o livro da meditação - mirna grzich

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Coleção QUEM É VOCÊ

Meditação com Mirna Grzich

O LIVRO DA MEDITIAÇÃO

SUMÁRIO

Palavras da Autora

Apresentação

Como me Conhecer Melhor?

Curando as Emoções

Superando Obstáculos

Mudança Interior

Inteligência Espiritual

0 Poder da Certeza

Caminhos Espirituais

A Importância da Atitude

Estados Psicológicos da Alma

Você é Criativo? Harmonia entre Parceria e Competição Como Usar a Intuição

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0 Compromisso com a Ética 0 Poder do Perdão Equilibrando Masculino e Feminino Voltando para Casa - Integração entre Corpo, Mente e Espírito Livros Consultados Quem é a Autora Cada um dos 16 capítulos de “0 Livro da Meditação” aborda temas propícios à reflexão em busca do autoconhecimento. Questões fundamentais como ética, inteligência espiritual e capacidade de perdoar, entre muitos outros, são aqui elucidados por textos que representam uma verdadeira viagem interior. A cada assunto estudado, ensinamentos "passo a passo" convidam o leitor a iluminar seus pensamentos por meio da prática milenar da meditação. Ao final da leitura, uma "biblioteca básica" é sugerida para quem deseja trilhar a via do conhecimento rumo a uma melhor qualidade de vida. MIRNA GRZICH é jornalista e autora de 0 Livro da Meditação. Pode ser contatada pelo e-mail [email protected]

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PALAVRAS DA AUTORA Esta obra saiu de dentro, espontaneamente. Isso não significa que eu não tivesse alguns livros à mão (que vou citar numa bibliografia básica ao final desta edição), mas os temas foram criados num dia, baseados na minha própria experiência de vida. São temas da alma humana, nem tão esotéricos assim. É como se eu tivesse uma biblioteca viva dentro de mim, e tivesse acesso ao conhecimento que precisa ser passado, hoje, às pessoas, sem precisar buscar nenhum modelo importado. Isso me impressionou muito. Essa naturalidade. Primeiro, os textos para as leituras que fiz em cada CD. Cada gravação era uma aventura, uma surpresa, um insight, uma epifania. A poesia surgia solta, com seu próprio ritmo. Por isso a música é tão importante para mim. Ela dá o tom, o ritmo, a cadência da respiração. Depois, a escrita deste livro, que fluiu diariamente, como se eu estivesse sendo guiada por uma mão invisível. Tomei muito cuidado em não formular os assuntos em termos de você "deveria" fazer isso ou você "não deveria" fazer aquilo. O único padrão ao qual você deve adequar a sua vida é o seu próprio padrão. Suspeite das idéias que a mente gera. Nenhuma idéia tem força suficiente para ajudá-lo. Tudo tem de vir de dentro, do seu coração. Invente seu próprio caminho na direção da Luz, cuidado com os falsos profetas e mestres manipuladores, siga sua intuição. Preocupe-se mais em entender seu presente do que querer saber do seu futuro. Seja autêntico. E como dizia o grande Chagdud Tulku Rinpoche, mestre de Budismo Tibetano falecido recentemente, o mais importante de tudo nesta vida é ter um bom coração. Mirna Grzich

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APRESENTAÇÃO Todas as semanas, QUEM apresenta quais são, como vivem e por onde circulam as personalidades que são notícia no Brasil e no mundo. Trata-se de uma missão jornalística que envolve o empenho de um time de editores, repórteres e fotógrafos absolutamente apaixonados pela matéria-prima de seu trabalho: gente. Paixão, aliás, compartilhada com milhares de leitores, que encontram na revista um modo de conhecer mais sobre pessoas que são objeto de sua curiosa admiração. A partir da paixão em comum por gente que faz e acontece, QUEM e seu público desenvolveram uma relação de cumplicidade, na qual o esforço permanente da revista em trazer a melhor informação é recompensado com a honrosa fidelidade de quem assina ou compra a publicação nas bancas. A fim de celebrar esse produtivo relacionamento, QUEM brindou os leitores com a coleção Quem é Você, que culmina com um presente especial: O Livro da Meditação. Nesta obra, a jornalista Mima Grzich aborda e aprofunda temas como técnicas de meditação, superação de obstáculos, mudança interior e inteligência espiritual, entre outros. Por meio de reflexões sobre a vida cotidiana e conselhos práticos, o livro descortina ao leitor possíveis caminhos para o autoconhecimento, condição essencial para a adoção de um estilo de vida pautado pela qualidade. Boa leitura!

Editora Globo

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"É maravilhoso o fato de a alma já saber, até certo ponto, que existe algo por trás do véu, o véu da perplexidade; que existe algo a ser procurado nas mais altas esferas da vida, que existe algo de belo a ser visto, que existe Alguém a ser conhecido que é perceptível."

Hazrat Inayat Khan, mestre sufi

COMO ME CONHECER MELHOR? Quem somos nós? Essa é a primeira pergunta de qualquer caminho espiritual. E a única maneira de descobrir isso é prestar muita atenção. Não no mundo de fora, mas no mundo de dentro de nós. Como uma pessoa que acha que tem ladrão em casa e coloca toda a atenção nos pequenos ruídos, vamos espreitar nossos movimentos, prestando atenção ao nosso corpo. Vamos espreitar nossos pensamentos, percebendo quando eles entram e saem da nossa mente. Vamos espreitar nossas emoções, prestando atenção à nossa respiração, ao ar que entra e sai. A respiração é o elo mágico que une o corpo, a mente e o espírito. Vamos espreitar também nosso nível de energia, nossa vitalidade, colocando a atenção no nosso umbigo, o centro do nosso poder pessoal. E, finalmente, vamos ouvir o nosso coração: ouvir seu som, do jeito que ele está batendo neste exato momento. Você sabe que o stress se conta na moderna medicina pelo número de vezes que o nosso coração perde a coerência, o batimento ritmado e acelera, ansioso? Você sabe que cada vez que seu coração acelera, automaticamente -e isso se chama sistema autônomo -, surge um

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breque, um freio, para nos acalmar? E dessas aceleradas e brecadas, como um carro dirigido por um péssimo motorista, lá vamos nós pela vida, culpando tudo e todos pelos nossos problemas, sem entender que nós somos responsáveis por tudo que nos acontece, que qualquer milagre que aconteça é criado pela nossa própria atitude e que em vez de sermos jogados pela vida podemos tomar nosso timão, ser proativos e positivos. Reclamamos como se estivéssemos cegos à verdadeira maravilha de estar vivo e perdêssemos a conexão com a Luz, ou Deus, ou o Grande Mistério... Esta obra tem por objetivo trazer você para o seu centro, para que você possa se conhecer melhor, melhorar sua qualidade de vida, desenvolver sua espiritualidade, ser mais feliz nesta vida. É a sua vida. Então respire profundamente, entre em contato com o seu coração, esse milagroso coração que mantém você vivo agora, esvazie sua mente de qualquer problema, sinta seu eixo e leia este livro com a curiosidade de uma criança pequena e com a alegria de um apaixonado. Quem sabe, ao final desta obra, você possa finalmente responder, sorrindo, seguro, a esta pergunta: quem é você?

Reflexão O prazer de pensar a respeito da meditação é que a alma já sabe do que se trata e por que é útil. A alma tem um senso de familiaridade com a meditação que não provém da memória consciente. Uma vez recriada a experiência da meditação, você percebe que "este é o estado no qual já estive uma vez. Esta é a minha condição inata". O mundo em que vivemos é uma criação da nossa mente, isto é, as coisas são da maneira como as vemos. Qualquer ponto de vista pode encontrar apoio no mundo, porque o mundo que vemos é um produto do nosso ponto de vista. Na verdade, este mundo é uma realidade infinitamente rica, que cada um de nós altera por meio da visão e da atitude que temos para com

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ele. O desenvolvimento espiritual é um processo de aprendizagem de como cada pessoa individualiza a realidade, fragmentando-a para fazê-la sua, e depois reintegrando os fragmentos individuais numa única unidade, mais uma vez. Cada um de nós é a incorporação de uma única consciência que tudo permeia, e cada um de nós contém também, dentro de si mesmo, o todo que manifestamos em partes. Enquanto algumas tradições, como o Budismo, vêem o mundo como maia, ilusão, e tentam se desidentificar dele para evitar o sofrimento, outras tradições, como o Sufismo, dizem que a libertação não é a meta final, e sim o amor, e que a meta após a libertação é vivenciar o amor, um Amor com A maiúsculo, e, a partir desse amor, co-criar um mundo que seja, na realidade, um paraíso na Terra. E clamam que o sofrimento na vida é o preço pago pela revitalização do coração, que é melhor sofrer a ser uma pedra... Meditar é a maneira, a técnica, a ferramenta para você se conhecer melhor. Existem várias técnicas -com mantras, com visualizações, com respirações. Dizem que Buda criou 108 técnicas de meditação, porque existiriam 108 tipos de mente. Mas nenhuma técnica se iguala à conexão com seu próprio coração, ao batimento do seu coração, juntamente com a respiração. Há dois principais tipos de meditação: para o exterior e para o interior. A forma de meditação para o exterior é explicada no Budismo e no Vedanta. A popular Meditação Transcendental (MT) é uma forma extremamente modificada de Vedanta, e alguns métodos de redução clínica de stress, como a Reação do Relaxamento, do Dr. Herbert Benson, o famoso cardiologista americano que comprovou os benefícios da meditação, são simplificações da MT. A meditação para o exterior desvia a atenção da pessoa do físico, do eu e do ambiente para o abstrato, infinito e impessoal. Esses métodos exploram a consciência, produzindo relaxamento, diminuição da atividade do

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sistema nervoso, batimento cardíaco ligeiramente irregular e desconcentração do pensamento. Ao contrário, a meditação para o interior concentra a consciência infinita num único ponto, fortalecendo o coração e melhorando o senso de identidade. Totalmente desenvolvida nas práticas do Dhirk Sufi e do Tumo Tibetano*, a meditação para o interior focaliza a mente no coração, produzindo aumento da atividade do sistema nervoso e um batimento cardíaco extremamente regular. Ambos os direcionamentos na meditação têm sua utilidade, mas o método para o interior é especificamente destinado à vida prática. Em outras palavras, a meditação para o exterior é experimentar a si mesmo como nada, como um vazio, enquanto a meditação para o interior é experimentar todo o universo fluindo através de você. A primeira, muito boa para o stress, como dissemos anteriormente, e a segunda, fortalecendo o coração, para que ele enfrente melhor qualquer situação estressante. Diz a medicina mais moderna que encontrar a coerência cardíaca ação não só salva vidas, como traz felicidade e harmonia. O Dr. David Servan-Schreiber, autor do importante livro Curar - o Stress, a Ansiedade e a Depressão sem Medicamento nem Psicanálise, diz que "o estado de coerência cardíaca influencia outros ritmos fisiológicos. Em particular, a variabilidade na pressão sanguínea e nos ritmos respiratórios rapidamente se sincroniza com a coerência cardíaca. Esses três sistemas operam em uníssono". Ele, que trabalhou e trabalha com executivos na Europa e nos Estados Unidos, diz que esse focar de energia faz com que as pessoas não se sintam mais exaustas. Isso acontece porque se ajusta, pela meditação com a coerência cardíaca, o equilíbrio entre os sistemas simpático e parassimpático ,do corpo, regulando aquele "breque" fisiológico, aquele motorista louco de que falamos anteriormente. * O Dhirk Sufi e o Tumo Tibetano são técnicas de meditação que aquecem o coração, tanto que uma das provas dos monges no Tibete era derreter o gelo ao

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seu redor usando o calor gerado dentro de si. Já os sufis podem girar horas sem cair, porque encontraram seu centro, o cor. O que isso tem a ver com você se conhecer melhor? Ora, se você conseguir sair do piloto automático da sua vida, experimentar uma verdadeira meditação, a experiência será tão transformadora que você vai entender que não tem mais tempo a perder, sua vida está no segundo tempo, quase nos 45 minutos, e você tem muita coisa ainda para aprender... E uma das coisas será começar a olhar para o essencial, prestar atenção a si mesmo, não perder tempo, não culpar os outros por nada, e tomar as rédeas da própria vida. E, quem sabe, ser feliz. Vamos experimentar?

COMO MEDITAR Sente-se confortavelmente numa cadeira, com a coluna reta. Coloque a mão esquerda sobre o coração e a mão direita suavemente sobre a esquerda, sem apertar. Feche os olhos e respire profundamente, sem forçar, por 10 vezes. Sinta o ar entrar e sair, suavemente, pelas suas narinas. Vá dentro do seu coração. Neste momento, aqui e agora. Sinta seu coração com suas mãos. Sinta seu batimento, se ele está excitado ou calmo, se você tem alguma emoção perturbadora ou se está em paz. Compreenda a maravilha do seu coração bombeando vida ininterruptamente para você, sem que você precise pensar ou se preocupar com isso. Estabeleça um compromisso: que você vai tentar, sinceramente, com afinco, encontrar a si mesmo, prestando atenção ao batimento cardíaco. Fique assim por 5 minutos, respirando em paz e sentindo seu coração. Reverencie a si mesmo, com amor. Perceba que os pensamentos somem, dando lugar a um grande silêncio interior, cortado apenas pelo som do seu próprio coração. Quando se sentir pronto, abra os olhos e vá para o mundo. Mas leve consigo essa consciência, essa sensação vivida.

