luta desigual,

dividindo-os em pequenos pedaços, menores que

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um grão de areia dividido em mil pedaços e os

espalharam por todo o mundo para acabar de vezcom a guerra. Os deuses primordiais mataram

todos os demais deuses com a fúria dos mares, dos

tufões, dos vulcões e dos terremotos.

Quando estas almas divinas voltaram para o

verdadeiro lar, os deuses primordiais dividiram-nas

em oito partes iguais para que quando se

encontrassem se completassem como almas

gêmeas. Os deuses ancestrais se tornaram deuses

menores e foram mandados novamente para o

mundo dos vivos, com o dom do esquecimento,

para que pudessem começar novamente a sua

ascensão como divindade.

Mas seus corpos estavam quase sem forças

e muito frágeis. Sentiam dor, fome, frio e prazeres

que nunca haviam sentido antes. Eles retornavam

sempre que morriam e suas lembranças da vida

passada, apesar de não se lembrarem, estavam lá,

mas de uma forma bem sutil e deram o nome disso

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de intuição. Milênios se passaram e os antigos

deuses menores, se tornaram o que chamamoshoje de humanos. Mas ainda conseguiam criar a

vida, mesmo com a pequena parcela de poder que

possuíam. Aqueles humanos que escutavam

sempre sua intuição começaram a despertar para a

divindade e quando morriam, não eram mais

abatidos pelos deuses primordiais e sim recebidos

como filhos.

Estas novas divindades, buscavam ensinar

aos humanos o caminho em que acreditavam e com

a reza os novos deuses ancestrais se sentiam mais

fortes, capazes de gerar milagres e melhorias aos

humanos. Os deuses primordiais deram vida aos

elementais que eram regidos por eles e partiram

para outros mundos, para mais uma vez criar a vida

em lugares que não a possuíam.

Os poucos deuses ancestrais que

conseguiram voltar para os céus, se tornaram os

mais poderosos diante dos humanos e os cuidavam

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como crianças, dando bênçãos e castigos quando

necessário. Hoje existem dezoito deuses, e todoseles residem em um palácio criado pelos deuses

primordiais nas épocas remotas, também

conhecido como Êboro.

Eles trabalham, se amam, discutem,

constroem e destroem conforme a vontade de cada

um. Mas somente em Êboro isso é permitido a não

ser que o deus em questão queira muito alterar a

rota natural dos humanos e quando isso é feito,

cada deus terá o direito de interagir com eles

também.

E para que os humanos não saiam de sua

evolução transcendental, os deuses ancestrais

decidiram não influenciar no curso natural das vidas

terrenas. Assim foi por todos os anos seguintes, por

milhares de anos, o panteão se manteve o mesmo,

pois sem a ajuda direta dos deuses aos homens,

eles se perderam no caminho da busca do poder

que nem mesmo eles sabiam que poderiam ter.

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O LORDE ETERNO

Em Mashikala, as montanhas geladas das

Tartáreas, um povo chamado de Nadrux vivia desde

a época dos deuses ancestrais em harmonia com a

magia ancestral. Todos os Nadrux eram devotos dos

quatro deuses ancestrais responsáveis pelos

elementais. Todos os dias eles se reuniam para

homenagear a cada deus em um período.

O deus do fogo pela manhã, o da terra ao

meio dia, o do ar ao anoitecer e o deus da água a

meia noite. Os Nadrux eram tão devotos que os

quatro deuses os visitavam todo ano para ajuda-los

em sua evolução, ensinando magia a eles. Isso

acontecia antes mesmo dos deuses menores

surgirem na terra. Toda a Tartárea foi o lugar ondeos deuses começaram a vida. Começaram com a

Zona do Meio e criaram seres rústicos e ferozes.

Seres pré-históricos como grandes répteis,

enormes mamíferos, aves, insetos, monstros e

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vegetais. Alguns eram comuns e outros mágicos,

mas cada um possui suas características mortais.Depois criaram os Serttens, providos de

força e pouca inteligência, a não ser para a caça e a

guerra. E por fim criaram os Nadrux, providos de

pouca força e muita inteligência, principalmente

para a magia.

O Barão das Tartáreas é um Nadrux como

outro qualquer, mas desde cedo, se interessava

pela lei da vida e da morte. Ele tinha curiosidade

sobre os nascimentos e falecimentos do seu povo.

O nascimento foi fácil dele descobrir como

funcionava, mas a morte ainda era um grande

mistério para ele.

E foi em sua adolescência que se interessou

muito pela arte da magia, pois acreditava que com

ela, ele poderia entender os mistérios da vida e da

morte. Mas as aulas que ele tinha eram baseadas

na cura e na destruição. Então começou a se

interessar pela cura e em sua possibilidade de

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“curar” a morte. Mas via que esse ainda não era o

caminho que lhe interessava, mas talvez fosse oinício de sua jornada.

Aos dezesseis anos pensou em sair de

Nardor e buscar respostas pelo mundo, mas

descobriu que estava preso em um continente

cercado por criaturas ferozes e sozinho ainda não

tinha conhecimento arcano suficiente para se

defender de tais perigos. Foi então que decidiu

esperar até a chegada dos quatro deuses em sua

cidade no dia dos festejos, como todo ano

acontece.

Dorlavax esperou pacientemente até o dia

em que chegaram. O céu limpava e se mostrava

azul, a permanente tempestade se dissipa e cessa,

eles descem sorridentes e todos se aglomeram a

sua volta para tentar um contato, mas eles nunca

falam nada, sempre conversam com olhares,

sorrisos e gestos. Cada um devia ter por volta de

uns quinze metros e cores de pele distinta, azul,

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marrom, branca e vermelha. Todos interagiam com

eles, faziam pedidos, agradeciam ou os tocavam.Todos aqueles que já interagiam com eles, sedia

lugar para o outro atrás ter a mesma chance e o

 jovem Dorlavax estava naquela enorme fila, mas

sabia que seria atendido.

E quando isso finalmente aconteceu ele

cutucou a divindade marrom e ela o olhou curiosa.

Ele fez sinal para que abaixasse, mas era muito

difícil naquela ocasião, então a divindade estendeu

a mão para que ele subisse nela. Ninguém nunca

havia tido coragem de cutucar um deus, mas essa

foi a reação dele.

O enorme homem o colocou perto do

ouvido e o corajoso jovem gritou bem alto:

 _Eu gostaria de ser conhecedor da magia da vida e

da morte porque sou fascinado por isso, mas

ninguém sabe para me ensinar.

O deus o retirou do pé do ouvido e balançou

a cabeça positivamente devolvendo-o para o solo

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em segurança. Dorlavax sabia que seu pedido seria

atendido, só não sabia quando. No início do anoseguinte, o jovem nadrux, um pouco antes de

dormir, entediado por não saber mais onde buscar

respostas para suas perguntas, olhava pela janela a

escuridão da noite.

E por um breve momento ele vê um clarão

repentino por entre árvores ao longe. Achou que

poderia ser imaginação até que viu novamente um

clarão se acender por poucos segundos e se apagar.

Alguma coisa dizia ao jovem curioso que

aquilo poderia ser um sinal de algo extraordinário,

 já que seu povo não se arrisca em andar fora dos

muros. Dorlavax chegar perto do muro e este se

abre o suficiente para que passe sem ser cortado.

Somente os nadrux tinham esta capacidade, já que

o muro foi criado por eles.

Ele andou com certa pressa para chegar

onde estava acontecendo aquele fenômeno.

Quando chegou mais perto da área, andou

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sorrateiramente entre as árvores e de trás de uma,

viu finalmente o que estava brilhando. Tratava-sede uma enorme fogueira com chamas azuis e

brancas, cores bem pálidas. Uma figura toda

tampada por um manto negro estava dizendo

palavras que Dorlavax não conhecia e de um

período a outro, a fogueira brilhava como fogo

comum e voltava para os tons de azul e branco.

O jovem nadrux manteve-se em silêncio

enquanto observava a misteriosa criatura. Houve

mais um clarão, mas o fogo não voltou para os tons

azuis e sim para um tom esverdeado bem forte.

A figura de preto então sobe na lenha para

chegar ao fogo verde e passa por ele sumindo,

como se tivesse passando por uma porta mágica.

Dorlavax fica encantado com aquela habilidade e se

perguntou por onde a criatura de preto havia ido.

Indagou consigo se era possível fazer o

mesmo e onde iria chegar caso desse em algum

lugar. Sorrateiro ele chega à fogueira e não sente

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nenhum calor e chega bem perto da chama e coloca

sua mão, não sentindo nada. Certo de ser umamágica que o levaria para outro lugar, não hesitou

em entrou. E como se passa por um véu, ele chegou

a um lugar muito diferente do que estava.

Tratava-se de um lugar também à noite com

o céu avermelhado e um clima muito quente. Não

havia árvores ou terra, mas rocha por todos os

lados e muitas estalagmites que ultrapassavam o

tamanho de um homem. A figura preta estava um

pouco à frente e andava em direção de um templo

lapidado em um paredão de rocha.

Existiam símbolos desconhecidos gravados

na entrada assim como esculturas de monstros e

crânios. Era um lugar no mínimo curioso para

Dorlavax que sempre gostou de coisas funestas. Ele

seguiu a figura até o interior daquele templo com

certa distância e total silêncio. Lá dentro ele se

deparou com um interior enorme, como se o dono

da casa tivesse dezenas de metros de altura. O

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primeiro lugar era enorme, parecia um grande hall

de entrada com quase quinze minutos decaminhada para se chegar a portas feitas também

de rochas trancadas.

Eram monumentais e não possuíam forma

de entrar, mas a criatura com vestimenta negra

levanta seus braços e movimenta seus dedos

quando suas mãos ficam com um brilho

avermelhado e faz com que símbolos invisíveis

cravados na porta, se tornem visíveis com este

brilho.

O processo demorou alguns minutos e um

enorme estalo foi dado, como se uma tranca fosse

ativada, abrindo a porta ao meio em alguns

pequenos metros, mas suficiente para uma pessoa

passar. Dorlavax acelera o passo para não ficar para

trás, caso as portas se fechem, mas isso não

aconteceu. O outro cômodo era tão colossal quanto

o anterior só que neste, havia um pequeno detalhe.

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No final da sala, havia grandes tochas acesas que

iluminavam todo o cômodo.Lá estavam acorrentados, lado a lado dois

gigantes extraordinariamente colossais. As

correntes que os mantinham presos eram feitas

também de rocha e seus elos eram bem fortes. Um

dos gigantes era uma mulher linda com uma

coloração parda e o outro era um homem muito

bonito com a coloração negra como a noite.

Ambos estavam com um semblante cansado

como que por uma doença. A criatura que segui,

finalmente tirou seu capuz e ele pôde ver com toda

a clareza que se tratava de uma mulher parda com

o cabelo dourado. Sua feição era linda e sua beleza

nunca foi vista por um Nadrux antes. Ela chega bem

perto dos pés dos colossais aprisionados e com uma

faca dourada, fura a carne dos gigantes que se

incomodam com aquilo. O pouco sangue que sai,

ela o toma e guarda um pouco em uma garrafa

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dourada toda ornamentada de pedras

avermelhadas.Dorlavax não teve a intenção de se mostrar

para aquela bela mulher que estava ali pois viu que

suas intenções não eram nem um pouco amigáveis.

As feridas que estavam nos pés dos gigantes

poderiam ser curadas por sua magia facilmente,

mas sua magia de ataque com certeza não afetaria

aquela estranha mulher.

Então ele decidiu arriscar e esperou que

aquela mulher fosse embora para tentar ajudar

aqueles gigantes aprisionados por ela. Assim que

ela se foi, as enormes portas foram fechadas e as

chamas apagadas. O jovem feiticeiro ainda

aguardou algum tempo antes de se manifestar e

escutava a respiração dificultosa dos dois.

Quando se sentiu seguro acendeu as

enormes tochas com sua magia e se mostrou para

os gigantes que perceberam não ser a mulher de

negro. Eles estavam fracos demais e não

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esboçaram nenhuma reação depois disso.

Aproximou-se do gigantesco pé da mulher einvocou seus poderes de cura que logo

regeneraram os pequenos cortes feitos por um

longo período deixando-os saudáveis novamente.

Depois fez nos pés do gigante negro como a

noite. Então ele descansou, pois usou muita força

para curar tantas feridas. Enquanto descansava

olhava para as correntes que os seguravam. Elas

envolviam seus corpos por completo e os

mantinham de pé mesmo que não quisessem.

Dorlavax pensou por um período o que era

tudo aquilo e se poderia ou não os desacorrentar e

quem teve força suficiente para criar esta dimensão

prisional? Pensou bastante e decidiu tentar ajuda-

los com o pouco que tinha antes que a misteriosa

mulher voltasse. Ele não tentou contato com eles,

pois provavelmente não o ouviriam por terem um

tamanho muito avantajado. Ele observou as

correntes de rocha que estavam conectadas na

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parede da montanha de rocha com elos que

poderiam esmaga-lo facilmente e pensou em comoquebrar aquilo.

Os únicos elementos que ele poderia usar

para libertá-los eram o ar e o fogo que estavam

presentes para que sua magia funcionasse. Então

Dorlavax usou o calor produzido pelas tochas

enormes, concentrado somente em um elo, o que

estava na parede e o esquentou até que derretesse.

Mas isso não aconteceu, apesar de ficar muito

vermelho, não passou disso.

Ele pensou que provavelmente havia

alguma mágica ali naqueles elos e pensou em como

retirá-los de lá. Até que pensou em derreter as

paredes onde estavam fixadas usando o mesmo

feitiço com fogo. Realmente as paredes do templo

apesar de feitas com o mesmo material das

correntes não eram mágicas, mas demoraram um

tempo considerável para derreterem e se

desligarem do primeiro elo. Ele já estava cansado,

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mas não poderia parar por ali, não ainda. E

invocando o ar com sua magia, cria tornadoscapazes de mover a corrente da rocha derretida

para fora da parede.

Quando ele consegue soltar o primeiro elo,

este se desfaz em cinzas e em um efeito dominó,

elo após elo se desintegra soltando também o

gigante negro. Ambos caem ao chão, criando um

forte tremor de terra e jogando uma enorme

quantidade de poeira para cima, assim como o

 jovem feiticeiro ao chão.

Não demorou muito para que despertassem

e se abrasassem. Logo depois veio o choro de cada

um e um beijo romântico e carinhoso. Dorlavax não

entendia o que estava acontecendo, mas estava lá,

de pé, esperando ser percebido pelos dois. E com

certeza foi percebido por ambos que o olharam

com muita gratidão. O pequeno feiticeiro sorriu

para eles e tentou um contato, mas mesmo

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ajoelhados, eram enormes. Eles se deitaram de

bruços e tentaram ficar o mais perto possível dele.O homem foi o primeiro a falar bem baixo,

pois sua voz poderia deixar Dorlavax surdo.

 _Muito obrigado mortal, seremos eternamente

gratos a você.

 _Quem são vocês?

 _Somos o Ódio e o Amor. Fomos presos por nossos

irmãos há muito tempo atrás.

 _A lenda conta que foram divididos e espalhados

pelo mundo.

 _Não. Fomos aprisionados aqui, mas graças a você

estamos livres novamente.

 _E quem era aquela mulher que os machucava?

 _Ela é uma feiticeira amazona das Tartáreas que de

algum jeito nos encontrou nesta dimensão e

tomava nosso sangue para ficar com sua magia

poderosa. Ela já dever ter alguns milênios de idade.

 _E de quanto em quanto tempo ela volta?

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 _Todo ano, uma gota do nosso escasso sangue lhe

supre com um poder aumentado por vários dias. _Mas ela não será um problema mais para nós,

quando vier novamente, estaremos esperando-a.

Disse a grande mulher que ainda não havia se

pronunciado.

 _Não irão embora daqui?

O homem novamente começa a falar:

 _Não podemos. Nossos irmãos nos aprisionariam

novamente. Ainda estamos fracos e não teríamos a

mínima chance. Mas vamos presenteá-lo com um

desejo. Peça o que quiser e lhe atenderemos.

 _Qualquer coisa?

 _Qualquer coisa.

 _Eu gostaria muito de ter os conhecimentos

arcanos para o controle da vida e da morte.

 _Você quer ter o controle arcano da vida e da

morte?  –  Perguntou a mulher surpresa.  –  Estes

conhecimentos primórdios poderiam torná-lo o

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mais poderoso ser da terra dos homens. É isso que

quer realmente? _Sim.

Nada aconteceu quando disseram que já estava

feito, mas ele também não perguntou quando iria

adquirir o conhecimento, pois sabia que não era de

imediato. Mas sabia que seria presenteado e isso o

confortava.

 _Quando tiver a chance de visitar Êboro, busque

mais conhecimento na biblioteca. Lá você poderá

aprender coisas ainda não descobertas pelos

mortais. – Disse o homem. – 

 _Poderei visitar Êboro?

 _Não, mas vai e esperamos que nunca seja

descoberto.

 _Quem é o Ódio e o Amor?

 _Eu sou o Amor. – respondeu o homem. – E ela o

Ódio. Mas não somos mais como antigamente.

Entendemos o que nossos irmãos fizeram conosco

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e estamos dispostos a mudar. E gostaríamos de

contar com a sua ajuda para isso. _ O que tenho que fazer?

 _Basta manter contato conosco.

 _E como farei isso?

 _Saberá, em breve.

 _Acho então que vou embora, aguardo o contato

de vocês.

 _Tudo bem humano, até breve e obrigado!

Um portal verde se abre na frente de

Dorlavax que entra sem se preocupar, saindo no

seu quarto, de frente à janela. Esperava que aquilo

que acabou de viver não fosse um simples sonho e

esperava ansioso pelo conhecimento pedido.

Depois daquela fatídica noite, ele

finalmente dá mais uma olhada lá fora, mas não vê

nenhum brilho e vai dormir. Na cama não consegue

pregar os olhos e pensa naquela amazona de

cabelos dourados e pele parda. Uma raça nunca

vista por ele antes e desconhecida em seu próprio

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continente. Naquela noite ele dormiu pensando

naquela bela mulher que tanto mexeu com seusinstintos.

No dia seguinte, Dorlavax acordou com uma

dor de cabeça enorme e quase não conseguia se

levantar da cama. Estava tonto e seu estômago

embrulhava. Ele não sabia o que estava

acontecendo e decidiu deitar novamente só que ao

invés de cair na cama, havia caído dentro de uma

cova aberta. Levou muito susto e quando foi se

levantar do buraco, mãos em elevado estágio de

decomposição saíram debaixo dele e o agarraram.

Vários cadáveres horríveis apareceram na

borda da cova e começaram a enterrá-lo vivo. Sua

força de nada adiantava e antes que tampassem

sua face com terra, um dos mortos pulou junto com

ele na cova e começou a rasgar sua barriga e

arrancar de lá suas entranhas.

Ele não sentia muita dor, mas estava

desesperado vendo aquilo. Ele acorda suando frio

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em sua cama e ofegante começa a rir do medo que

passou. As coisas estavam claras para ele agora, amorte e a vida eram parte de uma coisa só.

O sonho o despertou e o medo dele o fez

entender os mistérios entre a vida e a morte. A

partir desse dia ele começou a encarar a morte e a

delicadeza da vida, como coisas fúteis. Dorlavax

descobriu mais tarde que não precisava mais temer

a morte, pois se quisesse nunca a encontraria. Ele

podia reviver mortos, apodrecer a carne dos vivos e

manipular forças dos elementais com mais

facilidade do que antes.

À noite e as trevas agora eram o seu lugar

mais seguro. Com o passar dos anos, as pessoas de

Nardor viam que Dorlavax não mais envelhecia

depois que atingiu sua maioridade e tinha facilidade

em curar doenças e defender a cidade com sua

magia. Depois de algumas dezenas de anos, ele

começou a se tornar um “pai” para a cidade. Todos

gostavam de sua companhia e era querido por

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todos, mas sua vida estava vazia. Precisava

preenchê-la com algo tão surpreendente quantosua nova vida. Foi então que decidiu criar aos pés

da montanha, uma fortaleza para guardar suas

futuras conquistas.

E a cada favor que fazia, recebia em troca

outro em forma de trabalho para o seu palácio. Ele

ampliou os limites da cidade com o muro e fez

muitas melhorias. Uma das melhorias que mais se

destacaram e evoluiu a cidade, foi a captura de

alguns cavalos selvagens que existiam na borda da

Zona do Meio. Ele foi atrás deles e os trouxe já

mansos.

Nardor nunca havia tido apoio de animais

para trabalhos mais pesados e isso os ajudou muito.

Outra coisa foi a domesticação de lobos da neve,

não os gigantes, mas os comuns, que serviam

depois de domesticados, como alerta de invasões e

companhia. A cidade começou a ver a construção

do palácio como uma melhoria para todos.

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Dorlalax queria deixar a população mais

segura e talvez alguns aliados seria uma boaestratégia e acabou lembrando da feiticeira

amazona que sugava o sangue dos deuses. Ainda

não havia buscado por elas na Zona do Meio.

Em cinco anos Nardor teve um crescimento

que não tinha em décadas. O Ódio e o Amor se

tornaram contatos constantes dele e ainda viviam

naquela dimensão. A feiticeira foi morta com uma

pisada fatal da Ódio assim que entrou no quarto

onde ficavam. Essa foi a escolha do Amor, pois Ódio

queria esmaga-la e prender sua alma no corpo

destruído fazendo-a sofrer por anos.

Dorlavax não esperou muito tempo e partiu

em busca das amazonas. Não havia nada capaz de

pará-lo na Zona do Meio, mas ele evitava entrar em

qualquer tipo de atrito com os seres de lá. Usava as

sombras e o silêncio para se locomover. Ele era

como um fantasma quando queria. Levou meses

até que encontrou um cadáver de uma pessoa

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escondida entre as árvores. Já era um morto antigo

e pelas vestimentas, parecia ser uma mulher. Entãoele ressuscitou o corpo sem alma daquele cadáver

e ordenou que voltasse para sua casa.

Ele seguiu a carne podre até uma caverna e

a ordenou que o aguardasse atrás de algumas

árvores escondida. Desceu a caverna apertada, mas

como era esguio não houve problemas. Depois da

parte apertada podia-se deslumbrar uma enorme

área com um rio, cachoeira e uma enorme fenda no

teto que iluminava todo o local.

Um paraíso escondido em uma floresta pré-

histórica. Ele via moradas de madeira que ficavam

bem abaixo de onde ele estava, às margens do rio.

Algumas mulheres se banhavam na cachoeira e

outras faziam tarefas diversas, como treinamento

com arco e flecha, pescaria e comida.

Ele pensava em como se aproximar delas

sem criar qualquer tipo de alvoroço, mas não

precisava pensar mais, pois foi descoberto e

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surpreendido por cinco amazonas que lhe

apontavam flechas antes mesmo que ele aspercebesse. Ele não poderia pensar em forma mais

tranquila de encontrar com a rainha amazona do

que esta. Elas amarram em seu pescoço uma corda

ligada em suas mãos jogadas para trás.

Uma forma eficaz de se prender alguém,

pois se ele tentasse forçar a corda, estaria se

enforcando. Elas não dizem nada e o conduzem

para onde ficam suas casas. As mulheres são lindas

e com corpos bem definidos, não existem muitas

velhas. Elas o colocam em uma jaula de madeira

onde é obrigado a ficar ajoelhado para caber nela.

A posição é bem incomoda, mas ele acaba

se acostumando. Elas não demoram nem dez

minutos e o retiram da jaula levando para uma casa

maior do que as outras. Seu linguajar era diferente

do que ele conhecia e não saberia como comunicar

com elas. Uma linda mulher parecia ser a rainha

delas e seu semblante era de poucos amigos.

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Elas o fizeram ajoelhar diante dela e ele obedeceu.

Então o primeiro diálogo veio dela. _Bay daala atrei bai daiô?

 _Eu não entendo o que está dizendo.

 _Eu dizer quem é você?

 _Eu me chamo Dorlavax Vashmun, sou o senhor das

montanhas geladas.

 _O que quer aqui?

 _Quero fazer aliança com guerreiras.

 _Nós não precisar de ajuda de homens.

 _Não sou homem. Sou Nadrux.

 _Quem mija de pé é homem para nós.

 _Posso ajudar no que for preciso. Sou guerreiro

forte.

A rainha amazona repetiu minha última

frase para as suas companheiras que estavam lá e

todas deram risadas de deboche menosprezando

minha aparência frágil.

 _Você não vencer a nossa pior.

 _Eu venço todas juntas.

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Deram mais risadas da minha frase

traduzida por sua rainha. Mas eu não estavablefando, poderia sair da minha condição a hora

que quisesse e matar quem quer que se

aproximasse. Suas flechas não são nada para mim.

 _Uma boa luta com você até a morte.

 _E se eu ganhar?

 _Não vai.

 _Mas seu eu ganhar vou querer um prêmio.

 _Diz qual é. – Disse debochando. – 

 _Vou lhe dar uma filha.

Ela olhou torto para mim e não gostou do

meu pedido. Mas ela iria aceitar ou sua moral

diante de suas súditas poderia ficar abalada.

 _Aceito. No amanhã você morre.

 _Amanhã mesmo lhe presentearei com uma filha.

Ela ordenou que o levassem novamente

para outra jaula, desta vez um pouco maior.

Alimentaram-no bem e ficaram de vigia o tempo

todo. Vez ou outra, algumas belas mulheres vinham

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vê-lo por curiosidade a uma distância segura e

conversavam sempre com olhares curiosos. No diaseguinte, Dorlavax só via a mulher que tomava

conta dele e ninguém mais. Já era quase meio dia

quando quatro vieram busca-lo.

Elas o levaram além da cidade delas, rio

abaixo, em um lugar mais iluminado por tochas. O

lugar era enorme e se tratava de um ringue

suspenso, feito de madeira em formato circular

bem no centro de um enorme buraco por onde o

rio caia nem grande cascata. Várias estalagmites

embaixo fariam um bom estrago em quem caísse.

Algumas ossadas são visíveis de onde eles

estavam. Para se chegar ao ringue, precisava andar

na corda bamba, que amarrava o próprio ringue na

beirada do buraco. Ele segue como ordenado e

caminha a passos lentos, mas equilibrados. Uma

mulher pisa na corda para lhe atrapalhar mas ele se

mantém bem equilibrado com auxílio do ar que

consegue manipular.

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A desafiante atravessa a corda a passos

largos e com uma espada e um escudo em mãos.Ela usava um peitoral de metal e um elmo que lhe

tampava a boca. Ela falou alguma coisa que ele não

entendeu e deu um grito amazona bem alto que

ecoou em todo aquele lugar. A luta começa e seu

estilo é bem bárbaro e aleatório.

Dorlavax desvia-se do primeiro golpe e

espera uma oportunidade para atacar pois estava

sem arma alguma. Mas ela acerta em cheio em seu

peito e o deixa cair com a espada cravada. Ela

festeja e todas as outras amazonas gritam muito.

A campeã festeja com berros e mostrando

toda uma masculinidade. Mas os gritos de festa

cessam rapidamente e a campeã não entende

porquê até que olha para o seu oponente que

estava de pé tirando a espada do peito sem ao

menos demonstrar que estava doendo. Um silêncio

toma conta da arena e Dorlavax a chama com a

mão.

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Ela corre para o seu lado em fúria e tenta

acerta-lo com o escudo e um soco com a mão vazia,mas ele esquiva rapidamente e sem querer acerta-

lhe a espada de raspão na região da costela,

causando grande dor. Ela tira uma adaga de sua

bota e a segura com a lâmina voltada para si.

Ela tenta acertá-lo mais uma vez com a

adaga, mas ele esquiva sem problemas. Agora ele

tenta acerta-la, mas é defendido pelo escudo dela.

Ela revida tentando acertá-lo com o escudo e logo

em seguida com a adaga, mas falha. Ele acerta seu

braço esquerdo causando um corte considerável.

Ela o chuta e ele esquiva tranquilamente

acertando-lhe outro golpe, só que no antebraço

direito. Ela mais uma vez tenta um golpe com a

adaga errando a primeira tentativa, mas acertando

na segunda em sua perna direita. Ele mais uma vez

lhe corta o braço direito acertando alguma artéria.

Mais dois golpes dela não o acerta e ele não ataca

desta vez, pensando em acabar com aquilo logo. Ela

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 já não estava bem e tenta acerta-lo de qualquer

 jeito sem êxito. Ele por sua vez causa-lhe umenorme ferimento na perna direita.

A guerreira estava já ficando sem sangue e

estava bem tonta. Num ato de desespero ela tampa

a adaga nele e o acerta no braço direito. Ele tira a

adaga sem sentir dor e a devolve da mesma forma,

mas ela defende com o escudo e a recupera.

Ela tenta e erra feio, ele também tenta e é

defendido por seu escudo. Mas ela num golpe de

sorte o degola com a adaga dilacerando o seu

pescoço. Ele cai e ela o golpeia repetidas vezes no

pescoço em um ataque de fúria. A plateia mais uma

vez grita pela campeã que festeja cambaleando a

sua vitória.

E mais uma vez a plateia se cala e com um

olhar de horror a campeã vê seu derrotado de pé

com o pescoço dilacerado ainda a chamando com a

mão. Ela o golpeia e ele defende com a espada,

dando mais um golpe nela que se defende rápido

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com o escudo. Ela o ataca freneticamente e um ou

outro golpe dela ele deixa passar, causando cortesprofundos, mas que não o abalam. Ela já cai de

 joelhos sem forças e quase sem sangue. Ele finca a

espada no chão de frente para a guerreira, não a

matando. Mas ela já cai sem vida logo depois.

Elas ficam em silêncio enquanto ele vai em

direção de sua adversária. Lá ele invoca uma magia

de cura e a ressuscita, deixando-a em sono

profundo. Saindo do ringue e com nenhum

resquício de corte em seu corpo e nem mesmo

manchas de seu próprio sangue, Dorlavax vai

proclamar seu prêmio.

A rainha é escoltada até sua tenda e ele vai

 junto. Lá eles são deixados a sós e a rainha começa

a conversar com ele antes de se despir.

 _Que monstro ser você?

 _Sou um Nadrux. E vim não em guerra, mas para

formar alianças.

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 _Se você não morre, por que querer ajuda de nós

que podemos morrer? _Eu não tinha controle sobre minha morte assim

como você, hoje eu tenho. Eu vivo em uma cidade

nas montanhas geladas e ajudo mortais como

vocês.

 _Nós não precisamos de ajuda dos externos.

 _Muito bem. Eu sairei de seus domínios e as

deixarei em paz. Mas se precisar de ajuda para a

vida ou para a morte, basta me procurar nas

montanhas a oeste daqui.

 _E minha filha? – Disse ela se despindo. – 

 _Não precisa. Só queria uma aliança.

 _Você vai me dar uma filha ou minha honra acaba

se me recusar. Preciso parir uma criança ou minhas

filhas começarão a voltar atrás em suas decisões.

 _Entendo.

Dorlavax a leva para a cama em um ato sem

nenhum sentimento, mas com gentileza. Ela o

aceita somente para que sua honra não seja ferida

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e sua promessa cumprida. Ele se sentiu um animal

e não gostou como aquilo havia acontecido. Arainha e ele se vestiram e saíram da tenda. Ela disse

algumas palavras às amazonas e elas bateram

palmas e gritaram.

Disse a elas que o embrião guerreiro estava

em suas entranhas e que quando a menina nascer

terá garra como amazonas e força como pai.

 _Como pode ter certeza que virá menina?

 _Acredite, eu tenho certeza.

 _Ela virá monstro como você?

 _Não. Mas terá aparência diferente da nossa.

 _E como ser?

 _Só o tempo para nos mostrar.

 _Talvez você nunca a veja.

 _E talvez eu a veja antes de você.

A guerreira olhou para ele meio assustada,

pensando em como isso poderia ser possível e o

liberou. Duas amazonas o levaram até a fenda e de

lá não passaram.

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Ele se foi sem olhar para trás e quando saiu,

viu que o cadáver ainda o aguardava comoordenado. Ele pediu para que ela retornasse para

onde ele a achou e voltasse ao descanso da morte.

Pensou que ela talvez tivesse uma morte honrosa e

voltar como um ser amaldiçoado para sua família

seria constrangedor para a sua memória, se é que

poderiam recordar de quem fosse.

As amazonas são mulheres independentes e

não gostam dos homens, mas precisam deles para

se procriarem. Os guerreiros que vencem uma luta

na arena ficam aprisionados por elas e são

obrigados a proliferar seus frutos em dezenas delas

por anos. Se não servem mais para este propósito,

são descartados.

Mas nenhum guerreiro tem o direito de

engravidar a rainha a não ser que ela seja desafiada

ou conceda um pedido como foi o caso de Dorlavax.

Ele retornou para seu lar e aguardou a natureza

fazer a sua parte. Ele havia aprisionado consigo o

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espírito da feiticeira amazona que se alimentava do

Amor e do Ódio e a usou no ato com a líderamazona. O barão já sabia que ela seria uma

poderosa descendente vinculada a um laço familiar

de muito interesse por ele.

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DAVISHA  –  A FILHA DA

RAINHA

Alguns meses depois da visita do barão às

terras amazonas, nasce a princesa Davisha. Ela era

como uma criança normal, só que mais branca do

que as demais. Seus cabelos eram de um grisalho

quase que prata e seus olhos de um azul muito

claro. A rainha amazona deu graças aos deuses por

sua filha não vir como um monstro por causa das

peculiaridades de seu pai.Os anos se passaram e Davisha se mostrava

uma péssima guerreira. Ela era muito fraca e

apática e trazia muita tristeza a rainha. Aos doze

anos de idade ela desaparece sem deixar vestígios

e todas as amazonas saem em busca dela fora da

caverna. A rainha fica desolada e ordena que a suas

súditas que busquem pela garota dia e noite.

As baixas eram contabilizadas por dia, pois a

floresta sempre foi muito perigosa. Muitas

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amazonas não mantinham a esperança de que

Davisha ainda estivesse viva, mas seguiam asordens da rainha sem contrariar.

A imponente rainha amazona acaba se

entregando à ilusões e medos de que está sendo

observada o tempo todo e perseguida por alguma

coisa nas sombras. Ela estava muito alterada e

discutia sozinha por longos períodos. Suas súditas

 já não viam ela mais como uma rainha e sim, como

uma louca.

Passados oito meses aproximadamente do

sumiço de sua filha, ela ateia fogo em sua residência

enquanto duelava com as sombras. Tentaram

várias vezes acudi-la, mas sempre que alguém se

aproximava, era visto como um monstro por ela. A

rainha amazona não saiu da casa que veio abaixo

matando-a instantaneamente.

Mesmo no fim da vida sendo uma rainha

insana, recebeu um funeral digno de honra.

Prontamente a amazona mais velha se torna rainha

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até ser desafiada por outra pela posse do trono,

mas nenhuma delas tinha este interesse, todastrabalhavam em um bem comum e não possuíam

este pensamento de superioridade sobre a outra.

Ao nono mês de desaparecimento da

princesa, eis que ela surge pela fenda da caverna.

Estava bem diferente, não de aparência, mas de

atitudes e foi reconhecida por seus aspectos

incomuns. Ela foi recebida pela nova rainha que lhe

contou tudo o que aconteceu e pediu que fizesse o

mesmo, que dissesse onde esteve todo este tempo.

Ela foi sucinta e disse que estava com o seu

pai e não respondeu mais nada quando indagada

sobre seus afazeres. Seu posto de rainha ainda

estava longe de ser seu e concordou em viver como

princesa até que completasse seus quinze anos.

Ela estava muito madura para a idade dela e

dava até conselhos à rainha sobre como melhorar

vários aspectos do lugarejo, sempre mostrando

muita sabedoria. Quando ela completou catorze

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anos, a rainha a condecorou como sua sucessora e

afirmou a todas que a jovem já possuía sabedoriade sobra para governá-las como uma grande rainha.

Davisha se tornou uma líder completa, com

grande sabedoria, ótimas técnicas de luta e poderes

sobrenaturais que ajudavam em combate e cura.

Seus segredos foram sendo transmitidos ao longo

dos anos para todas as amazonas e seus

ensinamentos eram para glorificar somente ao

Amor e ao Ódio.

Dizia que precisavam ser amáveis umas com

as outras e odiarem o inimigo com todas as forças.

Vinte anos mais tarde, toda a cultura amazona

havia se modificado para glorificar aos deuses

ancestrais Amor e Ódio, confiarem nos Nadrux, pois

a sua rainha era descendente deste povo sábio e

aceitarem ao Barão das Tartáreas como importante

aliado. A cada ano que passava, o barão

presenteava sua filha com uma ou duas meninas de

colo para serem amazonas.

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As doações eram feitas pelos próprios

Nadrux que decidiam por si só, entregar suascrianças a uma comunidade tão rica e bela como a

das amazonas. Alguns pais gostavam da ideia de

verem suas crianças independentes desde cedo,

prontas para os perigos do mundo. A filha do barão

morre aos cento e noventa e seis anos com uma

aparência de cinquenta, enquanto dormia.

Ela usou o que pôde de seus poderes para

retardar sua partida ao mundo dos mortos. Seu pai

poderia mantê-la viva o tempo que quisesse, mas a

missão da rainha já havia sido concluída.

Dorlavax não sentia a perda de sua filha pois

não possuía sentimentos profundos por ninguém.

Ele só precisou daquela alma para aproximar-se das

amazonas e ajudou-as a evoluir.

As doações de crianças sempre foram

mantidas e a aliança sempre se fortalecia, pois, o

barão nunca cobrava nada, só cedia, pelo menos

por enquanto.

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O DEUS MORTAL

A poucos meses de viagem, em um outro

continente menos feroz e bem mais povoado com

cidades, à beira do lago, sob uma chuva torrencial,

um garoto maltrapilho de doze anos, estava

sentado com uma linha amarrada no dedão do seu

pé direito, esperando que algum peixe fisgasse sua

isca. Seus olhos estavam fechados e ele se deliciava

com aquele ar gélido que carregava gotas

grandiosas.

 _Atrodeon! – Gritou sua mãe.

Ele olhou de banda para ela, sabendo o que sairia

de sua boca.

 _Venha para dentro agora! Os deuses estão

discutindo, e se souberem que os escuta, elestorrarão os seus ouvidos.

Ele se levantou sorridente, desatou a linha e

a amarrou em um arbusto que estava perto dele e

correu para seu lar, um vardo que era puxado por

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duas mulas. Não era uma casa muito vistosa, havia

alguns vazamentos, mas nada que atrapalhasse oalmoço por exemplo. Havia espaço de sobra para os

dois.

