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O Livro Didático de Ciências e a Problematização Prof. Valery Munhoz da Cruz Oliveira 1 Prof. Vera Lúcia Bahl de Oliveira 2 Resumo: Trata da aplicação de uma metodologia problematizadora, aliada ao uso do livro didático, com o objetivo de desenvolver os conteúdos de Ciências por meio de uma prática pedagógica mais participativa e que proporcione um aprendizado significativo aos alunos. A problematização vai além de uma proposta apenas motivacional, propicia a aproximação entre o conhecimento alternativo dos estudantes e o conhecimento científico escolar que se pretende ensinar. Baseando- se em um método pedagógico apoiado na perspectiva histórico-crítica, essa sugestão de mudança metodológica utiliza-se da problematização para propor uma ruptura de práticas de ensino tradicionais no uso do livro didático, propiciando um enriquecimento qualitativo no ensino de Ciências. Todos esses aspectos puderam ser constatados através da aplicação desta metodologia junto a alunos das quintas séries (sexto ano) de uma escola pública estadual de Londrina – PR. Palavras-Chave: Metodologia de ensino. Problematização. Livro Didático. Abstract: This work discusses the application of a problem based methodology, combined with the use of didactic book , with the aim of developing the contents of Sciences by means of a more participative pedagogic practice which provides a significative learning to the students. The problematization overcomes a simple motivational proposal and facilitates the approaching between the acquirements from the students and the scientific knowledge to be taught. From a pedagogic method based on a historic-critical perspective, this current suggestion employs the problematization to propose a rupture in the traditional uses of the didactic book, propitiating a qualitative enrichment in the Sciences learning. All these aspects could be verified through the application of this methodology to fifth degree students (6 th year) in a public school of Londrina – PR. Key words: Methodology of teaching. Problematization. Didactic book. 1 Professora participante do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE / 2007, ofertado pela Secretaria de Estado da Educação - SEED - PR, na disciplina de Ciências. 2 Professora Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE pela Universidade Estadual de Londrina - UEL.

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Page 1: O Livro Didático de Ciências e a Problematização · A problematização vai além de uma proposta apenas motivacional, propicia a aproximação entre o conhecimento alternativo

O Livro Didático de Ciências e a Problematização

Prof. Valery Munhoz da Cruz Oliveira1

Prof. Vera Lúcia Bahl de Oliveira2

Resumo: Trata da aplicação de uma metodologia problematizadora, aliada ao uso do livro didático, com o objetivo de desenvolver os conteúdos de Ciências por meio de uma prática pedagógica mais participativa e que proporcione um aprendizado significativo aos alunos. A problematização vai além de uma proposta apenas motivacional, propicia a aproximação entre o conhecimento alternativo dos estudantes e o conhecimento científico escolar que se pretende ensinar. Baseando-se em um método pedagógico apoiado na perspectiva histórico-crítica, essa sugestão de mudança metodológica utiliza-se da problematização para propor uma ruptura de práticas de ensino tradicionais no uso do livro didático, propiciando um enriquecimento qualitativo no ensino de Ciências. Todos esses aspectos puderam ser constatados através da aplicação desta metodologia junto a alunos das quintas séries (sexto ano) de uma escola pública estadual de Londrina – PR.

Palavras-Chave: Metodologia de ensino. Problematização. Livro Didático.

Abstract: This work discusses the application of a problem based methodology, combined with the use of didactic book , with the aim of developing the contents of Sciences by means of a more participative pedagogic practice which provides a significative learning to the students. The problematization overcomes a simple motivational proposal and facilitates the approaching between the acquirements from the students and the scientific knowledge to be taught. From a pedagogic method based on a historic-critical perspective, this current suggestion employs the problematization to propose a rupture in the traditional uses of the didactic book, propitiating a qualitative enrichment in the Sciences learning. All these aspects could be verified through the application of this methodology to fifth degree students (6th year) in a public school of Londrina – PR.

Key words: Methodology of teaching. Problematization. Didactic book.

1 Professora participante do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE / 2007, ofertado pela Secretaria

de Estado da Educação - SEED - PR, na disciplina de Ciências. 2 Professora Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE pela Universidade Estadual de

Londrina - UEL.

Page 2: O Livro Didático de Ciências e a Problematização · A problematização vai além de uma proposta apenas motivacional, propicia a aproximação entre o conhecimento alternativo

1. Introdução

A educação científica nos dias de hoje vem recebendo propostas de

modificações em seus objetivos. Fala-se em um ensino de Ciências que vise a

“aculturação científica”, opondo-se a uma visão tradicional de ensino que prioriza a

acumulação de conteúdos.

Essa mudança refletiu-se na seleção dos conteúdos escolares. Junto

ao aprendizado dos conceitos científicos (dimensão conceitual), inclui-se agora

novas dimensões, como a procedimental e a atitudinal. A dimensão procedimental

exige que o aluno participe do processo de construção do seu conteúdo conceitual.

Também se entende que o ensino de Ciências deve proporcionar, associado ao

aprendizado dos conceitos científicos, a discussão de valores do próprio conteúdo

(dimensão atitudinal).

Assim, para conseguir atingir todas essas dimensões do conteúdo,

exige-se uma nova postura em como ensinar a Ciência, na metodologia de ensino.

Uma forma de realizar uma prática pedagógica diferenciada em Ciências, que

estimule no aluno um caráter investigativo e reflexivo, motivando-o para uma

participação ativa no desenvolvimento dos conteúdos, é através da utilização de

uma metodologia problematizadora.

