o imortal - o consolador · te, o “reflexão espírita”. a empresa que arrendou a rede cnt...

15
O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 54 Nº 635 Janeiro de 2007 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec Uma conversa franca com a nova presidente da 5 a URE Publicamos nas páginas centrais deste nú- mero a primeira entrevista concedida a este jornal pela simpática confreira Claudia Ce- cilia Camacho Rojas ( foto), atual presidente da 5 a URE – União Regional Espírita, sediada na cidade de Londrina com abrangência sobre algumas dezenas de loca- lidades paranaenses. Natural de Cochabamba, Bolívia, Clau- dia mudou-se para o Brasil em 1975, resi- dindo inicialmente no interior do Paraná e posteriormente em Curitiba, onde viveu de 1983 a 2003 e fez todos os estudos que cul- minaram com sua graduação no curso de Direito. Em 2003, por razões de ordem pro- fissional, passou a residir em Londrina, vin- culando-se desde então às atividades do Cen- tro Espírita Nosso Lar. Em Curitiba participou de inúmeras ativida- des no campo da assistência social espírita (Clube de Mães), da evangelização da infância e da ju- ventude e junto a grupo de palestras públicas no Centro Espírita Ildefonso Correia, tradicional Casa Espírita localizada na capital do Estado. Por essa ocasião, atuou em diversas ativi- dades promovidas pela Federação Espírita do Paraná, tanto em eventos de cunho regional como inter-regional. É, portanto, trabalhadora de bom trânsito junto aos confrades que diri- gem as atividades espíritas em nosso Estado. Membro do Conselho de Administração da Sociedade Espírita de Promoção Social - SEPS, entidade mantenedora do “Lar das Vovozinhas Gilda Marconi” e do “Albergue Raul Faria Car- neiro - Lar dos Vovôs”, foi eleita em outubro último como presidente da União Regional Es- pírita 5ª. Região, por indicação do anterior titu- lar, nosso confrade José Miguel Silveira. Claudia assumiu a 5 a URE em um momen- to difícil, quando tantos problemas têm ocorri- do em nossa região, motivados sobretudo pela sucessão de livros supostamente de origem me- diúnica que vêm semeando informações duvi- dosas cujo mérito é sobretudo a confusão e a desunião entre os confrades. Foi certamente por isso que Claudia afirmou em sua entrevista: “É preciso maior união en- tre os espíritas”, frase que dá título à interes- sante conversa que constitui o principal desta- que desta edição. Págs. 8 e 9 A Revue Spirite há 140 anos ................ 15 Clássicos do Espiritismo ....................... 5 Crônicas de Além-Mar ........................ 12 De coração para coração ........................ 4 Divaldo responde .................................. 5 Editorial ................................................ 2 Emmanuel ............................................ 2 Espiritismo para as crianças ................... 6 Estudando as obras de André Luiz ....... 14 Gilberto Simioni ................................. 14 Grandes vultos do Espiritismo ............... 7 Joanna de Ângelis ................................. 2 Jorge Hessen ......................................... 3 José Viana Gonçalves .......................... 12 Momentos com Divaldo Franco .......... 13 Newton Gonçalves de Barros .............. 10 Palestras, seminários e outros eventos .. 11 Rogério Coelho ................................... 13 Ainda nesta edição “Reflexão Espírita” fora do ar A partir deste mês, a TV Tropical, emissora associada à Rede CNT de Tele- visão, deixará de produzir programas lo- cais, como os programas de Oswaldo Militão, Mafalda Lopes e, evidentemen- te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans- mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro- gramação diária, de forma que nenhum programa será gerado a partir de Londri- na, ficando assim rompidos todos os con- tratos com pessoas e grupos, sem que vi- esse dos responsáveis nenhuma informa- ção ou justificativa. Segundo o confrade Luis Claudio Galhardi, apresentador do “Reflexão Espírita”, nada está definido a respeito do futuro do programa. Pág. 11 A Terra e seus percalços no caminho da evolução “São chegados os tempos? Para os que em nada crêem, essas palavras não têm qual- quer legitimidade e não lhes toca a consci- ência. Para a maioria dos crentes, elas apre- sentam qualquer coisa de místico e de so- brenatural, prenunciadoras da subversão das leis da Natureza. Para Kardec, as duas posi- ções são errôneas: a primeira, porque en- volve uma negação da Providência; a se- gunda, porque tais palavras não anunciam a perturbação das leis da Natureza, mas o cumprimento dessas leis’.” Com estas palavras, o confrade Jor- ge Hessen, de Brasília-DF, inicia seu ar- tigo que nos apresenta uma lúcida análi- se do processo evolutivo por que passa o planeta Terra. Eis alguns tópicos do artigo em foco: “A evolução dos mundos habitados ocorre no mesmo ritmo da dos seres que habitam em cada um deles. Os mundos habitados, segundo o Espiritismo, podem ser classificados como: Mundos primiti- vos, destinados às primeiras encarnações do Espírito; Mundos de expiação e pro- vas, onde domina o mal entre os Espíri- tos; Mundos de regeneração, nos quais os Espíritos ainda têm o que expiar; Mun- dos ditosos, onde o bem sobrepuja o mal e os Mundos celestes ou divinos, onde exclusivamente reina o bem. “Na condição de expiação e provas, a Terra viveu ‘Época de lutas amargas, desde os primeiros anos deste século, a guerra se aninhou com caráter perma- nente em quase todas as regiões do pla- neta. A Liga das Nações, o Tratado de Versalhes, bem como todos os pactos de segurança da paz, não têm sido senão fenômenos da própria guerra, que so- mente terminarão com o apogeu dessas lutas fratricidas, no processo de seleção final das expressões espirituais da vida terrestre.’ “O Século XX, recentemente findo, foi, sem dúvida, o século mais sangren- to de todos. Após a Segunda Guerra Mun- dial, já tivemos 160 conflitos bélicos e 40 milhões de mortos. Se contabilizar- mos desde 1914, estes números sobem para 401 guerras e 187 milhões de mor- tos, aproximadamente. “Apesar de terroristas agirem em toda parte, tropas se confrontarem em muitas regiões, a economia se descontrolar, sis- temas e valores entrarem em colapso, ins- tituições tradicionais como a Igreja e a Família serem violentamente abaladas, teóricos pregarem o fim da História, não faltam as vozes otimistas que apregoam um porvir renovado sob a luz de uma nova era.” Pág. 3 A arte espírita tem compromisso com a filosofia espírita O movimento espírita precisa deixar de en- sinar Espiritismo exclusivamente para os es- píritas e levar a mensagem, de modo atraente, cativante e educativo, aos corações e mentes que ainda não o conhecem. A arte espírita é um instrumento ideal para a concretização de tal idéia. Esta é a proposta do confrade Marcelo Hen- rique, sócio-fundador do Núcleo Espírita de Artes, de Florianópolis, escritor e poeta espíri- ta, ex-líder e vocalista da banda espírita JETESUS BAND, além de roteirista e diretor de peças teatrais espíritas. Em artigo transcrito na última página deste número, Marcelo defende a idéia de que a arte espírita tem de estar afinada com a doutrina es- pírita. “Para se configurar como meio de ex- pressão artística da filosofia (e ciência) espírita – afirma o articulista -, tanto o método quanto a essência devem ser compatíveis totalmente com os preceitos espiritistas.” “Senão, será tudo, menos Arte Espírita!” Pág. 16

Upload: others

Post on 02-Feb-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O IMORTAL - O CONSOLADOR · te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 54 Nº 635 Janeiro de 2007 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

Uma conversa franca com anova presidente da 5a URE

Publicamos nas páginas centrais deste nú-mero a primeira entrevista concedida a estejornal pela simpática confreira Claudia Ce-cilia Camacho Rojas (foto), atual presidenteda 5a URE – União Regional Espírita,sediada na cidade de Londrina comabrangência sobre algumas dezenas de loca-lidades paranaenses.

Natural de Cochabamba, Bolívia, Clau-dia mudou-se para o Brasil em 1975, resi-dindo inicialmente no interior do Paraná eposteriormente em Curitiba, onde viveu de1983 a 2003 e fez todos os estudos que cul-minaram com sua graduação no curso deDireito. Em 2003, por razões de ordem pro-fissional, passou a residir em Londrina, vin-culando-se desde então às atividades do Cen-tro Espírita Nosso Lar.

Em Curitiba participou de inúmeras ativida-des no campo da assistência social espírita (Clubede Mães), da evangelização da infância e da ju-ventude e junto a grupo de palestras públicas noCentro Espírita Ildefonso Correia, tradicional CasaEspírita localizada na capital do Estado.

Por essa ocasião, atuou em diversas ativi-dades promovidas pela Federação Espírita doParaná, tanto em eventos de cunho regionalcomo inter-regional. É, portanto, trabalhadorade bom trânsito junto aos confrades que diri-gem as atividades espíritas em nosso Estado.

Membro do Conselho de Administração da

Sociedade Espírita de Promoção Social - SEPS,entidade mantenedora do “Lar das VovozinhasGilda Marconi” e do “Albergue Raul Faria Car-neiro - Lar dos Vovôs”, foi eleita em outubroúltimo como presidente da União Regional Es-pírita 5ª. Região, por indicação do anterior titu-lar, nosso confrade José Miguel Silveira.

Claudia assumiu a 5a URE em um momen-to difícil, quando tantos problemas têm ocorri-do em nossa região, motivados sobretudo pelasucessão de livros supostamente de origem me-diúnica que vêm semeando informações duvi-dosas cujo mérito é sobretudo a confusão e adesunião entre os confrades.