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Um diálogo: "Aceite o que é." "Não posso. Eu me sinto agitado e irritado por causa disso." "Então, aceite o que é." "Aceitar que eu estou agitado e irritado? Aceitar que não consigo aceitar?" "Isso mesmo. Aceite a sua não-aceitação. Entregue-se à sua não-entrega. E veja o que acontece." Eckhart Tolle, O Poder do Agora

CURANDO AS EMOÇÕES

"São tantas emoções", já dizia o cantor popular. Experimentamos as emoções no nosso corpo, não na nossa mente. A emoção é, antes de tudo, um estado físico. Não falamos do medo de ficar com o coração na boca? Ou da alegria de sentir o coração leve? Existe uma ligação entre o cérebro e o coração, uma ligação física entre o nosso cérebro emocional, chamado de límbico, e nosso coração. A coisa funciona assim: Temos um cérebro chamado cognitivo, que é educado, racional, diplomático, controlador, e um cérebro límbico, primitivo, tipo "homem das cavernas", que fica ali no fundo, em guarda. Quando ele percebe um perigo ou uma oportunidade excepcional - um inimigo ou uma pessoa atraente -, ele aciona um alarme. Em milésimos de segundo, ele cancela todas as operações e interrompe todas as atividades do cérebro cognitivo. Isso continua acontecendo hoje, com o homem e a mulher modernos, então nos descobrimos

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emotivos demais ou irracionais... Um ataque de ansiedade ou pânico nasce desse jeito. As imagens que vemos e os sons que ouvimos são o botão vermelho das nossas emoções. Cuidado com as imagens que você deixa entrar e com as palavras e sons que penetram em você. Por isso, mantras são tão importantes, para acalmar esse cérebro selvagem. Por isso, contemplar a natureza é tão calmante. E não adianta pensar que você pode cultivar o controle de tudo através do cérebro cognitivo. É como jogar lixo embaixo do tapete. Uma hora, ele acaba aparecendo e aí o caos se instala. O importante é ter inteligência emocional, desenvolvendo a harmonia entre esses cérebros, meditando. Meditar não é sair deste mundo; é entrar profundamente nele. É estar presente, com um sorriso interior, respirando e conectando com nosso coração, no dia-a-dia -no supermercado, no carro, no trabalho, com nossos filhos, com nosso amor. Dizem os budistas que podemos transformar emoções negativas em virtudes. Que a energia da raiva é a mesma que a do amor, só que num pólo diferente; que a energia da inveja é a mesma que a da admiração; que a energia do medo é a mesma que a da coragem; que a energia da ignorância é a mesma que a da sabedoria... É como uma alquimia: o nosso ouro interior surge quando nos aceitamos, sem críticas, e confiamos na nossa natureza pura, na nossa Luz. O segredo é aceitar nossa natureza, que pode estar encoberta, mas está lá, sempre, esperando por este momento, quando você olha para dentro e entende que é assim a complexidade da vida. E confia.

Reflexão As emoções positivas nos dão uma perspectiva mais ampla das situações, isto é, nos dão clareza e confiança em nossos propósitos:

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onde estamos e para onde queremos ir. Elas nos trazem a sensação de felicidade, pois o sentido da vida torna-se energeticamente presente. As emoções negativas nos deixam descrentes e confusos quanto a nossas metas. Quando perdemos o significado da vida, sentimos uma profunda tristeza. Uma vez que as emoções positivas nos tornam disponíveis para o novo, ficamos flexíveis e abertos. Interessados em aprender, nos sentimos vivos, despertos. Portanto, as emoções positivas são reparadoras. Elas provocam bem-estar e nos ajudam a superar emoções negativas, que, por sua vez, consomem nossa energia vital, deixando-nos exaustos e depressivos. Essencialmente, a emoção destrutiva - que é também chamada de fator mental "obscurecedor" ou "aflitivo" - é algo que impede a mente de comprovar a realidade como ela é. Na emoção >. destrutiva, sempre haverá uma lacuna entre o que parece e o que é. A prioridade é aprender a controlar nosso ser emocional. Ao longo do tempo, desenvolvemos nossos métodos de auto-alívio para momentos de stress, então nos enfiamos de cabeça no chocolate, na cerveja, no cigarro ou na televisão. Se você olhar na direção da medicina convencional, há muitos medicamentos modernos que se apresentam como equilibradores das emoções. Eles acabam embotando sua sensibilidade, como se você passasse um atestado de incompetência para si mesmo, porque você tem dentro da sua fisiologia e dentro do seu cérebro todos os elementos para gerenciar as emoções. Cardiologistas americanos divulgaram pesquisas que demonstram que o simples ato de recordar uma emoção positiva ou uma cena agradável rapidamente provoca uma mudança na variabilidade do batimento cardíaco para uma fase de coerência. Algumas dicas de neurocientistas e psicólogos que trabalham com emoções aflitivas incluem meditação, coerência cardíaca (ensinaremos a seguir), diálogo com suas memórias dolorosas, aprender a se comunicar emocionalmente (não se fechar para o mundo), tomar ômega-3 (incrível, o famoso óleo de peixe funciona comprovadamente contra depressões e angústias), exercitar-se diariamente (o famoso barato dos exercícios, fruto

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da liberação das endorfinas e da seratonina), despertar com o sol, tratar-se com acupuntura e tornar-se mais aberto a servir e ajudar os outros. COMO MEDITAR A prática da coerência cardíaca traz muito da sabedoria milenar, das técnicas tradicionais usadas em ioga: atenção, meditação e relaxamento. O primeiro estágio consiste em voltar sua atenção para o interior. Pôr de lado suas preocupações, por alguns minutos. Recuperar a intimidade com seu coração e seu cérebro. Comece inspirando, profundamente, algumas vezes. Isso irá estimular o sistema parassimpático imediatamente, e ele começará um "breque" fisiológico. Mantenha sua atenção focada na respiração até que tenha terminado de exalar, e então fique sem respirar durante alguns segundos antes de inspirar novamente. A questão é deixar sua mente se mover com sua expiração até que ela se torne leve e suave dentro do peito. Focalize sua atenção na região do coração durante alguns minutos, depois que a respiração se estabiliza. "Sinta" que você está respirando através do coração. Visualize cada inspiração e cada expiração passando por essa peça-chave do seu corpo. Imagine que cada tomada de oxigênio nutre seu corpo e cada expiração o livra dos resíduos de que ele não mais precisa. Imagine o movimento lento e dócil da respiração completa banhando seu corpo com esse ar purificador e calmante. O terceiro estágio consiste em tomar consciência da sensação de calor e expansão que está se desenvolvendo no seu peito. Cuide dessa sensação e a estimule com seus pensamentos e respiração. Após anos de maus-tratos emocionais, o coração é como um animal acordando de uma longa hibernação. Uma maneira de encorajar o coração é se apegar a um sentimento de reconhecimento e gratidão e deixá-lo encher o peito. Ou

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pense no rosto de seu filho, ou numa paisagem que você adora. Durante esta meditação, as pessoas às vezes notam um sorriso manso surgir nos lábios, como se ele tivesse se espalhado a partir de uma luz dentro do peito. Pratique todos os dias, antes de dormir, ou quando precisar durante o dia. "De acordo com a Cabala, a própria matéria de que o corpo humano é composto - os átomos do nosso sangue, os elétrons que estimulam os impulsos em nosso cérebro, a química em nossos tecidos e nossos ossos - tem raízes que se estendem até antes da origem do nosso universo físico. Os muitos desejos, ímpetos, impulsos e anseios que penetram em nossas mentes existiam desde antes da alvorada do tempo."

Rabi Yehuda Berg SUPERANDO OBSTÁCULOS Para começar, o que é um obstáculo? É algo que se interpõe entre nosso desejo de realizar algo e a própria realização. No fundo, todos os obstáculos são infinitas possibilidades para gerarmos mais energia e aprendermos o que precisamos aprender nesta vida. Tem os obstáculos que nós mesmos criamos, internamente, numa inconsciente auto-sabotagem, e aqueles externos, no trabalho, nos relacionamentos, no processo da existência (e me parece que estes são apenas um pálido reflexo dos primeiros...).

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E tem também a noção do carma...Numa visão mais hinduísta ou budista, todas as nossas ações equivocadas em vidas passadas se refletem, hoje, como obstáculos ou como dificuldades na vida presente. Dizem os cabalistas que os obstáculos são importantes para a vida espiritual, porque eles nos ajudam a produzir Luz. Como? Como numa lâmpada, que tem um circuito entre os pólos negativo e positivo, já reparou? Dessa tensão, dessa fricção nasce a Luz. Dessa tensão e fricção que experimentamos com os obstáculos, na vida, nasce a nossa própria Luz. Todos buscamos a felicidade, a plenitude, mas vivemos envoltos numa cortina que impede a nossa visão da perfeição da vida. É como se vivêssemos num paraíso, mas percebêssemos o contrário. O que poderia ser fácil se torna difícil, porque acreditamos que assim é. Por exemplo: acontece uma situação difícil. Você reage emocionalmente, ficando abalado, zangado. Sua reação comportamental é gritar, explodir. Mas você pode ser proativo: acontece uma situação difícil, um obstáculo. Você percebe que sua reação é o verdadeiro inimigo. Seus sentimentos de estar abalado, zangado é que são o verdadeiro problema. Aí você não permite a seu sistema reagir impulsivamente. Põe de lado todas as suas reações emocionais. Não reage. Milagres acontecem quando você usa essa ferramenta mágica. Você permite que a Luz entre, porque agora tudo que sair de você tem raiz na Luz. Você verá uma mudança positiva surpreendente na situação externa que estava confrontando. Mas sempre olhe dentro. Finalmente, não se esqueça da generosidade, do compartilhamento, a infalível arma amorosa contra qualquer obstáculo...

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Reflexão Desejo, desejo, desejo. Não mexeríamos um único dedo se não fosse o desejo. Qualidade essencial do ser humano, o desejo é aquilo de que fomos feitos. Desde a origem, no início do mundo, até agora, quando você está lendo estas linhas. E todas as tradições falam disso, como a Cabala e o Budismo Tibetano. A Cabala explica que nossa diversidade como seres humanos consiste na diversidade dos desejos que nos ocupam. Há desejos inspirados no sexo, desejos intelectuais, desejos de fama e poder, desejos religiosos, desejos de aventuras. Você está onde está o seu desejo. O Cristianismo fala dos desejos, das tentações. Já o Budismo resume tudo dramaticamente: os seres humanos são feitos de... desejos! E todos os desejos, sejam quais forem, levam a um mesmo lugar, a um mesmo parâmetro: a felicidade. Todos queremos ser felizes, e nossos desejos são espécies de plataformas para chegar lá, na felicidade. O mais incrível a respeito dos desejos é que eles não têm fim. Por isso o Budismo trata de ultrapassar os desejos, enquanto a Cabala trata de compreendê-los. O Cristianismo tenta superá-los. Impossível você entrar numa loja e comprar tudo, tudo que deseja e dizer para si mesmo: "Acabou o meu desejo de comprar roupas bonitas para sempre", porque amanhã você vai passar perto de outra loja e o desejo se acenderá de novo. Impossível você conseguir o trabalho que sempre sonhou e dizer para si mesmo: "Agora cheguei aonde queria, não tenho mais desejo de nada", porque em pouco tempo você estará almejando uma promoção ou um trabalho onde você tenha mais poder. Impossível você se refugiar numa montanha para meditar em busca da iluminação e sentir que o momento chegou, que você está livre de todos os desejos. No momento em que você descer da montanha,

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os desejos recomeçarão. O desejo está na nossa raiz, é a nossa origem. Por que falar tanto de desejo num capítulo sobre obstáculo? Porque os obstáculos são exatamente aquilo que impede a realização dos nossos desejos. E o truque aqui é entender, de verdade, que uma vida simples, leve e solta, sem obstáculo algum, sem idas e voltas, sem fricção, não significa que você cresceu e transformou sua alma. Uma vida complicada, com dificuldades, desejos, tentações, obstáculos, vitórias e derrotas, é muito mais rica de plenitude, e você vai entender isso quando aprender a olhar para trás. Você verá muito mais Luz, que foi gerada pelos seus obstáculos. Não tenha medo dos obstáculos. Incorpore-os, entenda-os como refinamento espiritual, como a lapidação do diamante existencial. E saiba dizer, como os sábios: "Que venga el toro!" COMO MEDITAR Pegue uma folha de papel e uma caneta e concentre-se. Faça uma lista dos seus desejos, escrevendo-os no papel. Escreva, no mínimo, 20 desejos importantes. E trate de relacioná-los com áreas da sua vida, como relacionamento, vida pessoal, trabalho, prosperidade. Se houver obstáculos acontecendo, escreva-os ao lado dos desejos que estão interrompidos. Descubra depois que todos eles se resumem num único desejo: felicidade plena.

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"Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade. Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa. (...) Mude. Lembre-se de que a vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho light, mais prazeroso, mais digno, mais humano."

