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1/22/11 1:34 AM O Lankavatara Sutra Page 1 of 85 http://amentemente.no.sapo.pt/O%20Lankavatara%20Sutra/O%20Lankavatara%20Sutra.html#Cap%EDtulo_l_ O Lankavatara Sutra Tradução da versão inglesa de Biona Capitulo I A Discriminação Capitulo II As Falsas Imaginações e o conhecimento das Aparências Capitulo III O Conhecimento Correcto e o Conhecimento das Relações Capitulo IV O Conhecimento Perfeito e o Conhecimento da Realidade Capitulo V O Sistema Mental Capitulo VI A Inteligência Transcendental Capitulo VII A Auto Realização Capitulo VIII A Obtenção da Auto Realização Capitulo IX O Fruto da Auto Realização Capitulo X O Discipulado (Aprendizagem) : A Linhagem dos Arhats Capitulo XI O Estado Bodhisatva e as suas Etapas Capitulo XII O Estado Thatagata que é a Sabedoria Nobre Capitulo XIII O Nirvana

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O Lankavatara Sutra

Tradução da versão inglesa de Biona

Capitulo I A Discriminação Capitulo II As Falsas Imaginações e o conhecimento das Aparências Capitulo III O Conhecimento Correcto e o Conhecimento das Relações Capitulo IV O Conhecimento Perfeito e o Conhecimento da Realidade Capitulo V O Sistema Mental Capitulo VI A Inteligência Transcendental Capitulo VII A Auto Realização Capitulo VIII A Obtenção da Auto Realização Capitulo IX O Fruto da Auto Realização Capitulo X O Discipulado (Aprendizagem) : A Linhagem dos Arhats Capitulo XI O Estado Bodhisatva e as suas Etapas Capitulo XII O Estado Thatagata que é a Sabedoria Nobre Capitulo XIII O Nirvana

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Capítulo l A Discriminação

Assim eu ouvi: O Santificado apareceu uma vez no Castelo de Lanka que está no ápice doMonte Malaya no meio do grande Oceano. Um grande número de Bodhisattvas Mahasattvas tinham-se milagrosamentereunido em assembleia, vindos de todas as terras Buda, e um grande númerode Bhikkhus reuniram-se lá. Os Bodhisattvas Mahasattvas, com Mahamati naliderança deles, eram todos, mestres perfeitos nos vários Samádhis, noAutodomínio décuplo, nos dez Poderes, e nas seis Faculdades Psíquicas. Tendosidos ungidos, pelas próprias mãos do Buda, todos eles compreendiam bem osignificado do mundo objectivo; todos eles sabiam como aplicar os váriosrecursos, ensinamentos e medidas disciplinares, de acordo com as váriasmentalidades e comportamentos dos seres; todos eles eram completamenteversados nos cinco Dharmas, nos três Svabhavas, nos oito Vijnanas, e nadualidade do não Eu. O Santificado, sabendo das agitações mentais, que ia nas mentes dos que sereuniam em assembleia, (como a superfície do oceano agitada em ondas pelosventos que passam), o seu grande coração moveu-se através da compaixão, esorrindo disse: "Outrora os Tathagatas do passado que foram Arhats e completamenteiluminados, vieram ao Castelo de Lanka no Monte Malaya e discursaram sobre aVerdade da Nobre Sabedoria, que está além do conhecimento racional dosfilósofos, como também está além da compreensão de discípulos e mestrescomuns; e que só é entendida dentro da consciência interna; por isso, eutambém, discursarei sobre esta mesma Verdade. Tudo aquilo que é visto nomundo é destituído de esforço e acção, porque todas as coisas no mundo sãocomo um sonho, ou como uma imagem milagrosamente projectada. Isto não écompreendido pelos filósofos e ignorantes, mas sim por aqueles que assimvêem as coisas e as vêem na sua verdadeira realidade. Os que vêem as coisasde forma diferente entram na discriminação, e como dependem dela, agarram-se ao dualismo. O mundo, visto através da discriminação, é como ver a própriaimagem reflectida num espelho, ou a sombra da pessoa, ou da lua reflectida naágua, ou como um eco ouvido num vale. As pessoas que se agarram às suaspróprias sombras de discriminação, tornam-se dependentes desta e daquelacoisa, e fracassando em abandonar o dualismo, elas vão sempre discriminando,

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e assim nunca atingem a tranquilidade. Por tranquilidade, entende-se Unidade,e a Unidade, faz nascer o Samádhi superior, que é alcançado entrando no reinoda Nobre Sabedoria, que só é realizável dentro da consciência íntima de simesmo.” Então todos os Bodhisattvas Mahasattvas levantaram-se dos seus lugares erespeitosamente prestaram-lhe homenagem, e Mahamati o BodhisattvaMahasattva mantido pelo poder dos Buddhas, puxando o hábito para o seuombro, ajoelhou-se e juntando as mãos, elogiou-o nos versos seguintes: “Como analisas o mundo com a tua perfeita inteligência e compaixão, ele deve parecer-te como uma flor etérea, da qual não se pode dizer: ‘Isto é nascido, isto é destruído, por os termos, ser e não ser, não se lheaplicarem.’ Como analisas o mundo com a tua perfeita inteligência e compaixão, ele deve parecer-te como um sonho, do qual não se pode dizer: ‘Isto é permanente ou isto é destrutível, por o ser e não ser, não se lheaplicarem.’ Como analisas todas as coisas com a tua perfeita inteligência e compaixão, ele deve parecer-te como pontos de vista além do alcance da mente humana,por o ser e não ser, não se lhe aplicarem. Com a tua perfeita inteligência e compaixão, que estão além de todos oslimites, Tu compreendes a carência do não eu, das coisas e das pessoas, que é livre e limpa dos obstáculos da paixão, do saber e do egoísmo. Tu não desapareces no Nirvana, nem o Nirvana reside em Ti, o Nirvana transcende toda a dualidade do conhecedor e do conhecido, do ser enão ser. Os que Te vêem assim, sereno e além da concepção, estão emancipados doapego, limpos de todas as corrupções, neste mundo e mais além no mundo espiritual. Neste mundo cuja natureza é como um sonho, há lugar para o elogio e a culpa,mas na Realidade Ultima do Dharmakaya, que fica distante, além dos sentidos eda mente discriminativa, o que há para elogiar? Ó Tu que és o mais Sábio!” O Bodhisattva Mahasattva Mahamati continuou dizendo: “O Abençoado, o Um, Sugata, Arhat e O Completamente Iluminado, peço-te

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que nos fales sobre a realização da Nobre Sabedoria que está além do caminhoe procedimentos dos filósofos; que é destituída de todos os predicados comoser e não ser, unidade e diversidade, ambos e não ambos, existência e nãoexistência, eternidade e não eternidade; que não tem nada que ver comindividualidade ou com generalidade, nem falsa imaginação, nem qualquerilusão que surge da própria mente; mas que se manifestam, a si mesmas, comoa Verdade da Mais Alta Realidade. Pelo qual, subindo continuamente pelas fasesda purificação, a pessoa entra na fase final da Budeidade, e que, pelo poder dosseus votos originais, sem qualquer esforço, a pessoa radiará a sua influênciapara mundos infinitos, como uma pedra preciosa que reflecte as suas coresmatizadas, pelo qual me será permitido, a mim e a outros BodhisattvasMahasattvas, trazer todos os seres à mesma perfeição da virtude.” O Abençoado disse: “Bem feito, bem feito, Mahamati! E novamente, bem feito, realmente! É porcausa da tua compaixão pelo mundo; por causa do benefício que trará a muitaspessoas do género humano e celestial, que tu te apresentas-te perante nós, afazer este pedido. Por isso, Mahamati, escuta bem, e reflicta verdadeiramenteno que lhe direi, porque o instruirei.” Então Mahamati e o outros Bodhisattvas Mahasattvas prestaram devota atençãoao ensinamento do Santificado. “Mahamati, uma vez que o ignorante e o ingénuo, não sabem que o mundo, éalgo, visto unicamente pela própria mente, que se apega á multiplicidade dosobjectos externos, que se apega às noções de ser e não ser, unidade ediversidade, ambiguidade e não ambiguidade, existência e não existência,eternidade e não eternidade, e pensam que têm uma natureza do eu por simesmos, e que tudo nasce das discriminações da mente, e que é perpetuadapela energia desse hábito, e do qual eles estão entregues a falsas imaginações. É tudo como uma miragem, no qual as fontes de água são vistas como sefossem reais. Elas são imaginadas por animais, que sedentos pelo calor da estação, corrematrás delas. Os animais não sabem, que as fontes são somente alucinações das suaspróprias mentes, e não percebem que não há fontes nenhumas. Da mesma maneira, Mahamati, os ignorantes e os estúpidos, nas suas mentesqueimadas com os fogos da ganância, raiva e loucura, encontrando deleite nummundo de numerosas formas, em que os seus pensamentos, obcecados com

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ideias de nascimento, crescimento e destruição, não entendendo bem qual osignificado de existência e não existência, e sendo impressionados pordiscriminações erróneas e especulações, desde o tempo sem principio, caem nohábito de agarrar isto e aquilo, ficando assim unidos a eles. É como a cidade de Gandharvas da qual o ignorante toma por real a cidade,quando de facto não é assim. A cidade aparece como uma visão, devido ao apego dele, em memorizar umacidade preservada na mente, como uma semente; Pode-se dizer assim, que a cidade é existente e não existente. Da mesma maneira, apegando-se à memória de especulações e doutrinaserróneas, acumuladas desde o tempo sem principio, eles agarram-serapidamente a tais ideias como, unidade e diversidade, ser e não ser, e os seuspensamentos não são totalmente claros acerca do que é visto pela mente. É como um homem que sonha com um país, que parece estar cheio de várioshomens, mulheres, elefantes, cavalos, carros, pedestres, aldeias, cidades,vilarejos, vacas, búfalos, mansões, bosques, montanhas, rios e lagos, e que semovimenta naquela cidade até que desperta. Com a mente meio desperta, ele recorda a cidade do sonho e revê asexperiências que teve lá; o que pensas, Mahamati, é este sonhador, que deixa asua mente enfatizar os vários irrealismos que ele viu no sonho, consideradosábio ou tolo? Da mesma maneira, os ignorantes e estúpidos que são influenciadosfavoravelmente pelos pontos de vista erróneos dos filósofos, não reconhecemque os pontos de vista que os estão influenciando, são unicamente como ideiassonhadas, originadas nas suas próprias mentes, e por conseguinte eles sãorapidamente controlados pelas suas noções de unidade e diversidade, de ser enão ser. É como a tela de um pintor no qual o ignorante imagina ver as elevações edepressões das montanhas e vales. Da mesma maneira há pessoas hoje em dia, que sendo induzidas sob ainfluência de pontos de vista erróneos, de unidade e diversidade, igualdade enão igualdade, cuja mentalidade está sendo condicionada pela energia doshábitos dessas falsas imaginações e que mais tarde, declararão que aqueles quedetém a verdadeira doutrina do não nascimento, do qual estão livres dasalternativas do ser e não ser, são niilistas e procedendo assim, conduzirão osoutros e a si mesmos à ruína. Pela lei natural da causa e efeito esses seguidores de pontos de vistaperniciosos, destroem as causas meritórias, que de outra forma os conduziriamà pureza sem mancha. Eles devem ser evitados por aqueles, cujos desejos tem

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objectivos mais excelentes. É como os de visão turva, que vendo uma rede de cabelo exclamam um para ooutro: "É maravilhoso! Olhem, Honrados senhores, é maravilhoso!" Mas a rede de cabelo nunca existiu na realidade; não é uma entidade, nemuma não entidade, já que foi visto e não foi visto. Da mesma maneira, aqueles, cujas mentes tem sido viciadas pelasdiscriminações dos pontos de vista erróneos, apreciados pelos filósofos, quedeterminam os pontos de vista irreais do ser e não ser, contradirão o bomDharma e acabarão na destruição deles e dos outros. É como uma roda de fogo feita por um tição rotativo que não é nenhuma roda,mas que é imaginada, pelo ignorante, como sendo. Também não é uma não roda, porque não foi visto por alguém. Pelo mesmo raciocínio, os que tem o hábito de escutar as discriminações epontos de vista dos filósofos, considerarão as coisas nascidas, como nãoexistentes e as destruídas por causação como existentes. É como um espelho que reflecte cores e imagens, determinado por condiçõesmas sem qualquer parcialidade. É como o eco do vento que dá o som de uma voz humana. É como a miragem do movimento da água vista num deserto. Da mesmamaneira a mente discriminativa do ignorante que esteve exaltada por falsasimaginações e especulações, é agitada em miragens, como ondas, pelos ventosdo nascimento, crescimento, e destruição. É como o mágico Pisaca que por intermédio dos seus feitiços faz uma imagemde madeira ou um corpo morto pulsar com vida, entretanto não tem nenhumpoder em si mesmo. Da mesma maneira o ignorante e o estúpido, se cometerem os pontos de vistafilosóficos erróneos, tornam-se completamente dedicados às ideias de unidade ediversidade, mas a sua confiança não é bem fundamentada. Por isso, Mahamati, tu e outros Bodhisattvas Mahasattvas devem rejeitar todasas discriminações que conduzem às noções de nascimento, permanência edestruições, de unidade e diversidade, igualdade e não igualdade, de ser e nãoser e alcançar assim a libertação da escravidão da energia do hábito (memória),tornando-se capazes de atingir a realidade, da Nobre Sabedoria, realizáveldentro de si mesmos.” Então Mahamati disse ao Santificado: “Porque é que o ignorante rende-se à discriminação e o sábio não?”

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O Santificado respondeu: “É porque os ignorantes agarram-se a nomes, sinais e ideias; como as suas mentes circulam ao longo destes canais que eles alimentam, namultiplicidade dos objectos, caiem na noção de um eu alma e no que pertencea isso; eles fazem discriminações de bom e mau, entre as aparências e unem-seao agradável. Como eles se ligam assim, há uma inversão para a ignorância, e o karmanascido da ganância, raiva e loucura, é acumulado. Com a continua acumulação do karma, eles tornam-se cativos num casulo dediscriminação, e são desde então, incapazes de se livrarem do círculo donascimento e morte. Por causa da estupidez, eles não entendem que todas as coisas são como Maya,como o reflexo da lua na água, que não tem nenhum eu substância, para serimaginado como um eu alma e o que a ele pertence, e que todas as suas ideiasdefinitivas que nascem das suas falsas discriminações do que existe, é somenteo visto pela própria mente. Eles não percebem que as coisas não têm nada a ver com o que qualifica oucom a qualificação, nem com o curso do caminho ou nascimento, permanênciae destruição, e ao invés, eles afirmam que nascem de um criador, do tempo, deátomos, de algum espírito celestial. É por os ignorantes se entregarem à discriminação, que eles circulam no fluxodos aparecimentos, mas não é assim com os sábios.”

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Capitulo II Falsas imaginações e o conhecimento das aparências

Então, o Bodhisattva Mahasattva Mahamati falou para o Santificado, dizendo: “Tu falas dos pontos de vista erróneos dos filósofos, por favor podias dizer-nos,em que é que nos devemos precaver contra eles?” O Santificado respondeu, dizendo: “Mahamati, o erro nesses ensinamentos erróneos são regra geral apoiados pelosfilósofos no seguinte: eles não reconhecem que o mundo objectivo nasce daprópria mente; eles não entendem que todo o sistema mental também surge daprópria mente; mas na dependência destas manifestações da mente comosendo reais, eles descriminam-nas com a sua falta de subtileza, enquantocultivam o dualismo disto e daquilo, de ser e não ser, ignorando o facto que háporém uma Essência comum. Pelo contrário o meu ensinamento é baseado no reconhecimento que o mundoobjectivo, como uma visão, é uma manifestação da própria mente; ensina acessação da ignorância, desejo, acção e causalidade; ensina a cessação dosofrimento que surge das discriminações do mundo triplo. Há alguns estudantes Brâmanes que, assumindo algo fora do nada, afirmamque há uma substância associada à causa e efeito, que sobrevive no tempo eque os elementos que compõem a personalidade e o seu ambiente têm a suagénese e continuação na causa e efeito e depois de existir deste modo, falece. Da mesma forma há outros estudantes que têm uma visão destrutiva e niilistarespeitante a assuntos tais como continuação, actividade, separação, existência,Nirvana, o Caminho, karma, realização e Verdade. Porquê?, porque não atingiram uma compreensão intuitiva da Verdade em simesma, e então eles não têm nenhuma visão clara dos fundamentos das coisas.Eles são como um jarro partido aos pedaços, que não é mais capaz de funcionarcomo jarro; eles são como uma semente queimada que é incapaz de germinar. Mas os elementos que compõem a personalidade e o seu ambiente, que elesconsideram sujeitos à mudança, são realmente incapazes de transformaçõescontínuas. Os seus pontos de vista são baseados em discriminações erróneas domundo objectivo; eles não são baseados na verdadeira concepção. Por outro lado, se é verdade que algo vem do nada e há o nascimento dosistema mental, por causa das combinações das três causas efeito produtoras,

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nós poderíamos dizer o mesmo de qualquer coisa não existente: por exemplo,que uma tartaruga possa cultivar cabelos, ou que a areia produza óleo. Estaproposição é de proveito nulo; termina não afirmando nada. Assim a acção,trabalho e causa das quais eles falam é inútil, e assim também é a referênciadeles a ser e não ser, se eles discutem que há uma combinação dos três efeitosprodutores de causas, eles deveriam também fazer isso sobre o princípio dacausa e efeito, quer dizer, que algo sai de algo e não de nada. Como um mundode relatividade, é afirmado, que há uma cadeia sempre recorrendoperiodicamente, da causa e efeito que não pode ser negada de forma alguma;então nós não podemos falar de nada que termine ou cesse. Enquanto estesestudantes permanecerem nas suas posições filosóficas, a sua demonstraçãodeve conformar-se à lógica dos seus livros de ensino, e o hábito de memória deintelectualização erróneo agarrar-se-á a eles. Para piorar as coisas, os que têmfalta de discernimento, envenenados por esta visão errónea, declararão que estemodo incorrecto de pensar ensinado pelo ignorante, é a mesma apresentadapelo Todo Conhecedor. Mas a forma de instrução apresentada pelos Tathâgatasnão está baseada em afirmações e refutações por meio de palavras e lógica. Háquatro formas de afirmação que podem ser feitas relativas a coisas nãoexistentes, isto é: afirmações feitas sobre sinais individuais que não sãoexistentes; sobre objectos que não são existentes; sobre uma causa que é nãoexistente; e sobre pontos de vista filosóficos que são erróneos. Refutaçãosignifica que por causa da ignorância, alguém não examinou correctamente oerro que está na base destas afirmações. A afirmação sobre os sinais individuais que realmente não têm nenhumaexistência, diz respeito aos sinais distintivos como são percebidos pelo olho,orelha, nariz, etc., como indicando individualidade e generalidade nos elementosque compõem a personalidade e o seu mundo externo; e então, tomando estessinais por realidade e prendendo-se a eles, criar o hábito de afirmar que ascoisas são assim e não o caso contrário. A afirmação sobre os objectos que são não existentes é uma afirmação quevem do apego a estes sinais associados de individualidade e generalidade. Osobjectos em si mesmos nem são existentes nem não existentes e estãodestituídos da alternativa de ser e não ser; e só devem ser pensados comoquem pensa nos chifres de uma lebre, de um cavalo, ou de um camelo, quenunca existiram. Os objectos são discriminados pelo ignorante que é viciado em afirmações e negações, porque a inteligência dele não foi suficientemente agudapara penetrar na verdade, de que não há nada mais do que o que é visto pela

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própria mente. A afirmação de uma causa que é não existente assume o nascimento sem causado primeiro elemento do sistema mental que mais tarde vem a ter, somenteuma não existência semelhante a Maya. Quer dizer, há filósofos que afirmamque um sistema mental não nascido originalmente, começa a funcionar debaixodas condições do olho, forma, luz e memória, funciona por um tempo e depoiscessa. Este é um exemplo de uma causa que é não existente. A afirmação da não existência por parte dos pontos de vista filosóficos relativosaos elementos que compõem a personalidade e o seu mundo envolvente,assumem a existência de um ego, um ser, uma alma, um ser vivo, um"alimentador", ou um espírito. Este é um exemplo de pontos de vista filosóficosque não são verdadeiros. É esta combinação de discriminação de sinaisimaginários de individualidade, que agrupando-os e dando-lhes um nome,fixam-se a elas como objectos, por causa da energia do hábito que foiacumulada desde o tempo sem principio, que se construiu os pontos de vistaerróneos cuja base é somente as falsas imaginações. Por isto os Bodhisattvasdevem evitar todas as discussões relativas a afirmações e negações, cuja base ésomente as palavras e a lógica. A discriminação com as palavras, continua actuando pela coordenação docérebro, tórax, nariz, garganta, paladar, língua, dentes e lábios. As palavras nãosão diferentes nem não diferentes da discriminação. As palavras surgem dadiscriminação tendo estas como origem; se as palavras fossem diferentes dadiscriminação, elas não podiam inferir discriminação pela sua causa; assim, poroutro lado, se as palavras não são diferentes, elas não podem ter e expressarsignificado. Portanto as palavras são produzidas através de causa e efeito e sãocondicionadas entre si, mutuamente cambiáveis e iguais às coisas, estãosujeitas ao nascimento e destruição. Há quatro classes de discriminação de palavras, todas elas devendo serevitadas, porque são igualmente irreais. Primeiro há palavras que indicando sinais individuais, que surgem das formas esinais como sendo reais em si mesmos e então, fixam-se a eles. Há palavrasque se memorizam e que surgem das imediações irreais, que aparecem dianteda mente quando recorda algumas experiências prévias. Há palavras quecrescem da ligação às distinções e especulações erróneas dos processos

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mentais. E finalmente, há palavras que crescem dos preconceitos herdados comosementes da energia do hábito, acumuladas desde os tempos sem principio, ouque teve a sua origem em alguns desejos esquecidos, agarrados a falsasimaginações e especulações erróneas. Assim, há palavras onde não há nenhum objecto correspondente, como porexemplo, os chifres da lebre, a criança de uma mulher estéril, etc., não há talcoisa, mas nós temos as palavras igualmente. As palavras são uma criaçãoartificial; há terras Buda onde não há palavras. Em algumas terras Buda asideias são indicadas olhando continuamente, noutras por gestos e noutras aindapor um franzir de testa, por um movimento dos olhos, rindo, bocejando,aclarando a garganta, ou tremelicando. Por exemplo, na terra Buda doTathágata Samantabadra, os Bodhisattvas, por um Dhyana que transcende aspalavras e ideias, atingem o reconhecimento de todas as coisas, como nãonascidas e eles também experimentam os mais variados e excelentes Samádhisque transcende as palavras. Até mesmo neste mundo, seres especializadoscomo formigas e abelhas, executam as suas actividades muito bem sem recursoàs palavras. Não, Mahamati, a validade das coisas é independente da validade das palavras. Além disso, há outras coisas que pertencem às palavras, especificamente, ocorpo sílaba das palavras, o corpo nome das palavras, e o corpo oração daspalavras. Por corpo sílaba queremos dizer, o que, pelas palavras e pelasorações, indicam ou mostram que há uma razão para algumas sílabas, algumassão mnemónicas, e outras são escolhidas arbitrariamente. Através do corponome queremos dizer o objecto pelo qual a palavra nome obtém o seusignificado, ou por outras palavras o corpo nome é a "substância" de umapalavra nome. Por corpo oração queremos fazer referência à determinação de um significado,através do qual expressamos as palavras mais explicitas e completamente numaoração. O nome para este corpo oração é sugerido pelas pegadas deixadas naestrada por elefantes, cavalos, pessoas, cervos, gado, cabras, etc. Mas nem aspalavras nem as orações podem expressar exactamente significado, porque aspalavras são somente sons doces, que são escolhidas para representar coisasarbitrariamente, elas não são as coisas, são em troca, somente asmanifestações da mente. A discriminação do significado é baseada na falsaimaginação de que estes sons doces, que nós chamamos palavras, sãodependentes de qualquer objecto que é suposto elas significarem e que

