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Observação: ler o julgamento atualizado sobre o Princípio da Insignificância: STF, HC 120617, julgamento: 04.02.2014. Continuação das espécies de dolo: 1.5. Dolus Generalis, Envio Sucessivo, Aberratio Causae: tem o dolo na origem de matar com uma determinada conduta, mas acaba matando por outro meio. Ex.: acho que matei com um golpe na cabeça, mas, na verdade, a vítima morreu afogada, no momento em que ocultei o cadáver. Se não houver outra qualificadora, será homicídio simples. 1.6. Dolo Específico – Escola Causalista ou Elemento Subjetivo do Tipo – Escola Finalista: há crimes que se satisfazem apenas com o dolo natural e há crimes que, além do dolo natural, necessita de um dolo específico (elemento subjetivo do tipo). Ex.: art. 158 do CP (extorsão: dolo do constranger + dolo específico de obter para si coisa alheia móvel) e art. 288 do CP (associação criminosa: dolo de associar-se com o fim específico de cometer crimes). 1.7. Dolo de Ímpeto e Dolo de Propósito: · Ímpeto: não há reflexão por parte do agente. Em regra, está ligado a uma violenta emoção. Isso, muitas vezes, diminui a pena. É uma causa privilegiadora. · Propósito (premeditação): o agente reflete, premedita a ação. Não qualifica o homicídio, nem atenua a pena, é apenas um dolo mais intenso. 2. Culpa (art. 18, II, CP): 2.1. Princípio da Excepcionalidade (art. 18, § único do CP): no Brasil a regra é o dolo. A culpa, para ser a regra, deve estar prevista em lei, caso contrário, é dolo. 2.2 Elementos do Crime Culposo: a. Conduta inicial voluntária: para a teoria finalista é na conduta inicial voluntária que está a culpa. b. Violação do dever de cuidado objetivo: quando não se abstém de condutas perigosas, violando o dever de cuidado objetivo, que pode ocorrer por três modalidades: I. Imprudência: denota uma ação, é um agir culposo. Ex.: correr com o carro; dirigir bêbado, etc; II. Negligência: omitir-se culposamente. É uma atuação negativa no momento em que deveria ser feita. Ex: motorista do ônibus avisado que deveria trocar os pneus carecas, não o faz e tem por consequência um acidente com vítimas fatais. III. Imperícia: é a culpa profissional. Ex: médicos, engenheiros que falham em um atendimento ou serviço, tendo como consequência vítimas de suas ações, etc. c. Resultado Involuntário: uma conduta inicial voluntária que, com o decorrer da conduta, gera um resultado involuntário. Ainda, deve haver o nexo causal entre a conduta e o resultado. O resultado é elemento do tipo, conforme o artigo 18 do CP, lembrando-se da classificação dos crimes quanto ao resultado naturalístico (materiais, formais e de mera conduta). Crime culposo sem resultado naturalístico não há!

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Observação: ler o julgamento atualizado sobre o Princípio da Insignificância: STF, HC 120617, julgamento: 04.02.2014. Continuação das espécies de dolo:

1.5. Dolus Generalis, Envio Sucessivo, Aberratio Causae: tem o dolo na origem de matar com uma determinada conduta, mas acaba matando por outro meio. Ex.: acho que matei com um golpe na cabeça, mas, na verdade, a vítima morreu afogada, no momento em que ocultei o cadáver. Se não houver outra qualificadora, será homicídio simples.

1.6. Dolo Específico – Escola Causalista ou Elemento Subjetivo do Tipo – Escola

Finalista: há crimes que se satisfazem apenas com o dolo natural e há crimes que, além do dolo natural, necessita de um dolo específico (elemento subjetivo do tipo). Ex.: art. 158 do CP (extorsão: dolo do constranger + dolo específico de obter para si coisa alheia móvel) e art. 288 do CP (associação criminosa: dolo de associar-se com o fim específico de cometer crimes).

1.7. Dolo de Ímpeto e Dolo de Propósito:

· Ímpeto: não há reflexão por parte do agente. Em regra, está ligado a uma violenta emoção. Isso, muitas vezes, diminui a pena. É uma causa privilegiadora.

· Propósito (premeditação): o agente reflete, premedita a ação. Não qualifica o homicídio, nem atenua a pena, é apenas um dolo mais intenso.

2. Culpa (art. 18, II, CP): 2.1. Princípio da Excepcionalidade (art. 18, § único do CP): no Brasil a regra é o dolo. A culpa, para ser a regra, deve estar prevista em lei, caso contrário, é dolo. 2.2 Elementos do Crime Culposo:

a. Conduta inicial voluntária: para a teoria finalista é na conduta inicial voluntária que está a culpa.

b. Violação do dever de cuidado objetivo: quando não se abstém de condutas perigosas, violando o dever de cuidado objetivo, que pode ocorrer por três modalidades: I. Imprudência: denota uma ação, é um agir culposo. Ex.: correr com o carro;

dirigir bêbado, etc;

II. Negligência: omitir-se culposamente. É uma atuação negativa no momento em que deveria ser feita. Ex: motorista do ônibus avisado que deveria trocar os pneus carecas, não o faz e tem por consequência um acidente com vítimas fatais.

III. Imperícia: é a culpa profissional. Ex: médicos, engenheiros que falham em um atendimento ou serviço, tendo como consequência vítimas de suas ações, etc.

c. Resultado Involuntário: uma conduta inicial voluntária que, com o decorrer da conduta, gera um resultado involuntário. Ainda, deve haver o nexo causal entre a conduta e o resultado. O resultado é elemento do tipo, conforme o artigo 18 do CP, lembrando-se da classificação dos crimes quanto ao resultado naturalístico (materiais, formais e de mera conduta). Crime culposo sem resultado naturalístico não há!