O professor pode dispor de uma estratégia de ensino que utilize

situações problemáticas abertas para gerar o interesse do aluno, estimular sua

participação ativa na busca de solução e proporcionar-lhe uma aprendizagem

significativa. A utilização do livro didático como recurso pedagógico a ser utilizado

juntamente com uma metodologia problematizadora, contribui para garantir a

consecução dos objetivos pretendidos.

É importante ressaltar que as ações didático-pedagógicas e a

disponibilização dos recursos necessários para que o aluno cumpra esses objetivos

são direcionados pelo professor, através de sua condução desse processo,

propiciando aos alunos o desenvolvimento de novas atitudes e mudanças

metodológicas, além de novos conhecimentos.

Desta forma, essa proposta de implementação na escola busca uma

mudança metodológica no ensino de Ciências, apoiando-se nas reflexões e no

aprofundamento teórico proporcionado pela participação no Programa de

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Desenvolvimento Educacional - PDE, permitindo a busca de alternativas práticas

que contribuam com uma melhoria no processo de ensino e aprendizagem.

Esse é um desafio que exige novas práticas e um novo ambiente de

ensino e aprendizagem. Ao mesmo tempo em que gera novas dificuldades ao

professor, pode também representar uma busca motivadora de melhorar sua prática

pedagógica.

2. Fundamentação Teórica

2.1 A Problematização

O início de toda mudança metodológica na prática pedagógica passa

pela ação do professor. É dele que partem as decisões práticas para o ensino. De

acordo com seus objetivos, seleciona os conteúdos a serem abordados, as técnicas

de ensino e recursos didáticos necessários para atingi-los. Para tanto, utiliza sua

experiência e criatividade.

Com o objetivo de despertar o interesse do aluno e estimular sua

participação na aula, o professor pode optar por colocar um problema aberto sobre o

que está sendo estudado como ponto de partida para a construção do

conhecimento. Partindo de atividades problematizadoras, o educando pode formular

hipóteses e analisar os resultados, sendo papel do professor sistematizar as

explicações dadas, no sentido de selecionar as informações, orientando o aluno na

aquisição dos conceitos. “A problematização é um desafio, ou seja, é a criação de

uma necessidade para que ele, através de sua ação, busque o conhecimento”

(GASPARIN, 2002, p.37).

É necessário compreender primeiramente o significado do termo

problema. Segundo Pozo (1998), trata-se de uma situação nova ou diferente que o

aluno, para resolvê-la, não encontra solução imediata, mas na busca por respostas

se exige dele reflexão, tomada de decisão quanto à forma de efetuar sua resolução

e o uso de técnicas e estratégias específicas para tal.

Assim, a apresentação de uma situação aberta para o aluno representa

uma demanda cognitiva e motivacional maior, pois problemas verdadeiros utilizam

diversas habilidades em sua resolução, não apenas a memorização. As estratégias

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de resolução devem advir de uma reflexão consciente por parte dele, de forma não-

superficial: fazendo análises críticas, formulando hipóteses explicativas, superando

evidências do senso comum.

Pelas orientações propostas nas Diretrizes Curriculares de Ciências

para a Educação Básica do Paraná, a problematização que orientará o processo

educativo deve contribuir de forma significativa para melhorar as condições de

aprendizagem dos estudantes, indo além de uma proposta apenas motivacional,

propiciando a construção de significados. “A ação de problematizar é mais do que a

mera motivação para se iniciar um novo conteúdo. Esta ação possibilita a

aproximação entre o conhecimento alternativo dos estudantes e o conhecimento

científico escolar que se pretende ensinar” (DCE - Ciências, 2008, p.24).

Assim, trabalhar com situações problemáticas abertas contribui para

levá-los a uma aprendizagem significativa pois em muitas situações colocam em

confronto as suas concepções espontâneas com os resultados das atividades.

A construção de significados que propicia a aprendizagem se beneficia

quando o professor estabelece uma ampla rede de interações, através de relações

conceituais, interdisciplinares e contextuais ofertadas aos estudantes por meio das

estratégias que propõe para o ensino. A problematização permite ainda aos

professores trabalhar os conteúdos específicos estabelecendo relações entre os

conhecimentos físicos, químicos e biológicos (que estabelecem a compreensão dos

fenômenos naturais), partindo do questionamento proposto por problemas reais, da

prática social do aluno.

A aplicação de propostas diferenciadas na prática pedagógica do

professor pode apresentar, ao início, dificuldades e resistências. Para tanto, ele deve

preparar-se, de forma teórica e prática, buscando propostas, técnicas, recursos

didáticos, encaminhamentos metodológicos que venham a enriquecer

qualitativamente seu trabalho como educador em Ciências.

2.2 O Livro Didático como Recurso Pedagógico

No momento atual é possível perceber que o livro didático é o material

de apoio mais freqüentemente disponibilizado nas escolas públicas, podendo ser

dessa maneira, considerado um recurso pedagógico valioso na execução do

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processo de ensino e aprendizagem. Assim, é necessário repensar sobre a forma

como esse recurso tem sido utilizado na prática pedagógica, na orientação do

trabalho do professor, se pretendemos desenvolver nos alunos a criticidade, a

autonomia e um conhecimento aprofundado e significativo.