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também é suposto que existam por elas mesmas, pelo qual tudo está baseadono erro. Os discípulos devem estar de guarda perante as seduções das palavras,orações e os seus significados ilusórios e errados, porque por tudo isso oignorante e o néscio ficam emaranhados e desamparados como um elefanteque tropeça sobre a lama funda. As palavras e as orações são produzidas pela lei de causa e efeito e estãomutuamente condicionadas, elas não podem expressar a Realidade Superior.Além disso, na Realidade Superior não há nenhuma diferenciação a serdiscriminada e não há nada para ser proclamado ou afirmado com respeito aEla. A Realidade Superior é um estado se êxtase sublime de felicidade, não éum estado de palavra discriminação, e não se pode entrar nesse estado pormeras declarações respeitantes a ela. Os Tathagatas têm uma forma melhor deensinar, isto é, por auto realização da Sabedoria Nobre. Mahamati perguntou ao Santificado: “Te rogamos que nos fales sobre a causa e efeito de todas as coisas, por meiodo qual eu e outros Bodhisattvas possam ver dentro da natureza dessa relação,à medida que ela surja e gradual ou simultaneamente não as discriminar mais.” O Santificado respondeu: “Há dois factores de causa e efeito por meio dos quais todas as coisas chegamà existência aparente: factores externos e internos. Os factores externos são umpedaço de barro, uma vara, uma roda, uma linha, água, um trabalhador, otrabalho dele, e a combinação destes produzem um jarro. Assim como um jarroé feito de um pedaço de barro, ou um pedaço de linha faz um pano, ou a ervafragrante faz uma esteira, ou um rebento que cresce de uma semente, ou amanteiga fresca feita do leite azedo por um homem que a agita; assim é comtodas as coisas que aparecem uma depois da outra em sucessão contínua.Quanto aos factores internos de causa e efeito, eles são do género daignorância, do desejo e do objectivo, onde todos entram na ideia de causa eefeito. Nascido destes dois factores há a manifestação da personalidade e ascoisas individuais que compõem o seu ambiente, mas elas não são coisasindividuais e distintas: elas só são discriminadas assim pelo ignorante. A causa e efeito pode ser dividida em seis elementos: causa indiferente, causadependente causa possível, causa agente causa objectiva e causa manifesta. A causa indiferente significa que não há nenhuma discriminação presente, quenão há poder de combinação presente e portanto nenhuma discriminação tem

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lugar, ou se está presente há uma dissolução. A causa dependente, significa que os elementos devem estar presentes. A causa possível significa que quando uma causa chega a ser efectiva, devehaver uma reunião apropriada das duas condições, internas e externas. A causa agente significa que deve haver um princípio investido de autoridade,afirmado por si mesmo e com autoridade suprema, tal como um rei soberano. A causa objectiva significa que para ser parte do mundo objectivo o sistemamental deve estar em existência e tem que estar em actividade contínua. A causa manifesta significa que à medida que a faculdade discriminativa dosistema mental se mantém ocupada, os sinais individuais serão revelados comoas formas que são reveladas pela luz de uma lâmpada. Todas as causas são vistas, como sendo o resultado da discriminação, levadas acabo pelo ignorante e pelo ingénuo, e portanto não há, então, tal coisa como osurgir gradual ou simultâneo da existência. Se uma tal coisa, como o surgirgradual da existência é afirmada, esta pode ser desaprovada, mostrando quenão há nenhuma substância básica para unir os sinais individuais, o que faz osurgir gradual impossível. Se o surgimento simultâneo da existência é afirmado,não haverá nenhuma distinção entre causa e efeito e não haverá nada quecaracterize uma causa como tal. Enquanto uma criança não tenha nascido, otermo pai não tem nenhum significado. Os lógicos argumentam que há o quenasce e o que dá o nascimento pela interacção mútua de tais factores causaiscomo causa, substância, continuidade, aceleração, etc., e assim eles concluemque há um surgimento gradual da existência; mas este surgimento gradual nãose obtém, unicamente por causa do apego à noção de uma natureza própria. Quando as ideias do corpo, propriedade e residência, são vistas, discriminadas eapreciadas, no fim de contas nada é mais do que, o que é concebido pelaprópria mente, e um mundo externo é percebido debaixo do aspecto deindividualidade e generalidade, que porém, não é realidade, nem umsurgimento gradual nem um surgimento simultâneo das coisas é possível. Éentão somente quando o sistema mental entra em actividade e discrimina asmanifestações da mente, que a existência por assim dizer torna-se percebida.Por estas razões, Mahamati, deves libertar-te das noções de valor esimultaneidade na combinação das actividades causais.” Mahamati perguntou: “Abençoado: Que tipo de discriminação e a que tipo de pensamentos deve seraplicado o termo, falsa imaginação?”

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O Santificado respondeu: “Enquanto as pessoas não entenderem a verdadeira natureza do mundoobjectivo, elas sempre entrarão na visão dualística das coisas. Elas imaginam amultiplicidade dos objectos externos como sendo reais e são presas a eles ealimentadas pela sua energia do hábito. Por causa deste sistema de actividademental, e o que a ele pertence, tudo é discriminado e é pensado como sendoreal; isto conduz à afirmação de um ego alma e o que a ele pertence, e assim osistema move-se, funcionando. Dependendo do apego aos hábitos dualísticos damente, elas aceitam as pontos de vista dos filósofos, apoiadas nestas distinçõeserróneas, de ser e não ser, existência, e não existência, e lá evolui o que nóschamamos, falsas imaginações. Mas Mahamati, a discriminação não evolui nem é posta de lado, porque, quandotudo aquilo que é visto é reconhecido como nada e vemos que não é senãoverdadeiramente a manifestação da mente, como pode a discriminação evoluirdessa maneira em ser e não ser?. É por causa dos ignorantes, que são viciados nas discriminações e multiplicidadedas coisas, que pertencem à sua própria mente, que eu digo que adiscriminação surge devido ao apego do aspecto da multiplicidade que écaracterístico dos objectos. Como pode, em caso contrário o ignorante e o ingénuo reconhecer que não hánada mais, do que o que é visto pela própria mente, e como caso contráriopodem eles ganhar um discernimento dentro na verdadeira natureza da mente eserem capazes de se livrarem das concepções erradas da causa e efeito? Como podem eles adquirir uma concepção clara das fases do Bodhisattva ,alcançar e "inverter" o intimo profundo das suas consciências, e finalmenteatingir uma auto realização interna da Sabedoria Nobre que transcende os cincoDharmas, as três Ego naturezas, e a ideia inteira de uma Realidadediscriminada? Por isto eu digo que a discriminação surge da mente apegada à multiplicidadedas coisas que não são reais em si mesmas e que a emancipação vem deentender completamente o significado da Realidade como ela verdadeiramenteé. As falsas imaginações nascem das considerações das aparências; as coisas sãodiscriminadas tanto na forma, como nos sinais e na forma; como ter cor, calor,humidade, mobilidade ou rigidez. A falsa imaginação consiste em ficar apegadoa essas aparências e aos seus nomes. Por apego aos objectos queremos dizer, oapegar-se às coisas internas e externas como se fossem reais. Por apego aosnomes queremos significar, o reconhecimento nestas coisas internas e externas

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dos sinais característicos da individualidade e generalidade, e os considerarcomo definitivamente pertencendo aos nomes dos objectos. A falsa imaginação ensina que, como todas as coisas estão afectas com causase condições da energia do hábito que se foi acumulando desde os tempos semprincipio, o facto de não reconhecer que o mundo externo é a própria mente,faz com que todas as coisas sejam compreensíveis debaixo dos aspectos daindividualidade e generalidade. Por causa de se agarrar a essas falsasimaginações há um sem numero de aparências, que são imaginadas como reaismas que são só imaginações. Uma ilustração: quando um mágico utiliza a erva, a mata, os arbustos e astrepadeiras, para exercer a sua arte, muitas formas e seres que são somentecriados magicamente tomam forma; às vezes elas igualam figuras que têmcorpos, que se movimentam e agem como seres humanos; elas são por diversasformas imaginadas e discriminadas, mas não há nenhuma realidade nelas;todos, menos as crianças e os ingénuos, sabem que elas não são reais.Igualmente com base na noção da falsa imaginação da relatividade, percebemosuma variedade de aparências que a mente discrimina e desenvolve,objectivando-as e dando-lhes um nome, e apegando-se a elas, a memória e aenergia hábito perpetuam-nas. Isto é tudo o que é necessário para constituir umanatureza do eu de falsas imaginações. Podem ser distinguidas várias características de falsa imaginação como sesegue: em relação a palavras, significados, sinais individuais, propriedade,natureza do eu, causa, pontos de vista filosóficos, raciocínio, nascimento, nãonascimento, dependência, escravidão e emancipação. A discriminação das palavras é o apego à formação de vários sons que contêmsignificados familiares. A discriminação do significado, vem, quando a pessoa imagina que a formulaçãodas palavras, surgem dependendo de qualquer tema que se quer expressar eque tais temas são considerados como existentes em si mesmos. A discriminação dos sinais individuais, é imaginar que tudo o que é denotadoem palavras, relativas às multiplicidades dos sinais individuais (o qual elas sãocomo uma miragem) é verdadeiro, e apegando-se tenazmente a elas, separartodas as coisas de acordo com tais categorias como calor, fluidez, mobilidade, esolidez. A discriminação da propriedade é desejar um estado de riqueza, tal como ouro,prata, e várias pedras preciosas. A discriminação da natureza própria é fazer discriminações de acordo com as

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pontos de vista dos filósofos, em referência à natureza própria de todas ascoisas, que eles imaginam e de forma decisiva mantêm como ser verdade,enquanto dizem: "Isto é o que é e não pode ser de outra forma." A discriminação da causa é distinguir a noção de causa e efeito em referência aser e a não ser e imaginar que há tais coisas como "sinais de causa." A discriminação dos pontos de vista filosóficos significa considerar pontos devista diferentes, relativos às noções de ser e não ser, unidade e diferença,ambos e não ambos, existência e não existência, todos dos quais são erróneos,e apegar-se a esses pontos de vista específicos. A discriminação do raciocínio refere-se ao ensinamento cujo argumento ébaseado no apegar-se à noção e substância do eu e o que pertence a ele. A discriminação do nascimento apegando-se à noção de que as coisas chegam àexistência e diluem-se nela de acordo com a causa e efeito. A discriminação do não nascimento é ver aquelas substâncias sem causa, quenão eram, virem à existência, por causa, da causa e efeito. A discriminação da dependência significa a mútua dependência do ouro e dosfios (colares) feitos dele. A discriminações da escravidão e imaginação é como imaginar que há algoligado por alguma coisa obrigatória, como no caso de um homem que faz um nóe depois o desata. Estas são as várias características da falsa imaginação, à qual todos osignorantes e tolos se agarram. Os que se agarram à noção de relatividade,ficam apegados à noção de variedade das coisas que surgem da falsaimaginação. É como ver as variedades de objectos que dependem de Maya,mas estas variedades que se revelam assim, são discriminadas pelo ignorantepelo seu próprio modo de pensar, é algo diferente da própria Maya. A verdadeé que Maya e a variedade dos objectos, nem são diferentes, nem nãodiferentes; se eles fossem diferentes, a variedades dos objectos teriam acaracterística não Maya; se eles fossem não diferentes, não haveria nenhumadistinção entre eles. Mas como à uma distinção entre os dois, Maya e avariedade de objectos, nem são diferentes nem não diferentes, por uma boarazão: eles são uma só coisa.” Mahamati perguntou ao Santificado: “É o erro uma entidade ou não?” O Santificado respondeu: “O erro não tem nenhuma natureza nem traz apego; se o erro tivesse tal

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característica, nenhuma libertação seria possível do seu apego à existência, e acorrente original só seria entendida no sentido da criação como os filósofos aapoiam. O erro é como Maya, e também como Maya, é incapaz de produziroutra Maya, assim o erro em si mesmo não pode produzir erro; é adiscriminação e o apego que produzem os maus pensamentos e as faltas. Alémdisso, Maya não tem nenhum poder de discriminação em si mesmo; só nascequando invocado pelo charme do mágico. O erro não tem em si mesmonenhuma energia do hábito; a energia do hábito só nasce da discriminação e doapego. O erro em si mesmo não tem nenhuma falta; as faltas são devidas àsdiscriminações confusas apreciadas pelo ignorante relativas ao ego alma e à suamente. O sábio não tem nada que ver com Maya ou com o erro. Porém, Mayanão é uma irrealidade porque só tem a aparência de realidade; todas as coisastêm a natureza de Maya. Não é porque todas as coisas são imaginadas e nosapegamos a elas, pelos numerosos sinais individuais, que elas são como Maya;é porque elas são igualmente irreais, tão depressa aparecem e desaparecem.Estando presos a pensamentos erróneos eles confundem e contradizem-se a simesmos e aos outros. Como eles, não constatam claramente o facto, que omundo é não mais que a própria mente, eles imaginam e prendem-se à causa eefeito, trabalho, nascimento, sinais individuais e os seus pensamentos sãocaracterizados pelo erro e falsas imaginações. O ensinamento diz que todas ascoisas são caracterizadas pela natureza própria de Maya e que o sonho é aforma de fazer com que o ignorante e o ingénuo ignorem a ideia de umanatureza própria em todas as coisa. A falsa imaginação ensina que coisas tais como luz e sombra, grande epequeno, preto e branco são diferentes e devem ser discriminadas; mas elasnão são independentes uma da outra; elas são só aspectos diferentes da mesmacoisa, elas são condições de relação e não de realidade. As condições deexistência não são de carácter mutuamente exclusivo; em essência as coisasnão são dois mas um. Até mesmo o Nirvana e o mundo do Samsara da vida eda morte são aspectos da mesma coisa, porque não há Nirvana excepto ondehá Samsara, nem Samsara excepto onde há Nirvana. Toda a dualidade éimaginada falsamente. Mahamati, tu, e todos os Bodhisattvas devem-se disciplinar na realização eaceitação paciente das verdades do vazio, não nascimento, não natureza própriae não dualidade de todas as coisas. Este ensinamento é encontrado em todosos sutras de todos os Buddhas e é apresentado para se adequar ás variadasinclinações de todos os seres, mas não é a Verdade em si mesma. Estesensinamentos são só um dedo que aponta para a Sabedoria Nobre. Eles são

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como uma miragem, com as suas fontes de água, que os cervos tomam comoreal e que depois perseguem. Assim com respeito aos ensinamentos em todos os sutras: Eles são destinados àconsideração e orientação das mentes discriminativas de todas as pessoas, maseles não são a Verdade em si que só pode ser percebida pelo próprio dentro daconsciência profunda da própria pessoa. Mahamati, tu e todos os Bodhisattvas têm que procurar este entendimento deauto realização interna da Sabedoria Nobre, e não serem seduzidos peloensinamento das palavras.”

Capítulo III O Conhecimento Correcto ou o Conhecimento das Relações

Então Mahamati disse: “Abençoado, pedimos-te que nos fales, sobre o ser e o não ser de todas ascoisas.” O Abençoado respondeu:

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“As pessoas deste mundo são dependentes do seu pensamento numa de duascoisas: na noção de ser, pelo qual elas adquirirem prazer no realismo, ou nanoção de não ser por meio do qual elas adquirem prazer no niilismo; em ambosos casos, elas imaginam emancipação onde não há nenhuma emancipação. Osque são dependente das noções do ser, consideram o mundo como surgindo deuma causa e efeito que é realmente existente, e que este existindo de facto,não toma o seu aparecimento de uma causa e efeito que é não existente. Estaé a visão realística como é apoiada por algumas pessoas. Então há outraspessoas que são dependente da noção do não ser de todas as coisas. Estaspessoas admitem a existência da ganância, raiva e loucura, e ao mesmo temponegam a existência das coisas que produzem a ganância, a raiva e a loucura.Isto não é racional, porque a ganância, a raiva e a loucura não são consideradasmais reais, do que são as coisas; elas não têm substância nem sinaisindividuais. Onde há um estado de dependência, há obrigações e as condiçõespara as manter; mas onde há emancipação, como no caso dos Buddhas,Bodhisattvas, mestres e discípulos que deixaram de acreditar em ser e não ser,não há escravidão, obrigações, nem condições para obrigar. É melhor apreciar a noção de um eu substância, do que manter em mente anoção de vazio derivado do ponto de vista do ser e não ser, porque os queassim acreditam, não entendem o facto fundamental que o mundo externo, nãoé nada mais que uma manifestação da mente. Porque eles vêem as coisas comopassageiras, como surgidas de causa e desaparecendo de causa, ora divididas,ora combinadas nos elementos que compõem os agregados da personalidade eo seu mundo externo, ora desaparecendo, eles são sentenciados a sofrer cadamomento das mudanças que se seguem uma depois da outra, e finalmente sãosentenciados à ruína.” Então Mahamati pediu ao Abençoado: “Diga-nos Abençoado, como todas as coisas podem ser vazias, não nascidas, enão ter nenhuma natureza própria, de forma que nós possamos despertar edepressa perceber o esclarecimento mais elevado.” O Abençoado respondeu: “O que é na realidade o vazio? É um termo cuja natureza em si é uma falsaimaginação, mas por causa do apego à falsa imaginação nós somos obrigados afalar do vazio, do não nascimento, e da não natureza própria. Há sete tipos de vazio: Vazio de reciprocidade que é não existência. Vazio de sinais individuais.

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Vazio de natureza própria. Vazio de não trabalho, vazio de trabalho. Vazio de todas as coisas no sentido de que elas são imprevisíveis, e vazio nosentido mais elevado da Realidade Última. Por vazio de reciprocidade que é não existente significa que, quando uma coisaé omitida aqui, a pessoa fala dela como estando vazia aqui. Por exemplo: Nocorredor de conferências de Mrigarama não há elefantes presente, nem touros,nem ovelhas; mas há muitos monges presente. Nós podemos falar justamentedo corredor, como estando vazio dos animais a que nos referimos. Não éafirmado que o corredor de conferências está vazio das suas característicaspróprias, ou que os monges estão vazios do que os faz ser monges, nem que,em algum outro lugar, não há elefantes, touros, nem ovelhas. Neste caso nósestamos falando de coisas, no aspecto da sua individualidade e generalidade,mas do ponto de vista da reciprocidade não existem coisas em lugar algum.Esta é a mais baixa forma de vazio e deve ser diligentemente posta de lado. Por vazio de sinais individuais significa que todas as coisas não têm nenhumsinal distinto de individualidade e generalidade. As relações mútuas e asinteracções das coisas são discriminadas superficialmente, mas quando elas sãomais cuidadosamente investigadas e analisadas elas são vistas como nãoexistentes e nada sobre individualidade e generalidade podem ser ditas delas.Assim quando já não podem ser vistos sinais individuais, ideias do eu, do outroe de ambos, já não são benéficas. Assim deve ser dito que todas as coisas sãovazias de sinais próprio. Por vazio de natureza própria, significa que todas as coisas na sua naturezaprópria são não nascidas; então, diz-se que as coisas são vazias de naturezaprópria. Por vazio de ’ não trabalho ' significa que o agregado dos elementos quecompõem a personalidade e o seu mundo externo é o próprio Nirvana e desdeo princípio não há actividade neles; então, fala-se de vazio de ' não trabalho '. Por vazio de trabalho significa que os agregados sendo destituídos de um eu e oque a ele pertence, continuam a funcionar automaticamente porque há umaconjugação mútua de causas e condições; assim fala-se de vazio de trabalho. Por vazio de todas as coisas no sentido em que elas são imprevisíveis, significaque, como a sua particular natureza de falsa imaginação é inexprimível, assimtodas as coisas são imprevisíveis, e, então, são vazias naquele sentido. Por vazio no sentido mais alto de vazio da Realidade Última, significa que noalcançar a auto realização interna da Sabedoria Nobre, não há traços alguns deenergia do hábito gerados por concepções erróneas; assim a pessoa fala dovazio mais elevado da Realidade Última.

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Quando as coisas são examinadas pelo conhecimento correcto, não há sinaisobtidos, que os possam caracterizar como sinais de individualidade egeneralidade, então, diz-se que eles não têm natureza própria. Porque estessinais de individualidade e generalidade são ambos vistos como existindo e noentanto, são conhecidos como não existentes, são como existindo, e conhecidoscomo não existindo, eles nunca são aniquilados. Porque é isto verdade? Por isto; porque os sinais individuais que compõem a natureza própria de todasas coisas são não existentes. Assim as coisas na sua natureza própria são eternas e não eternas. As coisasnão são eternas porque os sinais de individualidade aparecem e desaparecem,isto é, os sinais da natureza própria são caracterizadas pelo não eterno. Poroutro lado, porque as coisas são não nascidas e só são feitas pela mente, elassão num sentido profundo eternas. Quer dizer, as coisas são eternas pela suanão eternidade . Assim, além de entender o vazio de todas as coisas, com respeito à substânciae à natureza própria, é necessário que os Bodhisattvas entendam claramenteque todas as coisas são não nascidas. Não é afirmado que as coisas são nãonascidas num sentido superficial, mas que num sentido profundo elas são nãonascidas delas mesmas. Tudo aquilo que pode ser dito, é isto: relativamentefalando, há um fluxo constante de chegar a ser, uma mudança momentânea eininterrupta de um estado de aparecimento para outro. Quando é reconhecidoque o mundo tal como se apresenta, não é mais que uma manifestação damente, então o nascimento é visto como não nascimento, e todos os objectosexistentes, relacionados com a discriminação que afirma que eles são e não são,é não existente e, então, não nascidos; sendo destituídas de causa e acção ascoisas são não nascidas. Se as coisas são não nascidas de ser e de não ser, mas são simplesmentemanifestações da própria mente, elas não têm realidade, nem natureza própria:elas são como os chifres da uma lebre, de um cavalo, de um burro, ou de umcamelo. Mas o ignorante e o ingénuo, que são dados às suas falsas e erróneasimaginações, discriminam coisas onde elas não existem. Para o ignorante ossinais característicos da natureza própria de residência e propriedade corporalparecem ser fundamentais e estão enraizadas na natureza da mente em si,assim ele discrimina as suas numerosas entidades e torna-se como sendo elas. Há dois tipos de apegos: Apego aos objectos como tendo uma natureza própria, e apego às palavrascomo tendo uma natureza própria.