Clarice Lispector

MUDANÇA INTERIOR Mudanças, mudanças... Tudo muda, tudo é impermanente, mas existem momentos em que a mudança aparece forte, inexorável, como uma fase da nossa vida. É uma transição, aquele momento do ponto de mutação, quando o antigo não funciona mais e o novo ainda não está implantado. Nos sentimos, literalmente, no ar. Sabe aquela figura do Yin e do Yang - redonda, o preto no branco, e o branco no preto? É assim. As coisas têm ciclos, começam e acabam, e o segredo da felicidade nesta vida é compreender isso e se adaptar à realidade. Há momentos na nossa vida em que ficamos extremamente insatisfeitos: pode ser com nosso trabalho, com nossos relacionamentos, com nosso sentido de vida, com nossa missão. Essa insatisfação interior mostra que a mudança já começou, e ela passa por fases: primeiro a gente acha que não é com a gente -é a fase da negação; depois a gente tenta barganhar - a gente reza, faz promessas, tenta um acordo, aí vê que é pra valer e cai numa

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depressão, que é normal se não durar muito, faz parte do processo. Até que aceitamos a mudança e vemos que ela não é tão assustadora assim, que ela é até bacana, veja só! E daqui a pouco, a gente acha: "Lógico, foi melhor assim". E saltamos para um novo nível de consciência, de maturidade, de existência. Assim é a vida. Mas como viver esses momentos quando tudo parece fugir ao controle? Aqui vão algumas dicas: • É bom recolher-se e preparar o espírito. • É bom cumprir todas as obrigações cotidianas. • Fazer limpezas, selecionar e organizar o material antigo. • Entrar em contato com a nossa fé, por meio da meditação e oração. • Praticar a paciência e a tolerância, e observar como as pessoas cometem desatinos durante esses tempos - a única solução é o amor. • Não iniciar nada importante nesses períodos - aguardar. • Se aparecerem boas idéias, anotar tudo, para quando o processo estiver completado. • Se sentir desespero, respirar fundo e ter certeza de que tudo vai passar. A mudança só acontece quando estamos prontos ou só ficamos prontos quando passamos por ela? Essa é uma pergunta eterna, e só descobriremos a resposta vivendo intensamente, com coragem e flexibilidade. Seguindo o caminho do coração.

Reflexão Existem níveis de consciência. Alguns coletivos, outros individuais. Por exemplo, no livro Spiral Dynamics, de Donald Beck e Christopher Cohen, e Changes of Mind, de Jenny Wade, ambos não lançados no Brasil, mas interessantíssimos, fala-se do processo de mudança existencial que acontece quando estamos próximos de

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subir um degrau no nosso nível de consciência. Entramos em depressão, nossos modelos de eficiência se tornam ineficientes, nossas técnicas de sobrevivência caem por terra, sentimos que vamos morrer. É como o processo da lagarta se tornando borboleta. Você já imaginou a dor que ela sente? Será que a lagarta sabe que vai virar uma linda borboleta e está curtindo o processo ou está perdida, confusa, desesperada? O que você acha? Vamos então descrever esses níveis de consciência, tais como eles foram mapeados por esses especialistas. É um sistema muito usado no momento nos Estados Unidos em programas para executivos se adaptarem às inevitáveis transformações no ambiente corporativo e nas suas vidas. No primeiro nível, você é ingênuo, naif. Como um bebê, sua referência é a mãe. A grande mudança então é se libertar da mãe. Muito grandalhão de 40 anos ainda não conseguiu isso... Aí vem o nível de consciência mágico. Você acredita na magia, no deus ex machina que controla tudo. Isso pode acontecer quando você tem 4,5 anos e fala com seus amigos invisíveis, mas muita gente permanece paralisada nessa fase, acreditando em magia, mestres e gurus por toda a vida. A grande crise é quando vem a falta de fé, e você se torna agressivo, tribal, egocêntrico. Isso normalmente acontece na adolescência, a época das gangues, de resolver as coisas pela briga. Ficar preso nessa fase é comum, e vemos muitos adultos vivendo desse jeito pela existência afora. Quando o egóico entra em crise, ele se torna um conformista. Existe alguma coisa organizada nesse mundo que vale a pena seguir - as convenções, as igrejas, as corporações. Fase inicial de todo adulto jovem, podemos ficar presos nesse nível de consciência a vida inteira.

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Quando o conformista entra em crise de valores, não acreditando mais na empresa ou na religião formal, ele tem duas possibilidades: torna-se ou cético ou relacional. Em geral os homens se tornam primeiramente céticos, científicos, ambiciosos, e as mulheres, relacionais, nutrientes, afetivas. Mas depois há uma troca, os homens descobrindo numa epifania a importância do afeto e da nutrição amorosa, e as mulheres descobrindo a importância da racionalidade. Nessa fase, acaba o primeiro grande patamar, chamado SOBREVIVÊNCIA. Todos os níveis anteriores pertenceram a esse patamar. Agora começa outro, o patamar do SER. Nesse nível, que é precedido por uma grande crise de sentido, geralmente mudamos de emprego ou país, nos divorciamos, ficamos doentes de quase morrer, tudo perde o significado. É a grande crise existencial. Costuma acontecer aos 38,40 anos. É difícil acontecer antes disso, porque requer maturidade e vivência. Aí vem o nível de CONSCIÊNCIA DA AUTENTICIDADE. Descobrimos a verdade, queremos ser verdadeiros. E a fase da INDIVIDUAÇÃO DA PESSOA, que se sente livre, independente, única. Começamos um caminho espiritual verdadeiro, místico. Mas ainda não acabou. Depois, com outra grande crise existencial de mudança, descobrimos que não podemos viver separados dos outros, da comunidade de pessoas do mundo. Estamos juntos no mesmo planeta. Começa então uma incrível jornada rumo à iluminação. Podemos trabalhar com os outros, queremos servir, ajudar, e ao mesmo tempo não perder nossa individualidade. Sentimos amor verdadeiro pela humanidade, e numa sincronicidade, a vida nos coloca em situações nas quais podemos realmente fazer a diferença. Finalmente vem a fase da Unidade. A esta fase poucos homens e mulheres conseguiram chegar, e jamais esqueceremos seus nomes: Jesus Cristo, Buda, Moisés, Mohamed...

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COMO MEDITAR Reflita sobre os níveis de consciência. Relembre diferentes fases da sua vida. Respirando suavemente, feche os olhos e relembre momentos em que você pensou que ia morrer, de tanta dor psicológica, e que depois se revelaram momentos paradigmáticos na sua existência. Agradeça toda jornada de vida que você cumpriu até aqui. Sinta amor e respeito por mesmo, por sua coragem. "A maior parte do que consideramos nossa identidade são as sombras de hábitos passados e uma sobrecarga sensorial."

Christopher Hansard, The Tibetan Art of Living

INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL

Todas as coisas e todas as pessoas estão interconectadas. O espaço está preenchido de estruturas invisíveis, canais de conexão. Na

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ciência, eles chamam isso de campos - o gravitacional, o magnético, o elétrico. As conexões invisíveis interligam tudo num tecido, influenciado pelas nossas intenções e pelo nosso jeito de ser. David Bohn, o famoso físico amigo do Dalai Lama, diz que não se dar conta dessa energia e perceber o mundo como fragmentado é uma grande ignorância. Quando nos sentimos separados, isolados, estamos nos conectando com as forças negativas da existência. Meditar, orar, por outro lado, nos conectam com energias superiores, benéficas, do amor e da generosidade. Comunhão, compartilhamento - eis o segredo da inteligência espiritual. Vivemos uma vida distraída do essencial, consumindo, curtindo coisas materiais. Precisamos despertar nossa chama sagrada. A espiritualidade não é escalar montanhas para comungar com Deus e com a natureza, meditando às margens de um rio cristalino enquanto pássaros cantam a beleza do mundo. A espiritualidade é descer da montanha e penetrar o mundo do caos, das dificuldades, do tumulto e da aflição, para transformar essas condições. Diz um antigo provérbio: "Mares serenos não fazem bons marinheiros". Viemos a este mundo para criar mudança positiva dentro de nós mesmos e no universo ao nosso redor. Conecte-se com a vida, conecte-se consigo mesmo, conecte-se com o outro... E com generosidade dê seu tempo, seu amor, sua atenção, compartilhe tudo que está nas suas mãos neste momento. Na hora da sua morte, é essa lembrança e essa sabedoria que estarão presentes. E viva feliz!

Reflexão

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No Budismo Tibetano, fala-se dos três centros de energia: o corpo, a fala e a mente. A mente é o que pensamos e sentimos; o corpo, o que agimos e a fala, o que falamos. Inteligência espiritual é prestar atenção às frases e pensamentos que pululam na nossa mente, como um disco rachado, repetindo expressões que nos foram passadas por nossos pais ou professores ("Você nunca vai aprender nada", "Você não é bom o suficiente" etc). Muitas doenças, neuroses e sofrimentos poderiam ser evitados se ficássemos alertas sobre nosso continuum mental, o que "falamos" interiormente. Mas não é só isso: o que falamos de verdade também é muito importante. Emitimos expressões duras, não apreciativas, sobre nós mesmos e sobre os outros, o tempo todo. Fazemos fofoca, dizemos palavrões, muitas vezes inconscientemente. E, quando chegamos ao terreno da ação, que é fruto do que pensamos e falamos, aí é um perigo, porque já perdemos o controle lá atrás. Sentimos que temos um "Eu", concreto, quando somos um monte de agregados, como explica o Budismo. Um desses agregados é o da forma, composto pelos órgãos sensoriais do corpo físico, que serve de base para os agregados mentais. Vemos, ouvimos, cheiramos, degustamos e apalpamos. Por meio de outro agregado, o da sensação, qualificamos mentalmente essa experiência sensorial como agradável, desagradável ou neutra. A seguir, surge o agregado da discriminação, que inclui a memória. Distinguimos um objeto dos demais, e, ao identificá-lo, nasce o impulso de "quero", "não quero" ou "tanto faz". Com esse agregado, surgem o apego, a raiva ou a indiferença. Esse impulso com relação ao objeto vai gerar uma ação (pegar, rejeitar ou manter-se indiferente). Essa ação é gerada pelo agregado dos fatores composicionais, que são as impressões cármicas em nosso continuum mental. O continuum mental é que migra de uma existência a outra. Segundo a psicologia budista, são essas

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impressões, chamadas marcas mentais, que vão determinar o comportamento de uma pessoa. Chegamos então ao agregado da consciência, que funciona como uma espécie de carimbo que autentica o desejo, a manifestação. Segundo a praticante e psicóloga budista Bel Cesar, em O Livro das Emoções, é como um fax sendo enviado. As informações estão todas lá, prontas para serem recebidas, mas, para receber um fax, você precisa dar o sinal e colocar o papel. É esse documento impresso que confirma a operação. Segundo ela, não devemos permitir que as informações ou percepções que não desejamos se estabeleçam ou se concretizem na nossa consciência. Podemos "desprogramar" esse padrão, e o segredo é não agir, pensar e falar automaticamente. Nosso precioso Eu é, portanto, resultado de uma experiência sensorial e percorre experiências mentais subseqüentes. Eu vejo (agregado da forma), gosto (agregado da sensação), quero (agregado da discriminação), ajo (agregado dos fatores composicionais) e confirmo minha ação como real, única e verdadeira (agregado da consciência). Mas pode estar tudo errado desde o início! Você já procurou um objeto, jurou que não estava lá e depois descobriu que ele nunca saiu do lugar? Já pensou ter ouvido alguém dizer alguma coisa e não foi nada daquilo? Uma vez presos aos hábitos de nosso Eu, existimos a partir de nossas emoções reativas. Quando nos libertamos dos condicionamentos do Eu, agimos com base na compreensão de que estamos todos interligados. O entendimento de que não há divisão entre nós e o mundo elimina o sentimento de carência, cuja base é esse Eu que centraliza nossa mente e constantemente duvida que poderá obter o que necessita para garantir sua felicidade. Do ponto de vista budista, a espiritualidade surge quando decidimos nos responsabilizar cem por cento por nosso autodesenvolvimento,

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purificar nossa mente de seus hábitos mentais destrutivos. Assim, abandonamos qualquer tentativa de vitimização, pois partimos do princípio de que a semente de todo conflito não se encontra nos acontecimentos externos, mas nas qualidades da mente, do Eu e seus agregados, que moldam a percepção que temos dos acontecimentos e a maneira pela qual reagimos a eles.

COMO MEDITAR Sente-se num lugar confortável, durante o dia, pegue papel e caneta. Respire profundamente 10 vezes, prestando atenção à expiração, ao ar que sai pelas suas narinas, como se você estivesse expirando toda a sua negatividade. Pergunte a si mesmo: "O que sei sobre mim mesmo que eu não gostaria que ninguém soubesse (e que eu mesmo não gosto nem de lembrar)?" Coloque no papel alguns dos pensamentos, frases e ações que você já pensou, falou e agiu, mas de que não gosta. Em outra folha de papel, escreva como você gostaria de pensar, falar e agir, imaginando tudo de maneira positiva e apreciativa. Guarde numa caixa, bem guardado, o papel com as expressões negativas. Um dia você poderá se desfazer dela. Essa meditação foi ensinada por Lama Gangchen Rinpoche.

"Nunca - mas nunca mesmo - coloque a culpa em outras pessoas ou em eventos externos."

Rabi Yehuda Berg, O Poder da Cabala

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O PODER

DA CERTEZA

"Crer para ver", diz o ditado. "A fé remove montanhas", diz outro. Chavão? Pura verdade. Lembra da história de Moisés, o povo israelita e o mar Vermelho? Fugindo dos egípcios, eles foram encurralados entre o mar e os soldados. O Faraó os perseguia, com seu exército, e do outro lado estava o mar. De repente o mar se abriu, criando duas paredes de água, permitindo que escapassem. Diz-se que Moisés havia apelado para Deus, que respondeu com uma misteriosa pergunta: "Por que estás chamando a Mim?". Dizem que quando Deus fez essa pergunta Ele estava indicando que Moisés e o povo judeu tinham o poder de abrir o mar Vermelho, de realizar o milagre. Mas eles tiveram que crer para ver, entrar no mar e acreditar. Mas então temos esse poder? Como acessar essa maravilha? Que poder é esse? Esse poder Certeza total é a raiz dos milagres, que desafiam as leis da natureza. Essas leis existem porque acreditamos nelas. Diz a ciência que criamos a nossa realidade. Do mesmo modo, dizem os ensinamentos espirituais que a nossa consciência cria a nossa realidade. Aquilo em que acreditamos é o que acabamos vivendo. Podemos pôr fim à nossa incerteza e dúvida, nos conectarmos com a Luz e milagres acontecerão na nossa vida. Mas temos que fechar as portas aos pensamentos de incerteza e acessar a realidade das infinitas possibilidades. Mas atenção: ter certeza absoluta não significa milagre garantido - muitas vezes as negatividades da vida acontecem porque, lá atrás

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ou em outras vidas, você plantou uma semente ruim que agora germinou e cresceu. Mas ter certeza absoluta liga você a Deus, à Luz, ao Grande Mistério. E sentimos e sabemos que essa mão invisível está conosco nesse jogo, ao nosso lado. Isso dá proteção, segurança, tranqüilidade nos momentos mais difíceis. Então, e você, neste momento? Qual é o seu mar Vermelho e seu Faraó, na sua vida? Vamos fazer um milagre?