A leitura motivada do livro didático é sempre enriquecedora na medida

em que estimula a reflexão, incrementa a capacidade de compreensão e o

aperfeiçoamento do vocabulário, integra e sistematiza os conteúdos por serem

colocados numa seqüência ordenada, facilita revisões periódicas e pode

desenvolver no aluno características de independência e de autonomia, além de

desenvolver a criatividade (Romanatto, 2007).

Segundo Sapelli (2007), o que se observa ainda hoje no cotidiano

escolar é que alguns professores tendem a direcionar todo o seu trabalho em sala

de aula apenas pelo conteúdo do livro didático, que passa a ocupar o papel de

instrumento que define o trabalho docente.

Há também muita discussão nos meios acadêmicos, quanto à

qualidade desse material didático. Para Fracalanza (2003), mais preocupante que as

incorreções conceituais que por vezes se pode notar nas coleções didáticas (que

podem ser observadas e trabalhadas pelo professor), são os aspectos de caráter

teórico-metodológico.

Na maioria dos livros didáticos observa-se que o conhecimento é

enfocado como um produto final da atividade científica (acabado, imutável,

descontextualizado), oriundo de forma empírica e indutivista, numa abordagem

metodológica que não considera a participação ativa do aluno na prática

pedagógica. Cabe ao professor, então, em seu trabalho, em sala de aula, fazer uso

do livro didático de forma consciente e criteriosa, pois ele mesmo poderá fazer a

correção dos pontos que devem ser melhorados.

Segundo Amaral (2007), a utilização de um recurso didático nunca é

aleatória e casual, pode prestar-se a variadas perspectivas educacionais. O livro

didático pode prestar-se tanto à transmissão e memorização de nomes, informações

e conceitos, numa prática metodológica tradicional, como pode romper com esse

papel didático, presente muitas vezes de forma acrítica nas escolas, e ser um

recurso auxiliar importante no desenvolvimento de atividades desafiadoras, que

estimule a curiosidade, a criatividade e o interesse em aprender nos alunos.

Cabe ao professor ainda, segundo Moreira (2006), em sua prática

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docente, observar que a “centralização” no livro didático acaba por vezes

estimulando a aprendizagem mecânica, pela transmissão de verdades, certezas e

sem proporcionar questionamentos. A utilização de materiais diversificados e

selecionados de acordo com os objetivos propostos para cada aula, pode favorecer

uma aprendizagem significativa e ao mesmo tempo crítica.

Essa mudança de postura é um desafio que se propõe aos professores

ao utilizar o livro didático, e uma metodologia problematizadora pode auxiliá-lo nessa

busca por um ensino de Ciências significativo e motivador. Para tanto, o livro deve

ser base para discussão, e não apenas uma fonte de informações. O professor

necessita desenvolver a capacidade crítica nos alunos, propor questões geradoras

de debate, estimular o raciocínio e desenvolvimento de idéias próprias, a partir das

leituras realizadas no livro didático.

3. Desenvolvimento

3.1 A Proposta de Intervenção

Essa proposta de implementação na escola buscou uma mudança na

realidade escolar e embasada no aprofundamento teórico proposto no PDE.

O maior objetivo ao propor esta forma de desenvolvimento dos

conteúdos para turmas da disciplina de Ciências era o de proporcionar um

aprendizado dos conhecimentos científicos aos alunos aliado a uma participação

mais ativa, estimulando também o desenvolvimento das dimensões procedimental e

atitudinal. Ainda, permitir uma maior autonomia e uma postura mais crítica, ao

mesmo tempo em que possibilitasse a eles perceber uma relação maior entre os

conhecimentos adquiridos e a sua realidade cotidiana.

Dessa forma, a proposta partiu de questões problematizadoras para o

desenvolvimento dos conteúdos, permitindo que o processo de ensino e

aprendizagem não estivesse tão focado na ação do professor e numa abordagem

tradicional da utilização do livro didático, proporcionando ao aluno uma

aprendizagem significativa.

A proposta foi direcionada à disciplina de Ciências do Ensino

Fundamental - Anos Finais. Sua implementação aconteceu junto a alunos das 5ª

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séries, período vespertino, do Colégio Estadual Barão do Rio Branco, em Londrina -

PR, durante o primeiro bimestre de 2008, perfazendo uma carga horária total de 32

horas.

A implementação da proposta junto a esses alunos apoiou-se na

aplicação de planos de aula preparados a partir do planejamento proposto para o

desenvolvimento de conteúdos da 5ª série do Ensino Fundamental. O planejamento

foi elaborado a partir dos conteúdos estruturantes e conteúdos específicos

relacionados nas Diretrizes Curriculares Estaduais de Ciências para o Estado do

Paraná - DCE.

O enfoque metodológico proposto foi o da problematização,

fundamentando-se no método pedagógico proposto na perspectiva histórico-crítica

conforme o trabalho desenvolvido por Gasparin (2002).

Nesta proposta, o professor possibilita que o aluno desenvolva atitudes

e atividades que estimulem a investigação, a reflexão crítica e a sua participação

ativa, articulando os novos conceitos com os que os alunos já trazem consigo,

possibilitando a compreensão da realidade em todas as suas dimensões. Para tanto,

permite transformar o conteúdo a ser trabalhado em desafios aos alunos, em

questões problematizadoras. Assim, o conteúdo desenvolvido pelo professor apóia-

se num Plano de Unidade que se desenvolve ao longo de cinco etapas de trabalho

com os alunos: a prática social inicial, a problematização, a instrumentalização, a

catarse e a prática social final do conteúdo.