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O primeiro acontece por não saberem que o mundo externo é só umamanifestação da própria mente; e o segundo surge do apegar-se a palavras enomes por causa do hábito energia. No ensinamento do não nascimento, acausa e efeito está fora de causa, porque, vendo que todas as coisas são comoMaya e um sonho, a pessoa não separa os sinais individuais. Que todas ascoisas são não nascidas e não têm natureza própria porque elas são como Mayaé ir ao encontro dos pontos de vista dos filósofos em que o nascimentoacontece por causa e efeito. Eles nutrem a noção que o nascimento de todas ascoisas é derivado do conceito de ser e não ser, e não consideram isso comoverdadeiramente é, como causado pelo apego às numerosas discriminações quesurgem da própria mente. Os que acreditam no nascimento de algo que nunca existiu e, que vindo àexistência, desaparece, são obrigados a afirmar que as coisas vêm à existênciae desaparecem, através da causa e efeito - tais pessoas não encontram umaposição segura nos meus ensinamentos. Quando percebem que não há nadanascido, e nada que falece, então não há forma de admitir o ser e o não ser, ea mente torna-se tranquila.” Então Mahamati disse ao Abençoado: “Os filósofos declaram que o mundo surge dos agentes causais de acordo comas leis de causa e efeito; eles declaram que a sua causa é não nascida e nãoaniquilada. Eles mencionam nove elementos primários: Ishvara o Criador, aCriação, átomos, etc., os quais sendo elementares são não nascidos e não háaniquilação. O Abençoado, ensina que todas as coisas são não nascidas e quenão há aniquilação, também declara que o mundo surje da ignorância, dadiscriminação, do apego, da acção, etc., funcionando de acordo com a lei decausa e efeito. Embora os dois grupos de elementos possam diferir em forma enome, não parece existir qualquer diferença essencial entre as duas posições.Se há qualquer coisa que é distinta e superior nos ensinamentos do Abençoadopedimos-te que nos digas, o que é.” O Abençoado respondeu: “O meu ensinamento de não nascimento e não aniquilação não é como o dosfilósofos, nem é como a sua doutrina de nascimento e impermanência. O que osfilósofos designam como característica de não nascimento e não aniquilação é anatureza própria de todas as coisas que os fazem entrar no dualismo do ser enão ser. O meu ensinamento transcende a concepção completa do ser e nãoser; não tem nada que ver com o nascimento, a continuidade e a destruição;nem com existência e não existência. Eu ensino que a numerosidade dos

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objectos não têm realidade em si mesmos, são somente vistos pela mente e,portanto, são da natureza de Maya e de um sonho. Eu ensino a não existênciadas coisas porque elas não tem sinal algum de qualquer natureza própriainerente a elas. É verdade que num sentido, são vistas e discriminadas pelossentidos como objectos individuais; mas por outro lado, por causa da ausênciade qualquer sinal característico da natureza própria, elas não são vistas, massomente imaginadas. Num certo sentido eles são compreensíveis, mas noutro,eles não são compreensíveis. Quando é claramente compreendido que não há nada no mundo, a não ser oque é visto pela própria mente, a discriminação não surgirá mais, e o sábioresidirá no seu verdadeiro domicílio que é o reino de quietude. O ignorantediscrimina e trabalha, tentando-se ajustar às condições externas, e éconstantemente perturbado pela mente; as irrealidades são imaginadas ediscriminadas, enquanto as realidades não são vistas e são ignoradas. Isto nãoé assim com o sábio. Uma ilustração desta ideia: O que o ignorante vê é como a cidade magicamentecriada dos Gandharvas onde são mostradas as crianças, as ruas, as casas, oscomerciantes fantasma, e as pessoas, entrando e saindo. Esta cidade imagináriacom as suas ruas e casas e as pessoas entrando e saindo, não são pensadascomo nascidas ou aniquiladas, porque neste caso, não há nenhuma duvidasobre a sua existência ou não existência. Da mesma forma, eu ensino, que nãohá nada feito nem não feito; que não há nada que tenha conexão com onascimento e a destruição, excepto, como o ignorante gosta falsamente deimaginar, noções como as da realidade do mundo externo. Quando os objectos não são vistos e julgados, como eles verdadeiramente sãoem si mesmos, há discriminação e apego às noções de ser e não ser, e àindividualidade da natureza própria, e enquanto estas noções de individualidadee natureza própria persistirem, os filósofos encontram-se limitados para explicaro mundo externo por uma lei de causa e efeito. Esta posição levanta a perguntade uma causa primeira, à qual os filósofos respondem afirmando que a suaprimeira causa, Ishvara e os elementos primitivos, são não nascidos e nãoaniquilados; tal posição é sem evidência e é irracional. As pessoas ignorantes e os filósofos mundanos apreciam um género de nãonascimento, mas não é esse género de não nascimento que eu ensino. Euensino o não nascido da essência do não nascimento de todas as coisas,ensinamento que está instituído nas mentes dos sábios pela sua auto realizaçãoda Sabedoria Nobre. Uma concha, a argila, um recipiente, uma roda, ousementes, ou elementos, estas são condições externas; ignorância,discriminação, apego, hábito, karma, - estas são condições internas. Quando

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este universo inteiro é considerado como concatenação e nada mais que umaconcatenação, então a mente, por sua aceitação paciente da verdade que todasas coisas são não nascidas, ganha tranquilidade.”

Capítulo IV O Conhecimento Perfeito ou o Conhecimento da Realidade

Então Mahamati perguntou ao Santificado: “Abençoado, pedimos-te que nos fales sobre os cinco Dharmas, de forma a quepossamos compreender completamente o conhecimento perfeito.” O Santificado respondeu: “Os cinco Dharmas são: a aparência, o nome, a discriminação, o conhecimentocorrecto, e a Realidade. Por aparência, significa que o que se revela aos próprios sentidos e à mentediscriminativa e é percebido como forma, som, odor, gosto, e toque. Destasaparências, formam-se as ideias, como barro, água, jarro, etc., pelo que sepode dizer: isto é assim e assim e não outra coisa, tal como é chamado.Quando são contrastadas as aparências e os nomes comparados, como quando

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nós dizemos: isto é um elefante, isto é um cavalo, um carro, um pedestre, umhomem, uma mulher, ou, esta é a mente e o que a ela pertence, as coisasassim chamadas, diz-se que são discriminadas. Como estas discriminações sãoreciprocamente condicionadas, vazias de substância própria, não nascidas, eassim são vistas como verdadeiramente são, isso é, como manifestações daprópria mente, este é o conhecimento correcto. Por isso o sábio deixa deconsiderar as aparências e os nomes como realidades. Quando as aparências e os nomes são afastados e toda a discriminação cessa,o que resta é a verdade e a natureza essencial das coisas e, como nada podeser dito sobre a natureza da essência, é chamada a "Qualidade Essencial" daRealidade. Esta universal, indiferenciada, inescrutável, "Qualidade Essencial" é a únicaRealidade, mas ela é variavelmente caracterizada e descrita como a Verdade, AEssência da Mente, Inteligência Transcendental, Sabedoria Nobre, etc. Este Dharma sem imagem da Natureza Essencial da Última Realidade é oDharma que foi proclamado por todos os Buddhas, e quando todas as coisasforem completamente compreendidas de acordo com isto, a pessoa está naposse do Conhecimento Perfeito e está a caminho de alcançar a InteligênciaTranscendental dos Tathágatas.” Então Mahamati perguntou ao Santificado: “São as três naturezas próprias das coisas, as ideias, e a Realidade,consideradas como excluídas nos Cinco Dharmas, ou como tendo as suaspróprias características completas nelas mesmas?” O Santificado respondeu: “As três naturezas próprias, o sistema mental óctuplo, e o não eu dualístico,todos estão incluídos nos Cinco Dharmas. As naturezas próprias das coisas, dasideias, e do sistema mental sêxtuplo, correspondem com os Dharmas daaparência, do nome e da discriminação; a natureza própria da Mente Universal eda Realidade corresponde aos Dharmas do conhecimento correcto e da"Qualidade Essencial." Quando nos apegamos ao que é visto pela própria mente, é despertada umaactividade que é perpetuada pela energia do hábito, e que se manifesta nosistema mental; das atividades do sistema mental surge a noção de um egoalma e de posse; as discriminações, apegos, e a noção de um ego alma,nascem simultaneamente como o sol e os seus raios de luz. Por não eu das coisas, significa que os elementos que compõem os agregados

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da personalidade e do seu mundo objectivo, são caracterizados pela natureza deMaya e destituídos de qualquer coisa que possa ser chamada substânciaprópria; são portanto não nascidos e não têm nenhuma natureza própria. Como pode ser dito que as coisas têm um ego alma? Por não ego das pessoas, significa que nos agregados que compõem apersonalidade não há nenhum ego substância, nem qualquer coisa que sejacomo um ego substância nem nada que lhe pertença. O sistema mental que é osinal mais característico da personalidade, tem origem na ignorância,discriminação, desejo e acção; e as suas atividades são perpetuadas por;entender, agarrar, e apegar-se a objectos como se eles fossem reais. Amemória destas discriminações, desejos, apegos e acções, está armazenada naMente Universal desde o tempo sem principio, e ainda está sendo acumuladoonde ela condiciona a aparência da personalidade e o seu meio ambiente eprovoca mudanças constantes e destruição, de momento para momento. Asmanifestações são como um rio, uma semente, uma lâmpada, uma nuvem, ovento; a mente Universal na sua voracidade para acumular tudo, é como ummacaco que nunca repousa, como uma mosca à procura de comida e sempreferências, como um fogo que nunca está satisfeito, como uma nora sempre agirar. A mente Universal quando está suja pela energia do hábito, é como ummágico que faz coisas fantasmagóricas com pessoas a aparecer e a semoverem. Uma total compreensão destas coisas é necessária para compreendero não ego das pessoas. Há quatro tipos de Conhecimento: O conhecimento das aparências, o conhecimento relativo, o conhecimentoperfeito, e a Inteligência Transcendental. O conhecimento das aparências pertence ao ignorante e ao ingénuo que sãoviciados na noção do ser e não ser, e que são atemorizados pelo pensamentode ser não nascido. Isto é produzido pela concordância da combinação tripla eapego à multiplicidade de objectos; é caracterizado pela acessibilidade eacumulação; está sujeito ao nascimento e à destruição. O conhecimento das aparências pertence aos que utilizam uma linguagemdescuidada ou pretensiosa de pouco ou nenhum respeito, e que se divertem emdiscriminações, afirmações, e negações. O conhecimento relativo pertence ao mundo mental dos filósofos. Nasce dahabilidade da mente para considerar as relações que surgem de cada um e àmente que as considera, nasce da habilidade das mentes para organizar,combinar, e analisar estas relações, pelos seus poderes de lógica discursiva e

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imaginativa, pela razão de que têm capacidade de vislumbrar a importância e ovalor das coisas. O conhecimento Perfeito (jnana) pertence ao mundo dos Bodhisattvas quereconhecem que todas as coisas são manifestações da mente; que entendemclaramente o vazio, o não nascido, o não ego de todas as coisas; e queentraram na compreensão dos Cinco Dharmas, o duplo não ego, e na verdadeda não imagem. O conhecimento Perfeito diferencia as etapas do Bodhisattva, eé o caminho e a entrada no estado exaltado da auto realização de SabedoriaNobre. O conhecimento Perfeito pertence aos Bodhisattvas que são completamentelivres dos dualismos do ser e não ser, não nascimento e não aniquilação, detodas as afirmações e negações, e que, por causa da auto realização, ganharamuma perspicácia nas verdades do não ego e não imagem. Eles já nãodiscriminam o mundo como sujeito a causa e efeito: eles consideram a causa eefeito que rege o mundo como alguma coisa como a cidade lendária dosGandharvas. Para eles o mundo é como uma visão e um sonho, é como onascimento e morte de uma criança de uma mulher estéril; para eles não hánada evoluindo e nada que desaparece. Os sábios que apreciam o conhecimento Perfeito, podem ser divididos em trêsclasses, discípulos, mestres e Arhats. Os discípulos comuns são separados dos mestres como discípulos comuns,porque continuam a cultivar a noção de individualidade e generalidade; osmestres surgem dos discípulos comuns quando, abandonando os erros daindividualidade e generalidade, eles ainda se agarram à noção de um ego alma,do qual eles saiam por si mesmos em retiros e solidão. Os Arhats surgem quando o erro de toda a discriminação é entendido. O errosendo discriminado pelo sábio transforma-se em Verdade pela virtude da"inversão" que toma lugar dentro da consciência profunda. A mente assimemancipada, entra na auto realização perfeita da Sabedoria Nobre. Mas, Mahamati, se tu afirmas que há uma tal coisa como a Sabedoria Nobre,isso não é bom, porque qualquer coisa que seja afirmada, participa atravésdisso da natureza do ser e é assim caracterizada com a qualidade donascimento. A afirmação: "Todas as coisas são não nascidas destrói a veracidade disto. O mesmo é verdade das declarações: "Todas as coisas são vazias", e "Todas ascoisas não têm natureza própria", ambas são insustentáveis quando postas naforma de afirmações. Mas quando é indicado que todas as coisas são como um

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sonho e uma visão, significa isso que de um modo elas são percebidas, e deoutro modo não são percebidas; quer dizer, na ignorância elas são percebidas,mas no conhecimento Perfeito elas não são percebidas. Todas as afirmações enegações que são construídas pelo pensamento, são não nascidas. Até mesmo aafirmação que a Mente Universal e a Sabedoria Nobre são a Realidade Ultima, éuma construção do pensamento e portanto é não nascida. Como "coisa" não háMente Universal, não há Sabedoria Nobre nem há Realidade Ultima. Aperspicácia do sábio que se move no reino de não imagem e da sua solidão épura. Quer dizer; para o sábio todas as "coisas" são removíveis e até o estadode não imagem deixa de existir.”

Capítulo V O Sistema Mental

Então Mahamati disse ao Santificado: “Abençoado suplicamos te que nos digas: o que se entende por mente (citta)?” O Santificado respondeu: “Todas as coisas deste mundo, sejam elas aparentemente boas ou ruins,

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defeituosas ou sem defeito, produtoras de efeito ou não produtoras de efeito,receptivas ou não receptivas, podem ser divididas em duas classes: as másemanações e as boas não emanações. Os cinco elementos do apego quecompõem os agregados da personalidade, denominados, forma, sensação,percepção, discriminação, e consciência, e que se imagina ser bom ou ruim, têmo seu aparecimento na energia do hábito do sistema mental, são as másemanações da vida. As realizações espirituais e as alegrias dos Samádhis e afrutificação dos Samapatis inerente ao sábio, através da sua auto realização daSabedoria Nobre e que culmina no seu regresso e participação nas relações domundo triplo, são chamadas as boas não emanações. O sistema mental que é a fonte das más emanações, consiste nos órgãos doscinco sentidos e da sua acompanhante, a mente dos sentidos (Vijnanas), sendotodos eles unificados na mente discriminativa (manovijnana). Há uma sucessãointerminável de conceitos sensoriais que flúem nesta discriminação ou mentepensante, que os combinam, os separam e os julgam pela sua bondade oumaldade. Então segue-se a aversão ou o desejo deles, para o apego e a acção;e assim os movimentos do sistema completo, movem-se contínua e firmementeunidos. Mas fracassa em ver e entender, que o que vê, discrimina e se apega ésó uma manifestação da sua própria actividade e que não têm qualquerfundamento, e assim a mente vai percebendo erradamente, separandodiferenças de formas e qualidades, sem permanecer calma e uniforme duranteum minuto. No sistema mental distinguem-se três modelos de actividade: as mentessensoriais que funcionam enquanto permanecem na sua natureza original, asmentes sensoriais como produtoras de efeitos, e as mentes sensoriais comodesenvolvimento. No seu normal funcionamento, as mentes sensoriais apegam-se aos elementosapropriados do seu mundo externo, pelo qual, a sensação e a percepçãosurgem imediatamente e por extensão, em todos os órgãos e em todas asmentes sensoriais, nos poros da pele, e até mesmo nos átomos que compõem ocorpo pelo qual o campo inteiro é apreendido como um espelho que reflecteobjectos, e não percebendo que o próprio mundo externo é só umamanifestação de mente O segundo modelo de actividade, produz efeitos pelos quais estas sensaçõesreagem na mente discriminativa, produzindo percepções, atracções, aversões,apegos, acções e hábitos.

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O terceiro modelo de actividade, tem que ver com o crescimento,desenvolvimento e transcurso do sistema mental, quer dizer, o sistema mentalestá sujeito à sua própria energia do hábito acumulada desde o tempo semprincípio, como por exemplo: o "olhar" no olhar que predispõe ao apego e quese prende a múltiplas formas e aparências. Deste modo as actividades dosistema mental evoluindo por causa da sua energia do hábito incita as ondas daobjectividade, diante da Mente Universal, o qual uma após outra, condicionamas actividades e o desenvolvimento do sistema mental. Aparência, percepção, atracção, apego, acção, hábito, reacção, condicionam-seuns aos outros incessantemente, e assim o funcionamento das mentessensoriais, a mente discriminativa e a Mente Universal, são desta formaentrelaçadas. Assim, por causa desta discriminação que por natureza é comoMaya, a falsa imaginação irreal e o raciocínio erróneo acontecem, a acçãoprogride e a sua energia do hábito acumula-se, poluindo através disso a facepura da Mente Universal, e como consequência o sistema mental entra emfuncionamento e o corpo físico tem a sua génese. Mas a mente discriminativanão pensa que pelas suas discriminações e apegos está condicionando todo ocorpo e assim as mentes sensoriais e a mente discriminativa vão-semutuamente relacionando e mutuamente condicionam-se de uma forma cadavez mais íntima e construindo um mundo de relações fora das atividades da suaprópria imaginação. Como um espelho que reflecte as formas, os sentidos da percepção, percebem as aparências que a mente discriminativa conjuntamenterecolhe, e procede à discriminação, nomeando as (dando-lhes nomes) epegando-se a elas. Entre estas duas funções não há nenhum espaço, nãoobstante, elas surgem mutuamente condicionantes. Os sentidos da percepção apegam-se ao que eles têm afinidade, e há umatransformação que tem lugar na sua estrutura pelo qual a mente tem comoresultado; combinar, discriminar, notificar, e actuar; então prosseguirá na suaenergia do hábito institucionalizando a mente e a sua continuidade. A mina de onde é extraída a discriminação, devido à sua capacidade paradiscriminar, julgar, seleccionar e argumentar sobre, também é chamada a mentepensante, ou a mente intelectual. Há três divisões da sua actividade mental: o pensamento que funciona emrelação ao apego a objectos e ideias, o pensamento que funciona em relação aideias gerais, e o pensamento que examina a validade destas ideias gerais. O pensamento que funciona em relação ao apego, a objectos e ideias derivadas

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da discriminação, separa a mente dos seus processos mentais e aceita as suasideias como sendo reais e apega-se a elas. Chega-se assim a uma variedade defalsos julgamentos sobre multiplicidade, individualidade, valor, etc., e um forteapego toma lugar, o qual é perpetuado pela energia do hábito e assim adiscriminação vai-se afirmando a ela mesma. Estes processos mentais, dão origem a concepções gerais de calor, fluidez,mobilidade e solidez, como caracterizando os objectos de discriminação,enquanto a tenaz sustentação para estas ideias gerais, dá origem à proposição,à razão, à definição e ilustração, todos os quais conduzem às afirmações deconhecimento relativo e ao estabelecimento da confiança no nascimento,natureza própria, e um eu alma. Por pensamento como uma função examinadora, significa o acto intelectual deexaminar essas conclusões gerais sobre a sua validade, significação, everacidade. Esta é a faculdade que conduz ao entendimento, conhecimentocorrecto e aponta o caminho à auto realização.” Então Mahamati perguntou ao Santificado: “Abençoado, imploramos-te que nos digas que relação da ego personalidadeproduz o sistema mental?” O Santificado respondeu: “Para explicar isso, primeiro é necessário falar da natureza própria, dos cincoagregados da avareza que compõem a personalidade, embora como mostrei,eles sejam vazios, não nascidos, e sem natureza própria. Estes cinco agregadosde avareza são: forma, sensação, percepção, discriminação e consciência.Destes, a forma pertence ao que é feito dos assim chamados elementosprimários, seja o que for que sejam. Os quatro agregados restantes são semforma e não devem ser considerados como quatro, porque eles fundem seimperceptivelmente uns nos outros. São como o espaço que não pode serquantificado; é só devido à imaginação que eles são discriminados ecomparáveis ao espaço. Porque as coisas estão dotadas com a aparência de ser,sinais característicos, perceptibilidade, domicílio e trabalho, a pessoa pode dizerque elas nascem de causas que produzem efeitos, mas isto não pode ser ditodestes quatro agregados intangíveis, porque eles são sem sinais e sem marcas.Estes quatro agregados mentais que compõem a personalidade, estão além docálculo, além das quatro proposições, não se pode dizer que existam ou quenão existam, mas juntos, eles constituem o que é conhecido como, a mentemortal . Eles são parecidos com Maya e a um sonho que são coisas, não

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obstante, como a mente mortal discriminatória, eles obstruem a auto realizaçãoda Sabedoria Nobre. Mas é só pelo ignorante que são enumerados e que os considera como umapersonalidade própria; o sábio não faz isso. Esta discriminação dos cinco agregados que constitui a personalidade e queserve de base e fundamento a um ego alma e aos seus desejos e egoísmos,deve ser renunciada, e no seu lugar a verdade da não imagem e o isolamentodevem ser estabelecidos.” Então Mahamati disse ao Santificado: “Abençoado imploramos-te que nos fales sobre a Mente Universal e a suarelação com o sistema mental inferior.” O Santificado respondeu: “As mentes sensoriais e a sua mente discriminativa, estão relacionadas com omundo externo, que é uma manifestação de si mesmo e é dado a perceber,discriminar, e apegar-se às suas aparências, da mesma forma que Maya. AMente Universal (Alaya Vijnana) transcende toda a individualização e limites. AMente Universal é completamente pura na sua natureza essencial, conservando-se inalterada e livre de faltas de impermanência, imperturbável pelo egoísmo,livre de emoções, agitações ou tensões nervosas, distinções, desejos ouaversões. A Mente Universal é como um grande oceano, a sua superfície é agitada porondas e pelo aumento repentino destas, mas as suas profundezas permanecemsempre impassíveis. Em si mesma é destituída de personalidade e de tudoaquilo que a esta pertence, mas por causa da constante poluição, a sua face écomo um actor que representa uma variedade de papeis entre os quais, umamutua função toma lugar e o sistema mental nasce. O princípio do pensamentotorna-se dividido e as funções mentais da mente, as más emanações da mente,assumem a individualidade. Os sete passos graduais da mente aparecem: isto é,auto realização intuitiva, pensamento desejo discriminativo, vista, ouvido, gosto,cheiro, tacto, e todas as suas interacções e reacções levam ao seu aumento. A mente discriminativa é a causa das mentes sensoriais e é quem as mantém,quem com elas preserva o seu funcionamento como descrito e torna-se presaao mundo dos objectos, e por onde através da sua energia do hábito a MenteUniversal se conspurca. Assim a Mente Universal torna-se o armazém e o órgãocentralizador de todos os produtos acumulados do processo do pensamento eda acção desde o tempo sem principio. Entre a Mente Universal e a mente discriminativa individual está a mente