Atrodeon possui um cabelo muito preto e

com cachos bem definidos que iam até o ombro.

Seus olhos eram de um verde incomum, como o de

uma esmeralda.

Ele é extremamente bonito e sempre tirou

suspiro das meninas das cidades por onde passam.

Não costumam ficar no mesmo lugar por muito

tempo e sempre estão em viagem. Felisha é o nome

da mãe de Atrodeon e ela sempre cuidou dele sem

o pai.

Ela quis assim porque achava que o pai o

envenenaria com estórias machistas e de gloriosas

guerras. Felisha sempre foi contra estes padrões e

quando ficou grávida, não quis que ele tivesse

ideias banais sobre o mundo.

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Ela consegue um pouco de dinheiro jogando

cartas de tarô, assim como sua mãe e sua avó.Ambas ensinaram a arte divinatória para ela como

sempre foi passado pelos ciganos. Atrodeon está

começando a aprender a interpretação das cartas,

mas sempre é instruído a não jogar por dinheiro,

pois somente as mulheres devem fazê-lo.

Ela quer que ele seja um bom rapaz,

educado, culto e galanteador. Ela sempre diz a ele

que se os deuses o mandaram tão belo para o

mundo dos homens, é que seu destino será traçado

por estes dotes.

 _Mãe, eu queria pescar um bom peixe para o nosso

almoço.

 _Não precisa, depois compramos um pescado

fresco. Hoje eu preparei um caldo com legumes

para esquentar nesse dia tão tenebroso.

 _Adoro o seu caldo mãe, se um dia me juntar com

alguma mulher, gostaria que ela fizesse um caldo

assim.

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 _Eu a ensinarei de bom grado, se eu ver que ela

merece você. _Você já viu nas cartas como vai ser o meu futuro?

 _Não. E não me interessa o seu futuro no momento,

interessa é que você deve tirar essa roupa

ensopada antes que você fique doente.

 _Nós podemos saber quando vamos morrer?

 _Porque essa pergunta agora meu filho?

 _Só curiosidade.

 _Não podemos. Só os deuses possuem essa

informação, a não ser que já esteja próximo. Então

você poderá ver nas cartas.

 _Pena que quando jogamos para nós mesmos não

conseguimos ver nada não é?

 _Sim. Só podemos alertar as pessoas que precisam

de conselhos. Não podemos ver para nós.

 _Por quê?

 _Um mensageiro nunca é incumbido de dar uma

mensagem a si mesmo, é sempre alguém de fora

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que precisa dar a notícia. Somos mensageiros e

nada mais. _Porque sempre estamos nos mudando?

 _Meu querido, para o nosso trabalho precisamos

de pessoas diferentes sempre. Quando chegamos

perto de uma cidade, pessoas ficam curiosas com o

nosso tipo de vida e sempre nos olham como seres

estranhos, mas você não terá este problema.

 _Como assim?

 _Você é ainda muito novo meu filho. Mal sabe o

poder que tem nas mãos e no rosto.

 _Você sempre diz isso.

 _E você sabe o que quer dizer?

 _Não, o quê?

 _Você vai descobrir por si só meu filho, não tenha

pressa para desfrutar das descobertas da vida.

Atrodeon descobriu dois anos mais tarde o

que sua mãe dizia. Era o que ele sempre suspeitava,

mas não tinha ideia para o que usar.

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Sua beleza e sua lábia para convencer

mulheres a fazer o que ele queria. Aos catorze anos,ele já se mostrava bem mais maduro do que a

maioria dos garotos de sua idade. Mulheres de

todas as idades se deliciavam só de vê-lo e

constantemente o abordavam na rua.

A cada cidade visitada, vários corações eram

deixados com saudades. Ele por sua vez encarava

aquilo como aventuras que deveriam ser vividas.

Aprendeu com sua mãe um pouco de dança, o tom

de voz para usar com as mulheres e como conseguir

delas o que queria. Sua mãe o ensinava a arte da

prestidigitação, da manha das ruas, da defesa com

facas, da furtividade e da punga.

Ela sempre mostrou a ele que uma boa

aparência contava muito e um olho no olho valia

mais do que a lâmina de uma espada. Mas sua mãe

lhe avisou sobre um perigo que poderia lhe causar

a morte.

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Ela sempre dizia para ele que sua beleza não

era para uma mulher somente e que tirasse dacabeça desde já, qualquer possibilidade de se

apaixonar, por ninguém.

Com o passar dos anos, já com dezessete,

Atrodeon se torna um homem muito belo que

sempre causava apreço nos homens e suspiros nas

mulheres. Nesta época sua mãe decidiu que era

bom dar um tempo às viagens e se fixar em algum

ponto, pois o seu vardo estava precisando de

muitos reparos.

A cidade que pararam se chama Manmpar e

lá havia uma grande possibilidade de ganhos com a

 jogatina por se tratar de uma cidade neutra. Estas

cidades não são regidas por um único deus como a

maioria, mas por quase todos.

Isso significava que o povo morador dali,

 jamais os olharia com olhos de descaso. Felisha

sempre recebia visitas para jogar cartas e Atrodeon

trabalhava duro como lenhador e conseguia um

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bom ganho com isso. Podia ganhar mais no jogo,

mas não era a sua intenção trapacear com aquelepovo. Não por ser íntegro, mas como precisavam

fixar residência por tempo indeterminado ali, ele

pensou em andar na linha.

Mas isso não estava incluindo as mulheres e

a cada dia, seus problemas aumentavam mais.

Encontrava uma antes de ir ao trabalho, com outra

durante, mais uma quando saia e isso sem contar

com a que vendia flores, a filha do taberneiro e até

mesmo a esposa do ferreiro.

Ele recebia presentes, agrados e juras

eternas de amor, mas nunca seria de nenhuma

delas. Nunca se entregou por completo para

nenhuma mulher, assim como sua mãe havia lhe

dito.

Todas as mulheres que saiam com ele

definitivamente, se entregavam por completo aos

seus encantos e rezavam sempre para Emerim, a

deusa protetora das mulheres que o fizesse seu

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marido. E todas aquelas rezas e promessas à deusa,

durante tantos anos, no mínimo, deixavam-nacuriosa. E na grande e majestosa Êboro, lar dos

deuses menores, a bela Emerim conversava com

Natafie no grande jardim central.

Lá se encontrava o grande Espelho das

Almas, um enorme chafariz que mostrava às

divindades, qualquer pessoa ou lugar que eles

quisessem ver. Cada divindade se vestia de forma

diferente. Emerein se apresentava como uma

camponesa simples, mas de grande beleza. Sua pele

era mais morena e avermelhada, seus cabelos

compridos e lisos até a cintura e seus olhos eram

grandes e negros.

Já Natafie era negra, e possuía uma beleza

incomum. Seus olhos eram como os dos felinos e

seu corpo era esguio e musculoso. Seus caninos

eram protuberantes e seu cabelo crespo e longo era

amarrado em várias tranças finas.

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 _Como tantas mulheres podem admirar um só

homem ao mesmo tempo?  –  Disse Emerim paraNatafie enquanto observavam Atrodeon.

 _Convenhamos Emerim, ele realmente é muito

bonito e veja como ele trata aquela garota. Ele a

deixa nas nuvens com os seus olhos.

 _Mas muitas rezam para mim por causa dele.

 _E o que tem isso de mais?

 _Nada, mas é que eu às vezes fico até corada com

as coisas que elas falam em suas orações.

 _Explique isso melhor Emerim. – Disse ela depois de

uma boa gargalhada.

 _As coisas que elas dizem sobre ele.

 _Que coisas?

 _Coisas.

 _Você diz coisas de procriação?

Emerim fica um pouco envergonhada e balança a

cabeça com um sim.

 _Pelos deuses ancestrais.  –  Natafie ri alto da

situação.

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 _Não tem graça Natafie, é sério, elas falam tudo e

como queriam fazer aquilo sempre. _Emerim minha amiga, até os animais amam. Isso é

natural e com um macho daquele, as fêmeas até

brigam.

Emerim fica calada e Natafie percebe que

tem alguma coisa que Emerim não contou à ela.

 _Pelos deuses ancestrais Emerim, não me diga

que...

 _O que foi Natafie?

Ela olha para os lados e diz baixinho:

 _Não me diga que você era virgem antes de vir para

Êboro?

 _Eu... eu não...

 _Eu não acredito Emerim! Você está virgem a

quantos milhares de anos?

 _Natafie... eu não sei está bem? Eu nunca tive a

oportunidade.

 _Nem aqui?

 _Não! Você já?

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 _Eu quando fico no sio não me escapa ninguém.

Emerim da uma risada baixinha e ficaenvergonhada.

 _Que absurdo! Você já se relacionou com todos

daqui?

 _Não. Tem alguns que não são interessados em

uma fêmea no sio. Eu já gosto de descer e namorar

uns lobos, são tão...

 _Natafie, dispenso suas aventuras no mundo

animal.

 _E então?

 _Então o quê Natafie?

 _Quando vai se encontrar com ele?

 _Eu pensei na possibilidade, mas não sei se ele seria

a pessoa certa.

 _Pessoa certa Emerim? O garoto é literalmente um

devorador e galanteador. Com certeza ele iria tratar

bem de você, e como iria.

 _Você e ele já...

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 _Não. Gosto de ter controle sobre os machos e no

caso desse aí, ele controla totalmente a situação.Por isso é um bom candidato para você. Pode ir

tranquila. Ele será bem dócil com você, vai

reconhecer sua falta de experiência. E afinal de

contas, você é uma deusa, e ele é só um mortal. O

que poderia fazer de mal a você?

 _Verdade.

 _Se você tem uma curiosidade, busque-a. Não

precisa temer a nada.

 _Obrigada Natafie.

Emerim aguardou por dois anos, se

preparando para encontrar com Atrodeon. Ela

queria impressioná-lo e se destacar entre as

mortais como a mulher mais bela que ele já havia

visto. Neste tempo ela recebia orações de suas

seguidoras que funcionavam para ela como dicas.

Ela o seguia pelo Espelho das Almas e sabia

de todos os seus passos.

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Mas teve um dia em que ela finalmente

desceu na terra dos mortais para ter um contatovisual com aquele homem que tanto mexia com ela.

E foi no mercado das frutas que ele finalmente

havia reparado nela. Emerim usou todas as

informações que tinha dele para cativá-lo no

instante em que ele a visse.

Ela fingiu que não o viu e ele tentou se

aproximar, mas ela não permitiu que ele a

alcançasse sumindo entre as pessoas. Queria que

ele pensasse nela, sonhasse com sua beleza e que a

desejasse acima de qualquer coisa.

Emerim o visitava nos sonhos vez ou outra e

mesmo lá ela mantinha distância. Atrodeon a viu

por um breve momento num único dia e não mais

conseguia pensar em outra mulher. Ele sempre

voltava ao mercado, no mesmo horário,

procurando por ela. Houve um dia em que ele ficou

do início ao fim, esperando que a avistasse.

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A deusa queria arrebatá-lo com uma paixão

nunca antes sentida e que mudaria para sempre oseu modo de agir com as mulheres e com certeza,

isso mudaria tudo.

Felisha reparou que seu filho estava

diferente e o procurou para conversar assim que

voltou para o vardo.

 _Atrodeon.

 _Sim mãe.

 _O que está acontecendo com você? Está com

algum problema?

 _Não.

 _Mas você está tão distante ultimamente.

 _Não é nada. Só estou cansado.

 _Imagino. Sua boemia ficará mais pesada com o

passar dos anos.

 _Eu sei, deve ser isso então.

 _Quem é ela filho?

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Ele fitou nos olhos dela e viu que se

relutasse em dizer-lhe a verdade, ela descobriria deuma forma ou de outra.

 _Eu não sei. Foi uma moça que vi no mercado das

frutas. Era a mulher linda, depois de você é claro,

que eu já vi na minha vida.

 _O que aconteceu então?

 _Nada. Quando comecei a me aproximar, ela

desaparece entre as pessoas. Desde esse dia eu não

paro de pensar nela.

 _Quanto tempo faz isso?

 _Têm quase um mês.

 _Talvez ela seja uma cigana como nós.

 _Eu não sei, mas acho que não. Suas roupas eram

de uma camponesa simples, mas sua beleza era

divina.

 _Então finalmente aconteceu?

 _O quê?

 _O que eu sempre pedi a você, que não se

apaixonasse por nenhuma mulher.

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 _Nunca havia sentido isso antes. É tão forte!

 _Eu sei. Mas aposto que você daqui a pouco estaráesquecendo-se dela.

 _Se eu parasse de sonhar com ela pelo menos

ajudaria.

 _Está sonhando muito com ela?

 _Quase sempre. É quase de três em três dias.

 _Então essa moça mexeu mesmo com você.

 _É eu sei. Queria pelo menos que ela olhasse para

mim aquele dia.

 _Mas por sorte dela ela não o fez. – Disse ela com

sarcasmo.

 _Mãe!

 _É verdade Atrodeon. Ela seria mais uma para a sua

coleção.

 _Talvez ela fosse o prêmio maior.

 _Você está falando sério?

 _Sim.

 _Agora estou ficando preocupada.

 _Por quê?

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 _O galanteador Atrodeon Tartárius juntando os

trapos com uma única mulher? _É um caso a se pensar.

 _Eu gostaria de ser a primeira pessoa a conhecer

essa sortuda, caso a encontre novamente.

 _Você será.

Felisha não demonstrou para seu filho sua

preocupação, mas ela sabia que alguma coisa

estava para acontecer. A sua intuição materna

nunca a decepcionou e não seria desta vez. Naquela

mesma noite, Felisha saiu de sua morada e foi para

mata adentro.

Havia uma clareira na mata e lá ela acendeu

uma vela vermelha e estendeu ao chão um pano

grosso de veludo negro que continha uma estátua

de Zannor, o deus dos segredos, uma adaga de

prata e seu baralho de tarô. Palavras são

sussurradas por ela de olhos fechados e com os

braços estendidos para cima.

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 _Poderoso e glorioso Zaronque, mostre-me pela

sua sorte e pelas minhas lâminas o futuro próximode Atrodeon Tartárius. Mostre-me o que não

consigo ver, mostre-me o que você já viu.

Ela embaralha as cartas de olhos fechados e

coloca três delas viradas para baixo. Sussurra mais

algumas palavras e desvira a primeira da esquerda.

Sente um alívio ao ver a carta da aliança, da união e

do amor.

A segunda carta é a do caixão, do início da

colheita e ela deixa também o coração de Felisha

tranquilo, pois as mudanças desta segunda carta

são benéficas ao lado da primeira que ela tirou. A

última carta é a das nuvens que representa

sentimentos confusos, um período difícil que a

pessoa pode enfrentar e abalar seus sentimentos.

 _Nada com o que se preocupar, talvez seja somente

minha preocupação em mantê-lo sempre comigo,

mas sei que o dia de sua partida se aproxima. A boa

notícia é que provavelmente serei avó em breve.

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Ela recolheu seus objetos e os embrulhou

novamente no grosso tecido de veludo, apagou avela e voltou para o seu lar. Dormiu tranquila

aquela noite, pois pensou que seu filho estivesse

sobre influência de alguma feitiçaria, mas

concordou que era só o amor mesmo.

No dia seguinte, Atrodeon conversava com

seus amigos na volta do serviço e decidiu passar

mais uma vez no mercado de frutas, separando-se

deles. A esperança de encontra-la ainda era forte

em seu coração. Mas a possibilidade de encontra-la

a cada dia estava mais perto de não acontecer.

Mas foi quando menos esperava que a viu

novamente. Ela trajava a mesma roupa daquele dia

e estava ainda mais radiante conversando com uma

senhora. Ele se aproxima sorrateiro com o coração

acelerado e um medo incontrolável de perdê-la de

vista. Nada mais importava naquele momento, ele

simplesmente não queria tirar os olhos dela.

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Pensava em como abordá-la sem que a

assustasse e tentou usar o acaso a seu favor e seaproximou da barraca onde estava com a senhora.

Sem demonstrar seu interesse na moça e nem tirar

os olhos dela, pois ele nunca se perdoaria caso

viesse a acontecer.

A velha mulher se foi e ela se aproximou da

barraca ao lado e começou a escolher algumas

uvas. Atrodeon chega ao lado dela e como se nem

a visse começou a escolher uvas também e

começou com o seu plano.

 _As uvas estão bonitas, mas acho que estão azedas

demais.

Emerim olhou para ele como se não o

conhecesse ainda e com um ar de desconfiança.

Atrodeon experimenta uma delas e confirma, mas

a engole fazendo careta.

 _Pegue uma desta parreira, veja se estou

exagerando?

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Emerim pega e coloca na boca franzindo um

pouco suas sobrancelhas. _Realmente. Como sabia?  –  Disse ela finalmente

para a felicidade dele.

 _É que quando estão com essa cor esbranquiçada,

foram colhidas antes da hora deixando toda a

parreira menos doce. Experimente estas outras, já

estão melhores.

Emerim experimenta e concorda com um sorriso

fechado.

 _É verdade senhor...

 _Atrodeon Tartárius senhorita...

Ela sabia que não poderia dar seu nome verdadeiro

e já havia pensado em um substituto.

 _Me chamo Mireme.

Atrodeon a cumprimenta sem formalidades

para não assustá-la, simplesmente aperta sua mão

e dá um largo sorriso. Emerim também o faz e ele

se segura para não demonstrar o real interesse em

tão estonteante jovem.

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 _Nunca ouvi este nome antes, você não é daqui é?

 _Não, na verdade cheguei à cidade hoje cedo e nãoconheço muita coisa por aqui.

 _E de onde vêm?

 _Venho de Nupah, uma cidade litorânea que fica há

nove dias daqui.

 _E por que veio para tão longe?

 _Estávamos fugindo dos piratas que estão

acabando com a cidade.

 _Veio com os seus pais.

 _Sim. Paramos nesta cidade que parece ter um

comércio abrangente.

 _Acertou na mosca.

 _O senhor faz o quê?

 _Por favor, me chame só de Atrodeon.

 _Claro.

 _Trabalho como lenhador, foi o que consegui por

enquanto não moro aqui a muito tempo, assim

como você.

 _E de onde vêm?

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 _A última cidade que estava era Ongaran, fica a

algumas horas daqui. _Passei por ela ontem. É uma cidade bem pequena.

 _Sim. Eu e minha mãe somos nômades e nunca

paramos muito tempo em um único lugar. Paramos

aqui, pois o nosso vardo precisava urgente de

reparos, mas fica um pouco caro de consertar tudo

de uma vez.

 _Um vardo? Acho lindo, se pudesse moraria em um

também. Saber que pode levar sua casa para onde

quiser ou dormir confortavelmente em uma parada

de uma grande viagem. Deve conhecer muitos

lugares interessantes.

 _Bem, conheço sim, mas o que mais vale a pena são

as pessoas interessantes que costumo encontrar

nestes lugares.

 _Você já deve ter conhecido muitas mulheres

interessantes.

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 _Sim, não vou mentir para você. Mas com todo o

respeito, nunca havia visto em lugar nenhum umabeleza tão estonteante quanto a sua.

Emerim ficou um pouco corada e Atrodeon se

deliciou com isso.

 _Você também é um rapaz bem elegante e

educado, mas muito atirado para o meu gosto.

Aposto que já se engraçou com muitas garotas por

aí.

 _É verdade Mireme. Mas juro por todos os deuses

que nunca, nenhuma mulher em toda a minha vida,

sequer me deixou um pouco nervoso. Mas você é

diferente, sinto falta de ar quando olho para os seus

olhos e meu coração parece que quer pular para

fora do meu peito de tão forte que está. Gostaria

que o nosso encontro durasse pelo menos duas

eternidade, mas mesmo assim ainda sentiria as

mesmas coisas só de estar aqui ao seu lado.

 _Atrodeon. Não temos nem cinco minutos que

estamos conversando...

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 _Me desculpe Mireme...

 _E já tenho os mesmos sintomas que você!Ambos se olharam por um período maior e

ficaram em silêncio. Mesmo ao meio de uma feira

com grande quantidade de pessoas e um falatório

interminável, ambos se sentiam os únicos ali.

Foram para longe da feira e levaram

algumas uvas para comerem enquanto passeavam

e acabaram parando à beira de um lago, que ficava

ao lado da cidade. Lá deitaram na grama e

começaram a conversar. Atrodeon abria sua vida a

Emerim pelo simples fato de já amá-la.

Emerim por sua vez, tinha o controle de toda

a situação e estavam ali porque queria estar ali.

Para Emerim, Atrodeon era como se fosse um

garoto de cinco anos, pois é muito mais velha e

madura que ele.

Mesmo assim, ela não deixou de se encantar

com sua formosura e pelo seu espírito doce.

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Por trás daquele experiente garoto, ela

enxergava só um menino assustado com o queestava sentindo por ela. Ela definitivamente gostou

do momento, da companhia e nunca havia

conhecido alguém tão agradável de conversar.

 _Preciso ir agora, já está ficando tarde, daqui a

pouco o sol irá embora.

 _É claro. Adorei a tarde e gostei muito de conhecê-

la. Além de muito educada, é uma mulher culta e

muito segura de si.

 _Obrigada. Você também é muito gentil e amável.

Gostei muito de conversar com você também.

 _Poderíamos repetir se quiser. O que acha de uma

refeição ao ar livre amanhã? Posso trazer alguma

coisa para comermos amanhã, o que acha?

 _Está me chamando para um encontro?

 _A não ser que tenha algo mais interessante para

fazer?

 _Por que não deixamos para o acaso?

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 _Porquê acredito que o nosso encontro não teve

nada haver com isso. _Não acha que foi um mero acaso nos

encontrarmos?

 _Não. Sei que foi obra dos deuses.

 _E por que acha isso?

 _Porque eles trabalham de forma perfeita em nossa

vida. E eles sabem o quanto busquei alguém assim

como você aqui embaixo.

 _Você está me deixando vermelha.

 _Me desculpe, mas só digo a verdade. A perfeição

só permanece no mundo através dos deuses e eu

sou grato a eles por ter me colocado em seu

caminho.

 _Obrigado Atrodeon, você é muito gentil.

 _Vou acompanha-la até sua casa.

 _Não precisa. Acompanhe-me até a barraca de uvas

que nos encontramos. Moro a trinta passos dali.

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E assim foi feito, ele a acompanhou até lá e

se despediu dela com um beijo em sua mão e umolhar apaixonado. Ela se mostrou muito interessada

no seu gesto e sorriu com a boca fechada. Atrodeon

foi embora abobado e nem sequer olhou para trás

para tentar descobrir onde ela morava como estava

fazendo antes.

Estava seguro porque soube que ela morava

com os pais aqui na cidade e só isso já bastava para

dormir tranquilo. Na volta para casa Atrodeon foi

cantando músicas de amor bem alto pelo caminho

e sua mãe estranhou aquele comportamento.

 _Olá senhora Felisha! Recebi o sopro da sorte dos

deuses hoje.

 _O que houve?

 _Tudo! – Ele segurou sua mãe e começou a dançar

com ela. – 

 _Atrodeon, o que aconteceu?  –  Disse ela rindo e

dançando com ele até que ele parou e olhando bem

nos seus olhos disse:

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 _Eu encontrei com o doce anjo que vi antes e que

me tirava o sono. _A garota que você disse que viu no mercado e te

tirou o sono?

 _Sim.

 _E agora ela te tirou a sanidade?

 _Não mãe. Isso é o amor.

 _Atrodeon. Você se apaixonou por ela?

 _Sim minha mãe e não a força maior do que essa.

 _E de onde ela é?

 _Ela veio de Nupah. Fugindo de piratas. Se eles

vierem atrás dela, sentirão a fúria de Atrodeon

Tartárius.

 _E ela estava onde este tempo todo?

 _Como assim?

 _Você não a tinha visto quase um mês antes?

 _Sim. Ela chegou hoje aqui.

 _Mas você não a viu há quase um mês atrás no

mercado? Como ela chegou hoje?

 _Talvez estivesse aqui só de passagem.

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 _Ou talvez esteja só te enganando.

 __Mãe? _É por isso que eu não queria que se apaixonasse

por ninguém. Os homens tendem a ficar burros

quando estão neste estado.

 _Não tenha ciúmes. Ela é tão vítima do amor

quanto eu.

 _Espero que sim meu filho. E então, marcou um

novo encontro com ela?

 _Sim. Amanhã nos encontraremos para uma

refeição ao ar livre no final da tarde.

 _E qual é o nome dela?

 _Mireme.

 _Mireme? Nunca ouvi este nome antes.

 _Assim como Atrodeon. Nunca conheci alguém

com este nome.

 _Isso é por que o seu nome é único.

 _De onde surgiu ele?

 _Eu o criei. É um nome forte e desconhecido, assim

como você.

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 _E o nosso sobrenome Tartárius, de onde vem?

 _Minha avó disse certa vez que nossosdescendentes eram escravos de uma terra

longínqua chamada de o Reino das Tartáreas.

Significa o que é relativo ao submundo de Salanter,

o deus condenador dos injustos. Tartárius significa

“descendente do submundo”. Mas não passa de um

trocadilho para àqueles que vieram das Tartáreas.

 _Nossa mãe, quanta sabedoria!

 _Aprenda uma coisa meu filho, conhecer a sua

origem é conhecer a ti mesmo.

 _Não vou me esquecer disso, boa noite mãe.

 _Já vai dormir tão cedo assim?

 _Bem que eu gostaria, mas a noite vai ser longa.

Felisha sorriu e presumiu que seu filho não

conseguiria pregar os olhos por pensar nessa garota

misteriosa. Ela não deu atenção ao fato e não tinha

o porquê disso. Eram só dois jovens que estavam

aprendendo sobre o amor verdadeiro.

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Atrodeon por sua vez, ficou sonhando

acordado com Mireme praticamente a noite toda.Pensava se ela estava com ele também em seus

pensamentos e não via a hora de reencontrá-la.

Ao mesmo tempo, assim que Emerim

retornou à Êboro, Natafie já a aguardava no Espelho

das Almas, ansiosa pelos comentários da amiga que

estava prestes a perder sua pureza carnal. Emerim

surge ao lado da amiga como quem sai de trás de

um espelho e senta-se ao lado dela.

 _E então Emerim? Não me esconda nada!

 _Mas você não estava vendo?

 _Sim, mas aqui não mostra o que estava sentindo.

 _Ele é incrível!  –  Natafie soltou uma gargalhada

rápida e voltou a prestar atenção.  – Me senti tão

bem ao lado dele, tão segura e tão amada. Ele

pessoalmente quando te olha, parece que entra

dentro de você.

 _Imagina quando ele estiver fazendo isso mesmo.

 _Natafie! – Chamou a atenção da amiga já corada.

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 _ O que foi? Não é para isso esse galanteio todo?

 _Não. Estou conhecendo ele primeiro. _Emerim, não vá por esse caminho.

 _Como assim?

 _Não espere muito. Ele é um humano, ele pode

morrer a qualquer momento. Não deixe essa

oportunidade passar. Você não é essa menininha

que está mostrando a ele. Você já é uma deusa de

milhares de anos e ele é só um mortal.

 _Eu sei disso, mas fica parecendo que o estou

usando.

 _E está mesmo. Entrando em seus sonhos, usando

suas fraquezas para persuadi-lo e seu charme

divino para deixar o pobre coitado desolado.

 _É, talvez você tenha razão. Eu vou usá-lo para

saber o gosto que ele possui. Quero confirmar o

que várias mulheres me disseram em oração.

Quero me sentir como elas e entender como se

sentem realmente quando estiverem falando dele.

 _E o que vai acontecer com você depois disso?

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 _Como assim?

 _Vai sumir da vida dele ou vai ficar um tempo aindalá embaixo como uma aparente mortal?

 _Não sei dizer.

 _E amanhã? Pode me adiantar alguma coisa?

 _Amanhã vou almoçar com ele lá no lago.

 _Que romântico. Você realmente gostou dele não

foi?

 _Acho que sim Natafie.

 _É por isso que não me apego aos homens. Eles

morrem fácil.

 _Credo Natafie, que coisa.

 _Mas é sério. Eles são como os cães, te juram

fidelidade eterna, mas nunca cumprem com a

palavra porque morrem cedo. E isso quando não se

engraçam com uma cadela no cio...

 _Natafie...

 _Tudo bem, desculpe. Vamos ver o que ele está

pensando agora?

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Emerim só pensa em Atrodeon e ele é

refletido na superfície das águas do Espelho dasAlmas e seus pensamentos são ouvidos por elas

como se ele estivesse presente.

“_...nossos filhos seriam de invejar qualquer um.

Imagino ela deitada aqui comigo toda noite.

Sentindo o seu cheiro, tocando o seu rosto, aquele

cabelo maravilhoso e aquela pele macia. Eu com

uma mulher daquela... pelos deuses, nunca mais

olharia sequer para outra, isso seria impossível...” 

 _Chega Natafie! – Emerim bate na água e a imagem

e a voz somem instantaneamente.  –  Assim vou

ficar...

 _Apaixonada?

 _Você não ficaria se encontrasse o homem

perfeito?

 _Não sei! Talvez.

 _Isso tudo é novo para mim. E se eu me apaixonar

por ele?

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 _Poder até pode Emerim. Mas formar uma família

só se ele fosse um deus como nós. E ele não é. _Talvez ele se torne.

 _Mas não nesta vida e nem nos próximos milhares

de anos. Só os deuses ancestrais podem torna-lo

divino novamente. Se você se envolver com ele de

verdade terá um pequeno tempo para usufruir

desta felicidade.

 _A não ser que eu o torne um anjo.

 _Você vai mesmo mexer com isso. Alterar o

crescimento evolutivo dele em prol do seu amor?

Todos os outros deuses irão querer modificar algo

na humanidade.

 _O que você mudaria?

 _Eu criaria uma confusão. Algo que mudaria para

sempre os humanos e o modo de ver os animais.

 _O quê?

 _Daria voz aos animais.

 _Todos?

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 _Sim. O cavalo poderia recusar quem montaria

nele, os porcos e vacas pediriam socorro quandoestivessem sendo abatidos ou se rebelariam contra

seus donos.

 _Nossa Natafie, só a sua influência iria causar um

alvoroço.

 _Ainda tem mais quinze para escolher.

 _É eu sei. Improvável mexer com isso.

 _Por isso eu te digo, desce lá e aproveite o

momento, pode ser o seu último.

Emerim ficou realmente temerosa com a

possibilidade de acontecer algo com Atrodeon e ter

que conviver com isso durante toda a sua

eternidade, então pensou sozinha em uma forma

de ficar com ele a sós e ter a partir de amanhã, uma

vida junto com ele.

Mas para que fosse verdadeiro Emerim terá

que descer na terra dos homens como mortal ou os

prazeres da carne nunca seriam sentidos por ela e

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depois poderia voltar ao seu estado divino

simplesmente por sua vontade.Mas ela não queria que Natafie a observasse

e nem mesmo algum humano os vissem juntos,

então criou um campo invisível no lugar escolhido

por ela onde ninguém pudesse ver. Nem mesmo os

deuses de Êboro e nem mesmo o Espelho das

Almas. Assim ela teria um momento de privacidade

com Atrodeon sem se preocupar com olhos de

terceiros.

E no dia seguinte, quando Atrodeon chega

ao ponto de encontro com uma enorme cesta cheia

de comida, Emerim já o aguardava. Ela se levantou

e o levou ao outro extremo do lago, onde nada

poderia vê-los.

 _Acho que a vista do lago daqui é melhor.

 _Eu acho que a vista do lago com você aqui não tem

a mínima chance.

 _Você sabe como arrepiar uma garota não é

mesmo?

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 _Hoje só penso em fazer isso com você.

 _Você me ama? _Amo, com todo o meu ser.

 _E você.

 _Também o amo, só não sei como pode ser

possível.

 _Nem eu. Mas sei receber de bom grado um

presente dos deuses quando me é oferecido.

Os dois se deitaram de lado na grama e

ficaram se olhando. Cada qual encantado com cada

gesto e cada olhar. A tarde duraria o prazo que

Emerim quisesse, ali onde estavam, possuía um

tempo fora do tempo.

Ninguém passaria lá dentro, pois o campo

repele qualquer um com uma vontade louca de dar

a volta. Eles ficaram se fitando por um bom tempo

até que Atrodeon a tocou no rosto.

Sua pele era de uma maciez que nunca havia

sentido e seu cabelo corria por seus dedos. Seu

toque era sentido por Emerim que sentia arrepios

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por todo o corpo. Ela também tocou o seu rosto e

ao fazê-lo ele beijou sua mão e se debruçou emcima dela.

 _Quero que saiba que nunca senti nada assim com

nenhuma mulher antes. Você é para mim a coisa

mais linda, doce e perfeita que meus olhos já

deslumbraram. Quero que seja para sempre minha.

Emerim o beijou e naquele momento,

nenhum dos dois largou o outro. Os beijos de

Emerim e Atrodeon formavam uma tormenta de

prazeres indescritíveis e os dois se tornaram

amantes lascivos, arrancando as roupas um do

outro como dois selvagens sedentos de sangue.

Uma força além da compreensão dos dois

estava atuando e eles não tinham controle sobre

ela. Estavam extasiados e atuando como um em

uma dança frenética que não perdia o compasso.

Emerim gritava de prazer enquanto Atrodeon

segurava forte o seu cabelo e investia pressão

contra o corpo dela.

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Ela o arranhava tirando sangue de suas

costas como que em um ritual sombrio. Atrodeonnão sentia a não ser o prazer que uma deusa

poderia dar a um mortal. Seu patamar de prazer foi

além do que suportava e estava totalmente fora de

si.

Seu desejo por aquela mulher era tamanho

que ele a queria cada vez mais. Os beijos e carícias

não mais o satisfaziam como antes, como uma

droga que consome sua vontade, ele queria ela

mais. Atrodeon transcendeu alguma parte de sua

divindade frágil no momento em que estava em um

patamar de prazer indescritível. Isso fez com que

ele desejasse aquela mulher tanto a ponto dela e

ele se tornassem um só.

Dos beijos vieram mordidas violentas e das

carícias, vieram arranhões e apertos brutos.

Emerim se sentiu acuada e indefesa perto de tanta

fúria e nada conseguia fazer para impedir sua

violência.

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Os gritos de dor de Emerim foram abafados

por Atrodeon enquanto ele literalmente adevorava. Mordida após mordida, bebendo o

sangue da pura jovem enquanto a violentava.

Ela não conseguia sair daquela fúria porque

o campo que ela fizera, impedia que coisas mágicas

o ultrapassassem e ela se tornou prisioneira dentro

de sua própria criação. Ela chorava e gritava

enquanto Atrodeon se tornava uma besta sedenta

por uma carne divina que o levava a um prazer

sombrio e selvagem.

Emerim já quase morta viu que libertara

dentro daquele mortal uma força que desconhecia.

Já cego da razão, Atrodeon saca sua adaga e com

uma sensação de satisfação diabólica no rosto

arranca o coração de Emerim ainda palpitando e o

devora com um êxtase poderoso.

Para ele aquela garota era a coisa mais linda

que já havia visto e mesmo com ela morta, ele a

acaricia deitado de seu lado, arrancando

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esporadicamente pedaços de seu corpo com uma

fome sobre-humana.Quanto mais a devorava mais sua fome

aumentava. Ele estava obcecado, louco e doente

pelo prazer que ela o dava. Ele levou dias para

consumi-la e sua aparência já não era como antes.

Seus pelos cresceram absurdamente, assim como

os seus caninos.

Seus olhos se tornaram amarelados como os

de um felino e sua barriga estava a ponto de

explodir de tão grande. Seu corpo estava todo

vermelho do sangue da pobre Emerim, que

praticamente estava dentro dele. E como

aconteceu a milênios atrás, quando um deus

matava o outro, adquiria sua sabedoria e poderes,

neste dia não foi diferente.

Atrodeon foi assim, como todos os humanos

há milênios atrás, um deus. E quando matou

Emerim, se tornou o mais forte dos demais, pois

tinha ainda um pouco de sua divindade dentro de

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si, ficando um pouco acima do que os deuses de

Êboro. A transformação não foi rápida e seuconhecimento estava turvo em sua mente. A

carcaça daquela que já fora uma deusa descansa já

quase sem carne.

Atrodeon sai sem querer do campo de

proteção se arrastando pelo chão em direção a

lagoa para se banhar e lá dentro da água e fora dos

domínios anti-magia de Emerim, Atrodeon se

transforma em uma divindade. Ele finalmente viu

seu rosto no reflexo criado pela água, e se

maravilhou com ele mesmo, tornando a forma de

antes.

Neste batizado improvisado, ele se tornou o

espírito de Emerim sem sua consciência. Ela queria

sair com sua alma, mas ele não deixava até que ela

não tinha mais forças e foi consumida por inteiro.

Ambos se tornaram então um só espírito. E de toda

sabedoria adquirida, ele começou a entender de

todas as coisas.

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Ele já se lembrava de quem foi, quem é e o

que será. A antiga ganância dos deuses ancestrais,mais uma vez era presente nele e sabia que mais

dezessete deuses viviam em Êboro e que poderia se

tornar o único caso os matasse.

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ASCENSÃO

Êboro estava em alerta e os dezessete

deuses restantes se perguntavam no salão por onde

andava Emerim. Alguns julgavam que Natafie a

teria matado e tentaram acusa-la.

Outros a defenderam dizendo ser

improvável, pois as duas há milênios eram como

irmãs. A discussão continuou por um período até

que Natafie abre o jogo.

 _Emerim desceu como mortal para se encontrar

com um humano de quem ela gostava.

 _Isso é um absurdo!  –  Gritou Phyloan, deus

responsável pelo regresso das almas à terra dos

homens.  –  Por que Emerim iria colocar sua

integridade em perigo por causa de um humano? _Ela me disse que o ama.

 _Quando ela disse isso? – Retrucou Phyloan – 

 _No dia antes dela descer, há cinco dias.

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 _Pelos anciãos, os dois devem ter sido

assassinados.  – Disse Cimelisa, deusa da paz e dafamília.

 _Eles não vieram até mim. Não devem estar

mortos. – Disse Phyloan. – 

 _Então por onde andam se nem mesmo o Espelho

das Almas não os encontra?  – Pergunta Merqzael,

deus da verdade, casado com Cimelisa e pai de

Fadonph e Thallamar.