Um Plano de Unidade foi desenvolvido sobre o tema “Astronomia”,

sendo este tema escolhido por constar, no Planejamento realizado, como o

conteúdo a ser trabalhado ao início do 1º Bimestre nas quintas séries.

Como recurso didático utilizado nas aulas, foi empregado de forma

especial o livro didático adotado pela escola, demonstrando que esse material pode

ser considerado um recurso auxiliar importante na consecução de um ensino de

qualidade ao ser utilizado numa abordagem não tradicional. Ainda assim, de acordo

com a necessidade, para garantir ao aluno o desenvolvimento de novas atitudes e

conhecimentos, foram ainda utilizados outros recursos (vídeos, livros didáticos de

outros autores, livros paradidáticos, etc).

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3.2 A Implementação em sala de aula

3.2.1 Prática Social Inicial do Conteúdo

Esta etapa do trabalho pedagógico propicia o primeiro contato do aluno

com o conteúdo, preparando-o e mobilizando-o para a construção do conhecimento.

Nesta fase, o aluno manifesta sua percepção sobre o tema (freqüentemente uma

visão de senso comum), a partir do anúncio, pelo professor, dos conteúdos que

serão trabalhados.

Ao elaborar o Plano de Unidade - Astronomia, os conteúdos foram

selecionados, assim como os objetivos específicos que se pretendia alcançar,

procurando relacioná-los a situações mais próximas do cotidiano do aluno. Após

apresentar os conteúdos a serem trabalhados, procurou-se levantar a vivência que

já possuíam sobre o tema (o que já sabiam e o que gostariam de saber a mais).

Ao propor essa discussão foi possível registrar termos importantes

citados pelos alunos, que demonstravam que a maioria já havia apresentado um

primeiro contato com a Astronomia, possivelmente nas séries iniciais. Esse fato

também se justifica por ser este um tema amplamente divulgado na mídia, o que fez,

por outro lado, que já de início despertasse nos alunos interesse sobre as

discussões que seriam realizadas posteriormente. Por outro lado, também ficou

evidente que determinados conceitos científicos precisavam ser explorados ou

aprofundados com os alunos com a finalidade de trabalhar certas incorreções e

dúvidas que surgiram nesta discussão.

Nesta fase, os questionamentos levantados pelos alunos não foram

respondidos, mas representou um momento importante para despertar o interesse

deles na realização das etapas posteriores. Foi um momento fundamental para

“ouvir” o aluno, dar espaço para as suas expectativas, assim como possibilitar o

levantamento prévio do que o aluno já sabia, informações importantes para a

próxima etapa do trabalho.

3.2.2 Problematização

Nesta etapa da implementação da Proposta, a fim de levar o aluno a

apropriar-se do conteúdo de forma motivadora e que estimulasse sua participação

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ativa no processo, foi formulado a cada aula, duas a três questões abertas a respeito

do tema proposto, antes que se iniciasse a explicação do conteúdo.

A formulação dessas questões foi fundamentada nos objetivos

propostos, sem esquecer dos questionamentos levantados pelos alunos na etapa

anterior. Por meio da apresentação dessas questões problematizadoras, foi

possível criar motivos para que os alunos se envolvessem com o conteúdo e

passassem a desenvolvê-lo a partir de sua ação na busca de soluções, com a

intermediação do professor.

A busca de solução para essas questões foi realizada com o auxílio do

livro didático do aluno, pois dessa maneira ele pode confrontar, complementar,

ampliar e modificar seus conhecimentos prévios sobre o conteúdo a partir do saber

sistematizado que o livro lhe disponibilizava.

A aplicação dessas questões, permitiu ainda a ele desenvolver outras

dimensões do conteúdo, a partir dos vários contextos que o envolvem, das múltiplas

faces que podem ser exploradas, possibilitando que os conhecimentos científicos

fossem compreendidos em sua totalidade. De acordo com o conteúdo e objetivos,

foram selecionadas as dimensões mais apropriadas, que embasaram a formulação

das perguntas desafiadoras em que foi transformado o conteúdo. Ao desenvolver o

tema Astronomia, além da dimensão científica / conceitual, foi possível abordar as

dimensões histórica, social e biológica, como podemos observar nestes exemplos:

- Dimensão Científica / Conceitual: O que estuda a Astronomia? Que elementos

formam o Universo?

- Dimensão Histórica: Qual a importância para o homem, no passado, dos

conhecimentos sobre Astronomia?

- Dimensão Econômica / Social: Que benefícios trouxeram ao homem os avanços

tecnológicos proporcionados pela investigação espacial?

- Dimensão Biológica: De que forma os movimentos da Terra influenciam os ritmos

biológicos dos seres vivos?

3.2.3 Instrumentalização

Segundo Gasparin (2002, p.107), “é nesta fase que, de fato, ocorre a

aprendizagem do conhecimento científico, ou seja, dos conceitos científicos”. Para

tanto, é necessária a aplicação de uma série de ações didático-pedagógicas,

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selecionadas pelo professor, a fim de que o aluno possa confrontar o seu

conhecimento cotidiano com o conteúdo científico, e dessa forma efetivar a

construção do conhecimento científico. Assim, nessa fase a orientação do professor

é fundamental para que o aluno realize as ações necessárias à aprendizagem.