Reflexão Existe um grande inimigo que trabalha para diminuir nossa fé, abalar nossa certeza e inundar tudo com um brilho falso, cheio de egoísmo. Ele se chama Satã. Pois a maior façanha de Satã é convencer a humanidade disso, de que ele não existe... De acordo com a Cabala, existem duas estações de rádio cósmicas - a Luz e Satã - emitindo sinais para nossa mente. É uma batalha pela audiência! Vamos começar descobrindo quem é quem: segundo Rabi Yehuda Berg, no livro O Poder da Cabala, qualquer pensamento que seja alto e claro e que nos encoraje a reagir a uma situação é Satã, assim como um pensamento que diga que nós somos o arquiteto do nosso próprio sucesso e que nós sabemos mais do que os outros. A noção de que nossos pensamentos são reações químicas no cérebro também é criação de Satã. Já a Luz se manifesta suave e discretamente sóbria, como um sussurro, uma fraca intuição ou, quem sabe, um sonho. Então, desconfie de tudo que aparece forte, claro e luminoso - pode ser o Bicho! E preste atenção às ondas suaves intuitivas no fundo da sua mente - é a Luz!

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Uma maneira de cortar as emissões de Satã é pararmos de reagir. Quando paramos de reagir, tomamos controle sobre nossa vida e acessamos uma sabedoria infinita. Mas vamos analisar nosso adversário, pois ele tem táticas verdadeiramente diabólicas! O principal objetivo de Satã é desenvolver em nós o desejo de receber somente para nós mesmos. desconectamos da Luz. Quando nos desconectamos da Luz, somos consumidos por pensamentos negativos, impulsos egoístas e desejos egocêntricos. Satã é um mestre em disfarces. Ele projeta a si mesmo nos outros, de forma que você reconheça todas as suas falhas em certa pessoa e a veja como inimigo. Toda vez que alguém fizer alguma coisa realmente desagradável contra você, imagine ver Satã sussurrando no ouvido dela, causando o comportamento negativo. Veja a pessoa a sua frente como um fantoche indefeso, reconheça o culpado. Outra estratégia de Satã se manifesta em alguns ditos "videntes" ou "mestres", que procuramos algumas vezes na vida na esperança de receber um alento, uma força, uma verdade, em momentos de sofrimento. Desconfie totalmente quando um desses "mestres" disser que "há um trabalho feito contra você", que você "tem muitos inimigos e invejosos de seu sucesso", que "o problema são os outros". É Satã falando pela boca dessas pessoas, iludindo você, confundindo você. Cuidado! Seu único inimigo é sua capacidade de reagir a tudo, de não assumir responsabilidade, sua procura incessante por um "curto-circuito" de prazer ou alívio da raiva. Quando um "mestre" desses diz que vai "consertar" sua vida, fazer "milagres", desconfie, saia correndo. A única pessoa que pode fazer milagres na sua vida é você mesmo, com sua fé e confiança absoluta.

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COMO MEDITAR Feche os olhos, respire profundamente e vá dentro de você, à sua mente mais profunda. Fique lá, respirando, em paz. Procure olhar para alguns momentos da sua vida, quando você acreditou que havia algum "trabalho feito contra você". Perceba o medo, a insegurança, a falta de livre-arbítrio que estiveram com você nessa hora, como se você tivesse passado um atestado de incompetência na sua capacidade de agir positivamente. Mas não sinta raiva. Sinta compaixão. Prometa a si mesmo nunca mais permitir se enganar, que agora o jogo é pra valer, que você não será joguete nas mãos de Satã nenhum, que agora você vai prestar atenção e se conectar com a Luz. Prometa a si mesmo que você vai prestar atenção aos seus impulsos egoístas, controlá-los, vigiá-los. E, com uma profunda respiração, volte ao aqui e agora, renovado, iluminado. E com muito mais fé.

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"Quando surgir um caminho espiritual na sua frente, com todas as possibilidades e desafios, pergunte-se: esse caminho tem coração?" Carlos Castañeda CAMINHOS ESPIRITUAIS Quando falamos de caminhos espirituais, não estamos falando de religiões. Falamos de estradas, de mapas, por onde podemos caminhar em busca da transcendência, em busca da nossa iluminação. Um caminho espiritual precisa ter coração, senão não seremos felizes, estaremos nos enganando. Cada ser humano é único, com uma natureza única: Podemos ter uma natureza ligada à terra, aos ancestrais. Podemos ter a natureza da adoração, da fé, se o nosso fervor toma conta do nosso ser. Podemos querer entender o mundo, sabendo que somos responsáveis por tudo que nos acontece. Podemos ir através da mente, quando usamos o intelecto, ou podemos ir pelo caminho do corpo, da ioga, da meditação. Talvez nossa natureza seja a de um coração que transborda em lágrimas quando nos lembramos de Deus. Podemos ser humanistas, ecológicos, reformadores, querendo servir à humanidade com compaixão. Podemos praticar os valores humanos, e podemos nos purificar com meditações que usam a imaginação e os mantras. Podemos querer nos conectar integrando todos os aspectos, mas ao mesmo tempo estando absolutamente tranqüilos e desapegados. Tantos mestres, tantos caminhos... E todos eles levam ao mesmo lugar, seja pelo corpo, pela mente ou pelo coração. Todos eles levam você a conhecer a sua natureza interior. Só não vale dizer que só a

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sua fé é a certa ou a única que dá resultado. Aí o jogo fica feio, e você perde a melhor parte: a possibilidade de trocar com o outro, de comungar com o outro, de entender esse mundão de Deus.

Reflexão Cada nível de consciência busca um caminho espiritual. O que falaremos agora refere-se à essência da alma, e não tem melhor, pior, superior ou inferior. É a maneira como vivemos nossas tendências, nosso carma de busca espiritual. Veja com quais você se identifica. O homem e a mulher míticos, eternos, buscam uma prática xamânica, uma consciência tribal. Pé no chão, batendo o tambor, reverenciam a vida, pedem permissão aos guardiões da energia do lugar, seguem os 11 compromissos do guerreiro espiritual, tais como foram desenvolvidos por Bernadette Vigil, aluna do xamã tolteca Don Miguel Ruiz. Esses compromissos, que se manifestam sempre em relação a si mesmo, aos outros e à natureza, são: estar alerta, ter disciplina, não julgar, ter respeito, ter paciência, ter confiança, ser capaz de amar, ser impecável com o ambiente, ser honesto, saber agir na hora certa, ser impecável com a energia. Já em outro nível, o homem e a mulher que adoram as forças da natureza e veneram os ancestrais, cujo melhor exemplo é o Candomblé, são ritualistas, fazem oferendas, acreditam no mistério, vivem em comunidade. Sabem lidar com a morte e a representam, ritualisticamente, saudando sempre os ancestrais. Trabalham com mitos, tradições antiquíssimas, gostam de contar histórias e educam assim suas crianças. Em outro nível, estão o homem e a mulher fundamentalistas. Eles podem estar em qualquer religião, mas se encontram com mais freqüência em duas religiões reveladas, o Cristianismo e o Islamismo. São chamadas de "religiões reveladas" porque tiveram

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seus profetas que as revelaram ao mundo e falam de salvação espiritual. No Cristianismo, são fundamentalistas algumas formas de protestantismo popular, e a tradição islâmica ortodoxa mostrou ao mundo recentemente, de várias maneiras, sua crença de que só existe uma forma de salvação. E o antigo "se você não está comigo, então você é contra mim". O mais interessante é que hoje em dia, século 21, vemos o embate de duas formas de fundamentalismo, com a cruzada americana contra alguns países islâmicos, e o ódio desses países ao way oflife americano. Somente uma das centenas de religiões vindas da índia pratica sua fé de maneira fundamentalista, que é o movimento Hare Khrishna. Nessa fé, só há salvação se você está dentro do movimento. O fundamentalista vê Deus fora de si mesmo, lá no céu. Não se sente digno de que Deus esteja em seu coração, vibrando em suas veias, e abomina toda e qualquer outra religião que seja aberta e franca em relação a isso. Aqui acontece uma grande virada de consciência, quando homens e mulheres começam a meditar através da mente, do intelecto, buscando uma consciência desapegada e desidentificada com o ego. Aqui se encontram tradições do Vedanta Advaita hinduísta e da Cabala judaica, profundamente intelectuais. O importante é estar presente, sentindo uma energia de dentro para fora, não mais de fora para dentro. A intenção aqui é conquistar a liberdade nesta vida, e não abandonar a racionalidade. Para aqueles homens e mulheres que são afetivos/relacionais, guiados profundamente pelo coração, para os quais é impossível abordar Deus através da racionalidade, existe esse outro nível, onde se vivência o êxtase, o derreter do coração. Nesse nível está o Sufismo, que é embriagar-se de Deus, como se Ele fosse um vinho maduro. O Sufismo é a parte esotérica do Islamismo, e muitos

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poetas, cantores e dançarinos sufis foram mortos pelos fundamentalistas, quando em êxtase gritavam que "eram Deus, que estavam possuídos por Deus, que tinham Deus em seus corações". O Sufismo trabalha muito o coração, a respiração através do coração, a entrega total à existência. O Budismo, seja ele Mahayana (baseado no servir a humanidade, professado pelo Dalai Lama), Zen (baseado no vazio de tudo, muito praticado no Japão) ou Vajrayana (lida com os canais de energia, busca a iluminação nesta vida, depende de um mestre para "transmitir à pessoa o poder para praticar"), trabalha com valores humanos, com a responsabilidade, com a consciência global. Promove uma grande mudança, pois observa o mundo de pontos de vista inusitados, de espaços que nunca pensamos existir. Homens e mulheres que buscam o Budismo, quer raspem a cabeça ou não, passam por uma grande transformação existencial, passam a desenvolver a compaixão. E ainda tem o Taoísmo, inspirado no we wu wei, chinês, que significa que "a grama cresce, não precisamos fazer nada". Não fazer nada é fazer muita coisa! Talvez seja o mais difícil no mundo não querer nada, não fazer nada. Significa aceitação total da vida. Trabalha-se muito no Taoísmo, medita-se nos canais de energia, com a energia vital. Homens e mulheres que praticam o Taoísmo geralmente têm muita saúde e vida sexual intensa até a alta velhice.

COMO MEDITAR Leia o texto anterior com atenção. Sente-se com os olhos fechados, respirando profundamente. Pergunte a si mesmo: "Qual é meu caminho espiritual?" ou "Estou no caminho certo?".

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Fique em silêncio, respirando. Veja-se em cada uma das imagens citadas no texto: como um xamã, como um adorador das forças da natureza, como um fundamentalista, como um cabalista, como um buscador vedanta, como um sufi girando em torno de si mesmo, como um budista, nas suas diferentes correntes, ou como um taoísta. Quem sabe você é pura e simplesmente um espiritualista? Ou um bom e liberal católico? Será que você é ateu? Veja as diversas etapas da sua vida. Assuma sua verdadeira fé. Agradeça às energias que trouxeram você até aqui, neste momento; que elas continuem guiando sua vida. Amém! "É possível escolher a paz ao invés do conflito, o amor ao invés do medo. Amar é abandonar o medo. Não veja ninguém como culpado, assim você afirmará a verdade da inexistência da culpa dentro de si mesmo."

Jerry Jampolsky, criador do grupo Cura das Atitudes, autor do livro Mude sua Mente, Mude sua Vida.

A IMPORTÂNCIA DA ATITUDE

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Uma vez, conversando com um velho sábio, desses que viveram e pesquisaram muito, uma amiga perguntou: "De tudo que você aprendeu sobre psicologia, mitos e tradições espirituais, bem como do mundo científico, qual seria o aprendizado mais significativo da sua vida, a essência de tudo?". E o sábio respondeu: "Atitude. E a atitude que mais importa", disse ele, "é a de viver plenamente no agora, com qualidade e presença. E com doçura". Viver com qualidade, presença e doçura requer uma cura interior, em relação às nossas atitudes. Existe um ensinamento lindo de um grupo que se chama Cura das Atitudes. São 12 passos. Vamos lá: 1. A essência do nosso ser é amor. 2. Saúde é paz interior. Curar é abandonar o medo. 3. Dar e receber são a mesma coisa. 4. Podemos nos desprender do passado e do futuro. 5. O agora é o único tempo que existe, e cada instante é para nos doarmos. 6. Podemos aprender a amar a nós mesmos e aos outros, perdoando ao invés de julgando. 7. Podemos nos transformar em pessoas que vêem o amor e o que une em lugar de pessoas que vêem o erro e o que desune. 8. Podemos escolher nos direcionar para a paz interior, independente do que está acontecendo no exterior. 9. Somos alunos e professores uns dos outros. 10. Podemos nos concentrar na totalidade da vida, e não nos seus fragmentos. 11. Sendo o amor eterno, não existe razão para temer a dor e a morte. 12. Podemos sempre ver a nós mesmos e aos outros como seres que ou oferecem amor ou suplicam ajuda...