Foi certamente por isso que Claudia afirmouem sua entrevista: “É preciso maior união en-tre os espíritas”, frase que dá título à interes-sante conversa que constitui o principal desta-que desta edição. Págs. 8 e 9

A Revue Spirite há 140 anos ................ 15Clássicos do Espiritismo ....................... 5Crônicas de Além-Mar ........................ 12De coração para coração ........................ 4Divaldo responde .................................. 5Editorial ................................................ 2Emmanuel ............................................ 2Espiritismo para as crianças ................... 6Estudando as obras de André Luiz ....... 14Gilberto Simioni ................................. 14Grandes vultos do Espiritismo ............... 7Joanna de Ângelis ................................. 2Jorge Hessen ......................................... 3José Viana Gonçalves .......................... 12Momentos com Divaldo Franco .......... 13Newton Gonçalves de Barros .............. 10Palestras, seminários e outros eventos .. 11Rogério Coelho ................................... 13

Ainda nesta edição“Reflexão Espírita”fora do ar

A partir deste mês, a TV Tropical,emissora associada à Rede CNT de Tele-visão, deixará de produzir programas lo-cais, como os programas de OswaldoMilitão, Mafalda Lopes e, evidentemen-te, o “Reflexão Espírita”. A empresa quearrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de forma que nenhumprograma será gerado a partir de Londri-na, ficando assim rompidos todos os con-tratos com pessoas e grupos, sem que vi-esse dos responsáveis nenhuma informa-ção ou justificativa. Segundo o confradeLuis Claudio Galhardi, apresentador do“Reflexão Espírita”, nada está definido arespeito do futuro do programa. Pág. 11

A Terra e seus percalçosno caminho da evolução

“São chegados os tempos? Para os queem nada crêem, essas palavras não têm qual-quer legitimidade e não lhes toca a consci-ência. Para a maioria dos crentes, elas apre-sentam qualquer coisa de místico e de so-brenatural, prenunciadoras da subversão dasleis da Natureza. Para Kardec, as duas posi-ções são errôneas: ‘a primeira, porque en-volve uma negação da Providência; a se-gunda, porque tais palavras não anunciama perturbação das leis da Natureza, mas ocumprimento dessas leis’.”

Com estas palavras, o confrade Jor-ge Hessen, de Brasília-DF, inicia seu ar-tigo que nos apresenta uma lúcida análi-se do processo evolutivo por que passa oplaneta Terra.

Eis alguns tópicos do artigo em foco:“A evolução dos mundos habitados

ocorre no mesmo ritmo da dos seres quehabitam em cada um deles. Os mundoshabitados, segundo o Espiritismo, podemser classificados como: Mundos primiti-vos, destinados às primeiras encarnaçõesdo Espírito; Mundos de expiação e pro-vas, onde domina o mal entre os Espíri-tos; Mundos de regeneração, nos quaisos Espíritos ainda têm o que expiar; Mun-dos ditosos, onde o bem sobrepuja o male os Mundos celestes ou divinos, ondeexclusivamente reina o bem.

“Na condição de expiação e provas,a Terra viveu ‘Época de lutas amargas,desde os primeiros anos deste século, aguerra se aninhou com caráter perma-nente em quase todas as regiões do pla-neta. A Liga das Nações, o Tratado deVersalhes, bem como todos os pactos desegurança da paz, não têm sido senãofenômenos da própria guerra, que so-mente terminarão com o apogeu dessaslutas fratricidas, no processo de seleçãofinal das expressões espirituais da vidaterrestre.’

“O Século XX, recentemente findo,foi, sem dúvida, o século mais sangren-to de todos. Após a Segunda Guerra Mun-dial, já tivemos 160 conflitos bélicos e40 milhões de mortos. Se contabilizar-mos desde 1914, estes números sobempara 401 guerras e 187 milhões de mor-tos, aproximadamente.

“Apesar de terroristas agirem em todaparte, tropas se confrontarem em muitasregiões, a economia se descontrolar, sis-temas e valores entrarem em colapso, ins-tituições tradicionais como a Igreja e aFamília serem violentamente abaladas,teóricos pregarem o fim da História, nãofaltam as vozes otimistas que apregoamum porvir renovado sob a luz de umanova era.” Pág. 3

A arte espírita tem compromissocom a filosofia espírita

O movimento espírita precisa deixar de en-sinar Espiritismo exclusivamente para os es-píritas e levar a mensagem, de modo atraente,cativante e educativo, aos corações e mentesque ainda não o conhecem. A arte espírita éum instrumento ideal para a concretização detal idéia.

Esta é a proposta do confrade Marcelo Hen-rique, sócio-fundador do Núcleo Espírita deArtes, de Florianópolis, escritor e poeta espíri-ta, ex-líder e vocalista da banda espírita

JETESUS BAND, além de roteirista e diretorde peças teatrais espíritas.

Em artigo transcrito na última página destenúmero, Marcelo defende a idéia de que a arteespírita tem de estar afinada com a doutrina es-pírita. “Para se configurar como meio de ex-pressão artística da filosofia (e ciência) espírita– afirma o articulista -, tanto o método quanto aessência devem ser compatíveis totalmente comos preceitos espiritistas.” “Senão, será tudo,menos Arte Espírita!” Pág. 16

Page 2: O IMORTAL - O CONSOLADOR · te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de

O IMORTALPÁGINA 2 JANEIRO/2007

EditorialEMMANUEL

Existem pessoas que, apesar deprofitentes de outras crenças, apre-ciam as palestras espíritas e chegammesmo a freqüentar com certa regu-laridade os Centros Espíritas. E oinverso também se dá, pois ninguémignora que alguns espiritistas costu-mam freqüentar terreiros deUmbanda. Dentre estes, há até osque entendem que certos atendimen-tos feitos no meio umbandista sãomais fortes e produzem resultadosmais rápidos do que nas Casas Es-píritas que adotam a codificaçãokardequiana, impropriamente desig-nadas centros kardecistas.

Como encarar tal fato?A Umbanda acredita em fatos e

leis que o Espiritismo também apre-goa: a comunicação entre nós e osmortos, a reencarnação, a lei de cau-sa e efeito, a crença em Deus, a imor-talidade da alma etc. Em alguns lu-gares, os terreiros de Umbanda uti-lizam até mesmo livros espíritas,como por exemplo em NevesPaulista (SP), onde há um centroumbandista dirigido por uma mé-dium extraordinária que, por sinal,integra há muitos o quadro de assi-nantes deste jornal.

Devemos ter pela Umbanda,como aliás por todas as religiões sé-rias, o mesmo respeito que espera-mos que todos tenham para com oEspiritismo. Precisamos, além dis-so, reconhecer que existem pessoasque não conseguiriam trabalhar nas

O medo desfigura e entorpecea realidade. Agiganta e avoluma in-significâncias, produzindo fantas-mas onde apenas suspeitas se apre-sentam. É responsável pela ansie-dade – medo de perder isto ou aqui-lo – sem dar-se conta que somentese perde o que se não tem, portan-to, o que não faz falta.

A ação consciente, prolongan-do-se pelo fio das horas, anula o

O exame do versículo forneceao estudioso explicações muitoclaras.

É natural confiar em Cristo eaguardar n´Ele, mas que dizer da an-gústia da alma atormentada no círcu-lo de cuidados terrestres, esperandoegoisticamente que Jesus lhe venhasatisfazer os caprichos imediatos?

Seria razoável contar com oSenhor tão só nas expressões pas-sageiras da vida fragmentária?

É indispensável descobrir agrandeza do conceito de “vida”,sem confundi-lo com “uma vida”.Existir não é viajar da zona de in-fância, com escalas pela juventu-de, madureza e velhice, até ao por-to da morte; é participar da Cria-ção pelo sentimento e pelo racio-cínio; é ser alguém e alguma coisano concerto do Universo.

Na condição de encarnados,raros assuntos confundem tantocomo os da morte, interpretada er-

Para fazer a Assinatura destejornal ou renová-la, basta enviar seupedido para a Caixa Postal 63 – CEP86180-970 – Cambé-PR, ou entãovaler-se do telefone número (0xx43)3254-3261. Se preferir, utilize a In-ternet. Nosso endereço eletrônico é:[email protected]

A Assinatura simples deste pe-riódico custa R$ 35,00 (trinta e cin-co reais) por ano, aí incluídas as des-pesas de correio.

A Assinatura múltipla custa R$35,00 (trinta e cinco reais) por mês,já incluídas aí as despesas de correio.Ao fazê-la, o assinante receberá to-dos os meses um pacote com 10exemplares, que poderão ser distri-buídos entre os seus amigos, famili-

A quem se destina o Espiritismo?fileiras espíritas mas se encaixariamperfeitamente na Umbanda e emsuas práticas.

Reportando-se a esse assunto,Chico Xavier dizia que, em relaçãoà escolha da religião, a pessoa deveficar onde se achar melhor, onde ti-ver mais amplas condições de aten-der àquilo que é o objetivo princi-pal da religião: aproximar a criaturade Deus. Uns encontram essa possi-bilidade nas igrejas evangélicas,outras no catolicismo, outras naUmbanda, o que depende de cadaum e nada tem que ver com a evolu-ção do indivíduo, mas tão-somentecom sua aptidão e seu compromissofirmado na vida espiritual no mo-mento em que é elaborada a chama-da programação reencarnatória.

No caso da mediunidade, é ób-vio que as pessoas que não conse-guem livrar-se do tabaco ou do álco-ol nenhum impedimento deverão en-contrar na Umbanda, o que no Espi-ritismo seria muito difícil, visto quenos terreiros umbandistas admitem-se tanto o fumo como o álcool nasmanifestações mediúnicas, o que nãoimplica dizer que os guias espiritu-ais que ali trabalham sejam mais atra-sados. São apenas indivíduos desen-carnados que, tendo muitas qualida-des, ainda se encontram apegados acertos vícios, fato que pode ocorrercom qualquer um.

A única coisa que é realmentepara nós espíritas inaceitável – e é

isso que distingue claramente o Es-piritismo da Umbanda – é a formacomo ali se encaram e se realizamos trabalhos de desobsessão.

Na Umbanda, tradicionalmenteprocura-se afastar o agente causadorda perturbação, o chamado obsessor,visando desse modo a proteger a pes-soa que lhe sofre o assédio. No Espi-ritismo, segundo a orientação ema-nada dos autores mais respeitados,procura-se atender ambos os litigan-tes, não só o que sofre a perturbaçãomas também aquele que a causa, por-que ambos, obsessor e obsidiado, sãoenfermos que necessitam de trata-mento e atenção, não cabendo nesseprocesso nem os exorcismos nem aexpulsão pelo medo.

Devemos, por fim, ter sempreem mente a célebre lição dada porKardec aos espíritas de Lyon eBordeaux (“Viagem Espírita em1862”, 2ª edição, Ed. O Clarim, págs.69 e 70):

“O Espiritismo está destinadoàqueles para os quais o alimento in-telectual, que lhes é dado, não bas-ta, e o número destas pessoas é tãogrande que o tempo não sobra paranos ocuparmos com as outras. (...)O Espiritismo não procura ninguém,não se impõe a ninguém, limita-se adizer: Aqui me tendes, eis o que sou,eis o que trago. Os que julgam ternecessidade de mim, se aproximem,os demais permaneçam onde se en-contram.”