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d. Previsibilidade Objetiva do Resultado: o resultado deve ser previsível, mediante a

análise do homem médio (homo medius) o representante hipotético do homem comum.

e. Ausência de Previsão: o resultado era previsível, mas o réu não o fez. Exceção: culpa consciente.

f. Tipicidade: fato típico nos crimes culposos (são tipos penais abertos). Lembrando-se da classificação da lei penal, qual seja, leis penais incompletas, gênero das espécies normas penais em branco e tipos penais abertos: se o complemento vier de outra lei – norma penal em branco homogênea, se vier do ato administrativo – norma penal em branco heterogênea e, se vier do juiz – tipo penal aberto. Os culposos, em regra, são abertos. Ex.: art. 121, § 3º do CP e art. 250, § 2º do CP.

2.3. Espécies de Culpa:

a. Culpa Inconsciente: o agente não prevê o resultado previsível;

b. Culpa Consciente: com previsão do agente, mas, mesmo assim, pratica a conduta, por que confia sinceramente nas habilidades dele;

c. Culpa Própria: o agente não quer o resultado e nem quer assumir o risco.

d. Culpa Imprópria: decorre do erro que é inescusável, evitável. Ex.: art. 20, § 1º do CP. Se for escusável, é isento de pena.

Lembre-se: nos crimes culposos não cabem tentativa, exceto na CULPA IMPRÓPRIA, pois, na verdade, é um crime doloso que, em razão da política criminal, é tratado como se culposo fosse. Perdão Judicial: só cabe esse instituto em crimes culposos, art. 121, § 5º do CP. Ex.: pai que mata o próprio filho no trânsito.

4. Compensação e Concorrência de Culpas: No âmbito penal brasileiro não cabe a compensação de culpas, ainda que a vítima concorra para o resultado. No máximo, poderá ocorrer, no momento da fixação da pena pelo juiz, caso a vítima facilite a prática do crime, a aplicação de uma pena mais baixa, de acordo com o artigo 50 do CP. Por outro lado, existe a concorrência de culpas, consoante o art. 308 do CP. 5. Causas de Exclusão da Culpa: denotam fato atípico, sem crime.

a. Infelicitas facti (caso fortuito ou força maior): eventos imprevisíveis e inevitáveis. Aqui ocorre a atipicidade. Ex.: suicida que se joga na frente do carro.

b. Princípio da Confiança: tese defensiva muito invocada em crimes de trânsito. Denotam uma expectativa social, no sentido de que as pessoas mantenham o comportamento esperado pela sociedade.

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c. Erro Profissional: por exemplo, o médico cumpre o protocolo de atendimento, mas o paciente morre. Não confundir com a culpa profissional, que se constata a imperícia do profissional.

6. Culpa Consciente x Dolo Eventual: Ter certeza se o agente agiu com dolo ou com culpa consciente é muito difícil, em razão da subjetividade. Dessa forma, devem ser utilizados os elementos objetivos de prova que estão à disposição no processo criminal. O dolo eventual tem a ver com o descaso quanto ao bem jurídico tutelado, enquanto que a culpa consciente tem a ver com a confiança nas suas próprias habilidades.

Vide Código de Trânsito Brasileiro: art. 302: homicídio culposo em acidente automotor (dano ao bem jurídico tutelado) e o art. 306 do CTB (crime de perigo). O crime de dano absorve o crime de perigo, obtendo apenas o crime fundamental do caput do art. 302 do CTB (homicídio).

Crimes Qualificados pelo Resultado

Até 1984, em caso de lesão seguida de morte, o resultado agravador era imputado ao agente a título de responsabilidade objetiva. Atualmente, o princípio que vigora no Código Penal é o da Responsabilização Subjetiva. Não basta uma conduta exteriorizada e sim uma conduta produzida pelo agente com dolo ou culpa. A responsabilidade objetiva não cabe mais no direito penal atual.

Mediante a Reforma no Código Penal, o seu artigo 19 consagra o Princípio da

Responsabilidade Subjetiva, necessitando do dolo ou pelo menos da culpa para a punição de alguém em âmbito penal.

Pode ser identificado 4 situações possíveis de crimes qualificados pelo resultado: I. Dolo + Dolo: art. 129, § 2º, IV do CP (lesão corporal com deformidade

permanente). Tem o dolo na agressão e dolo no resultado.

II. Culpa + Culpa: art. 250, § 2º c/c art. 258, ambos do CP: incêndio culposo, com morte: Tem culpa na conduta em si e culpa no resultado.

III. Culpa + Dolo: art. 303, § único do CTB (lesão corporal culposa praticada na direção de veículo automotor): o agente atropela de forma culposa e tem dolo na omissão de socorro, no momento da fuga após o acidente.

IV. Dolo + Culpa: Crime Preterdoloso ou Preterintensional ou Homicídio

Preterintensional: art. 129, § 3º do CP (lesão corporal seguida de morte): tem dolo na lesão e culpa no resultado; art. 213, § 2º do CP: qualifica o estupro seguido de morte, a qual deve ser necessariamente culposa, caso contrário, será homicídio simples e estupro; lei n. 9455 – lei de Tortura, art. 1º, I, a, do CP: se houver dolo para matar, mediante a tortura, não há crime preterdoloso; Latrocínio (roubo, seguido de morte) – art. 157, § 3º do CP: é um crime sempre qualificado pelo resultado e será preterdoloso se o resultado advier de culpa. Obs.: os crimes preterdolosos não admitem tentativa; em relação ao latrocínio, atentar-se para súmula n. 610 do STF: sopesando o patrimônio e a vida da vítima, a vida vale mais que o patrimônio, concluindo que mesmo que a subtração não tenha ocorrido, se houver a morte, será considerado o latrocínio consumado.