Reflexão

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Recomendo a visita ao site www.cca.org.br, onde você poderá entrar em contato com os grupos que praticam a Cura das Atitudes no Brasil e no mundo. Mas, por agora, escolhi um dos tópicos mais interessantes dessa lista de 12 itens para aprofundar. Todo esse trabalho começou nos Estados Unidos, quando Jerry Jampolsky, movido por uma grande compaixão, quis ajudar pessoas doentes a morrer com amor e dignidade, e pessoas não doentes a elaborar sua cura espiritual, criando a primeira comunidade para suporte dessa prática - a Cura das Atitudes. É impressionante: curando nossas atitudes, podemos curar nossa vida! A filosofia da Cura das Atitudes fala que temos de mudar nossa percepção para olhar o mundo com olhos mais amorosos. Lidar com a culpa, olhar o passado com clareza, trazer mais harmonia à vida. Libertar-se do medo por meio do amor, conquistando a paz interior. Amar a si mesmo, libertar-se dos vícios, os pequenos e os grandes. Eles trabalham também com o famoso livro Um Curso em Milagres, baseado nos ensinamentos de um Jesus moderno, uma obra transformadora para milhares de pessoas em todo o mundo. Nunca é suficiente repetir que o que quer que vejamos ou escutemos, ou as emoções que experienciamos, se originam nas nossas mentes. Nossas ilusões a respeito de nós mesmos e do mundo que vemos são uma só e as mesmas. Quando estamos chateados, nos vemos limitados e nos sentimos vítimas do mundo. Esses sentimentos não têm nada a ver com o mundo externo. Eles são simplesmente reflexo dos nossos próprios pensamentos. Nosso ego não quer que acreditemos que são nossos próprios pensamentos que nos machucam. Ele não quer que acreditemos que o que vemos e ouvimos é somente uma projeção dos nossos próprios pensamentos, que nos mantêm separados e limitados. Mais do que tudo, nosso ego não quer que acreditemos que a percepção é uma escolha, e não um fato. O ego é tão astuto em disfarçar isso que caímos na armadilha de acreditar que somos

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vítimas das nossas próprias percepções. A única coisa que pode nos resgatar é o conceito do perdão. Por meio do perdão, somos capazes de remover os limites que nos impomos, e ver a luz em nós mesmos e nos outros. Nosso ego-mente tem técnicas muito engenhosas e traiçoeiras para nos bloquear de tomar como nossa a responsabilidade dos nossos próprios pensamentos. Por exemplo, ele nos encoraja a fazer avaliações e interpretações para que justifiquemos o medo e as percepções da dor e da angústia; ele quer que tenhamos dúvidas e incertezas; seu inimigo é a paz. Pelo uso da decepção, ele nos faz acreditar que todos os nossos sentimentos de infelicidade e transtorno são causados por outras pessoas ou condições externas. O conceito de intemporalidade está além da compreensão do ego. Ao contrário, ele nos pede para aceitar como real um mundo cuja existência depende do passado, presente e futuro. Além do mais, ele reforça a ilusão de que somos limitados no presente pelo que aconteceu no passado e que provavelmente acontecerá novamente no futuro. Para que o ego sobreviva, é necessário que acreditemos que somos separados de todas as outras mentes e limitados às dimensões do nosso corpo físico. Seu plano de sobrevivência está baseado no armazenamento de mágoas e na luta de corpos separados, e sua realidade é um mundo de fragmentação e separação, onde somos limitados pela culpa e pelo medo, e o amor está faltando. Depende de nós se queremos viver no mundo de Deus ou no mundo do ego. Depende de nós escolher qual voz queremos ouvir. Podemos ter consciência de cada instante como um momento no qual podemos ter consciência e vivenciar o amor eterno de Deus, ou podemos escolher acreditar que somos limitados e aprisionados pelo nosso ego autocriado, do qual não há escapatória. Eu posso me preocupar com medos de limitações do passado projetadas no futuro, mas eu posso viver apenas este momento presente. Este momento é precioso porque ele é diferente de

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todos os outros. Enquanto a oportunidade para meu crescimento pessoal e realização sempre existiram e vão existir, nunca haverá um tempo melhor do que agora. E nunca haverá um lugar melhor do que aqui. COMO MEDITAR Lembre-se repetidamente durante o dia de hoje, quando você for tentado a se sentir culpad ou viver no passado ou no futuro: "Eu posso viver aqui e agora sem medo ou limitações". Pense em uma parte da sua vida em que você é tentado a se ver limitado pelo que outras pessoas pensam de você ou pelo que tenham feito para você. Lembre-se de que a percepção é uma escolha, não um fato. Lembre-se de que o que você vê fora é um reflexo do que você primeiro vê dentro da sua própria mente. Escolha o dia de hoje para ter somente pensamentos de amor. Escolha o dia de hoje para se ver sem limites. Reveja este pensamento freqüentemente no dia de hoje: "Quando eu mudo meus pensamentos a respeito de mim mesmo hoje, eu percebo que Deus me criou sem limites. Agora eu posso ver o mundo de uma forma diferente por meio do reconhecimento de que eu não sou uma vítima". Repita durante o dia quando você se sentir tentado a se ver de forma limitada: "Somente meus pensamentos de amor são reais. É somente isso que eu tenho nesta situação (especifique) ou com esta pessoa (nome)".

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"Descanse em grande paz natural Esta mente exausta pelo carma e pensamentos neuróticos Como a fúria das ondas que quebram No infinito oceano do samsara." Nyoshul Khen Rimpoche

ESTUDOS PSICOLÓGICOS DA ALMA

Nenhuma cultura conseguiu melhor definir os estados psicológicos da alma que o Budismo Tibetano. Eles são geniais quando explicam que o que chamam de seis reinos da existência não são apenas universos paralelos que existem, mas estados psicológicos pelos quais passamos todos os dias. Algumas vezes, passamos por todos, num dia... E esses reinos também são lugares para onde podemos ir, se morremos vivendo as emoções correspondentes. Eles descrevem esses seis reinos em: inferno, onde impera a raiva; fantasmas famintos, onde impera a avareza; animais, onde impera o medo; o reino dos humanos, movido pelos desejos; os semideuses, movidos pela inveja; e os deuses, movidos pelo orgulho. Vamos explicar melhor: no inferno, caímos pela raiva; a violência impera; cegos de raiva, vamos ao mais extremo limite. A imagem é uma luta sem fim. No reino dos fantasmas famintos, renascemos sem poder desfrutar, no meio das maiores iguarias e vinhos do mundo, porque fomos avarentos na nossa vida. A imagem é a de uma insatisfação sem fim.

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No reino dos animais, que é para onde vão aqueles que abusaram de outros e que foram caçadores nesta vida, como numa cadeia alimentar, se caça e se é caçado, num medo sem fim. O reino humano é considerado o melhor para se renascer, pois não tem a desgraça dos anteriores nem as distrações dos reinos superiores. A tristeza do reino humano é a consciência perene da morte e da impermanência... Depois, vêm os reinos superiores, dos semideuses e deuses. Os semideuses têm quase tudo que os deuses têm... quase tudo. Daí nasce a inveja... A árvore dos desejos nasce na terra dos semideuses, mas dá fruto na dos deuses... Então eles estão sempre desejando a completude dos deuses, entrando em guerra com eles, e sempre perdendo... Já os deuses... quer coisa mais perto dos deuses que as celebridades da nossa era? Muitos se consideram eternos e, movidos pelo inextinguível prazer, vivem uma vida de deleites, até que caem... Porque os deuses também caem... e morrem, depois de milhares de anos. E, quando um deus morre, ele morre sozinho e abandonado, porque os outros não querem nem tomar conhecimento, entretidos que estão no seu paraíso.. Agora veja esse mito como estados da alma que acontecem dentro de você... movido pela raiva, ou pela luxúria, ou pela avareza, ou pelo desejo ou pela inveja, ou pelo orgulho... Quem é você?

Reflexão A mándala que encerra todos os reinos que descrevemos anteriormente é a Roda da Vida, que está sendo segurada como um espelho pela imensa deidade do Budismo, Yama, o Senhor da Morte. Nada escapa da morte, tudo é impermanente. Os seis reinos são, no fundo, estados da existência samsárica. A Roda da Vida apresenta os diferentes níveis e etapas de vivências; o condicionado, o relativo e a interdependência que há em tudo; os

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condicionamentos humanos e finalmente as causas cármicas e os efeitos cármicos da existência. As divindades da Roda da Vida podem ser pacíficas ou iradas - mas são expressões da nossa mente, não vivem fora de nós. No disco central da Roda, vemos três animais: o porco, o galo e a serpente, um mordendo a cauda do outro. Representam a ignorância, o apego/desejo e o ódio. Representam o sofrimento humano. O porco simboliza a ilusão e a ignorância sobre a impermanencia. O galo representa o desejo, a luxúria, o apego, a ganância, o agarrar-se à vida e o medo da morte. A serpente traduz a aversão, a ira, o ódio que envenenam a vida terrena. Chogyam Trumgpa, um dos maiores mestres do Budismo que vieram do Tibete para o Ocidente, explica que essa visão dos reinos é puramente mental - que eles não existem fisicamente, mas emocional e mentalmente. Só podemos sair do samsara representado pela Roda da Vida por meio da liberação, da iluminação, do nirvana, que é o estado não condicionado. Para isso, em cada um dos reinos de existência há um Buda. Se nos lembramos dele, se nos conectamos a ele, podemos sair de onde estamos. Mesmo no reino do inferno há um Buda. Isso demonstra a imensa compaixão que o Budismo exala - até no mais baixo nível de carma podemos encontrar a saída, a liberação, o nirvana.

COMO MEDITAR Considerando que até dos infernos podemos nos libertar, seja qual for seu estado mental neste momento, feche os olhos e vá para dentro de você, respirando profundamente. Tente ver

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seu estado, sua situação, e procure o Buda em seu interior. Imagine sua figura, do jeito que você quiser. Sinta que por meio da conexão com esse Buda você compreende onde está sua ignorância, onde está seu desejo, onde está sua ganância. Sinta que uma luz branca entra pelo topo de sua cabeça, purificando, lavando tudo, trazendo consciência e luz. Quando estiver pronto, abra os olhos. "A mais poderosa musa de todas é a nossa própria criança interior."

Stephen Nachmanovitch, músico e compositor

VOCÊ É CRIATIVO? Todos somos criativos. E, quando começamos a entender e a praticar a inteligência emocional e espiritual, nossa vida passa a se expressar com mais firmeza, clareza, gentileza e passamos a nos comunicar melhor com os outros, a ser mais criativos. Mas podemos ir mais além, podemos ser geniais. Para sermos geniais, precisamos não ficar satisfeitos com os talentos que já temos e exercitamos com maestria; precisamos mudar de hábito, isto é, experimentar outras aptidões, ampliar nossa percepção. Existem cinco tipos de criativo. Vamos ver como você se encaixa neles.

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Tem o visionário, que tem o poder de criar imagens. O visionário consegue criar imagens em sua mente, e essas imagens se tornam propulsoras de idéias geniais. Você utiliza esse poder todos os dias: você consegue imaginar o último arremesso do time, ver o cabelo de sua filha ao vento ou como sua sala ficaria pintada de outra cor. Os visionários são orientados pelas imagens na sua mente, visualizam em grande detalhe, mantêm essas imagens no decorrer do tempo, amplificando-as. Mozart era um visionário, e ele descreveu que, "quando sou completamente eu mesmo, inteiramente sozinho e me sentindo à vontade, o tema, embora possa ser grande, aparece quase por completo e concluído na minha mente, e eu posso observá-lo num relance de olhos". Tem o observador, que tem o poder de captar o detalhe. Os observadores captam os detalhes do mundo que os circunda e os reúnem para formar uma nova idéia. Os observadores pesquisam seu ambiente em busca de informações interessantes e utilizam esses dados para criar avanços. Quando Walt Disney levou sua filha para brincar no parque, percebeu que os adultos pareciam entediados, os brinquedos estavam quase parados e os operadores não eram simpáticos. Ele pensou: "Não seria agradável que existisse um lugar onde crianças e adultos pudessem se divertir juntos?". E tem também o alquimista, que tem o poder de unir domínios. O alquimista reúne domínios separados - diferentes idéias, disciplinas ou sistemas de pensamento - e os conecta de um modo singular para desenvolver idéias avançadas. Os insights do alquimista se originam do aproveitamento ou mesmo do roubo de idéias. Eles são motivados a criar uma ampla gama de interesses e levam vidas que unem trabalho e ação. O arquiteto que criou os edifícios mais originais da história da arquitetura americana utilizou as técnicas do alquimista. Sua genialidade consistiu em combinar a arquitetura dos edifícios com a natureza local.

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Tem o tolo, que possui o poder de celebrar a fraqueza... Considerado a face mais completa do gênio, os tolos têm três aptidões relacionadas: são insuperáveis na inversão, vêm sentido no absurdo e possuem uma perseverança sem limites. Um cientista estava buscando uma fórmula química e acidentalmente a colocou no radiador do laboratório. No dia seguinte, ele percebeu uma superfície dura e resistente. Em vez de jogá-lo fora e considerar a experiência um fracasso, ele analisou o acidente. Assim, nasceu o Teflon... Ah, e tem o sábio, que possui o poder de simplificar. O sábio reduz o problema à sua essência e no processo cria uma idéia genial. Aproveita a História como fonte de insight criativo. Um dos pais da fotografia norte-americana foi um sábio. Ao ficar encantado com um pintor holandês que viveu trezentos anos antes, ele desenvolveu um trabalho fotográfico completamente novo. Como você tem suas idéias? Como é seu pensamento criativo? Quem é você criativamente?