Um minuto com Joanna de Ângelismedo, por não facultar a medida docomportamento nas memórias pes-soais ou sociais.

*Simão Pedro, por medo dos po-

derosos do seu tempo, negou oAmigo que o amava e a quem ama-va.

Judas, por medo que Ele não le-vasse a cabo os compromissos as-sumidos, vendeu o Benfeitor.

Esperar em Cristo

roneamente como sendo o fim da-quilo que não pode desaparecer.

É imprescindível, portanto, es-perar em Cristo com a noção realda eternidade. A filosofia doimediatismo, na Terra, transformaos homens em crianças.

Não vos prendais à idade docorpo físico, às circunstâncias econdições transitórias. Indagai daprópria consciência se permaneceiscom Jesus. E aguardai o futuro,amando e realizando com o bem,convicto de que a esperança legí-tima não é repouso e, sim, confi-ança no trabalho incessante.

“Se esperamos em Cristo só nesta vida,somos os mais miseráveis de todosos homens.” – I Coríntios, 15:19.

Assine o jornal “O Imortal”e ajude, desse modo,

a divulgar o Espiritismoares ou integrantes do Grupo Espí-rita de que faça parte.

A Assinatura múltipla é a formaideal para os Grupos e Centros Espí-ritas interessados na melhor divulga-ção do Espiritismo, dado o carátermultiplicador desse investimento.

Não é preciso efetuar o paga-mento agora. Você receberá pelocorreio o boleto bancário correspon-dente, que poderá ser quitado emqualquer agência bancária.

Lembre que, segundo Emmanu-el, a maior caridade que podemosfazer à Doutrina Espírita é a sua di-vulgação. Ajude-nos, pois, a divul-gá-la, colaborando com os jornais,os programas de rádio e TV e os li-vros espíritas.

Assinale a opção de sua preferência:( ) Assinatura simples ( ) Assinatura múltipla

Nome completo .............................................................................................................

Endereço ........................................................................................................................

Bairro .............................................................................................................................

Município..............................................Estado....................CEP ...............................

Telefone ............................. Número do fax .................................................................

Se estiver conectado à Internet, o seu e-mail ...............................................................

JOANNA DE ÂNGELIS, men-tora espiritual de Divaldo P. Franco,é autora, entre outros livros, de Mo-mentos de Felicidade (Livraria Es-pírita Alvorada Editora, 1990), doqual foi extraído o texto acima.

EMMANUEL, que foi o men-tor espiritual de Francisco Cândi-do Xavier e coordenador da obramediúnica do saudoso médiummineiro, é autor, entre outros li-vros, de “Caminho, Verdade eVida” (FEB, 1948), de onde foiextraído o texto acima.

Os beneficiários das mãos mi-sericordiosas de Jesus, por medo,se omitiram, quando Ele foi leva-do ao sublime holocausto.

Pilatos, por medo, indeciso epusilânime, lavou as mãos quantoà vida do Justo.

... E Anás, Caifás, a turbamulta,com medo do Homem Livre, resol-veram crucificá-lo, através do he-diondo e covarde conciliábulo daprópria miséria moral, que os ca-racterizava.

Ele, porém, não teve medo.Pensa e busca-o, libertando-te

do medo e seguindo-o, em consci-ência tranqüila, mediante cujo com-portamento te sentirás pleno, emharmonia.

Page 3: O IMORTAL - O CONSOLADOR · te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de

O IMORTALJANEIRO/2007 PÁGINA 3

São chegados os tempos?

São chegados os tempos? Para osque em nada crêem, essas palavrasnão têm qualquer legitimidade e nãolhes toca a consciência. Para a maio-ria dos crentes, elas apresentam qual-quer coisa de místico e de sobrena-tural, prenunciadoras da subversãodas leis da Natureza. Para Kardec, asduas posições são errôneas: “a pri-meira, porque envolve uma negaçãoda Providência; a segunda, porquetais palavras não anunciam a pertur-bação das leis da Natureza, mas ocumprimento dessas leis.”(1)

Inteligentemente consignado nojornal “O Imortal” por AstolfoOlegário: “O futuro a Deus pertencee nem mesmo Jesus se atreveu aprecisá-lo. (...) “O advento do mun-do de regeneração não se dá nem secompleta em pouco tempo. Que atransição de planeta de provas e ex-piações para regeneração já come-çou, não padece dúvida. Na RevistaEspírita há inúmeras informaçõesque o atestam. O equívoco é datar, éprecisar, é fixar uma época em quetal processo estará concluído.” (2)

A rigor, todas as leis da Naturezasão obras eternas do Criador, não deuma vontade acidental e caprichosa,mas de uma vontade imutável.“Quando a Humanidade está madu-ra para subir um degrau, pode di-zer-se que são chegados os temposmarcados por Deus.”(3) A TerceiraRevelação não inventa a renovaçãosocial; “a madureza da Humanida-de é que fará dessa renovação umanecessidade. Pelo seu poder morali-zador, por suas tendências progres-sistas, pela amplitude de suas vistas,pela generalidade das questões queabrange, o Espiritismo é mais aptodo que qualquer outra doutrina, a se-cundar o movimento de regenera-ção; por isso, é ele contemporâneodesse movimento.”(4)

A evolução dos mundos habitadosocorre no mesmo ritmo da dos seresque habitam em cada um deles. Osmundos habitados, segundo o Espiri-tismo, podem ser classificados como:Mundos primitivos, destinados às pri-meiras encarnações do Espírito; Mun-dos de expiação e provas, onde domi-na o mal entre os Espíritos; Mundosde regeneração, nos quais os Espíri-tos ainda têm o que expiar; Mundosditosos, onde o bem sobrepuja o male os Mundos celestes ou divinos, ondeexclusivamente reina o bem.

Na condição de expiação e pro-vas, a Terra viveu “Época de lutasamargas, desde os primeiros anosdeste século,(1 ) a guerra se aninhou

JORGE [email protected]

De Brasília

com caráter permanente em quase to-das as regiões do planeta. A Liga dasNações, o Tratado de Versalhes, bemcomo todos os pactos de segurança dapaz, não têm sido senão fenômenos daprópria guerra, que somente termina-rão com o apogeu dessas lutasfratricidas, no processo de seleção fi-nal das expressões espirituais da vidaterrestre.”(5) O Século XX, recente-mente findo, foi, sem dúvida, o séculomais sangrento de todos. Após a Segun-da Guerra Mundial, já tivemos 160 con-flitos bélicos e 40 milhões de mortos.Se contabilizarmos desde 1914, estesnúmeros sobem para 401 guerras e 187milhões de mortos, aproximadamente.

Apesar de terroristas agirem emtoda parte, tropas se confrontarem emmuitas regiões, a economia se descon-trolar, sistemas e valores entrarem emcolapso, instituições tradicionais comoa Igreja e a Família serem violenta-mente abaladas, teóricos pregarem ofim da História, não faltam as vozesotimistas que apregoam um porvir re-novado sob a luz de uma nova era.

Não há como se desconhecer a vio-lência que assola a Humanidade terres-tre. Ela está presente no trânsito, destru-indo vidas e mutilando corpos; na prosti-tuição infanto-juvenil, sob o assédio dosmalfeitores; na polícia, subvertendo suasobrigações patrióticas de proteger e au-xiliar o povo, por interesses pessoais emesquinhos; nas drogas, levando os jo-vens à dependência dessas substânciasalucinógenas; nas religiões, onde fanáti-cos insanos lutam e se aniquilam, dispu-tando qual o “deus” mais forte e maispoderoso; no lar, pela intolerância dospais para com os filhos e vice-versa, dis-pensando o diálogo fraterno, que, se hou-vesse, faria de suas vidas uma tranqüilaexperiência de coabitar com amor.

Percebemos que há um grande nú-mero de pessoas aderindo às sugestõesdo mal, por simples ignorância. Estas,serão renovadas no desdobramento desuas experiências, particularmente coma magna dor, em reencarnações rege-neradoras. O problema maior está comaqueles em que o mal predomina nasentranhas de seus corações, o que cons-titui uma minoria. Estes, pela lei da se-leção natural dos valores morais, serãoexpurgados do nosso convívio, assimque houver chegado a hora.

Temos a impressão de que os atosviolentos, praticados por mentes insa-nas, banalizam-se no curso do tempo,mas, apesar de essa violência sufocar,confundir, assustar e cercear o homemna sua liberdade de ir e vir, nunca seassistiu, em todos os tempos, tantaspessoas boas e pacíficas, mobilizarem-se em prol de programas assistenciaisaos irmãos menos afortunados, traba-lhando voluntariamente por um mun-do melhor e mais justo e com total des-prendimento e espírito cristão.

É claro que não podemos desconsi-derar os perigos reais que nos cercam:desastres nucleares; o buraco na cama-da de ozônio; o desmatamento desorde-nado de nossas florestas; a poluição dasnossas límpidas águas, etc., mas seolharmos o momento em que vivemossob a ótica da revelação espírita, tere-mos motivos suficientes para crer que odesespero e desesperança, conseqüen-tes do pessimismo que prevalece atual-mente entre os homens, precisam sersubstituídos pela ação eficaz.

A Terra está entrando em uma fasede transição para Mundo de regenera-ção, obedecendo às leis naturais de evo-lução. Mensagens da espiritualidade quenos vêm sendo transmitidas no movi-mento espírita, desde o final do SéculoXX, têm confirmado tal fato, e o homemnão há como vetar os Decretos de Deus.

Percebe-se que, atualmente, tudoestá se transformando muito rapida-mente, trazendo mais conforto e me-lhor qualidade de vida ao habitante daTerra. A dor física está, relativamen-te, sob controle; a longevidade ampli-ada; a automação da vida material estácada vez maior, em face da tecnologiafascinante, especialmente na área dacomunicação e informática. Quandopoderíamos imaginar, por exemplo, há50 anos, o potencial da Internet?