 _Talvez tenhamos que intervir na humanidade para

encontra-la. – Falou Pãôlá, deusa da colheita.

 _Ainda não. Acredito ser demasiadamente cedo

para tomarmos medidas tão drásticas.  –  Disse

Urzaneyan, deusa da sabedoria e conhecimento.

 _Urzaneyan tem razão, devemos pensar antes de

influenciar no destino dos nossos irmãos distantes,

devemos ser ponderados para não causar dano

àqueles que estão em busca da ascensão.  – Disse

Inx, deus dos injustiçados.

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 _Então o que faremos? Sentamos e esperamos

como se nada tivesse acontecido?  –  PerguntouVuzzaryn, deusa da cura.

 _Acho que teremos notícias dela em breve, se

minha intuição não falha. – Disse Tunnyer, deus da

intuição. – 

 _Então acho que estamos de acordo. Vamos

esperar mais dois dias e caso não tenhamos

notícias, buscamos um meio de averiguar isso em

outra reunião. Estão todos de acordo?  –  Disse

Baefierin, deusa das realizações.

Todos concordaram que seria a melhor

saída esperarem um pouco. Mas dois deuses

ficaram quietos e não se pronunciaram. Innutar,

deus das memórias e Zannor, deus dos segredos.

Depois da reunião os dois escolheram um lugar

mais reservado para conversarem, como sempre

faziam.

 _Então Innutar? O que você sabe que eles não

dariam importância?

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 _Eu senti memórias antigas sendo lembradas

Zannor. Memórias bem antigas. _De quem são Innutar?

 _Eu não tenho certeza, mas não são boas

recordações.

 _Com certeza não meu amigo Innutar.

 _Sentiu alguma coisa?

 _Sim Innutar. E todos nós saberemos da pior forma

possível.

Os demais deuses se espalharam em grupos

pequenos para comentarem entre si o fato e buscar

entender o que causou o sumiço de Emereim, mas

todos estavam à vista um dos outros. Natafie

conversava com Inx sobre o caso de amor de sua

amiga com Atrodeon.

 _Eu de certa forma a encorajei Inx. Queria que ela

desfrutasse mais seus poderes para que vivesse

com mais regalias. Emerim sempre foi muito

introspectiva e tímida.

 _Você não a viu encontrando com este rapaz?

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 _Não Inx. Ela desceu sem avisar.

 _Se Emerim sumiu sem deixar rastros, outros denós também podem. Devíamos nos preparar.

 _Preparar para o quê?

 _Eu ainda não sei Natafie, ainda não sei.

Na terra dos homens, Felisha busca em seu

baralho, alguma pista do seu filho que desapareceu.

No mercado de frutas ela realmente recebeu a

confirmação de que Atrodeon, já conhecido por

alguns feirantes, esteve lá há cinco dias com uma

garota muitíssimo bela.

Mas ela não conseguia jogar para si mesma

e não havia ninguém que o pudesse fazer por ela.

Passos são ouvidos por ela subindo a escada de seu

vardo e seu coração acelera ao pensar que poderia

ser alguém que viesse dizer o paradeiro de seu filho

 já sem vida. O sol se escondeu entre nuvens e uma

repentina escuridão toma conta de seu lar.

A porta é aberta e eis que Atrodeon entra

em sua casa, já mais velho, na casa dos cinquenta e

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com todo o vigor que sempre aparentou. Sua mãe

não acredita no que vê e tentar entender o queestava acontecendo ali.

 _Atrodeon?

 _Olá mãe.

 _Mas... o que houve com você?

 _Eu cresci.

 _Mas eu não entendo.

 _Não precisa, eu vou lhe mostrar.

Atrodeon estende sua mão a ela que o

aceita. Ele a puxa rapidamente para si e com a outra

mão deformada com garras perfura seu tórax

causando uma morte quase que instantânea dando

tempo só para deixar escorrer uma lágrima no seu

semblante de incrédula.

Ele arrancou o coração da própria mãe e o

devorou por completo. E com singelos movimentos

dos braços, isolou o corpo dela pela janela bem ao

longe dali. O sangue que estava em seu rosto, em

suas mãos e no chão, evaporou e sumiu no ar.

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Ele sorriu alto e se transformou na própria

mãe. Suas roupas, sua voz, seus conhecimentos esua alma, agora eram dele. Atrodeon transformou-

se em sua mãe pois possuía sua alma e sabia que se

oferecesse o mistério do paradeiro de Emerim ao

deus Zannor, ele como o senhor dos segredos,

 jamais contaria a ninguém sobre suas descobertas.

Ninguém possuía mais segredos do que ele e

Atrodeon os queria.

Em Êboro, Zannor vai ao Espelho das Almas,

pois já ouvia uma forte reza para ele. E lá vê Felisha

rezando em seu nome e dizendo que seu filho havia

matado uma linda garota em um lugar onde a

magia não podia encontrar. Pedia forças para viver

com aquela desgraça porque já pensava em tirar a

própria vida e levar consigo o segredo para o

túmulo.

Phyloan seria o deus que receberia a alma

da pobre mãe quando morresse e a enviaria

novamente para a terra dos homens na barriga de

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alguma grávida e o paradeiro de Emerim se

perderia para sempre. A menos é claro, que ele,conhecedor dos mistérios, descobrisse antes de

todos este enigma, podendo barganhar

orgulhosamente com os outros deuses, um feito na

terra dos homens.

É o que a humanidade chama de milagres e

conquista muitos seguidores para o deus que

concebeu o fato de fé. E seguido por este impulso

desce à terra dos homens dentro do vardo de

Felisha, que se encontrava aos prantos diante de

uma mesa posta para o tarô.

Ele com sua aparência simples de um

ancião, apoiando-se em seu cajado que era mais um

enfeite para compor a imagem que tinha diante dos

mortais.

 _Deus Zannor, abençoado seja por atender as

minhas preces. O levarei ao lugar onde vi com os

meus próprios olhos o corpo da jovem.

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Ele concordou com Felisha sem dizer uma só

palavra e saíram para o lago que não ficava longede sua morada. Zannor estava visível apenas para

Felisha para não levantar suspeitas aos homens.

Uma sede por poder começou a tomar conta

dele, mas ele se mantinha pelo menos

externamente, sereno como sempre. Não demorou

mais do que cinco minutos de caminhada e Felisha

mostrou para ele.

 _A partir deste ponto meu senhor, um campo

invisível esconde o corpo da jovem.

Ele então dá um passo à frente e entra no

campo de isolamento mágico criado por Emerim.

Sua ossada estava praticamente sem carne e o

cheiro era desagradável até mesmo para um deus.

Zannor a reconheceu pelo cabelo e

ajoelhou-se ao ver no que se transformara tão linda

 jovem. As lágrimas que escorriam de sua face, ao

tocarem o chão, fazia brotar lírios brancos em

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segundos. Felisha estava bem atrás dele quando ele

pergunta: _Onde está o monstro que fez isso a ela?

Felisha se transforma em Atrodeon novamente e

antes mesmo do velho se virar, ele lhe pega com

uma chave de braço o enforcando ferozmente.

 _Eu estou aqui velho!

Zannor não entende o que estava

acontecendo e como aquele garoto surgiu ali e

como ele tinha a força para segurar um deus.

Atrodeon era muito mais forte que seu oponente e

quando ele quase estava morto o solta e joga-o ao

chão e deformando sua mão em garras, atravessa o

tórax de Zannor como fizera com sua mãe.

O velho deus morreu com um semblante de

dor e medo enquanto Atrodeon devorava seu

coração e adquire mais poder e toda sua sabedoria,

assim como todos os seus segredos. Atrodeon se

deslumbra com tantos segredos surgindo em sua

mente.

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Segredos deixados pelos deuses ancestrais

há muitos milênios com Zannor que era quase queum cofre de informações ambulante e confiável.

Dois dias depois em Êboro, os deuses mais

uma vez estavam preocupados com o sumiço de

Zannor. Como sempre ele não avisou onde estaria

porque sempre mantinha segredo sobre suas

tarefas e descobertas. Mas eis que Zannor aparece

ao lado do amigo Innutar.

 _Zannor! – Gritou. – Você está bem?

 _Claro Innutar. Como sempre.

 _Onde estava? Não o achamos pelo Espelho das

Almas.

 _Eu achei algo sobre Emerim. Mas é segredo

Innutar.

 _O que é?

 _Preciso que guarde segredo Innutar, posso confiar

em você?

 _Claro Zannor.

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 _Mais tarde nos encontraremos e eu mostrarei a

você o que descobri.Os outros deuses chegam mais perto dos

dois amigos e confirmam a presença de Zannor.

Alguns perguntaram onde estava, se encontrou

alguma pista e não quis contar a ninguém, outros

disseram que é perigoso andar por aí sozinho.

Mas Zannor simplesmente disse que é

segredo. Mas que tem haver com Emerim e seu

paradeiro. Houve murmurinhos e perguntas do por

que não dizer nada.

 _Farei uma reunião mais tarde com todos vocês,

mas avisarei quando estiver pronto para dizer o

segredo.

 _Você a encontrou? – Disse Natafie apreensiva.

 _Não direi nada agora Natafie, esperem o meu

tempo e saberão o que tenho para falar.

Todos viram que daquele homem teimoso

não sairia nenhum segredo a menos que ele

decidisse contar.

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Porém todos se acalmaram mais depois que

ele voltou, mesmo que Emerim não tenha voltadoainda, de certa forma, era um alívio.

Naquele mesmo dia, Zannor chama Innutar

para segui-lo, pois àquela hora em que todos

estavam mais desatentos, era a hora ideal para

mostrar seu segredo. Zannor e Innutar chegaram a

terra dos homens à noite e logo atrás deles,

Merqzael aparece já os abordando:

 _O que estão fazendo aqui?

 _Você contou para ele Innutar?

 _Não Zannor.

 _Eu estive observando vocês dois e como deus da

verdade, não suporto segredos.

 _De qualquer modo, trouxe Innutar aqui para

mostrar onde Emerim está e depois iria mostrar aos

demais, mas já que está aqui.

 _E onde ela está? – Perguntou meio sem paciência

Merqzael.

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 _Ela criou um campo de inibição contra o Espelho

das Almas, bem aqui em frente. Me sigam.Zannor sumiu ao dar um passo e os dois

também o fizeram e encontraram o cadáver de

Emerim que era facilmente reconhecido. Ao lado

dela estava o corpo de Zannor já sem vida.

Os dois ficaram abobados com os corpos e

não entenderam como Zannor, se estava morto ali,

como os levou até aquele ponto. Mas Atrodeon ao

entrar primeiro no campo se tornou invisível e os

observava segurando uma enorme espada negra e

bem larga com veias vermelhas que pulsavam.

E então ele aparece, como se estivesse com

pouco mais de quarenta anos, um pouco mais

 jovem do que apareceu para sua mãe. Os dois

deuses se assustaram e ficaram diante dele

acuados.

 _Quem é você? – Arriscou Merqzael um diálogo.

 _Eu sou Atrodeon Tartárius o novo senhor de

Êboro.

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 _Eu não me lembro de você. – Disse Innutar. – 

 _Mas eu me lembro de você deus das memórias. _De onde? – Perguntou Innutar.

Atrodeon se transformou em Zannor na frente dos

dois e disse:

 _Dessa forma meu amigo Innutar. Eu como o

coração daqueles que eu mato para me apossar de

suas almas, assim nunca precisarei de fieis rezando

para mim.  –  Novamente ele se transforma em

Atrodeon.

 _Você possui a parte da alma de algum deus

ancestral maligno. Mas onde estava este tempo

todo? – Disse Innutar.

 _Isso não importa mais meus irmãos, vocês saberão

de tudo em breve, pois estarão sempre comigo.

Atrodeon aponta a espada para Merqzael

que fica com um semblante de terror e antes

mesmo de dizer qualquer coisa, a lâmina da espada

cresce rapidamente decapitando-o e voltando ao

tamanho normal.

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 _Porque fez isso? Somos deuses.

 _Este é o problema. Eu quero ser novamente aquiloque fui, e você me ajudará. Assim que comer seu

coração, saberei quais as pessoas que possuem os

outros pedaços da minha alma e novamente me

tornar um deus ancestral.

E sem mesmo dar tempo para Innutar,

Atrodeon aponta sua espada ao deus das memórias

e como num bote o decapita como fora feito a

Merqzael. E então mais uma vez em um banquete

de sangue, Atrodeon se torna mais forte e sábio.

Era cerca de quatro vezes mais forte do que

qualquer outro deus do panteão, porém, queria

mais. Sua espada quando encostada em seu braço,

tornava-se parte dele, deixando sua mão com

garras enormes.

Rapidamente ele voltou para Êboro com o

corpo de Merqzael e foi ao encontro de sua família.

Ele era casado com Cimelisa e tiveram dois filhos

depois de tornados deuses.

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Fandonph e Talamar tinham a idade

humana de crianças ainda, um com três e outrocom quatro. Mas já possuíam algumas centenas de

anos cada. Mas não possuíam seguidores ainda,

apesar de contarem como um deus cada.

 _Onde esteve? – Perguntou Cimelisa preocupada.

 _Estava conversando com Zannor e Innutar

tentando tirar alguma verdade deles, mas são

cheios de segredos aqueles dois.

 _Vamos deitar, prometo que não vai se arrepender.

Os meninos já estão dormindo e podemos

ficar mais à vontade sobre as estrelas. Merqzael

levou sua amada nos braços e lá mesmo, durante o

ato de amor, ele arranca-lhe o coração e o devora

ferozmente.

Fandonph e Talamar também foram mortos

naquela noite enquanto dormiam. Merquzael os

levou para a terra dos homens, junto com os outros

cadáveres divinos e os amontoou por lá.

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Naquela mesma noite, Atrodeon visitou sete

pessoas ao redor do mundo que possuíam umpedaço de sua alma. Seus corações também foram

devorados e uma grande transformação começou a

acontecer com ele.

Mais uma vez um dos antigos deuses

menores ressurge com sua consciência plena e toda

a lembrança dos acontecimentos primordiais. Tinha

tanta sabedoria que seria capaz de convencer todos

os deuses de Êboro a cometerem suicídio.

Mas não iria ter tanto trabalho, queria se

divertir com a destruição de seres tão patéticos e

adquirir suas almas. E quando fosse o deus único,

mataria toda a humanidade e consumiria suas

almas, tornando-se assim um deus ancestral.

Aí sim poderia buscar os quatro deuses

primordiais em outros mundos e descobrir como

unir novamente a essência de Amor e de Ódio,

tornando-se talvez assim, um deus primordial.

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Mas isso ele teria toda a eternidade pela

frente para buscar. Hoje ele possui dez deuses quelogo ficaram desconfiados com o sumiço dos outros

sete. Só mais quatro deuses estavam na mente do

Atrodeon para conquistar Êboro de uma vez por

todas.

A primeira seria Urzaneyan, deusa da

sabedoria e do conhecimento. Ela é uma deusa

muito astuta, e possui grande sabedoria e

conhecimento para descobrir o enigma do sumiço

de Emerim.

Mas como Atrodeon era portador de uma

consciência mais sábia e antiga, presumiu que ela

descobriria algo e acabaria chegando dentro do

campo de Emerim, talvez até mesmo sozinha e se

for isso, com certeza deixou uma pista em Êboro de

seu paradeiro.

E a paciência vem com a experiência, poucas

horas depois que Atrodeon a aguardava invisível

dentro do campo de Emerim, eis que Urzaneyan

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aparece e diante de tanta barbárie chora. Ela se

aproxima dos corpos enfileirados e fica chocada aover que não possuem mais um coração. E aos

prantos abaixa a cabeça e diz:

 _Você está aqui não está?

Eis que surge Atrodeon atrás dela, com uma

forma inumana e aterrorizante segurando sua

espada negra apoiada ao chão. Sua pele estava com

aparência de escamas azuladas e seus olhos eram

totalmente negros.

Estava um pouco maior do que antes, tanto

em altura quanto em músculos. Não possuía

nenhum pelo no corpo e estava com dentes e garras

enormes. Urzaneyan se assustou ao vê-lo e

presumiu que dali ela não mais sairia viva.

 _Sim Urzaneyan. Estava esperando por você.

 _Você está mantendo todas estas almas dentro de

você. Isso é errado!

 _Não Urzaneyan. Somos todos um e eu só estou

 juntando novamente a família.

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 _Me diz uma coisa antes de possuir minha alma. O

que Emerim fez com você para te despertar dessaforma.

 _Ela me amou. E eu retribui seu amor guardando-a

bem aqui no peito.

Atrodeon em um rápido movimento a

decapita com a espada e devora seu coração,

sentindo cada vez mais sua amplitude mental

desenvolver. Mais uma vez ele se transformou em

uma de suas vítimas, Urzaneyan. Em sua morada

pôde ver que ela havia deixado um recado para

quem a procurasse ali com uma chave, que abriria

qualquer porta, para onde ela se encontrava.

Atrodeon testou o aparato e realmente ao

abrir a porta, dava-se de cara com os cadáveres.

Ele riu daquele brinquedo fechou a porta,

desmaterializou a chave e o recado e esperou o dia

de amanhã, com toda a tranquilidade, pensando no

próximo passo para pegar um por um dos deuses e

se tornar o senhor único de Êboro.

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O próximo seria Salanter, o deus

condenador dos injustos. Sua aparência era como ade um maltrapilho com roupas sujas e escuras. Era

esguio e possuía um rosto de quem não tinha

muitos amigos. Tomava conta das almas dos

humanos mais malignos, aqueles que quando

voltam reencarnados, continuam a destruir a vida.

Existem poucos aprisionados, mas se

reencarnassem na terra ao mesmo tempo e unidos,

poderiam depois de quinze anos

aproximadamente, se destacarem entre os piores

elementos do reino dos humanos. Sua intuição é

totalmente direcionada ao malefício e mesmo

perdendo suas memórias ao reencarnar, se sentem

atraídos à destruição.

No dia seguinte os deuses se reúnem em

torno do Espelho das Almas buscando por Emerim

e começam a perceber a falta de muitos.

Urzaneyan, que era Atrodeon disfarçado, pede para

ver o paradeiro dele mesmo, como Atrodeon.

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Mas o Espelho das Almas não o encontra,

isso porque este item não detecta aqueles queestão sobre ilusão. Provavelmente foi um item

exclusivamente criado para uso em humanos e não

divindades. Então, para criar o inferno no céu,

Urzaneyan, diz a todos em voz alta:

 _Escutem meus irmãos, pois acredito que estamos

sob ataque e ainda não entendemos isso.

Todos os deuses vieram ao encontro dela e

escutaram o que tinha a dizer. Urzaneyan era muito

sábia e quando pronunciava algo, era de certo

verdadeiro.

 _Estou certa agora de que estamos sob ataque de

um ser que talvez a milênios não tínhamos contato.

Não consigo encontrar sete de nós e isso inclui a

Zannor, que iria nos revelar um segredo. Sete de

nós estão desaparecidos neste exato momento e

não temos a mínima ideia do que esteja

acontecendo. Devemos nos preparar para algo

grandioso e destrutivo.

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 _Tem alguma ideia do que possa ser? Perguntou

Pãôlá. _Acredito ser um deus ancestral.

Todos ficaram assustados e começaram a comentar

uns com os outros.

 _De onde ele veio e por que nos ataca? – Indagou

Baefierin.

 _Não possuo as respostas para estas perguntas.

Talvez Innutar pudesse nos responder se não

estivesse desaparecido também.

 _Se for realmente um deus ancestral, como

poderemos lidar com ele? Ele pode até estar entre

nós aqui e não sabermos. – Arriscou Tunnyer.

 _Você tem razão Tunnyer, ele pode ser um de nós

e não saberíamos até que nos consumisse.  – 

Completou Urzaneyan.

Os deuses ficaram desconfiados uns dos

outros e tomaram um pouco de distância. O medo

estava estampado em seus rostos.

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 _Até você Urzaneyan poderia ser este deus

ancestral. Como pode nos garantir?  –  AcusouZaronque.

 _Sim, poderia ser também este deus ancestral e

chamei vocês aqui para colocar uma semente de

desconfiança em cada um de vocês e para poder

ataca-los um a um quando estivessem sozinhos.

Mas não nos esqueçamos de que poderia ser você

também Zaronque, me acusando para que possa

também colocar uma semente de desconfiança nos

outros deuses e desviar os olhares de você. Somos

todos suspeitos e devemos tomar o máximo de

cuidado ou mais sete poderão sumir hoje.

 _O que faremos então se este ser nos conhece

melhor do que nós mesmos e é tão forte quanto nós

todos? – Perguntou Vuzzaryn.

 _Podemos usar as armas que nos sobraram sem e

descobrir de uma vez por todas quem dentre nós é

o deus ancestral. – Afirmou Inx.

 _Estamos ouvindo Inx. – disse Urzaneyan.

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 _Usaremos Tunnyer, deus da intuição para escolher

três de nós e isso também o inclui. Depois será a vezde Zaronque, o deus da boa sorte escolher um dos

três como o deus ancestral.

 _Você está pedindo para tirarmos na sorte quem

pode ser o deus ancestral? – Disse Pãôlá.

 _Não, estou pedindo para considerar nossa

habilidade intuitiva maior para encontrar um deus

que pode muito facilmente ser um de nós.

 _E se escolhermos alguém errado? – Disse Tunnyer.

 _Só manteremos o escolhido preso nas masmorras

até que outra morte aconteça, caso não aconteça,

manteremos o escolhido eternamente lá,

presumindo que ele é o deus ancestral.

 _Mas ele pode matar quem está na cela.  –  Disse

Baefierin.

 _Pode. Assim como pode nos matar enquanto

conversamos aqui. Ficando dentro das celas do

calabouço de Êboro, nem mesmo um deus

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ancestral poderá escapar já que foram feitas pelos

próprios deuses primordiais. _E se prendermos um inocente e o deus ancestral

simplesmente o deixar preso por bel prazer? – Disse

Vuzzaryn.

 _E por quanto tempo você acha que um deus

ancestral vai querer paralisar o seu plano para não

levantar suspeitas para ele? – Retrucou Inx.

 _Acho que Inx foi correto em propor está medida.

Em vista de uma morte eminente, acho que é o

melhor que temos. –Defendeu Urzaneyan.

Todos ficaram temerosos quanto a uma

escolha errada, mas não fazer isso era o mesmo que

esperar uma morte repentina. Inx então pede para

que Tunnyer escolher três de nós sem receio.

Ele fecha seus olhos e escolhe Pãôlá,

Urzaneyan e Phyloan. Inx o agradece e pede então

que Zaronque escolha um deles para ficar na cela e

ele se concentra e aponta para Phyloan. Este por

sua vez entra em desespero.

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Dizendo que estavam cometendo um erro e

que ele poderia ser o próximo a morrer, mas todosos outros deuses se recusaram a ouvi-lo, menos Inx,

somente o observava. Então Phyloan foi preso em

uma cela por Salanter a mando dos outros deuses.

Ele acabou aceitando pouco tempo depois e

não mais fez pedidos de reconsiderações. Inx havia

 jogado e sabia que Phyloan não era o deus

ancestral, pois ele nunca aceitaria ficar preso para

manter sua falsa aparência. Mas existe uma grande

possibilidade de um dos outros dois que foram

escolhidos ser a cruel divindade, pensou ele.

Atrodeon aguardou a chance em que

Salanter estivesse junto com Phyloan na masmorra.

O condenado estava em uma parte da masmorra

que não havia mais ninguém, a não ser Salanter.

Atrodeon no corpo de Urzaneyan pensa em criar

uma distração para os demais e cancela o encanto

de Emerim perto da lagoa onde foi morta.

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Não demora muito para que os humanos os

achem e para que alguns rezem pelas suas almas.Inx foi o primeiro a receber as orações e correu para

o Espelho das Almas.

Atrodeon se materializa na masmorra sem o

disfarce de Urzaneyan e com sua espada em um

golpe certeiro, decapita Salanter e antes mesmo de

Phyloan dizer qualquer coisa, Atrodeon faz sinal de

silêncio e o decapita também. Rapidamente devora

o coração de ambos e volta como Urzaneyan para

perto dos demais sem chamar a atenção.

 _...só pode ser alguma armadilha. – Disse Zaronque.

 _Não. O Espelho não se engana quando acha

aqueles que queremos. – Disse Natafie.

 _Desceremos todos e nos certificaremos de que

estas imagens são verdadeiras, mas devemos nos

misturar à população. – Disse Inx.

Enquanto decidiam o que iriam fazer,

Urzaneyan ordenou mentalmente que os corpos já

sem vida que ali estavam, levantassem e

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machucassem as pessoas. E quando os deuses

estavam para sair, viram a cena daqueles mortos selevantando e ficaram preocupados, não com os

humanos em si, mas com eles próprios.

Viram que o deus ancestral não se

preocupava em manter os humanos longe das

investidas divinas que poderiam atrapalhar a

evolução dos homens.

 _Precisamos intervir na humanidade, quem

concorda comigo?  –  Disse Natafie.  –  Vamos lutar

até o final com este desgraçado ou morreremos

como nossos irmãos morreram, bem debaixo dos

nossos narizes.

 _Porque não estou tendo um bom pressentimento

disso tudo?  –  Disse Tunnyer enquanto os mortos

caíram no chão mais uma vez sem vida. Inx olha

para Tunnyer e lembra-se da masmorra.

 _Isso era um contratempo, Phyloan e Salanter

podem estar correndo perigo. Venham comigo e

não se separem mais.

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Enquanto todos se desmaterializavam para

as masmorras, Urzaneyan segurou a mão deBaefierin e disse que estava com muito medo e

quando todos partiram e antes de Baefierin dizer

qualquer palavra de otimismo, Urzaneyan lhe crava

no meio do peito sua mão com enormes garras e

tira-lhe o coração enquanto ainda está viva.

Urzaneyan se transforma em Atrodeon e devora

seu coração.

Poucos segundos depois Inx e os outros

materializam-se diante de Atrodeon que já os

esperava com Baefierin morta ao chão. Eles não

acreditam no que veem e se sentem revoltados por

encontrarem o assassino de seus irmãos deuses.

E sem mesmo dirigir a palavra a Atrodeon,

correm em sua direção e cada um materializa sua

arma divina para o combate corpo a corpo. Inx

materializa a partir de suas costas uma enorme

espada e grita correndo na direção de Atrodeon

que o congela instantaneamente em uma grande

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pedra de gelo que desliza em sua direção. Atrodeon

dá um passo o lado e a enorme pedra em que Inxficou congelado, segue caminho até bater na

beirada do Espelho das Almas.

Zaronque materializa facas mágicas no ar

que vão à direção do inimigo. Natafie cresce o

dobro do seu tamanho e mais quatro braços e uma

calda enorme de escorpião brota de seu corto

enquanto ela corre em sua direção. Pãôlá

materializa uma enorme gadanha dourada e

adquire asas negras e faz seu ataque pelo ar.

O ataque foi em conjunto e Atrodeon não se

demonstrou em momento nenhum surpreso, muito

pelo contrário, estava esperando cada movimento

daqueles deuses menores que tanto

menosprezava. Estava se divertindo com o seu

poder cada vez maior e essa era a forma de testá-

los na prática.

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Zaronque solta uma rajada de facas mágicas

na direção de Atrodeon e ele simplesmente seesquiva sumindo de frente delas e aparecendo na

frente de Zaronque deferindo um golpe forte com

sua espada decapitadora, mas ele se esquiva

divinamente.

Natáfie acerta sua calda bem no peito dele

deixando um rombo. Ele voa para trás e cai no chão.

Ela corre em sua direção não satisfeita de ter

inserido seu veneno em sua alma e pula em cima

com seus enormes braços para esmaga-lo. Mas

desta vez ele se esquiva rolando para o lado e foge

de ser esmagado por ela. Levanta-se e tenta acertá-

la mas erra seu golpe.

Pãôlá lhe dá uma razante por trás mas erra

o golpe com sua gadanha e ele nem mesmo teve

chance de revidar. Está fraco pelo efeito do veneno

que corre em sua alma o consumindo, a dor que

sente é intensa e ele sua frio, mas sabe que não

chegou tão longe para nada e a única forma de se

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curar, é pegar o coração de Vuzzaryn, a deusa da

cura que estava ao lado de Tunnyer. Ambos nãoestavam lutando com Atrodeon pois auxiliam os

amigos de forma passiva.

Ela os cura e lhes dá mais força e o outro

amplia os sentidos deles em batalha. Atrodeon se

teletransporta para trás dela, mas ela não percebe.

Quando Tunnyer percebe é tarde demais, ele a

decapita com a espada. Tunnyer corre por sua vida

dando chance a Atrodeon de arrancar o coração de

sua vítima.

Os três que lutavam com ele o cercam, mas

ele já havia colocado o coração à boca e o engolido

de forma sobrenatural. Zanoque defere em sua

direção uma rajada de facas e ele não se mexe, mas

nenhuma o acerta.

Natafie acerta-lhe outra ferroada em cheio,

mas desta vez ele mal saiu do lugar e nem mesmo

se mexeu para atacar. Pãôlá vai uma vez dá um

rasante em Atrodeon e ele mal se mexe.

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Ele tenta mais um golpe contra Zanoque que

mais uma vez foge em uma acrobacia fenomenal.Natafie tenta segurá-lo, mas ele se esquiva de sua

investida e Pãôlá retorna de seu razante mais uma

vez com sua gadanha, mas passa longe de acertá-lo.

Os outros estavam muito perto dele para

que ela pudesse usar com eficácia sua arma. Então

Atrodeon solta um sorriso e se regenera por

completo de seus ferimentos. Os três investem

novamente para ele mais uma vez ele se

teletransporta para perto de Tunnyer que estava

correndo da confusão.

Atrodeon aponta a lâmina para ele que

corria e defere o golpe da lâmina. Ele consegue se

esquivar e neste tempo os três investem ao mesmo

tempo contra Atrodeon.

As facas de Zanoque ainda não o acertaram,

os murros de Natafie também passam longe mas a

lâmina de Pãôlá o acerta e arranca-lhe o braço que

segurava a espada fazendo com que um sangue

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negro jorrasse de sua ferida aberta. Ao invés de um

urro de dor ele dá gargalhadas altas e um novobraço surge com todo o sangue que era jorrado.

Veias se formam rapidamente e a pele

aparece como que por encanto. Os três deuses que

lutavam com ele pediram que desistisse, pois ele

não sairia vivo dali.

 _A diversão só está começando.

Atrodeon parte para cima deles sem arma

alguma. Zanoque tenta acertá-lo com uma faca

mágica na mão, mas não consegue. Pãôlá mais uma

vez hesita em ataca-lo por estar lutando muito

perto com os demais.

Natafie mais uma vez tenta acerta-lo com

sua calda de escorpião e é surpreendida quando

Atrodeon a pega e gira ela velozmente acertando

Zanoque em cheio com ela. Pãôlá mais uma vez voa

em sua direção e o erra por alguns centímetros. Ela

tenta mais uma vez voando bem rápido em sua

direção e os dois se erram.

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Zanoque e Natafie se recuperam e se

teletransporta para perto de Atrodeon que ésurpreendido por mais um ataque dos dois. Mas

que consegue se esquivar com perfeição.

Pãôlá volta mais uma vez para um ataque e

ambos são muito rápidos. Uma breve pausa foi

dada por todos que estudavam uma forma de

derrotar Atrodeon que estava cada vez mais forte.

E num movimento rápido trouxe através do

ar sua espada e a mesclou com o seu braço direito,

deixando-o com garras enormes e um tamanho

desproporcional.

 _Quem quer ser o primeiro?

Perguntou Atrodeon chamando-os para a

batalha. Mais uma vez os três foram em sua direção

e colocando o seu braço para trás deu um forte soco

no ar que fez com que incontáveis veias

perfurassem os três deuses ao mesmo tempo e

ocupando uma enorme área instantaneamente.

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Os três caem ainda com vida. As veias

atravessaram cada parte do corpo deles e causava-lhes uma agonia tremenda.

 _É assim que vocês se comportam diante de um

deus ancestral? Pois saibam que eu não usei quase

nada do poder que possuo. Estou aqui para me

divertir com a vossa dor.

Algumas das veias abriram o tórax dos

deuses caídos e arrancaram os corações de todos

ao mesmo tempo e levaram os órgãos para

Atrodeon, como se fossem dedos ao seu comando.

E ele se deliciou em adquirir as almas deles, assim

como sua sabedoria e poderes.

Só dois restavam, sendo que um deles

estava congelado. Atrodeon sentiu sua mente

ampliar ainda mais e escutou os pensamentos de

Tunnyer que buscava uma forma de libertar Inx

para ter uma chance de vida.

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Atrodeon recolheu as veias liberadas por ele

e se transformou em Natafie, com um semblanteabatido e muito ferida.

 _Tunnyer, saia de onde está ele está morto, me

ajude, por favor.

 _Eu sei que é um truque sua criatura vil. Meus

irmãos já devem estar mortos à uma hora dessas.

Atrodeon surge atrás dele e ele consegue

sentir isso, consegue pressentir que sua hora havia

chegado e simplesmente a aceitou. Atrodeon

segura a cabeça de Tunnyer com seu braço

monstruoso e facilmente, sem nenhum tipo de

esforço, a esmaga.

Retira o coração e o consome sentido um

prazer doentio. Então ele chega para Inx congelado

e o liberta. Inx cai ao chão bem fraco e não

consegue se levantar.

 _Não se canse a toa Inx. Você vai precisar de toda a

sua força em breve.

 _Não vai me matar como fez com os outros?

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 _Não. Lembre-se disso Inx, uma vida sem propósito

é o mesmo que uma tumba sem um cadáver.Alguém precisa viver para contar esta história e ver

o mundo que virá.

 _Se não me matar ser vil...

 _Ah, por favor Inx, me chame de Atrodeon, deus

supremo de Êboro.

 _Ainda somos dois.

 _Por enquanto meu caro Inx. Gostaria

imensamente de vê-lo novamente um dia, mas hoje

estou um pouco ocupado. Tenho um mundo para

recriar, um mundo de um único deus.

 _Acabe com isso logo!

 _Eu não preciso de sua alma dentro de mim para

me causar remorso daquilo que for fazer de ruim

com os outros. Existem coisas piores do que a

morte e felizmente você vai conhecê-las. Eu como

o deus ancestral supremo deste mundo, retiro-lhe

a essência divina assim como meus irmãos

anteriores fizeram com os seus semelhantes e o

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expulso de Êboro condenando-o a um sono breve

de mil anos.Enquanto pronunciava estas palavras, Inx

sentia a dor, o frio e fome que nunca sentira antes.

Seu corpo fora lançado ao céu de Êboro cada vez

mais alto, até que a altura em que subia, começou

a cair.

Mais longe de Êboro, mais perto da terra

dos homens. Sua pele endurecia enquanto caía e se

tornava bronze e pouco antes de atingir ao chão,

Inx se tornara uma estátua maciça de bronze, caía

em uma mata isolada e escondida por mil anos.

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SAMÁLYA

Durante as décadas seguintes, Atrodeon

transformou o mundo e as pessoas. Êboro era só

uma sobra do que fora e era povoada por almas

negras e de puro ódio chamadas de Filhos de

Atrodeon. O mundo se tornou em sua maioria

caótico, mas ele não permitia que tudo fosse

destruído. Não porque fosse de sua preocupação o

bem-estar dos fracos, mas algum bem deveria

sobreviver para que ele pudesse sempre, torturá-lo.

A morte havia se tornado uma libertação

momentânea, pois aquele que morresse no mundo

dos homens, depois de dezessete minutos, se

tornava uma sombra. Uma sombra é como um

zumbi, mas que possui a dor da morte e nuncaapodrece. A dor só se vai quando consomem carne

com sangue fresco, mas retorna dezessete minutos

depois que a carne foi consumida.

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Este tempo foi estipulado por Atrodeon, em

“homenagem” aos dezessete deuses mortos por eleem Êboro em sua conquista depois que se tornou

uma divindade. Portanto é usual que se queime um

morto logo após mata-lo. É por isso que não

existem mais guerras grandiosas como

antigamente. Quando dois reis querem conquistar

um reino um do outro, os dois devem literalmente

lutar entre si.

O nome de Atrodeon se espalhou

rapidamente entre as nações que fez o favor de

anunciar ele mesmo a morte dos deuses, incluindo

Inx. O mundo ficou mais difícil de viver e

praticamente impossível de se ter esperança.

Os Filhos de Atrodeon são uma raça criada

por ele com almas de pouca luz, eles parecem

humanos com chifres curvos, como das ovelhas,

que crescem conforme sua força. São quase que

semideuses diante dos homens.

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São seres místicos e condicionados a amar

seu pai acima de qualquer coisa. Responsáveis pordifundir as vontades de seu pai na terra dos homens

através da força e da ameaça.

São bárbaros em sua maioria e amantes da

dominação e da guerra. Uma minoria não usava a

força de um ataque direto, mas sim, a força contida

nos antigos elementais que foram corrompidos por

Atrodeon. Esses seres eram chamados de succubus

e eram feiticeiros poderosos e com uma beleza

acima da média dos demais.

Zunnury era uma succubus apaixonada por

seu pai e fazia tudo que era de sua vontade sem

indagar. Era orgulhosa e queria que ele desse uma

atenção especial a ela, que reparasse em suas ações

pelo menos de vez em quando.

Mas Atrodeon tinha seus olhos voltados

para a sua preferida, Samálya. Ela era a mais forte

dos Filhos de Atrodeon e a mais impiedosa.

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Seus chifres mostravam uma grande força e

era desejada pela maioria dos residentes de Êboro.Ela era a candidata perfeita para dar um presente à

altura de Atrodeon, o Reino das Tartáreas. Este

outro continente é tão antigo quanto os deuses

primordiais.

Em sua geografia existem três climas

predominantes. O primeiro se encontrava na parte

mais baixa das Tartáreas, que é o deserto de

Kalamashi. Esta área é extremamente árida e as

criaturas que ali habitam, são extremamente

mortais. É neste deserto descomunal que se

encontra a cidade dos os Serttens. São selvagens ao

extremo e muito inteligentes.

Não possuem muita tecnologia por não

haver muitos recursos no deserto, mas são

resistentes como um touro. Uma raça de homens

que se adaptaram a milhões de anos às condições

mortais destas terras.

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O foco dos Serttens é dominar toda a

Tartárea para viverem na abundância de recursosda chamada Zona do Meio. Esta zona é o segundo

clima do Reino das Tartáreas. Esta é uma área rica

em vegetação e recursos naturais.