Entre as ações propostas nesta etapa do desenvolvimento do trabalho

pedagógico com os alunos, foi possível realizar: exposição do conteúdo pelo

professor, realização de demonstrações práticas com os alunos, leitura de textos e

realização de exercícios, exibição de vídeos pedagógicos, discussão / debates sobre

os temas levantados, realização de pesquisas orientadas, elaboração de relatórios e

textos sobre o tema, confecção de mapas conceituais e realização de jogos

pedagógicos.

Ainda assim, na implementação desta proposta a fase de

instrumentalização deu-se especialmente através da busca de solução às questões

problematizadoras propostas aos alunos com o auxílio do livro didático, de forma

individual ou em duplas. Com isso, este importante recurso didático pode ser

utilizado numa perspectiva pedagógica diferente, afastando-se da abordagem

tradicional, de leitura e discussão, partindo de conceitos já elaborados, que

habitualmente observamos em sala de aula.

Na elaboração das respostas às questões, o aluno muitas vezes partia

de conceitos que trazia consigo, e buscava complementá-lo com informações que

conseguia do texto do livro, que entendia estar relacionado à questão proposta. Isso

podia ser observado através da utilização de argumentos que partiam de termos do

vocabulário do próprio aluno, que se complementavam com termos observados na

construção do texto do livro. Também o fato dele elaborar as respostas a partir de

termos próprios (“suas próprias palavras”), demonstra como esse momento foi

importante para a reflexão em busca de argumentos possibilitando dessa forma a

elaboração do conhecimento, demonstrando que não houve apenas memorização,

percebida pela simples cópia de trechos do texto do livro didático.

Depois de possibilitar aos alunos o contato com o conteúdo para a

elaboração das respostas, retornava-se à discussão dos conceitos ouvindo várias

das respostas obtidas. Dessa forma, era possível retomar pontos que ficaram

incertos e complementar aspectos significativos do tema que não foram

profundamente explorados por eles. Eram registrados no quadro os pontos

importantes que fundamentavam os conceitos trabalhados, a fim de que pudessem

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confrontar suas respostas e dessa forma complementá-las ou mesmo fazer sua

alteração, se necessário.

Todo este trabalho possibilitou aos alunos uma maior autonomia na

aprendizagem, a partir de uma participação ativa nesse processo, ainda que a ação

do professor na mediação pedagógica visando a apropriação dos conhecimentos

também fosse necessária.

3.2.4 Catarse

Nessa fase do trabalho pedagógico, os alunos são levado a demonstrar

o quanto se aproximaram dos objetivos propostos, expressando o quanto

incorporaram os conteúdos trabalhados, a compreensão que tiveram de todo o

processo, manifestando o novo conceito adquirido.

Uma das atividades desenvolvidas com eles nesta etapa do trabalho foi

a elaboração de mapas conceituais, a fim de verificar e acompanhar o aprendizado.

“Mapas conceituais devem ser entendidos como diagramas bidimensionais que

procuram mostrar relações hierárquicas entre conceitos de uma disciplina”

(MOREIRA, 2006, p.46) e podem ser utilizados como instrumentos de ensino e / ou

aprendizagem, sendo uma importante estratégia facilitadora da aprendizagem

significativa. Segundo Moreira (2006), podem ser usados como recursos didáticos,

acompanhados das explicações do professor, ou ainda podem expressar outras

possibilidades, como a avaliação da aprendizagem.

Nessa perspectiva, na avaliação por meio dos mapas conceituais, é

possível ter maior clareza quanto ao que o aluno se apropriou em termos

conceituais, assim como as relações que estabeleceu e a forma como organizou

esses conhecimentos, representados em sua estrutura cognitiva. Também possibilita

uma representação do conhecimento prévio, e as mudanças que efetivou durante o

desenvolvimento do conteúdo.

Dessa forma, foi solicitada aos alunos a elaboração de mapas

conceituais ao término de alguns tópicos propostos ao longo da unidade

“Astronomia”. Esta atividade possibilitou ao professor acompanhar o quanto eles

haviam se aproximado dos objetivos propostos, assim como, com base nas

informações obtidas na análise dos mapas, permitiu a realimentação do trabalho que

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estava sendo desenvolvido, a fim de traçar novas estratégias, quando necessário,

garantindo o aprendizado dos alunos.

Também com a finalidade de que o aluno demonstrasse a síntese

mental que elaborou sobre o tema (catarse), além dos mapas conceituais, outras

atividades complementares foram efetivadas, como a realização de exercícios

propostos pela professora em sala, a realização de provas escritas e a produção de

textos, reunindo as informações trabalhadas nas aulas, além da montagem de um

painel explicativo sobre o tema.

3.2.5 Prática Social Final do Conteúdo

Nesta etapa do trabalho com os alunos, é importante que “a

compreensão teórica se traduza em atos” (GASPARIN, 2002, p.144) , já que a

prática vai auxiliar os alunos na compreensão da teoria, possibilitando uma análise

agora mais crítica da realidade, visto que o aluno já dispõe de uma nova maneira de

pensar e entender os conceitos, depois de toda a fundamentação que obteve no

trabalho pedagógico realizado em sala.

O aluno pode demonstrar essa nova atitude, sua nova visão do

conteúdo, por meio de uma ação mental (demonstrando que ampliou sua

conscientização sobre o tema, ou ainda que deixou conceitos do senso comum e

passou a utilizar-se de conceitos mais próximos dos científicos) ou ainda através de

ações concretas.