Já no Século XIX, Kardec asse-verava que: “A Humanidade tem rea-lizado, até o presente, incontestáveisprogressos. Os homens, com a sua in-teligência, chegaram a resultados quejamais haviam alcançado, sob o pon-to de vista das ciências, das artes edo bem-estar material.”(6)

Neste Século XXI, o Planeta pas-sa por um processo acelerado de trans-formação. É com muito otimismo quepercebemos, no tecido social contem-porâneo, a gestação de vários investi-mentos, envolvendo cientistas, filóso-fos, religiosos e educadores que se in-clinam para a formulação de um mun-do renovado. Busca-se um novo con-ceito do homem e um novo ideal desociedade, alicerçados em paradigmasrevolucionários da Nova Física.

Se atentarmos apenas para a Infor-mática e para a Medicina, enquantofatores de progresso humanos a bene-fício de toda a Humanidade, percebe-remos que Deus autorizou aos Espíri-tos Protetores fazerem aportar, na Ter-ra, os admiráveis avanços científicosque alcançamos.

“O Espiritismo, na sua missão deConsolador, é o amparo do mundoneste século de declives da sua Histó-ria; só ele pode, na sua feição de Cris-tianismo redivivo, salvar as religiõesque se apagam entre os choques daforça e da ambição, do egoísmo e dodomínio, apontando ao homem os seusverdadeiros caminhos. No seu manan-cial de esclarecimentos, poder-se-ábeber a linfa cristalina das verdadesconsoladoras do Céu, preparando-se asalmas para a nova era.”(7)

A transição de uma categoria demundo, para outra, não se processa semabalos, pois toda mudança gera confli-tos. Há um momento em que o antigo eo novo se confrontam, estabelecendo adesordem e uma aparência de caos.”(...) a vulgarização universal do Es-piritismo dará em resultado, necessa-riamente, uma elevação sensível donível moral da atualidade.”(8)

Fugindo-se da paranóia de dataçãodo advento do Mundo de Regenera-ção, se quisermos atuar verdadeira-mente, auxiliando o advento de ummundo melhor, tratemos de trabalharincansavelmente pela divulgação dasidéias espíritas, corrigindo as distor-ções (facilmente observadas) no rumodo movimento que abraçamos, a fimde que os condicionamentos adquiri-dos em outros arraiais religiosos nãovenham a contaminar nossa ação, pelatambém intromissão de atitudesdogmáticas e intolerantes.

“Não é possível esperar a chega-da do mundo de regeneração de bra-ços cruzados. Até porque, sem os de-

vidos méritos evolutivos, boa partede nós deverá retornar a esse mun-do pelas portas da reencarnação. Seainda quisermos encontrar aqui es-toques razoáveis de água doce, arpuro, terra fértil, menos lixo e umclima estável – se os flagelos pre-vistos pela queima crescente de pe-tróleo, gás e carvão que agravam oefeito estufa – deveremos agir ago-ra, sem perda de tempo.”(9)

Para habitarmos um mundo re-generado, mister se faz que o mere-çamos. Para tanto, urge que pratique-mos a caridade, não restrita apenasà esmola, mas que abranja todas asrelações com os nossos semelhan-tes. Assim, perceberemos que a ca-ridade é um ato de relação (doaçãototal) para com os nossos semelhan-tes. Desta forma, estaremos atenden-do ao chamamento do Cristo, quan-do disse: “Amarás o senhor teuDeus de todo o coração, de toda atua alma e de todo o teu espírito;este é o maior e o primeiro manda-mento. E aqui tendes o segundo, se-melhante a esse: Amarás ao teu pró-ximo como a ti mesmo. – Toda a leie os profetas se acham contidos nes-ses dois mandamentos.”(10)

Fontes:(1) Kardec, Allan. A Gênese, RJ: Ed.FEB, 2004, Sinais dos Tempos – 4ªpte.(itens 21 a 26) (Estudo 131 e132)(2) Cf. Jornal “O Imortal” de outu-bro de 2006(3) ______ Allan. A Gênese, RJ: Ed.FEB, 2004, Sinais dos Tempos – 4ªpte.(itens 21 a 26) (Estudo 131 e132)(4) Idem(5) Xavier, Francisco Cândido. ACaminho da Luz, RJ: Ed. FEB 1987(6) Kardec, Allan. A Gênese, RJ: Ed.FEB, 2004, cap XVII, item 5(7) Xavier, Francisco Cândido. ACaminho da Luz, RJ: Ed. FEB 1987(8) Kardec, Allan. Obras Póstumas,26ª Ed. RJ, FEB 1978. As Aristocra-cias(9) Matéria publicada no BoletimSEI – Serviço Espírita de Informa-ções 30/04/05(10) Cf. Mateus, 22, 34-40

(1 ) Emmanuel faz referência ao Sé-culo XX

Jorge Hessen, autor de “São chegados ostempos?”

Page 4: O IMORTAL - O CONSOLADOR · te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de

O IMORTALPÁGINA 4 JANEIRO/2007

Um leitor escreveu à revista Épocae, com o propósito de denegrir a Doutri-na Espírita, disse que Allan Kardec eraracista e afirmara que os negros consti-tuíam uma raça inferior que teria por des-tino, num futuro distante, a extinção. Oassunto foi levantado por uma compa-nheira e estudiosa do Espiritismo.

Atribuir a condição de racista aoCodificador do Espiritismo é fruto damá fé ou da ignorância. Como não de-vemos julgar ninguém, fiquemos com asegunda hipótese para lembrar ao autorda carta enviada a Época que a leituramais atenta dos textos de Kardec lhemostraria que o Codificador escreveuem suas obras exatamente o contráriodo que os racistas geralmente defendem.

Assim é que na Revista Espírita de1867, pp. 167 e 168, diz Kardec que osprivilégios de raça têm sua origem naabstração que os homens fazem do prin-cípio espiritual. Da força de uns, da di-ferença de cor em outros, da opulênciaem que alguns nascem e da filiação con-siderada nobre de certas famílias, oshomens concluíram por uma superiori-dade natural sobre a qual estabeleceramsuas leis e privilégios, que não têm ra-zão de ser se se levar em conta a natu-reza espiritual da criatura humana, cujocorpo constitui simples invólucro tran-sitório. Os Espíritos podem revestir in-vólucros diversos e nascer nas mais di-ferentes posições sociais. Em face dis-so, a abolição dos privilégios de raça ea igualdade dos direitos sociais de to-

das as criaturas humanas são a conse-qüência natural do progresso.

A extinção futura dos povos depele negra, como se deu com inúme-ros outros, é uma conseqüência da leide progresso, que rege os mundos eas pessoas. Mas não foi Kardec quemafirmou isso; foi São Luís (Espírito),em mensagem transcrita pela RevistaEspírita de 1859, pág. 179.

As explicações seguintes, todas deautoria de Kardec, permitem-nos en-tender melhor o assunto.

Na Revista Espírita de 1862, pp.99 a 102, ensina o Codificador do Es-piritismo que a Natureza apropriouos corpos ao grau de adiantamento dosEspíritos que neles devem encarnar.Por isso os corpos dos povos primiti-vos possuem menos cordas vibrantesque os povos mais adiantados. Os Es-píritos que os utilizam são, como to-dos os Espíritos, perfectíveis e pode-rão mais tarde reencarnar em outrasmeios, sendo certo que, à medida queas faculdades do Espírito se ampliam,necessita ele de um instrumento físi-co adequado, como uma criança quecresce precisa de roupas maiores.

Examinando a questão da destrui-ção dos aborígines do México, propostapor um confrade de Bordeaux, a So-ciedade Espírita de Paris acusou no dia8-7-1864 importante orientação assina-da pelo Espírito de Erasto. A consulta,considerando a natureza supostamentepacífica dos povos indígenas dizima-

dos pelos espanhóis, indagava que be-nefício moral teria sido colhido de tan-to sangue derramado e se não teria sidomelhor que a velha Europa tivesse ig-norado o Novo Mundo.

Erasto respondeu dizendo que oscostumes daqueles povos eram maisdoces que virtuosos e que eles viviamdespreocupadamente, sem progredirnem se elevar. Faltava-lhes a luta ca-paz de retemperar suas fontes vitais, oque seria viabilizado com o cruzamen-to dos aborígines com os europeus. Sur-giu então dessa cruzamento uma naçãonova e vivaz que, por um vigoroso im-pulso, não tardaria a atingir o nível evo-lutivo dos povos europeus.

Comentando os esclarecimentos deErasto, Kardec asseverou: 1.) Do pontode vista antropológico, a extinção dasraças é um fato positivo. 2.) Com efeito,as raças que se extinguem são sempreraças inferiores às que as sucedem. 3.)Na extinção das raças geralmente não seleva em conta senão o ser material, quese destrói, enquanto se esquece o ser es-piritual, que é indestrutível e apenas mudade vestimenta, visto que a primeira nãoestava mais em relação com o seu de-senvolvimento moral e intelectual. 4.) As-sim, não se deve perder de vista que aextinção das raças só atinge o corpo eem nada afeta o Espírito. 5.) Longe desofrer com isto, ganha o Espírito um ins-trumento mais aperfeiçoado, provido decordas cerebrais e respondendo a ummaior número de faculdades. (Revista

Espírita de 1864, p. 241 e 242.)Na seqüência, Kardec explicou que

o desaparecimento das raças opera-se deduas maneiras. Umas extinguem-se na-turalmente, em conseqüência de condi-ções climatéricas e do abastardamento,quando ficam isoladas. Outras, pelas con-quistas e pela dispersão, que determinamcruzamentos. A fusão do sangue traz de-pois a aliança dos Espíritos, em que osmais avançados ajudam o progresso dosoutros, mas são necessários séculos paraa educação dos povos, o que se operaapenas pela transformação de seus ele-mentos constitutivos. Que seria a França– observou Kardec – sem a conquista dosromanos? E os bárbaros ter-se-iam civi-lizado se não tivessem invadido a Gália?“A sabedoria gaulesa e a civilização ro-mana, unidas ao vigor dos povos do Nor-te, fizeram o povo francês atual.”

Concluindo esse pensamento, asse-verou o Codificador: “Sem dúvida, é

De coração para coraçãoASTOLFO OLEGÁRIO DE OLIVEIRA FILHO - [email protected]

De Londrina

Kardec era racista?

