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Dez anos após a morte de sua avó, Rafaela retorna à Fazenda Santa Luíza, para recuperar-se da traição de seu noivo, em busca da proteção que somente Gustavo, seu primo e melhor amigo, poderia lhe dar. Porém, a jovem musicista não esperava sentir o coração acelerar pelo seu amigo de infância Júlio, que atualmente trabalha como peão na fazenda. A descoberta desse novo sentimento, e o casamento arranjado ao qual Gustavo está sendo obrigado, despertarão fortes sentimentos nos três, colocando à prova sua amizade.

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O jogo do DestinoCada fase da vida faz parte do jogo!

1ª volume da trilogia “Destino”

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Suellen Mendes

São Paulo – 2015

O jogo do DestinoCada fase da vida faz parte do jogo!

1ª volume da trilogia “Destino”

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Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda.

Capa Rômulo Alves

Diagramação Camila C. Morais

Revisão Patrícia de Almeida Murari

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________

M492j

Mendes, Suellen O jogo do destino : cada fase da vida faz parte do jogo! / Suellen Mendes. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015. (Destino ; 1) ISBN 978-85-437-0471-5

1. Romance brasileiro. I. Título.

15-25224 CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3

________________________________________________________________03/08/2015 03/08/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.

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Aproveitaroportunidades

Parte 1

“... O que você diz sobre aproveitar oportunidades?O que você diz sobre saltar para fora dos limites?Nunca sabendo se existe um chão sólido abaixoOu uma mão para segurar, Ou um inferno para enfrentarO que você diz?O que você disse?...”(Taking Chances — Celine Dion- tradução)

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Capítulo 1Fevereiro de 2015

Júlio

O meu destino é ser destaque nas competições de rodeio. Venho me preparando para isso há anos e final-mente poderei participar do Rodeio Municipal que acon-tecerá em maio. Serei o peão representante da Fazenda Santa Luíza e disputarei a prova Cutiano; mas, para ven-cê-la, preciso me manter sobre o cavalo por mais de oito segundos, o que, acredito, não será muito difícil; pois, devido ao treinamento de força física e resistência, tenho conseguido manter um bom tempo.

Sempre sonhei em ter sucesso na competição regional e, posteriormente, participar do Rodeio de Barretos, afinal, é nele que os melhores peões se encontram e mostram o

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seu talento. Muitos participantes acabam sendo convida-dos para representar o Brasil em torneios internacionais. Quem sabe isso também não é parte do meu destino?

***

Após treinar com o Mestiço — cavalo premiado da fazenda — decidi verificar com o meu pai, que é o prin-cipal encarregado daqui, se ele precisava de alguma ajuda para a festa de hoje à noite. O Sr. Roberto, meu patrão, organizou uma bela recepção para a irmã, o cunhado, e a filha do casal. Após dez anos, esta será a primeira visita da família Muniz à fazenda. A última vez em que estive-ram aqui foi durante o enterro da patroa, D. Luíza, mãe de Roberto e Beatriz. Aquela senhora era uma verdadeira santa, extremamente boa e generosa. A fazenda foi nome-ada em homenagem a ela, uma vez que todos diziam que somente uma santa como a Luíza poderia ter aguentado o temperamento difícil do patriarca da família, Sr. Ricardo.

Passaram-se anos desde a última vez em que vi Rafaela, a sobrinha do patrão, mas apesar de todo esse tempo nunca a esqueci, nós costumávamos brincar quando éramos crianças e sempre a achei encantadora. (Será que continua tão linda?) Nunca deixei de pensar naqueles belos olhos cor de mel, eles me hipnotizaram desde aquela época. Infelizmente, na última vez em que os vi, eles só refletiam a tristeza pela perda da avó.

Enquanto ficava preso em meus pensamentos, per-cebi que um carro aproximava-se da casa principal. Era ali que meu pai estava, e já me dirigia àquele local, por isso continuei meu caminho.

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— Bom dia, senhor! — cumprimentei meu patrão. — Pai, precisa de ajuda? — perguntei.

Neste momento o carro estacionou e os passageiros começaram a descer.

Nossa! A Rafaela estava ainda mais bonita do que me lembrava. No entanto, não muito diferente da última vez, seus olhos não transmitiam alegria, apesar disso, seus lábios formavam um doce sorriso ao ver seu padrinho.

Os anos a favoreceram! É realmente possível alguém ser tão encantadora? Os cabelos em ondas, desciam até a linha da cintura, com uma coloração que me fazia lem-brar do morro recebendo os primeiros feixes de luz da manhã, eles contrastavam com o vestido branco, que mais parecia com um dia de primavera devido às flores que o estampavam.