Nesta fase, partindo do objetivo de desenvolver nos alunos a intenção

de conhecer mais sobre Astronomia, as ações desenvolvidas por eles foram a de

uma visita ao Planetário da Universidade Estadual de Londrina e a montagem de um

painel explicativo relacionando os avanços da pesquisa espacial em aplicações no

seu cotidiano.

Na visita ao Planetário de Londrina os alunos puderam visualizar

diversos conceitos abordados de forma teórica na fase de problematização e

instrumentalização. Esta atividade tornou-se muito prazerosa a eles ,já que permitiu

aliar a teoria à prática, além de possibilitar uma atividade motivadora e de

integração, ampliando a vivência e o relacionamento social dos mesmos .

A montagem de um Painel, exposto aos demais alunos no pátio do

Colégio, possibilitou compartilhar os conhecimentos trabalhados. O tema proposto

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foi o de estabelecer relações entre o atual desenvolvimento tecnológico e a

contribuição obtida através do avanço das técnicas de exploração e pesquisa

espacial (na medicina, no vestuário, na confecção de utensílios domésticos, nas

telecomunicações, etc.). A partir de pesquisas realizadas pelos alunos, inúmeros

exemplos foram encontrados e demonstrados através de informações escritas e

gravuras ilustrativas no Painel. Dessa forma, puderam estabelecer uma ampla

relação entre o conteúdo desenvolvido (Astronomia) e as dimensões histórica e

social do tema, observada em exemplos do seu cotidiano.

4. Conclusão

4.1 Refletindo sobre os Resultados

Como todo trabalho que se inicia, surgiram de início algumas

dificuldades. No início do ano letivo de 2007, constatou-se a falta de livros didáticos

a serem distribuídos a todos os alunos das quintas séries participantes dessa

proposta. Ainda assim, esse fato pode ser resolvido depois de algum tempo. A

decisão tomada foi no sentido da adoção de coleções didáticas de dois autores

diferentes, de acordo com o material disponibilizado pela escola e que pode ser

distribuído a todos os alunos. Dessa forma, puderam fazer leituras complementares

e utilizar o livro como apoio a exercícios propostos pela professora, aprofundando as

discussões da aula. Quando necessário, os conteúdos foram complementados a

partir de outros recursos didáticos, como vídeos pedagógicos, pesquisas

extraclasse, exposição oral, etc.

A problematização efetivada nesta Unidade, dentro da perspectiva

metodológica proposta para a pedagogia histórico-crítica, enfocou especialmente os

objetivos propostos para o desenvolvimento dos conteúdos em seu caráter

conceitual e em suas múltiplas dimensões. E, na medida do possível, buscou

aproximar, como na proposta de Gasparin, com a realidade social do aluno, visando

sua compreensão crítica e transformação. As etapas de Problematização e

Instrumentalização foram subdivididas em várias aulas, sendo assim as fases que

ocuparam um tempo maior no desenvolvimento da implementação da proposta.

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A busca às respostas dessas questões, partindo do seu conhecimento

prévio e da consulta ao livro didático, não se constituiu ao início do trabalho, numa

tarefa fácil para o aluno. Por se tratar de questões abertas, mobilizavam várias

habilidades dos alunos, indo além da simples memorização, que necessitava partir

da leitura compreensiva do texto, refletir sobre o que leu, selecionar as informações

e estabelecer relações entre elas, confrontá-las com seus conhecimentos prévios,

entre outros, a fim de elaborar sua resposta. Dessa forma, não era possível dispor

de respostas prontas e ordenadas, de acordo com o texto didático. Assim, na busca

da solução, o aluno desenvolveu habilidades diversas, como a compreensão, a

interpretação e a reflexão sobre o tema a fim de elaborar sua idéia. Dessa forma, o

aprendizado ocorreu de forma muito mais consistente.

Com o decorrer das aulas, as dificuldades foram se minimizando e eles

passaram a colocar também em suas respostas os conhecimentos que já possuíam

e complementá-las com o aprofundamento proporcionado pela consulta ao livro e

outros materiais, tudo com mais facilidade. Essa dificuldade inicial se deu por tratar-

se de uma proposta de trabalho diferenciada, que demandou dos alunos um período

de adaptação à exigência de novas potencialidades até então não trabalhadas

freqüentemente.

Também para o professor a elaboração dessas questões exigiu um

trabalho criterioso pela necessidade de elaborar uma questão problematizadora, que

ao mesmo tempo em que despertasse o interesse do aluno, não se tornasse

excessivamente aberta desestimulando-o da procura da resposta por não encontrar

subsídios que o auxiliassem no livro e que não o fizesse desviar - se dos objetivos

propostos, proporcionando-lhe apropriar-se desse conhecimento.

Outro ponto que chamou a atenção foi o tempo utilizado para o

desenvolvimento da unidade Astronomia, percebendo-se a necessidade de um

período maior para garantir a abordagem dos conteúdos, visto que esta proposta

metodológica partiu da ação do aluno, em sua busca às soluções dos problemas

propostos, com posterior discussão e complementação das diferentes abordagens e

dimensões do conteúdo. Assim, tornou-se necessário um tempo maior para que

todas essas etapas do desenvolvimento do conteúdo se concretizassem. Observou-

se que o processo de aprendizagem se deu diferentemente de uma aula expositiva,

onde o professor disponibiliza ao aluno todo o tema de forma já elaborada, sem

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necessidade de um tempo maior para sua interação com o conteúdo e construção

do conhecimento.