Mas seus habitantes, como de costume nas

Tartáreas, também não são amigáveis. Trata-se de

seres pré-históricos, formas de vida gigantescas,

das mais adversas, mágicas ou não. São seres

criados pelos deuses primordiais, antes mesmo da

criação dos seus filhos menores. Esta área tropical

rica na sua biodiversidade é tão perigosa que até

mesmo os Serttens não se arriscam a invadi-la.

É a maior área das Tartáreas, ocupando o

equivalente a sessenta por cento de todo o

continente. Seres antigos, mitos e lendas ainda

vivem nestas terras. O terceiro clima tartareano são

as montanhas gélidas de Mashikala. Ali não é tão

inóspito quanto o deserto de Kalamashi e nem

menos perigoso do que os demais.

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Neste clima tão gelado, prospera a cidade

de Nardor, cercada por muros de rocha maciça eregida por um nobre barão chamado Dorlavax

Vashmun, mais comumente chamado de Barão das

Tartáreas.

Ele é um homem muito antigo e com

aparência bem incomum e que rege a cidade por

milhares de anos sem sofrer alterações de sua

idade. O palácio onde habita foi feito dentro de uma

montanha e é protegido por sua guarda real.

O Barão das Tartáreas é um feiticeiro muito

antigo, que conseguiu ludibriar a morte e possui um

passatempo bem incomum. Ele é o maior, senão o

único, colecionador de artefatos mágicos. Em seu

palácio existem milhares deles em um monumental

cômodo. Somente ele permite o acesso neste lugar

impenetrável por sua magia.

Em Êboro, o salão divino em que Atrodeon

permanecia mais tempo, foi invadido por uma

criatura preparada para uma guerra, Samálya.

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 _Salve senhor Atrodeon, rei dos reis, senhor do

medo e do desespero, ao qual quero somar. – Elaentrou e se curvou diante dele enquanto disse suas

palavras. Era uma mulher alta e forte, com chifres

respeitosos e muitas mortes nas costas.

 _Levante-se minha filha. Sei que quer honrar meu

nome com um presente.

 _Sim meu senhor.

 _O último continente ainda não dominado por

mim. A terra mais selvagem com a magia mais

rústica e poderosa já criada pelos deuses. E nem

mesmo eu, com todo o meu poder, posso enfrentar

magia tão antiga, pois divindades não possuem

poder nas Tartáreas. Mas tudo tem um ponto fraco

e nas terras tartareanas não é diferente.

Sei que como uma boa estrategista militar,

você conseguirá chegar às Tartáreas, enfrentar o

deserto escaldante de Kalamashi, passar por cima

dos Serttens, pois eles são bem nutritivos e

possuem bastante água em sua carne, apesar de

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dura. Quando chegar a Zona do Meio, busque

seguir com o seu exército mais a oeste. Lá existempoucos animais em comparação às demais regiões.

Quando chegar às montanhas geladas o

barão saberá que estão invadindo suas terras de

forma hostil. Se passar de suas ameaças no

primeiro momento, encontrará as muralhas

maciças.

Neste momento você usará o presente que

vou lhe dar. Se trata da Espírito de Dragão, a espada

que me ajudou a dominar Êboro sozinho. Na época

não conhecia todo o seu poder e usei só uma de

suas habilidades. Mas depois descobri que ela era

mais forte do que se imaginava.

Vou lhe mostrar em seus pensamentos,

tudo o que ela é capaz de fazer. Sua lâmina cresce

instantaneamente para decapitar o inimigo

próximo com um simples movimento e retorna ao

tamanho normal assim que o faz e o outro segredo

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dela é a capacidade de soltar baforadas de dragão

vermelho. _Isso sim poderia derreter rocha maciça.

 _Sim. Mas ela só possui três baforadas disponíveis.

Depois disso somente poderá ser recarregada aqui

em Êboro. Acredito que duas serão suficientes para

criar uma entrada significativa para o seu exército.

Uma vez dentro dos domínios, mate-o.

Assim que a alma dele chegar aqui, terei os seus

segredos arcanos e poderei finalmente entrar nas

Tartáreas.

 _Sim meu senhor.

 _Volte vitoriosa e não terá somente o meu

agradecimento, terá um lugar aqui ao meu lado.

 _Obrigada meu senhor.

 _ Samálya?

 _Sim meu senhor?

 _Não ouse falhar e traga de volta minha espada.

 _Sim meu senhor.

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Samálya sai dos aposentos do seu senhor e

vai em direção ao Espelho das Almas. Lá elaconvoca todos os seus irmãos para uma grande

batalha. Uma batalha que vai honrá-los na vitória

ou condená-los ao sofrimento eterno do nosso

senhor. Samálya tinha ao seu comando quase todos

os seiscentos irmãos que mergulharam para a costa

marítima do continente tartariano há cerca de dois

quilômetros da praia.

O máximo que poderiam chegar com magia

daquele lugar. A água do mar já era bem quente e

eles rapidamente saíram de lá se secando por

completo em poucos segundos.

 _Ouçam com atenção meus irmãos. Lá nas

montanhas geladas de Mashikala existe um homem

que o vosso pai não quer mais no mundo dos vivos.

Cabe a nós mandar a alma deste desgraçado para

ele em uma bandeja de ouro.

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O exército todo soltou urros de morte ao

barão e seguiram deserto adentro. O calor seriamortal para os humanos comuns, mas os Filhos de

Atrodeon quase não o sentiam. Marchavam

incansavelmente pelas terras áridas sempre

seguindo para o oeste até que começaram a

encontrar ossadas de várias espécies.

Algumas eram de seres gigantescos e outras

parecidas com as dos humanos. Durante cinco dias

eles marcharam e o sol ainda era alto como que no

meio dia. Estavam marchando ainda como se

estivessem ali só cinco minutos. A força destes

seres aliada a sua ira, os levava aonde nenhum

mortal conseguiria.

Estavam sedentos por uma boa guerra e não

haveria descanso enquanto não estivessem de

barriga cheia da carne dos seus oponentes. Até que

enfim encontraram algo grande, uma vasta cidade

feita de couro e rocha. Entenderam que ali estavam

os Serttens.

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E em um ataque furioso, o exército de

Samálya avançou sobre a cidade desavisada.Aquele povo quando descobriu que estavam sob

ataque entraram em fúria e correram para cima do

 jeito que estavam, uns com armas e outros sem e

nem mesmo os menores ou crianças pequenas

fugiram. Eles possuíam uma pele quase que como

bronze e que brilhava um pouco ao sol.

Possuíam um corpo forte, garras negras e

pontiagudas. Seus caninos eram parecidos como os

de um leão e não possuíam sequer um pelo no

corpo. Usavam somente um tapa-sexo e grandes

braceletes que tampavam todo antebraço e eram

feitos em sua maioria de couro e alguns metais.

Os Filhos de Atrodeon por sua vez estavam

protegidos com peitorais de metal e as melhores

armas cortantes que se poderia ter. O impacto

entre as duas raças foi inevitável e o sangue que

espirrava coagulava assim que caía no chão.

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Os Serttens eram incontáveis e usavam da

força bruta e de seu número para imobilizar esufocar seus inimigos com o rosto contra a areia.

Mas a cada filho de Atrodeon que caía cem Serttens

tinham morrido. Samálya tinha o espírito muito

forte e nem mesmo vários Serttens conseguiam

segurá-la.

A espada que o seu senhor havia

emprestado a ela era muito rápida e mortal e

Samálya a usava com sincronia mortal. Mordidas,

dilacerações, membros arrancados à força eram

vistos em todo lugar e ao invés de gritos de dor,

ambos os exércitos, se deliciavam naquele carnaval

de sangue. No final da guerra, vinte e dois irmãos

de Samálya caíram e mais de dois mil Serttens

estavam mortos.

E por ali descansaram algum tempo antes de

seguir viagem. Mais a sua frente encontraram uma

cidade fortificada e com Serttens armados e

preparados para uma luta, não deviam ter mais do

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que trezentos no forte e seria uma luta espetacular,

mas Samálya decidiu dar a volta e não confrontarmais Serttens, pois poderiam atrasar a conclusão do

seu objetivo.

E em dois dias depois, ainda sem ver a noite,

eis que aparecem os primeiros resquícios de

vegetação que pôde ser vista mais tarde como uma

floresta interminável. Na floresta o clima é mais

agradável, mas o avanço é mais lento,

principalmente para um exército.

A travessia da Zona do Meio seria a mais

demorada e mortal e o exército de Samálya

aprenderia isso a duras penas. Ao contrário do

deserto, na floresta havia a noite e a atenção tinha

que ser redobrada. Toda a vegetação era gigante e

os sons da floresta eram de acordo, assim como os

donos da casa.

Na primeira noite, enquanto caminhavam

foram atacados por plantas carnívoras que

possuíam cipós espinhentos e venenosos que se

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enroscavam e davam lambadas fortes além de

cuspirem ácido. Tivemos quase vinte irmãos mortosno raiar do dia por terem sido arranhados pelas

plantas.

Decidimos então que durante a noite,

ficaríamos de guarda, todos nós. Logo pela manhã

fomos surpreendidos por um grupo de gorilas com

protuberâncias ósseas pontiagudas em várias

partes do corpo, mas as maiores eram nos ombros

e cotovelos. Cada um tinha cerca de três metros e

eram extremamente agressivos.

Matamos todos os seis, mas tivemos desta

vez quase quarenta baixas. Se continuarmos neste

ritmo não chegaremos nem a metade. Foi aí que

pensei então como caminhar de forma tranquila no

lugar mais inóspito do planeta.

Apontei a Espírito de Dragão para a direção

que seguiríamos e gastei uma baforada de dragão.

A chama saiu da espada em forma de cone e

ocupou uma área de cerca de quarenta metros à

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frente torrando tudo instantaneamente. O fogo se

espalhou pelas laterais afugentando os animaispara longe daquela área. Improvisamos tochas que

manteriam o fogo aceso o tempo que for necessário

e seguimos viagem espalhando o fogo por onde

quer que passássemos e conseguimos um avanço

considerável.

Mas para a nossa infelicidade uma chuva

torrencial começou a cair apagando até mesmo as

nossas tochas. Em questão de segundos estávamos

com a água nos joelhos e todo tipo de réptil vinha

na água. Cobras, crocodilos e sanguessugas maiores

do que uma mão aberta. No oitavo dia estávamos

com a metade do nosso efetivo.

Enfrentamos inúmeros perigos, mas nada

como a doença que nos assolava. Alguma coisa

havia nos infectado e estava nos matando, mas não

poderíamos morrer ali, não desta forma desonrada

ou sofreríamos um castigo muito pior nas mãos do

nosso senhor.

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Foi então quando descobri que a única coisa

a nos perseguir todo o tempo e em toda a jornada,eram os mosquitos que nos sugavam dia e noite.

E a suposta doença era na verdade, falta de

sangue. Um assassino silencioso que havia nesta

floresta, eficaz por sua quantidade de “soldados”. 

Foi então que nos cobrimos de lama, criando uma

camada protetora contra esta peste.

No décimo dia de caminhada já sentíamos

uma queda na temperatura considerável e

sabíamos que estávamos perto das montanhas

geladas de Mashikala. Quando finalmente saímos

do inferno verde éramos cento e oito no total.

Decidimos descansar um pouco e montar

acampamento.

Não precisamos caçar, pois as caça veio até

nós na primeira noite, uma alcateia de lobos

gigantes da neve veio para fazer a festa, mas nós é

que a fizemos. Cada lobo era do tamanho de um

cavalo e comemos como cães neste dia.

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Não conseguimos ver a cidade até o quinto

dia de caminhada e a cidade ainda estava há unstrês dias à nossa frente. O nosso maior inimigo ali

era o frio que sentíamos. Precisávamos chegar o

quanto antes na muralha e invadir o reino do barão

de uma vez por todas.

Finalmente ao final do sétimo dia, chegamos

às muralhas da cidade que subia montanha acima e

no topo, o castelo feito dentro do pico, na parte

mais alta da montanha. Nenhuma instrução mais

seria passada, pois além do frio intenso a

tempestade de neve impediria que meus irmãos me

ouvissem.

A muralha era feita de rocha maciça e com

pontas afiadas como lâminas irregulares. Sua altura

passava dos vinte metros facilmente e subir por ela,

mesmo que com perícia, poderia ser fatal num

mínimo erro. Então mais uma vez empunhei a

Espírito de Dragão e mirei no muro em um ângulo

que fizesse uma maior abertura.

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A baforada não derreteu como previsto o

muro, mas a mudança drástica na estrutura a fezexplodir para dentro da cidade atingindo várias

casas. O exército soltou em euforia um forte grito

de guerra e seguimos cidade adentro.

Nosso objetivo não era a população local,

isso para nós era indiferente, mas quem quer que

estivesse em nosso caminho era aniquilado

rapidamente. As pessoas daquela cidade eram

como fantasmas de tão brancas, com cabelos da cor

da neve e olhos sem cor.

Quase não encontramos com eles no

caminho e isso facilitou nossa marcha para a

fortaleza. Depois da cidade estávamos a ponto de

invadir a entrada da fortaleza que não havia

portões. Mas o exército real já nos aguardava em

posição.

Não eram mais do que três vezes o nosso e

isso não era nada, a não ser pelo fato de que, pela

aparência deles, já haviam morrido a muito tempo.

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O exército do barão era composto por

esqueletos vestidos em armaduras graciosas eespadas negras. Eles permaneciam imóveis e meus

homens pararam para aguardarem minhas

instruções. E eis que aparece na frente do exército

o barão em pessoa.

Ele era esguio e branco como os demais.

Usava uma roupa de couro negro e não portava

armas. Possuía um cabelo branco e fino que

esvoaçava pelo forte vento. Ele levantou os braços

enquanto eu e meus irmãos pensávamos se ele

estivesse se rendendo. Mas logo vimos que o que

aconteceu mesmo, foi o término repentino da

tempestade de neve.

 _Venha salvar o seu povo da destruição total barão!

 – Gritei bem alto para que ele pudesse ouvir. – 

 _Você vem em nome de quem? – Gritou do outro

lado.

 _Venho em nome do senhor deus supremo

Atrodeon Tartárius, nosso pai.

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 _Nunca ouvi dizer! Volte para ele e diga que um

verdadeiro deus acompanha seus filhos em todas asbatalhas e não se esconde atrás de nuvem no céu.

Um verdadeiro ódio subiu nos Filhos de Atrodeon

que os deixaram em fúria e partiram para cima do

exército de esqueletos.

O barão também ordenou que atacassem e

deu às costas para o confronto andando de volta ao

castelo calmamente. Samálya corre com seus

irmãos ao encontro dos inimigos incomuns e diz ao

seu exército que irá atrás do barão enquanto eles

acabam com estes magrelos.

O confronto acontece e os Filhos de

Atrodeon começam a aniquilar com muita

facilidade cada adversário. Samálya corre em

direção do barão e o alcança sem problemas.

 _Não fuja de mim e lute por sua vida e por seus

protegidos.

 _Se este é o seu desejo.

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Ele fica de frente para ela. Samálya corre em

sua direção e dá o primeiro golpe com sua espadasem usar nenhuma habilidade da arma. Barão se

esquiva de uma sequência de oito golpes sem se

mover muito e revida com um movimento rápido

das mãos uma invocação mágica que deixa Samálya

congelada sob uma grossa camada de gelo.

Ele a observa mais uma vez e vira-se de

costas para ela e rapidamente o gelo explode e para

o espanto do barão, Samálya está livre enquanto

sua espada pulsa um brilho avermelhado e um calor

considerável.

Ela movimenta a espada na direção da

cabeça de seu oponente e ela cresce para decapitá-

lo, mas ele se esquiva divinamente, como se

soubesse onde sua oponente iria atacar. E mais

uma vez em um movimento rápido com as mãos ele

invoca dos céus um poderoso raio que cai em cima

de Samálya e a joga para trás.

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Quando o barão achou que tudo havia

terminado, escuta uma tosse de sua oponenteenquanto se levantava. O barão dá um pequeno

sorriso pela resistência dela e a espera se recompor.

 _Não é o bastante para você guerreira? Olhe a sua

volta, todos os seus soldados estão mortos e eu não

tive sequer uma baixa.  –  Samálya observa os

esqueletos do barão de pé em cima dos cadáveres

de seus irmãos. – 

 _Como é possível? Eu mesma devo ter destroçado

alguns deles.

 _Eles são parecidos com você. Sempre que caem, se

levantam novamente. Desista dessa loucura não vai

conseguir sequer me atingir e antes de partir, deixe

sua espada.

 _Você quer minha espada barão? Então venha

pegá-la se não tiver medo de mim.

O barão sorri de lado e desce ao encontro de

Samálya esperando um último ataque dela. Mas ela

invoca a última baforada de dragão de sua espada

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e surpreende o barão que não teve a mínima

chance contra o ataque e o recebe em cheio. E emmeio a tanto fogo, Samálya grita por vitória mas

cessa sua comemoração quando vê que o barão,

ainda está de pé, apesar de estar totalmente

tostado.

Ele ria enquanto a pele queimada se

desfazia em cinzas e uma nova pele surgia

deixando-o totalmente regenerado e nu. E apesar

de sua condição, parecia não sentir frio. Samálya

descrente e já sem forças se ajoelha diante do

inimigo e se rende cravando a espada ao chão.

 _Mas afinal, o quê é você?

 _Eu sou aquele que enganou a morte. Eu sou

Dorlavax Vashmun o Barão das Tartáreas. E este

brinquedo que me trouxe é a Espírito de Dragão.

Uma poderosa espada criada para dizimar exércitos

se utilizada por alguém poderoso.

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Dorlavax pega a espada e a observa

encantado e em seguida a mira para Samálya quelevanta seu pescoço e fecha os olhos esperando

pela morte honrosa. E em uma fração de segundos,

todo o frio e o barulho da neve simplesmente

cessaram.

Samálya acreditava que talvez estivesse

realmente em paz e ao abrir os olhos, se vê

ajoelhada diante do trono de Atrodeon, viva. Ele

não só deixou de lhe dar uma morte honrosa, como

também a devolveu para a Atrodeon para que fosse

humilhada. Quando ela percebeu onde se

encontrava, Atrodeon já a observava com ódio nos

olhos.

 _Meu senhor, não sou digna do seu perdão

 _O que aconteceu Samálya?

 _O barão meu senhor. Nos derrotou e nem mesmo

a Espírito de Dragão tinha forças para derrota-lo.

 _Você me decepcionou pela primeira e última vez e

terá que viver com isso por toda a eternidade.

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 _Sim meu senhor!

 _Onde está minha espada? _Está com o barão meu senhor.

 _E porquê todos os seus irmãos voltaram mortos e

você não? Pediu clemência a ele?

 _Nunca meu senhor. Mas depois que o vi receber

toda a carga de baforada da Espírito de Dragão e

regenerar em minha frente, não tive mais forças de

continuar tentando.

 _Você é uma vergonha para a sua raça Samálya. A

morte seria uma libertação para você assim como

foi para os seus irmãos, dos quais devorei todos.

Mas você merece algo melhor do que se

 juntar a mim novamente. Condeno-te a queda ao

reino dos homens e terás que sobreviver lá embaixo

como um pobre mortal.

E ai de você se morrer por lá, assim que

chegar aqui lhe farei sofrer por milênios antes de

devorar sua alma.

 _Obrigado meu senhor!

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Samálya é projetada para os céus de Êboro

até que cai dos céus dos homens. A queda dela foiamortizada para que sobrevivesse ao impacto e

assim que se levantou sentiu uma forte dor nos

olhos que foram arrancados de suas órbitas por

uma força invisível e em seguida um forte som

muito agudo a faz sangrar pelos ouvidos, deixando

Samálya cega e surda. Em sua deficiência, na dor e

na vergonha, só lhe resta chorar, mas mesmo isso

causava-lhe mais dor.

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ZUNNURY

Zunnury estava feliz pela morte de seus

irmãos bárbaros no dia anterior, mas estava

inconsolável com seu pai que tanto admirava. Ela o

queria satisfeito e não descansaria até corrigir o

erro de seus irmãos. Então ela decide criar por si só

uma arma capaz de dizimar as Tartáreas e qualquer

outro reino que lhe levantar os olhos.

Queria encher de orgulho o seu criador e

provar para ele que sua criação é perfeita. Então

Zunnury reuniu com os outros quinze succubus que

viviam em Êboro e lhes disse em uma reunião em

segredo de que havia ouvido por trás das paredes

que o vosso pai havia decidido por fim em todos os

filhos por não serem dignos de seu nome.Mas lhes disse também que tinha um plano

para atrair os olhos do pai para eles. E em uma noite

todos desceram para o mundo dos homens a fim de

aprisionar o espírito de Samálya que vivia

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perambulando como uma aberração no mundo dos

homens e usar sua alma para criar um item mágico.E enquanto Samálya dormia os succubus a

cercaram sem que ela percebesse. E seguindo

instruções de Zunnury, todos os quinze mantinham

Samálya em um sono profundo. Zunnury chega

perto da irmã adormecida pega uma adaga e crava-

lhe no peito matando-a instantaneamente e

segurando seu espírito que voltaria a Atrodeon e o

alertasse de sua morte, colocando-o dentro da

própria faca.

Depois do feito pediu que cada um

colocasse uma parte de sua alma na faca para que

seu poder fosse maior. Zunnury prometeu mentiras

e mais mentiras para seus irmãos e acabou os

convencendo a vincular o vosso espírito na faca que

tornaria o artefato algo muito poderoso. E em sua

ganância por amor ao pai, eles o fizeram de bom

grado.

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Mesmo Zunnury colocou parte de sua alma

 junto com seus irmãos para ser convincente. Depoisque todo o processo foi finalizado, Zunnury invocou

as facas mágicas de Zaronque, o antigo deus da boa

sorte e apunhalou no coração cada um de seus

irmãos ao mesmo tempo.

Como suas almas estavam vinculadas à faca

que matou Samálya, todas as almas foram puxadas

por inteiro para a arma deixando-a com dezesseis

almas e parte da alma de Zunnury.

Naquele mesmo instante ela corta a cabeça

de Samálya com a faca e segura-a pelos chifres de

fronte ao seu rosto e reza uma magia em voz baixa

fazendo com que a cabeça apodrecesse

rapidamente e sobrassem somente os ossos.

Arranca a mandíbula com cuidado e começa o

encantamento do crânio.

 _Que o fascínio e o amor por meu pai, sejam

multiplicados a mil para cada alma que aqui estiver

e se transforme em fascínio e amor a quem te usar.

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Somente mulher pode usá-lo e olha-lo sem

cair em seus encantos. Qualquer macho que o fizer,será pra sempre teu e não terá outra a sua frente

senão àquela que o usa.

Rogo aqui aos elementais possuídores da

essência mágica que tornem o crânio desta infeliz

morta em um recipiente sólido como a rocha, leve

como o ar, maleável como a água e poderoso como

o fogo.

Zunnury acabara de criar um recipiente

mágico com o crânio de sua irmã Samálya e retirou

da faca de Zaronque, todas as dezesseis almas e

parte da sua para o crânio, que agora, se torna um

elmo maldito, com o poder de encantar todo

macho que o vislumbrar sobre a cabeça de uma

mulher.

Zunnury faz a intenção de coloca-lo na

cabeça e ele se alarga para caber, fixando-se

perfeitamente. Neste momento vários insetos a

rodeiam no chão e no ar sem a incomodar. Decide

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então voltar para Êboro e retornar a faca de

Zaronque para onde havia pegado. Mas assim quedevolve o artefato é surpreendida por seu pai.

Zunnury se ajoelha em sua presença.

 _O que faz aqui Zunnury?

 _Vim devolver a faca de Zaronque que usei para

matar os succubus.

 _E por que você fez isso?

 _Para criar a arma que vai lhe conceder poder sobre

todos os mistérios tartareanos.

 _Quando criei você Zunnury, a criei para ser a

minha essência ardilosa dentre os seus irmãos, mas

nunca a vi atuando. Acho que por isso não reparava

em você. Mas agora vejo que é cheia de astúcia

como havia feito.

 _Obrigada meu senhor.

Atrodeon se aproxima dela e pede que se

levante e o olhe nos olhos. Então ele coloca sua

mão em seu rosto e lhe dá um beijo na boca que é

correspondido por ela.

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 _Se você é capaz de me enganar, de trair a seus

irmãos e de criar arma tão poderosa quanto estaque está com você, eu lhe concederei um lugar ao

meu lado, como minha esposa e filha.

 _Obrigada meu senhor.

 _Escolha uma arma dos deuses caídos para levar

com você.

 _Vou levar então a faca de Zaronque, parece que

ela me dá sorte. – O próprio Atrodeon pega a faca e

lhe entrega. – 

 _Estarei esperando por você. Sei que voltará de

uma forma ou outra.

 _Sim meu senhor.

Zunnury estranhou um pouco o jeito de

Atrodeon lhe tratar, nunca havia o visto conversar

assim com ninguém e pensou que de certa forma o

elmo influenciou sua mente, tornando-a mais

empática. Mas como ele é uma divindade, não foi

totalmente influenciado pelo elmo.

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Ela imaginou na força que isso teria nos

meros mortais e desceu confiante para o mar dasTartáreas. Sentiu o calor daquela terra, apesar de

não afetá-la muito pois assim como sua irmã possui

as mesmas habilidades e resistências, só não seguiu

o caminho da barbárie e sim dos estudos

herméticos e arcanos. Sabia que sairia vitoriosa dali

de uma forma ou de outra.

Sentia a magia da atração emanando de sua

alma e percebeu animais de todos os tamanhos que

a observavam naquele deserto escaldante,

chegarem perto dela como cães carentes. Zunnury

se sentia divina com tamanho poder e seu orgulho

começou a falar mais alto.

Ela já não temia as coisas a sua volta, muito

pelo contrário, amava cada uma delas e elas,

dariam a vida por sua senhora. Zunnury não tinha

pressa em chegar nos domínios de Dorlavax

Vashmun, muito pelo contrário, queria passar nos

lugares mais populosos, nos lugares mais perigosos

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e sinistros que poderia encontrar. Já na primeira

cidade que encontrou, reparou que os homensmatavam suas mulheres e filhas para virem ao seu

encontro. Até mesmo crianças pequenas iam a sua

presença.

Não demorou para que ela deixasse de

andar e de procurar comida. Ela simplesmente

pensava e eles a atendiam, como uma grande

abelha rainha comandando uma colmeia que

crescia desproporcionalmente. Depois de alguns

dias, já na Zona do Meio, Zunnury encontrou

criaturas gigantescas que a seguiam tornando seu

exército extremamente diversificado e poderoso.

Já na zona gelada, Zunnury avista bem ao

longe a fortaleza do barão e é neste momento que

ela acelera em direção ao seu encontro que no

máximo em dois dias, acontecerá.

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BRINCANDO COM FOGO

Dorlavax estava em sua fortaleza, no alto do

parapeito de uma das inúmeras janelas,

observando a cidade de Nardor e como o povo

havia evoluído em tão pouco tempo. Ele se sentia

realizado, porém, vazio por dentro. Buscava

incessantemente um propósito em sua existência,

mas ainda não o havia encontrado.

Pensou sobre o ataque que sofreu da filha

de Atrodeon Tartárius e pensou em que tipo de

deus ele seria e porquê não vir pessoalmente como

os ancestrais faziam. Só havia uma forma de saber

e andou por seu palácio por quase cinco minutos

entre portas, corredores e escadas.

Seu palácio era muito rústico pois foi todoentalhado na rocha da montanha e ainda está em

fase de construção. Ele chega a uma sala redonda

bem ampla e quando chega ao meio dela, de frente

a uma pequena fogueira apagada, pronuncia um

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feitiço que a acende com uma enorme chama

verde. Ele passa por ela e chega dentro do mundomágico onde estão Ódio e Amor.

O lugar estava modificado, pois agora eles

são venerados por muitos fiéis que rezam para eles

e os tornam fortes. O lugar estava menos

assustador, mas mantinha a mesma proteção de

antes.

Eles não mais estavam na condição colossal

que estavam. Preferiam o tamanho humano para

poderem ter mais espaço. Dorlavax foi recebido

pelos dois como um bom amigo.

 _Seja mais uma vez bem-vindo barão. – disse Amor

com ênfase na voz e Ódio acenou-lhe com a cabeça,

o que já era muita coisa.

 _Obrigado meus amigos.

 _Vejo que busca informações sobre Atrodeon.

 _Sim. Gostaria de saber com quem estou mexendo.

 _Atrodeon é um deus.

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 _Mas nunca ouvi falar dele em nenhum documento

antigo. _Ele foi humano e se tornou um deus ancestral.

Mas conseguiu ludibriar todos os outros e os

matou, tornando-se muito forte.

 _Mas por que então ele não me enfrentou

pessoalmente ao invés de mandar a própria filha?

 _O reino das Tartáreas foi criado pelos deuses

primordiais para servir de laboratório. Era aqui que

a vida era criada e testada, e para que não houvesse

nenhuma interferência dos deuses ancestrais, os

primordiais bloquearam o acesso destes deuses

nestas terras. Aqui era a obra de arte imutável

deles, o orgulho da primeira criação.

 _Mas vocês são deuses primordiais, correto?

 _Não mais. Fomos “rebaixados”  quando lutamos

com os quatro primordiais à a condição de deuses

ancestrais. Por isso ainda permanecemos aqui

nesta dimensão, se sairmos dela e cairmos nas

Tartáreas, seremos mortos pela magia primordial

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que nos desintegrará assim como é descrito nas

lendas, em pedaços do tamanho de um grão deareia dividido por mil e se sairmos para o

continente maior, Atrodeon saberá de nossa

existência e com certeza devorará Ódio para

alimentar sua força e sabedoria e me trancafiará em

uma dimensão mais sofrida e jogará a “chave” fora. 

 _Alguma coisa pode ser feita contra este Atrodeon?

Agora até eu estou preocupado. O que ele quer

afinal?

 _Não sabemos sua atual intenção, mas sabemos

que ele está dirigindo todas as suas forças contra as

Tartáreas.

 _O jogo começou Dorlavax.  –  pronunciou Ódio  – 

Você deve buscar uma resposta para este problema

 já que tem livre acesso entre mundos e reinos. Deve

existir alguma fraqueza em algum lugar, sempre

existe!

 _Realmente Ódio, preciso buscar algo que me dê

uma luz, algo que tire este deus da supremacia.

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 _Dorlavax, não temos acesso ao lado de fora, mas

ainda temos uma conexão com o cosmo que secomunica de certa forma conosco e nos avisa sobre

coisas que já aconteceram e que podem acontecer.

É acessando estas vibrações que conseguimos

informações sobre os eventos que irão acontecer.

 _Fala logo Amor!

 _Tá bom Ódio, calma. Sabemos que Zunnury, a

última filha de Atrodeon desceu para as Tartáreas.

Ela não é como a irmã, ela é pior. Tome cuidado,

dias de trevas podem estar se aproximando de você

e seu povo. Não conseguimos ver mais por causa da

proibição mágica sobre as Tartáreas que rege sobre

nós.

 _Obrigado, vou me preparar para o pior.

Manteremos contato.

Dorlavax sai pela fogueira na sala redonda e

as chamas se apagam sem deixar fumaça. Pensativo

anda pela fortaleza vagarosamente tentando

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descobrir como destronar uma divindade. Sabia

que era possível, mas não era fácil. _Com certeza Atrodeon teve muita sorte em estar

onde chegou. O panteão possuía dezoito deuses

ancestrais e ele sozinho os destruiu. Como ele fez

isso? Preciso achar mais respostas ou mais cedo ou

mais tarde, ele achará antes de mim.

Eu detenho o poder da vida e da morte,

preciso descobrir como matar um deus. Ele, um

deus mortal e eu um lorde imortal. Se Atrodeon

pegar a minha alma ele terá todo o meu

conhecimento e poderá se tornar imortal com os

conhecimentos que possuo.

Preciso criar um plano de ataque e um plano

de fuga para alguma emergência. Se essa tal

Zunnury vier com um exército, força bruta, talvez

eu consiga segurá-la assim como fiz com sua irmã.

Mas se ela já estudou a derrota da irmã, ela usará

outra tática e preciso me preparar para

surpreendê-la.

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Vários quilômetros dali o infindável exército

de Zunnury marcha em direção da cidade gelada deNardor. Em sua companhia já haviam gigantes,

dragões, seres pequeninos, rastejantes e alados. Ela

se mantinha ao meio de todo o exército, escondida

e protegida por todos, controlando-os por sua

vontade.

Nenhum exército seria capaz de derrubar

um dragão tartareano e ela tinha em seu poder seis

deles. Sua batalha já estava ganha e ela sabia muito

bem disso e não via a hora de voltar à Êboro

vitoriosa e governar todo o mundo ao lado de seu

amado senhor. E no meio da noite do segundo dia

de espera eis que ela chega.

Os dragões tartareanos são os primeiros a

esmagar os muros da cidade, cada um em um ponto

distinto. A casca grossa destes seres colossais nem

sentiu arranhar os enormes espinhos que haviam

ali. A cidade estava toda apagada e ninguém estava

na rua.

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Os vários tipos de seres gigantes

adentraram pelas enormes aberturas do muroenquanto os dragões queimavam a cidade com suas

baforadas. O exército de esqueletos do barão sai de

sua fortaleza em direção de qualquer um que passe

em sua frente, intrépidos, não se sentem

ameaçados pela força e tamanho de seus

oponentes.

Mas não possuem a mínima condição de

batalha entre as duas forças. Zunnury ignora o

exército do barão e atravessa escoltada por vários

seres. Ela sabia que os esqueletos não a seguiriam

por se tratar de magia de animação barata. Nada

mais são, do que ossos montados por uma força

telescinética em formato humanoide.

Apresar de toda a destruição nenhum

membro da cidade foi visto, como se a cidade já

esperasse o seu ataque. E quando Zunnury se dirigia

a fortaleza do barão, o gélido vento das altas

montanhas de Mashikala cessam

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instantaneamente e um silêncio toma conta de

toda a montanha. Zunnury sente que alguma coisaestá errada, mas continua a avançar a passos largos

com o seu exército para a fortaleza do barão.

Um forte estalo ecoa de cima deles e para a

surpresa de Zunnury uma avalanche colossal desce

em direção de seu exército, tão grandiosa que era

como se toda a montanha estivesse caindo sobre

eles e ela vinha acompanhada à sua frente de um

vento tão forte quanto um tornado que fez com que

todos os seres fossem jogados instantaneamente à

metros de distância e a maioria dos alados foram

embora junto dos ventos.

Os dragões permaneceram ao chão, mas

sem abrir suas asas para também não serem

carregados. Zunnury nunca havia visto tal violência

do vento e se preparou para receber toda a neve,

mas seus seguidores nunca permitiriam isso e se

 juntaram todos para protege-la formando a sua

volta um casulo feito pelo próprio corpo deles.

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A força acumulada de gigantes, dragões e

outros seres enormes, conseguiu mantê-la sã esalva, porém ficaram soterrados. Mas o tempo que

permaneceram abaixo da neve foi breve. Os

dragões derreteram facilmente a neve depois que

estava assentada e liberaram o caminho que estava

bloqueado. Zunnury ressurge sem nenhum

arranhão e proclama em berros:

 _Barão! Seus jogos de esconder não vão durar para

sempre. Venha a mim agora e lhe concederei um

lugar em meu exército.

Nada é respondido e Zunnury se torna

impaciente. Continua a invasão entrando com o seu

exército nos limites da fortaleza e encontram o

barão parado no meio do hall principal de cabeça

baixa.

Todo o exército para e Zunnury vai ao seu

encontro frente a frente. Ela tinha um porte bem

mais robusto do que o dele e poderia rasga-lo sem

muito esforço.

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 _Eu esperava uma recepção mais calorosa de você

barão. Juntei um exército considerável e você merecepciona com esqueletos? Não entendi onde

Samálya errou com você.

Ele ainda mantém o silêncio e isso permite que

Zunnury o indague novamente:

 _Me diga feiticeiro, onde foi que minha irmã errou

com você, pois não vi nenhum tipo de resistência

concreta vinda de você.

Neste momento ainda de cabeça baixa ele ri

e olha bem nos olhos dela assim como ela queria e

se mostrando não o barão, mas uma guerreira

disfarçada dele, surpreendendo Zunnury.

 _Sua irmã errou assim como você, achando que

força é mais que sabedoria.

Uma grande muralha de chamas se faz em

volta de todo recinto, mantendo somente a entrada

principal livre. De lá um grande exército de

amazonas começa a sair e travar uma batalha

contra o exército de Zunnury.

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O hall era grande, mas com a quantidade de

seres ali dentro se tornou quase impossível semexer. As amazonas estavam com armas mágicas

das mais diversas e isso fez toda a diferença.

Zunnury era atacada pela guerreira que havia lhe

enganado e defendida pelos seres que a cercavam.

E como o óleo na água, ela recuou dentro do

aglomerado de seu exército sem nenhuma

dificuldade. Uma vez lá fora ela ordenou o ataque

em massa de todo o exército o que fez com que os

menores integrantes fossem pisoteados pelos

maiores e mesmo assim haviam seres para invadir

a cidade, mas uma coisa que Zunnury não se

atentou em toda a permanência na cidade, é que a

cada baixa de seu exército, o barão tinha um ganho.

Todos aqueles que morrem, voltam como

integrante do exército do barão.

O exército inicial do barão que recepcionou

Zunnury, se reconstruía mesmo se quebrado em mil

partes ou desintegrado em cinzas.

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E todo aquele que morria, retornava dos

mortos, com suas mesmas características. Ossoldados do barão funcionavam como um veneno

que aos poucos deteriorava cada uma das defesas

do oponente. As guerreiras amazonas estavam

dizimando qualquer um que encontrassem em sua

frente, com suas armas magníficas e com poder

digno de divindades.

Ela reconheceu que havia usado a mesma

técnica que sua irmã e isso a levaria à derrota se não

trocasse de tática. O barão estava sendo um ótimo

estrategista e ela não conseguiria vencê-lo desta

forma então decidiu mudar de tática e fez com que

um dos dragões viessem até ela. Zunnury subiu na

fera e se segurou na cabeça e levantou voo.