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intuitiva (manas) que é dependente da Mente Universal para as sua causas emanutenção, e na relação com ambas. Participa da universalidade da MenteUniversal, compartilha a sua pureza, e como ela, está além da forma e dosmomentos fugazes. É pela mente intuitiva que a má emanação emerge, émanifestado e é percebido. Afortunadamente essa intuição não é momentânea, porque se o esclarecimentoque vem da intuição fosse momentâneo, o sábio perderia a sua "sabedoria",coisa que não acontece. Mas a mente intuitiva entra em relações com o sistemamental, compartilha as suas experiências e reflecte-se nas suas atividades. A mente intuitiva é una com a Mente Universal por causa da sua participação naInteligência Transcendental (Arya jnana), e é una com o sistema mental pelasua compreensão do conhecimento diferenciado (Vijnana). A mente intuitiva nãotem corpo próprio, nem qualquer sinal pela qual possa ser diferenciada. A MenteUniversal é a sua causa e suporte, mas ela evoluí juntamente com a noção deum eu e o que a ele pertence, ao qual se agarra e no qual se reflecte. Pelamente intuitiva, pela faculdade de intuição, que é um entrosamento deidentidade e percepção, a inconcebível sabedoria da Mente Universal é reveladae realizável. Como a Mente Universal ela não pode ser a fonte do erro. A mente discriminativa é uma dançarina e um mágico com a actualidade domundo objectivo. A mente–intuitiva é a sábia boba da corte que viaja com omágico e reflecte a sua vacuidade e fugacidade. A Mente Universal mantém oregistro e sabe o que deve e o que pode ser. É por causa das actividades damente discriminativa que o erro surge e o mundo objectivo evolui e o reino deum ego alma é estabelecido. Quando a mente discriminativa poder adquirirliberdade, todo o sistema mental deixará de funcionar e a Mente Universalpermanecerá só. A aquisição de liberdade por parte da mente discriminativa,removerá a causa de todo o erro.” Então Mahamati disse ao Santificado: “Abençoado, imploramos te que nosdigas: qual é o significado da cessação do sistema mental?” O Santificado respondeu: “As cinco funções sensoriais e as suas funções discriminatórias e pensantes,surgem e terminam completamente, momento a momento. Elas nascem com adiscriminação como causa, com forma, aparência e objectividade unidasintimamente como condição. O “viverei” é a mãe e a ignorância é o pai. Determinando nomes, o desejo de posse da forma é multiplicado e assim amente vai condicionar e mutuamente ser condicionada. Ficando fixa a nomes eformas, não percebendo que elas não têm nenhuma base, que são as atividades

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da própria mente, o erro e a falsa imaginação crescem, e o prazer e a dorsurgem, e o caminho para a emancipação é bloqueado. O sistema inferior dasmentes sensoriais e da mente discriminativa, realmente não sofrem prazer e oudor elas somente imaginam isso. Prazer e dor são as reacções enganosas damente mortal, como apego a um mundo objectivo imaginário. Há duas formas pelas quais a interrupção do sistema mental pode acontecer:considerando a forma, e considerando a continuidade. Os órgãos dos sentidosfuncionam considerando a forma pela interacção do contacto e apego; e elesdeixam de funcionar quando este contacto se interromper. Quanto à consideração da continuidade, quando estas interacções da forma,contacto e apego cessarem, não há mais continuidade do ver, ouvir e outrasfunções dos sentidos; com a interrupção destas funções dos sentidos, asdiscriminações, avidez e apegos da mente discriminativa cessam; e com o seuacto de interrupção, a acção e a sua energia do hábito cessam também, e nãohá mais acumulação de corrupção karmica na aparência da Mente Universal. Se a evolução da mente mortal fosse da mesma natureza da Mente Universal, acessação do sistema mental inferior significaria a cessação da Mente Universal,mas elas são diferentes da Mente Universal porque esta não é a causa da mentemortal. Não há nenhuma cessação de Mente Universal na sua pura essência natureza. Oque deixa de funcionar não é a Mente Universal na sua essência natureza, mas a cessação dos efeitos produtores das corrupções na sua superfície, causadaspela acumulação da energia do hábito das atividades da discriminação epensamentos da mente mortal. Não há cessação da Mente Divina que em si mesma, é o domicílio da Realidadee a Matriz da Verdade. Por cessação das mentes sensoriais, significa, não a cessação das suas funçõesde percepção, mas a cessação das actividades discriminativas e da identificaçãoque estão centralizadas na mente mortal discriminativa. Por cessação do sistema mental completo, significa, a cessação dadiscriminação, a renuncia os vários apegos, e, então, a renuncia às corrupçõesda energia do hábito na face da Mente Universal que tem se acumulado desdeos tempos sem começo, por causa destas discriminações, apegos, raciocínioserróneos, e os consequentes actos. Pela cessação da continuação do aspecto do sistema mental chamada, a mentemortal discriminativa, o mundo inteiro de Maya e os desejos desaparecem aolibertarem-se da mente mortal discriminativa. Com a cessação da mente mortal,o mundo inteiro de Maya e o desejo desaparecem. Libertar-se da mente mortaldiscriminativa é o Nirvana.

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Mas a cessação da mente discriminativa não poderá acontecer até haver uma"inversão" no lugar mais intimo da consciência. O hábito mental da mentediscriminativa de olhar superficialmente o mundo objectivo externo, deve serabandonado, e um novo hábito de perceber a Verdade dentro da menteintuitiva, tornando-a una com a Verdade em si mesma, deve ser estabelecido. Até esta auto realização intuitiva de Sabedoria Nobre ser atingida, o sistemamental irá evoluindo. Mas quando o discernimento nos cinco Dharmas, nas trêsego naturezas, e o não eu dualista for alcançado, então o caminho será abertopara esta "inversão" acontecer. Com o fim do prazer e da dor, de ideias contraditórias, dos interesses egoístasperturbadores, será atingido um estado de tranquilidade, no qual serãoentendidas as verdades completas da emancipação e não haverá nenhumas másemanações do sistema mental a interferir com a perfeita auto realização daSabedoria Nobre.”

Capítulo VI A Inteligência Transcendental

Então Mahamati disse: “Abençoado, imploramos-te que nos digas, o queconstitui a Inteligência Transcendental?” O Santificado respondeu:

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“A Inteligência Transcendental é o estado interno de auto realização daSabedoria Nobre. É percebida de repente e intuitivamente como uma “inversão”que tem lugar no mais intimo da consciência; não entra nem sai, é como a luavista na água. A Inteligência Transcendental não está sujeita ao nascimentonem à destruição; não tem nada que ver com a combinação ou a concordância;é destituída de apego e acumulação; transcende todos os conceitos dedualismo. Quando a Inteligência Transcendental é considerada, quatro coisas devem sermantidas em mente: palavras, significados, ensinamentos e a Sabedoria Nobre(Arya Prajna). As palavras são empregues para expressar significados, mas elas sãodependentes das discriminações e da memória como causa, e no emprego desons ou letras pelas quais uma transferência mútua de significado é possível.Palavras são só símbolos e podem ou não podem clara e completamenteexpressar o significado pretendido e, além disso, podem ser entendidas palavrasbastante diferentes das que eram planeadas pelo orador. As palavras não sãodiferentes nem não diferentes do significado e do significado que substitui amesma relação para as palavras. Se o significado é diferente das palavras, ele não pôde ser manifestado pormeio de palavras; mas o significado é iluminado através das palavras como ascoisas são através da luz. As palavras são como um homem que leva uma luzpara localizar a sua propriedade pela qual ele pode dizer: esta é a minhapropriedade. Assim, por meio das palavras e do discurso originados na discriminação, oBodhisattva pode entrar no significado dos ensinamentos dos Tathágatas e pelosignificado ele pode entrar no estado exaltado da auto realização da SabedoriaNobre que, em si mesma, é livre de palavras discriminativas. Mas se um homemestá preso ao significado literal das palavras e se apega à ilusão de que aspalavras estão em acordo, especialmente em tais coisas como o Nirvana que énão nascido e não morre, ou sobre as distinções dos Veículos, os cinco Dharmase as três ego naturezas, ele então não entenderá o verdadeiro significado e seráemaranhado em afirmações e refutações. Exactamente como a variedade de objectos são vistos e discriminados emsonhos e em visões, assim são discriminadas as ideias e as declaraçõeserroneamente, e o erro vai-se multiplicando. O ignorante e o ingénuo declaram que o significado não é outra coisa quepalavras e como são as palavras, assim é o significado. Eles pensam que, como o significado não tem corpo próprio não pode serdiferente das palavras e, então, declaram ser o significado idêntico às palavras.

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Nisto, eles são ignorantes da natureza das palavras que estão sujeitas aonascimento e morte, apesar do significado não ser; as palavras sãodependentes das letras mas o significado não está; o significado, está fora deexistência e não existência, não tem substrato, é não nascido. Os Tathágatasnão ensinam um Dharma que é dependente de letras. Qualquer um que ensineuma doutrina que é dependente de letras e palavras é um mero palrador,porque a Verdade está além das letras, das palavras e dos livros. Isto não significa que as letras e os livros nunca declarem o que está emconformidade com o significado e a verdade, mas significa que as palavras e oslivros são dependentes das discriminações, enquanto o significando e a verdadenão são; além disso, as palavras e os livros estão sujeitos às interpretações dasmentes individuais, enquanto o significando e a verdade não estão. Mas se a Verdade não fosse expressa em palavras e livros, as escrituras quecontêm o significado da Verdade desapareceriam, e quando as escriturasdesaparecerem não haverá mais discípulos, mestres, Bodhisattvas e Buddhas, enão haverá nada para ensinar. Mas ninguém deve tornar-se prisioneiro das palavras das escrituras, porque atémesmo os textos canónicos, às vezes divergem no seu caminho inequívoco,devido ao funcionamento imperfeito das mentes sencientes. Os discursos religiosos que são dados por mim e outros Tathágatas em respostaàs variadas necessidades e fés de todos os géneros de seres, para os livrar dadependência da função do sistema-mental-pensamento, não são dados paratomarem o lugar da auto realização da Sabedoria Nobre. Quando há oreconhecimento, que não há nada no mundo, mas o que é visto pela própriamente, todas as discriminações de dualismo serão descartadas e a verdade semimagens será entendida, e será vista como estando em conformidade com osignificado, e não com as palavras e as letras. O ignorante e o néscio que estão fascinados com as suas próprias imaginaçõese raciocínios erróneos, continuam dançando e saltando, mas são incapazes deentender o discurso através das palavras, sobre a verdade da auto realização,muito menos são eles capazes de entender a Verdade em si mesma. Agarrando-se ao mundo externo, eles agarram-se ao estudo de livros, que são só osmeios, e não sabem averiguar a verdade da auto realização, que é a Verdadenão minada pelas quatro proposições. A auto realização é um estado exaltadode realização interna que transcende todo o pensamento dualístico e que estáalem do sistema mental com a sua lógica, argumentação, teorização, eilustrações. Os Tathágatas persuadem o ignorante, e encorajam os Bodhisattvas

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porque eles procuram a auto realização da Sabedoria Nobre. Então, deixemos que cada discípulo tome boa atenção, mas que não se prendaàs palavras como estando em conformidade perfeita com o significado, porque aVerdade não está nas letras. Quando um homem com o seu dedo, aponta paraalguma coisa ou alguém, o dedo pode ser confundido com a coisa apontada; damesma maneira que as crianças, os ignorantes e os ingénuos, são incapazes,até mesmo, no dia das suas mortes, abandonar a ideia, de que o dedo queaponta as palavras é onde está o significado. Eles não podem perceber a Realidade Última por causa das suas intenções emse apegarem às palavras, o qual era pretendido não ser mais que um dedoapontando. As palavras e a discriminação delas, ligam a pessoa ao círculo tristedos renascimentos no mundo do nascimento e morte; o significado mantêm-sesó e é um guia para o Nirvana. O significado é alcançado por muitaaprendizagem, e esta é obtida, tornando-se familiarizada com o significado enão com as palavras; então, deixemos que os investigadores da verdadereverentemente venham até aos que são sábios e evitem os defensores daspalavras particulares. Quanto aos ensinamentos: há monges e pregadores populares que são dados arituais e a cerimónias e que são qualificados nos vários encantamentos e naarte da eloquência; eles não devem ser honrados, nem devemos reverenciar asua presença, porque o que as pessoas ganham deles é excitação emocional eprazer mundano; não é o Dharma. Tais monges, pela sua manipulaçãointeligente de frases, palavras, vários raciocínios e encantamentos, sendo unsmeros palradores como as crianças, até alguém reconhecer que não estão emtotal acordo com a verdade, nem em harmonia com o significado, só servempara despertar os sentimentos e as emoção, enquanto estupidificam as mente. Como eles não entendem o significado de todas as coisas, eles só confundem asmentes dos ouvintes com as visões dualistas deles. Não entendendo, que nãohá nada mais que o que é visto pela mente, e apegados à noção de uma egonatureza das coisas externas, e incapazes de conhecer o seu próprio caminho,eles não têm nenhuma liberdade para oferecer aos outros. Assim, estes mongese pregadores populares, versados em vários encantamentos e qualificados naarte da eloquência, eles que nunca se emanciparam de tais calamidades como onascimento, velhice, doença, tristeza, lamentação, dor e desespero, conduzem oignorante na confusão, por meio das suas várias palavras, frases, exemplos, econclusões.

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Depois há os filósofos materialistas. Nenhum respeito nem reconhecimento ser-lhes-ão mostrados, porque os seus ensinamentos apesar de poderem serexplicados por centenas de milhares de palavras e frases, não vão além daspreocupações deste mundo e deste corpo que no fim conduzem ao sofrimento.Como os materialistas não reconhecem nenhuma verdade como existindo por simesma, eles dividem-se em várias escolas cada uma das quais se apega ao seupróprio modo de argumentar. Mas há os que não pertencem ao materialismo e que não estão sujeitos aoconhecimento dos filósofos que se agarram a falsas discriminações e aos seusraciocínios erróneos, porque eles não vêem que, fundamentalmente, não hánenhuma realidade nos objectos externos. Quando é reconhecido que não há nada, para além do que é visto pela própriamente, a discriminação de ser e não ser cessa e, assim não há um mundoexterno de percepção de objectos, nada permanece, somente a Realidade. Isto não pertence aos filósofos materialistas; é o domínio dos Tathágatas. Se são imaginadas tais coisas como a vinda e ida do sistema mental,desaparecendo e aparecendo, solicitações, apegos, afectos intensos, umahipótese filosófica, uma teoria, um lugar, um conceito sensorial, a atracçãoatómica, um organismo, o crescimento, a sede, essas coisas que pertencem aomaterialismo, elas não são minhas. Isto são coisas, que são o objecto dointeresse mundano, para serem sentidas, controladas e provadas; estas são ascoisas que seduzem, aquelas que prendem ao mundo externo; estas são ascoisas que aparecem nos elementos que compõem os agregados dapersonalidade, onde, devido à força reprodutora da luxúria, surgem todos ostipos de desastres, nascimentos, tristezas, lamentações, dores, desesperos,doenças, velhices, e mortes. Todas estas coisas dizem respeito aos interesses eprazeres mundanos; elas mentem, no percurso do caminho dos filósofos, quenão é o caminho do dharma. Quando o verdadeiro não ego das coisas e das pessoas é compreendido, adiscriminação deixa de se afirmar; o sistema mental inferior deixa de funcionar;as várias fases do Bodhisattva são seguidas umas após outras; o Bodhisattvapode proferir os dez votos inesgotáveis e é ungido por todos os Buddhas. OBodhisattva torna-se o mestre de si mesmo e de todas as coisas, em virtude deuma vida sem esforço espontânea e brilhante. Assim o Dharma, que é aInteligência Transcendental, transcende todas as discriminações, todo o falsoraciocínio, todos os sistemas filosóficos, e todo o dualismo.” Então Mahamati disse ao Santificado:

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“É feita menção nas Escrituras à Matriz envolvente do Tathágata e é ensinadoque, o que nasce dela é por natureza luminoso e puro, originalmente imaculadoe dotado com as trinta duas marcas da excelência. É descrito como uma pedrapreciosa, embrulhada numa peça de vestuário, suja pela ganância, raiva,loucura e falsas imaginações. Somos instruídos de que esta natureza Búdicaimanente em todo o mundo, é eterna, inalterável e auspiciosa. Não é isto quenasce da Matriz envolvente do Tathagata, o mesmo que a alma substância queé ensinado pelos filósofos? O Divino Atman como ensinado por eles também éreivindicado ser eterno, inescrutável, imutável, e imperecível. Há, ou não háuma diferença?” O Santificado respondeu: “Não, Mahamati, a minha Matriz que abrange a Perfeição, não é igual ao DivinoAtman como é ensinado pelos filósofos. O que eu ensino é a Perfeição nosentido do Dharmakaya, a Última Unidade, o Nirvana, a vacuidade, o nãonascido, o inqualificável, destituído de esforço. O motivo porque eu ensino adoutrina da Perfeição, é provocar o ignorante e o ingénuo, para que se afastemdos seus medos enquanto ouvem os ensinamentos do não ego e voltem aoestado de compreensão da não discriminação e sem imagens. O ensino religioso dos Tathágatas é como o de um oleiro que faz váriosrecipientes com uma massa de barro, pela habilidade das suas próprias mãos,com a ajuda da vara, água, e cordel; assim os Tathágatas pelo seu comando demeios hábeis que emitem da Sabedoria Nobre, por várias condições,expressões, e símbolos, pregam os vários aspectos do não ego para remover oúltimo rasto de discriminação que está impedindo os discípulos de atingir a autorealização da Sabedoria Nobre. A doutrina da Matriz do Tathagata, é revelada, para despertar os filósofos quese apegam à noção de um Divino Atman, como personalidade transcendental,de forma que as suas mentes que foram presas à noção imaginária de "alma",como sendo algum ego existente, possam ser rapidamente despertas para oestado do esclarecimento perfeito. Todas estas noções como causa e efeito, sucessão, átomos, elementosprimários que compõem a personalidade e a alma pessoal, Espírito Supremo,Deus Soberano, Criador, é tudo invenções da imaginação e manifestações demente. Não, Mahamati, a doutrina do Tathagata, da Matiz da Perfeição não é igual aoAtman dos filósofos.

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É dito que o Bodhisattva tem apreendido bem o ensinamento dos Tathágatas,quando, completamente só, num espaço não frequentado pelos outros, atravésda sua Inteligência Transcendental, percorre o caminho que conduz ao Nirvana.Nisto, a sua mente abrir-se-á, percebendo, pensando, meditando, e, nãoperecendo na prática da concentração, até que atinja a “inversão” da fonte daenergia do hábito, ele conduzirá desde então, uma vida de excelentes acções.Com a mente concentrada no estado de Budidade, ele tornar-se-ácompletamente familiarizado com a verdade nobre da auto realização; eletornar-se-á o mestre perfeito da sua própria mente; ele será como uma pedrapreciosa que irradia muitas cores; ele poderá assumir corpos de transformação;ele poderá entrar nas mentes de todos e ajudá-los; e finalmente, ascendendogradualmente em todas as fases, ele residirá na Inteligência Transcendentalperfeita dos Tathágatas. Não obstante, a Inteligência Transcendental (Arya jnana) não é a SabedoriaNobre (Arya prajña) mesma, é somente uma consciência intuitiva dela. ASabedoria Nobre é um estado perfeito sem imagens; é a Matriz das "coisascomo elas são"; é a toda conservadora Mente Divina (Alaya Vijnana), que nasua pura Essência eternamente permanece em perfeita paciência e tranquilidadeimperturbável.”