Reflexão Durante a Segunda Guerra Mundial, havia um avião, o B-29, chamado de "Fortaleza Voadora". Esse avião exigia, por determinação explícita de seus fabricantes, um óleo de rigorosa especificação. Acontece que, um dia, um desses B-29 voava sobre a França ocupada e recebeu um balaço no sistema hidráulico, e aquele precioso óleo foi literalmente para o espaço. A tripulação conseguiu vedar o furo, mas do óleo, que é bom, não sobrou uma gota. Não havia reserva desse óleo a bordo, e o avião começou a cair. Que fazer? Se aqueles caras a bordo continuassem pautados pelas recomendações dos engenheiros da Boeing, Lockheed e Douglas,

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suas viúvas receberiam, em poucos dias, uma comunicação tarjada de preto... Pois conta a história que os oficiais urinaram tudo o que podiam dentro do sistema hidráulico do B-29... E o avião, com os motores em brasa, aterrissou em Londres. Essa historinha coloca em pauta os elementos necessários à manifestação da criatividade, que são: bom humor, irreverência e pressão. Bom humor - É óbvio que, pelo menos, quem teve a idéia salvadora não se apavorou, não se desesperou, não entrou em pânico quando a aeronave, sem óleo, começou a cair. E óbvio que essa pessoa se sentiu duplamente alerta, motivada e excitada para arrumar um jeito qualquer de resfriar os motores, mesmo sem líquido a bordo. É provável que todo mundo tenha urinado no sistema hidráulico rindo sem parar! Irreverência - Para urinar naqueles motores, eles tiveram de mandar para o espaço todas as estritas e valiosas recomendações técnicas dos engenheiros da Boeing, Lockheed e Douglas... Pressão - A pessoa que teria a idéia salvadora, ao se ver a 10 mil metros de altitude, longe da base, sem o precioso óleo que a mantivesse lá no alto por muitos minutos, não programou uma reunião nem começou a ler um manual técnico. Sua urgência era absoluta!

COMO MEDITAR A criatividade, o insight, acontece quando nosso cérebro direito, nosso lado artista, se conecta com nosso cérebro esquerdo, nosso lado racional. Acontece uma sinapse, que libera uma energia elétrica no cérebro. A meditação leva a insights, quando descobrimos nossa própria identidade, nosso lugar no esquema do Universo. Pela meditação, adquirimos e identificamos nossa

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conexão com uma fonte de energia interior que tem a habilidade de transformar nosso mundo exterior. Sente-se confortavelmente, respire e feche os olhos. Imagine seu cérebro, com o lado direito artista e o lado esquerdo racional, e visualize uma pequena ponte entre eles, uma ponte luminosa e radiante, por onde circulam suas melhores idéias, pensamentos e insights. Fique assim por alguns minutos. Depois, abra os olhos e vá para seu dia-a-dia. "Raramente ou nunca um casamento se torna uma relação entre indivíduos sem que haja problemas ou crises. A consciência não pode nascer sem sofrimento."

CG. Jung

HARMONIA ENTRE PARCERIA E COMPETIÇÃO A habilidade de se envolver - com outras pessoas, com outras formas de conhecimento -, isso é parceria. Parceria é uma sinergia. Já a competição, esse velho sistema de dominação, é um sistema auto-organizado e que se automantém, cuja dinâmica é alimentada pelo desejo de escapar do medo e da dor. Desde que não é possível escapar do medo no sistema de dominação, quanto mais alto se chega, maior é o nível de paranóia encontrado... Para entrar no sistema da parceria, é necessário revisar drasticamente a nossa forma de compreender o mundo - até pelo fato de que em geral as pessoas tendem a associar parceria com cooperação, e dominação com competitividade. Mas trabalhar em parceria não significa eliminar a

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competição, pois ela pode ser extremamente benéfica, e a diferença está na interpretação do poder - no sistema de dominação, poder é ter poder sobre os outros, motivado pelo medo de que, "se nós não os controlamos, eles vão nos controlar". No sistema de parceria, poder é algo que vem de dentro, um poder que "capacita a nós e a eles atingirmos a meta que desejamos". Esse poder é motivado não pelo medo, mas pelo desejo de facilitar o pleno acesso, evolução e refinamento dos potenciais e talentos inerentes a todos. Isso requer maturidade, disposição e disponibilidade para trilhar a rota pouco explorada de viver com respeito e prazer. Isso é ser apreciativo, apoiar a competência e poder pessoal dos outros, bem como alimentar a própria competência e poder pessoal. Um dos indicadores de que essa coisa está funcionando é o encantamento que é produzido. Encantamento é aquela sensação mágica de arrebatamento, de sedução, de sentir-se cativado, de sentir-se alegre e satisfeito por estar recebendo um produto ou serviço que realmente excede as expectativas. Outro indicador é a capacidade de usar a habilidade criativa para entender a parceria e a competição, como, por exemplo: Na parceria, aproveitar para criar o efeito dominó: • na participação, • no elevar o nível da confiança, • no criar de uma linguagem que expressa de verdade. E, na competição, criar o efeito mudança radical com: • atividades inusitadas, • assumir riscos, • ruptura com hábitos obsoletos. A parceria desperta, consciente, sincronizada, bem encaixada é aquela que faz a vida se tornar viva... E isso vale para todos os tipos de parceria: nas organizações, no trabalho, no relacionamento amoroso. E você, está pronto para viver parcerias de verdade?

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Reflexão A maior parceria que existe é o casamento. Por isso, vamos nos aprofundar nesse tipo de parceria, que começa romanticamente inconsciente ("Fomos feitos um para o outro!") e, se não caminha na direção da consciência, pode se tornar uma luta desvairada pelo poder. O Dr. Harville Hendrix, autor do livro Todo o Amor do Mundo, um dos maiores terapeutas conjugais conhecidos, desenvolveu práticas e exercícios inteligentíssimos, cheios de sensibilidade e sabedoria, para nos ajudar a transformar nossos relacionamentos em fonte de crescimento psicológico e espiritual. É importante aprender a dialogar, a ouvir, a compreender a si mesmo e ao outro, curando antigas feridas neuróticas e abrindo-se para a verdadeira intimidade. No fundo, queremos viver com alguém para amadurecermos juntos, compreendermos o mundo juntos, sermos um bom espelho um do outro, sermos felizes. A psicologia dos relacionamentos amorosos é bem diferente e mais difícil que a psicologia individual; afinal, são duas pessoas vivendo juntas, com toda a sua carga de neuroses e dores de infância mal resolvidas. Por isso, os casamentos às vezes se transformam em campos de batalha. A maioria deles balança entre o amor e o ódio, porque escolhemos para compartilhar da nossa intimidade exatamente pessoas que inconscientemente nos relembram os que tomaram conta de nós quando éramos pequenos. Foram críticas, julgamentos, abusos ou isolamentos a que fomos submetidos, em nome do amor do nosso pai ou da nossa mãe. Hoje, mesmo que tenhamos feito muita terapia, não sabemos o que fazer quando vivemos com alguém que amamos. É como um espelho quebrado: às vezes parece que uma necessidade nossa é exatamente aquilo que o nosso companheiro não pode nos ajudar a preencher; ou que uma exigência do nosso parceiro é exatamente aquilo que odiamos fazer.

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Isso cria muita tensão e às vezes pensamos que o divórcio seria a melhor solução, por criar a oportunidade de buscar a felicidade em outra relação, em outra parceria. É lá vamos nós, carregando o nosso armário com o esqueleto da nossa programação inconsciente para o próximo relacionamento, começando toda a infelicidade de novo.

COMO MEDITAR Não podemos conhecer o outro se não nos conhecermos melhor. Mas, como todos nós estamos em processo de crescimento existencial, a única solução é ir fazendo a faxina interna e ao mesmo tempo estando aberto e receptivo ao outro, seja nosso parceiro ou companheiro de vida. E a melhor maneira de estar aberto e receptivo é aprender a ouvir. Todo trabalho na terapia de casais do Dr. Harville Hendrix é baseado na nossa capacidade de ouvir o outro. Então, a nossa meditação vai ser, caso você esteja numa demanda com seu parceiro ou companheiro, estar aberto quando ele falar. Pare seu diálogo interno e ouça completamente. Repita para ele o que você está compreendendo, para não deixar dúvidas. Às vezes ouvimos com um filtro que coloca mais barulho na comunicação. Como um espelho, impecável, repita: "Então eu entendi que você falou...". E deixe ele confirmar. Peça que ele haja da mesma forma com você. Milagres acontecem quando ouvimos e somos ouvidos! Surge a compreensão...

"O elemento ar está representado na vida pela vastidão de seu coração e é focalizado pelo seu olhar. Quando você puder

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concentrar a vastidão do seu coração dentro de seus olhos, irá desenvolver um olhar poderoso."

Puran Bair

COMO USAR A INTUIÇÃO

Dizem que a intuição é a "primeira mente", aquela que aparece pura, direta, o primeiro pensamento sobre alguma coisa. Ele é uma percepção direta do mundo, nossa sabedoria intuitiva. Aqui, alguns métodos para acessar a nossa intuição natural, desenvolver a espontaneidade da nossa primeira mente: • Pensar em outro lugar: dar uma voltinha, conversar sobre outro assunto, ir a uma palestra interessante sobre um tema diferente, dar uma corrida, respirar ar puro, olhar perdidamente através da janela, dar uma dormidinha, sair de férias. • Fazer um pedido: formular a questão para o subconsciente de forma simples e direta, depois que o assunto já foi bem ventilado. Pensar sobre a pergunta de maneira focalizada e consciente, depois deixar de lado, e se ocupar ou se distrair com alguma coisa. Isso permite que a resposta emerja de algum lugar, em geral de uma fonte inesperada. Quanto mais específica é a pergunta, mais direta é a resposta. • Sonho lúcido: os sonhos são um caminho eficiente de acesso à intuição. Logo antes de dormir, peça à mente subconsciente para resolver o problema ou resolver a questão durante o sono, e que o sonho traga a mensagem necessária. Ajuda dormir afirmando: "Ao acordar, vou saber como resolver isso...". • Sinais sutis: lampejos intuitivos podem aparecer sob a forma de sons, imagens, sensações cinestésicas do tipo arrepios, um odor no ar, uma brisa que toca a pele... Eles servem como uma guiança para

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a validade da percepção, sempre balanceados pelo bom senso e pela sensibilidade. • Escuta interna: a intuição se manifesta nos interstícios do "diálogo interno" da análise mental regular. É preciso "ouvir" esse diálogo, e não comandá-lo. Uma forma de libertar a mente controladora é se entregar a um relaxamento do tipo: liberar idéias preconcebidas, deixando ir embora a idéia que parece a "certa"; aquietar o diálogo interno - esvaziar a mente; fazer a pergunta de forma simples e objetiva; ouvir sem avaliar, prestando atenção nas respostas, sem julgamento. Reflexão Existe um segredo sufi para que possamos expandir nossa intuição. E um tipo de respiração, ligado ao elemento ar, em que inspiramos e expiramos pela boca. O ar entra e sai pela boca. Tal tipo de respiração nos dá a sensação de ausência de limites, já que essa técnica faz com que nossos pensamentos, que se manifestam em forma de partículas, se expressem em forma de ondas. A definição de onda e partícula vem da física quântica. No livro Meditando no Ritmo do Coração, de Puran Bair, aprendemos não só essa técnica, mas outras, ligadas aos elementos terra, fogo, água, cada uma com um objetivo diferente e um jeito diferente de respirar. Mas vamos à intuição: quando respira desse jeito, apenas pela boca, você surpreende seu cérebro e começa a ver as coisas de outra maneira. Abrem-se os canais da percepção, e a intuição pode fluir. Você compreende melhor as coisas, os problemas, as possibilidades. Quando se conecta com essa onda, você coexiste com o Sol, a Lua e todas as estrelas, bem como com todas as pessoas vivas em todos os lugares. Quando você quiser fazer uso da intuição, terá de privar-se temporariamente de sua capacidade de avaliação, porque ela utiliza elementos em forma de partículas. Isso significa que, se você tem uma decisão preferida, um resultado ou uma conclusão em mente,

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não pode fazer uso da intuição, porque sua capacidade de avaliação orientaria o processo intuitivo em direção ao resultado desejado. Sua intuição seria distorcida para se ajustar à sua avaliação. A intuição é uma poderosa e acurada faculdade, inata e natural a todas as pessoas. Ela nunca o abandona, mas você tem de saber como discriminar entre intuição e raciocínio. Usando essa técnica, você passa a ver a natureza das coisas. Ao olhar para uma flor, você vê a beleza, a vida, a graça e tudo o mais que a flor representa. Ao olhar para uma pessoa, sua visão revela não apenas a aparência e a atual situação dela, mas suas qualidades e potenciais. Ao olhar para uma situação, sua visão revela a causa que está por trás da causa aparente. Em cada problema, você vê seu contexto. O problema aparece como o centro de um problema maior. Tratar o problema maior de maneira específica o leva a tomar decisões sábias. Só tenha cuidado para não hiperventilar e ficar tonto. Faça esse exercício sempre num lugar seguro, na sua casa, nunca dirigindo um carro.

COMO MEDITAR Sente-se num lugar calmo, dentro de casa, talvez seu cantinho de meditação, e tenha uma questão em mente, alguma coisa que queira desvendar a respirar suavemente pela boca, tanto a entrada como a saída de ar. Sinta seu coração se expandindo em todas as direções. Deixe-se ficar vazio, entenda esse conceito de partícula e onda - a partícula sendo o específico, a onda sendo o genérico. Identifique-se com a onda. Fique assim por 10 minutos, sem pensar no problema, sem tentar dirigir nada. Quando acabar, observe suas sensações e percepções. Com toda certeza, você terá resolvido sua questão.