Desse modo é muito importante ao professor fazer uma seleção

criteriosa de conteúdos e objetivos ao efetivar o seu planejamento, ao início da

Unidade. Assim, pode partir de um número menor de temas a serem abordados,

mas todos imprescindíveis à obtenção dos principais objetivos que permitem

compreensão do conteúdo, garantindo que o tempo previsto para o desenvolvimento

da Unidade seja suficiente, sem deixar de atender aos demais conteúdos que devem

ser trabalhados na série. Partindo desses conteúdos básicos selecionados, que se

apóiam nas Diretrizes Curriculares propostas para a disciplina de Ciências, o

professor pode ainda organizá-los de forma a abordar outras dimensões e aspectos

complementares, trazendo ao aluno uma visão mais ampla e completa do assunto.

4.2 Considerações Finais

A implementação dessa proposta na escola objetivava uma mudança

metodológica a fim de proporcionar aos alunos uma participação mais ativa e um

aprendizado significativo. Uma metodologia problematizadora, aliada ao uso de livro

didático, foi aplicada com a finalidade de atingir os objetivos esperados.

A seleção dos conteúdos, a escolha das estratégias de ensino e dos

recursos pedagógicos são aspectos fundamentais que competem ao professor em

sua prática docente, a fim de garantir melhores condições de aprendizagem dos

conteúdos científicos. Assim a problematização, partindo das observações feitas

após a aplicação desta proposta, mostrou-se como mais uma estratégia importante

que pode ser aplicada inclusive em alunos que iniciam o Ensino Fundamental -

Séries Finais, dentre a pluralidade de metodologias que o professor dispõe com a

finalidade de melhorar a prática docente, adequando a cada conteúdo e ao

desenvolvimento cognitivo dos estudantes.

Trabalhar o conteúdo partindo de questões problematizadoras mostrou-

se ser bastante produtivo e motivador, o que pode ser percebido pela ampla

participação na aula, pois o interesse crescente dos alunos pode ser observado por

meio dos inúmeros questionamentos que surgiram sobre os conteúdos

desenvolvidos, permitindo esclarecer dúvidas e explorar outras dimensões do

conteúdo. Essa proposta metodológica mostrou também ser uma forma importante

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de utilizar-se do livro didático de maneira a distanciar-se das práticas tradicionais,

colaborando com um aprendizado significativo. Com isso, mostrou-se ser um recurso

importante que proporcionou um amplo enriquecimento à prática pedagógica em

Ciências.

Dessa forma, a proposta tornou-se viável em sua aplicação e

continuidade, visto que não dependeu de recursos onerosos e espaço apropriado

para sua execução. Fundamentou-se apenas na disposição do professor em buscar

um enriquecimento de sua atuação, através da implementação de uma proposta

diferenciada nas atividades de sala de aula, tornando o aprendizado mais

significativo ao aluno e trazendo mais qualidade ao ensino.

Esse desafio apresentou também algumas dificuldades, inclusive na

elaboração das questões e de todo o material a ser desenvolvido com os alunos. As

incertezas de estar conduzindo da melhor maneira as atividades, natural de todo

trabalho que se está iniciando, de tudo o que é novo, resultaram em certa

insegurança ao início, que se mostrou superada com a continuidade do trabalho.

Ainda assim, os resultados demonstraram que é preciso prosseguir neste caminho,

na busca de alternativas metodológicas para o desenvolvimento dos conteúdos

científicos, na tentativa de melhorar sempre a prática pedagógica em sala de aula,

garantindo o aprendizado dos alunos.

5. Referências Bibliográficas

AMARAL, I. A. do. Metodologia do Ensino de Ciências como produção social.

Disponível em: www.fe.unicamp.br/ensino/graduação/downloads/proesf-

MetodologiaEnsinoCiencias-Ivan.pdf. Acesso em: jun. 2007.

FRACALANZA, H.; MEGID NETO, J. O livro didático de ciências: o que nos

dizem os professores, as pesquisas acadêmicas e os documentos oficiais.

Disponível em: www.pg.cdr.unc.br/RevistaVirtual/NumeroDois/Artigo2.htm. Acesso

em: jun. 2007

GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. Campinas

(SP): Autores Associados, 2002. (Coleção Educação Contemporânea).

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MOREIRA, Marco Antonio. Aprendizagem significativa crítica. Disponível em:

http://www.if.ufrgs.br/~moreira/apsigcritport.pdf . Acesso em: dez.2007.

MOREIRA, Marco Antonio. A teoria da aprendizagem significativa e sua

implementação em sala de aula. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2006.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação.

Diretrizes Curriculares de Ciências para o Ensino Fundamental. Curitiba:

SEED, 2008.

POZO, J.I. (org) A solução de problemas: aprender a resolver, resolver para

aprender. Porto Alegre: Artmed, 1998.

ROMANATTO, M.C. O livro didático: alcances e limites. Disponível em:

www.sbempaulista.org.br/epem/anais/mesas_redondas/mr19-Mauro.doc . Acesso

em: mai. 2007.

SAPELLI, Marlene L.S.; NAPOLI, Ana P. Política Nacional do Livro Didático (1929 a

2004). In: SEMANA DA EDUCAÇÃO: Políticas e Gestão da Educação – dilemas e

perspectivas, IX, 2007, Londrina, PR. Anais... Londrina: UEL, 2007. CD-ROM.