Tendo a vista de toda a batalha não gostou

do que viu e ordenou aos outros cinco dragões que

queimassem todos. E assim fizeram, suas baforadas

poderosas abrangiam uma área enorme e seu fogo

mágico era muito mais destruidor do que qualquer

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outra chama existente no mundo. Os dragões

dizimaram todos, aliados e inimigos, deixando umrastro de corpos queimados por toda a cidade. Feito

isso, Zunnury usou o fogo que ardia nos cadáveres

e evocou um elemental do fogo, um gigante feito

de labaredas com cerca de trinta metros de altura.

Suas pegadas deixavam as rochas derretidas

em lava e a criatura seguia em direção da fortaleza.

Zunnury reparou que uma guerreira ainda não

havia caído, estava somente ajoelhada segurando

uma espada cravada ao chão. O elemental pisa em

cima da guerreira que rapidamente gira sua espada

para cima, acertando o ser por baixo.

Neste momento ele não consegue se mexer

e começa ter seu calor sugado pela Espírito de

Dragão que a guerreira segurava. Zunnury ordena

todos os dragões que alimentem o elemental com

suas baforadas. O calor fica tamanho que Zunnury

precisa se afastar com sua montaria para não ser

queimada e duvida que a amazona aguentará por

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muito tempo. Os dragões foram usando a própria

vida para alimentar suas chamas no elemental queestava ainda agarrado no mesmo lugar e foram

caindo um a um sem vida.

Em poucos segundos o elemental se desfez

e a amazona se levanta com uma aura avermelhada

e sua espada em brasa viva. Zunnury em um ataque

de fúria ordena que seu dragão a esmague e em alta

velocidade a fera mergulha no ar em direção da

guerreira que novamente gira a espada para baixo

cravando-a no chão e liberando uma explosão com

todo o calor acumulado das baforadas dos dragões,

destruindo a parte frontal da fortaleza, os muros

que cercavam a cidade e apropria cidade.

O dragão em seu ataque foi jogado para trás

e torrado por baixo. Zunnury caiu ainda com vida

pois foi protegida pela carcaça de sua montaria e

quase não teve queimaduras, mas a queda foi

brutal e quebrou alguns ossos de seu corpo.

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O elmo que havia influenciado a um deus,

não tinha poder para influenciar uma mera mortale só restou a Zunnury enfrenta-la como uma

guerreira.

 _Acho que acabou para você filha de Atrodeon.

 _Como fez aquilo?

 _Com o presente do seu pai ao barão, a Espírito de

Dragão. Acho que se não fosse por ela, não

teríamos ganho esta guerra.

 _Vocês podem ter me vencido, mas eu nunca

deixarei de existir. Só me decepcionei com o barão,

que não mostrou sua cara para mim.

 _Ele me disse que não poderia participar desta luta,

mas estaria nos auxiliando de longe.

 _Então quer dizer que ele ainda está por perto?

 _Sim, ele nunca deixou este lugar.

Zunnury retira as facas de Zaronque e se

prepara para lutar com a guerreira amazona. Só que

uma faca é materializada atrás da nuca da guerreira

sem que ela perceba.

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 _Você ainda tem esperança depois de perder todo

o seu exército ? _Digamos que eu estou contando com a sorte.

A faca perfura a nuca da amazona que

morre instantaneamente e Zunnury vê uma nova

chance de adentrar nos domínios do barão, mas vê

a frente, que as amazonas mortas se levantam e se

regeneram ao estado original e pensa em que

poder este lorde eterno detém em sua alma.

E em um instante, se lembra da amazona

que acabara de matar e que ainda portava a Espírito

de Dragão, mas quando olhou para o chão, a última

visão que teve, foi a lâmina indo em direção de seu

pescoço.

A guerreira amazona se levanta enquanto

Zunnury cai para um lado e sua cabeça para o outro.

As amazonas vibram e festejam a guerra vencida.

Dorlavax sai por entre as sombras de destroços do

que já fora o muro e pega a cabeça de Zunnury

ainda com o elmo.

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 _Bom trabalho Anonda.

 _Obrigado barão. Parece que vão ter trabalho parareconstruir tudo.

 _Eu é quem agradeço. Sem a ajuda de vocês eu não

poderia desfrutar deste momento.

 _O que fará com a cabeça dela?

 _Irei guardar o elmo junto com minha coleção de

artefatos mágicos. Além de ter uma conversa com

esta criatura cara a cara. Quero saber mais sobre

essa divindade que se chama Atrodeon.

 _Desejo boa sorte a você barão Dorlavax. Se

precisar das amazonas novamente, basta nos

chamar.

 _Agradeça a rainha pela ajuda.

Ela acena positivamente para ele e em

seguida um novo portal bem menor de chamas

verdes é aberto à frente das amazonas. Cada uma

delas agradeceu ao barão, devolveu a arma que ele

havia emprestado e passou pelo portal.

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Assim que o portal se fechou só lhe restou a

devastação e a solidão já tão amiga. Invocou algunsmortos mais inteiros e os ordenou que carregassem

suas armas para dentro. Revistou o corpo de

Zunnury e viu que ela portava as facas de Zaronque

nas mãos e se alegrou sutilmente pelo segundo

presente recebido de Atrodeon.

Guardou as facas consigo e levou a cabeça

de sua inimiga ainda no elmo. Uma vez na fortaleza,

em uma sala de tortura que possuía, ele retira

cuidadosamente o elmo mágico e o coloca à mesa.

Olha para aquela cabeça inerte e com as duas mãos,

pronuncia palavras arcanas de ressuscitar os

mortos, mas não obtém resultado.

É como se a alma dela estivesse presa em

alguma coisa ou em algum lugar ficando impossível

de se comunicar com ela.

 _Existe a possibilidade de um contato com a

essência mágica do elmo, mas corro o risco de virar

um fantoche caso a alma dela estiver aqui dentro.

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O barão nem arriscou ao menos colocá-lo na

cabeça, sabia que não valia o risco. Assim comopediu a população de Nardor seguir para o leste,

direção contrária à do ataque. Lá existe uma cidade

abandonada com um acesso mais difícil. Logo mais

ele visitou as amazonas e contou que poderia sofrer

um grande ataque e se propôs a dar proteção sobre

a morte e armas mágicas para lutar ao lado dele.

Se não fosse por Anonda avisá-lo sobre o

poder de sua desafiante, o barão poderia ter

sucumbido ao poder do elmo no momento em que

o visse. Anonda estava caçando quando viu ao

longe o exército avançando e os animais se

 juntando a ele.

Ela acabou reparando que somente espécies

com o sexo masculino andavam com ela Anonda

conhecia as diferenças, pois sempre caçava e como

a amazona não sofreu influência, pensou que talvez

o poder seria para machos somente.

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Diante destas informações o elemento

surpresa de Zunnury não deu certo. Conformepassaram-se os anos, a cidade abandonada se

tornou a nova Nardor e sua população cresceu

como nunca.

A aliança das amazonas foi mantida e

prosperaram de várias formas com o auxílio da

barão. Novas defesas foram criadas para a cidade e

uma nova fortaleza na montanha foi projetada para

Dorlavax, mas nesta, todos poderiam entrar, morar

ou trabalhar. O exército esqueleto foi aposentado e

guardas vivos foram colocados no lugar.

A cidade se tornou menos sombria e mais

iluminada, com arquiteturas mais modernas e

vários polos de estudo. Hoje a cidade de Nardor é

vista por seus moradores pelo seu deslumbre e

riqueza. O barão quase não ficava presente, pois

sempre que descobria algum artefato mágico

perdido ou citado em alguma escritura, começava

uma caçada.

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INATO

Um frio intenso paira sobre meu corpo

frágil, sem forças, caio no chão, que me recebe com

uma vegetação orvalhada e malcheirosa. Tenho

vontade de me levantar, mas meu corpo não me

responde. Luto comigo mesmo, mas só consigo sair

deste estado depois de muito tempo.

Vejo que é noite e estou em uma mata

muito fechada, mas não consigo virar minha cabeça

para ver o outro lado. Se me recordo bem, devo ter

ficado aqui por mil longos anos. Penso nas

atrocidades que devem ter sido feitas à

humanidade durante todo este tempo.

Aos poucos vou me recuperando e consigo

me sentar pelo menos. Estou despido de minhasvestimentas divinas e de minha espada divina, mas

não da minha mente divina. Atrodeon pagará caro

pelo que fez ao panteão e pelo que o que tenha

feito na terra dos homens nestes mil anos.

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Me levanto apoiando sobre galhos e troncos

e escolho uma direção qualquer para seguir. Nãoimagino onde estou e nem para onde irei e muito

menos o que vou encontrar neste caminho. Só sei

que preciso de comida e de roupas ou a minha

situação pode ficar um pouco confusa.

Acho um galho que posso usar como bastão,

é bem resistente para usá-lo de apoio em minha

caminhada enquanto as minhas pernas se

acostumam a andar novamente. O dia começa a

raiar e o frio começa a ficar menos agressivo, mas

ainda nada de pessoas. Minha fome aumenta a

cada passo, assim como minha sede. Não sei se

teria condições de sobreviver mais um dia nesta

mata do jeito que fui jogado aqui.

Não desisto, pois, penso em todos os meus

irmãos mortos no panteão, por aquele assassino

desgraçado. Começo a escutar passos lentos e os

sigo em silêncio, vejo um homem maltrapilho e com

alguma doença, pois o vejo com muitas brotoejas

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pelo corpo. Não chamo a sua atenção, pelo menos

por enquanto, até que eu tenha certeza de suasintensões. Mas logo vejo que sua intensão não

poderia ser das mais amigáveis porque o que vi não

era mais uma pessoa e sim um morto-vivo.

Ao contrário do que conhecia estes seres

eram silenciosos e não andavam a esmo. Seu

gemido parece de dor, mas não poderia uma

pessoa, mesmo nesta situação ainda estar viva, não

com o seu tórax todo exposto.

Preciso aniquilar essa criatura com um golpe

certeiro na cabeça, mas acho que não tenho

condições físicas de aguentar uma luta corporal

com ele caso eu falhar. Suas roupas seriam de bom

grado para mim, mesmo sendo de um cadáver

ambulante, mas acho que vou passar essa.

Quando Inx se virou para tomar outro

caminho encontra ao seu lado um outro zumbi com

os braços abertos se jogando para cima dele.

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Sem forças para aguentar o peso morto, Inx

cai gritando alto pela dor e pelo susto que levara.Com o barulho, o outro zumbi que se afastava teve

sua atenção desviada para a luta de Inx. O morto

que estava em cima dele não possuía garganta,

havia um grande buraco no lugar que permitia a sua

vítima de ver suas vértebras cervicais.

De dentro do buraco saíam insetos diversos

e alguns caiam em cima de Inx deixando-o ainda

mais desesperado. O outro se aproximava

vagarosamente enquanto a luta de forças era

medida no braço. Bocadas fortes eram dadas pelo

seu algoz e não havia naquele momento uma forma

de sair daquela situação.

Ele suava e fazia uma força descomunal para

se libertar até que consegue jogar a criatura de

lado. Ele rola para o lado contrário e tenta se

levantar, mas não consegue nem mesmo se

arrastar, seu corpo doía muito e sentia fincadas

pesadas quando tentava fazê-lo.

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Ele procurava pelo bastão que estava com

ele, mas era praticamente impossível achá-lo nasdevidas circunstâncias. Ele tinha mais alguns

segundos para pensar em algo inteligente enquanto

um ainda se levantava e o outro estava mais

afastado.

Precisava se distanciar deles e pensou em

usar um cipó para subir em uma árvore, mas não

achou nada que pudesse ajuda-lo nisso e nem sabia

se aguentaria puxar todo o seu peso. Agora os dois

errantes estão de pé e vindo em sua direção e nada,

além de desespero paira pela sua mente. Pensou na

recepção que teria em Êboro assim que chegasse a

encontrar novamente Atrodeon, que certamente o

manteria trancafiado eternamente ou o mandaria

de volta para a terra dos homens na situação que

partiu.

Onde se encontrava era impossível de rolar

novamente, haviam muitas árvores e ele sabia que

precisava se levantar e correr, por mais que doesse.

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E dando urros de dor ele finalmente se

levanta a um pouco mais de um metro de distânciados dois zumbis. Se locomovendo com muita

dificuldade, Inx apoia-se na vegetação já que

realmente perdera seu cajado para sempre, talvez

um outro pode ser encontrado, mas provavelmente

não como aquele.

A cada passo dado, uma fincada era sentida

no peito e gritos de dor eram dados, mesmo que

curtos, mas ainda sim eram dados. E pensou que

talvez atraísse mais deles, mas não havia outro jeito

e pelo menos ainda estava de pé. A sorte é que os

mortos estão piores do que ele, mais lentos e mais

burros e o azar é que não possui ideia de onde está

e para onde ir.

Passar muito tempo nesta floresta pode ser

fatal e ele não estava nem um pouco interessado

em confirmar essa hipótese. O esforço que fizera o

deixou ainda com mais fome e seu corpo já tremia

pela falta de alimento e isso sem falar na sede que

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sentia. Parecia que já havia despistado as criaturas

e decide se recostar em uma árvore para não sedeitar novamente e busca descansar um pouco

antes de continuar.

A dor em seu corpo era possivelmente a

mesma de um homem mastigado e cuspido por um

dragão. Descansado um pouco mais, decide

continuar a seguir viagem em busca de uma saída

daquele matagal todo. O terreno agora tinha um

pequeno declive que deveria ser transpassado com

mais atenção, mas no terceiro passo cuidadoso, Inx

escorrega em uma rocha lodosa seguindo sem

controle a um destino incerto.

Seu corpo deslizava e seus braços não

alcançavam sequer alguma coisa para se segurar e

quando conseguia não possuía forças para segurar

seu peso. O deslize não durou mais que alguns

segundos quando chegou ao fim da pedra, porém,

com a velocidade adquirida e o chão menos

escorregadio, Inx rola morro abaixo batendo em

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troncos e ganhando velocidade com o declive cada

vez maior do terreno. Parecia que toda a florestaesmurrava seu corpo e lhe restava apenas gritar de

dor.

Assim que terminou a ladeira Inx passa em

uma estreita entrada de uma gruta e cai de uma

altura de aproximadamente dois metros ao chão já

desacordado. Passadas algumas horas, Inx abre os

olhos e não acredita no que aconteceu. Só não sabia

agora onde estava e tentou se mexer para sentir se

quebrou algo.

Para sua desgraça ficar completa, não

conseguiu mexer nem o braço esquerdo e nem a

perna esquerda. Seu nariz também doía muito,

parecia que o tinha quebrado. Seu braço havia

quebrado em dois lugares, mas não tinha fratura

exposta, assim como sua perna.

Com muita dificuldade e dor, conseguiu se

sentar e ficar de pé com todo o lado esquerdo

imóvel é praticamente impossível.

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Deu uma boa olhada em volta e viu que caiu

em uma fenda de uma gruta, chovia muito, faziamuito frio e quase não tinha iluminação alguma.

Aproveitando-se da água da chuva, ele bebe

finalmente matando sua sede, pelo menos alguma

coisa ele conseguiu matar desde que acordou,

pensou.

Mas o frio ainda era intenso e o dia estava

escuro por causa da chuva, não sabia quantas horas

ficou desacordado e se haveria possibilidade de sair

dali com um braço e uma perna quebrados. Inx

sempre foi sensato, mas sua dor o estava

transformando em algo que ele nunca esperava ser,

alguém com força para destruir para o bem maior.

Sua frustação, sua dor, seu desespero e sua

situação o estavam sufocando tanto que a única

forma de respirar novamente foi soltar um urro de

raiva que ecoou amplificado quando passou pela

fissura de onde havia caído.

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Suas lágrimas se misturam com a chuva que

caía em seu rosto, mas seu choro pela derrotaavassaladora era visível para o único espectador

que ele não tinha percebido, Atrodeon. O deus

supremo se mostra a Inx com um sorriso sádico nos

lábios.

Sua aparência era como a de um cadáver em

estágio avançado de decomposição, porém com

roupas belíssimas e negras. Inx o olhou com ódio

nos olhos, um ódio que naquele momento

envenenava a sua alma de mortal.

 _Olá mortal. Como foi o último milênio?

 _Seu miserável. Eu vou me vingar de você!

Atrodeon dá uma pequena risada cínica e

responde:

 _Eu já ficaria satisfeito de vê-lo sobreviver esta

noite. Eu realmente queria que sobrevivesse para

me manter entretido. Gosto de ver seus egos

crescendo novamente em você. O deus

benevolente, o todo poderoso Inx, passando por

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maus bocados. É realmente triste ver alguém

acostumado às coisas boas ficar em uma situaçãolastimável como a sua.

 _Por que você fez isso? Porque matar todos os

deuses? Poderia ter sido diferente.

 _Claro que poderia. Eu já estaria morto como

humano, ou melhor dizendo, como ancestral

partido em oito pedaços. E você estaria reluzente

diante do espelho das almas, dizendo idiotices

sobre honra e benfeitorias. Eu não sei como vocês

conseguiam manter as coisas funcionando lá em

cima. Cada um fazendo o que desejasse.

 _Aí é que se engana, tínhamos um acordo, se um

deus influenciasse a humanidade, todos os outros

deuses também poderiam influenciar como

quisessem.

 _Ou seja, a humanidade sempre esteve à mercê da

sorte e do acaso. Me poupe de suas lendas, vocês

eram medrosos e eu fiz o que vocês tinham medo.

Eu mudei o mundo para melhor! Todos humanos

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rezam para mim e me deixam cada vez mais forte e

em troca os deixo vivos. _Eles são os seus irmãos.

 _E VOCÊ ACHA QUE EU ME IMPORTO?  –  gritou  – 

Por mim matava a todos! Cada um possui uma

partícula de poder que pode me tornar um deus

primordial. Mas qual seria a graça nisso tudo? Eu

ainda não sei para onde os quatro primordiais

foram.

 _Ninguém sabe Atrodeon. Eles deixaram a “casa”

pronta para administrarmos e foi isso que fizemos.

 _Vocês perderam o controle. Eu vim para arrumar

as coisas. E quando eu descobrir onde eles se

encontram, pegarei um por um, assim como fiz com

vocês.

 _Você não tem poder para isso.

 _Mas terei. Assim que pegar os mistérios das

Tartáreas, terei todas as respostas para as minhas

perguntas.

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 _O reino das Tatáreas é um santuário feito pelos

primordiais, com magia muito antiga e poderosa.Nenhum deus pode pisar em suas terras.

 _Eu sei disso meu amigo, é por isso que busco uma

forma indireta de entrar lá. E quando isso

acontecer, não haverá mais nada para me segurar

neste mundo grotesco.

 _Por que tem tanto ódio da vida?

 _Por que gosta tanto dos fracos? – diz sarcástico – 

 _Me responda Atrodeon. O que você esconde de

todos? Do que você tem medo?

 _Eu sou o senhor do medo. Eu trago a mensagem

do medo a todo aquele que ousa pensar torto de

mim. Eu sou o deus supremo deste mundo e nada

tenho a temer.

 _E por que destrói.

 _Porque sou desprovido de amor, de esperança e

compaixão. Eu quero recuperar o tempo perdido

que os quatro primordiais tiraram de mim.

 _Para quê? Com qual propósito?

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 _Eu quero ser o que foi o primeiro e eu quero ser o

que será o último e fora de mim que não haja deusalgum. O princípio e o fim, que é, e que era, e que

há de vir, o supremo senhor.

 _Você é doente Atrodeon e estamos condenados

com você no controle.

 _Nisso eu devo concordar com você, mortal. Tenha

uma ótima estadia neste buraco que afinal, não

possui saída a não ser por ali onde entrou. Mas

naquele canto tem uma poça com um gambá morto

a uns dois dias. Talvez retarde um pouco a sua

inanição. Até breve mortal, estarei preparando

algumas surpresas para você lá em Êboro.

Atrodeon entra nas sombras e desaparece.

Inx coloca sua mão na cabeça e entrelaça seus

dedos em seu cabelo imundo e o aperta bem forte,

pensando em como sobreviver àquele caos em que

se encontrava. Pensou em conferir a situação do

gambá que Atrodeon lhe indicou, mas morreria de

intoxicação em poucos dias, a inanição pode durar

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um pouco mais. Pensou em esperar a chuva passar,

pois as pedras para subir estão muitoescorregadias, mesmo sabendo que não havia a

mínima condição de sequer ficar de pé.

 _Olá!!! Tem alguém aí? – gritou alguém de fora para

dentro da gruta – 

 _OLÁ!!! SOCORRO!!!

 _Eu não consigo te ver, pode vir mais para a

abertura?

 _Sim, um momento.

Inx se arrasta com suas últimas forças para

onde pudesse ver quem estava lá em cima, mas a

chuva atrapalhava sua visão.

 _Você é grande mesmo hein? – Inx era um homem

que aparentava um cinquenta e poucos anos com

um corpo bem forte de um guerreiro – Não sei se

vou conseguir te puxar, mas vou tentar.

A figura desaparece por alguns momentos e Inx o

aguarda na esperança de não o ter deixado para

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trás. De repente uma ponta de uma corda não

muito grossa cai ao lado de Inx. _Se amarre nela e quando tiver pronto basta me

dizer que eu puxo.

Inx segue as instruções e faz um laço em sua perna

da direita e enrola seu braço direito bem firme à

corda.

 _Estou pronto! – gritou Inx ansioso para sair dali – 

A corda começa a ser puxada com uma força

incrível, mas sem pressa, como se seu salvador

soubesse de seu estado. Em alguns segundos Inx

retorna à superfície e antes mesmo de olhar para

seu herói, desmaia exausto.

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O CASTELO DE SHOLLAR

Centenas de anos se passam desde a

batalha contra Zunnury e desde então não

houveram mais intervenções de Atrodeon ou de

qualquer outro seguidor seu. As Tartáreas

passaram por um período perigoso de recuperação

de sua vida natural por tantas perdas. Nardor

prosperou como nunca havia prosperado e sua

população cresceu muito desde então.

A nova Nardor possuía construções intactas

dentro da montanha e que serviam como uma

extensão da grande cidade que já havia do lado de

fora. A magia dos Nadrux se tornou mais forte com

os ensinamentos do barão e ele mais tranquilo em

deixar o seu povo sozinho quando saía para caçar

algum item mágico.

A maioria destes itens são da época dos

deuses ancestrais quando andavam sobre a terra

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dos homens e não tinham sido divididos em oito

partes iguais, chamadas de humanos.Nestas épocas eles digladiavam entre si por

poder e a confecção de itens preciosos e mágicos

eram uma cultura comum. O barão recebia sempre

de bom grado as histórias contadas por Amor e

Ódio e são delas que ele busca pistas sobre estes

itens.

Eles fizeram de sua prisão seu novo lar, um

pequeno mundo todo reformulado, porém, bem

mais agradável de se viver o resto da eternidade.

Dorlavax buscava uma forma de libertá-los daquela

prisão e não descansaria até encontrar uma forma

de fazê-lo.

E é neste cenário arborizado, com céu azul

ilusório, rios e pequenos animais silvestres, diante

de uma bela casa com um jardim bem florido, que

Dorlavax conversa com Amor e Ódio. Eles ainda

preferem o tamanho humano para economizarem

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no espaço. Sentados em um banco do jardim em

formato de meio arco, conversam animados. _Então vocês pressentiram o despertar de um novo

deus?

 _Não Dorlavax, se trata de um deus ancestral já

existente, mas que para nós estava morto.

Diz Amor pacientemente. Mas Ódio retruca

austeramente para o barão:

 _Se não nos enganamos ele ficou morto por mil

anos e por algum motivo não sabemos qual, ele

despertou.

 _Não sabemos quem pode ser ou como ele é pois

não chegamos a conhecer nenhum dos novos

ancestrais restaurados. – diz Amor – 

 _Eu só ainda não entendi no que eu me encaixo

nisso tudo.

 _Encontre-o e o ajude!  –  diz Amor

encarecidamente com a Ódio pairando a mão no

ombro de seu companheiro e balançando a cabeça

positivamente para Dorlavax – 

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 _Tudo bem, não nego nada a vocês. Mas como vou

encontra-lo? Se ele é um deus, porquê precisa daminha ajuda?

 _Para encontra-lo você vai precisar de um artefato

chamado de relógio místico.  –  diz Ódio  –  Este

artefato parece-se com um relógio de bolso

comum, mas quando se pensa naquilo que deseja,

ela te mostra em dias e horas o quão longe ou perto

se está do que quer. A cada passo mais próximo do

que deseja, ele diminui seu contador e mais longe o

inverso.

 _Interessante. Onde posso consegui-lo?

 _Ele fica na terra dos homens como todos os outros

itens que você já encontrou. O único problema é

que ele tem dono. – diz Amor – 

 _Entendi. Se trata de quem?

 _Shollar. – diz Ódio com desdém – Ele é um bruxo

cuja ganância o faz imortal, assim como você. Ele

fugia da morte à milênios dentro de seu castelo,

projetado por ele ainda quando jovem, sua morada

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possuía o poder de repelir tudo o que é etéreo.

Assim ele vivia, não sabemos agora. _Ninguém sabe como e com qual aparência e isso

também é irrelevante.  –  completa Amor  –  Uns

diziam que ele estacionou no tempo e continuava

com um corpo de um ancião. Outros já defendiam

a ideia de que ele está mais jovem, na casa dos

trinta anos.

Porém, insatisfeito com a ideia de viver

eternamente em seu castelo, Shollar buscava uma

forma de aprisionar a morte e se tornar eterno.

 _Ele possuía conhecimentos arcanos avançados e

que só não saia do castelo, com medo da morte lhe

cobrar com juros todos os anos que passou

escondido dela. A não ser que ele a tenha

aprisionado e conseguido sair de seu castelo para o

terror de todos. – finalizou Ódio – 

 _Acho improvável, coisas ainda estão morrendo por

aí. Mas ficou faltando uma pergunta sem resposta:

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 _Se essa divindade que busco é um deus mesmo,

porquê precisa da minha ajuda? _Parece que essa divindade não está usando seus

dons divinos como deveria. Ele ou ela está passando

por muita dor, medo, ódio e demais sentimentos

humanos. – disse Amor – 

 _Atrodeon deve ter deixado esse deus vivo em

particular para lhe causar sofrimento como

humano, lutando contra seus egos e perdendo aos

poucos a sua natureza divina. – completou Ódio – 

 _Ótimo! Vocês querem que eu encontre uma forma

de tornar um ex-deus em deus novamente?

 _Esse ex-deus como você diz ainda é um ser divino,

porém, seu vínculo com o universo foi cortado. E

para recuperar esta dádiva, nós escolhíamos à dedo

cada um dos humanos que evoluíam durante suas

reencarnações. Este processo poderia levar

centenas de anos ou até mais do que um milênio.

 _Entendi Ódio, mas se os primordiais que escolhiam

à dedo quem se tornaria um ancestral...

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 _Sim Dorlavax, nós somos primordiais e assim que

o encontrar deve trazê-lo até nós para quepossamos devolver a ele seu vínculo com o

universo.

 _Me desculpe Amor, mas a cada momento que

permaneço aqui uma nova tarefa quase impossível

me é passada. Vamos recapitular o que temos por

enquanto: Preciso ir até o castelo de Shollar,

conseguir o relógio místico, para poder começar a

buscar um deus que não sabemos quem é. Assim

que descobrir quem ele é, devo trazê-lo aqui para

que vocês possam restaurar sua força divina com o

universo.

Depois disso eu o ajudo a derrotar o deus

Atrodeon para que a terra dos homens volte à

normalidade. Esqueci de alguma coisa?

 _Sim, o mais importante, nos libertar daqui. Mas

isso você deixa para quando terminar o que

passamos à você. – ressaltou Ódio – 

 _E onde encontro esse castelo?

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 _Infelizmente não está aqui nas Tartáreas. Shollar

mora ao extremo sul da terra dos homens,chamado de Akariter. Se trata de uma área muito

gelada e inóspita onde seu castelo fica entre dois

grandes picos. Você se sentirá em casa quando

passar por lá, é tão frio quanto suas montanhas.  – 

concluiu Amor – 

 _É realmente necessário que eu ajude esse deus

mortal? Talvez eu consiga fazer algo contra

Atrodeon.

Amor e Ódio se olham por um momento,

como se estivessem tendo uma conversa em

particular um com o outro, provavelmente por

telepatia. O barão observa e percebe isso, mas não

diz nada e espera pacientemente por alguma

resposta. Até que Ódio fala para Dorlavax a

resposta que tanto esperava:

 _Se você entrar em atrito direto com Atrodeon e ele

te vencer, sua alma será consumida por ele e a

essência divina que carrega com ela, será parte

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dele. Quando lhe concedemos um desejo, para

realiza-lo, usamos nossa magia primordial paratransformá-lo no que é hoje.

Se Atrodeon se apossar de sua alma, os

nossos segredos primários serão compartilhados

com ele também e isso significa que ele deixará de

ser um ancestral e se tornará como nós.

 _Entendo.

 _Aconselhamos a ter cuidado barão, pois a situação

pode se complicar se você se deixar levar pela sua

confiança. Atrodeon é uma divindade muito

poderosa, chega a ser um meio primordial e dentro

de seu intelecto existem milhões de anos de

sabedoria, assim como o nosso. – disse Amor – 

 _Tudo bem. Vou me preparar para visitar Shollar.

 _Estaremos aqui Dorlavax, atentos aos

acontecimentos. – lembrou Amor – 

O barão saiu da prisão e retornou ao seu

aposento na nova Nardor.

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Seu portal poderia ser aberto em qualquer

local que fosse preparado para isso, desde quedentro do território tartareano. Caminhando na

cidade de dentro da montanha sempre é

cumprimentado por todos que passam por ele e o

barão faz questão de responder com um leve sinal

de agradecimento com a cabeça.

Ele chega a uma porta mágica que só é

aberta com uma palavra resmungada por ele e

segue por um largo corredor que o leva a um salão

gigantesco com inúmeras colunas lapidadas na

rocha, estátuas e baús. Ali ficavam todos os itens

mágicos do barão e seus tesouros particulares.

O salão era todo iluminado por grandes

cristais que brilhavam em diversas cores. O barão

andou por entre os seus artefatos e tentou achar

alguma coisa que pudesse ter uma luta justa contra

um deus. Ele conhecia cada um dos itens que ali

haviam, mas não conseguia achar algo do gênero.

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Sabia que para duelar com uma divindade e

se ter alguma chance, era necessário ter tambémdivindade. Só um deus tem poder para aniquilar

outro deus.

No caso do barão, ele era considerado um

mortal para qualquer deus, mesmo sendo imortal

perante os homens, assim como sua condição

espiritual que era bem inferior à de um deus.

Dorlavax viu cada arma que tinha, cada

artefato que emanava poderes incalculáveis, mas

só perante aos homens. Não satisfeito saiu da

grande sala e a selou novamente.

 _Mas é claro! Como fui estúpido...

Barão corre para o seu quarto e abre

novamente o portal que leva até Amor e Ódio. Lá

ele os aborda e corta algum papo engraçado que

estavam tendo.

 _Amor e Ódio, acho que vocês podem me ajudar. A

feiticeira amazona que drenava o sangue de vocês.

 _O que tem ela Dorlavax? – indaga Amor – 

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 _Ela tirava o sangue de vocês com uma faca

dourada, sabem onde está? _Devia estar com o cadáver dela, mas modificamos

toda esta dimensão. O corpo dela pode estar em

qualquer lugar daqui. – disse Ódio – 

 _A casa de vocês fica exatamente onde estavam

aprisionados. Mesmo alterando a realidade um

item mágico não seria destruído.

 _Você quer a faca para enfrentar Atrodeon.

 _Sim Ódio, exatamente. Uma arma que pode ferir

até um deus.

 _Tudo bem, acho que não seria possível esconder

isso de você. A faca está no hall de entrada

Dorlavax, mas se trata de um item muito poderoso.

 – avisou Amor – 

 _Então contem-me o que preciso saber sobre ela e

eu decidirei sobre o meu destino.

Ambos se olharam e com um único olhar decidiram

contar para o barão do que se tratava aquela arma:

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 _Não sabemos sua origem, mas se trata de uma

arma criada por uma divindade ancestral. A adagapossui além desta habilidade, uma outra que pode

lhe atrapalhar bastante. Ela possui uma consciência

mágica que comunica com o seu portador

telepaticamente. – disse Amor preocupado – 

 _Além disso essa consciência pode influenciar seu

usuário a fazer determinadas coisas sem que saiba

que está sendo influenciado. – disse Ódio – 

 _Acho que vou correr o risco!

Dorlavax entra no hall e vê a faca. Sente uma

poderosa energia vindo dela e a pega. Nada é

sentido de imediato desde então. Ele a mantém em

sua cintura, presa à calça e vai ao encontro das

divindades.

 _Tenha cuidado barão, não sabemos muito sobre

esse item. – disse Ódio – 

 _Fiquem tranquilos, tomarei cuidado.

Dorlavax volta ao seu aposento e observa

deslumbrado a faca dourada.

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Se encanta com seu desenho curvo da

lâmina, sua empunhadura que se encaixaperfeitamente à mão e percebe que a adaga neste

exato momento o influencia a admirá-la. O barão já

conhecia muito de magia e soube reconhecer o

exato momento em que a arma usava um efeito

mágico sobre ele e no momento em que percebeu

isso, o encanto se quebra.

Mas outras oportunidades aparecerão e ele

pensou que deve estar sempre atento enquanto

estiver com a arma. Nos próximos quatro dias, o

barão preparou sua viagem e levou consigo a adaga

de ouro e a Espírito de Dragão como garantia.

Seu comboio estava pronto para seguir

viagem com ele até o litoral. Foram somente duas

carruagens com doze cavalos cada para aguentar

puxar o veículo na neve alta. O transporte durou

cerca de seis horas de viagem até chegar ao litoral.

Lá havia somente um brigue velho que parecia ter

sido encalhado nas rochas da praia.

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O barão saiu da carruagem que estava e

olhou para o navio e estendeu os braços. Um fortevento começou a soprar agitando o mar

ferozmente. Logo em seguida uma grande chuva

começou a cair e o brigue começou a fazer barulhos

de metais contorcendo e madeira estalando.

O grande veículo outrora caído com sua

metade embaixo d’água, voltou a flutuar como se

fosse feito de algo muito leve. As rampas de acesso

para o navio foram empurradas por seus atuais

tripulantes, esqueletos de pirata com roupas

podres e armas enferrujadas. Uma carruagem foi

colocada no porão do brigue e outros pertences

foram retirados da segunda carruagem e também

inseridos no porão.

O barão agradeceu a todos os que vieram

com ele e se despediu, ficando com ele somente

dois nadrux. Terminado de carregar o navio, os

acessos foram fechados, as velas abaixadas para

pegar o vento e seguiram viagem pelo mar para a

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terra dos homens. Dorlavax sempre usava este

transporte para chegar ao outro continente, assimnão precisaria alimentar uma tripulação, nem se

preocupar com mortes repentinas, apesar disso não

ser um empecilho para ele, mas preferia que o seu

povo ficasse em casa cuidando do crescimento da

cidade que tanto tinha orgulho.

O navio deslizava sobre as águas e as cortava

com a facilidade que uma espada afiada corta uma

carne. A tempestade o seguia aumentando cada vez

mais a sua velocidade. Os dois tripulantes que o

barão trazia consigo, era apenas para coordenar

coisas pequenas, avisar sobre algo inusitado ou até

mesmo bater um papo, já que os esqueletos não

falavam nada. Eles eram também incumbidos de

conduzir a carruagem e alimentar os cavalos.

A viagem toda levou cerca de um dia, não

pelo fato de ser perto, mas pela velocidade

adquirida que era bem acima do que de um navio

normal.

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Já no litoral de Akariter a carruagem foi

retirada para a viagem ao castelo de Shollar em umantigo porto abandonado. O navio ficaria ali até que

o barão voltasse de sua viagem. Com ele os dois

acompanhantes de Nardor seguiram viagem como

cocheiros.

A carruagem do barão atravessava o terreno

nevado de Akariter com boa resposta por ser mais

plano e os cavalos estavam acostumados com um

tempo mais agressivo. Dorlavax seguiu rumo às

montanhas ao sul para tentar achar o castelo. A

viagem poderia demorar alguns dias, mas quanto a

isso, os cocheiros revezavam e eram convidados

pelo barão a descansarem com ele em seu interior.

À noite os cocheiros dormiam dentro da

carruagem e o barão fazia vigília de cima do

transporte. Ele não precisava dormir e buscava dar

uma checada nas redondezas, mas nunca se

afastando muito do transporte.

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Nestas terras nem mesmo pássaros ou até

mesmo insetos eram vistos, talvez pelo solo infértilque havia aqui. Nada aconteceu à noite e os únicos

barulhos ouvido por ele era dos cavalos. Seus

cocheiros acordaram cedo e alimentaram os

cavalos com feno que era levada na parte de trás da

carruagem. Fizeram uma rápida comida a base de

carne seca e grãos e seguiram viagem antes mesmo

do sol nascer.

Por volta do meio dia os cocheiros pararam

para mostrar ao barão um castelo ao longe que

poderia ser o que buscavam. Dorlavax disse para

seguirem na direção do castelo pois só poderia ser

o que procuravam nesta terra tão desolada. Com

mais uma hora de viagem aproximadamente,

chegaram bem próximo do que parecia ser o

castelo de Shollar.

Era um castelo não muito grande e sem

atrativos. Ele fica ao meio de dois paredões e cada

um deles possui um grande pico, indicando com

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certeza que este realmente é o castelo de Shollar.

Não existiam estandartes ou símbolos de nenhumanatureza, mas parecia ser um castelo forte para a

idade que deve ter. Dorlavax segue a pé para o

portão do castelo que estava fechado.

Não haviam meios de se entrar por ali pelo

menos e as janelas mais próximas estavam a cerca

de trinta metros de altura. O barão coloca a mão

esquerda no portão de madeira e evoca um feitiço

de apodrecimento da madeira para poder passar,

mas seu poder não funcionou ali. Parecia que outro

feitiço impedia o apodrecimento daquele material.

Dorlavax pensou que essa tarefa não será tão fácil

como havia pensado.

Ele um mestre necromante conhecedor da

morte e seu inimigo um bruxo regenerador. Uma

batalha pode começar hoje e nunca mais acabar,

pensou desanimando. Pensou um pouco mais em

como invadir o castelo e viu as possibilidades de ser

realmente pelo alto ou por baixo.