Capítulo VII

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A Auto Realização

Mahamati então disse: “Abençoado, diz nos, qual é a natureza da AutoRealização pela qual seremos capazes de alcançar a InteligênciaTranscendental?” O Abençoado respondeu: “A Inteligência Transcendental, surge quando a mente intelectual alcança o seulimite e, se as coisas são para serem entendidas na sua verdadeira natureza eessência, os seus processos da actividade mental, que são baseados em ideiasparticularizadas, discriminatórias e juízos, devem ser transcendidas por umapelo a uma faculdade mais elevada da cognição, se é que existe uma talelevada faculdade. Na faculdade da mente intuitiva (Manas), que como vimos éa ligação entre a mente intelectual e a Mente Universal, temos essa faculdade.Embora ela não seja um órgão individualizado como a mente intelectual, ela temalgo muito melhor; depende directamente da Mente Universal. Enquanto aintuição não dá a informação que pode ser analisada e discriminada, ela dáalguma coisa que é mais superior, a auto realização através da identificação. “ Mahamati então perguntou ao Abençoado, dizendo: “Por favor diz-nos,Abençoado, que compreensões claras um discípulo sério deve ter, para ser bemsucedido na disciplina que leva à auto realização?” O Abençoado respondeu: “Há quatro coisas pelas quais um discípulo sincero pode ganhar a autorealização da Sabedoria Nobre e passar a ser um Bodhisattva Mahasattva: Primeiro, ele deve ter uma compreensão clara, que todas as coisas, são sómanifestações da própria mente; em segundo lugar, ele deve descartar a noção de nascimento, permanência edesaparecimento; terceiro, ele deve entender claramente o não eu das coisas e das pessoas; e quarto, ele deve ter uma verdadeira concepção do que constitui a autorealização da Sabedoria Nobre, com a condição de que, com estas quatrocompreensões, os discípulos sérios podem ser Bodhisattvas e alcançar aInteligência Transcendental. Quanto ao primeiro; ele deve reconhecer e estar totalmente convencido, que

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este mundo triplo é apenas uma manifestação complexa das atividades mentaisdo próprio; que está destituído de individualidade e do que a ela pertence; quenão há esforço, nenhuma chegada nem nenhuma partida. Ele deve reconhecere aceitar o facto que este mundo triplo, é manifestado e imaginado comoverdadeiro, somente debaixo da influência da energia do hábito, que foiacumulada desde o passado sem principio, pela memória, falsa imaginação, falso raciocínio, e apegos à multiplicidade dos objectos e reacções nas relaçõespróximas e em conformidade com as ideias de corpo propriedade e residência. Quanto ao segundo; ele deve reconhecer e estar convencido, que todas ascoisas são para ser consideradas como formas vistas numa visão e num sonho,vazias de substância, não nascidas e sem natureza própria; que todas as coisasexistem somente pelo motivo de uma complicada rede de causa e efeito, quedeve o seu surgimento à discriminação e apego e que resulta no surgimento dosistema mental, possessões e desenvolvimentos. Quanto ao terceiro; ele deve reconhecer e pacientemente aceitar o facto que asua própria mente e personalidade, também são construídas pela mente, que évazia de substância, não nascida e sem ego. Com estas três coisas, claramenteem mente, o Bodhisattva será capaz de estabelecer a verdadeira não imagem. Quanto ao quarto; ele deve ter um conceito verdadeiro do que constitui a autorealização da Sabedoria Nobre. Primeiro, não é comparável com a percepção alcançada pela mente dos sentido,e nem é comparável com a cognição da discriminação e da mente intelectual.Ambas pressupõem uma diferença entre ego e não ego e o conhecimento assimalcançado é caracterizado pela individualidade e generalidade. A auto realizaçãoé baseada na identidade e unidade; não há nada para ser discriminado nemdeclarado acerca dela. Mas estabelece que o Bodhisattva deve estar livre detodas as pressuposições e apegos a coisas, a ideias e à própria identidade.” Mahamati então disse ao Abençoado: “Abençoado, por favor diga-nos, acercadas características dos apegos profundos à existência, como podemos tornar-nos separados da existência?” O Abençoado respondeu: “Quando cada um tenta entender a significação das coisas por meio daspalavras e discriminações, segue-se um imensurável numero de opiniões econvicções apegadas à existência. Por exemplo: há apegos profundos a sinais

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da individualidade, à causa e efeito, à noção de ser e não ser, à discriminaçãodo nascimento e morte, da realização e da não realização, do hábito da própriadiscriminação da qual os filósofos dependem tanto. Há três apegos que são especialmente profundos nas mentes de todos: aganância, a raiva e a obsessão, que são baseados na luxúria, medo e orgulho.Estes são apoiados pela discriminação, mentiras e desejos, que são procriadorase acompanhadas pela excitação, avareza, e o amor ao conforto e o desejo davida eterna; a consequência, é uma sucessão de renascimentos nos cincocaminhos da existência e a continuação aos apegos. Mas se esses apegos foreminterrompidos, nenhum sinal de apego nem de desapego permanecerá, porqueeles são baseados em coisas que são não existentes; quando esta verdade éclaramente entendida a rede do apego é limpa. Mas dependendo da ligação à combinação tripla que trabalha em uníssono, há osurgimento e a continuação do sistema mental funcionando incessantemente, eque por causa dele, há a profunda convicção e a contínua afirmação da vontadede viver. Quando a combinação tripla que causa o funcionamento do sistema damente deixa de existir, há emancipação tripla e não há apoio para o surgimentode qualquer outra combinação. Quando a existência e a inexistência do mundoexterno são reconhecidas como surgindo da própria mente, então o Bodhisattvaestá preparado para estabelecer o estado sem imagens e nisto, ver a vacuidadeque caracteriza toda a discriminação e todos os apegos profundos resultantesdele. Ali, ele não verá nenhum sinal enraizado de apego, nem de interesse nemdesinteresse; ali ele não verá alguém na escravidão nem na emancipação,esperará por aqueles, que eles mesmos têm prazer na escravidão e naemancipação, porque em todas as coisas não há "substância" a que se possaapegar. Mas enquanto estas discriminações forem estimadas pelo ignorante e oingénuo, eles continuarão ligados a si mesmos como os bichos da seda,desfiando os seus fios de discriminações e envolvendo-se a si mesmos e aosoutros, e estarão encantados com a sua prisão. Mas para o sábio não há sinaisde apego nem de desapego; todas as coisas são vistas como permanecendonum lugar solitário, onde não há nenhum desenvolvimento de discriminação. Mahamati, tu e todos os Bodhisattvas devem permanecer de forma a poderemver todas as coisas do ponto de vista da solidão. Mahamati, quando tu e os outros Bodhisattvas entenderem bem, a distinçãoentre apego e desapego, vocês estarão na posse dos meios hábeis paraevitarem ficar atados às palavras segundo as quais possam agarrar-se a

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significados. Livres da dominação das palavras vocês serão capazes deestabelecer onde haverá uma “inversão" no lugar mais profundo da consciênciapor meio da qual alcançarão a auto realização da Sabedoria Nobre e serãocapazes de entrar em todas as assembleias e terras Buda. Lá serão selados com o selo dos poderes, do auto domínio, das faculdadespsíquicas, e dotados da sabedoria e do poder dos dez inexauríveis votos, eficarão radiantes nos raios variegados dos Corpos de Transformação. Com isto vocês brilharão sem esforço como a lua, o sol, a jóia de desejomágica, e em cada etapa verão coisas como sendo a unidade perfeita em simesma, não contaminadas por qualquer auto consciência. Vendo que todas as coisas se parecem com um sonho, serão capaz de entrar noestágio do Tathágatas sedo capazes de entregar os discursos no Dharma aomundo dos seres, conforme as suas necessidades e serão capazes de libertá-losde todas as noções dualísticas e discriminações falsas. Mahamati, há duas formas de considerar a auto realização, a saber; osensinamentos acerca dela, e a realização em si mesma. Os diversosensinamentos dados nas nove divisões dos trabalhos doutrinais, para asinstruções daqueles que estão inclinados a segui-los, fazendo uso deexpedientes e meios hábeis, são destinados, a despertar em todos os seres umapercepção verdadeira do Dharma. Os ensinamentos são projectados paramanter afastadas todas as noções dualísticas de ser e não ser, unidade ediversidade. A realização em si mesma está dentro da consciência interior. Ela é umaexperiência interior que não tem nenhuma ligação com o sistema mental inferiore as suas discriminações de palavras, ideias e especulações filosóficas. Ela brilhacom a sua própria luz clara para revelar o erro e a loucura dos ensinamentosconstruídos pela mente, tornar impotentes as influências maléficas vindas doexterior, e guiar-nos infalivelmente ao reino das boas não emanações. Mahamati, quando o discípulo sério e o Bodhisattva estão aprovisionados destasexigências, o caminho está aberto à obtenção perfeita da auto realização daSabedoria Nobre, e a receber o prazer máximo dos frutos que surgem daí. Então Mahamati perguntou ao Abençoado, dizendo: “Por favor diz-nos, qual oVeículo que caracteriza a obtenção da auto realização interior da SabedoriaNobre?” O Abençoado respondeu: “Para descartar mais facilmente as discriminações e os raciocínios erróneos, o

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Bodhisattva deve retirar-se sozinho para um lugar tranquilo e isolado, onde elepossa reflectir interiormente, sem confiar em mais alguém, e ali exercitar-separa executar os sucessivos desenvolvimentos ao longo das etapas; esta solidãoé a característica da obtenção interior da auto realização da Sabedoria Nobre. Chamo a isto o Veículo Único, não porque ele seja o Veículo Único, mas porqueé só na solidão que cada um é capaz de reconhecer e perceber o caminho doVeículo Único. Enquanto a mente estiver distraída e fazendo um esforçoconsciente, não pode haver nenhuma acção conclusiva quanto aos váriosveículos; é só quando a mente está sozinha e tranquila, que é capaz derenunciar às discriminações do mundo externo e procurar a realização de umreino interior, onde não há nem veículo, nem aquele que se faz transportarnele. Falo dos três veículos para guiar o ignorante. Não falo demasiado acerca doVeículo Único, porque não há nenhum caminho pelo qual os discípulos sérios eos mestres, possam entender o Nirvana, sem ajuda. Segundo os discursos dosTathágatas, os discípulos sinceros devem estar isolados, ser disciplinados, etreinados na meditação Dhyana, tendo como resultado que serão ajudados pormuitos dispositivos e expedientes, para entenderem a emancipação. É por os discípulos sérios e os mestres não terem destruído totalmente aenergia do hábito do carma e as obstruções do conhecimento discriminativo eda paixão humana, que eles são muitas vezes incapazes de aceitar o não egodualístico e a incompreensível transformação da morte, que prego o veículotriplo e não o Veículo Único. Quando os discípulos sérios se livrarem de toda a sua má energia do hábito eforem capazes de entender o não ego dualístico, então eles não serãointoxicados pela felicidade do Samádhis e despertarão no reino das boas nãoemanações. Sendo despertados no reino das boas não emanações, eles serãocapazes de reunir todos os requisitos da obtenção da Sabedoria Nobre, que estáalém do conceito e pertence ao poder soberano. Mas realmente, Mahamati, não há Veículos, e assim eu falo do Veículo Único. Mahamati, o total reconhecimento do Veículo Único nunca foi alcançado pordiscípulos sérios, mestres, ou até pelo grande Brahma; foi alcançado só pelospróprios Tathágatas. Esta é a razão por que é conhecido como Veículo Único.Não falo muito dele porque não há nenhum caminho, pelo qual os discípulossérios possam entender o Nirvana sem serem ajudados. “ Então Mahamati perguntou ao Abençoado, dizendo: “Quais são os passos queconduzirão um discípulo desperto, em direcção à auto realização da SabedoriaNobre?”

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O Abençoado respondeu: O início, parte do reconhecimento que o mundo externo é só uma manifestaçãodas actividades da própria mente, e que a mente agarra-se ao mundo externosimplesmente por causa do seu hábito de discriminação e raciocínio falso. O discípulo deve adoptar o costume de ver as coisas com realidade . Ele deve reconhecer o facto de que o mundo não tem nenhuma naturezaprópria, que é não nascido, que ele se parece com uma nuvem que passa,como uma roda imaginária, feita por um tição giratório, como o castelo deGandharvas, como a lua reflectida no oceano, como uma visão, uma miragem,um sonho. Ele deve envolver-se no entendimento de que a mente na sua naturezaessencial não tem nada que ver com a discriminação nem com a causa efeito;ele não deve escutar discursos baseados em termos e qualificações imaginárias;ele deve entender que a Mente Universal na sua essência pura é um estado semimagens, e que, é só por causa das contaminações acumuladas na suasuperfície, que o corpo-propriedade-residência parece ser as suasmanifestações, que na sua própria natureza pura, não é afectada e não éestimulada por tais modificações como surgimento, permanência e destruição;ele deve entender totalmente, que todas essas coisas vêm com o despertar danoção de uma alma, de um ego e a da sua mente consciente. Por isso, Mahamati, deixe aqueles discípulos que desejam realizar a SabedoriaNobre seguir o Veículo Tathágata desistir de toda a discriminação e raciocínioerróneo sobre tais noções, como os elementos que compõem os agregados dapersonalidade e o seu mundo dos sentidos ou sobre tais ideias como causa eefeito, o surgimento a permanência, a destruição, e exercitarem-se na disciplinade Dhyana que leva à realização da Sabedoria Nobre. Para praticar Dhyana, o discípulo sério deve retirar-se para um lugar tranquilo esolitário, lembrando-se que os hábitos da longa vida do pensamentodiscriminativo, não podem ser, nem fácil, nem rapidamente interrompidos. Há quatro espécies de meditação de concentração (Dhyana): a Dhyana praticada pelo ignorante; a Dhyana dedicada ao exame do significado; a Dhyana com a "Qualidade/Essencial – as coisas como elas são" (Tathata) peloseu objecto; e a Dhyana dos Tathágatas.

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A Dhyana praticada pelo ignorante, é aquele que é utilizado pelos que seguemo exemplo dos discípulos e mestres, mas que não entendem o seu objectivo e,por isso, ficam "estaticamente sentados" com as mentes vazias. Este Dhyana é praticada, também, por aqueles que, desprezando o corpo, ovêem como uma sombra e um esqueleto, cheio de sofrimentos e impurezas,que aderem à noção de um ego e que procuram alcançar a emancipação pelamera cessação do pensamento. A Dhyana dedicada ao exame do significado, é o praticado por aqueles que,percebendo a não sustentabilidade de ideias tais como, eu, outro e ambos, quesão mantidos pelos filósofos, e que passaram além do não eu dualista, dedicama Dhyana ao exame do significado do não eu e às diferenciações das etapas dosBodhisattvas. A Dhyana com Tathata, ou "Qualidade/Essencial", ou Unidade, ou Nome Divino,pelo seu objecto, é praticado por aqueles discípulos sérios e mestres que,reconhecendo completamente o não ego dualista e a sem imagem do Tathata,ainda aderem à noção de um Tathata último. A Dhyana dos Tathágatas é a Dhyana daqueles que estão entrando na etapa doTathágata Perfeito e que, permanecendo na felicidade tripla, que caracteriza aauto realização da Sabedoria Nobre, estão-se dedicando, por causa de todos osseres, à realização de trabalhos incompreensíveis à sua emancipação. Isto é a Dhyana pura dos Tathágatas. Quando todas as coisas menores e asideias são transcendidas e esquecidas, e lá permanece somente um estadoperfeito, sem imagens onde o Tathágata e o Tathata são fundidos na Unidadeperfeita, então os Buddhas virão em conjunto de todas as suas terras Buda ecom mãos brilhantes que pousarão na sua testa darão as boas vindas ao novoTathágata. "

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Capítulo VIII A Obtenção da Auto Realização

Mahamati então disse ao Abençoado: “Pedimos-te que nos fales mais, acerca doque constitui o estado da auto realização.” O Abençoado respondeu: “Na vida de um discípulo sério há dois aspectos que devem ser distinguidos, asaber: o estado do apego à auto compreensão que resulta da sua discriminaçãoe o seu campo da consciência com o qual ele está relacionado, e segundo; oestado excelente e exaltado da auto compreensão da Sabedoria Nobre. O estado de apego às discriminações da auto compreensão das coisas, ideias, eegoísmo, é acompanhado por emoções de prazer ou aversão segundo aexperiência ou como estabelecido nos livros da lógica. Conformando-se elemesmo com o não ego das coisas e retendo pontos de vista incorrectos quantoao seu próprio não eu, ele deve abandonar esses pensamentos e manter-sefirme na continua ascensão das etapas. O estado exaltado da auto compreensão tal como ele se relaciona com umverdadeiro discípulo, é um estado de concentração mental na qual ele procuraidentificar-se com a Sabedoria Nobre. Nesse estado de concentração ele deveprocurar aniquilar todos os pensamentos vagabundos e noções pertencentes àexterioridade das coisas, e todas as ideias de individualidade e generalidade, desofrimento e impermanência, e cultivar as ideias nobres de não ego, vacuidade

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e não imagens; assim ele alcançará a realização da verdade que é livre depaixão e está sempre serena. Quando este esforço activo na concentraçãomental é próspero, segue-se um estado mais passivo, receptivo de Samádhi, noqual o verdadeiro discípulo entrará no domicilio feliz da Sabedoria Nobre eexperimentará a culminação nas transformações do Samapatti. Isto é a primeiraexperiência de um discípulo verdadeiro no estado exaltado da realização, masaté aqui, ainda não há nenhum abandono da energia do hábito nem fuga datransformação da morte. Tendo alcançado este estado exaltado e feliz da realização, até onde pode seralcançado por discípulos, o Bodhisattva não deve dar-se a si mesmo, ao prazer da felicidade, já que isto significaria a cessação, mas deve pensarcompassivamente nos outros seres e manter a vitalidade e energia dos seusvotos originais; ele nunca deve permitir-se descansar nem empenhar-se emmanter a felicidade do Samádhi. Mas, Mahamati, como os discípulos verdadeiros continuam tentando avançar nocaminho que leva à realização total, há um perigo contra o qual eles devemestar de guarda. Os discípulos podem não reconhecer que o sistema mental, porcausa da sua energia do hábito acumulada, continua a funcionar, mais oumenos inconscientemente, enquanto eles vivem. Eles podem às vezes pensar, que podem apressar a obtenção do seu objectivode tranquilidade, suprimindo inteiramente as atividades do sistema mental. Istoé um erro, porque mesmo que as atividades da mente sejam suprimidas, amente ainda continuará a funcionar, porque as sementes da energia do hábitocontinuam a permanecer nela. O que eles pensam que é a extinção da mente, é realmente o nãofuncionamento do mundo externo da mente, ao qual eles não estão maisapegados. Isto é, o objectivo da tranquilização deve ser obtido, não suprimindotoda a actividade da mente mas livrando-se das discriminações e apegos. Subsequentemente há outros que, receosos dos sofrimento ocasionados pelasdiscriminações da vida e da morte, imprudentemente buscam o Nirvana. Eleschegaram à conclusão que todas as coisas sujeitas à discriminação não têmnenhuma realidade e assim imaginam que o Nirvana deve consistir naaniquilação dos sentidos e dos seus domínios das sensações; eles nãocompreendem que o nascimento, a morte e o Nirvana não estão separados unsdos outros. Eles não sabem que o Nirvana é a Mente Universal na sua pureza. Por isso,

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esses estúpidos que aderem à noção, de que o Nirvana é um mundo por simesmo, que está fora do que é visto pela mente, ignorando todos osensinamentos dos Tathágatas acerca do mundo externo, continuam rodando aolongo da roda do nascimento e morte. Mas quando eles experimentarem a "inversão" na sua consciência maisprofunda, que trará com ela a perfeita auto realização da Sabedoria Nobre,então eles entenderão. O verdadeiro funcionamento da mente é muito subtil e difícil de ser entendidopelos novos discípulos, e até os mestres com todos os seus poderes doconhecimento correcto e Samádhis, muitas vezes encontram dificuldades deentendimento. Somente os Tathágatas e os Bodhisattvas que estão firmemente estabilizadosno sétima estágio, são os que podem entender totalmente como ela trabalha.Aqueles discípulos verdadeiros e os mestres que desejam entender totalmentetodos os aspectos das etapas diferentes do Bodhisattva Perfeito pela ajuda doseu conhecimento correcto, devem tornar-se completamente convencidos deque os objectos de discriminação, só são vistos, como parecem, pela mente e,assim, manterem-se afastados de todas as discriminações e falsos raciocínios,que estão também na própria mente, procurando ver sempre as coisasverdadeiramente (yathabhutam), e plantando as raízes da bondade em terrasBuda que não conhecem nenhum limite cometido por diferenciações. Para fazer tudo isso, o Bodhisattva deve manter-se longe de todos os tumultos,excitações sociais e sonolência; deixemos que se mantenha fora dos tratados edas escritas dos filósofos mundanos, do ritual e das cerimónias do podersacerdotal profissional. Deixemo-lo retirar-se para um lugar isolado na floresta,e lá dedicar-se à prática das várias disciplinas espirituais, porque, só assimfazendo ele será capaz de obter neste mundo de multiplicidades, umdiscernimento verdadeiro no trabalho da Mente Universal, na sua Essência. Ali, rodeado dos seus bons amigos, os Buddhas, os discípulos verdadeirosficarão capazes de entender o significado do sistema mental e o seu lugarcomo agente mediador, entre o mundo externo e a Mente Universal, e serácapaz de cruzar o oceano do nascimento e morte, que surge da ignorância,desejo e acção. Tendo ganho uma compreensão completa do sistema mental, as três naturezaspróprias do não ego dualista, e obtido em si mesmo, na medida da suarealização própria que vai com aquela obtenção, todos os quais podem ser

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ganhos pelo seu conhecimento correcto, o caminho será claro para o novoavanço do Bodhisattva ao longo das etapas do Bodhisattva Perfeito. O discípulodeve então abandonar a compreensão da mente, que ele obteve peloconhecimento correcto, e que em comparação com a Sabedoria Nobre parece-se com um burro coxo, e entrar na oitava etapa do Bodhisattva Perfeito, eledeve então disciplinar-se na Sabedoria Nobre segundo os seus três aspectos. Esses aspectos são: Primeiro, a não imagem, que vem quando todas as coisas que pertencem aodiscipulado, mestrado e filosofia, são completamente dominadas. Em segundo lugar, o poder acrescentado por todos os Buddhas derivado dosseus votos originais incluindo a identificação das suas vidas e a repartição dosseus méritos com todas as vidas sensíveis. Terceiro, a auto realização perfeita, que até aqui, só foi entendida na medidaem que o Bodhisattva tem sucesso em separar-se por si mesmo de examinartodas as coisas, incluindo o seu próprio imaginado não ego, na suafenomenalidade, e perceber os estados de Samádhi e Samapatti pelo qual eleinspecciona o mundo como uma visão e um sonho, e ser admitido por todos osBuddhas, ele será capaz de passar à completa obtenção da etapa do Tathágata,que é a própria Sabedoria Nobre. Isto é a triplicidade da vida nobre e estandoequipado com esta triplicidade, a auto realização perfeita da Sabedoria Nobre foialcançada.” Então Mahamati perguntou ao Abençoado, dizendo: “Abençoado, a purificação,das más emanações da mente, que aderem às noções de um mundo objectivo ea uma alma empírica, é gradual ou instantânea?” O Abençoado respondeu: “Há três fluxos característicos da mente, a saber; a das más emanações quesurgem do desejo, avidez e apego; a das más emanações que resulta dasilusões da mente e das obsessões do egoísmo; e a das boas não emanaçõesque resultam da Sabedoria Nobre. As más emanações que reconhecem um mundo externo, que na realidade é sóuma manifestação da mente, e que ficam presas a elas, são gradualmente enão instantaneamente purificadas. O bom comportamento só pode vir pelocaminho da restrição e do esforço. É como o oleiro que faz potes, que são feitosgradualmente com atenção e esforço. É parecido com o domínio da comédia,dança, canto, tocador de alaúde, escrita, e qualquer outra arte; deve ser

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adquirido gradual e laboriosamente. A sua recompensa será um discernimentoclaro, da vacuidade e da transição de todas as coisas. As más emanações que resultam das ilusões da mente e das obsessões doegoísmo, dizem directamente respeito à vida mental e são coisas tais como,medo, raiva, ódio e orgulho; esses são purificados pelo estudo e meditação e,também, deve ser alcançado gradualmente e não instantaneamente. É parecidocom o fruto ‘amra’ que amadurece lentamente; é parecido com o pasto,arbustos, ervas e árvores que crescem da terra gradualmente. Cada um deve seguir o caminho de estudo e meditação por si mesmo,gradualmente e com esforço, mas por causa dos votos originais dosBodhisattvas e de todos os Tathágatas que dedicaram os seus méritos, eidentificaram as suas vidas com toda a vida animada, todos podem seremancipados, eles não estão sem ajuda nem encorajamento; mas até com aajuda dos Tathágatas, a purificação das más emanações da mente, é no melhordos casos, lenta e gradual, necessitando tanto de zelo como de paciência. A sua recompensa é a compreensão gradual do não eu dualista, da suaaceitação paciente, e dos pés bem assentes nas etapas do Bodhisattva Perfeito. Mas as boas não emanações, associados à auto realização da Sabedoria Nobre,são uma purificação que vem instantaneamente pela graça dos Tathágatas. Éparecido com um espelho que reflecte todas as formas e imagensinstantaneamente e sem discriminação; é parecido com o sol ou a lua querevela todas as formas instantaneamente e ilumina-os imparcialmente com asua luz. Do mesmo modo, os Tathágatas conduzem os discípulos verdadeiros a umestado de não imagens; todas as acumulações de energia do hábito e carma,que se tinham estado a reunir desde os tempos sem princípio por causa doapego e pontos de vista erróneos que foram ocupados com uma alma ego e oseu mundo externo, são limpas, revelando instantaneamente o reino daInteligência Transcendental que pertence à Budidade. Assim como a Mente Universal, contaminada pelas acumulações da energia dohábito e do carma, revela as multiplicidades dos ego almas e dos seus mundosexternos de falsas imaginações, assim também a Mente Universal limpa dassuas corrupções, através da gradual purificação das más emanações, que vempelo esforço, estudo e meditação, e pela gradual auto realização da SabedoriaNobre, no final, como o Dharmata Buda que brilha espontaneamente, com osraios que são emitidos da sua Auto natureza pura, brilha instantaneamente. Por ela a mentalidade de todos os Bodhisattvas é amadurecida