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"A palavra não é apenas um som ou um símbolo escrito. A palavra é força; é o poder que você possui para expressar e comunicar, para pensar, e quem sabe criar os eventos da sua própria vida."

Don Miguel Ruiz

O COMPROMISSO COM A ÉTICA

Para sermos mestre da própria vida, precisamos prestar atenção em como nos movemos neste mundo. Precisamos estabelecer um compromisso com a ética. "Ambição é tudo o que você pretende fazer na vida... Já ética são os limites que você se impõe na busca da sua ambição...". Um forte exemplo de compromisso com a ética está no tratado "Os Quatro Compromissos do Guerreiro Espiritual", desenvolvido pelo xamã tolteca mexicano Don Miguel Ruiz. São quatro simples e profundos compromissos. Vamos lá: 1. Seja impecável com sua palavra. Fale com integridade. Diga realmente o que você quer expressar. Evite usar a palavra para falar contra si mesmo ou fazer fofoca sobre os outros. Use o poder de sua palavra na direção da Verdade e do Amor. 2. Não leve nada ao nível pessoal. Nada

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do que os outros fazem é por sua causa, nunca. O que os outros falam e fazem é projeção da realidade deles, do sonho deles. Quando você é imune às opiniões e ações dos outros, você não será vítima de sofrimento desnecessário. 3. Não faça suposições. Encontre coragem de fazer perguntas e expresse o que você verdadeiramente quer. Comunique-se com os outros o mais claramente possível para evitar mal-entendidos, tristeza, dramas. Seguindo apenas este compromisso, você pode mudar completamente a sua vida. 4. Sempre faça o seu melhor. Seu melhor vai mudar de momento a momento; será diferente quando você estiver saudável, de quando estiver doente. Em qualquer circunstância, simplesmente dê o seu melhor, e você evitará ficar se julgando, abusando de si mesmo, e evitará remorsos. Enfim, a ética é feita de nossos valores e escolhas. Ser impecável com nossos valores e escolhas, independentemente da pressão externa, do mundo, é a chave de toda a ética. Quais são seus valores? Quais são suas escolhas? Quem é você? Qual é sua ética? Reflexão Vale a pena ressaltar que a verdadeira ética não tem nada a ver com moral ou certo e errado. Transcende as regras, leis ou qualquer código de comportamento estabelecido pela sociedade. No universo dos feiticeiros descrito por Don Juan, na obra de Castañeda, não há ética. Basta ser impecável que, como conseqüência, não faremos mal a ninguém, não ultrapassaremos o limite do outro, fluiremos em harmonia com a natureza. Não há ganhadores nem perdedores... Tudo acontece como tem de acontecer. E o que é ser impecável? É usar a energia de forma eficiente, nem mais nem menos. Toda vez que temos uma atitude

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incorreta, uma parte de nós se preocupa e não ficamos inteiros no aqui e agora, perdemos energia. Para isso, é necessário estarmos alinhados, no nosso centro. Por exemplo, observar como usamos as palavras, dentro e fora, nos dá uma clara idéia de como perdemos energia à toa. Ao adotarmos os compromissos que Miguel Ruiz sugere, estaremos com certeza usando nossa energia da forma mais correta possível. Não haverá um desgaste de energia, e o resultado de nossas ações certamente será o melhor para nosso planeta e para nós mesmos. Sem ecologia interior - que se reflete numa vida em harmonia, em impecabilidade, em integração corpo/mente/espírito, em sustentabilidade do nosso ser e em alegria e criatividade, além de muita responsabilidade -, não há verdadeira sustentabilidade social e ambiental. Não é possível uma verdadeira ética. Todos os processos verdadeiros começam no nosso interior. Não se alcançará uma sociedade sustentável se uma massa crítica não estiver pronta, cultivada, trabalhada internamente. Senão, fica tudo do lado de fora, na superfície, em atitudes que se revelam neuróticas, agressivas, na hora de uma crise, uma maneira estranha de querer mudar o mundo, como se ele estivesse lá fora, bem longe... quando ele é o reflexo puro das nossas pulsões...

COMO MEDITAR Primeiro, feche os olhos e respire profundamente. Sinta seu plexo solar, abaixo do peito - a boca do seu estômago, literalmente. Aí está o seu poder pessoal, a sua força interior, a sua impecabilidade de energia. Sinta uma luz amarela entrando por esse chacra, no plexo solar, como se fosse o próprio Sol esquentando essa parte do seu corpo e propiciando a você força, coragem, alegria, poder. Agora sinta o

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contrário: a luz amarela sai do seu plexo solar iluminando tudo a sua volta. Lembre-se dessa meditação em situações de liderança. As pessoas se sentirão atraídas pela sua luz, mas não se esqueça: ela não pertence a você; ela vem de Deus... Isso é ser impecável com a energia. "Per - DOAR For- GIVE Per - DONAR Nessas três línguas está implícita a palavra 'doar'; quem sabe quando perdoamos nos 'damos'."

Patrícia Aguirre

O PODER DO PERDÃO

Algumas pessoas, graças a seu temperamento inato, têm maior facilidade para perdoar do que outras. Para alguns, trata-se de um dom; para a maioria, trata-se de uma técnica a ser aprendida. Mas, sem dúvida alguma, perdoar é indispensável para a nossa saúde física, mental, espiritual. Quando perdoamos a nós mesmos ou a alguém, tiramos um peso da nossa alma, renascemos. Existem quatro estágios do perdão: 1. Deixar passar, deixar a questão em paz. 2. Controlar-se, renunciar à punição. 3. Esquecer, afastar da memória, recusar-se a repisar o acontecimento.

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4. Perdoar, abandonar a dívida. Para começar a perdoar, é bom deixar passar algum tempo. Tirar umas férias do assunto. Deixar que o tema saia do primeiro plano por uns tempos, ganhando agilidade e força para se desligar da questão. Controlar-se, especificamente, significa abster-se de punir; controlar-se significa ter paciência, resistir, canalizar a emoção negativa. Controlar-se é praticar a generosidade, permitindo, assim, que a grande natureza da compaixão participe de questões que provocam emoções que podem ir desde a ínfima irritação até a fúria. Esquecer significa afastar da lembrança, deixar de lado, soltar, especialmente da memória. O esquecimento consciente consiste em deixar de lado o acontecimento, não insistir para que ele permaneça em primeiro plano, mas permitir que ele seja relegado ao plano de fundo. Esquecer é uma atividade, não uma atitude passiva. Perdoar, finalmente, não é uma capitulação. É uma decisão consciente de deixar de abrigar ressentimento, o que inclui o perdão da ofensa e a desistência da determinação de retaliar. É você quem resolve como é a dívida que agora não precisa mais ser paga. Você pode "perdoar por enquanto", "perdoar até que", "perdoar até a próxima vez", "perdoar, mas não dar outra chance". Você decide. Como a pessoa sabe que perdoou? Você passa a sentir tristeza a respeito da circunstância, em vez de raiva. Você passa a sentir pena da pessoa, em vez de irritação. Não há mais nenhum laço prendendo você pelo tornozelo.

Reflexão Você precisa aprender a não se julgar, nem aos outros, nem a nada que ocorre a sua volta. É tempo de se perdoar. O julgamento é a atitude que mantém você incapaz de olhar para si mesmo de

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verdade. Quando você está se julgando, também está apontando seu dedo para outras pessoas e dizendo: "Olhe só para eles e o que estão fazendo!". A intenção firme de não julgar é manifestada quando você estabelece um estado de alerta consciente, que faz com que você perceba quando começa a julgar os outros ou a si mesmo. Você sabe muito bem quando começa a ser duro consigo mesmo. Quando suas expectativas são muito altas, você se arma, de prontidão, para se autojulgar ou autocriticar tão logo essas expectativas não sejam preenchidas. Conforme for ficando atento a esse padrão, você pode transformá-lo, usando sua respiração, sua consciência do momento presente e a corrente da pulsação da vida. Porque o julgador é um parasita que carregamos dentro de nós; como um mestre, ele nos mostra o que "deveríamos" estar fazendo. Lembre-se de um filme em que há um personagem juiz - os juízes estão sempre observando, ouvindo o que está sendo dito, percebendo reações e fazendo declarações a respeito dos procedimentos. O juiz dentro de você faz a mesma coisa: julga tudo o que você faz. Quando seu juiz está ativado, você se torna seu mais mordaz e mortal crítico. Você é capaz de se julgar mais duramente do que qualquer outra pessoa poderia fazê-lo. E o trabalho do juiz é mostrar a diferença entre suas crenças e sua performance atual. Por exemplo, você quer ser um bom pai ou uma boa mãe. Mas um dia seu filho de 2 anos não pára de gritar, por mais de três horas. Você acaba perdendo a paciência e também grita com ele. Depois de uma hora, tudo calmo, começa o juiz dentro de você: "Se você fosse um bom pai ou uma boa mãe, não teria perdido a paciência. O que os outros vão pensar?". O juiz trabalha com os sentimentos de culpa e vergonha. Experimente estar atento às suas escolhas, críticas, gostares e não gostares. Perceba como sua mente funciona, como você estabelece suas escolhas. E observe que do outro lado do juiz está sempre seu contraponto, a coitadinha, miserável e impotente... vítima!

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A vítima, "pobre de mim!", é outro poderoso parasita que suga toda a sua força espiritual. É aquele pedaço de você que reclama atenção, mostrando como sua vida é triste, como você é infeliz por não alcançar o que deseja. "Oh, pobre de mim, não consegui esse emprego e eu realmente merecia" ou "Pobre de mim, meu marido me abandonou com as crianças e eu estou sozinha...". As coisas acontecem, e quando elas acontecem, devemos assumir a responsabilidade e agir. No fundo, existe uma balança interior que segura a energia do juiz e da vítima; uma parte de você é o juiz, e a outra, a vítima. Primeiro, o juiz o aniquila com críticas, criando um buraco negro dentro de sua alma, cheio de culpa e vergonha. Aí a balança se inclina para o lado da vítima, e você se enche de autopiedade. Então o juiz grita com você, por estar bancando a vítima... É uma neurose sem fim, que suga toda a sua energia.

COMO MEDITAR Sente-se numa cadeira e coloque outra na sua frente Você vai fazer agora um psicodrama. Antes, esteja certo de estar sozinho em casa, para ficar bem à vontade Encarne seu "juiz". Fale, para a cadeira da frente, que vai simbolizar você, as acusações mentais mais freqüentes que você faz para si mesmo. Depois sente-se na outra cadeira e interprete a "vítima". Defenda-se de todas as acusações com veemência, usando todo o seu poder de racionalizar. Agora pare e perceba quanta loucura. Esse é o disco que você toca na sua cabeça, várias vezes por dia. Prometa a si mesmo prestar atenção total a esse diálogo insano na sua mente e que você não julgará ninguém, nem a si mesmo, nem será mais vítima em nenhuma situação. Pratique.

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"Deliciar-se em outra pessoa é apenas o reflexo do que você de repente recordou-se de si mesmo."

Rumi

EQUILIBRANDO MASCULINO E FEMININO O aspecto feminino é como nosso eu intuitivo. Esta é a parte mais sábia e profunda de nós mesmos. É a energia feminina que está dentro de homens e mulheres. É o aspecto receptivo, a porta aberta por meio da qual a inteligência superior do Universo pode fluir, é o pólo receptivo do canal. O aspecto feminino se comunica conosco pela intuição, essas sugestões muito internas, sensações e imagens que nos chegam do lugar mais profundo do nosso eu. Se não nos damos conta conscientemente, devido às nossas atribuições diárias, o feminino nos aparece em sonhos, emoções e em sintomas e sensações no corpo físico. É a fonte de sabedoria superior em nós e, se aprendemos a escutá-la atentamente, momento a momento, ela nos guiará perfeitamente. O aspecto masculino é a ação, a habilidade para fazer coisas no mundo físico; pensar, falar, mover nossos corpos. Tanto no homem como na mulher, a energia masculina é a habilidade de atuar, é o pólo expansivo do canal. O feminino recebe a energia criadora universal e o masculino a expressa no mundo da ação. A função verdadeira da energia masculina é a claridade absoluta, a direção e uma grande força originada do universo interior. Para ter uma vida harmoniosa e criativa, é necessário ter ambas as energias interiores, a masculina e a feminina, desenvolvidas completamente e funcionando corretamente juntas.

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Para "casar" o masculino e o feminino dentro de nós, precisamos nos conhecer bem, conhecer nossas qualidades e defeitos. Nossa força e nossa fraqueza. A natureza masculina é risco, ação, desafio, a serviço da energia feminina. A energia masculina em nós constrói uma estrutura de personalidade que protege a honra e a sensibilidade da energia feminina. O feminino é compaixão, memória, sentimento, emocionalidade, capacidade para o prazer e a alegria, capacidade de nutrir e proteger. O masculino é expansão mental, capacidade de contato isento de emoções, lógica e disciplina regida pelo tempo; respeito pelo espaço e regras institucionais. Quando integrarmos esses dois mundos, nos tornaremos homens intuitivos e acolhedores e mulheres disciplinadas na mente e no físico, que iremos num futuro criar uma nova dança neste planeta, uma dança de harmonia e paz.