— Sim, meu filho! — Respondeu meu pai, tirando-me daquele meu súbito estado de alucinação. — Já que você está aqui, ajude a descarregar as malas — continuou.

— Claro, meu pai.— Beatriz, que saudades! — Sr. Roberto falou en-

quanto abraçava a irmã.— Beto, nem me fale. Faz tanto tempo, irmão! En-

tretanto, ainda não estava pronta para retornar, meu que-rido, as lembranças eram muito fortes — respondeu a senhora com um ar triste em seu rosto.

— E você compadre? Como tem passado? — inda-gou o esposo de D. Beatriz ao segurar a mão do patrão.

— Muito bem, José— disse-lhe em resposta. — E estou muito feliz por tê-los aqui! — em seguida, voltan-do-se à sobrinha continuou: — E você, minha afilhada,

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venha me dar um abraço! — disse Sr. Roberto, dirigindo-se à Rafaela. — Bem que o Gustavo falou que você estava uma mulher muito bonita!

(Certamente, eu não discordo!)— Padrinho! Que saudades! Onde estão a tia Maria e o

meu primo? — perguntou, dando-lhe um “abraço de urso”.— Seu primo ainda não chegou da cidade e sua tia

deve estar na cozinha preparando o almoço. Mas, ve-nham, vamos entrar! Júlio, Zé! Por favor, ajudem-nos com as malas.

— Sim, patrão — respondemos simultaneamente. Foi então que eu a vi olhando para mim.

Em resposta ao olhar de Rafaela, cumprimentei-a com um gesto de cabeça e ela, extremamente tímida, des-viou seus olhos dos meus, mas pude ver que sorria ao retri-buir minha saudação com um gesto semelhante ao que fiz.

Rafaela

Após tanto tempo, não acredito que estou de volta a este lugar. Sempre gostei daqui! Tem cheiro de infância. A casa principal onde antes moravam meus avós maternos, e que hoje abriga meus padrinhos e meu primo, man-tém as mesmas cores daquela época, as paredes com um tom de azul bem claro, cujas portas e janelas em arco são de uma brancura perfeita, parecem ter sido recém-pinta-das; a sala, igualmente ao restante da casa, mantém uma decoração clássica e rústica ao mesmo tempo, os sofás brancos com almofadas em estampas coloridas e florais, juntamente com a lareira em tijolos aparentes, o piano

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que vovó costumava tocar logo à frente da janela à es-querda, e a cadeira de balanço, na qual ela se sentava para nos contar histórias, davam uma sensação aconchegante e familiar ao local.

Lembro-me de que quando brincava com Gustavo, meu primo, e Júlio, filho de um dos funcionários, sempre fazíamos competições para ver quem pulava mais longe no lago, ou quem chegava primeiro até o estábulo, normalmen-te eu perdia; naquela época éramos inocentes, não tínhamos medo de nada, e acreditávamos ser inatingíveis. Pena todas as crianças crescerem e nossas perspectivas mudarem!

Minha avó era a pessoa mais doce que já conheci, real-mente uma santa! Ela vivia pronta para nos contar uma his-torinha, sentava-se conosco em volta da lareira e falava sobre como o amor é uma coisa boa, que ele pode curar e mudar qualquer coisa. Vovó pensava dessa forma porque conseguiu “dobrar” o meu avô Ricardo amando-o incondicionalmente.

Não me lembro muito bem do vovô, pois quando ele morreu eu tinha apenas cinco anos, mas sempre ouvi meus pais falarem sobre o seu “mau gênio”. Papai conta que precisou se esforçar para lhe provar que realmente era digno de minha mãe, porque naquela época,era apenas mais um dos muitos funcionários da fazenda do vô Ri-cardo e, obviamente, este não queria ver sua princesinha casada com um de seus peões. Por isso, meu pai se dedi-cou, entrou em uma universidade, cursou administração, e hoje possui uma das mais importantes empresas de te-cidos na capital, a escolha deste ramo foi motivada pelo sonho de minha mãe — ter uma confecção. Após muitos anos de batalha, os dois conquistaram seus objetivos. A

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história de vida deles prova o quanto são guerreiros, afi-nal, sempre lutaram ao lado um do outro e nunca desis-tiram do sentimento que nutriam.

Mamãe costuma dizer que no dia que eu encontrar meu verdadeiro amor saberei, porque este é um senti-mento único, contudo, é preciso ter cuidado durante o trajeto para chegar até ele. Infelizmente não fui muito atenciosa e esqueci-me de seu conselho.