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instantaneamente: eles encontram-se nas residências palacianas dos céusAkanishtha, irradiando de si próprios, espontaneamente ,vários tesouros da suaabundância espiritual. "

Capítulo IX O Fruto da Auto Realização

Mahamati perguntou ao Abençoado: “Imploramos-te que nos digas, qual é o fruto que vem com a auto realização daSabedoria Nobre?” O Abençoado respondeu: “Primeiro, virá um discernimento de compensação da substância e significadodas coisas e depois disto, virá um discernimento que se abre na significação dosideais espirituais (Paramitas) pelo qual os Bodhisattvas serão capazes de entrarmais profundamente na permanência da não imagem e serão capazes deexperimentar os mais altos Samádhis e gradualmente passar pelas mais altasetapas do Bodhisattva Perfeito. Depois de experimentar a "inversão" no lugar mais profundo da consciência,eles experimentarão outros Samádhis até ao mais alto, o Vajravimbopama, quepertence aos Tathágatas e às suas transformações. Eles serão capazes deentrar no reino da consciência que está além da consciência do sistema mental,

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até mesmo na consciência do Tathágata Perfeito. Eles ficarão dotados de todosos poderes, faculdades psíquicas, auto domínio, compaixão amorosa, meioshábeis, e capacidade de fazer parte de outras terras Buda. Antes de teremalcançado a auto realização da Sabedoria Nobre, tinham estado sob o efeito dosinteresses próprios do egoísmo, mas depois de alcançarem a auto realizaçãoeles mesmos encontrarão reacção espontaneamente aos impulsos de umcoração grande e compassivo, dotado dos meios hábeis e ilimitados, sincera einteiramente dedicados à emancipação de todos os seres.” Mahamati disse: “Abençoado, fala-nos do poder de sustentação dado pelosTathágatas pelo qual os Bodhisattvas são ajudados, para alcançar a autorealização da Sabedoria Nobre?” O Abençoado respondeu: “Há duas espécies de poder sustentador, que emanam dos Tathágatas e estãoao serviço dos Bodhisattvas, sustentação pelo qual os Bodhisattvas devemprostrar-se na presença deles e mostrar o seu apreço fazendo perguntas. A primeira espécie de poder sustentador é a própria adoração do Bodhisattva ea fé nos Buddhas, pelo qual os Buddhas são capazes de se manifestar, dar asua ajuda e ordená-los com as suas próprias mãos. A segunda espécie de poder sustentador é o poder que irradia dos Tathágatasque permite aos Bodhisattvas alcançar e passar por vários Samádhis eSamapattis sem ficarem intoxicados pela sua felicidade. Sendo sustentado pelo poder dos Buddhas, o Bodhisattva, até na primeiraetapa, será capaz de alcançar o Samádhi conhecido como a Luz de Mahayana. Neste Samádhi, os Bodhisattvas tornam-se conscientes da presença dosTathágatas, vindos de todas as suas diferentes residências das dez regiões paracomunicar aos Bodhisattvas o seu poder sustentado nas várias formas. Como o Bodhisattva Vajragarbha foi sustentado nos seus Samádhis e comomuitos outros Bodhisattvas de grau e virtude semelhantes têm sido sustentados,assim todos os verdadeiros discípulos, mestres e Bodhisattvas, podemexperimentar este poder sustentado dos Buddhas nos seus Samádhis eSamapattis. A fé do discípulo e o mérito dos Tathágatas são dois aspectos do mesmo poderde sustentação e, por isso, sozinhos, são os Bodhisattvas capazes de setornarem um tendo a companhia do Buddhas. Quaisquer Samádhis, faculdades psíquicas e ensinamentos são conhecidos pelosBodhisattvas, eles são possíveis só pelo poder de sustentação dos Buddhas; se

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fosse de outra maneira, o ignorante e o idiota poderiam alcançar o mesmoresultado. Onde quer que os Tathágatas entrem com o seu poder desustentação haverá música, não só a música feita pelos lábios humanos etocada pelo ser humano através dos vários instrumentos, mas haverá músicaentre a erva, os arbustos e as árvores, nas montanhas, cidades, palácios ecasebres; muito mais, estará a música no coração dos dotados de sentidos. Osurdo, o mudo e o cego serão curados das suas deficiências e alegrar-se-ão nasua emancipação. Tal é a virtude extraordinária do poder de sustentaçãocomunicado pelos Tathágatas. Pela doação deste poder de apoio, os Bodhisattvas são capazes de evitar amaldade, a paixão, ódio e carma, da escravização; eles são capazes detranscender a Dhyana dos principiantes e avançar além da experiência everdade já alcançada; eles são capazes de demonstrar o Paramitas; efinalmente, alcançar a etapa do Tathágata Perfeito. Mahamati, se não fosse estepoder de sustentação, eles recairiam nos caminhos e nos pensamentos dosfilósofos, nos discípulos de caminhos fáceis, e de más intenções, e ficariamassim frustrados da mais elevada realização. Por essas razões, os verdadeiros discípulos e os Bodhisattvas sinceros sãosustentados pelo poder de todos os Tathágatas.” Mahamati então disse: “Foi dito pelo Abençoado que cumprindo as seisParamitas, a Budidade é entendida. Por favor diz-nos o que são as Paramitas, ecomo elas devem ser executadas?” O Abençoado respondeu: “As Paramitas são ideais da perfeição espiritual que devem ser as guias dosBodhisattvas no caminho para a auto realização. Há seis delas, mas devem serconsideradas de três formas diferentes, segundo o progresso do Bodhisattva,nas etapas. No início elas devem ser consideradas como ideais da vidamundana; depois como ideais da vida mental; e, por fim, como ideais da vidaespiritual e una. Na vida mundana onde cada um ainda está tenazmente agarrado às noções deuma alma ego e o que a ela concerne e se apega às discriminações dodualismo, somente para benefícios mundanos, se deve cultivar os ideais decaridade, bom comportamento, paciência, zelo, meditação e sabedoria. Mesmona vida mundana a prática dessas virtudes trará recompensas de felicidade eêxito. Consideravelmente, no mundo da mente dos verdadeiros discípulos e mestres, a

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sua prática, fará trazer alegrias de emancipação, iluminação e paz da mente,porque as Paramitas são baseadas no conhecimento correcto e conduzem apensamentos do Nirvana, mesmo se o Nirvana dos seus pensamentos forempara eles. No mundo da mente, as Paramitas tornam-se mais ideais e mais compreensivas;a caridade não pode ser mais expressa na oferta de presentes impessoais, maspedirá os presentes mais caros de compaixão e da compreensão; o bomcomportamento pedirá algo mais do que a conformidade externa dos cincopreceitos, porque à luz das Paramitas eles devem praticar a humildade, asimplicidade, a restrição e o desinteresse. A paciência pedirá algo mais do que apaciência para com as circunstâncias externas e os temperamentos de outraspessoas: ela pedirá agora, a paciência com alguém mesmo. O entusiasmopedirá algo mais do que a dedicação e a demonstração externa da seriedade:ela pedirá mais auto controle na tarefa de seguir o Caminho Nobre e namanifestação do Dharma na própria vida de alguém. A meditação dará lugar auma atenção mais cuidadosa, em que os significados discriminados, asdeduções lógicas e as racionalizações, darão lugar às intuições de significado eespírito. A Paramita da Sabedoria (Prajna) não será mais considerada sabedoriapragmática e erudição, mas irá revelar-se na sua verdadeira perfeição de TodaVerdade, que é o Amor. O terceiro aspecto das Paramitas, vistas como a perfeição ideal dos Tathágatas,só podem ser totalmente entendidas pelos Bodhisattva Mahasattvas que sãodedicados à disciplina espiritual superior e compreenderam completamente quenão há nada para ser visto no mundo, excepto o que emana da própria mente;naquelas mentes a discriminação das dualidades deixou de funcionar; e o apegoe a adesão tornam-se não existentes. Assim, livre de todos os apegos a objectos individuais e a ideias, as suas mentessão livres de considerar formas de beneficiar e dar a felicidade aos outros, e atéa todos os seres sencientes. Aos Bodhisattva Mahasattvas o ideal da caridade é demonstrado na concessãoda esperança do Nirvana dos Tathágata's, para que todos possam usufrui-lo emconjunto. Tendo relações com um mundo objectivo não há o surgir nas mentes dosTathágatas, discriminações entre os interesses do próprio e os interesses dosoutros, entre bom e mau, há somente a espontaneidade e a realidade semesforço do comportamento perfeito. Praticar a paciência com o total conhecimento destas coisas, o apego e o desejode aquisição, mas sem pensamentos de discriminação nem de apego, esta é a

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Paramita da Paciência dos Tathágatas. Esforçar-se com a energia da primeira parte da noite até ao fim, conforme asmedidas disciplinares, sem o surgimento da discriminação quanto a conforto oudesconforto, é a Paramita do Fervor dos Tathágatas. Não discriminar entre si e os outros em pensamentos do Nirvana, mas manter amente concentrada no Nirvana, é a Paramita da Atenção Plena. Quanto ao Prajna Paramita, que é a Sabedoria Nobre, quem pode declará-lo? Quando em Samádhi a mente deixa de discriminar e há somente a não imagemperfeita cheia de amor, então uma inescrutável "inversão" terá lugar naconsciência íntima e cada um terá alcançado a auto realização da SabedoriaNobre que é o supremo Prajna Paramita.” Então Mahamati disse ao Abençoado: “Tu falas-te de um corpo astral, "corpovisão mente" (manomayakaya) que os Bodhisattvas são capazes de assumir,como sendo um dos frutos da auto realização da Sabedoria Nobre: imploramos-te que nos digas, Abençoado, qual é o significado de tal corpo transcendental?” O Abençoado respondeu: “Há três espécies de tais corpos transcendentais: Primeiro, há aquele no qual o Bodhisattva alcança o gozo dos Samádhis eSamapattis. Em segundo lugar, há aquele, que é assumido pelos Tathágatas, segundo aclasse de seres a ser sustentados, e que alcança e aperfeiçoa espontaneamentecom o não apego e o não esforço. Terceiro, há aquele no qual os Tathágatas recebem a sua intuição deDharmakaya. A personalidade transcendental que faz parte do prazer dos Samádhis vem comas terceiras, quartas e quintas etapas, quando as atividades mentais do sistemamental ficam calmas e as ondas da consciência não são mais agitadas nasuperfície da Mente Universal. Neste estado, a mente consciente é aindaconsciente, em parte, da felicidade que é experimentada por esta cessação dasatividades da mente. A segunda espécie da personalidade transcendental é a espécie assumida pelosBodhisattvas e Tathágatas como corpos da transformação pela qual elesdemonstram os seus votos originais no trabalho de realização eaperfeiçoamento; vem com a oitava etapa do Bodhisattva Perfeito. Quando o Bodhisattva tem um entendimento eficaz da natureza das coisas,

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semelhante a Maia e entende o dharma da não imagem, ele experimentará a"inversão" na sua consciência mais profunda e tornar-se-á capaz deexperimentar o Samádhis superior ou até o supremo. Ao entrar nestes magníficos Samádhis ele alcança uma personalidade quetranscende a mente consciente, pelo qual ele obtém poderes sobrenaturais deauto domínio e actividades, pelas quais ele é capaz de se mover como deseja,tão rapidamente como num sonho, e modifica-se tão rapidamente, como umaimagem se modifica num espelho. Este corpo transcendental não é um produto dos elementos e no entanto, háalgo nele que é análogo ao que é assim produzido; está apetrechado de todasas diferenças que pertencem ao mundo da forma, mas sem as suas limitações;possuído desse "corpo visão mente" ele é capaz de estar presente em todas asassembleias, de todas as terras Buda. Tal como o seu movimento depensamentos, imediata e livremente, por cima de paredes, rios, árvores, emontanhas, e tal como na memória, ele evoca e visita as cenas das suasexperiências passadas, assim, enquanto a sua mente continua funcionando nocorpo, os seus pensamentos podem estar cem mil yojanas afastados. Da mesma forma, a personalidade transcendental que experimenta o SamádhiVajravimbopama estará dotada de poderes sobrenaturais, faculdades psíquicas eauto domínio, pelo qual será capaz de seguir os caminhos nobres que levam àsassembleias dos Buddhas, deslocando tão livremente como deseja. Mas os seus desejos não serão mais egocêntricos nem manchados pordiscriminação e apegos, já que esta personalidade transcendental não é o seuvelho corpo, mas é a incorporação transcendental dos seus votos originais dedádiva de si mesmo para trazer todos os seres à maturidade. A terceira espécie da personalidade transcendental é tão inefável que é capazde alcançar a intuição do Dharmakaya, isto é, ele alcança a intuição da cogniçãoilimitada e inescrutável da Mente Universal. Como Bodhisattvas Mahasattvas, alcançam as mais altas das etapas e ficamfamiliarizados com todos os tesouros a serem concretizados na SabedoriaNobre, eles alcançarão este corpo de transformação incompreensível, que é anatureza verdadeira de todos os Tathágatas do passado, presente e futuro, eparticiparão na paz feliz que penetra o Dharma de todos os Buddhas."

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Capítulo X O Discipulado (Aprendizagem): A Linhagem dos Arhats

Então Mahamati perguntou ao Abençoado: “Por favor diz-nos, quantas espéciesde discípulos há?” O Abençoado respondeu: “Há tantas espécies de discípulos como há de indivíduos, mas por conveniência,eles podem ser divididos em dois grupos: discípulos da linhagem dos Arhats, ediscípulos conhecidos como Bodhisattvas. Os discípulos da linhagem dos Arhats podem ser considerados sob doisaspectos: Primeiro; Segundo o número de vezes, que eles voltarão a esta vida denascimento e morte: E segundo; segundo o seu progresso espiritual. Debaixo do primeiro aspecto, eles podem ser subdivididos em três grupos: "Os que Entraram na Corrente", "Os que Retornam Uma Vez", e "Os que NuncaRetornam". “Os que Entraram na Corrente” são aqueles discípulos, que tendo-se libertadodos apegos às discriminações inferiores e que tendo removido os empecilhosduplos e que claramente entendem a significação do não eu dualista, mas queainda aderem à noção de individualidade e generalidade e ao seu próprio ego.Eles avançarão ao longo das etapas, até à sexta, só para sucumbir à felicidadefascinante dos Samádhis. Eles renascerão sete vezes, ou cinco vezes, ou três

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vezes, antes de que sejam capazes de passar da sexta etapa. “Os que Retornarão Uma Vez” são os Arhats, e “Os que Nunca Retornarão” sãoos Bodhisattvas que conseguiram a sétima etapa. As razões dessas graduações, são por causa do seu apego aos três graus daimaginação falsa, a saber: Fé nas práticas morais, dúvida, e pontos de vista da sua personalidadeindividual. Quando esses três obstáculos forem superados, eles serão capazes de alcançaras etapas seguintes. Quanto às práticas morais: Os discípulos ignorantes e ingénuos que obedecem às regras da moralidade,piedade e penitência, desejam assim, ganhar o avanço mundano e felicidade,com a esperança acrescida de renascerem em condições mais favoráveis. “Os que Entraram na Corrente” não aderem às práticas morais, com qualqueresperança de recompensa, por as suas mentes, estarem fixas no estadoexaltado da auto realização; o motivo porque se dedicam aos detalhes damoralidade é que eles desejam dominar tais verdades, em conformidade com oimaculado dos bons fluxos. Quanto ao entrave da dúvida nos ensinamentos do Buda, continuará, até quealgumas das noções de discriminação sejam apreciadas e desapareçam quandoelas desaparecem. O apego aos pontos de vista da personalidade individual será libertado,conforme o discípulo ganha uma compreensão mais completa das noções de sere não ser, natureza própria e não eu dualista, por meio do qual livrar-se-á dosapegos ao seu próprio eu que vão com aquelas discriminações. Rompendo elimpando o caminho destes três obstáculos, ” Os que Entraram na Corrente”serão capazes de libertar-se de toda a ganância, raiva e loucura. Quanto aos Arhats, “Os que Retornarão Uma Vez”; houve uma vez neles adiscriminação da forma, sinais, e aparência, mas como eles gradualmenteaprenderam pelo conhecimento correcto para não examinarem individualmenteobjectos sob o aspecto da qualidade e qualificação, e como eles se tornaramfamiliares com o objectivo do alcance das práticas de Dhyana, eles conseguirama etapa da iluminação, onde em mais um renascimento eles serão capazes depôr fim ao apego do seu próprio egoísmo. Livre desta carga do erro e dos seusapegos, as paixões não mais se afirmarão e os obstáculos serão removidos parasempre. Sob o segundo aspecto os discípulos podem ser agrupados segundo o progressoespiritual que eles alcançaram, nas quatro classes, a saber; discípulos (Sravaka),mestres (Pratyekabuddha), Arhats, e Bodhisattvas.

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A primeira classe de discípulos são os que tem boas intenções, mas encontramdificuldades em entender ideias pouco conhecidas. As suas mentes são alegresquando estudam e praticam as coisas que pertencem ao aspecto visível quepode ser discriminado, mas que ficam confundidos pela noção de uma cadeiaininterrupta da causa e efeito, e ficam temerosos quando consideram osagregados que compõem a personalidade e o mundo dos objectos serem comoMaya, vazios e sem eu. Eles foram capazes de avançar até à quinta ou sexta etapa, onde são capazesde matar a insurreição das paixões, mas não das noções que dão origem àspaixões e, por isso, eles são incapazes de livrar-se do apego a uma alma ego eaos seus sentimentos de afectação, hábitos e energia do hábito. Nesta mesma classe de discípulos estão os discípulos sérios de outras fés, queaderindo às noções de tais coisas como, a alma como uma entidade externa,Atman Supremo, Deus Pessoal, buscam um Nirvana que está de harmonia comeles. Há outros, mais materialistas nas suas ideias, que pensam que todas as coisasexistem na dependência da causa e efeito e, por isso, o Nirvana deve estarnuma dependência parecida. Mas nenhum desses, embora sérios, vêm a compreender a verdade do não egodualista e são por isso, de discernimentos espirituais limitados quanto àlibertação e não libertação; para eles não há nenhuma emancipação. Eles têmuma grande auto confiança, mas nunca podem obter um conhecimentoverdadeiro do Nirvana, até que tenham aprendido, eles mesmos, a aceitaçãopaciente do não eu dualista. A segunda classe de mestres são aqueles que ganharam um alto grau decompreensão intelectual das verdades, acerca dos agregados que compõem apersonalidade e o seu mundo externo, mas que ficam cheios de medo quandoenfrentam o significado e as consequências dessas verdades, e as exigênciasque a sua aprendizagem faz sobre eles, isto é, não se tornarem apegados aomundo externo e à sua criação de formas múltiplas de conforto e poder, econservarem longe de si os empecilhos das suas relações sociais. Eles são atraídos pelas possibilidades que se podem atingir, a saber; a posse depoderes miraculosos, como a divisão da personalidade e o aparecimento emlugares diferentes ao mesmo tempo, ou da manifestação dos corpos detransformação. Para ganhar esses poderes eles até aderem à vida solitária, mas esta classe demestres nunca vai além da sedução da sua aprendizagem e egoísmo, e os seusdiscursos são sempre conforme aquela característica e limitação. Entre eles estão muitos discípulos sérios que mostram um grau de

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discernimento espiritual que é caracterizado pela sinceridade, vontade eresolução de satisfazer todas as exigências que as etapas exercem sobre eles.Quando eles vêem que tudo o que compõe o mundo objectivo é só umamanifestação da mente, que é sem natureza própria, não nascida e sem egoeles aceitam-no sem medo, e quando vêem que a sua própria alma ego étambém vazia, não nascida e sem ego, ficam tranquilos e corajosos, com umobjectivo sincero, procuram ajustar as suas vidas ao máximo das exigênciasdestas verdades, mas não podem esquecer as noções que residem nestesfactos, especialmente a noção do seu próprio ego consciente e a sua relaçãocom o Nirvana. Eles são da classe dos que “Entraram na Corrente”. A classe conhecida como Arhats são aqueles mestres verdadeiros quepertencem à classe dos que retornam. Mas no seu discernimento espiritual elesconseguiram as sextas e sétimas etapas. Eles entenderam completamente averdade do não eu dualista e a não imagem da Realidade; com eles, não hámais discriminação, nem paixões, nem orgulho de egoísmo; eles ganharam umdiscernimento exaltado e viram a imensidão das terras Buda. Alcançando uma percepção interior da natureza verdadeira da Mente Universaleles estão purificando com firmeza a sua energia do hábito. O Arhats alcançou a emancipação, a iluminação, as Dhyanas, o Samádhis, e asua atenção inteira é dada à obtenção do Nirvana, mas a ideia do Nirvana causaperturbações mentais porque ele tem uma ideia incorrecta do Nirvana. As noções de Nirvana na sua mente estão divididas: ele discrimina o Nirvana doeu, e o eu dos outros. Alcançou alguns frutos da auto realização, mas aindapensa e discursa nas Dhyanas, nos assuntos da meditação, nos Samádhis, e nosfrutos. Com soberba diz: "há grilhões, mas estou desembaraçado deles." É umadupla falta: ele tanto denuncia os vícios do ego, como ainda adere aos seusgrilhões. Enquanto continua a discriminar as noções de Dhyana, prática deDhyana, assuntos de Dhyana, conhecimento correcto e verdade, há um estadoconfuso da mente; ele não alcançou a emancipação perfeita. A emancipaçãovem com a aceitação da não imagem. Ele é o mestre das Dhyanas e entra nos Samádhis, mas para conseguir as maisaltas etapas, ele deve passar além das Dhyanas, dos imensuráveis, do mundoda não forma, e da felicidade dos Samádhis no Samapattis que leva à cessaçãodo próprio pensamento. O praticante de Dhyana, Dhyana, o tema de Dhyana, acessação do pensamento, retornar uma vez, nunca retornar, todos estãodivididos e confusos nos estados da mente. A emancipação perfeita não estará lá, até que toda a discriminação sejaabandonada. Assim o Arhats, o mestre das Dhyanas, que participa nos Samádhis, e sem o