O Espiritismo respondeSilvana deseja saber como o Es-

piritismo vê a questão do destino.O vocábulo destino é usado na

literatura espírita com dois sentidos.Na questão 177 d´ O Livro dos Es-píritos, ele é utilizado como sinôni-mo de objetivo, de finalidade daexistência humana, que é a perfei-ção e a suprema felicidade. No sen-tido proposto por Silvana, que en-volve os acontecimentos da vida, oassunto é tratado de modo especialnas questões 259, 851, 866 e 872 d´O Livro dos Espíritos.

Resumidamente, ensina o Espi-ritismo que nem todos os aconteci-mentos e provas da vida são previs-tos ou propostos pelo Espírito que seprepara para reencarnar e, com esseobjetivo, elabora sua programaçãoreencarnatória. Ele escolhe tão-so-mente o gênero das provas. As parti-cularidades correm por conta da po-sição em que se acha e são, muitasvezes, conseqüências de suas ações.

Escolhendo, por exemplo, nas-cer entre malfeitores, sabe a quearrastamentos se exporá. Ignora,

porém, que atos irá praticar. Essesatos resultam do exercício de suavontade, isto é, de seu livre-arbítrio.Saberá também que, escolhendo talcaminho, terá de sustentar lutas dedeterminada espécie e não ignora,portanto, de que natureza serão as vi-cissitudes que se lhe depararão. Osacontecimentos secundários se ori-ginam das circunstâncias e da forçamesma das coisas. Previstos só sãoos fatos principais, os que influemno destino. Se tomamos uma estra-da cheia de sulcos profundos, sabe-mos que teremos de andar cautelo-samente, porque há muitas probabi-lidades de cairmos. Ignoramos, po-rém, em que ponto cairemos e bempode suceder que não caiamos, seformos bastante prudentes.

A chamada fatalidade existe as-sim unicamente pela escolha que oEspírito fez de enfrentar, ao encar-nar, essa ou aquela prova. Escolhen-do-a, institui para si uma espécie dedestino, que é a conseqüência mes-ma da posição em que vem a achar-se colocado.

É preciso ter cuidado no uso doartigo definido, que é bem aplicadoquando substitui o possessivo antesdos nomes de partes do corpo ou deitens do vestuário, como nestesexemplos:

- Joana mexeu os braços (em vezde “Joana mexeu seus braços”)

- Maria passou a mão pelos cabe-los (em vez de “Maria passou sua mãopelos cabelos”)

- Ele vestiu as calças (em vez de“Ele vestiu suas calças”)

- João, calce os sapatos (em vezde “João, calce seus sapatos”).

Pílulas gramaticaisEvitemos, porém, usar o artigo

definido antes do possessivo. Veja-mos os exemplos:

- Meu carro é Ford (e não “O meucarro é Ford”)

- Minha mãe chegará hoje (e não“A minha mãe chegará hoje”)

- Meu livro predileto está bemgasto (e não “O meu livro prediletoestá bem gasto”)

- Nossa casa é confortável (e não“A nossa casa é confortável”)

- A meu ver, isso não dará certo (enão “Ao meu ver, isso não dará certo”)

- A seu ver, como vão as coisas?

(e não “Ao seu ver, como vão as coi-sas?”)

Há nomes que rejeitam o artigodefinido. Eis alguns deles: Timor, Is-rael, Cuba, Malta, Alagoas, Goiás,Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,Minas Gerais, Pernambuco, SantaCatarina, Sergipe, São Paulo, frei,dom, madame, monsenhor.

Em face disso, não podemos dizer:“Vim do Mato Grosso”, “Vi o domAlbano ontem”, “O frei Ambrósio é umbom homem”. Diremos então: “Vim deMato Grosso”, “Vi dom Albano ontem”,“Frei Ambrósio é um bom homem”.

penoso pensar que o progresso por ve-zes precisa da destruição. Mas é preci-so destruir as velhas cabanas, substitu-indo-as por casas novas, mais belas ecômodas”. “Aliás, é preciso levar emconta o estado atrasado do globo, ondea Humanidade está apenas no progres-so material e intelectual. Quando entrarno rumo do progresso moral e espiritu-al, as necessidades morais ultrapassa-rão as necessidades materiais. Os ho-mens serão governados segundo a jus-tiça e não mais terão que reivindicar seulugar à força. Então a guerra e a destrui-ção não mais terão razão de ser.” (Re-vista Espírita de 1864, pp. 243 e 244.)

Ressalve-se, por fim, que Kardece os Espíritos valiam-se de termino-logia própria de sua época – meadosdo século 19 –, porquanto sabemoshoje que raça é um conceito cientifi-camente errado, geneticamente inexis-tente e politicamente incorreto.

Page 5: O IMORTAL - O CONSOLADOR · te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de

O IMORTALJANEIRO/2007 PÁGINA 5

Clássicos do Espiritismo

A Alma é Imortal (Parte 12)ANGÉLICA REIS

[email protected] Londrina

Continuamos a publicar otexto condensado da obra AAlma é Imortal , de GabrielDelanne, traduzida por GuillonRibeiro e publicada pela Editorada FEB. As páginas citadas refe-rem-se à 6a edição.

*161. Outro fenômeno que se

alia à fotografia transcendental,no capítulo da comprovação daexistência dos Espíritos, é o dasimpressões deixadas por eles emsuas intervenções em nossomeio. O eminente astrônomo ale-mão Zöllner obteve, em folhas depapel enegrecido, duas marcas,uma de um pé direito, a outra deum pé esquerdo, sem que o mé-dium houvesse tocado as lousasque as continham. Noutra oca-sião, a marca aí feita media qua-tro centímetros menos do que opé de Slade, o médium com quemele trabalhava. (Pág. 176)

162. O professor Chiaia, ex-perimentando com Eusápia Pala-dino, teve a idéia de se munir deargila dos escultores e o Espíritoimprimiu nessa matéria plásticao seu rosto: derramando gesso nomolde assim produzido, obteveele uma cabeça de um homem,de melancólico semblante. (Pág.176)

163. O uso da parafina derre-tida em água quente foi desco-berto na América. Como a para-fina fica na superfície da água, oEspírito era instruído a mergu-lhar repetidas vezes na parafinaa parte do seu corpo que se dese-java conservar. Quando o envol-tório de parafina se secava, aí fi-cava um molde perfeito: bastavaderramar gesso dentro dele e ter-se-ia uma lembrança duradoura

do Espírito que se prestou à ope-ração. Eis assim como se produ-ziram as célebres moldagens.(Pág. 177)

164. Após transcrever uma ex-periência notável registrada porAksakof em sua obra citada,Delanne reporta-se às experiên-cias de materialização feitas peloSr. de Bodisco, camareiro do czar,o qual entendia que o corpo as-tral é, na natureza, o mais impor-tante de todos os corpos. “Eleconstitui - asseverou o Sr. deBodisco - a única parte imperecí-vel do corpo humano. É o zôo-éter, ou matéria primordial, ouforça vital.” (Pág. 179)

Os fatos de materializaçãomais célebres se deram com a

médium Florence Cook

165. Quatro fotografias tirouo Sr. de Bodisco, mostrando fa-ses diversas da materialização,desde aquela em que a apariçãoastral cerca o médium, até a dacondensação de uma forma, ven-do-se a seu lado o médium em le-targia. (Págs. 179 e 180)

166. A respeito dos fenôme-nos de materialização, que cons-tituem, segundo o autor, as maisaltas e irrefragáveis demonstra-ções da imortalidade, Delanne re-comenda se consultem: Animismoe Espiritismo, de Aksakof; En-saio de Espiritismo Científico, deMetzger; Depois da Morte, deLéon Denis, e Psiquismo Experi-mental, de Erny. (Pág. 180)

167. Os fatos de materializa-ção mais célebres se deram, po-rém, com a médium FlorenceCook, instrumento de que serviuo Espírito Katie King, examina-do, entre outros, pelo renomadoquímico inglês Sir WilliamCrookes. (Pág. 180)

168. Um erro que, todavia, se

comete é pensar que Katie Kingfoi examinada apenas porCrookes. Na verdade, quando elepôde verificar a mediunidade daSrta. Cook, já havia muito tem-po que Katie se materializava.Foi em 22 de abril de 1872, quan-do a médium contava apenasdezesseis anos, que Katie King sematerializou pela primeira vez,embora parcialmente. Na reu-nião, ela trouxe também algumasfolhas frescas de hera, planta quenão existia no jardim da casa.(Pág. 182)

169. No dia 25 de abril se-guinte, o Sr. Harrison - a convitede Katie King - se fez presente àreunião, que foi realizada emcasa do Sr. Cook, pai da médium,da qual fez ele uma reportagempublicada no seu jornal, TheSpiritualist. A médium não esta-va adormecida, pois o Sr. Harri-son ouviu nitidamente o diálogoque Katie e ela travaram no iní-cio da sessão. Vê-se por esse di-álogo que a aparição não era oduplo da médium e que a vonta-de consciente da Srta. Cook pa-recia opor-se ao desejo do Espí-rito de manifestar-se visivelmen-te. (Pág. 183)

170. O Sr. Harrison pôdeapreciar, em sessões ulteriores, odesenvolvimento do fenômeno.Nessa época, a médium perma-necia quase sempre acordada, en-quanto se achava presente o Es-pírito. Depois, Katie não maisapareceu sem que Cook estives-se em transe. (Pág. 184)

Foi na primavera de 1873 quese obtiveram as primeirasfotografias de Katie King

171. Para assegurar a veraci-dade dos fatos, muitos controlesforam utilizados nas experiênci-as com a Srta. Cook. Certa vez,

Do livro Seara de Luz, de Divaldo P. Franco e Espíritos Diver-sos.

Divaldo responde– Como se efetua o apoio

do Plano Espiritual Superior aomovimento de evangelizaçãoespírita infanto-juvenil?

Divaldo: Sob a inspiraçãoconstante e a assistência espi-ritual aos trabalhadores do re-levante mister, os Amigos daVida Maior trazem idéias quese convertem em programas etécnicas e se transformam emexperiências vitoriosas tãologo aplicadas, melhor aten-dendo às necessidades do mo-vimento de evangelização es-pírita infanto-juvenil; disten-

dem recursos terapêuticos du-rante as reuniões específicas,socorrendo e amparando os quetrazem marcas mais vigorosasdo passado próximo, em formade limitação, enfermidade oualienação por obsessão, e des-pertam os infantes e jovenspara melhor compreenderem anecessidade de crescimentopara Deus.