Reflexão Quando casamos com nosso homem ou mulher interior, podemos nos relacionar amorosamente de verdade, entendendo que somos quatro pessoas envolvidas, e não duas - eu mulher, meu homem interno, você homem e sua mulher interna (se for gay, de qualquer forma haverá um homem ou uma mulher interno se relacionando também). Por isso, vamos falar de como recuperar a liberdade e a alegria de espírito, que são vitais em qualquer relacionamento amoroso. Don Miguel Ruiz, no livro O Domínio do Amor, diz que a felicidade só pode vir de dentro de nós, e é o resultado do nosso amor. A mulher ou o homem certo para você é quem ama você do jeito que você é. Você é a mulher certa para esse homem se ele a ama do jeito

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que você é, se não deseja mudá-la. Ele não precisa ser responsável por você, pois acredita que você é o que alega ser, que é verdadeira a imagem que projeta. E ele pode ser totalmente honesto e projetar para você o que de fato é. Você se aceitou como você é, então o próximo passo será aceitar seu parceiro. Se decidir ficar com essa pessoa, não tente mudá-la em nada. Deixe-a ser o que é. "O seu amor, ame-o e deixe-o ser o que ele é...", já cantavam os poetas da Bahia. Quando você limita a liberdade de outra pessoa, limita a sua própria, porque tem de ficar por perto, para ver como ela se comporta, o que faz e o que deixa de fazer. E, se de fato você ama a si mesmo intensamente, jamais abrirá mão de sua liberdade pessoal. Consegue ver as possibilidades que um relacionamento oferece? Explore-as. Seja você mesmo. Procure uma pessoa que combine com você. Assuma o risco, mas seja honesto. Se der certo, vá em frente. Se não der, faça um favor a ambos: vá embora ou deixe o outro ir. Não seja egoísta. É por isso que a chave e a fechadura têm de formar um par. O relacionamento é uma arte. O sonho criado por dois é mais difícil de conduzir com maestria do que o criado por um só. Se um dos dois envolvidos num relacionamento passar por um mau momento ou tiver uma crise emocional, o outro o deixará em paz, porque ambos têm um acordo, segundo o qual permitem que cada um seja o que é. Para que ambos sejam felizes, cada um tem de manter sua metade perfeita. Você é responsável pela sua metade, onde pode ser encontrada certa quantidade de lixo. O mesmo acontece com a metade do seu parceiro. Você sabe, mas deixa que ele cuide disso. Não está nesse relacionamento para limpar a metade do seu parceiro, que fará isso sozinho. Por exemplo, você é mulher e se sente feliz, mas seu companheiro não consegue ter felicidade. Ele tem seus problemas, está lidando com seu lixo, sente-se infeliz. Como você o ama, lhe dará apoio, mas não será infeliz só porque ele é. Isso não é

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apoiar. Se você ficar infeliz por causa da infelicidade dele, ambos afundarão. Mas, se você se mantiver feliz, o ajudará a recuperar sua felicidade.

COMO MEDITAR Sente-se com seu companheiro ou companheira, face a face, com entrega e sinceridade. Como um ritual amoroso, acendam uma vela. Façam uma prece para que o Anjo do Amor esteja presente, com toda a sua verdade. Façam o seguinte exercício, sempre respirando profundamente pelo nariz, com as mãos entrelaçadas suavemente: primeiramente, fixem o olho direito um do outro. Vocês estarão entrando em contato com a energia masculina de cada um. Depois, olhem-se fixamente no olho esquerdo. Vocês estarão conhecendo a energia feminina de cada um. Fiquem 5 minutos em cada olho, depois fechem os olhos, respirem mais uma vez e vão... amar-se, quem sabe!

"Talvez o significado da vida seja integrar tudo isso, nossas ações e experiências no plano físico com o interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntima. Daí talvez possamos sentir a maravilha de estar vivos..."

Joseph Campbell

VOLTANDO PARA CASA INTEGRAÇÃO ENTRE CORPO, MENTE E ESPÍRITO

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A crença de que existem maneiras rápidas de alcançar felicidade, alegria, entusiasmo, conforto e encantamento, em vez de conquistar esses sentimentos pelo exercício de forças e virtudes pessoais, cria legiões de pessoas que, em meio a grande riqueza, definham espiritualmente. Emoção positiva desligada do exercício do caráter leva ao vazio, à inverdade, à depressão e, à medida que envelhecemos, à corrosão de toda realização que buscamos até o último dia de vida. Temos nossos talentos, nossas tendências. Mas aqui, neste capítulo, vamos falar de escolhas. Tudo tem a ver com nossas escolhas pessoais. Na escolha está a sua forca, o seu intento, o seu verdadeiro caminho. Os antigos falavam das virtudes e valores que precisam ser desenvolvidos por nós, para nos tornarmos seres humanos de verdade. Esses valores estão presentes na Bíblia dos cristãos, no Talmude dos judeus, no Alcorão dos muçulmanos, nos Upanishadas dos hindus e nas escrituras secretas do Budismo. Eles são: sabedoria e conhecimento; coragem; amor e humanidade; justiça; moderação ou sobriedade; espiritualidade e transcendência. Hoje em dia é comum admitir que as virtudes e valores deram lugar a outras qualidades, ditas modernas: auto-estima, boa aparência, assertividade, autonomia, singularidade, riqueza e competitividade. Viver no sistema, se dar bem, ter sucesso, isso é o importante. Na construção das verdadeiras forças e virtudes não existe aprendizagem, treinamento nem condicionamento; existe, sim, descoberta, criação, autoria e maestria. Você, criando sua própria vida. É o momento de escolher. Quem é você? O que a sociedade quer que você seja, ou o que você quer para si mesmo independentemente de qualquer influência? Você pode ser o que

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você quiser, você tem liberdade para isso. Nas suas escolhas, no seu caminho, sempre escolha o caminho do coração -ele o levará direto para casa, a sua casa, onde você se sente bem e em paz. Investigue a sua vida, com amor e respeito. Você a cria a cada momento, dia a dia, segundo a segundo. Relembre seus valores, pratique seus valores. Você é livre, a escolha é sua. Seja mestre de si mesmo, autor da sua própria vida. É a sua vida! Quem é você?

Reflexão Voltar para casa é voltar ao nosso coração, pois o que no fundo buscamos é a nós mesmos. Não adianta tomar consciência e não tomar tenência... Toda hora surgem coisas que precisam se manifestar ou se transformar na sua vida. Mas, para a transformação acontecer, você tem de agir, tem de ser proativo. Você pode ficar sonhando que vai mudar sua vida, mas isso não significa que vai realmente agir. E é sua responsabilidade não só observar dentro do seu coração os padrões de comportamento que você aciona, mas também tomar uma atitude sobre eles. Como diz Joseph Campbell, autor de O Poder do Mito: "O que procuramos? Um sentido para a vida? Ou pura e simplesmente a sensação, a experiência de estar vivos? O que é viver, afinal? Existir num plano puramente físico? Ou ter consciência da nossa sensibilidade, da nossa psique, da nossa alma? Talvez o significado da vida seja integrar tudo isso, nossas ações e experiências no plano físico com o interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntima. Daí talvez possamos sentir a maravilha de estar vivos...". Campbell nos fala da experiência, não do sentido. Qual é o sentido de uma flor? E qual é o sentido

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do Universo? Não faz sentido! Seu sentido de vida é que você está aqui, agora, lendo este livro. Isso é que os mestres chamam de zen - a experiência da vida. Este é um convite à sua coragem, capacidade de escolha, discernimento. Um convite à sua alma, para você integrar todos os aspectos do seu ser, trabalhar sua ecologia interior e exterior. Seu corpo, sua mente, seu espírito. Como diz o Budismo, suas ações, suas palavras, seus pensamentos. Nesses momentos de experiência, você junta o espiritual e o existencial. Essa união significa, na ioga, que você conectou seus canais de energia, o direito e o esquerdo; para a ciência cognitiva, que você uniu os lados direito e esquerdo do cérebro; no xamanismo, que você se tornou um nagual; para um terapeuta junguiano, que você uniu animus e anima; para o tantra, que você se iluminou; para a ecologia profunda, que você realizou o sentido da vida, que é a auto-organização e integração de todos os seus aspectos, em todos os sentidos. Vamos experimentar? Este é o momento, o momento do ponto de mutação... Muita gente está interessada agora em qualidade de vida, ioga, meditação, massagens. Muitos estão procurando caminhos espirituais, mestres, tradições. Muitos estão conscientes de como viver sem estar presente, na sua totalidade, é a causa verdadeira do estresse. O mais importante é nossa consciência, nossa presença, que devemos trabalhar com total estado de alerta. O mais importante é nossa respiração, esse elo sutil que une nossos corpos físico, mental, emocional e espiritual. O mais importante é desenvolver um bom coração, capaz de sentir compaixão - não a compaixão da pena, mas a compaixão do "sentir junto". O mais importante é a amorosidade, saber cuidar, com amor, de si mesmo e do planeta - que é, também, a única casa que você tem nesta vida... COMO MEDITAR

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Respire, esteja presente, em todos os momentos da sua vida. Em casa, no trânsito, no escritório, no supermercado. Não precisa fazer nenhuma meditação formal, sentado, sério. Saia pelo mundo sem medo, inspirando o sofrimento dos outros e devolvendo seu ar, expirando todo o seu amor e compaixão. Essa é a meditação predileta do Dalai Lama. Sua compaixão vai curar você de qualquer doença; sua coragem de se dar vai trazer uma força que você não conhecia. Lembre-se daquele capítulo sobre os níveis de consciência. Quem sabe você é uma daquelas pessoas que vão fazer grande diferença neste mundo? Dê tudo de si. PS: Ah, e não se esqueça: não se leve tão a sério... saiba rir de si mesmo.

LIVROS CONSULTADOS

Elaine Vieira, O Livro da Luz Andarilha (um Guia para as Trilhas da Vida Extraordinária) – Inteligência Relacional, Liderança e Criatividade, 2004, não publicado ainda, www.ecologiainterior.com.br [email protected] John Briggs, Fire in the Crucible -The Alchemy of Creative Genius, Thomas Dunne Book, NY, 1988. Annette Moser-Wellman, Cinco Faces de um Gênio - Como Descobrir e Desenvolver a Genialidade e a Criatividade Humana, Alegro, São Paulo, 2001. Ervin Laszlo, Macrotransição - O Desafio para o Terceiro Milênio, Willis Harman

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House/Axis Mundi, 2001. M. Scott Peck, The Road Less Traveled - A New Psychology of Love, Traditional Values and Spiritual Growth, Touchstone Books, 1979. Don Miguel Ruiz, Os Quatro Compromissos - Livro da Filosofia Tolteca, Best Seiler, 1998. www.miguelruiz.com Clarissa Pinkola Estes, Mulheres que Correm com os Lobos, Editora Rocco. Richard Wilhelm, / Ching - O Livro das Mutações, Editora Pensamento/Cultrix. Rabi Yehuda Berg, O Poder da Cabala, Editora Imago, 2001. Bel Cesar, O Livro das Emoções – Reflexões Inspiradas na Psicologia do Budismo Tibetano, Editora Gaia, 2004. James Redfield, A Visão Celestina - Vivendo a Nova Consciência Espiritual, Editora Objetiva, 1997. Eckhart Tolle, O Poder do Agora, Editora Sextante, 2003, e O Poder do Silêncio, Editora Sextante, 2003. Dr. David Servan-Schreiber, Curar - o Stress, a Ansiedade e a Depressão sem Medicamento nem Psicanálise, Sá Editora, 2004. Dr. Harville Hendrix, Todo o Amor do Mundo - Um Guia para Casais, Editora Cultrix, 2003. Caroline W. Casey, Como Fazer os Deuses Trabalharem para Você-A Linguagem Astrológica da Psique,Editora Pensamento, 2003. Puran Bair, Meditando no Ritmo do Coração, Editora Cultrix, 2003. Donald Beck e Christopher Cowan, Spiral Dynamics:Mastering Values, Leadership and Change, Blackwell Publishers, 1996. Jenny Wade, Changes of Mind: a Holonomic Theory of the Evolution of Consciousness, State University of New York Press, 1996. Dona Bernardette Vigil e Arlene Broska, Mastery of Awareness - Living the Agreements, Bear&Company, 2001. Jerry Jampolsky (criador do grupo Cura das Atitudes), Mude sua Mente, Mude sua Vida. Editora Cultrix. www.cca.org.br Joseph Campbell, O Poder do Mito, Editora Palas Atena. Ken Wilber, The Theory of Everything, Shambala Publishing. Coleção de revistas Meditação por Mima Grzich, publicadas de 1998 a 2003 pela Editora Três. Coleção de

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revistas Parabola - Myth, Tradition, and the Search for Meaning, publicada pela Society for the Study of Myth and Tradition, por mais de 20 anos.

QUEM É AUTORA

MIRNA GRZICH é uma comunicadora pioneira na área da consciência e da espiritualidade no Brasil, há mais de 18 anos. Criou o programa de rádio Música da Nova Era (que mostrou pela primeira vez a new age, world e fusion), a coleção Anjos e a revista Meditação, além de eventos como "Imaginaria" e "Encontros com Homens e Mulheres Notáveis". Praticou artes marciais, de tai se chuan a esgrima, passando pela ioga. Estudou teatro, foi discípula de Ou (Rajneesh) e foi iniciado no Budismo Tibetano por Chagdud Tulku Rinpoche e no Candomblé pelo Professor Agenor Miranda. Estudou várias práticas em busca da iluminação, de Sufismo a Zen-Budismo, integrando-as na sua vida de comunicadora. Hoje está descobrindo a Cabala. Oradora exuberante e popular, sempre envolvida em projetos que incluem música, em suas palestras e workshops incita a meditar, a melhorar nossa qualidade de vida. Em suas gravações seu segredo e usar a voz, a mensagem e a música a serviço da elevação do nível de consciência.

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