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apoio dos Buddhas cede à felicidade fascinante dos Samádhis e passa ao seuNirvana. Os discípulos os mestres e os Arhats podem ascender até à sexta etapa. Elespercebem que o mundo triplo não é mais do que a própria mente; elespercebem que não há transformação ligada à multiplicidade dos objectosexternos, excepto pelas discriminações e atividades da própria mente; elespercebem que não há nenhuma alma ego; e, portanto, alcançam a medida datranquilidade. Mas a sua tranquilidade não é perfeita a cada minuto das suasvidas, já que com eles há alguma coisa produzindo impressão, algumacompreensão e incompreensão, alguns traços residuais de dualismo e egoísmo. Embora desembaraçados do funcionamento activo das paixões eles ainda estãounidos à energia do hábito da paixão e, intoxicados com o vinho dos Samádhis,terão a sua residência no reino das boas não emanações. A perfeita tranquilidade é somente possível na sétima etapa. Enquanto as suasmentes estiverem na confusão, eles não podem alcançar uma clara convicção dacessação de toda a multiplicidade e da actualização perfeita de todas as coisas. Nas suas mentes a natureza própria das coisas, ainda é discriminada como boae má, por isso, as suas mentes estão em confusão e eles não podem passaralém da sexta etapa. Mas na sexta etapa, toda a discriminação cessa assim quese absorvem completamente na felicidade dos Samádhis, no qual eles tratamcom carinho o pensamento do Nirvana e, como o Nirvana é possível na sextaetapa, eles entram no seu Nirvana, mas não no Nirvana dos Buddhas. "

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Capítulo XI O Estado Bodhisattva e As suas Etapas

Mahamati então disse ao Abençoado: “Poderás falar-nos agora dos discípulos que são Bodhisattvas?” O Abençoado respondeu: “Os Bodhisattvas são aqueles discípulos verdadeiros, que são esclarecidosdevido aos seus esforços para alcançar a auto realização da Sabedoria Nobre eque assumiram a tarefa de esclarecer os outros. Eles ganharam uma compreensão clara da verdade, de que todas as coisas sãovazias, não nascidas, e de natureza igual a Maia; eles cessaram de examinar ascoisas discriminativamente e de considerá-las nas suas relações; entenderam completamente a verdade do não ego dualista e ajustaram-se a uma aceitaçãopaciente; alcançaram uma realização clara e distinta da não imagem; epermanecem no conhecimento perfeito que eles ganharam pela auto realizaçãoda Sabedoria Nobre. Bem selados com o selo característico da "Qualidade Essencial" eles entraramna primeiras etapas do Bodhisattva. A primeira etapa é chamada a etapa daAlegria (Pranudita). Entrar nesta etapa é como perder espontaneamente a consciência do brilho dassombras no reino das não sombras; é como perder a noção do barulho etumulto da compressão da cidade, na quietude da solidão. O Bodhisattva sente dentro dele o despertar de um grande coração decompaixão e profere os seus dez votos originais: Honrar e servir todos os Buddhas; Espalhar o conhecimento e a prática do Dharma; Dar as boas-vindas a todos os Buddhas vindouros; Praticar as seis Paramitas; Persuadir todos os seres a abraçar o Dharma; Alcançar uma compreensão perfeita do universo; Alcançar uma compreensão perfeita da reciprocidade de sentimentos de todosos seres; Alcançar a auto realização perfeita da unidade de todos os Buddhas eTathágatas, da auto natureza, objectivos e recursos; Familiarizar-se com todos os meios e conhecimentos, para implementar eexecutar esses votos, pela emancipação de todos os seres;

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Concretizar a iluminação suprema através da auto realização perfeita daSabedoria Nobre, ascendendo às etapas e entrando no Estado Tathagata. No espírito desses votos o Bodhisattva sobe gradualmente até à sexta etapa. Todos os discípulos verdadeiros, mestres e Arhats ascenderam até aqui, masficando encantados pela felicidade dos Samádhis e não sendo apoiados pelospoderes dos Buddhas, eles passam ao seu Nirvana. O mesmo destino teriam osBodhisattvas a menos que pelo poder do apoio dos Buddhas, seja-lhespermitido recusarem-se a entrar no Nirvana, até que todos os seres possamentrar com eles no Nirvana. Os Tathágatas indicam-lhes as virtudes daBudidade, que estão além do conceito da mente intelectual, estimulam efortalecem os Bodhisattvas para não ceder ao encantamento da felicidade dosSamádhis, mas, continuar no novo avanço ao longo das etapas. Se os Bodhisattvas tivessem entrado no Nirvana nesta etapa, e se o tivessemfeito sem o poder do apoio dos Buddhas, teria havido cessação de todas ascoisas e a família dos Tathágatas extinguir-se-ia. Fortalecidos pela nova força que lhes vem dos Buddhas e com o discernimentomais perfeito, motivado pelo seu avanço na auto realização da Sabedoria Nobre,eles reexaminam a natureza do sistema mental, o não eu da personalidade, e aparte da avareza e apego e da energia do hábito que jogam o drama evolutivoda vida; eles reexaminam as ilusões da análise lógica quádrupla, e os várioselementos que tomam parte na iluminação, na auto realização, e na emoçãodos seus novos poderes de auto domínio, os Bodhisattvas entram para a sétimaetapa da Longa caminhada (Durangama). Apoiados pelo poder de sustentação dos Buddhas, os Bodhisattvas nesta etapa,entram na felicidade do Samádhi da tranquilidade perfeita. Devido aos seus votos originais que são movidos por emoções de amor ecompaixão, eles tornam-se cônscios da parte que estão executando, narealização dos seus votos, para emancipação de todos os seres. Assim, nãoentram no Nirvana, mas na realidade, eles também já estão no Nirvana porquenas suas emoções de amor e compaixão, não há o surgir de discriminações;daqui em diante, para eles, a discriminação não mais terá lugar. Por causa da Inteligência Transcendental só um conceito está presente - apromoção da realização da Sabedoria Nobre. Isto é chamado o Nirvana doBodhisattva - perder-se na perfeita felicidade do auto compromisso. Isto é asétima etapa, a etapa da caminhada Longa. A oitava etapa é a etapa do não retorno (Acala). Até esta etapa, por causa dascontaminações na superfície da Mente Universal, causada pela acumulação daenergia do hábito desde o tempo sem princípio, o sistema mental e tudo o que

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lhe pertence, foi desenvolvido e mantido. O sistema mental funcionou pelasdiscriminações de um mundo externo e objectivo, ao qual ficou ligado e peloqual foi perpetuado. Mas quando o Bodhisattva alcança a oitava etapa, dá-se uma “inversão” nointerior da sua consciência profunda, do egocentrismo para a compaixãouniversal de todos os seres, pelo qual, ele alcança a auto realização perfeita daSabedoria Nobre. Há um instante de cessação das atividades ilusórias de todo o sistema mental; adança das ondas da energia do hábito na superfície da Mente Universal tornam-se para sempre inactivas, revelando a sua própria solidão e tranquilidadeinerentes; a Unidade inconcebível da Matriz do estado Tathágata. Daqui em diante não haverá mais nenhum olhar sobre a realidade física domundo externo, pelos sentidos e pelas mentes sensoriais, nem discriminação deconceitos particularizados, ideias e proposições por uma mente intelectual, nãomais avidez, nem apego, nem orgulho de egoísmo, nem energia do hábito. Daqui em diante há só a experiência interior da Sabedoria Nobre, que foialcançada entrando na sua Unidade perfeita. Assim, estabelecendo-se na oitava etapa dos “Sem retorno”, o Bodhisattva entrana felicidade dos dez Samádhis, mas evitando o caminho dos discípulos emestres que se renderam à felicidade fascinante e que passaram aos seusNirvanas, e apoiado pelos seus votos e a Inteligência Transcendental, que éagora sua, apoiado pelo poder dos Buddhas, ele entra nos mais elevadoscaminhos, que levam ao Estado Tathágata. Ele passa pela felicidade dos Samádhis para assumir o corpo de transformaçãode um Tathagata, que por ele todos os seres podem ser emancipados. Mahamati, Se não tivesse havido nenhuma matriz Tathagata nem nenhumaMente Divina então não teria havido o aparecimento e o desaparecimento dosagregados que compõem a personalidade e o seu mundo externo, nenhumaparecimento e desaparecimento de gente ignorante nem de gente sagrada,nem nenhuma tarefa para os Bodhisattvas; por isso, andando no caminho daauto realização e entrando nos prazeres dos Samádhis, tu nunca devesabandonar o trabalho árduo pela emancipação de todos os seres, pelo que o teuamor de auto resignação nunca será em vão. Para os filósofos, o conceito de matriz Tathágata parece destituído de pureza esujo por essas manifestações externas, mas não é entendido assim pelosTathágatas. Para eles não é uma proposição filosófica, mas uma experiênciaintuitiva tão real como se ela fosse um fruto amalaka mantido na palma damão. Com a cessação do sistema mental e de todas as suas envolventes

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discriminações, há a cessação de toda a tensão nervosa e esforço. É parecidocom um homem que num sonho imagina que está cruzando um rio e que seesforça ao máximo para o cruzar, mas que repentinamente acorda. Entãopensa: "isto é verdadeiro ou é irreal?" Estando agora esclarecido, ele sabe quenão é nem verdadeiro nem irreal. Assim quando o Bodhisattva chega à oitava etapa, ele é capaz, de facto, de vertodas as coisas verdadeiramente e, mais do que isso, é capaz de entendercompletamente o significado de tudo, como coisas sonhadas da sua vida, tantono que respeita a como elas acontecem, como no que respeita a como elasdesaparecem. Desde o tempo sem principio, o sistema mental percebeu multiplicidades deformas, condições, e ideias, que a mente do pensamento discriminou, e a menteempírica experimentou, agarrou, e aderiu. Disto, resultou o aumento da energiado hábito, que pela sua acumulação, condicionou as ilusões de existência einexistência, individualidade e generalidade, e perpetuou assim, o estado desonho da imaginação falsa. Mas agora, para os Bodhisattvas da oitava etapa, a vida está passada e élembrada, como realmente foi - um sonho passado. Embora o Bodhisattva não tenha passado a sétima etapa, e embora tenhaalcançado uma compreensão intuitiva do significado verdadeiro da vida e da suanatureza como Maia, e como a mente ainda segue as suas discriminações eapegos, não obstante tenha continuado a estar ligado às noções destas coisas,e embora ele não mais experimentasse dentro de si qualquer desejo ardentedessas coisas, nem qualquer impulso de ainda as possuir, mesmo assim, asnoções acerca delas persistiram e suavizaram os seus esforços para praticar osensinamentos dos Buddhas e trabalhar para a emancipação de todos os seres. Agora, na oitava etapa, até as noções desaparecerem, todo o esforço eempenho são vistos como sendo desnecessários. O Nirvana do Bodhisattva é a tranquilidade perfeita, mas não é, nem a extinçãonem a inércia; enquanto há uma completa ausência de discriminação eobjectivos, há liberdade e espontaneidade da potencialidade que veio com aobtenção e a aceitação paciente das verdades do não eu e não imagem. Aqui, está a solidão perfeita, imperturbável por qualquer ordem ou sucessãocontínua, mas radiante com a potência e a liberdade da sua natureza própria,que é a natureza própria da Sabedoria Nobre, com felicidade pacífica e com aserenidade do Amor Perfeito. Entrando na oitava etapa, na "inversão" dada no lugar mais profundo da

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consciência, o Bodhisattva vai tornar-se consciente de que recebeu a segundacaracterística do corpo Transcendental (Manomayakaya). A transição do corpomortal ao Corpo transcendental não tem nada a ver com a morte mortal, já queo velho corpo continua a funcionar e a velha mente serve as necessidades dovelho corpo, mas agora é livre do controle da mente mortal. Houve uma morte na transformação inconcebível (accintya-parinama-cyuti),pelo qual a imaginação falsa da sua personalidade individual particularizada foitranscendida por uma realização da sua unidade com a mente universalizada doestado Tathágata, realização da qual não haverá retorno. Com esta realização ele encontra-se amplamente dotado de todos os poderesdos Tathágata's, faculdades psíquicas, e auto domínio, e assim como a boaterra é o suporte de todos os seres no mundo do desejo (karmadathu), assim osTathágatas tornam-se o suporte de todos os seres do Mundo Transcendental danão forma. As primeiras sete, das etapas do Bodhisattva aconteceram no reino da mente, ea oitava, enquanto a mente transcendia, estava em contacto com ele; mas nanona etapa da Inteligência Transcendental (Sadhumati), por causa da suainteligência perfeita e discernimento, na não imagem da Mente Divina, que eletinha alcançado pela auto realização da Sabedoria Nobre, ele está no reino doestado Tathágata. Gradualmente o Bodhisattva entenderá a sua naturezaTathagata, a posse de todos os seus poderes e faculdades psíquicas, autodomínio, compaixão amorosa, e os meios hábeis, pelos quais estabelecerãotodas as terras de Buda. Fazendo uso desses novos poderes, o Bodhisattva assumirá vários corpos detransformação e personalidades, do qual outros beneficiarão. Tal como na vida mental anterior, a imaginação tinha surgido do conhecimentorelativo, assim agora os meios hábeis surgem espontaneamente da InteligênciaTranscendental. Ele parece-se com a jóia mágica, que reflecte as respostasinstantaneamente, apropriadas aos desejos de alguém. O Bodhisattva passa por todas as assembleias dos Buddhas e escuta como elasfalam, como um sonho, da natureza de todas as coisas e acerca das verdadesque transcendem todas as noções do ser e não ser, que não tem nenhumarelação com o nascimento e morte, nem com a eternidade nem a extinção.Assim enfrentando os Tathágatas, como eles discursam na Sabedoria Nobre queestá distante e além da capacidade mental dos discípulos e mestres, elealcançará cem mil Samádhis, de facto, cem mil Nayutas de kotis de Samádhis, eno espírito desses Samádhis, ele passará imediatamente de uma terra de Budaa outra, prestando homenagem a todos os Buddhas, nascendo em todas as

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mansões celestiais, manifestando corpos de Buda, e discursará no TesouroTriplo, aos Bodhisattvas menores, que também podem participar dos frutos daauto realização da Sabedoria Nobre. Assim, passando além da última etapa do caminho do Bodhisattva, ele torna-se,um Tathágata por si mesmo, dotado de toda a liberdade do Dharmakaya. A décima etapa pertence aos Tathágatas. Aqui o Bodhisattva vai-se encontrarsentado sobre um trono parecido com um lótus, num palácio adornado deesplêndidas jóias e rodeado de Bodhisattvas de igual categoria. Os Buddhas detodas as terras Buda vão-se reunir sobre ele, e com as suas mãos puras efragrantes que descansam na sua testa, lhe dará a ordenação e oreconhecimento, como um deles. Então eles destinar-lhe-ão uma terra Budaque ele poderá possuir e aperfeiçoar como sua propriedade. A décima etapa é chamada a Grande Nuvem da Verdade (Dharmamegha),incompreensível, e inescrutável. Só os Tathágatas podem conhecer a perfeita não Imagem, a Unidade e aSolidão. Ele é a Mahesvara, a Terra Radiante, a Terra Pura, a Terra dasDistâncias distantes; rodeando e superando os mundos inferiores da forma e dodesejo (karmadathu), no qual o Bodhisattva se encontrará “compensado”. Os seus raios de Sabedoria Nobre que são da natureza própria dos Tathágatas,multicores, fascinantes, auspiciosos, estão transformando o mundo triplo comooutros mundos foram transformados no passado, e como em outros casos,outros mundos serão transformados no futuro. Mas na Unidade Perfeita da Sabedoria Nobre não há nenhuma classificação,nem sucessão, nem esforço. A décima etapa é a primeira, a primeira é oitava, e a oitava é a quinta, a quintaa sétima: que classificação pode haver onde a perfeita não imagem e a Unidadeprevalecem? E qual é a realidade da Sabedoria Nobre? Ela é a potência inefável do Dharmakaya; ela não tem nenhum limite nemlimites; ela sobrepõe-se a todas as terras Buda, e penetra o Akanistha e asmansões celestes do Tushita (Céus).”

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Capítulo XII O Estado Tathágata, que é a Sabedoria Nobre

Mahamati então disse ao Abençoado: “Foi ensinado nos livros canónicos que osBuddhas não estão sujeitos nem ao nascimento nem à destruição, e oAbençoado disse que "não nascido" é um dos nomes dos Tathágatas; istosignifica que o Tathágata é uma não existência?” O Abençoado respondeu: “ O Tathágata não é uma não entidade, nem deve ser concebido como outrascoisas o são, como, nem nascidas nem extintas, nem está sujeito à causa eefeito, nem é sem significado; mesmo assim refiro-me a ele como o “NãoNascido”. Contudo há outro nome para o Tathágata. "O corpo feito pela Mente"(Manomayakaya) em que o seu corpo Essência, assume de acordo com a suavontade, os acontecimentos nas transformações do seu trabalho deemancipação. Isto está além da compreensão dos discípulos comuns e mestres,e até, além da total compreensão, daqueles Bodhisattvas que permanecem nasétima etapa. Sim, Mahamati, "O Não Nascido" é sinónimo de Tathágata.” Então Mahamati disse: “Se os Tathágatas são não nascidos, parece não haver alguma coisa - nenhumaentidade – para agarrar, ou tomar o control dessa coisa, ou há alguma coisaque tenha outro nome sem ser entidade? E o que é que pode ser "alguma

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coisa" ?” O Abençoado respondeu: “Os objectos são frequentemente conhecidos por nomes diferentes segundo osaspectos diferentes que eles apresentam, o deus Indra é às vezes conhecidocomo Shakra, e às vezes como Purandara. Esses nomes diferentes são às vezes usados de forma alternada e às vezes sãodiscriminados, mas os objectos diferentes não são para ser imaginados, porcausa dos diferentes nomes, nem eles são sem individualidade. O mesmo pode ser dito de mim como apareço neste mundo de paciênciaperante as pessoas ignorantes e onde sou conhecido por incontáveis triliões denomes. Eles dirigem-se a mim por diferentes nomes não percebendo que elessão todos os nomes do Tathágata. Uns reconhecem-me como Tathágata, outros como o auto existente, outroscomo Gautama o Asceta, alguns outros como Buda. Outros ainda há, que me reconhecem como Brahma, como Vishnu, comoIshvara; alguns vêem me como o Sol, como a Lua; outros como umareencarnação dos sábios antigos; outros como um "dos dez poderes"; outroscomo Rama, outros como Indra, e alguns outros como Varuna. Há ainda outros que falam de mim como O Não nascido, como o Vazio, como"as coisas como elas são", como a Verdade, como a Realidade, como o PrincípioÚltimo; há ainda outros que me vêem como Dharmakaya, como Nirvana, comoo Eterno; alguns falam de mim como uniformidade, como não dualidade, comoimortal, como informe; alguns pensam em mim como a doutrina de causa eefeito do Buda, ou da Emancipação, ou do Caminho Nobre; e alguns pensamem mim como Mente Divina e Sabedoria Nobre. Assim neste mundo e em outros mundos eu sou conhecido por essesincontáveis nomes, mas todos eles me vêem como a lua é vista na água. Embora todos eles me honrem, louvem e estimem, eles não entendemtotalmente a importância e o significado das palavras que usam; não tendo asua própria auto realização da Verdade, eles aderem às palavras dos seus livroscanónicos, ou ao que lhes foi dito, ou ao que eles imaginaram, e nãoconseguem ver que o nome que eles estão usando é só um, de muitos nomesdo Tathágata. Nos seus estudos eles seguem as meras palavras do texto, que vaidosamentetentam obter a verdadeira importância, em vez de terem confiança num "texto"onde a auto confirmação da Verdade é revelada, isto é, tendo confiança na autorealização da Sabedoria Nobre.” Mahamati então disse:

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“Imploramos-te Abençoado, que nos fales sobre a natureza própria dosTathágatas.” O Abençoado respondeu: “Se o Tathágata é para ser descrito por tais expressões como feito ou não feito,causa ou efeito, deveríamos descrevê-lo como, nem feito, nem não feito, nemcausa, nem efeito; mas se assim o descrevêssemos seríamos culpados dediscriminação dualística. Se o Tathágata é alguma coisa feita, ele seria impermanente; se ele éimpermanente, qualquer coisa feita seria um Tathágata. Se ele é qualquer coisa não feita, então todo o esforço para entender o estadoTathágata será inútil. Pelo que não é, nem um efeito nem uma causa, e nem éser nem não ser, e aquele que não é nem ser nem não ser, está fora dasquatro proposições. As quatro proposições pertencem ao uso mundano; o que está no exterior nãoé mais do que uma palavra, como a criança de uma mulher estéril; assim sãotodos os termos respeitantes ao Tathágata para serem entendidos. Quando se diz que todas as coisas são sem eu, isso significa que todas ascoisas são destituídas de individualidade. Cada coisa pode ter a sua própria individualidade, o ser de um cavalo não é damesma natureza que de uma vaca, é como ele é, com a sua natureza própria, eé assim discriminada pelo ignorante, mas, no entanto, a sua própria natureza éda natureza de um sonho ou visão. Por isso o ignorante e o ingénuo, que estãohabituados a discriminar as aparências, não conseguem entender o significadodo não eu. Até que nos libertemos da discriminação, o facto de que todas ascoisas são vazias, não nascidas e sem natureza própria, não podem serapreciadas. Mahamati, todas essas expressões aplicadas aos Tathágatas não temsignificado, o que não tem significado é retirado de toda a comparação, o que éretirado de toda a comparação, converte-se em palavras sem sentido; o que éuma mera palavra é algo não nascido; o que é não nascido, não está sujeito àdestruição; o que não está sujeito à destruição parece-se com o espaço e oespaço não é nem efeito nem causa; o que não é, nem efeito nem causa, éalgo incondicionado; o que é incondicionado está além de todo o raciocínio; oque está além de todo o raciocínio, é o Tathágata. A natureza própria do estadoTathagata, está removida e afastada de todos os predicados e comparações; anatureza própria do estado Tathágata é a Sabedoria Nobre.” Então Mahamati disse ao Abençoado:

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“Os Tathágatas são permanentes ou impermanentes?” O Abençoado respondeu: “Os Tathágatas não são nem permanentes nem impermanentes; se qualqueruma destas declarações for afirmada, há um erro conectado com os agentesprodutores, porque segundo os filósofos, os agentes produtores são algo nãocriados e permanente. Mas os Tathágatas, não estão conectados, com os assimchamadas agentes produtores e nesse sentido eles são impermanentes. Se sedisser que eles são impermanentes, então, eles estão conectados com coisasque são criadas, já que, elas também são impermanentes. Por essas razões, osTathágatas não são, nem permanentes nem impermanentes. Nem se pode dizer que os Tathágatas são permanentes, no sentido em que sediz que o espaço é permanente, ou que se possa dizer que os chifres de umalebre sejam permanentes, sendo irreais, eles excluem todas as ideia depermanência ou impermanência. Isto não se aplica aos Tathágatas porque eles abandonaram a energia do hábitoda ignorância, que está unida com o sistema mental e os elementos quecompõem a personalidade. O mundo triplo origina-se da discriminação das nãorealidades e onde a discriminação tem lugar, há dualidade e a noção depermanência e impermanência, mas os Tathágatas não surgem da discriminaçãodas não realidades. Assim, enquanto há discriminação haverá noção depermanência e impermanência; quando a discriminação é retirada, a SabedoriaNobre, que é baseada no significado da solidão, é estabelecida. Contudo, há outro sentido, no qual, se pode dizer que os Tathágatas sãopermanentes. A Inteligência Transcendental que surge com a obtenção dailuminação é de uma natureza permanente. Esta Essência da verdade, que éencontrada na iluminação de todos os que são esclarecidos, é realizável, como oprincípio regulador e sustentador da Realidade, no qual vive sempre. AInteligência Transcendental alcançada intuitivamente pelos Tathágatas pela suaauto realização da Sabedoria Nobre, é uma realização da sua própria autonatureza, neste sentido os Tathágatas são permanentes. O inimaginável eterno dos Tathágatas é "as coisas como elas são" daSabedoria nobre realizada dentro deles. É tanto eterno, como além do pensamento. É conforme a ideia de uma causa e ainda está além de existência e inexistência.Como ele é o estado exaltado da Sabedoria nobre, ele tem o seu carácterpróprio. Como ele é a causa da Realidade Suprema, ele é a sua própria causa e efeito.