Muitos Espíritos Nobres jáestão reencarnados realizandoesse cometimento na condiçãode evangelizadores e prepara-dores da juventude.

suas mãos foram atadas, sendopostos selos de cera sobre os nós.Katie mostrou-se, então, com asmãos inteiramente livres. Muitasfotografias de Katie, completa-mente materializada, foram entãoobtidas. (Pág. 185)

172. Um fato digno de nota,diz Delanne, é que todas as ses-sões da Srta. Cook se realizavamgratuitamente. A médium não pre-cisava, porém, preocupar-se como seu sustento, porquanto desde osprimórdios de suas faculdades me-diúnicas o Sr. Blackburn, deManchester, concedeu-lhe impor-tante dote que lhe assegurou a sub-sistência. (Pág. 185)

173. Foi na primavera de1873 que se obtiveram as primei-ras fotografias de Katie King.Delanne descreve os cuidadosque os experimentadores tiverampara evitar a possibilidade defraude nessas sessões. (Págs. 185a 187)

174. Diz a Sra Florence Mar-ryat que um dia perguntaram aKatie por que não podia mostrar-

se sob uma luz mais forte, poisela só permitia aceso um bico degás e assim mesmo com a chamamuito baixa. Katie pareceu irri-tada com a pergunta e disse quenão sabia por que não podia su-portar uma luz mais intensa. Seeles duvidavam disso, que acen-dessem as luzes e veriam o queocorreria. (Pág. 187)

175. A equipe decidiu, no en-tanto, aumentar a claridade, como consentimento de Katie. Elapôs-se então de pé junto à pare-de e abriu os braços em cruz,aguardando a sua dissolução.Acenderam-se três bicos de gáse Katie resistiu apenas por uminstante à claridade. Em seguida,todos viram-na fundir-se, comouma boneca de cera exposta aofogo. (Pág. 188)

176. Coisa curiosa! Com oexercício o Espírito adquiriumaior força, pois que WilliamCrookes pôde, depois, bater maisde quarenta chapas com auxílioda luz elétrica. (Pág. 188) (Con-tinua no próximo número.)

Page 6: O IMORTAL - O CONSOLADOR · te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de

O IMORTALPÁGINA 6 JANEIRO/2007

O TESOUROESCONDIDO

Certa vez, numa pequena cidade,morava um homem que trabalhou avida inteira para amontoar riquezas.Assim procedia, afirmava ele, paradeixar os filhos amparados após suamorte e sem necessidade de trabalharpara garantir o próprio sustento.

Para isso, não mediu esforços.Vivia de forma muito simples, ondefaltava, não raro, até o necessário,no afã de economizar cada vez mais.

A família não tinha qualquerconforto. A esposa trabalhava duroo dia inteiro e, às vezes, sentindo-se cansada pedia:

— Manoel, sinto-me doente,enfraquecida, tenho dores pelo cor-po todo. Poderíamos arrumar al-guém que me ajudasse no serviçodoméstico?

— De jeito nenhum, Alzira.Essas empregadas cobram umafortuna! Não podemos dispor des-se dinheiro.

De outras vezes era a filha que,necessitando comprar roupas ou cal-çados, atrevia-se a pedir dinheiro aopai. Manoel retrucava colérico:

— Você pensa que dinheironasce em árvores? Não posso pa-gar os seus luxos.

E a filha afastava-se, tristonhae desanimada, sonhando com o dia

em que pudesse sair de casa parater uma vida melhor.

Ou então era o filho que preci-sava comprar material escolar, eencontrava o pai irredutível:

— No começo do ano já com-prei tudo o que você precisava. Nãogastarei mais um centavo sequer!

E o filho, revoltado, saía remo-endo sua decepção.

E assim ele agia com todos. Ospedintes que vinham bater-lhe àporta suplicando um prato de co-mida, Manoel expulsava sem pie-dade.

Quando os responsáveis poralguma instituição beneficente seatreviam a pedir-lhe ajuda paraseus serviços de caridade junto aosmais necessitados, Manoel relata-va uma série de dificuldades coma família, gastos excessivos, con-tas inesperadas, e concluía:

— Infelizmente, não posso aju-dar!

O tempo passou. Manoel con-seguiu juntar uma imensa fortunaque guardava sempre, avaramen-te. Como não confiasse em nin-guém, nem mesmo numa agênciabancária, a escondeu dentro do seuvelho colchão. Queria tê-la sem-pre perto de si, sob sua vista.

A esposa reclamava de dores nascostas, sugerindo que trocassem pelomenos o colchão, velho e remenda-do, já sem condições de uso. Mano-el, raivoso, de dedo em riste ordena-va:

— Jamais! Não mexa no “meu”colchão. Gosto dele do jeito que está!

O filho, não suportando maistanta miséria, saiu de casa indomorar com um amigo e se desen-caminhou, tornando-se um alcoó-latra. A filha casou-se com o pri-meiro homem que surgiu em suavida, para poder se livrar da situa-ção de pobreza, e não era feliz.

Apenas Alzira continuava com omarido, visto não ter a quem re-correr ou para onde ir.

Certo dia, Manoel sentiu-semal. Socorrido, foi levado para ohospital, aonde veio a desencarnar.

Alguns dias depois, Alzira e osfilhos reuniram-se para resolver oque fazer com os pertences do fa-lecido Manoel.

A primeira coisa que decidiram foicolocar fogo no colchão que ele tantoprezava. Os filhos levaram-no para oquintal, estranhando o peso, mas ja-mais poderiam imaginar que ali esti-

Olá, meu amiguinho!Estamos num novo ano!Que 2007 seja muito feliz para

todos.Lembre-se! Um ano novo re-

presenta 365 oportunidades queDeus nos concede de viver e fa-zer o melhor.

Também é hora de planejar oque vai fazer du-rante todo esteano. Então, mãosà obra! Pense!

Como gosta-ria que fosse esseano?

O que gosta-ria de fazer, deaprender, de conhecer?

Lembre-se de tudo o que pla-nejou para o ano passado e quenão conseguiu realizar.

Este é o momento de agir!Você está de férias e bem que

merece um descanso e tambémrealizar atividades que lhe dêemprazer: brincar, nadar, passear,viajar. Afinal o ano passado foicansativo!

Mesmo de férias muita coisaútil pode ser feita nesse período.Por exemplo:

— Arrumar o armário,limpando as gavetas para recebero material de escola novinho quevai chegar.

— Separar os livros escolaresque já usou, doando a alguém que

vá precisar deles.— Separar

roupas, calçadose brinquedosque não lhe sir-vam mais.

— Dividircom outras cri-anças mais ne-

cessitadas um pouco dos docesque você ganhou.

— Ler um livro interessante.Essas e tantas outras coisas

você pode fazer e vai se sentirmuito bem!

Que Jesus ampare a você esua família, dando a todos umnovo ano de muita alegria, paz eamor.

FELIZ ANO NOVO!

NOVO ANO, VIDA NOVA!

vesse depositado um imenso tesouro.E Manoel, do outro lado da

vida, desesperado, não pode impe-di-los. Sob terrível aflição, viu aschamas consumirem o esforço detoda uma vida.

Só então Manoel lembrou-sedas palavras de Jesus: “Não acu-muleis tesouros na Terra, onde aferrugem e os vermes os comem eonde os ladrões os desenterram eroubam; acumulai tesouros no céu,onde nem a ferrugem, nem os ver-mes os comem...”

O tesouro dele não havia sidoroubado por ladrões, ou consumi-do pela ferrugem ou pelos vermes,mas devorado pelas chamas.

O pobre homem percebeu quetinha perdido grande parte da exis-tência acumulando bens materiaisque nem a ele mesmo serviram. Vi-vera de forma miserável, privara-

se de conforto, de bem-estar e es-gotara-se no trabalho. E, o que erapior, com seu comportamento, per-dera o amor da família.

Quanto aos tesouros do céu,que são imperecíveis, ele não sepreocupara em ajuntar. Com tris-teza percebia agora o quanto po-deria ter feito pelos filhos, dando-lhes uma vida confortável, facili-tando-lhes a educação e preparan-do-os para serem cidadãos dignos,trabalhadores e úteis à sociedade.

Manoel, pela primeira vez,lembrou-se de orar a Deus. E, pro-fundamente arrependido, suplicouao Senhor lhe concedesse novaoportunidade de voltar a Terra,num novo corpo, para reparar osdanos que havia cometido.

Leon Tolstoi(Psicografada por Célia X. de

Camargo, em 19.6.1998.)

Page 7: O IMORTAL - O CONSOLADOR · te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de

O IMORTALJANEIRO/2007 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

e tenderia a emanar dos lados direitoe esquerdo do corpo humano. Expli-cava que a cura das enfermidades con-sistia na restauração do equilíbrio ouharmonia alterada entre os fluidos.Com base nessas teorias, Mesmerconstruiu sua técnica terapêutica uti-lizando a fixação dos olhos e os pas-ses com as mãos. As teorias de Mes-mer afirmavam que um princípioimponderável atuava sobre os corpos.Em todo o organismo vivente existiaum fluido magnético no qual circula-va uma força especial, animando tan-to o mundo orgânico como o inorgâ-nico; que esse fluido se transmitia, po-dendo revigorar os corpos debilitados;que as pessoas dotadas de grande vi-talidade poderiam transmitir essa ener-gia para os outros, se soubessem diri-gi-la, utilizando as mãos.

Mesmer casou-se com Maria AnnaVon Bosch, numa concorrida cerimônia,em 10 de janeiro de 1768, celebrada nacatedral de Santo Estêvão pelo arcebispode Viena. Mudou-se para uma mansãoem Landstrasse, onde promovia sarausmusicais com Mozart, Gluck, Haydn eoutros. Ainda em 1768, em outubro, es-treou no teatro de seu jardim a primeiraapresentação em Viena de uma ópera deMozart. O primeiro tratamento pelo mag-netismo animal teve início em 1773. Apaciente foi uma parenta da esposa deMesmer e amiga da família de Mozart,Franziska Esterlina, uma senhorita de 29anos bastante debilitada. Mais tarde, em1790, Mesmer foi homenageado porMozart, em sua ópera Così fan tutte. Nofinal do primeiro ato, a personagemDespina, fantasiada de médico, imitaMesmer e seu tratamento.