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ANEXO 1: Plano de Unidade

NOÇÕES DE ASTRONOMIA

Instituição: C.E. Barão do Rio Branco - Ensino Fundamental e Médio

Disciplina: Ciências

Unidade: Noções de Astronomia

Séries: 5ª TC, TD e TE (período vespertino)

Horas - Aula: 32

Professora: Valery Munhoz da Cruz Oliveira

Livro didático: BARROS, Carlos; PAULINO, Wilson. Ciências: o meio ambiente.

5ª série. Ed. reform. São Paulo: Ática, 2006.

Unidade VI : Universo - O ambiente maior (cap.23 e 24)

OBJETIVOS:

- Caracterizar diferentes corpos celestes que formam o Universo, situando o planeta

Terra no Sistema Solar.

- Compreender os movimentos da Terra que influenciam os seres vivos que habitam

nosso planeta.

- Conhecer alguns instrumentos de observação astronômica, assim como as

aplicações da investigação espacial no nosso cotidiano.

1. PRÁTICA SOCIAL INICIAL:

Conteúdos:

Conheciment

o

Físico

Conheciment

o Químico

Conheciment

o Biológico

Objetivos Específicos

- Elementos

do Universo:

os corpos

celestes.

- Diferenciar os corpos celestes (estrelas,

planetas, satélites, galáxias, asteróides,

meteoróides, cometas, etc.) possibilitando

ao aluno reconhecê-los a partir de suas

características.

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- Sol

- Sistema

Solar

- Movimentos

da Terra

- Composição

química do

Sol

- Sol: fonte

de energia/

fotossíntese

- Ritmos

biológicos

- Reconhecer o Sol como estrela e fonte

de energia, a fim de que o aluno perceba

a importância desse astro para a

existência de vida na Terra.

- Identificar os componentes do S. Solar

para que o aluno tenha condições de

situar nosso planeta nesse sistema.

- Compreender os movimentos da Terra,

a fim de que o aluno possa associá-los

aos ritmos biológicos dos seres vivos.

- Identificar a Lua como satélite do nosso

planeta, permitindo ao aluno observar e

reconhecer as suas diferentes fases.

-

Instrumentos

para estudos

espaciais

- Aplicação

da

investigação

espacial no

cotidiano

- Reconhecer os principais instrumentos

de observação astronômica (luneta,

telescópio, satélite, foguete, estação

espacial), para que o aluno possa

compreender a possibilidade dos estudos

espaciais.

- Relacionar exemplos de aplicações das

investigações espaciais no

desenvolvimento de novas tecnologias, a

fim de que o aluno reconheça a

importância de sua utilização em

benefício do homem.

Vivência do conteúdo:

a) O que os alunos já sabem sobre o conteúdo?

Céu, estrela, Sol, Lua, estrela cadente, foguete, Plutão, ônibus espacial, planetas,

dia e noite, meteoro, astronauta, satélite, etc.

Page 20: O Livro Didático de Ciências e a Problematização · A problematização vai além de uma proposta apenas motivacional, propicia a aproximação entre o conhecimento alternativo

b) O que os alunos gostariam de saber a mais?

Existe vida em outro planeta?

Por que é dia no Brasil e noite no Japão?

Por que Plutão não é mais planeta?

É possível ao homem viver no espaço?

2. PROBLEMATIZAÇÃO

Discussão sobre o conteúdo:

Por que é importante estudar Astronomia?

Como o homem sabe tanta coisa sobre o Universo?

Dimensões do conteúdo a serem trabalhadas:

Científica / Conceitual: O que estuda a Astronomia? Que elementos formam o

Universo?

Histórica: Qual a importância para o homem, no passado, dos conhecimentos sobre

Astronomia?

Econômica / Social: Que benefícios trouxeram ao homem os avanços

tecnológicos proporcionados pela investigação espacial?

Ambiental: De que forma os movimentos da Terra influenciam os ritmos biológicos

diário e anual dos seres vivos?

3. INSTRUMENTALIZAÇÃO

Ações Docentes e Discentes:

- Exposição do conteúdo pelo professor.

- Realização de demonstrações práticas com os alunos.

- Leitura de textos e realização de exercícios.

- Discussão / debates sobre os temas levantados.

- Realização de pesquisas orientadas.

- Elaboração de relatórios e textos sobre o tema.

- Realização de jogos pedagógicos.

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Recursos:

Livros didáticos e paradidáticos, jornais, revistas, jogos pedagógicos, vídeos, etc.

4. CATARSE

Síntese mental do aluno:

Diferentes corpos celestes, com características específicas, compõem o Universo.

Nosso planeta, a Terra, é um deles e situa-se no Sistema Solar. Sem a energia

liberada pelo Sol, não haveria vida em nosso planeta. Os movimentos que a Terra

realiza em torno dessa estrela influenciam o ritmo biológico dos seres vivos no

planeta. Os estudos realizados para a exploração do espaço puderam ser aplicados

em benefícios do homem em seu cotidiano.

Expressão da síntese:

- Prova escrita sobre o tema.

- Realização de atividades diversas pelos alunos em sala.

- Construção de texto pelos alunos reunindo as informações trabalhadas nas aulas.

- Montagem de cartazes e painéis.

5. PRÁTICA SOCIAL FINAL DO CONTEÚDO

Intenções dos alunos:

- Conhecer mais sobre Astronomia.

- Respeitar a Terra como planeta que abriga a nossa espécie.

Ações dos alunos:

- Visitar o Planetário.

- Montar um painel a partir de informações sobre o tema levantadas pelos alunos.