Há pouco tempo acreditei ter encontrado o homem de minha vida, porém, descobri, da pior forma possível, que o sentimento não era recíproco. Danilo, meu ex-noi-vo, gostava de propagar o seu amor por mim para qual-quer um que quisesse ouvir. Ele me pediu precocemente em casamento e eu, muito apaixonada, aceitei; no en-tanto, faltando apenas quatro meses para o tão esperado dia, descobri que eu não era a única mulher em sua vida. Contudo, o mais doloroso foi descobrir que ele só estava comigo por interesse financeiro na empresa do meu pai.

Viemos à fazenda para que eu possa superar e come-çar um novo capítulo em minha vida. Mas, honestamen-te, estou perdida! Nunca entendi como alguém que se doa tanto a outra pessoa consegue superar os sentimentos de frustração e impotência decorrentes de uma traição. No entanto, há uma certeza que pulsa em minha mente e coração: eu não poderia está em lugar melhor do que este! Estarei cercada de pessoas que me amam verdadei-ramente. Além disso, Gustavo, meu melhor amigo, meu esteio para todas as horas, está aqui, e poder estar em sua companhia é justamente de que eu preciso. Com o amor dos meus familiares poderei recomeçar a viver!

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Capítulo 2

Rafaela

— Prima! Finalmente vocês chegaram! — Gustavo entrou fazendo festa pela cozinha e caminhando em mi-nha direção enquanto estávamos sentados conversando. Levantei-me da cadeira e o abracei.

— Gus, que saudades! Já faz muito tempo que você não vai me visitar — disse enquanto lhe envolvia com meus braços, apesar de não ter voltado à fazenda após a morte da vovó, minha relação com Gustavo é maravilho-sa, na verdade, é única!

O Gustavo morou um tempo conosco, no período em que cursou Medicina Veterinária na Universidade Es-tadual, depois, voltou para a casa dos pais. Na última vez em que nos visitou, apresentei-o ao Danilo, e ele foi

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taxativo ao dizer que eu deveria ter cuidado; inclusive, era completamente contra o meu noivado, Gus vivia di-zendo-me que o meu ex não lhe transmitia confiança, na época, não lhe dei crédito, pensei que fosse mais uma de suas muitas crises de ciúmes, hoje me arrependo, deveria ter lhe escutado!

— Oi, tia! Tudo bem, tio? — falou cumprimentan-do meus pais.

— Tudo, e com você? — Papai lhe perguntou.— Tudo certo, tio, e agora que vocês estão por aqui

ficará ainda melhor — respondeu-lhe enquanto me abra-çava por trás.

Depois, Gustavo beijou minha madrinha no rosto e, em seguida, tirou-me dali.

— Vem, Rafa, vamos dar um passeio!

****

Chegamos aos estábulos, e selamos dois cavalos, fa-zia muito tempo desde a última vez em que cavalguei. Era muito bom, eu adorava a sensação de liberdade que me proporcionava. O vento soprando e bagunçando meu cabelo, fazia-me rir igual a uma criança. Apostamos quem seria o primeiro a terminar o trajeto até o lago e, contra-riando a qualquer estatística, eu ganhei, tenho certeza de que o Gus deixou que o ultrapassasse. Depois me ajudou a descer do cavalo e lançou um novo desafio:

— Vamos ver quem pula mais longe?Sorri dominada pela felicidade que meu primo esta-

va me proporcionando.

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— Claro!Em uníssono contamos: — Um, dois, três e já! —

corremos, tomando distância, e pulamos na água com-pletamente vestidos.

— Agora quem ganhou fui eu, criança! Voltei a rir, era tão bom ficar assim, parecia que ha-

víamos voltado à infância! Após esse momento de per-feita descontração, sentamos à beira do lago e Gustavo começou sua bem sucedida tentativa para me fazer falar.

— Anda, Rafa, quero saber o que aconteceu, e não adianta dizer que não foi nada, conheço você muito bem. Além do mais, só uma coisa muito séria faria a tia Beatriz voltar aqui após a morte da vovó. Sua mãe sempre disse que não seria capaz de ficar na fazenda com tantas lembranças.

— Você é incrível! — exclamei, desapontada por ser tão transparente para o Gustavo, eu não conseguia escon-der nada dele.

— Tá certo! Vou te contar... — suspirei e olhei para a saia do meu vestido molhado, segurando-a e fazendo vários nós no tecido. — Acho que você já pode dizer: “eu te avisei!”.

Ele segurou minhas mãos, parando aquele gesto que me era tão característico durante meus momentos de ansiedade.

— Sinceramente, princesa, preferia não ter acerta-do! — disse ao me abraçar e beijar minha cabeça.

— Aquele modeloide é um idiota! Agora fala, linda, o que ele aprontou?

— Bem — comecei a lhe contar, encarando o lago — era nosso aniversário de oito meses; faltavam apenas quatro para o casamento, como você sabe íamos casar