Em 1775, com a pouca acolhidadada à sua descoberta, determina-se anada mais realizar publicamente emViena. Após muitas experiências, re-conhece que pode curar mediante aaplicação de suas mãos. Acredita quedela se desprende um fluido que al-cança o doente. “De todos os corposda Natureza – declarou então -, é opróprio homem que com maior eficá-cia atua sobre o homem.” A doençaseria apenas uma desarmonia no equi-

Franz Anton Mesmer

Nasceu em 23 de maio de 1734em Iznang, aldeia próxima do lagode Constança, filho do casal Fran-ciscus Antonius Mesmer e MariaUrsula Michel, membros de umagrande família católica da Suábia,região que hoje pertence à Alema-nha. Mesmer desencarnou em 5 demarço de 1815.

Em 1743 foi levado pelos pais parao monastério Reichenau, em Constan-ça, onde durante seis anos estudou lín-guas, literatura clássica e música comos monges. Provido de recursos, dedi-cou-se a longos estudos científicos,chegando a dominar os conhecimentosde seu tempo, época de acentuado or-gulho intelectual e ceticismo. Era umtrabalhador incansável, calmo, pacien-te e ainda um exímio músico. Freqüen-tava constantemente círculos ocultistas,locais onde obteve conhecimentos dealquimia. Estudou profundamente avida e a obra de Paracelso (1493-1541),que entendia que havia correspondên-cia entre o mundo exterior - omacrocosmo - e as diferentes partes doorganismo - o microcosmo.

Em 1750 ingressou na Univer-sidade jesuíta de Dillingen, naBavária, onde estudou filosofia porquatro anos, chegando ao doutora-do. Leu as obras de Galileu, Descar-tes, Leibniz, Kepler, Newton etc. Em1754 iniciou o curso de teologia naUniversidade de Ingolstadt, tambémna Bavária. Cinco anos depois, em1759, ingressou na Universidade deViena, dedicando seu primeiro anonesta universidade ao estudo das leis.Transferiu-se, logo depois, para ocurso de medicina. Seis anos depois,no dia 27 de maio, conquistou o dou-torado com uma dissertação inspi-rado na obra de Newton e talvez deParacelso. Nesse texto, que trata dainfluência dos planetas sobre o cor-po humano, usou pela primeira vezo conceito de fluido universal.

A tese de formatura de Mesmerfazia referência a uma medicina deoutros tempos: “De Influxo Plane-tarum In Corpus Humanum”. Nela,descrevia a influência dos planetaspor intermédio de um fluido univer-sal com poderes magnéticos sobre amatéria viva. Aludia, também, aomagnetismo animal, que, segundoele, existia em duas formas opostas

líbrio da criatura. Ele, que nada co-brava pelos tratamentos, preferia cui-dar de distúrbios ligados ao sistemanervoso. Além da imposição das mãossobre os doentes, para estender o be-nefício a maior número de pessoas,magnetizava água, pratos, cama etc.,a cujo contato submetia os enfermos.

Ele definiu o magnetismo animalcomo sendo a capacidade de um indiví-duo causar efeitos similares ao magne-tismo mineral em outra pessoa. Em1776, Mesmer deixa de fazer uso do ímãcomo simples condutor do magnetismoanimal, para evitar mal-entendido porparte dos médicos e físicos. Continua ausar água, garrafas, barras de ferro. Noano seguinte, aceita como paciente afamosa pianista Maria Theresa Paradis,curando sua cegueira, fato que geroumuitas controvérsias.

Na luta pela divulgação do Mag-netismo Animal, Mesmer chega a Pa-ris no mês de fevereiro de 1778 e co-meça a apresentar suas descobertaspara os sábios e os médicos dessa ca-pital, retirando-se para a cidade deCreteil no mês de maio, juntamentecom alguns doentes. Requisita comis-sários da Sociedade Real de Medici-na de Paris para que eles fiscalizemas curas, o que foi recusado. Mesmerpraticou durante anos o seu método detratamento em Viena e em Paris, comevidente êxito, mas acabou expulso deambas as cidades pela inveja eincompreensão de muitos. Depois decinco tentativas para conseguir exa-me judicioso do seu método de curarpelas academias, é que publica, em1779, a “Dissertação sobre a desco-berta do magnetismo animal”, na qualafirma que este é uma ciência comprincípios e regras, embora ainda pou-co conhecidas. Suas descobertas ba-seavam-se em 27 teses. Eis algumas:-Por meio deste fluido, doenças nervo-sas são curadas imediatamente e suasvirtudes podem estender-se à curauniversal e a preservação da humani-dade, a um grau tão elevado, que nãose sabia quão longe poderia ir. Existeuma influência recíproca entre os cor-pos celestes, a Terra e todos os orga-

nismos animados. O fluido universalé o agente dessa influência. Essa açãorecíproca está sujeita às leis da mecâ-nica. Os corpos gozam de proprieda-des análogas ao ímã. Essas proprieda-des podem ser transmitidas a outroscorpos animados ou inanimados. Amoléstia é apenas a resultante da faltaou desequilíbrio na distribuição domagnetismo pelo corpo.

O trabalho de Mesmer, devido aseus métodos e a essas curas miraculo-sas, provocou um alvoroço em Paris. Alifoi cultuado por muitos e perseguido poroutros, principalmente por colegas mé-dicos que o chamavam de charlatão eembusteiro. Sua popularidade prosse-guiu por muitos anos, mas outros médi-cos o tachavam de impostor e charla-tão. Em uma derradeira tentativa, pro-põe à Faculdade de Medicina de Paris,em 1780, um teste comparativo de seumétodo com a medicina tradicional. Em18 de setembro, houve uma assembléiageral e, após uma leitura e um discurso,d’Eslon, seu discípulo, foi excluído doquadro dos médicos e as proposições deMesmer foram rejeitadas com desdéme animosidade. Depois, em 1781, Mes-mer publica o que viria a ser a mais im-portante descrição histórica da ciênciado magnetismo animal. Em 1784, o go-verno francês nomeou uma comissão demédicos e cientistas para investigar suasatividades. Benjamin Franklin foi umdos membros dessa comissão, que aca-bou por constatar a veracidade das cu-ras, porém as atribuíram não ao magne-tismo animal, mas a outras causas fisio-lógicas desconhecidas.

Mesmer envia uma carta a BenjaminFranklin denunciando os equívocos dacomissão nomeada para examinard’Eslon, desautorizado para agir em seunome, e a impropriedade do método ado-tado. O rei da França nomeia uma co-missão de sábios da Academia de Ciên-cias de Paris - Bailly, Darcet, Franklin,Lavoisier -, que em quatro meses con-cluiu que as proposições de Mesmer nãopassavam de imaginação, além de redi-gir um relatório secreto alegando impli-cações sexuais. Uma outra comissão for-mada por médicos da Sociedade Real de

Medicina também rejeitou a existênciado magnetismo animal. Porém, um deseus membros, Jussieu, divergiu doscolegas e admitiu as curas. Em 1785,alguns dos discípulos de Mesmer pu-blicam as anotações de suas aulas. Em1790, sua esposa, von Posh, morre decâncer no seio. De retorno a Viena, em1793, é preso pela polícia, pois estavasendo investigado por questões políti-cas, suspeito de ser favorável aosjacobinos. Liberado, ficou sob custó-dia até 5 de dezembro. Continuaria,porém, sendo observado pelas autori-dades. Mesmer vê-se então forçado aretirar-se de Paris, vilipendiado, e ins-tala-se numa pequena cidade suíça,onde viveu durante 20 anos sempre ser-vindo aos necessitados e sem nunca de-sanimar nem se queixar.

Um grupo de médicos da Acade-mia de Berlim redescobre o seu para-deiro, mas, já com setenta e cinco anos,ele não aceita acompanhá-los. Em1812, aos 78 anos, a Academia de Ci-ências de Berlim convida-o para pres-tar esclarecimentos, pois pretendia in-vestigar a fundo o magnetismo. Eratarde; ele recusou o convite. Tambéma Igreja condenava o magnetismo, e,por tabela, a ele. Em 1813, um teólo-go francês escrevia que “o sonambu-lismo e o magnetismo eram sobrena-turais e diabólicos, anticristãos,anticatólicos e antimorais. Tudo pro-vinha da ação de fluidos de origeminfernal”. A Academia encarrega oProf. Wolfart de entrevistá-lo. O de-poimento desse professor é um dosmais belos a respeito do caridoso mé-dico: “Encontrei-o dedicando-se aohospital por ele mesmo escolhido.Acrescente-se a isso um tesouro de co-nhecimentos reais em todos os ramosda Ciência, tais como dificilmente acu-mula um sábio, uma bondade imensade coração que se revela em todo oseu ser, em suas palavras e ações, euma força maravilhosa de sugestão so-bre os enfermos.” No início de 1814,ele regressou para Iznang, sua terranatal, onde permaneceria os seus últi-mos dias até falecer em 5/3/1815, aos81 anos de idade.

Page 8: O IMORTAL - O CONSOLADOR · te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de

MARCELO BORELA DEOLIVEIRADe Londrina

“É preciso maior união entre os espíritas”

Por indicação de José MiguelSilveira, então presidente daUnião Regional Espírita da 5a

Região, que tem sede em Londri-na, Claudia Camacho Rojas (fo-tos) foi eleita em outubro últimopara a presidência do referidoórgão de unificação, que repre-senta em sua área de atuação aFederação Espírita do Paraná.

Na entrevista que se segue,Claudia fala, entre outros assuntos,sobre sua iniciação no Espiritismoe seus planos à frente da 5ª URE.

O IMORTAL – Como se deusua iniciação no Espiritismo?

Cláudia Rojas – Foi a convitede uma amiga, nos idos de 1992.Essa amiga, com quem perdi con-tato por um tempo, tornei a encon-trar, em Londrina, recentemente,em um evento espírita, o que megratificou pelo reconhecimentoque dela guardo, por me ter apon-tado os rumos da Doutrina Espíri-ta, encaminhando-me a um Cen-tro Espírita.

O IMORTAL – Qual dos aspec-tos do Espiritismo mais aprecia?

Cláudia Rojas – Os três aspec-tos do Espiritismo, ciência, filoso-fia e religião, da forma tal qualconcebida por Allan Kardeccomplementam-se, daí porque se-ria muito difícil eleger determina-do aspecto como de preferência,um não é independente do outro.São órgãos vitais que, apesar daspeculiaridades de cada um, for-mam um todo indissociável.