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A sua eternidade não é derivada do raciocínio baseado em noções externas deser e não ser, nem de eternidade, nem não eternidade. Sendo classificado sob a mesma cognição que o espaço, a cessação, e oNirvana, são eternos. Como ele não tem nada a ver com a existência e a não existência, não énenhum criador; porque ele não tem nada a ver com a criação, nem com ser enão ser, mas só é revelado no estado exaltado da Sabedoria nobre, é realmenteeterno. Quando as paixões duplas são destruídas, os empecilhos duplos limpos, e o nãoego dualista é totalmente entendido, a incompreensível transformação da mortedo Bodhisattva é alcançada - o que permanece é a auto natureza dosTathágatas. Quando os ensinamentos do Dharma são totalmente entendidos e perfeitamenterealizados pelos discípulos e mestres, aquilo que é realizado na sua consciênciamais profunda, é a sua própria natureza Buda, revelada como Tathágata. Num sentido verdadeiro, há quatro espécies de semelhanças, que se relacionacom a natureza Buda: há a semelhança das letras, a semelhança das palavras, asemelhança do significado, e a semelhança da Essência. O nome de Buda é soletrado: B-U-D-D-H-A; as letras são as mesmas, quandousadas para qualquer um dos dois, Buda ou Tathágata. Quando os Brahmans ensinam que eles usam várias palavras, e quando osTathágatas ensinam que eles usam as mesmas palavras; a respeito das palavrashá uma semelhança entre nós. Nos ensinamentos de todos os Tathágatas, há uma semelhança de significado. Entre todos os Buddhas há uma semelhança de natureza Búdica. Todos eles têm as trinta e duas marcas da excelência e os oitenta sinaismenores da perfeição corpórea; não há nenhuma distinção entre eles, exceptona forma, de como eles manifestam as várias transformações, segundo asdiferentes disposições dos seres que devem ser disciplinados e emancipados porvários meios. Na Essência Última, que é o Dharmakaya, todos os Buddhas do passado,presente e futuro, são da mesma semelhança.” Mahamati então disse ao Abençoado: “Foi dito pelo Abençoado, que da noite da Iluminação à noite do Parinirvana, oTathágata não proferiu nenhuma palavra, nem alguma vez proferirá umapalavra. Em que significado profundo isto é verdadeiro?”

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O Abençoado respondeu: “Por duas razões de significado profundo isso é verdadeiro: Pela luz da Verdadeauto realizada pela Sabedoria Nobre, e na Verdade de uma Realidadeeternamente duradoura. A auto realização da Sabedoria Nobre por todos os Tathágatas, é a mesma, quea minha própria auto realização da Sabedoria Nobre; não é mais nem menos,nenhuma diferença há, e todos os Tathágatas testemunham que o estado daauto realização é livre de palavras e discriminações e não tem nada a ver, como modo dualístico de falar, isto é, todos os seres recebem os ensinamentos dosTathágatas pela auto realização da Sabedoria Nobre e não através das palavrasdiscriminatórias. Na verdade Mahamati, sempre houve uma realidade eternamente duradoura. "Asubstância" da Verdade (Dharmadhatu) permanece para sempre, pese embora,um Tathágata aparece no mundo ou não. Portanto esta é a Razão de todas as coisas (dharmata) durarem eternamente;assim a Realidade (paramartha) permanece e mantém a sua ordem. O que foi realizado por mim mesmo e todos os outros Tathágatas, é estaRealidade (Dharmakaya), a eternamente duradoura auto disciplina daRealidade; o "as coisas são como elas são" (tathata) de todas as coisas; as veracidades das coisas (bhutata); a Sabedoria Nobre, que é a própria Verdade. O sol irradia o seu esplendor espontaneamente em todos igualmente e sempalavras de explicação; de maneira parecida fazem os Tathágatas, irradiam aVerdade da Sabedoria Nobre sem recurso a palavras e a todos por igual. Por essas razões, eu afirmei, que da noite da iluminação, à noite do ParinirvanadoTathágata, ele não proferiu, nem proferirá, uma palavra. E o mesmo éverdadeiro acerca de todos os Buddhas.” Então Mahamati disse: “Abençoado, tu falas da semelhança de todos os Buddhas, mas em outroslugares tu falas-te do Dharmata Buda, Nishyanda Buda e Nirmana Buda comose eles fossem diferentes uns dos outros; como podem eles, ser o mesmo ediferente?” O Abençoado respondeu: “Eu falo de Buddhas diferentes, em oposição aos pontos de vista dos filósofos,que baseiam os seus ensinamentos na realidade de um mundo externo do qual

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apreciam a discriminação e os apegos que de lá surgem; contra osensinamentos desses filósofos, revelo, Nirmana Buda, o Buda dasTransformações. Em muitas transformações da etapa Tathágata Nirmana Buda, são encontradastais matérias como, caridade, moralidade, paciência, meditação, e tranquilidade:pelo conhecimento correcto ele ensina a verdadeira compreensão da naturezade Maya, dos elementos que compõem a personalidade e o seu mundo externo;ele ensina a verdadeira natureza do sistema mental no conjunto e nas distinçõesdas suas formas, funções e caminhos da realização. Num sentido mais profundo, Nirmana Buda simboliza os princípios dediferenciação e integração pela qual todas as coisas constituídas sãodistribuídas, todas as complexidades simplificadas, todos os pensamentosanalisados; ao mesmo tempo ele simboliza a harmonização, unificando o poderda simpatia e da compaixão; ele retira todos os obstáculos, ele harmoniza todasas diferenças, ele traz na Unidade perfeita os muitos discordante. Para a emancipação de todos os seres, os Bodhisattvas e Tathágatas assumemcorpos de transformação e empregam muitos dispositivos hábeis, isto é otrabalho de Nirmana Buda. Para a iluminação dos Bodhisattvas e no apoio a dar-lhes ao longo das etapas,o Incompreensível é feito realizável. Nishyanda Buda, "Buda Emanação", atravésda Inteligência Transcendental, revela a importância e o verdadeiro significadoda emanação das coisas, discriminação e apego; do poder da energia do hábitoque é acumulada por eles e em que condições; do não nascido, do vazio, e donão eu de todas as coisas. Por causa da Inteligência Transcendental e da purificação do mal que emana davida, todos os pontos de vista dualísticos da existência e não existência, sãotranscendidos, e pela auto realização da Sabedoria Nobre a não imagem daRealidade é manifestada. A inconcebível glória do estado Búdico é manifestadaem raios da Sabedoria Nobre; a Sabedoria Nobre é a auto natureza dosTathágatas. Isto é o trabalho de Nishyanda Buda. Num sentido mais profundo, Nishyanda Buda, simboliza a emergência dosprincípios do processo do pensamento e compaixão, mas até agora nãodiferenciado e no potencial do equilíbrio perfeito, não manifestado. Visto do lado de dentro do Bodhisattva, Nishyanda Buda é visto nos corposglorificados dos Tathágatas; visto do lado da quarta região do estado Búdico,Nishyanda Buda é visto nas personalidades radiantes dos Tathágatas, prontos eansiosos por manifestar o Amor inerente da Sabedoria do Dharmakaya. Dharmata Buda é o estado Búdico na sua auto natureza da unidade perfeita, emque a Tranquilidade absoluta prevalece. Como a Sabedoria nobre, Dharmata

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Buda transcende todo o conhecimento diferenciado, é o objectivo da autorealização intuitiva, e é a auto natureza dos Tathágatas. Como Sabedoria Nobre, Dharmata Buda é o Princípio último da Realidade, daqual deriva o ser e autenticidade de todas as coisas, mas que em si mesmotranscende todos os predicados. Dharmata Buda é o sol central, que mantém todos iluminados. A sua Essênciaincompreensível, é manifestada na "emanação" da gloria do Nishyanda Buda enas transformações de Nirmana Buda.” Mahamati então disse: “Imploramos-te Abençoado, que nos fales mais sobre o Dharmakaya.” O Abençoado respondeu: “Estivemos falando dele quanto ao estado Búdico, mas inescrutável e além dalógica, podemos falar dele, justamente como o Corpo da verdade ou o Princípioda verdade da Realidade última (Paramartha). Este Princípio Último da Realidade pode ser considerado como é manifestado,sob sete aspectos: Primeiro, como Citta gocara, que é o mundo da experiência espiritual e dapermanência dos Tathágatas na sua missão de escape da emancipação. Ele é aSabedoria Nobre manifestada como o princípio do processo do pensamento eindividualidade. Em segundo lugar, como Jnana, ele é o mundo mental e o seu princípio dopensamento e consciência. O terceiro como Dristi, é o reino do dualismo, que é o mundo físico donascimento e morte, onde são manifestadas todas as diferenciações depensador, pensamento, e o conteúdo da cognição, através e onde sãomanifestados os princípios da sensação, percepção, discriminação, desejo,apego e sofrimento. Quarto, por causa da ganância, raiva, obsessão, sofrimento, e a necessidade daocorrência de um mundo físico para a discriminação e apego, ele revela ummundo além do reino do dualismo, em que aparece como um princípio que seintegra de caridade e compaixão. Em quinto lugar, num reino superior, que é a residência das etapas doBodhisattva, e é análogo ao mundo mental, onde os interesses do coraçãotranscendem os da mente, aparece como o princípio da compaixãodesinteressada. Em sexto lugar, no reino espiritual onde os Bodhisattvas alcançam o estadoBúdico, aparece como o princípio do Amor perfeito (Karuna). Aqui o último

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apego ao ego é abandonado e o Bodhisattva entra na sua auto realização daSabedoria nobre, que é a felicidade dos Tathágatas, o gozo perfeito da suanatureza íntima. Sétimo, como Prajna ele é o aspecto activo do Princípio Último, onde ambos, oque vai e o que vem, são como princípios implícitos e potenciais, em que tantoa Sabedoria como o Amor, estão em equilíbrio perfeito, harmonia e Unidade. Esses são os sete aspectos do Princípio último do Dharmakaya, pelo qual todasas coisas são feitas, manifestadas e aperfeiçoadas, e então reintegradas, e todoo resto dentro da sua Unidade inescrutável, sem sinais de individualização, nemcomeço, nem sucessão ou fim, nós falamos dele como Dharmakaya, comoPrincípio Último, como estado Búdico, como Nirvana; o que importa? São sóoutros nomes da Sabedoria nobre. Mahamati, tu e todos os Bodhisattva Mahasattvas devem evitar o raciocínioerróneo dos filósofos e procurar a auto realização da Sabedoria Nobre.”

Capítulo XIII O Nirvana

Mahamati disse então ao Abençoado: “Imploramos-te que nos fales acerca do Nirvana”

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O Abençoado respondeu: “O termo, Nirvana, é usado com muitos significados diferentes, por pessoasdiferentes, e essas pessoas podem ser divididas em quatro grupos: Há as pessoas que estão sofrendo, ou que temem o sofrimento, e que pensamno Nirvana; há os filósofos que tentam discriminar o Nirvana; há a classe de discípulos que pensam no Nirvana em relação a eles mesmos; e finalmente há o Nirvana dos Buddhas. Aqueles que estão sofrendo ou que temem o sofrimento, pensam no Nirvanacomo uma fuga e recompensa. Eles imaginam que o Nirvana se compõe da futura aniquilação dos sentidos edas mentes dos sentidos; eles não estão conscientes, que a mente universal e onirvana são um, e que este mundo de vida e morte, e o Nirvana, não devem serseparados. Esses ignorantes, em vez de meditarem na não imagem do Nirvana,falam de caminhos diferentes de emancipação. Sendo ignorantes de, ou nãocompreendendo os ensinamentos dos Tathágatas, eles aderem à noção doNirvana que está no exterior, o que é visto pela mente e, assim, continuamcaminhando ao longo da roda da vida e da morte. Quanto aos Nirvanas discriminadas pelos filósofos: Na realidade não há nenhum. Alguns filósofos concebem o Nirvana para serencontrado onde o sistema mental não mais funciona, devido à cessação doselementos que compõem a personalidade e o seu mundo; ou é encontradoonde há total indiferença ao mundo objectivo e sua impertinência. Alguns concebem o Nirvana como sendo um estado onde não há nenhumalembrança do passado ou do presente, tal como quando uma lâmpada é extinta,ou quando uma semente é queimada, ou quando um fogo se extingue; porqueentão há cessação de todo o substrato, que é explicado pelos filósofos como onão surgimento da discriminação. Mas isto não é o Nirvana, porque o Nirvana não se compõe de simplesaniquilação e vacuidade. Assim, alguns filósofos explicam a libertação, como se ela fosse a mera paragemda discriminação, como quando o vento deixa de soprar, ou como quandoalguém pelo seu auto esforço se livra dos pontos de vista dualísticos doconhecedor e conhecido, ou se livra das noções de permanência eimpertinência; ou se livra das noções de bom e mau; ou supera a paixão pormeio do conhecimento, - para eles o Nirvana é libertação. Uns, vendo "na forma" a portadora da dor, alarmados pela noção "da forma",procuram a felicidade num mundo " sem forma".

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Alguns, concebem que nas considerações com a individualidade e generalidade,reconhecível em todas as coisas internas e externas, não há nenhumadestruição e que todos os seres mantêm o seu ser para sempre e, nestaeternidade, vêem o Nirvana. Os outros vêem o eternamente das coisas, no conceito do Nirvana, como aabsorção da alma finita no Atman supremo; ou vêem todas as coisas, comouma manifestação da força vital de algum Espírito Supremo onde todosregressam; e alguns, que são especialmente bobos, declaram que há duascoisas primárias, uma substância primária e uma alma primária, que reagemdiferentemente, um sobre o outro, e assim produzem todas as coisas dastransformações das qualidades; alguns pensam que o mundo nasce de acção einteracção e que nenhuma outra causa é necessária; os outros pensam queIshvara é o criador livre de todas as coisas; aderindo a essas noções loucas,não há nenhum despertar, e eles consideram o Nirvana consistindo do facto deque não há nenhum despertar. Alguns imaginam que o Nirvana é onde a auto natureza existe por seu própriodireito, sem interferência de outras auto naturezas, como as penas variegadasde um pavão, ou os vários cristais preciosos, ou a ponta de um espinho. Alguns concebem o ser, como sendo o Nirvana, outros como, não ser, enquantooutros, concebem que todas as coisas e o Nirvana não são para ser distinguidasumas das outras. Alguns, pensando que o tempo é o criador, e que, osurgimento do mundo depende dele; eles concebem que o Nirvana consiste doreconhecimento do tempo como Nirvana. Alguns pensam que haverá Nirvanaquando "as vinte e cinco" verdades forem aceites na generalidade, ou quando orei observar as seis virtudes, e alguns beatos pensam que o Nirvana é aobtenção do paraíso. Esses pontos de vista, alem de outros, promovidos pelos filósofos, com os seusvários ingredientes, não estão de acordo com a lógica, nem eles são aceitáveispara o sábio. Todos eles concebem o Nirvana dualísticamente e com alguma conexão causal;por essas discriminações os filósofos imaginam o Nirvana, mas onde não hásurgimento nem desaparecimento, como pode lá estar a discriminação? Cada filósofo, confia no seu próprio manual do qual ele desenha a suacompreensão, transgredindo contra a verdade, porque a verdade não está ondeele imagina o ser. O único resultado, é que ele coloca a sua mente emperambulação e fica mais confuso, porque o Nirvana não deve ser encontradopela procura mental, quanto mais a sua mente se torna confusa, mais eleconfunde as outras pessoas. Quanto à noção do Nirvana, mantida pelos discípulos e mestres que ainda

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aderem à noção de um ego próprio, e que tentam encontrá-lo, caminhando nasolidão: A sua noção do Nirvana é uma eternidade de felicidade, como afelicidade dos Samádhis é para eles mesmos. Eles reconhecem que o mundo ésó uma manifestação da mente e que todas as discriminações são da mente, eportanto eles renunciam às relações sociais e praticam várias disciplinasespirituais e na solidão buscam a auto realização da Sabedoria Nobre pelo autoesforço. Eles seguem as etapas, até à sexta e alcançam a felicidade dos Samádhis, mascomo eles ainda estão aderindo ao egoísmo, eles não alcançam a "inversão" nolugar mais profundo da sua própria consciência e, por isso, eles não estão livresda mente do pensamento e da acumulação da sua energia do hábito. Aderindo à felicidade dos Samádhis, eles passam ao seu Nirvana, mas não é oNirvana dos Tathágatas. Eles são dos que "entraram na corrente"; mas devem voltar a este mundo devida e morte. Mahamati então disse ao Abençoado: “Quando os Bodhisattvas cedem o seu capital de mérito, para a emancipação detodos os seres, eles tornam-se espiritualmente, um com toda a vida animada;eles mesmos podem ser purificados, mas noutros, ainda permanece oinesgotável mal e o carma imaturo. Imploramos-te que nos digas Abençoado,como os Bodhisattvas garantem o Nirvana? E qual é o Nirvana dosBodhisattvas?” O Abençoado respondeu: “Mahamati, esta garantia não é uma garantia de números nem de lógica; não éa mente que deve ser assegurada mas o coração. A garantia do Bodhisattvavem com o processo de desenvolvimento e discernimento, que limpa o caminhoseguido pelos empecilhos das paixões, que purifica os obstáculos aoconhecimento e do não eu, claramente percebido e pacientemente aceite. Como a mente mortal deixa de discriminar, não há mais sede de vida, não maisluxúria sexual, não mais sede de aprendizagem, não mais sede da vida eterna;com o desaparecimento desta sede quádrupla, não há mais acumulação daenergia do hábito; sem mais acumulação da energia do hábito, limpam-se aspoluições na superfície da Mente Universal, e o Bodhisattva alcança a autorealização da Sabedoria Nobre que é a garantia do coração do Nirvana. Há Bodhisattvas, aqui e noutras terras Buda, que são sinceramente dedicados àmissão do Bodhisattva e que ainda não conseguem esquecer completamente afelicidade dos Samádhis e a paz do Nirvana – por eles mesmos.

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O ensinamento do Nirvana, no qual não há nenhum substrato deixado para trás,é revelado segundo um significado oculto, por causa dos discípulos que aindaaderem aos pensamentos do Nirvana para eles, e que podem ser inspirados eexercitados eles mesmo, na missão do Bodhisattva da emancipação de todos osseres. Os Buddhas da Transformação, ensinam uma doutrina do Nirvana, paraenfrentar as condições conforme eles as vão encontrando, e dão encorajamentoao tímido e egoísta. Para mudar os seus pensamentos e afastá-los para longe deles e estimulá-los auma compaixão mais profunda e a um zelo mais sério pelos outros, dão-lhes agarantia quanto ao futuro pelo poder do apoio dos Buddhas da Transformação,mas não pelo Dharmata Buda. O Dharma, que estabelece a Verdade da Sabedoria Nobre, pertence ao reino doDharmata Buda. Aos Bodhisattvas das sétimas e oitavas etapas, a Inteligência Transcendental érevelada pelo Dharmata Buda e o Caminho que eles devem seguir é-lhesindicado. Na auto realização perfeita da Sabedoria Nobre que segue a inconcebível transformação da morte, do poder individualizado do Bodhisattva, ele não maisvive para ele mesmo, mas a vida que ele vive depois disso é a vidauniversalizada dos Tathágatas como manifestado nas suas transformações.Nesta auto realização perfeita da Sabedoria Nobre, o Bodhisattva compreendeque para os Buddhas não há nenhum Nirvana. A morte do Buda, o grande Parinirvana, não é nem destruição nem morte,senão haveria o nascimento e a continuação. Se fosse destruição, ela seria umefeito produzindo uma acção, o que não é. Nem é um desaparecimento nem umabandono, nem é uma realização, nem é uma não realização; nem é de umsignificado nem de nenhum significado, porque não há Nirvana para osBuddhas. O Nirvana dos Tathágatas é onde é reconhecido que há apenas o que é vistopela própria mente; é onde, reconhecendo a natureza da mente em si mesma, cada um não maisestima os dualismos da discriminação; é onde não há mais desejo nem avidez; é onde não há mais apego a coisas externas. O Nirvana é onde a mente do pensamento com todas as suas discriminações,apegos, aversões e egoísmo são para sempre removidas;

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é onde as medidas lógicas, que vistas como inertes, não mais sãoassenhoreadas; é onde, até a noção da verdade é tratada com a indiferença por causa daconfusão que causa; é onde, livrar-se das quatro proposições, há discernimento na residência daRealidade. O Nirvana é onde as paixões duplas declinam e os empecilhos duplos são limpose o não eu é pacientemente aceite; é onde, pela obtenção da "inversão" no lugar mais profundo da consciência, aauto realização da Sabedoria Nobre é totalmente estabelecida, que é o Nirvanados Tathágatas. O Nirvana é onde as etapas do Bodhisattva passam uma após outra; é onde o poder do apoio dos Buddhas sustenta os Bodhisattvas na felicidadedos Samádhis; é onde a compaixão pelos outros transcende todos os pensamentos do eu; é onde a etapa Tathágata é finalmente realizada. O Nirvana é o reino do Dharmata Buda; é onde a manifestação da Sabedoria Nobre que é o estado Búdico se exprimeno Amor Perfeito por todos; é onde a manifestação do Amor Perfeito que é o estado Tathágata se exprimena Sabedoria Nobre da iluminação de todos - lá, é de fato, o Nirvana! Há duas classes daqueles que não podem entrar no Nirvana dos Tathágatas: háaqueles que abandonaram os ideais do Bodhisattva, dizendo que eles não sãoconforme os sutras, os códigos de moralidade, nem com a emancipação. Então há verdadeiros Bodhisattvas que, por causa dos seus votos originais,feitos por causa de todos os seres, dizem, "Enquanto que eles não alcançarem oNirvana, eu não o alcançarei para mim," e voluntariamente mantêm-se fora doNirvana. Mas nenhum ser será deixado de fora por vontade dos Tathágatas; umdia todos e cada um estarão sob o efeito da sabedoria e do amor dosTathágatas da Transformação para armazenar um capital de mérito e progredirnas etapas. Mas, se eles só entenderem isto, eles já estão no Nirvana dos Tathágatas,porque na Sabedoria Nobre, todas as coisas estão no Nirvana desde o principio."

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Fim