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O problema é que Dorlavax não poderia

entrar como ser etéreo porque o castelo eraprotegido contra esse tipo de ser. Ele pensou então

em uma abordagem um pouco mais chamativa,

desembainhando a Espírito de Dragão e usando sua

baforada no portão do castelo, abrindo uma grande

entrada ao qual o barão não pensou duas vezes

antes de atravessar.

No entanto o fogo se extinguiu rapidamente

e o portão se regenerou por completo, sem deixar

sequer alguma referência de que já pegara fogo ali

alguma vez. O caminho levava a uma grade tão

grande como o portão, mas que foi facilmente

transpassado pelo barão pois não possuía nenhum

tipo de magia.

Dorlavax chegou a um amplo hall com várias

estátuas quebradas, marcas de uma grande batalha

com cortes nas paredes, mas nenhum esqueleto

para contar a história.

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Ao final desta sala uma grande porta dupla

está fechada, mas não trancada e é aberta,causando um rangido tão alto que acordaria

qualquer defunto. Ela dá a um grande corredor com

duas bifurcações e várias portas. Acessar qualquer

uma destas portas pode ser perda de tempo,

pensou o barão, mas também poderiam ter

respostas.

Porém antes mesmo de terminar de

examinar cada uma das portas, o deus mortal já

teria morrido de velhice. Seguindo sua intuição,

Dorlavax segue para a segunda bifurcação à

esquerda e encontra escadas para um andar acima.

No final delas uma porta que mais uma vez avisa

pelo barulho em ser aberta.

Um grande salão com várias colunas

enormes, muito bem ornamentas e um teto alto e

bem trabalhado. No final deste lugar uma grande

 janela com grades e vitrais davam uma coloração

diferenciada ao ambiente e possuía ao lado da

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 janela, alguma entrada ou porta, com uma enorme

parede impedindo sua passagem. Caminhando apassos largos pela curiosidade do que aquele

pedaço de parede estava tampando, Dorlavax é

surpreendido com um enorme machado que sai

logo atrás de uma das colunas que iria passar.

Por pouco ele não foi literalmente partido

ao meio pois se tratava de um machado de um

metro e meio de comprimento, só de lâmina. Quem

o segurava, era uma armadura completa, entalhada

com runas douradas brilhantes. É uma armadura de

cerca de dois metros e meio e que não possuía

ninguém em seu interior. Pelo tamanho ela não era

tão lenta e nem tão pesada, parecia ser

indestrutível para armas normais.

Mais uma vez a armadura o ataca e

facilmente o barão esquiva, ele queria ver seus

limites e inteligência antes de atacar. Mais uma vez

a Espírito de Dragão será útil nesta batalha.

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Mais uma vez o machado vem em sua

direção à uma velocidade considerável, mas édefendida com a espada sem esforço. O barão usa

a habilidade de decapitação de sua espada e acerta

em cheio o elmo da armadura, fazendo que caísse

ao chão e rolando para trás, mas o resto da

armadura ainda se mantém de pé.

Outro golpe é defendido pelo barão que

desvia o poderoso ataque. O barão ataca o gigante

e acerta em sua manopla esquerda que apoiava os

ataques com a da direita, mas o ser mudou de tática

e mesmo sem uma das manoplas, usava o machado

agora com um apoio só, não sentindo desvantagem

alguma. Mais um ataque da armadura é deferido

contra o barão com um golpe que o acerta em cheio

em sua perna direita e o faz cair.

A Espírito de Dragão cai longe do barão o

deixando de mãos vazias. Apesar da perda da

perna, Dorlavax não sentia dor e nem sangrava

como um ser vivo comum. Mesmo nesta condição

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ele rola em direção da espada enquanto o gigante

o seguia a passos largos. O barão pega a espada ese levanta pulando em uma perna só. Sabia que não

poderia vencê-lo sem apoio da outra perna e

decidiu dar tempo até que regenerasse o membro

perdido.

Demoraria cerca de quatro minutos a

regeneração completa do membro perdido e

pensou em fazer hora até que pudesse novamente

duelar com ele. Utilizando-se das colunas, foi se

escondendo até que sutilmente se transmutou em

uma névoa rasteira. Mesmo neste estado, ele

poderia esperar pela sua regeneração.

O ser não mais o identificou na sala e parou

de procurar depois de algum tempo, retornando ao

ponto em que estava anteriormente. Dorlavax

aproveitou para dar uma olhada na parede

diferente que havia reparado no final do salão e viu

que se tratava da parede do corredor à esquerda

seguinte que havia levado um tiro de catapulta,

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destruindo boa parte da parede. O caminho estava

fácil de seguir, mas o gigante precisaria seraniquilado antes de seguir.

O tempo havia passado e a perna do barão

novamente estava regenerada, assim como a

armadura que lhe atacou também havia se

recomposto. Novamente Dorlavax se materializa e

com a vantagem de estar atrás do ser, o acerta em

sua perna esquerda, mas não a decepando como

gostaria. O gigante se vira para ele possibilitando

mais um ataque, mas ainda sem sucesso.

O gigante, porém, o acerta em cheio

decepando seu antebraço e perfurando parte de

seu tórax. O barão mais uma vez pula em direção de

sua arma e a pega a tempo. O gigante erra o golpe

e Dorlavax acerta mais um na perna que não causa

efeito algum.

Mais um poderoso golpe na direção do

barão foi dado e esquivado com maestria. O

impacto do movimento do gigante foi tanto, que o

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machado ficou encravado no chão, possibilitando

ao barão de desferir um golpe certeiro em cadauma das manoplas fazendo-as cair cada uma para

um lado. O gigante sem o controle do machado se

desfaz em peças já sem brilho.

O barão espera sua regeneração do braço e

pega as partes de sua roupa que ficaram nos

membros caídos, completando novamente sua

vestimenta, que se regenerou assim que manteve

contato com a outra parte. Dorlavax tentou tirar o

machado do chão para sentir o seu peso, mas não

tinha força suficiente para erguê-lo e o deixou onde

estava, pois afinal de contas, não era mágico.

Seguiu novamente sua busca pelo bruxo

indo pelo corredor destruído. Uma enorme rocha

quase não permitia a sua passagem, que veio de

uma provável catapulta em alguma era remota.

Dorlavax passa pelo corredor que só possuía uma

porta no seu fim.

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A porta estava trancada, mas não era

problema ao barão, que a apodreceu em segundoscom um simples toque e dizeres arcanos. O que ele

viu foi uma enorme bifurcação curva com infinitas

portas de um lado ao outro. Dorlavax pensou que

poderia levar uma pequena eternidade para

encontrar o caminho certo, pois o castelo era um

grande labirinto de portas.

Alguma estratégia deveria ser usada para

acelerar sua busca ou ele poderia perder vários

anos em sua busca. O conhecedor dos segredos

primordiais da vida e da morte, se concentra busca

sentir algo realmente vivo. Sua sensibilidade

poderia alcançar qualquer coisa que possuísse vida

ou que já a tenha possuído.

Ele seguiu de olhos fechados, como alguém

que sente um forte cheiro, ele seguia uma fraca

força vital. Seguiu o corredor para a esquerda até o

seu final e na penúltima porta da parede da

esquerda, adentrou-se.

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Na pequena sala deparou-se com uma

parede com runas antigas do conhecimento dobarão. Se tratavam de linguajar arcano primordial,

muito antigo. Interpretou mentalmente do que se

tratava e reconheceu como sendo um feitiço de

maldição àquele que ler.

O barão não tinha conhecimento de seus

efeitos mas sabia que era mortal para curiosos. Mas

porque sua intuição o levou até ali se não havia

nada mais do que morte, pensou. Ao tocar na

parede sentiu sua superfície gelada e um leve

formigamento. Disse baixo um par de palavras

arcanas e viu a parede se desvanecer aos poucos,

mostrando a verdadeira parede da sala com uma

escada para o terceiro andar.

Uma ilusão com um feitiço maldito impedia

a passagem de qualquer um que não desfizesse seu

encanto. A superfície “física e gélida” também fazia

parte do feitiço em enganar quem quer que fosse,

de que ali existia uma parede sólida.

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Chegando ao terceiro andar o barão mais

uma vez vê um corredor com infinitos corredores,tão complexo que dava tonturas. Desta vez não se

tratava de uma ilusão, mas de um emaranhado de

portas dimensionais que poderiam levar se volta a

qualquer lugar. Nem mesmo a morte poderia

encontrar Shollar neste emaranhado mágico.

Dorlavax não buscou identificar mais da

forma que fazia, pois atrás de várias portas

emanavam vida, magia e morte. Precisava buscar

outro meio de encontrar o mago, mas o simples

fato de abrir os olhos já causava náuseas. Então

manteve-se de olhos fechados e ouvidos atentos.

O silêncio era ensurdecedor e não dava

nenhuma dica de onde encontrar o dono do lugar.

Pensou, por vários minutos em como passar por

estes corredores, pois sabia que este era o último

andar, mas como alcançar o inalcançável?

Um par de horas já haviam se passado até que um

sussurro lhe vem ao pé do ouvido:

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 _Ele está a sua frente.

E por pensamentos, Dorlavax tenta contato com avoz feminina que vinha à sua mente.

 _Você é a adaga dourada, correto?

 _O homem que procura está sentado nesta sala

vazia de olhos fechados como você.

 _Como posso encontra-lo?

 _Não se pode encontrar o que se já possui.

Dorlavax abre os olhos e vê ainda os infinitos

corredores à sua frente. Desembainha a Espírito de

Dragão, olha ao longe do corredor que está de

frente e imagina como Shollar seria e induz a sua

espada a decapitá-lo, mesmo sem vê-lo. Sua arma

responde e sua lâmina cresce acertando a uma

parede invisível bem à sua frente.

Forçando a vista, Dorlavax quebra a ilusão

da sala e encontra um garoto careca de cerca de

treze anos, sentado de pernas cruzadas o

observando. A lâmina da espada, quase acertou o

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garoto na altura da barriga. Dorlavax a guarda e

começa um diálogo mais amistoso com o garoto: _Shollar, me chamo...

 _Dorlavax Vashmun, o barão das Tartáreas.

 _Você pode...

 _Ver o futuro, sim eu posso.

 _E então? Você vai me ajudar?

 _Você quer uma coisa que é minha barão, só ainda

não consigo ver o que têm a me oferecer.

 _Eu possuo controle daquilo que você teme.

Shollar deu uma gargalhada breve e disse:

 _Você possui grande poder barão, mas não se iluda

quando diz que tem o poder sobre a vida e a morte.

Talvez você entenda como o mecanismo funciona,

mas não é o criador e nem o controlador destas

forças.

 _Somos imortais, não somos.

 _Não nestas terras humanas barão, a morte só

ainda não teve permissão de seu próprio criador e

senhor para recolher sua alma. Assim como a minha

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também. Isso é o que nos difere dos deuses, nossa

“mortalidade”. _Mas os deuses também morrem.

 _Está errado meu amigo. Um deus nunca pode ser

destruído. Existem formas de lhe tirar

temporariamente a sua essência através da

ignorância do renascimento ou aprisiona-lo em

algum lugar forte o suficiente para mantê-lo

adormecido.

 _Entendo seu ponto de vista Shollar e o respeito,

mas não podemos provar ao outro o que é certo e

o que é errado nos mistérios divinos mais antigos

do que nossa própria existência.

Mas possuo os segredos da criação e dos

criadores e sei de tudo o que preciso para me

manter aqui como um deles.

 _Isso sim poderia me beneficiar muito.

 _Mas é uma informação muito cara para um

simples relógio mágico.

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 _Um simples relógio mágico do qual você não

possui poder de criar. _Não seria seguro e nem mesmo sensato lhe passar

o conhecimento que possuo Shollar. Com o

conhecimento arcano que possui e a imortalidade

em suas mãos, poderia novamente buscar sua

divindade.

 _Mas Atrodeon não permitiria, sabe disso. Se por

um breve momento eu sair da proteção do meu

castelo, ele virá atrás de mim.

 _E o que Atrodeon ganharia com sua alma Shollar?

 _Conhecimento para invadir as Tartáreas, que

assim como o seu lar, o meu castelo também é feito

sobre a mesma essência.

É por isso que ele não possui conhecimento

sobre este lugar e nem sobre a minha pessoa. Se ele

drenar a minha alma, saberá como desativar a

inibição mágica que nos protege, matará você,

descobrirá onde estão escondidos Amor e Ódio e se

apossará de suas essências com o seu poder de

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malícia, tornando-se um primordial perigoso para

toda a existência. _Então porque precisa dos meus conhecimentos?

 _Senhor Dorlavax, conhecimento é poder e este eu

coleciono. Todo o meu castelo é preenchido com o

conhecimento de inúmeros livros, pergaminhos e

pinturas, eternamente mantidos aqui comigo.

O seu conhecimento seria útil para mim

caso esta disputa divina venha a acabar. Eu não

seria tolo o suficiente para sair do meu castelo

nestes tempos difíceis e tenho todo o tempo do

mundo para esperar o momento certo.

Me considere um baú que guarda as

informações mais importantes da existência

humana e divina. Assim como você, eu também sou

um colecionador, só que a minha coleção é mais

difícil de se conseguir.

Neste momento o garoto se levanta e

rapidamente envelhece na frente de Dorlavax até

chegar a idade de setenta anos aproximadamente.

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 _Era esta aparência que imaginava encontrar,

barão? Lhe passo mais sabedoria agora? _Tudo bem Shollar, façamos a troca.

 _Excelente senhor Dorlavax.

 _Se sabe mesmo sobre o futuro, me diga algo que

eu ainda não sei e que vai acontecer comigo.

 _Claro.

Shollar olha nos olhos de Dorlavax e

pronuncia um futuro não muito longe: _Vejo você

correndo atrás da morte por longos anos em busca

daquilo que um dia foi seu. E terá que pagar sem

escolha, pelo relógio que lhe darei.

 _Consegue ver minha morte?

 _Não enxergo tão longe assim.

O barão estende a mão e recebe o relógio

místico de Shollar. Em troca, conta ao mago, todos

os segredos da vida e da morte e lhe ensina como

usufruir de cada um deles. Dorlavax sai do castelo

de madrugada da mesma forma com que entrara e

encontra seus ajudantes com acampamento feito e

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fogueira acesa. Durante a noite, ficaram onde

estavam e só saíram pela manhã, com o tempo maisameno e a claridade a seu favor.

Durante o retorno pelo vale gélido,

Dorlavax pensa no deus caído enquanto segurava o

relógio místico, que aos olhos de um desavisado,

não passava de um relógio de bolso requintado. Ele

olhava fixamente para o marcador que girava

velozmente para o sentido anti-horário, marcando

dias de viagem à frente até o seu encontro.

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EMERSÃO

Um chalé simples e abafado, com um cheiro

de carne cozida que poderia embrulhar o estômago

de um abutre, pairava por todo o lugar. Pássaros

mortos dependurados pelo pescoço e jazes a algum

tempo. Não haviam janelas, mas uma entrada com

um aglomerado de galhos entrelaçados em cipó

que servia de porta para impedir a passagem de

animais curiosos e de uma brisa mais gélida.

Um pequeno caldeirão era mexido por uma

senhora que ainda não havia sido identificada por

Inx que acabara de despertar, amarrado à cama

pelos braços e impossibilitado de se mexer. Um

garoto estranho estava sentado em um toco, ao

lado dele, com uma vara de ponta bem afiada.O garoto era maltrapilho e parecia não se

banhar a um bom tempo. Seu semblante era sério

e centrado, como o de um adulto.

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Seu cabelo era bem cheio, mas raspado ao

meio, deixando-o com uma aparência no mínimoestranha. Assim que Inx abre a boca para começar

uma conversar, o garoto cerra os olhos e tenta dizer

algo com uma boca tremula, mas que não sai som

algum. Como se estivesse esperando que ele falasse

primeiro.

 _Quem é você?

A fisionomia do garoto se transforma

quando Inx indaga ao garoto e solta um berro

chamando sua mãe. Ela rapidamente vem ao

encontro dele e repara que o homem estava

amarrado.

 _Meu filho, eu te disse que não era necessário

amarrar o homem, ele está bem.

 _Mas mãe, ele poderia virar um zumbi.

 _Só se estivesse morto meu filho, ele só estava

fraco. Perdoe meu filho senhor, ele é bem

desconfiado.

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A mulher era bonita, mas estava bem

moribunda e acabada pela vida difícil queprovavelmente vivia ali. Ela desatava os nós

enquanto pedia calma ao seu convidado.

 _Quem são vocês? E por que estou aqui?

 _Descanse um pouco meu senhor, vou lhe trazer

um pouco de ensopado para recuperar as forças.

E na ausência da mulher o filho que não passava dos

nove anos disse:

 _O gosto é ruim, mas vai te dar força para trabalhar.

Inx ainda não estava entendendo bem o que estava

acontecendo, mas manteve-se calmo para digerir

tudo naquele momento.

 _Tome tudo e lhe garanto que ficará melhor.

Foi tudo o que ela disse assim que lhe

entregou uma cumbuca de madeira. O cheiro

realmente causou enjoo em Inx, mas sua fome era

tanta que mandou tudo para dentro como um

animal esfomeado.

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Os dois anfitriões olhavam para sua forma

de comer e demonstravam uma grande satisfaçãoao vê-lo devorar toda a comida. Assim que

terminou a mulher tomou-lhe a cumbuca e disse

para que voltasse a descansar.

E assim ele fez, descansou o resto do dia e

um pouco do outro. Acordou com uma chuva forte

que entrava por várias falhas do teto. A mulher e o

filho olhavam pela janela meio que escondidos de

alguma coisa e sussurravam preocupados. Inx se

levanta e sente uma dor de cabeça insuportável e

dilatante, seu braço esquerdo e sua perna esquerda

estavam com torniquetes improvisados, mas

funcionais.

Ele sabia que precisava se recompor ou

aquele corpo frágil e carnal que usava poderia se

acostumar facilmente com a preguiça. Uma vez de

pé, nota pela primeira vez que usa uma roupa

surrada, mas limpa, apesar de curta, era melhor do

que andar nu como antes.

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 _O que estão fazendo?

 _Olá senhor, vejo que já está melhor. _Obrigado minha senhora. Estas roupas...

 _Eram do meu pai. – retrucou o garoto.

 _Elas estão ótimas, obrigado!

A mulher olha assustada pela janela rapidamente

quando um trovão estoura.

 _Vocês estão se escondendo de alguma coisa?

 _Dos mortos. – retrucou novamente o garoto.

Inx olha para fora e os vê também, perambulando

sem destino e a passos lentos e cabeça baixa.

 _De onde eles vieram?

 _Não sabemos senhor, parece que morreram

assassinados, seus rostos estão desfigurados mas

não parecem que estão muito podres.

 _Qual o nome de vocês?

 _Eu me chamo Mailú e este é meu filho Thagor. Ele

encontrou o senhor gritando por socorro de dentro

de uma vala não muito longe daqui. Ele o puxou

com uma corda amarrada na nossa mula.

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Ele o amarrou na cama com medo de que

virasse um morto. Inx olhou para o garoto comdoçura e lhe deu um sorriso:

 _Eu faria o mesmo, é assim que age o homem da

casa. Thagor se inflou de orgulho e deu um sorriso

com os lábios serrados.

 _Obrigado moço!

 _Senhor...

 _Por favor Mailú, me chame de Inx.

 _Inx. Nunca ouvi esse nome antes, é bonito.

Neste momento ele se toca que ficou mil

anos desaparecido e que provavelmente não

existam resquícios de nenhuma referência de sua

divindade na terra dos homens.

E mesmo que contasse sua história, não

poderia provar e muito menos dar uma falsa

esperança de tempos bons que poderiam estar

chegando com o seu despertar. Muito pelo

contrário, Atrodeon sabia com certeza onde ele

estava e poderia estar agora mesmo se deleitando

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em minha frágil condição. E se Atrodeon é o deus

único deste mundo, falar mal dele seria umsacrilégio.

 _De onde você vem Inx?  –  perguntou o jovem

querendo agradar.

Inx não poderia mesmo contar a eles, por

mais que quisesse, eles não entenderiam, não

haveria como provar e ficaria sendo considerado

um louco. E mesmo contra seus princípios, ele

mentiu:

 _Fui assaltado e jogado na vala para morrer. Se não

fosse pelo seu filho talvez eu estivesse como eles

ali. Assim que me recompor ajudarei vocês no que

precisarem.

 _Que bom que falou sobre isso, estamos mesmo

precisando de um homem forte como você aqui

para nos ajudar em tarefas de homens. Como pode

ver ainda sou só um garoto, mas serei forte assim

como você.

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 _Thagor, não deixe o senhor Inx preocupado em

nos ajudar. Ele é que precisa de cuidados nomomento. Agora vá lá fora e cuide dos mortos

antes que eles descubram que estamos aquil.

 _Debaixo dessa chuva?

 _Anda Thagor, eu estou muito cansada, vá de uma

vez.

Thagor pegou um saco e levou para fora e

chegou a uns dois metros de um dos zumbis. Do

saco ele tirou uma garrafa e correu para as costas

do morto que não conseguia acompanhar sua

destreza.

Enquanto corria em volta do errante jogava

nele um líquido preto e viscoso. Fez isso com os

outros 3 que estavam ali e voltou para a casa, pegou

uma tocha e ateou fogo em cada um dos zumbis

que estavam encharcados com o líquido viscoso

que havia jogado neles. Thagor entrou em casa e foi

se trocar pois estava muito ensopado.

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 _Ele é um bom garoto, mas está cansado desta vida.

Eu não estou muito bem faz um tempo e vejo queele sente isso também. Não queria me tornar um

peso para o meu filho, Thagor deveria ser

abençoado por Atrodeon, mas ele ainda não é bom

o suficiente para agradar ao nosso senhor deus.

 _E o que ele precisa fazer para Atrodeon reparar

nele?

 _O que todo garoto aos dezesseis anos precisa

fazer, matar sua mãe e se tornar um homem. Mas

se eu morrer antes, ele não poderá mostrar sua

bravura e lealdade ao deus supremo Atrodeon. Eu

preciso resistir mais alguns anos.

 _Você tem alguma doença séria?

 _Sim. Estou morrendo aos poucos.

 _Como pode saber?

 _Me sinto fraca a cada dia e quando tusso sai

sangue de minha boca. Meu pai morreu da mesma

forma, mas durou um bom tempo nesta condição

antes de morrer.

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Na cabeça dela, esse gesto de gentileza não

era comum entre homens e mulheres. _Inx, o senhor é um curandeiro ou algo do tipo?

 _Digamos que eu conheço alguns remédios

naturais bem eficazes.

 _O senhor é cheio de mistérios.

 _Todos nós temos os nossos segredos Mailú.

 _É verdade! O meu segredo é que eu sei que o

senhor mentiu para mim sobre sua chegada aqui.

 _E como sabe disso?

 _Meu filho o viu conversando com um morto

momentos antes de te resgatar.

 _Mailú, contarei a verdade para você, mas achei

que você me acharia louco.

 _E por que acharia isso?

 _Porquê não poderia provar.

 _Quem sabe ainda terá essa chance?

 _Pode ser.

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O garoto já o via como um possível

substituto de seu pai e Inx o tratava como um filho.Conversavam muito e se tornaram grandes amigos.

Em uma noite mais fria, quando os ossos de Inx o

incomodavam mais, Mailú deita-se com ele e o

abraça por trás. Ele sentiu sua pele na dele, quente

como uma brasa que não queimava, mas que lhe

trazia afago. Ele se vira para ela e a encara com

certa culpa nos olhos.

 _Não me olhe assim Inx, não sou sua filha, nem sua

irmã e nem sua mãe. Sou uma mulher querendo

agradecer a um bom homem, tudo o que ele já fez

por ela.

 _Mas você também salvou a minha.

 _Então prepare-se para pagar o que me deve.

Mailú e Inx se beijam e entrelaçam os seus

corpos quentes em uma dança lenta e contínua, no

silêncio da noite, gemiam baixinho no ouvido um do

outro se entregando um ao outro com um respeito

mútuo e carícias fortes.

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Inx já não era mais o mesmo depois de amar

Mailú e se sentiu feliz por ter acontecido isso. Sónão poderia se esquecer de quem realmente era e

nem se entregar a essa vida para sempre, pois sua

divindade deveria ser recuperada, mesmo sem

saber como.

Naquele momento, ele queria somente ficar

abraçado àquela mulher carinhosa e afável que o

acompanhava em seu leito. No dia seguinte Inx

acorda e se depara com Mailú e Thagor mortos

ainda na cama, sendo devorados por mortos que

invadiram a casa.

Inx se levanta com extrema dificuldade e

não consegue andar direito, como se seus pés

pesassem dezenas de quilos, mas mesmo assim

acha forças para golpear os ambulantes com seu

bastão e os aniquila facilmente, mas de nada

adianta já que estavam mortos.

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Inx não entende como sobreviveu e porque

não foi atacado também pelos mortos queentraram na casa.

 _Você não achou que ficaria neste pequeno pedaço

de paraíso para sempre, achou?

Disse um vulto que saía das sombras enquanto

falava.

 _Atrodeon! Seu desgraçado, não precisava disso.

Inx tenta ir em sua direção, mas desta vez seus pés

não se mexem por mais força que fizesse. Seu

desespero foi crescendo e lágrimas saíam de seus

olhos ao ver mãe e filho mortos com tamanha

covardia enquanto Atrodeon ria do ocorrido. Mailú

e Thagor se levantam como mortos e seguem para

a direção de Inx, que não tem como se defender

pelas costas.

O desespero da morte tomou conta de seu

ser e ele urra ao sentir a primeira mordida. Inx

acorda aos gritos se debatendo em sua cama e ao

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ver Mailú e Thagor percebe que se tratava de um

sonho somente. _Inx, tudo bem?

 _Sim Mailú, foi só um pesadelo.

 _Bota pesadelo nisso, parecia que o senhor

Atrodeon estava te rasgando no sonho. Você deve

ter irritado ele com alguma coisa para ele entrar no

seu sono e te mostrar o que quer que tenha sido.

 _Você tem razão Thagor, não foi um sonho

agradável. Agora eu não me lembro de nada que

possa ter feito à ele para ter um sonho desses.

 _Thagor, vá cortar um pouco de lenha e coloque no

fogo para mim por favor, Inx precisa descansar um

pouco. O garoto foi sem reclamar e Mailú pôde

conversar com Inx a sós:

 _O que houve Inx? Com o que sonhava? Você nos

deixou com medo. Se debatendo e dizendo nossos

nomes e o do senhor Atrodeon. Com o que você

sonhou?

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Inx suspira e olha para Mailú com um semblante

preocupado: _Eu queria de verdade lhe dizer que foi apenas um

sonho ruim e que tudo está bem agora, mas a

verdade é que não está nada bem.

 _O que quer dizer? Eu estou bem melhor, meu filho

está um doce, está aprendendo gentilezas com a

sua presença aqui, você está melhorando, eu não

entendo o que está havendo.

 _Tem tudo a ver com o meu segredo.

 _Então que tu dividas sua carga comigo.

Inx a observa em seus olhos e encontra uma

sinceridade profunda, uma simples mortal que

possuía aflorada a sua intuição e que

provavelmente, com um pequeno empurrão, ela

poderia ascencionar como alguma divindade, caso

o panteão ainda estivesse de pé. Sabia que poderia

confiar nela, mas qual seria o preço disso?

 _Você nunca ouviu meu nome antes Mailú?

 _Nunca.

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 _Meu nome era muito conhecido a um milênio

atrás. _Você não parece tão velho assim para mim.

Inx engole seco, serra os lábios pensando em como

dizer isso a ela e a olha nos olhos:

 _Eu sou muito mais velho do que isso.

Ela riu cerrando os olhos, procurando uma

brecha que poderia indica-la de que suas

afirmações são falsas.

 _Por Atrodeon homem, o que você está tentando

me dizer?

 _Mailú, você nasceu em uma era de trevas por

minha causa. A mil anos atrás, os deuses foram

mortos por uma nova divindade que surgiu de

repente. Essa divindade arquitetou contra todos os

dezoito deuses menores que lá habitavam. O

mundo era um lugar bem melhor para se viver.

Você poderia escolher o deus que lhe apadrinhasse

e era abençoada por ele.

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 _Mas você disse que eu vivo em uma era de trevas

por sua causa, como assim? _Eu fui um dos deuses de Êboro, o panteão que foi

atacado por Atrodeon. Ele matou dezessete deuses

e roubou para si sua divindade. Me deixou vivo pois

não queria minha alma dentro dele para lhe causar

remorso, pois fui o deus dos injustiçados.

Ele queria que eu conhecesse coisas piores

do que a morte e me retirou a essência divina e me

baniu ao mundo dos homens condenado a um sono

breve de mil anos. Caí aqui como uma estátua de

bronze e fiquei perdido nesta floresta por todo este

tempo.

Quando fui encontrado por Thagor, eu

estava muito fraco, havia acabado de ser

perseguido por dois mortos e acabei caindo na

gruta em que ele me achou. A figura que ele diz ter

visto comigo lá embaixo era Atrodeon, que

considera a morte uma libertação e esperava que

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eu vivesse por mais tempo aqui para que meu

sofrimento fosse maior. _Olha Inx, sua história é bem interessante e lhe

confesso que nunca ouvi uma coisa desse tipo de

ninguém, mas é um pouco difícil de acreditar nisso

não acha?

 _Realmente eu também não acreditaria se me fosse

contada dessa forma, mas é a verdade.

 _E o seu sonho foi sobre isso?

 _Não, o meu sonho foi um aviso de Atrodeon. Nele

você e seu filho foram mortos e devorados por

zumbis que entraram na casa à noite e quando vi

não havia mais salvação para vocês.

Atrodeon apareceu e me perguntou seu eu

realmente acreditava que viveria neste pequeno

pedaço do paraíso para sempre. O sonho acabou

com você e seu filho transformados em errantes e

me devorando enquanto gritava de dor pela perda

de suas vidas e de minha esperança.

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Mailú o abraça bem forte pois os olhos de

Inx lacrimejaram enquanto contava a história paraela. Não conseguia acreditar no que acabava de

ouvir, mas sabia que o que ele dizia tinha um fundo

de verdade.

 _Mailú, eu devo partir. Não posso arriscar a vida de

vocês com a minha presença.

 _Inx, se o senhor Atrodeon quisesse nos castigar, já

o teria feito. Talvez você tenha recebido uma nova

chance dele.

 _Atrodeon não é de dar chance a ninguém, ele é

sedento de vingança e sei que me observa e ri de

minha situação neste momento, me considerando

fraco.

Ela segura seu rosto com as duas mãos

delicadamente e o fita profundamente nos olhos:

 _Inx meu querido, não tema a morte, não tema o

futuro, tema somente o seu medo, pois é ele quem

te deixa fraco. Se o que disse é verdade, use a sua

sabedoria para pensar fora de sua mente. Pense

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como se não estivesse nesta situação e em qual

conselho daria a si mesmo. Eu não consegui criarum filho levando os meus medos e anseios em

primeiro lugar.

Eu o alimento com coragem e tento

prepara-lo para o que de pior a vida pode lhe dar,

mas também o nutro com esperança de coisas

melhores que podem aparecer em sua vida. Largue

o seu medo de lado, fique conosco, comece fazendo

a diferença aqui, neste pequeno pedaço do paraíso,

o tempo que for necessário.

Inx a observa e sente orgulho daquela

mulher sábia que o acompanhava. Talvez estivesse

realmente vivendo sob o medo de Atrodeon e

deixado que sua condição fosse o pivô de seu

desespero. Uma mortal acabava de lhe dizer isso e

ele realmente entendeu que a força divina que nela

havia deveria ser ouvida por ele.

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 _Mailú, obrigado! Você acabou de me despertar.

Sua força é maior do que imagina e com ela vocêencheu meu peito de esperança novamente.

 _Às vezes o que precisamos é só de um tempo para

digerir tudo.

Conforme os dias se passavam, Inx se

tornava mais alerta com sua nova família. Um mês

depois de seu resgate ele já não necessitava mais

da bengala e de deixar seu braço imóvel.

Seguiu os conselhos de sua companheira e

começou a usar seus conhecimentos divinos em sua

evolução como homem. Ele conectou-se

novamente com a natureza e podia entender o que

animais e plantas diziam, não em falas, mas em

intensões. Conseguiu um avanço em despertar sua

força espiritual e conseguia pensar mais rápido,

erguer mais peso e aumentar sua intuição a um

nível considerável. Viviam do sustento da terra e

estavam isolados a quilômetros da cidade mais

próxima. Tudo o que precisavam a natureza lhes

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dava. Inx havia melhorado a vida da Mailú e Thagor

consideravelmente. Mas uma agonia lhe assolava opeito, sabia que seu tempo ali estava acabando.

Sabia que algo estava para acontecer, porém não

pensava nisso, mas ele sempre sentia e a cada dia,

mais forte.

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ENCONTRO ÀS ESCURAS

Faz uma semana que Dorlvax deixou o

castelo de Shollar para começar sua busca pelo

deus mortal. O relógio o levou a lugares dos mais

diversos e a diversas cidades e vilas de todos os

tipos.

Todos os dias eram dez horas de viagem

com pequenas pausas para descanso ou

mapeamento, mas como se tratavam de lugares

mais inóspitos, o caminho se tornava mais livre para

seguir sem atrasos.

Segundo o relógio místico, faltavam cerca

de um dia e meio de viagem e nenhuma

intervenção de Atrodeon até o momento. Dorlavax

estava confiante de que em pouco tempoconseguiria encontrar o deus mortal e leva-lo até

Amor e Ódio.

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 _Será que Amor e Ódio não precisam dele para se

libertarem de onde estão?  – diz a adaga douradapara Dorlavax em seus pensamentos.

Ele a segura na mão e a observa atentamente,

curioso com sua malícia e sussurra para ela:

 _Isso é um fato.

 _Como sabe que não o matarão?

 _Não me importa o destino dele. Se for para saírem

daquela prisão, acho justo.

 _E como sabe que você não está na lista deles?

 _Porque eu sou eterno, talvez?

 _Não, você não é eterno! Eu posso mata-lo.

 _Você é uma exceção!

 _Atrodeon pode mata-lo também, assim como

Shollar, Amor e Ódio.

 _O que você está querendo dizer?

 _Como pode confiar em seres que estão presos e

pedem a sua ajuda?

 _Como posso confiar em uma faca que conversa

comigo?

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Dorlavax guarda a arma e sorri sutilmente

do truque que ela tentou implantar em sua mente.Sabia que a arma poderia ludibriar sua mente com

alguma coisa que levasse à morte de alguém. É da

“natureza” da arma, foi projetada para matar e

busca isso de seu dono. O único problema de uma

arma assim é escutá-la por muito tempo, suficiente

para envenenar a sua mente com mentiras e

conspirações abstratas e leva-lo à morte.

Amor e Ódio sabiam das artimanhas da

arma e temeram pela minha sanidade e pela

própria segurança deles. A minha maior

preocupação agora é chegar até o deus mortal e dar

de cara com Atrodeon. Estou desprotegido aqui na

terra dos homens, onde ele comanda, mas não

indefeso.

O barão seguiu viagem na esperança de que

passasse despercebido, mas aos exatos dezessete

minutos para se chegar ao paradeiro do deus

morta, um forte brilho ofuscou os cocheiros

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gritaram por Dorlavax. Os cavalos relinchavam alto

e mesmo antes de qualquer ação, o barão sente aterra tremer como nunca antes havia

experimentado.

Alguma coisa se chocou contra o chão, algo

grande o suficiente para abrir uma grande cratera

em seu caminho e fazer com que toda a charrete e

os cavalos fossem abaixo. O buraco que abrira foi

enorme e muito profundo. A queda durou tempo

suficiente para que o barão pensasse no grande

dano que poderia sofrer e se transformasse em

névoa antes de ser completamente esmagado pela

enorme rocha convexa que vinha de cima.

Seus dois cocheiros foram esmagados,

assim como seus belos cavalos. Na forma gasosa, o

barão desceu até o fundo do buraco pois não

conseguia mais ver o céu. Como se adormecesse

por um breve instante enquanto o enorme buraco

se fechasse. Estava só, na imensidão do breu, onde

via tudo, como um ser da noite que era.

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Seus olhos se adaptavam instantaneamente

à falta de luz, como um gato. Os cocheiros nãopoderiam ser ressuscitados pois estavam embaixo

da grande pedra e precisaria de tirá-los de lá antes.

Então chamou os cavalos à vida novamente, só que

eles não responderam e Dorlavax achou aquilo

muito estranho.

Uma risada gutural ecoava pela escuridão

enquanto o Dorlavax ficava imóvel, tentando

identificar de onde ela vinha, mas ela estava em

vários lugares ao mesmo tempo. Um arrepio o

subiu à nuca e assustado se virou para trás,

encontrando mais escuridão. Até que a risada

cessou-se e deu início a um diálogo tenebroso:

 _Então finalmente nos encontramos mortal?

 _Eu ainda não vi você.

 _E não precisa. Eu sou a escuridão que lhe abraça,

o ar gélido que lhe arrepia e o suor frio que cai de

sua testa. Eu sou Atrodeon, o deus supremo, o

único senhor da terra dos homens.

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 _O que quer de mim Atrodeon?

Ele aparece como que saindo por detrás deum pano preto, em frente ao barão. Simplesmente

se materializando para que o visse. Atrodeon estava

como um homem lagarto negro de olhos amarelos.

Possuía uma armadura negra com cravos

largos e curtos. Em sua cabeça, um par de grandes

chifres curvos para trás ornamentavam um

desenho de pura maldade para sua face. Seus

dentes eram como os de tubarão, serrilhados e com

cerca de três fileiras. Ele estava com cerca de três

metros de altura e olhava para o barão com

superioridade plena.

Dorlavax não queria que aquela situação

acontecesse, mas precisava encarar o grande

assassino de Êboro, cara a cara.

 _Vejo que perdeu os seus poderes, pois não

conseguiu reviver sequer um cavalo.

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 _Meus poderes ainda me pertencem Atrodeon,

somente a força vital que havia naqueles corpos éque foram drenadas por você.

 _Vejo que é um homem sábio Dorlavax. E como tal,

sabe que as suas chances para comigo são nulas.

 _Sim. Assim como as suas em conseguir minha

alma.

 _Isso eu duvido.

 _Eu tenho minhas defesas também.

 _Sério mortal? Acho então que vou me divertir mais

do que imaginei com você e depois de devorar a sua

pobre e podre alma, vou adquirir os conhecimentos

que você carrega que um dia foram dos primários.

Com isso serei o senhor das Tartárias e finalmente

terei conseguido o controle sobre tudo aquilo que

um dia fora dos antigos deuses.

 _Só que para realizar isso, você terá que conseguir

matar um imortal.

 _Você não é imortal perante meus poderes, você é

um mero Nadrux.

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 _Os Nadrux não são meros, somos obras primas

criadas pelos ancestrais, magos por natureza eadaptáveis ao ambiente em que vivem.

 _Belas palavras, mas inúteis. Sua sabedoria fará

parte da minha mesmo que eu tenha que sacrificar

parte dos meus poderes para isso.

Atrodeon levanta sua mão esquerda e raízes

em brasa saem rapidamente do chão e envolvem os

membros de Dorlavax, queimando sua pele, mas

isso não seria motivo para o barão sentir dor. Ele

quase não a sentia e nada que causasse dor poderia

intimidá-lo.

Em um simples fechar de olhos, as raízes se

apagam e viram pó, libertando Dorlavax, que

desembainha a espírito de dragão. Atrodeon se

diverte pois sabia que nenhuma arma, por mais

poderosa que fosse, nas mãos de um simples

mortal, seriam ineficazes em ferir um deus.

 _Você me subestima Atrodeon, mesmo sabendo

que possuo segredos que você não detém.

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 _E você ainda não entendeu que está lidando com

uma divindade aqui. _Então o que estamos esperando? Venha pegar a

minha alma.

Barão mostra sua habilidade no manejo de

sua espada enquanto encarava Atrodeon nos olhos.

Ele sorria, pois, sabia que o barão não tinha poder

para lhe subjugar. Por isso Atrodeon se aproxima

dele desarmado e com os braços abertos.

Dorlavax investe em ataques rápidos

girando a espada contra o seu inimigo, mas parecia

que ele estava lutando com uma ilusão, seus golpes

transpassavam Atrodeon que nada sentia.

Vendo a desolação do barão, Atrodeon

agarra sua espada com as duas mãos para cessar os

ataques que de nada valiam e lhe tira a arma em um

movimento rápido. E dentro deste ínfimo

momento, Dorlavax atinge Atrodeon em sua perna

direita com a adaga dourada fazendo com que o

grande e temido deus urrasse de dor e se

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posicionasse para uma briga real. Seu ódio era

tanto que Dorlavax não sabia se poderia contertamanho poder.

 _Maldito! Onde arrumou esta adaga que pode me

ferir?

 _Eu te disse para não me subestimar.

 _É, este é o meu mal, subestimar os fracos. Mas

sabe de uma coisa? Eu gosto quando reagem

comigo, assim tenho certeza de poderei dizimar sua

raça com a minha ira nas alturas.

Atrodeon em um rápido movimento usou a

habilidade da Espírito de Dragão para decapitar a

cabeça de Dorlavax, mas ele já esperava esse tipo

de ataque e se defendeu esquivando do golpe e

atingindo novamente na mesma perna o seu

inimigo. Atrodeon urra novamente de dor e se

afasta mancando.

O barão encara Atrodeon enquanto lambia

o sangue que havia em sua arma. Em um instante

de piscar de olhos, Atrodeon tampa a sua espada

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contra o peito de Dorlavax com uma força e

velocidade tamanha que o barão não teve a mínimachance e enquanto ele era projetado para trás com

a força do golpe, o deus se transformou em uma

fera enorme, meio homem e meio pantera.

Antes mesmo do barão cair ao chão, a fera

pisou em cima dele, afundando-o ao chão e

arrancando a espada de seu peito. Desta vez urrou

de ódio e usando suas garras negras do tamanho de

adagas, rasgou-lhe o tórax várias vezes, dilacerando

tudo que havia ali, devorou o coração de Dorlavax

em sua frente antes que padecesse por completo.

O rosto do barão demonstrava dor e a fera

se deleitava no seu banquete selvagem. Os braços

foram arrancados e jogados de lado, a cabeça foi

puxada e amassada com facilidade pela fera, vindo

com quase todas as vértebras e colocada dentro do

tórax dilacerado. E como se já não bastasse,

Atrodeon pisoteia o corpo inerte até que se

transformasse em uma papa de carne, ossos e

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sangue. Atrodeon volta a forma em que estava e

com as mãos e a boca sujas de sangue, pega aespada e pensa porquê Dorlavax não possuía uma

alma quando devorou seu coração.

Ainda sentindo sua perna, buscou pela

adaga, mas não a encontrou e muito menos a

pressentiu e acabou deixando de lado. Quando ele

virou as costas, o corpo dilacerado pega fogo

enquanto o maligno deus some pelas sombras.

E naquele buraco sem luz e em silêncio de

um túmulo, algo rasteja vagarosamente por

debaixo da terra, próximo ao braço esquerdo do

corpo de Dorlavax. A adaga mística vagarosamente,

aparece por entre a terra e se posiciona na palma

da mão do barão, que se fecha lentamente ao sentir

sua presença.

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DAS SOMBRAS À LUZ

Uma chuva torrencial cai e trovões saltam

pelos céus a todo o tempo. Ventos fortes uivam por

toda a parte forçando a todos a ficarem em casa.

Inx, Mailú e Thagor não fizeram diferente, ficaram

dentro de casa, protegidos esperando que a

tormenta cessasse, sentados em volta do fogão à

lenha que os mantinham aquecidos.

 _Atrodeon deve estar com raiva de alguma coisa,

não é mãe?

 _Sim Thagor, algo aconteceu que o deixou com

muita ira.

Inx não se opunha aos comentários dos dois,

porque sabia que já estava impregnada a cultura de

Atrodeon nas pessoas a mais de mil anos. Mailúsabia que ele não aceitava e também se mantinha

como ele, respeitando sua “crença”. Mas desta vez

ela se surpreendeu com a resposta de seu

convidado.

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 _Vocês tem razão. Atrodeon está realmente com

raiva de alguma coisa. Algo está acontecendo, algogrande!

 _Como assim senhor Inx?

 _Não sei te dizer Thagor, mas que ele está bem

chateado, isso ele está.

 _Como pode ter tanta certeza?

 _Minha intuição me diz isso Mailú. Me diz que algo

realmente grande está para acontecer.

 _Espero então que não tenha nada a ver conosco,

pois não fizemos nada de errado.

 _Muito pelo contrário minha querida, deve ter tudo

a ver conosco.

Mailú não acreditava ainda na divindade de

Inx e nem contou ao Thagor sobre o fato para não

deixa-lo com falsas esperanças, pois ele poderia se

decepcionar muito com Inx caso esta história fosse

mentira ou um devaneio de seu convidado.

 _Como assim senhor Inx?

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Mailú o olha com desaprovação de sua

suposta resposta. Ele entendeu o olhar preocupadoda mulher.

 _Fique tranquilo Thagor, quando eu falo de nós,

quero dizer de todos nós humanos.

Disse ele acariciando a cabeça do garoto e

pedindo que tomasse conta das janelas para ver se

nenhum morto estava se aproximando da casa. Já

que chovia muito forte os passos e gemidos

poderiam ser abafados com facilidade.

Aproveitando a ausência do garoto os dois

conversam em sussurros.

 _O que a sua intuição está lhe dizendo homem?

Sobre o que você tem tanta certeza?

 _Não é certeza, mas pela tempestade, pelos ventos

e raios, é um típico sinal de liberação de energias

negativas. Quando ficávamos com os ânimos

exaltados em Êboro, os elementais respondiam a

essa alteração energética de nossa essência e

reagiam negativamente aqui na terra dos homens.

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 _Então você acredita que o senhor Atrodeon está

com raiva de alguma coisa? Mas o quê na face destaterra faria o senhor Atrodeon ficar com raiva, sendo

ele o único senhor de todas as coisas?

 _Olha Mailú, existem muitas coisas que poderiam

deixa-lo com este temperamento, mas nenhuma

delas seriam destas terras, isso eu lhe garanto.

 _Mas então o que afinal de contas poderia ter

acontecido?

 _Eu ainda realmente não sei, mas minha intuição

me diz que não vamos demorar...

 _Senhor Inx, tô vendo um chegando aqui!

Inx olha para Mailú e diz que vai verificar.

Chegando perto de Thagor olha com ele o

moribundo ser que se aproxima da casa com passos

cambaleantes e aparência podre.

Inx pega uma velha gadanha que ainda

cortava bem e foi ao encontro da criatura antes que

chamasse a atenção de outros ou invadisse a casa

mais tarde.

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A criatura estava toda negra de podridão e

andava com dificuldade no barro. Inx olhou para acriatura que o observava e deferiu um golpe

certeiro, decapitando-o instantaneamente.

O corpo cai inerte e enquanto Inx retornava

para dentro de casa, reparou que Thagor estava

assustado olhando para ele dizendo algo do qual

não entendia, foi então que olhou para trás e viu o

morto que acabara de decapitar, ajeitando

novamente a cabeça ao pescoço. Inx não sabia com

o que estava lidando e se preparou para uma briga

verdadeira.

 _Quem é você verme? O que quer aqui?

O morto não lhe diz nada e segue na direção

da casa, Inx o enfrenta com mais um golpe mas é

impedido pela velocidade do morto que vomita

algo esverdeado no rosto e o empurra ao chão.

Thaigor corre para a porta e ajuda a sua mãe

a conter o morto de entrar. Inx tira o muco pegajoso

que lhe tampava a visão com muita dificuldade e se

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desespera ao ver com certa dificuldade que o morto

entrou na casa sem dificuldade jogando mãe e filhoao chão.

Inx corre para salvá-los e acaba caindo,

escorregando pelo barro e se levantando com

dificuldade, pensa que a cada segundo de atraso

poderia causar um dano irreparável para Mailú e

Thagor.

E quando finalmente adentra na casa viu

que ainda nada havia acontecido e corre na direção

do ser. A criatura estende o braço e um vento forte

fecha a porta, assustando a todos. Inx para sua

investida e olha para a criatura medonha e tenta

mais uma vez um contato:

 _Você não é o Atrodeon. Não faz o estilo dele,

quem é você afinal. Se usa magia é porquê possui

sabedoria para controla-la.

O ser começa a limpar o próprio braço e dele

cai o mesmo muco esverdeado, só que com mais

facilidade. Para a surpresa de todos, aquilo não era

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carne podre, pois havia um braço perfeito abaixo e

provavelmente alguém inteiro estava ali. _Você é a razão da tempestade estar caindo tão

forte. – disse Inx usando sua intuição. – 

Mailú arriscou e tampou um pano sujo próximo ao

misterioso ser que aceitou a oferta e limpou o rosto

e disse:

 _Olá divindade, eu sou Dorlavax Vashmun e estou

aqui para ajudá-lo a voltar ao seu lugar de direito.

 _Você é o barão das Tartáreas? Como? Quem

disse...?

 _Ouça, me mantive oculto de Atrodeon por este

fungo tartareano que mantive em meu corpo para

encontra-lo. Você precisa vir comigo antes que

Atrodeon descubra que estou aqui.

 _Espere um pouco. Por que não falou isso lá fora

antes de lhe arrancar a cabeça?

 _Lá fora estava em contato com três elementos

controlados pelo deus supremo, o vento, a água e a

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terra. Se minha voz propagasse lá fora, ele saberia

que estava aqui. Precisamos montar uma fogueira. _Temos um fogão à lenha já bastante quente por

aqui senhor barão. – disse Mailú tentando ajudar – 

 _Infelizmente este não vai ajudar, precisamos de

uma fogueira alta para que eu possa criar um portal

para nossa viagem.

 _Nossa viagem? Eu não irei a lugar algum, não

ainda.

 _O senhor não têm escolha, se quer realmente

salvar o mundo dos homens das garras dele, precisa

recuperar sua divindade.

 _Mas como vou conseguir novamente, Atrodeon se

apossou dela. É impossível reavê-la.

 _Impossível não seria uma palavra adequada para

coisas que podem acontecer.

 _E como pensa em fazê-lo?

 _Vamos nos centrar em montar a fogueira, estas

informações poderão ser passadas mais tarde em

um lugar mais seguro.

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 _Não temos tanta lenha assim, não aqui dentro.

 _E lá fora? _Temos o suficiente para montar um outro quarto

nesta casa para você.

 _Faça isso, traga a lenha que puder para dentro,

vamos seca-la com magia.

Inx começou com a ajuda de Mailú e Thagor

a colocar a lenha para dentro enquanto o barão a

preparava para o feitiço. Terminado a colocação da

lenha no interior da casa, Inx e Mailú conversam

enquanto Thagor olha curioso o barão manipular o

calor para secar a lenha.

 _Me perdoe Inx, eu não acreditei quando me disse

a verdade.

 _Não tem problema Mailú, eu te disse que nem

mesmo eu acreditaria em uma história dessas, não

a culpo.

 _E o que vai acontecer com você agora?

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 _Eu preciso reaver minha divindade plena para

enfrentar Atrodeon e tornar o mundo dos homensmais digno de se viver.

 _Você não vai se esquecer de nós, não é mesmo?

 _Eu não conseguiria Mailú. Você foi uma grande

inspiração para o meu espírito e caso eu não volte

mais...

 _Não diga isso Inx, você vai triunfar pois estará bem

amparado. Este homem parece ter muito poder.

 _Sim, ele é muito mais velho do que eu. Gostaria de

ter tempo para poder lhe contar a origem de todas

as coisas, mas acredito que o nosso tempo aqui está

acabando.

Mailú o abraça e se despede dele lhe dando

um doce beijo nos lábios. De repente toda a cabana

se torna esverdeada e uma enorme labareda se faz

sem emanar nenhum tipo de calor.

Thagor fica encantado com a coloração da

chama e é contido sutilmente por Mailú que o

abraça por trás. Inx agradece a Mailú e Thagor por

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toda ajuda e diz que nunca se esquecerá dos dois e

caso se tornasse uma divindade novamente, quedeixaria um lugar especial em Êboro para eles.

Mailú agradece sorrindo e deixa uma

lágrima cair pela despedida. Thagor abraça Inx com

muita força, como se estivesse se despedindo de

um pai. O barão esperou pacientemente o

momento passar e disse a Mailú:

 _Depois que passarmos, o fogo desaparecerá e é

muito importante que desfaçam essa pilha de

lenha.

Mailú e Thagor concordaram com a cabeça.

E em um único passo para dentro do portal, Inx e

Dorlavax chegam à prisão de Amor e Ódio. Ambos

 já esperavam a chegada do barão assim que o

portal foi aberto.

 _Você conseguiu mesmo Dorlavax.

 _Essa era a fé que tinha em mim Ódio?

 _Não ligue para ela. Eu sou Amor e você meu jovem

divino, quem és? – aproxima-se de Inx e apoia seu

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braço no ombro do convidado, o conduzindo para

longe do portal ainda aberto. _Eu costumava ser Inx, deus dos injustiçados.

 _Acho então que deve ter experimentado o

sofrimento daqueles que sempre rezavam para

você. – diz Ódio – 

 _É verdade. Saber o que passavam não é o mesmo

do que passar o que passavam.

Neste momento o portal se desfaz e finalmente

Dorlavax deixa ficar apreensivo quanto a uma

possível travessia de Atrodeon por ele.

 _Sábias palavras Inx. Agora que estamos com todas

as tarefas em dia, deixo nosso convidado com

vocês. Acho que têm muita coisa para conversarem.

Dorlavax dá as costas a todos e abre um portal para

leva-lo às Tartáreas.

 _Dorlavax!!! – gritou Ódio – 

O barão a esperou que se aproximasse.

 _Você sabe o que deve ser feito agora, não sabe?

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 _Eu preciso só de um bom banho, uma boa comida

e muitas mulheres. _Eu falo sério.

 _Não, definitivamente eu não sei o que vai

acontecer. Vocês talvez recuperem a divindade

daquele pobre homem e o mandem a uma luta de

vida ou morte contra Atrodeon.

 _Sim, mas você deve ajudá-lo.

 _Tudo bem! Eu só quero saber o que eu vou ganhar

em troca por ajudar Inx a matar Atrodeon. Eu já

encarei ele de frente e acredite, não foi agradável.

E sem falar que perdi uma arma poderosa.

 _Se você matar Atrodeon, terá todas as armas

divinas que existem em Êboro. Mas enquanto isso

não acontece, posso lhe dar uma dica.

 _Uma dica? Seria de algo que está bem longe e de

difícil acesso?

 _Acredite, vai valer a pena, pelo menos a você!

 _Fiquei curioso, do que estamos falando?

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 _Estamos falando de um item muito antigo, com

poderes inimagináveis, feito com magia primordial. _Estou gostando desta conversa Ódio,

principalmente pelo seu olhar de vingança. E então,

que arma é essa?

 _Não é uma arma, é um adereço. Ele era conhecido

como os Braceletes das Almas. Na época em que os

deuses ainda não haviam sequer encarnado como

humanos, quando ainda éramos puros em essência

e a maioria era influenciada por mim e por Amor,

muitas armas e objetos foram criados nas guerras.

Os braceletes é uma prova de que a força

dos deuses era quase que ilimitada. Alguém com

muito conhecimento naquela época criou estes

utensílios com o intuito de dominar rapidamente

uma guerra sozinho.

E isto também não vem ao caso, o item em

questão, dá para aquele que os usa, quase que

imediatamente, um tamanho colossal. Se tornaria

gigantesco e tudo o que estivesse no corpo ou nas

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mãos também cresceria na mesma proporção. Você

poderia ser tão grande que um dragão para vocêseria do tamanho de uma pomba.

 _Isso seria mais ou menos o tamanho de um deus

ancestral.

 _Sim, se assim o deus desejasse. Mas para criar um

item tão poderoso, o seu criador dizimou com

certeza alguma pequena cidade desprotegida, que

provavelmente possuía somente velhos, crianças e

mulheres.

Milhares de almas foram forjadas

magicamente no par de braceletes. Assim que seu

criador os colocou, ficou maior do que imaginava,

talvez por ter colocado tantas almas.

Ficou tão grande que as pessoas assustadas

de seu reino lhe pareciam formigas. Então ele disse

que os deuses deveriam se curvar ao seu poder pois

ele seria o novo governante de Êboro. E num ato de

tirania, destrói a maioria do seu reino enquanto sua

risada ecoava a quilômetros de distância.

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O poder lhe corria nas veias. O dono dos

braceletes caminhou de cidade em cidade,destruindo tudo o que permanecesse em seu

caminho por bel prazer. Porém, ao fim do dia ele se

cansou e começou a diminuir de tamanho.

Os braceletes se soltaram e ele envelheceu

em segundos, ficando a uma idade muito avançada.

Eis que surge então os deuses primordiais e o

matam facilmente por causar tanta destruição.

 _Vocês o envelheceram para matá-lo? Mas vocês

não são eternos?

 _Não o envelhecemos, mas parece que as almas

dos braceletes, de alguma forma, sugaram para si

até mesmo sua imortalidade, talvez pelo tempo em

que foi usado. Nós nunca descobrimos o verdadeiro

funcionamento mágico daquilo, mas também não

era interessante, já que poderia nos matar. O fato é

que deixaram comigo para que eu os guardasse em

segurança e assim o fiz. Guardei em um lugar bem

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inusitado. Um lugar onde ninguém pensaria em ir

para procura-lo. _Que seria...?

 _Na própria cidade onde as almas foram dizimadas

pelo criador dos braceletes.

 _Mas você disse que não sabiam...

 _Na época em que o pegamos não, depois

descobrimos de onde eram as almas. Eram todas de

Malavock, uma grande cidade perto do litoral.

 _Como alguém conseguiu dizimar uma cidade

inteira?

 _Haviam deuses poderosos naquela época

enquanto outros eram mais pacíficos. Talvez nunca

saibamos o que realmente aconteceu com eles,

mas isso já não importa mais. Você deve encontrar

a cidade e entrar nela.

 _Entendido, mas qual é o problema da cidade.

 _Ela só aparece nas noites de lua cheia.

 _Interessante. E mais o que preciso saber?

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 _Que os cadáveres de todos os antigos moradores

estão à procura de sangue para vingar a mortehorrenda que tiveram.

 _Que bom, isso vai ser mais fácil do que imaginei. E

onde na cidade encontrarei meu prêmio?

 _Na catedral.

 _Ele está lá no altar?

 _Digamos que sim.

 _Como assim Ódio?

 _Eles estão nos braços de um golem de carne que

criei para protegê-los.

 _Um golem de carne? Imagino a beleza dele.

 _Ele foi feito de carne para aterrorizar quem o

encarasse.

 _Tudo bem então. Vou partir, daqui a dois dias já é

lua cheia.

 _Boa sorte barão e não fique tentado em usá-los

ainda. Deixe para o momento certo.

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 _Pode deixar! Não quero estragar a surpresa! Barão

se despediu de Ódio com um balançar de cabeçabem sutil enquanto um portal abria em suas costas

e se foi.

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JURAMENTO À LUA

Em Nardor, o barão se prepara para a

viagem até Malavock. Ele sabia que se sentiria em

casa em um lugar escuro e cheio de cadáveres. Os

mortos e a morte nunca foram empecilho para ele.

Malavock era só uma cidade para aterrorizar

aqueles que temem o fim de sua permanência na

terra dos homens.

Em seu salão de artefatos mágicos,

contempla todos os itens que ali estão, mas um lhe

chama mais atenção, uma caixinha de madeira, que

aparentemente está bem velha, mas em perfeito

estado. Nela existem inscrições de uma língua

incomum e antiga e Dorlavax a tateia com cuidado

suas inscrições.Ele observa pensativo para aquela pequena

caixa, que cabe em sua mão, mas não a abre. Nem

mesmo possuía nenhum tipo de tranca ou cadeado.

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Era somente uma caixinha simples, com inscrições,

mas que era admirada pelo poderoso barão.A caixa não estava em nenhum lugar de

destaque e muito menos chamaria a atenção de

qualquer um que adentrasse naquele recinto,

muito pelo contrário, era ofuscada pelo brilho dos

artefatos e armas mágicas que haviam ali.

Ele a coloca em um canto ao chão com certo

cuidado e volta-se aos itens mágicos. Pensando que

havia ainda tanto espaço para ser ocupado com

novos itens. A adaga dourada mais uma vez lhe diz

que os três deuses conspiram contra ele, mas

Dorlavax só ri daquela mágica que nunca poderia

lhe atingir, pois sabia com o que estava mexendo e

tinha sabedoria suficiente para reconhecer um

truque tão antigo.

Nos dois dias que ainda possuía, Dorlavax se

sentiu um pouco esmorecido e pensativo.

Observando seu reino gelado e o dia-a-dia de seu

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povo. Seus afazeres diários, seus desejos, seus

medos e seus pequenos problemas.Dorlavax observava tudo isso de sua maior

torre, onde ventava mais. Uma torre onde possuía

somente gelo nas paredes e neve ao chão. Ele

pensou que a única coisa que o mantinha em

movimento em sua existência, era ainda os itens

mágicos que buscava adquirir e não via um

propósito depois de adquiri todos.

Isso o preocupava e sempre o levava a ficar

ali, naquela torre, isolado de tudo e de todos.

Naquele lugar ele tentava mais uma vez sentir a

neve no rosto, o vento nos seus cabelos e a voz do

seu coração. Mas nada disso acontecia, ele não

mais sentia o toque, a esperança, o amor ou o ódio,

talvez pelo fato de estarem aprisionados, mas

mesmo perto deles, ainda se sentia morto.

E ali Dorlavax passou um dia inteiro antes de

seguir em busca de Malavock, inerte diante da vida,

como a própria morte esperando o tempo passar. E

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no anoitecer do segundo dia ele se joga da torre e

mais uma vez busca sentir o vento, o frio e o medoda morte que nunca vem e momentos antes de se

chocar ao chão, ele se torna névoa e pega carona

em uma corrente de vento que o leva a grandes

alturas a uma velocidade incrível.

O barão sabia que não poderia sentir aquele

vento pois ele mesmo era o próprio vento naquele

instante, ele não poderia sentir frio pois não fazia

parte do mundo dos homens e não poderia ter

medo da morte, pois ele era a própria morte.

Ele era quem decidia quem morreria ou

viveria, ele era um deus preso ao corpo de um

homem imortal, como em uma maldição sem

chance de se redimir, pois não havia sequer um

pecado para ser perdoado. Em sua ânsia de adquirir

coisas que nenhum ser poderia ser, ele se sentia

vivo por um breve momento.

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E quando a sensação se esvaia, novamente

ele buscava algo mais. Será que ele precisava demais ou era simplesmente hora de deixar tudo.

Ele viu como Shollar vivia, preso a sua

realidade eternamente, ele via como Ódio e Amor

estavam, presos eternamente, poderosos como

são, mesmo assim, não conseguiam sair daquele

lugar. Quantas vezes um homem deve morrer para

se tornar um imortal e quantas vezes ele precisa

renascer para morrer de fato?

No céu estrelado, diante da lua, Dorlavax

por um breve momento, ao olha-la tão de perto,

sente algo, uma coisa que não sentia a muitos anos,

ele sentiu novamente alegria de ser o que era e de

estar onde estava. Pensou que talvez sua existência

tenha um propósito maior do que juntar itens

mágicos e protege-los em sua fortaleza gelada para

sempre.

Pensou que talvez poderia ser um deus,

morador do céu e não mais agarrado ao chão como

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antes. E talvez ele poderia se tornar se ele quisesse,

mas qual o preço pagaria?Seria um preço caro demais, pois vivendo

assim, como barão das Tartáreas, ele ainda era livre

para ir aonde nem mesmo os deuses poderiam ir,

poderia viver talvez mais do que eles e

compreender as coisas que eles ainda não

compreendem.

Ele pensou que talvez o preço fosse alto

demais por tudo aquilo que ele conquistara. Ele era

o Barão das Tartáreas e ninguém a não ser ele

mesmo, poderia mudar isso. Não, isso nunca deve

mudar, pensou ele, nunca deve deixar as Tartáreas,

ele era único, eterno e poderoso como um deus,

vivendo como um homem.

A sua existência só poderia ser ameaçada

por sua falta de propósito e pela apatia, que

poderia digeri-lo, caso se entregasse. Ele decidiu ali,

diante da lua, que o iluminava, que seria tão

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grandioso e respeitado como ela. Tempo para se

tornar isso era o que não lhe faltava.E satisfeito com sua escolha em seguir

adiante, seguiu como o vento para o seu destino tão

rápido quanto podia, ultrapassando os limites do

vento ao seu favor e já descendo cada vez mais

rápido, sente o vento gelado em seu rosto, pois se

tornara mais rápido do que o próprio que lhe

conduzia.

Dorlavax sentia seu despertar e sentia que

era mais forte do que imaginava, mas nunca havia

testado os seus limites, nunca havia precisado,

nunca o haviam desafiado pois não existia alguém

com as qualidades que ele possuía. Ele queria sentir

o calor da batalha novamente em suas mãos como

nunca havia experimentado.

Assim que aproxima do chão a uma

velocidade descomunal, ele pisa-o com toda a sua

força, causado um impacto tão grande, que causou

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um tremor de terra e um aprofundamento do chão

considerável.O silêncio daquela noite, naquele campo

vazio, havia sido quebrado e vários pássaros saíram

sem rumo na escuridão. A poeira que foi levantada

se mesclou com as estruturas invisíveis da cidade de

Malavock que se encontrava em sua frente,

aparecendo aos poucos para os olhos atentos do

barão.

A cidade com estruturas abandonadas e

decadentes era um convite irrecusável para

Dorlavax, que não hesitou em seguir em sua

direção, adentrando na maldita cidade ressuscitada

por Ódio. Suas ruas apertadas, suas construções

condenadas e seus cidadãos moribundos sob a luz

da lua, era um belo poema ao barão.

Tudo estava perfeito naquela noite, o clima,

a paisagem e a busca pelos Braceletes das Almas.

Dorlavax se sentia feliz e mostrava até um pequeno

sorriso no rosto que a muitos anos não dava. E ele

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observava calmo uma grande turba de cadáveres

putrefatos correndo em sua direção, com ódio nosolhos, armas nas mãos e nenhum mestre lhes

conduzindo. Continuou seguindo e quando se

deparou mais de perto deles, todos se amansaram,

como cães que reconhecem o dono pelo cheiro.

O lorde imortal caminha por eles como um

rei caminha entre seus súditos, mas sem medo de

levar uma apunhalada pelas costas, pois soldados

mais fiéis que estes, ainda não existiam. Até mesmo

os animais eram condenados a vagarem

eternamente com os seus antigos e eternos donos.

A catedral ficava bem ao meio da grande

cidade fantasma e por isso, o barão se apossou de

um cavalo zumbi, montando firmemente em sua

cela, cavalgou veloz para o centro da cidade.

Conforme ia passando, os moradores de

Malavock saíam de seu caminho e indicavam o

melhor caminho com as mãos. Eles sabiam dos

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desejos de seu novo mestre pois agora eram um só

com ele.A catedral era bem alta e muito grande, tão

grande quanto um castelo e de cavalo ele a invadiu.

Esperando que o golem o visse e se mostrasse para

ele. Um golem só poderia ser controlado por aquele

que o chamou e destruído com muita luta.

Um golem de carne não possuía escrito em

sua testa o feitiço que poderia ser apagado, mas era

fácil derrota-lo de várias maneiras, mas o barão

pensou em algo mais podre. Ele poderia queimá-lo,

congelá-lo ou fatia-lo, mas preferiu não sujar suas

mãos, pelo menos diretamente.

O golem tinha um formato de um urso

gigantesco, só que em carne viva, ensopado de

sangue e com muitos ossos saindo por todos os

lados.

Suas garras, dentes e olhos eram

desproporcionais e deixavam-lhe com uma

aparência ainda mais horrenda. E então para um

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final mais épico do golem, o barão ordena aos

mortos, usando somente sua vontade, que elesliteralmente, devorassem toda a carne do golem.

A carnificina banhou o chão da catedral com

sangue na batalha que se seguia, muitos cadáveres

não se levantavam mais depois dos golpes do

enorme monstro, que era por sinal era muito forte

para eles, mas a quantidade de zumbis era

gigantesca e nem mesmo um golem tão poderoso,

poderia dar conta de tantas bocas que acabaram

devorando-lhe por completo.

Faltava agora, ir ao encontro dos braceletes

que estavam expostos no altar. Eles eram simples e

não possuíam adornos e nem mesmo escrituras em

sua superfície, que por sinal era lisa.

De certa forma eram até que simples na

aparência, mas emanavam uma força muito

poderosa de seu interior. E essa força atraía

Dorlavax como a uma mariposa noturna à luz de

uma lamparina.

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SAINDO DO CASULO

Na prisão de Amor e Ódio, Inx se sente um

pouco deslocado, mas se identifica com o lugar que

criaram, pois era quase uma cópia de Êboro.

 _Vocês são mesmo Amor e Ódio?

 _Sim – responde Amor – estamos a milênios presos

aqui, rebaixados de nossa força primordial.

 _Como souberam da minha história, o que querem

comigo?

 __Você ainda tem a sua luta para terminar Inx.

Atrodeon se tornou mais forte do que nós e pode

ficar ainda mais forte se aproderar-se dos

conhecimentos Tartareanos que o barão carrega e

a nossa essência. – diz Amor – 

 _O único problema é que vocês dois serãoaprisionados e eu devorada. – diz Ódio – 

 _Então como poderei ajuda-los a acabar com

Atrodeon?

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 _Veja bem Inx, isso não será fácil, ele se tornou um

deus poderoso e só temos você e o barão para lutarpor nós. Estamos presos aqui nesta dimensão

tartareana e não existe ainda uma saída segura para

nós.

Se sairmos aqui nas Tartáreas sem que

Atrodeon saiba, seremos destruídos, e se sairmos

fora das Tartáreas e Atrodeon descobrir, estaremos

condenados, pois ele me consumirá e aprisionará

Amor eternamente.

 _Assim como fez comigo.

 _Sim, é por isso que precisamos que você ajude o

barão a eliminar Atrodeon. – diz Amor – 

 _Somente um deus tão forte quanto ele, pode

enfrenta-lo e feri-lo. Não sei se ainda teria essa

força, ele possui a essência de todo o antigo

panteão. Ele é praticamente um semi-primordial.

 _Nós sabemos  –  diz Amor  –  é por isso que

queremos ajudá-lo a se tornar novamente um

ancestral.

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 _Nós não somos mais primordiais livres, estamos

presos aqui como ancestrais e podemos torna-loancestral assim como nós, mas talvez com a minha

essência plena na sua, você possa ter uma chance

maior.

 _O QUE ESTÁ FALANDO AMOR? – gritou Ódio – 

 _Eu e Inx temos o mesmo tipo de essência, do amor

e da justiça. Se ele me consumir, teremos uma

chance maior de vencer essa disputa.

 _NUNCA!!! Você não vai se sacrificar por nada.

 _Eu vou me sacrificar por você Ódio. Vou me

sacrificar pelos nossos irmãos que sofrem sem

saber quem são sob o terror de um doente que

adquiriu poder. Podemos mudar a história com as

nossas ações e você poderá novamente se sentir

uma primordial e ajudar a humanidade a evoluir

como evoluímos.

 _Minha querida  –  Amor se aproxima de Ódio e

segura suas mãos  – eu serei um com Inx, ele terá

meu conhecimento, minhas lembranças e minha

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força. Eu e ele seremos um só, você não irá me

perder definitivamente. Estaremos juntos assimque tudo isso estiver terminado, seremos

novamente os moradores de direito de Êboro e

poderemos enfim ter a chance de nos redimir

daquilo que éramos.

 _Não é justo Amor, você é tudo o que tenho.

Ódio chora muito e não aceita as palavras de

Amor. Inx se sente acoado em tamanha decisão e

não diz nada, mas concorda consigo de que talvez

Amor tivesse mesmo razão, de que o seu sacrifício

poderia salvar muitos da tirania do louco.

Amor e Ódio se abraçam forte e choram

 juntos. Ódio sabia que Amor nunca seria o mesmo

e uma vez feita essa mescla, jamais poderia ser

desfeita, assim como a junção de duas quantidades

de água limpa não podem ser mais separadas, Inx e

Amor nunca mais seriam os mesmos. Se tornariam

um novo deus, um com aspectos bem distintos do

que um dia tiveram.

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 _Atrodeon nunca se atreveria a nos consumir ou a

nossa essência, poderia diluir seu ódio com omundo. Mas se você se mesclasse na essência de

Inx junto comigo, não seríamos somente a essência

pura da benevolência e poderíamos tornar

Atrodeon mais forte, já que ele poderia nos

consumir sem sentir muita culpa.

Ódio sabia disso, mas não queria perder

Amor que tanto lhe completou todos estes

milênios.

 _O que vou fazer aqui sozinha?

 _Você não estará sozinha, ainda me sentirá com

mais intensidade, pois estarei mais forte e assim

que aprisionarmos Atrodeon, iremos te tirar daqui.

Eles se beijam pela última vez com lágrimas que

escorriam de ambos, Inx se afasta um pouco para

deixá-los com mais privacidade. Amor e Ódio juntos

possuem uma paixão avassaladora um pelo outro e

isso dói quando se acaba momentaneamente.

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 _Agradeço a força criadora por me ter colocado em

seu caminho. – diz Amor –  _Mas ela está me tirando de você me querido.

 _Ela está só nos dando um empurrão para

evoluirmos. Para seguirmos em frente, crescermos.

Não tenha medo da sua transformação, assim como

também não tenho. Seja forte e use essa

experiência para alcançar mais um patamar de sua

existência.

 _Linda palavras Amor, mas saiba que eu gostaria

que toda a humanidade se ferrasse a ter que te

perder.

Amor sorri pelo temperamento de Ódio e a braça

bem forte pela última vez.

 _Até logo minha amada.

Mesmo ela não concordando e com lágrima

nos olhos, ela o solta. Amor segue na direção de Inx

e pede para que feche seus olhos. Ele coloca a mão

direita sobre a testa de Inx e logo em seguida fecha

seus olhos.

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 _Estaremos juntos em Êboro em breve minha

querida.Inx abre um portal atrás de si sem gesticular

nada e some dentre o brilho do portal que se fecha

logo em seguida. Momentos depois que Inx havia

partido, um novo portal se abre, mas desta vez

quem chega é Dorlavax, carregando por entre os

dedos o par de braceletes, como se fossem peças

sem valor.

 _Ódio, eis aqui os seus brinquedos.

Quando chega mais perto de Ódio consegue ver sua

cara de choro e estranha a ausência de Amor.

 _Ódio? Tudo bem? Onde está Amor?

 _Ele se sacrificou por seus irmãos.

 _Como assim? E Inx? Onde está?

 _Eles se mesclaram em um só. Agora Inx e Amor

estão na mesma essência, assim Inx seria mais forte

do que sendo somente um ancestral comum.

 _E onde eles ou ele está?

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 _Ele saiu em busca do seu batismo. Todo deus que

adquire sua consciência, se batiza usando suavontade divina para criar uma arma mágica que

será sua bênção em sua existência. Esta arma será

sua essência em forma física e estará ligada a ele

enquanto existir. O batismo não demorará muito e

precisamos nos preparar para ajuda-los. Atrodeon

possui a força e sabedoria de muitos deuses e

precisaremos de toda a força possível para aniquilá-

lo.

 _Mas já temos os braceletes que me tornarão um

ancestral temporariamente.

 _Sim, mas ele é muito mais forte do que isso. Por

isso preciso também me sacrificar para que o

desejo de Amor seja concretizado.

 _Se sacrificar? Literalmente?

 _Sim Dorlavax, assim como Amor se sacrificou eu

também preciso fazer a minha parte ou vocês não

terão chance.

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 _Mas eu não sou um deus para adquirir sua

essência assim como Inx. _Não seja presunçoso barão. Eu não tenho o intuito

de me mesclar com você. Seria como recriar um

outro Atrodeon, só que com os segredos

tartareanos. Minha essência difere da de Amor e se

ela corresse em sua alma, seria questão de tempo

para Atrodeon apoderar-se de você e de mim,

tornando-se finalmente um primordial.

 _Então o que pensa em fazer?

 _Os braceletes que trouxe, o tornam um ancestral

somente com várias almas fracas, agora, com a

minha essência impregnando estas belezinhas,

você será talvez quase tão forte quanto Inx agora e

vocês dois estarão quase como Atrodeon.

 _Mas Atrodeon possui essência de vários

ancestrais.

 _Sim, mas mil ancestrais não possuem a sabedoria

de um primordial e Inx agora têm esta sabedoria. E

você também a terá enquanto usar os braceletes

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das almas. Mas mesmo depois de tirá-los, terá

minha sabedoria em sua alma para sempre. Esteserá o meu presente a você.

 _Você têm certeza que quer isso mesmo?

 _Já está decidido barão, diga a Inx que toda a minha

força estará aprisionada para sempre nestes

braceletes, assim como a minha fúria e mesmo que

ele falhe em sua batalha, Atrodeon nunca a terá.

Obrigada barão por sua ajuda, use minha raiva para

dilacerar aquele desgraçado por mim.

 _Serão as suas mãos que estarei usando Ódio.

Ódio finalmente coloca os artefatos em seus

braços e sente todo o poder que deles vem. Ela

começa a crescer mas volta ao tamanho menor e

abrindo os braços pede para que barão faça a sua

parte:

 _Mate-me barão. Dei-me uma morte honrosa

enquanto ainda posso ter. Serei ainda consumida

pelos artefatos que carrego e não precisarei esperar

muito para isso.

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O barão saca sua adaga e Ódio o fita nos

olhos com fúria e uma respiração ofegante. O barãoem respeito a ela crava ferozmente a adaga em seu

coração e a retira. Neste momento ela começa a

envelhecer rapidamente mas mesmo diante da

morte, ela ainda agradece ao barão pelos seus

feitos só com seu olhar.

Ele entende balançando a cabeça para ela.

Ela cai e os braceletes se soltam. Ódio padece e seu

corpo aos poucos se torna pó se espalhando pela

terra que ali havia. O barão sabia que assim que

colocasse os braceletes, teria a essência de Ódio em

sua alma e isso o preocupava um pouco. Pois seria

capaz de fazer atrocidades maiores do que poderia

imaginar naquele momento.

Pegou novamente os braceletes e pensou se

sua imortalidade daria conta de uma essência

primordial lhe sugando a eternidade. Independente

disso ele também estava disposto a se sacrificar

pelas Tartáreas e se fosse preciso abrir mão de sua

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eternidade para salvar seu povo, faria sem

pestanejar. Dorlavax se senta à mesa que Ódio eAmor costumavam usar para conversarem.

Com os artefatos na mesa ele espera o

retorno de Inx que demora poucas horas para

acontecer. Inx parecia ter perdido sua inocência e

se mostrava infinitamente mais maduro do que era.

 _Olá barão. Vejo que conseguiu os artefatos.

 _Sim e vejo que conseguiu sua divindade

novamente.

 _Onde está Ódio?

Neste momento os braceletes começam a

brilar em uma energia dourada e ao ver isso, Inx

entende o que aconteceu. Ele segura os braceletes

e os trazem ao seu peito fechando seus olhos.

 _Posso senti-la como antes. Sua força está ainda

maior daqui de dentro.

 _Como pode ser possível?

 _Esta prisão os mantinham fracos. Quando saí com

Amor em minha essência, ele se expandiu mais em

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meu interior. Me senti mais vivo e mais forte, assim

como Ódio está aqui, já liberta de suas amarras.Eles não estão em sua totalidade como primordiais

pois seus irmãos arrancaram isso deles, mas eles

são mais poderosos do que eles mesmos se

lembravam.

Assim que você colocar os braceletes, se

tornará muito poderoso e juntos poderemos ter

uma chance contra Atrodeon.

 _Vejo também que você foi bem sucedido em seu

batizado.

 _Sim, consegui recriar minha arma, mas com a

sabedoria de Amor, ela está bem melhorada.

Dorlavax, existe alguma coisa deste lugar que você

ainda queira?

 _Acho que não, por quê.

 _Esta prisão assim que for abandonada por

completo deixará de existir e só restarão

lembranças.

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 _Então acho que já está mais que na hora dela ser

apagada desta existência. Amor e Ódio estãoconosco agora. Só preciso pegar uma arma

verdadeiramente efetiva contra Atrodeon para

seguirmos para Êboro.

 _Eu o aguardarei aqui barão. Se quiser pode deixar

os braceletes aqui, eu aguardo você.

 _Cuidado! Se ele usar o bracelete para se juntar a

sua amada, tudo estará perdido. Mate-o agora!

A adaga o colocou mais uma vez em sua

mente a semente da dúvida e da discórdia. Dorlavax

olhou para Inx e viu Amor em seus olhos e disse:

 _É claro, obrigado Inx.

O barão saiu em seu portal para sua sala de

armas e depositou a adaga em um lugar de respeito

dentre as outras armas.

 _Seu poder cresce a medida que fica mais tempo

com seu possuidor. Amor e Ódio tinham razão em

ficarem preocupados em deixa-la comigo.

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Hoje realmente vi que sua força é maior do

que esperava. Eu menosprezei sua força adagadourada, de agora em diante a deixarei aqui, como

lhe é merecido.

Enquanto barão buscava uma arma que lhe

ajudasse, Inx sentia que sua vida havia mudado

para sempre e que a luta que estavam prestes a ter

seria muito difícil. Atrodeon não iria entregar toda

a sua conquista de bandeja.

Ele tinha tudo a perder assim como eles

mesmos. Não demorou muito para que o barão

retornasse pela última vez para a prisão de Amor e

Ódio.

 _Estamos prontos Dorlavax?

 _Sim Inx.

O benevolente deus entrega-lhe os

braceletes e abre um portal para a terra dos

homens e ambos passam deixando para trás aquilo

que nunca mais existirá.

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Assim que o portal se fecha, um grande raio

cai dos céus em cima de Dorlavax jogando-o a umadistância enorme para trás em chamas e os

braceletes cada um para um lado. Atrodeon na

forma de um homem dragão negro com asas cai

violentamente em terra levantando uma grande

poeira.

Inx retira sua espada  da bainha em suas

costas. É uma espada dourada e larga que possuía

até a metade de sua lâmina pequenas pedras de cor

âmbar que estavam cravejadas de forma

majestosa. Seu punho possuía um guarda mão com

a uma cabeça de leão em cada lado, ambos de boca

aberta para cima.

A espada que se atrevesse a encaixar ali, não

sairia com facilidade, pois parecia que já fora

projetada para este propósito.

 _Olá Inx, ou deveria dizer, Amor?

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XEQUE-MATE

 _Finalmente nos encontramos Atrodeon.

 _A sua vida no campo não estava boa Inx?

 _Sabia que mais cedo ou mais tarde você arrumaria

uma forma de feri-los.

 _Eles podem não estar vivos agora.

 _Isso já não importa mais Atrodeon. Se você a

matou sei que ela vai renascer em algum lugar, mas

se você se alimentou dela e se mesclou com sua

essência, sei que mais uma gota de culpa manchou

sua alma.

 _É isso que espera de mim? Que eu sinta culpa

daquilo que fiz? Você é um tolo em achar que

qualquer essência pode me tornar mais “humano”.

Eu devorei Emerim, uma doce deusa que seentregou a mim por um desejo mundano e veja no

que me tornei. Ela foi o estopim para meu

ressurgimento. Sua essência se mesclou com a

minha, mas a dor que ela passou, a decepção que

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viveu e a violência que sofreu, revoltou sua alma a

um patamar tamanho, que sua única vontade erade dizimar toda a terra dos homens.

Emerim e eu, somos o espírito de vingança

que nunca morrerá enquanto houver dor e horror

no mundo. Quanto mais disso tivermos, mais forte

me tornarei.

 _Sua busca por vingança nada mais é do que um

propósito embasado nos temores humanos. Não

temos o que perder, somos eternos e a única coisa

que podemos fazer de mal, é nos iludir de que o

sofrimento é ruim. De onde somos, isso não passa

de uma ilusão.

 _Mas eu também não acredito que o sofrimento é

ruim, tanto que o distribuo gratuitamente por toda

a humanidade. E acho que você deve também

experimentar um pouco dele, ou vocês acham que

podem me fazer sofrer de alguma forma?

 _Se você me derrotar, a minha essência inundará a

sua e seremos finalmente um só, equilibrado nas

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forças boas e ruins. Seríamos finalmente um

primordial, ambos com a sabedoria adquirida comouma só.

 _Não Inx, assim que eu devorar sua essência, eu a

manterei separada da minha e a envenenarei aos

poucos com a discórdia, a inveja, covardia, o terror

e a ganância. Em pouco tempo a sua essência se

tornará tão negra quanto a minha e finalmente

serei um primordial. Agora, se Ódio entrar também

na brincadeira, eu serei mais forte que um

primordial e finalmente descobrirei como pular de

mundos e encontrá-los.

 _E depois Atrodeon? Qual será o seu propósito?

 _Depois de conquistado a minha supremacia divina,

eu buscarei o meu pai e minha mãe celestial. E

quando isso acontecer, saberei finalmente o meu

próximo propósito.

A uns quatrocentos metros dali, Dorlavax se levanta

sentindo um leve zumbido no ouvido e vê Atrodeon

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conversando com Inx. Ele procura pelos braceletes,

mas não os encontra de primeira. _Parece que seu amigo está acordando.

Em um relance de descuido de Inx ao virar-

se para trás, Atrodeon lança contra ele uma

baforada como a que acertou o barão, um grande

raio lhe acerta projetando o seu corpo na mesma

distância que a de Dorlavax. Mas ao contrário do

imortal, Inx se levanta rapidamente.

 _SEU TOLO!!! VOCÊ ACHA QUE PODE ME VENCER?

NEM MESMO ESSA ESSÊNCIA FALIDA DE AMOR

QUE CORRE NO SEU CORPO É CAPAZ DE ME

ATINGIR!!!

Atrodeon com um movimento de mão, puxa

os braceletes das almas para a sua direção, mas é

impedido por Dorlavax que usa sua magia para

puxá-los, ainda no ar, de volta para si. A disputa é

acirrada, mas Dorlavax começa a ser puxado pela

tamanha força de Atrodeon que ria enquanto não

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fazia muita força ao puxá-los, jogando o barão ao

chão. _Olá ódio. Você sim se mesclará a minha alma e

seremos um só.

Inx corre na direção de Atrodeon com a espada em

mãos.

 _NUNCA!!!

Inx golpeia Atrodeon que segura a lâmina de

sua espada com suas garras. Atrodeon ri de Inx e

numa disputa de forças, Inx decepa metade da mão

de seu adversário, deixando só seu polegar.

Enquanto Atrodeon grita de raiva e Inx lhe golpeia

novamente acertando seu outro braço, deixando

com que os braceletes caíssem.

Barão se aproveitando da chance puxa-os

para si e os coloca. Atrodeon novamente dispara

outro raio em Inx que o joga longe deixando sua

espada cair. Atrodeon se regenera em uma fração

de segundos e pega a espada de Inx.

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Dorlavax recebe um grande poder

instantaneamente e sua sabedoria se mescla com ade Ódio, deixando-o com uma ânsia de vingança

sem controle.

Ele decide manter-se do mesmo tamanho e

desembainhar sua espada. Uma espada

aparentemente comum, mas bem trabalhada.

 _Finalmente barão, venha até o seu mestre! Nós

podemos juntar nossas forças sem juntarmos

nossas essências. Você seria o meu braço direito

nas minhas conquistas, poderia conduzir o meu

exército a batalhas inimagináveis em outros

mundos.

 _Eu sou um Nadrux, Atrodeon, nós não possuímos

essência como os homens, mas possuímos uma

alma que nunca pode ser mesclada com outra.

Somos uma criação à parte da de vocês.

 _Mas quando consumi seu coração não achei uma

alma ali, estava vazio.

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 _Isso é porque eu tenho truques que a sua raça não

compreende. _Mas agora com os braceletes das almas em seu

corpo, a essência de Ódio e sua alma são uma só.

Esta é a hora de devorar você e Ódio me tornando

finalmente um primordial.

 _Você pode tentar.

Inx se aproxima de Dorlavax:

 _Vamos acabar com isso logo.

 _É, vamos acabar com isso logo Inx e barão. Eu

tenho um universo para dominar.

Atrodeon ainda se encontra com a espada

de Inx e começa novamente a luta golpeando Inx e

ferindo-o na região da coxa. Dorlavax investe em

Atrodeon que se esquiva e num movimento brusco,

corta-lhe a cabeça.

Inx segura os braços de Atrodeon e o numa

disputa de força subjuga seu oponente fazendo-o

ajoelhar enquanto Dorlavax une novamente sua

cabeça ao corpo.

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Atrodeon solta mais um raio em Inx, mas ele

se mantém segurando Atrodeon enquanto recebe apoderosa rajada até que Dorlavax se recupera

totalmente.

Quando o barão corre na direção dos dois,

Atrodeon cresce o dobro de seu tamanho e gira Inx

com toda a sua força, isolando-o na direção do

barão que também cai. Atrodeon corre na direção

dos dois, suas garras crescem como lâminas de

espada.

Dorlavax tenta se esquivar, mas não

consegue fazer isso de todas as garras e é cortado

várias vezes. O barão não estava acuado com cortes

e decapitações, ele estava acima disso e não tinha

medo dos ataques de Atrodeon, só pensava que

talvez a força bruta não adiantasse.

Era o que lhe restava naquele momento e

entre cortes e perfurações Dorlavax num grito de

ódio, usa os elementais para lhe ajudar jogando

com o vento Atrodeon para cima e chamando

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inúmeros raios ao mesmo tempo para lhe

atingirem, criando uma forte luz, queimando-o porcompleto e antes que atingisse o chão, uma cratera

profunda se abriu, recebendo-o como um grande

túmulo e se fechando logo em seguida. Houve um

breve momento de silêncio desde então.

 _Será que acabou?

 _Não Inx, acho que agora é que vamos começar.

Um grande tremor de terra começa e Inx e

Dorlavax não conseguem se equilibrar e caem.

Dedos colossais saem do chão, mostrando-se uma

gigantesca mão que lhes pega com uma grande

quantidade de terra.

Atrodeon sai de sua cova com seu tamanho

divino e segura os dois enquanto sai do buraco. Ao

abrir a sua mão, sopra a terra que havia ali, Inx e

barão se seguram e olham o tamanho colossal de

Atrodeon. Eles estavam como pequenos insetos a

sua mercê.

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E sem piedade ele abre sua boca e solta uma

baforada de raio em cima dos dois. Um enormebrilho se faz, que cega até ao próprio senhor da

maldade e quando seu raio cessa, descobre que Inx

havia defendido todo o seu golpe com a espada que

carregava.

Ele não descobriu a tempo que Dorlavax

havia se jogado de sua mão e em forma de névoa

apareceu atrás de Atrodeon e o agarrou por trás,

imobilizando-o. Inx cai, mas se torna grandioso

também.

Atrodeon está muito mais forte e consegue

se soltar de Dorlavax jogando-o para trás. Inx o

golpeia mas erra, ele tenta mais uma investida e

perfura o peito de Atrodeon bem no coração.

Atrodeon não acredita no que via e Inx

aprofunda mais a lâmina em seu peito e gira sua

espada, causando enorme dor. Barão observava ao

lado de Inx o terror de Atrodeon.

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 _Você me acertou bem no peito... – disse com voz

rouca –  _Ultimas palavras? – diz Inx fervoroso – 

 _Eu tenho...

 _Sim?

 _...mais de um coração IDIOTA!

Atrodeon soca Inx com um gancho de direita

que o deita ao chão enquanto retira a espada do

peito sorrindo.

 _A minha força é muito maior do que a de vocês.

Vocês não têm a mínima chance comigo. Desistam

agora ou sofram os horrores eternos que guardo à

vocês!

Atrodeon mira a espada a Inx que ainda

estava no chão um pouco tonto.

Aposto que você só tem um coração e fica bem aí

no seu peito. Mas este coração eu vou fazer

questão de devorar.

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E dito isso Atrodeon crava a espada na

direção do estômago de Inx que rapidamente rolapara o lado e se levanta do chão em um pulo.

Atrodeon retira a espada de Inx do chão e a

gira se preparando para uma luta desigual, mas Inx

abre os braços e materializa um enorme escudo e

um grande machado de energia. Dorlavax ainda

sem ação, pensa em um xeque-mate para aquela

luta que poderia ficar eterna.

Atrodeon ataca Inx que se defende com o

escudo liberando grandes faíscas pelo impacto. Inx

se esquiva de mais um golpe e tenta revidar, mas é

defendido por Atrodeon com sua própria espada.

Um grande duelo entre os dois começa, Dorlavax

sabia que não poderia intervir nesta batalha se não

tivesse uma boa estratégia.

Atrodeon tinha tudo calculado, ele estava

acima da vida e da morte como o próprio barão e

seus poderes mortais não funcionariam em um ser

de tamanho poder, nem mesmo golpes poderiam

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feri-lo porque provavelmente seu ponto fraco

poderia nem estar ali. Então Dorlavax se afasta daluta um pouco se torna fumaça e desaparece no ar.

Inx e Atrodeon trocam golpes e defesas e

parecem não se cansarem frente a danos e esforços

em aniquilar um ao outro. O barão voa aos céus

longe já da grande batalha, vendo de cima todo o

rastro de destruição criado por aquela tormenta.

Ele deslumbra as almas que morriam e

subiam aos céus com ele. Almas que morreram

provavelmente esmagadas pelos titãs que

tentavam se matando ao custo do poder absoluto.

Subindo todo o céu dos homens, eis que o barão

começa a cair pelos céus de Êboro, até que enfim

pousa suave e se materializa.

Ele observa a direção que as almas tomam e

presume que elas o levarão até onde ele suspeita. E

como em uma boa jogada, Dorlavax sorri para sua

aposta, pois ganhara o prêmio principal.

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Atrodeon sentado em seu trono negro,

rodeado de almas, devorando todas e se tornandomais forte do que antes. É claro que ele já esperava

por Dorlavax. O deus mortal e o lorde eterno, frente

à frente, em uma batalha que decidiria o resultado

do armagedon que ocorria na terra dos homens.

Dorlavax sabia que em Êboro, os deuses

eram como homens e que iguais, lutavam entre si

como mortais. Mas em seu caso, na casa dos

deuses, se tivesse seus braceletes retirados, não

passaria de um mero mortal diante de um deus, que

mesmo não podendo mata-lo, poderia aprisioná-lo

eternamente no pior dos sofrimentos.

Atrodeon portava a Espírito de Dragão ao

seu lado e tinha a aparência humana,

provavelmente a última que havia tido no mundo

dos homens. Ele era muito belo, mas tinha um olhar

muito malicioso. Ele portava uma armadura de um

metal avermelhado escuro, como o sangue, e uma

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capa negra pesada. Ele se levantou e se dirigiu ao

barão já com a espada em punho. _Bem vindo a Êboro barão, é uma enorme honra a

sua visita aqui em meu reino.

 _Deixemos de frivolidades Atrodeon. Estamos aqui

para acabar de uma vez por todas com esta guerra

sem sentido que você criou.

 _Dorlavax Vashmun, o Barão das Tartáreas, mais

conhecido como o Lorde Imortal. Um deus perante

os seus.

 _Atrodeon Tartárius, o Deus Mortal, um deus

perante os seus.

 _Só se deve ter um único deus barão, ou o mundo

pode ficar uma bagunça.

 _Você destruiu tudo Atrodeon. Assassinou

inocentes e trouxe sofrimento aos seus irmãos.

 _Não, eu simplesmente evoluí a terra dos homens

para uma terra de fortes guerreiros, dizimei aqueles

deuses fracos que estavam passivos diante da

necessidade de todos. Hoje quem morre, se mescla

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a mim e quando todos estiverem em mim, serei

finalmente um primordial e restaurarei averdadeira supremacia aos mundos existentes.

 _Você fala como um político fascista Atrodeon.

 _Mas luto como um bárbaro para conseguir aquilo

o que quero.

 _Isso é o que veremos!

Ambos se preparam para o duelo e se

encaram andando em círculo, esperando um

descuido do outro para se ganhar uma vantagem.

Atrodeon usa a magia de alongar a lâmina

da Espírito de Dragão para decapitar barão. Mas ele

 já esperando este golpe, desvia com sua espada, o

ataque mortal do deus maligno.

 _Até quando poderá desviar deste golpe barão?

Dorlavax não diz nada, sabia que seu oponente

estava tentando tirar sua concentração e ele se

manteve firme quanto a isso. Ambos se encaravam

mais um pouco até que um crescente ódio cresceu

no âmago de barão que partiu com tudo para cima

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de Atrodeon. As espadas duelavam entre si com

uma velocidade incrível, barão era muito ágil eAtrodeon era exímio na espada. Ambos tinham

muita habilidade e estavam bem equiparados.

Atrodeon abusava mais da força, seus

golpes eram poderosos quando atingiam a lâmina

de Dorlavax, que revidava com mais agilidade

fazendo com que seu oponente defendesse mais do

que atacasse. E com velocidade, maestria e audácia,

Dorlavax retira a Espírito de Dragão da mão de

Atrodeon e a isola a espada para longe.

Atrodeon agarra a mão em que estava a

espada de seu oponente e com toda a sua força o

puxa, dando uma violenta cabeçada no barão e

retirando a espada de sua mão.

Caído ao chão e ainda tonto, Dorlavax se

torna um alvo fácil para Atrodeon que sem hesitar,

lhe acerta um golpe certeiro no coração e

segurando ainda a espada encravada em Dorlavax,

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que tenta retirar a lâmina, cortando a mão, mas

sem sucesso. _Vejamos se o meu avatar está tendo sorte assim

como o seu mestre.

Uma enorme ilusão é formada atrás, como

uma grande tela, mostrando a luta de Inx com o

avatar de Atrodeon. Inx lutava não mais com aquele

ser draconiano, mas com um dragão formado, com

calda, asas e maior tamanho.

O benevolente deus estava já muito ferido e

desarmado. Seu semblante era cansado e a fera

ainda estava com todo o vigor como se a luta

estivesse começado agora.

Mesmo a espada de Inx estando atravessada

em suas costas fazendo o sangue descer, ele ainda

se encontrava em desvantagem. O barão olhou a

cena desolado e Atrodeon se deliciou com isso.

 _Como pode ver barão, seu amigo será condenado

hoje pela sua afronta e você terá seu coração

devorado por mim. E mesmo que eu não encontre

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a sua alma aí, com certeza encontrarei correndo em

seu corpo morto, os espíritos dos Braceletes dasAlmas que você usa agora. Isso sem falar na

essência de Ódio, que me tornará finalmente um

deus primordial.

Na tela barão vê que Inx cai e a fera imobiliza

seus membros. Ele já sem forças luta ainda com seu

inimigo que se prepara para lhe abocanhar.

Atrodeon assiste orgulhoso o poder de sua

onipresença e vê a criatura mordendo o ombro de

Inx e lhe arrancando uma considerável quantidade

de carne.

O guerreiro caído grita de dor e tenta se

debater, mas de nada adiantava mais. A fera o havia

dominado e não lhe restava nada a não ser esperar

pela morte iminente. Atrodeon se vira para

Dorlavax com um grande sorriso nos lábios

desenvolve seu braço esquerdo para um braço

monstruoso, com garras enormes para lhe arrancar

o coração.

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E então, assim ele o faz, retira a espada do

coração de Dorlavax para pegar o seu coração econsumir toda a essência que havia nele. Mas algo

acontece assim que Atrodeon retira a espada do

coração do barão, um flash muito forte se fez em

sua vista e ele não mais via o barão ao chão, mas ele

se via a si mesmo do chão.

Sentindo uma dor no peito muito forte.

Atrodeon havia trocado de corpo com Dorlavax de

alguma forma. Agora era o barão que habitava o

seu corpo e vice-versa. Atrodeon não entendia o

que havia acontecido.

Na grande tela que se formava e que via de

camarote da posição que estava, viu seu avatar

caindo sem vida e permitindo que Inx se levantasse

sem entender muito o que havia acontecido e

aproveitando da situação, decapitando o ser com

vários golpes no pescoço. Atrodeon que estava ao

chão olha para Dorlavax que estava em seu corpo e

pergunta:

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 _Como?

 _Magia primordial Atrodeon. Apresento-lhe aespada de Salamon, quem a empunha e acerta

alguém, troca de corpo um com o outro. Uma arma

utilizada para se viver eternamente. Eu te disse que

conhecia muitas coisas que você desconhecia.

Neste momento os braceletes se soltam de

Atrodeon e ele envelhece rapidamente, perdendo

parte de seus poderes para os braceletes. Dorlavax

vendo que ele estava quase morto, ele o cura para

que sua essência não desapareça e ele tenha uma

nova chance de se fortalecer.

 _Você será aprisionado para sempre Atrodeon, pois

nós dois sabemos que um deus nunca pode ser

destruído. Que existem formas de lhe tirar

temporariamente a sua essência através da

ignorância do renascimento ou aprisioná-lo em

algum lugar forte o suficiente para mantê-lo

adormecido. Mas nunca destruí-lo. E é para um

lugar como esse que você irá.

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Inx chega até Êboro, ferido e fraco, mas encontra o

barão velho e Atrodeon com um olhar estranho. _Não se iluda Inx, sou eu, Dorlavax no corpo de

Atrodeon e eis Atrodeon na minha carcaça.

Inx sabia que aquelas palavras eram

verdadeiras, pois podia sentir a essência de

Atrodeon fraca naquele corpo moribundo.

 _Mas como?

 _Teremos uma eternidade para conversar sobre

isso depois meu amigo, agora precisamos aprisiona-

lo o quanto antes.

Dorlavax com um movimento das mãos regenera

Inx que o agradece.

 _Não poderemos mantê-lo nas masmorras, ele é

ardiloso demais para ficar aqui em Êboro. Vamos

 jogá-lo na mesma prisão em que estiveram Amor e

Ódio. Assim ele não será lembrado nem mais por

nós e nem pelos remanescentes à divindade que

chegarão um dia à Êboro.

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Atrodeon mesmo sem forças, pois estava

como um velho de mais de cem anos, ainda dizsussurrando:

 _Eu fui o dono de tudo e ainda voltarei a ser. Tenho

toda uma eternidade para me recuperar.

 _Mas desta vez meu velho, Êboro estará preparada

para a sua chegada.

Inx abre um portal para um lugar escuro e

frio e o empurra sem violência para dentro e,

mesmo assim, sem forças, o tão temido Atrodeon

cai de joelhos.

 _Eu voltarei e destruírem toda a sua obra

novamente Inx.

 _Adeus ermitão.

O portal se fecha com a voz rouca de Atrodeon

ecoando em seu novo lar.

 _Obrigado barão. Nunca teria conseguido sem

você!

 _Não. Nunca teríamos conseguido sem o apoio do

outro. E o que vai fazer agora?

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 _Tenho um reino inteiro para construir, maldições

para quebrar e uma notícia para dar aos quatroventos. De que a era de terror de Atrodeon

finalmente acabou e que agora somente a paz e a

glória serão vividos por todos.

 _Boa sorte então Inx, são mil anos de bagunça para

arrumar.

Inx sorri e puxa Dorlavax para um forte

abraço e apesar de não ter tanto contato físico

assim com as pessoas, retribui de forma calorosa.

 _Leve os braceletes Dorlavax e os guarde nas

Tartáreas, onde nenhum deus se atreverá a invadir.

 _Os manterei protegidos em minha fortaleza. Tem

a minha palavra.

 _Eu sei que tenho meu amigo!

Dorlavax transforma-se em névoa e sobe aos céus

de Êboro a incrível velocidade e se vai ao vento de

volta às Tartáreas. Inx olha ao redor e pensa por

onde começar toda a arrumação. Ele precisará de

ajuda, de muita ajuda e sabe por onde começar.

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MILÊNIOS

Num simples fechar de olhos, Inx some de

Êboro e chega à terra dos homens, de frente a uma

cabana simples, onde um garoto cortava lenha e

sua mãe as recolhia para o forno.

Mailú então vislumbra a imagem daquele

que ela não esperava mais ver e se emociona

soltando toda a lenha que segurava. Thagor se

assusta e logo se alegra ao olhar o motivo do

descuido.

Inx estava bem mais vigoroso do que antes

e emanava um amor incondicional e por onde

passava, nascia vida, plantas cresciam e flores

desabrochavam.

Mailú vai ao seu encontro e ajoelha-sediante dele e ele diante dela. Ambos se olham

profundamente e se abraçam. Thagor sorri com

lágrimas nos olhos e se ajoelha e abraça ambos.

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 _Venho como prometido a vocês. Vim levá-los para

casa comigo, os quero me ajudando no novomundo que surge hoje. Deixe para trás as

dificuldades já enfrentadas e me ajudem a

proliferar o amor no mundo, assim como fizeram

comigo.

 _Sim meu senhor! Iremos com você onde quiser. Eu

e meu filho estamos contigo.

Desde esse dia, Inx não mais estava só em

Êboro e sim com duas partes de sua essência que

acabara descobrindo no sofrimento e no ódio de

Atrodeon.

Conforme os milênios iam passando, a lenda

de Atrodeon, o deus mortal, foi sendo esquecida e

nunca mais contada. As almas que eram

atormentadas em épocas anteriores, hoje estão

revigoradas. O mundo entrou em uma era de paz e

prosperidade. Dos pequenos templos de Inx, vilas

eram formadas, que ao longo do tempo se

tornavam cidades. E destas cidades, novos castelos

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eram montados para se protegerem da natureza.

Inx restaurou o mundo como ele fora um dia emanteve o equilíbrio necessário para que nada

saísse em desacordo com o que os deuses

primordiais planejaram.

As Tartáreas ainda eram um mistério

insólito para os homens que sabiam de sua

existência, assim de como chegar até lá. O barão viu

seu povo crescer abundantemente e pensava

muitas vezes em se dispor de seu poder para

descansar. Mas sabia que o verdadeiro descanso da

alma é estar em paz consigo mesmo.

Ele sempre olhava a pequena caixa com

inscrições e a tateava com delicadeza, pois ali

estava protegida a sua verdadeira alma. O seu bem

mais precioso e o segredo de sua imortalidade, em

uma caixa sem trancas e que só poderia ser aberta

por ele mesmo. E ele sabia que no momento em

que a libertasse, sua existência na terra dos homens

deixaria de existir e ele se tornaria um espírito a

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caminho de Êboro. Mas agora ele sabia como

chegar lá como uma divindade. Sabia que as portassempre estariam abertas para ele sempre que

precisasse.

O Lorde Eterno, barão das Tartáreas, estava

em paz consigo, mas não deixava um belo artefato

mágico perdido no mundo dos homens, para que

estes mesmos homens, não caíssem na luxúria

destes artefatos, que buscavam em sua maioria,

satisfazer os egos mundanos de uma sociedade

divina a muito esquecida.

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ANTIGOS ACORDOS

Cerca de oito mil anos depois da queda de

Atrodeon, Dorlavax estava na terra dos homens em

busca de artefatos mágicos. Os Nardrux eram

magos por natureza e desde cedo aprendiam o uso

da mágica arcana em escolas.

Mas cada um desde cedo, demonstrava uma

facilidade com alguma área específicas nas

doutrinas mágicas. Uns possuíam facilidade com

elementais, outros com energias, materializações,

ilusões, psicocinese, telepatias e dentre muitas

outras doutrinas.

Outros possuíam poderes combinados entre

duas ou mais manifestações arcanas e era comum

o seu uso no cotidiano de todos. Mas dentre todoseles, havia uma jovem Nadrux que se chamava

Anery. Ela havia adquirido uma habilidade um

pouco incomum e talvez até rara.

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Ela havia descoberto, como adquirir

conhecimento através do psiquismo temporal. Elapoderia aprender coisas caso já tivessem sido

feitas. Ela aprendeu o controle de psicocinese

vendo como seu professor da escola aprendeu.

Ela se nutre de lembranças das outras

pessoas e poderia aprender a cozinhar pelo simples

fato de rever toda a trajetória daquele alimento até

chegar à sua mesa em questão de segundos. Anery

podia aprender o que quisesse sem precisar de um

tutor.

Não havia um desafio que ela não poderia

transpor e isso a levou a se arriscar para provar a si

mesma que era capaz de tudo, assim como o seu

barão. Ela o adorava assim como todos em Nardor,

mas queria também chamar sua atenção, queria

um lugar de destaque dentre seu povo.

E foi assim que ela conseguiu acesso a parte

mais protegida de Nardor, o salão particular do

barão, o Salão das Armas.

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Em Nardor todos respeitavam os limites e a

privacidade que Dorlavax colocava sem debater,mas Anery tinha uma imensa curiosidade sobre o

seu interior, queria ver de perto os itens que ele

guardava escondido aos olhos de todos.

Ela ouvia dizer que os artefatos ali

guardados eram muito poderosos e poderiam

corromper a mais pura das almas, por isso diziam

que o barão falava que sua alma estava bem

guardada. Mas isso só fez a curiosidade de Anery

crescer ainda mais e numa tarde, ela vai ao

encontro da porta mágica do Salão das Armas.

Sua abertura só era permitida àquele que

sussurrava uma palavra chave para a porta. Anery

usou sua habilidade e viu com os próprios olhos e

ouviu com os próprios ouvidos, a última vez que

Dorlavax abriu a porta e disse seu sussurro à ela.

Assim que a porta aceitou também o seu

sussurro, abriu-se para Anery, que encantada se

adentrou no salão. Lá ela ficou deslumbrada com

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tanto poder e pensou que não haveria nada que a

segurasse, nem mesmo o próprio barão poderiaimpedi-la de ser tão grande quanto ele.

Ela estava deslumbrada e perdida em

tamanha coleção de itens dos mais diversos

tamanhos, cores, utilidades e força. Ele não possuía

ali um tesouro que não fosse mágico, tudo ali tinha

o seu poder. Mas uma coisa chamou sua atenção

mais do que as demais.

Um artefato quase que a chamava em voz

alta, como uma sereia canta para um marinheiro

momentos antes de lhe devorar. Anery se sentiu

atordoada com tamanha beleza e poder de um

elmo com chifres.

Para ela aquilo era como a chave para a sua

supremacia, ela se sentia tão atraída por aquele

elmo que não via mais nada a sua volta, ela via

somente aquele elmo desconhecido. Se aproximou

dele maravilhada e nem mesmo teve o

discernimento de saber sobre o seu passado, como

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aquilo foi criado e para quê. Ela simplesmente o

pegou e o colocou e sua cabeça.O elmo se ajustou magicamente em seu

crânio e Anery simplesmente, virou seus olhos para

cima e seu espírito adormeceu, mas seu corpo não

caiu, pois, outra entidade se apossou dele, Zunnury

a filha de Atrodeon.

Milênios depois de sua derrota, ela

finalmente tinha uma nova chance de mostrar ao

seu pai o seu valor. Sua risada ecoava por todo o

salão, pois ali ela tinha a poder que quisesse ter.

Escolheu uma armadura mágica, uma arma mágica

e com todo o conhecimento de Anery presos em

sua essência, ela descobriu que Dorlavax havia

destronado seu pai e isso a levou a um frenesi

insano.

Saindo pela porta mágica, ela começou a sua

destruição. A cada Nadrux homem que a via, se

convertia em um vassalo sob o seu total controle.

Em poucos minutos, homens matam suas esposas e

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filhas friamente e uma grande guerra civil entre os

sexos se fez. A magia de todos os Nadrux uns contraos outros deixou Zunnury extasiada e sua risada

maléfica ecoava por entre as montanhas de

Mashikala como um grande prenúncio de uma nova

era de trevas que estava por vir.

E nas mais profundas e gélidas cavernas das

Tartáreas, em uma prisão mágica, sem nenhuma

luz, surge dentre as trevas, uma risada grotesca e

ainda fraca, de alguém que fora jogado para ser

esquecido, mas acabou sendo lembrado. “Eu te

disse Inx, eu te disse que voltaria...”  

Sua risada se torna mais forte a cada

momento e ecoa cada vez mais forte dentre as

trevas. Alguns meses depois, quando Dorlavax volta

de viagem, se depara com toda Nardor em ruínas.

Nenhum Nadrux foi encontrado ali fora, mas

quando ele entra em seu palácio, se depara com

vários cadáveres em decomposição avançada,

amontoados uns sobre os outros.

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Até então não havia pensado no que

poderia ter causado tamanha destruição e foicorrendo para a sala das armas, que para a sua

surpresa, estava aberta. Mas parecia que nada foi

mexido, só olhando com mais atenção, reparou

realmente o que estava faltando.

O elmo de Zunnury, ou mais conhecido

como o elmo do Demônio Branco. Novamente

Dorlavax tranca sua porta mágica e se transporta

para Êboro, de frente para o Espelho das Almas,

onde viu Inx preocupado e debruçado sobre ele. Inx

o olha com surpresa e preocupação.

 _Inx, o que houve?

 _Eu é que pergunto barão?

 _Nardor está destruída. Alguém invadiu a sala das

armas e pegou um artefato poderoso.

 _Eu sei. Atrodeon esteve aqui a alguns dias.

 _O quê? Atrodeon? Mas como?

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 _Ele estava como antes Dorlavax. Mas não tão

poderoso, estava mais jovial e com a essência deum deus ancestral comum.

 _E o que fez?

 _Eu o ouvi barão.

 _Você o quê?

 _Eu o ouvi. Ele estava aqui para fazer um acordo

comigo, um pacto divino.

 _E o que isso quer dizer?

 _É uma regra imposta por duas ou mais divindades

para a humanidade.

 _E que regra foi essa?

 _De que nenhum deus pode mais interferir

diretamente na humanidade, sem que o outro o

faça. Essa era a mesma regra que era regida em

Êboro antes da chegada de Atrodeon. Ela funciona

como um acordo mágico e eu ou ele saberemos

caso a influência seja feita.

 _Mas por que não o baniu novamente ou o matou?

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 _Não Dorlavax, não se pode destruir um deus, se

lembra disso? E a prisão em que estava foi abertapor sua filha, Zunnury, que está com muitos

seguidores. Mesmo que o coloquemos novamente

na prisão, ele sairia.

 _E se matássemos a Zunnury?

 _Se esqueceu do poder do artefato? Qualquer um,

deus ou não que dirigir os olhos direta ou

indiretamente para aquele maldito artefato na

cabeça de uma mulher, se torna instantaneamente

seu escravo. Atrodeon veio a mim por que estava

sob influência indireta de sua própria filha. Não é do

feitio dele fazer acordos. Que escolha temos

Dorlavax?

 _Neste caso meu amigo, o que nos resta é esperar

o próximo movimento do jogo. Você pode não

influenciar, mas eu posso buscar um meio de

intervir nesta história.

 _E tem alguma ideia.