O IMORTAL – Como vê opanorama atual do movimento

espírita no Estado?Cláudia Rojas – Vemos o mo-

vimento espírita do Paraná de for-ma bastante otimista e num cresci-mento constante. Vemos o testemu-nho de colegas espíritas de outrosEstados sobre as variadas dificulda-des enfrentadas, desde a dificulda-de de acesso ao Centro Espírita (tra-vessias de rio a barco, estradas dedifícil trânsito) até a dificuldade deacesso a obras efetivamente doutri-nárias ante o turbilhão de livros fre-neticamente editados supostamen-te espíritas mas que não resistiriama um estudo mais detido acerca desua coerência com a doutrina plani-ficada na codificação básica, difi-culdade também enfrentada por es-píritas de outros países já que emsua maioria as obras são publicadasna língua portuguesa e, frente aogrande número de obras de que nósdispomos, são ainda poucas astraduzidas para outras línguas. Di-ante desse panorama, a situação domovimento espírita do Paraná estáfortalecida. Temos, por exemplo,um órgão federativo centenário, aFederação Espírita do Paraná, quevem realizando um grande trabalhono sentido da divulgação séria e res-ponsável do espiritismo. Vemos apágina da Federação Espírita doParaná (www.feparana.com.br),acessada por diversos países, dispo-nibilizando a codificação básica emsua íntegra, as obras clássicas do es-piritismo em sua versão original,material de apoio para palestras eestudos, agenda de eventos em todoo estado pré-definida, a livrariaMundo Espírita que disponibilizaobras espíritas de acurado cunhodoutrinário. Importante ressaltarque esse trabalho que hoje vemossolidificado teve início com os gran-des pioneiros do espiritismo, ho-mens que dedicaram sua vida em

prol da doutrina, como por exem-plo, José Lopes Neto, Lins deVasconcellos Lopes, Abibe Isfer,Guaracy Paraná Vieira, FranciscoRaitani, Honório Melo, JoãoGhinone que foi inclusive lembra-do pelo expoente de nossa região,Sr. Hugo, por ocasião da reunião doConselho Regional Espírita realiza-da dia 1º de novembro último noCentro Espírita Allan Kardec emCambé. Temos acompanhado opanorama do movimento espírita noEstado, através das ações da Fede-ração Espírita do Paraná, naInteriorização do movimento espí-rita, através dos Seminários e Pa-lestras em todas as regiões do Esta-do, das Reuniões anuais das Inter-Regionais, das Conferências Esta-duais Espíritas do Interior do Esta-do, das Conferências Estaduais Es-píritas, dos Encontros Estaduais deJuventudes Espíritas, dos EncontrosEstaduais de Coordenadores de Ju-ventudes Espíritas, recentemente do1º Encontro Estadual de Evangeli-zadores Espíritas (Infância) realiza-do em Curitiba com mais de 350participantes de todo o Estado, dosEncontros Estaduais de Comunica-ção Social Espírita, dos EncontrosNacionais de Saúde Mental promo-vido pelo Hospital Espírita de Psi-quiatria Bom Retiro, das Semanas

e Meses de palestrasespíritas em todo o Es-tado, que contam como auxílio da FederaçãoEspírita no convite aOradores Espíritas deoutros Estados, das 17Uniões Regionais Es-píritas, totalmente atu-antes, da participaçãoativa da FEP nas Co-missões Regionais daFederação EspíritaBrasileira e no Conse-

lho Federativo Nacional, ações es-sas que se traduzem , à toda evidên-cia, favorável à sedimentação e de-senvolvimento do espiritismo emnosso Estado. Para que se efetueessa colheita de frutos, por certo,basta seguirmos o exemplo daque-les que nos antecederam e lançar-mos mão dos instrumentos que nossão disponibilizados para que, ven-cendo nossos individualismos, tor-nemos acessível a todos os ensina-mentos dessa doutrina que tanto nosconsola.

O IMORTAL – Que desafiosde maior porte você pensa encon-trar à frente da 5ª URE?

Cláudia Rojas – O desafio decolocarmos em prática esse grandepostulado do espiritismo:

“Espíritas! amai-vos, este o pri-meiro ensinamento; instruí-vos, esteo segundo.”

A sentença nos recorda a neces-sidade de nos vermos como irmãose de nos instruirmos, o incessanteestudo que, uma vez apreendido,resulta na prática e no progresso dahumanidade.

O IMORTAL – Quais as mai-ores necessidades do movimentoespírita regional?

Cláudia Rojas – Talvez não seja

PÁGINA 8 PÁGINA 9O IMORTAL JANEIRO/2007JANEIRO/2007

apenas da região, mas do movimen-to em geral, a necessidade da uniãoentre os espíritas, norteada semprepelos postulados codificados porAllan Kardec, como nos lembraBezerra de Menezes:

“Uni-vos, amando-vos uns aosoutros, mesmo quando discrepandonas observações, na óptica, mas fir-mados nos ideais estruturais dospostulados espíritas exarados na in-trodução da Obra Básica, O Livrodos Espíritos.” (Transcrição parcialda Mensagem psicofônica recebidana reunião ordinária do ConselhoFederativo Nacional, em Brasília,DF, em 09 de novembro de 1997.)

O IMORTAL – Quais os pro-jetos que pretende adotar na áreada 5a URE nos próximos doisanos?

Cláudia Rojas – Dinamizar aintegração entre os espíritas e even-tos voltados ao estudo são pontosque vêm sendo cobrados pela regiãoe, conseqüentemente, devem rece-ber maior atenção. Esses projetos,assim, não pertencem à 5ª URE deforma abstrata, mas a todos os espí-ritas da região que em seu conjuntoformam a 5ª URE. Juntos ajudare-mos a concretizar e atender as ne-cessidades que região.

O IMORTAL – A USEL reno-va neste mês seus quadros diri-gentes. A URE continuará apoi-ando os eventos tradicionalmen-te ligados a ela, tais como aCONMEL e a Semana Espírita deLondrina?

Cláudia Rojas – A URE, comoextensão da Federação Espírita doParaná na região, tem entre seusobjetivos a aproximação dos espí-ritas e a dinamização do movimen-to espírita na região. Dessa manei-ra estará apoiando, quanto possível,

os eventos e entidades que perfilemcom tais ideais, na prática da unifi-cação tão necessária.

O IMORTAL – É possível re-alizar em Londrina algo seme-lhante à Conferência Espírita quereúne bienalmente em CuritibaDivaldo Franco e Raul Teixeira?

Cláudia Rojas – É possível e,em verdade, já foi realizado. Já foiobjeto de discussão e implementa-ção, pela FEP, a interiorização doseventos espíritas, e para que todasas regiões do Estado fossem alcan-çadas, criou-se Programa doutriná-rio nos moldes da Conferência Es-tadual Espírita. Eventos de tal or-dem são bastante produtivos à me-dida que atraem um número maiorde espíritas e simpatizantes, contri-buindo sobremaneira para a divul-gação da doutrina espírita. como o7º Encontro Estadual Espírita doInterior do Paraná, realizado emLondrina em 2004, com a partici-pação dos oradores espíritas RaulTeixeira e Cristian Macedo e queconsistiu em seminários de intensoestudo durante o período de 24 e 26de setembro. Certo é, porém, queeventos de tal magnitude deman-dam bastante trabalho e a participa-ção dos espíritas da região a fim deque possa atingir os objetivos a quese propõem.

O IMORTAL – Como vê aquestão do roustainguismo e suapenetração em nossa região?

Cláudia Rojas – Trata-se deuma penetração quase que isoladae sem muito significado, sendo cer-to que nenhuma relação possui coma Doutrina Espírita, não é e nuncafoi Espiritismo. Temos testemunhode nossos irmãos da FEP que parti-cipam do Conselho Federativo Na-cional – CFN, da FEB e por vias de

conseqüência estão em contato comas demais Federativas do País, nosentido de que no CFN não se ocu-pam desse corpo estranho, nenhu-ma referência há a esse respeito,muito menos no CEI (ConselhoEspírita Internacional), cuja baseúnica é Kardec, de modo que se, emnossa região, alguns ainda adotamessa posição, cremos ser uma posi-ção isolada e que vai desaparecercom o tempo, não nos interessandopolemizar o assunto, porque temosmuito trabalho a fazer no campo dadivulgação do Espiritismo.

O IMORTAL – Como vê apreocupação da CEPA em sua in-sistência na promoção do chama-do Espiritismo laico?

Cláudia Rojas – A preocupaçãodos espíritas deve ser com o efetivoestudo e aprendizado da doutrinaespírita, a reforma íntima que con-cretizada nos tornará pessoas me-lhores e conseqüentemente tornaráa sociedade melhor. Doutrinas epensamentos diversos há muito tem-po existem. Já ao tempo de AllanKardec surgiu a corrente do chama-

do Espiritismo Independente equando perguntaram ao InsigneCodificador sobre o Espiritismo In-dependente, do alto de seu bom sen-so, eis que ele respondeu: Que Es-piritismo Independente é este, se oEspiritismo é independente por suaprópria natureza? Daí, ele nãopolemizou e nem deu a importân-cia que queriam, vindo a falir a idéiadistorcida da época pelo própriocrescimento do Espiritismo susten-tado nas obras da Codificação. Daía importância do estudo sério doEspiritismo, do estudo das obrasbásicas, a fim de que cada um te-nha discernimento para identificarse a mensagem proposta guardaconcordância com a Doutrina ou sepor trás de bonitas e veementes pa-lavras oculta fins incoerentes coma Doutrina Kardequiana que tantonos felicita. Para isso temos de pro-curar instruir-nos a fim de que nãopercamos nossos preciosos minutoscom o que nada acrescentará emnossa evolução. Obras clássicas, re-vistas e periódicos sérios, como “OImortal”, tratam desses assuntos esão um auxílio no esclarecimento

Cláudia no dia de sua eleição, ao lado de José Miguel e José Virgílio Goes

necessário. A Federação Espírita doParaná também possui diretrizesseguras e pode servir como mais umauxílio a quem deseje esclarecer-see estudar a Doutrina Espírita efeti-vamente.

O IMORTAL – O mercadoeditorial brasileiro tem sido infes-tado de obras mediúnicas, muitassem valor doutrinário e outrascontendo informações no mínimoduvidosas. Como você vê essaquestão?

Cláudia Rojas – O Espiritismotem sido alvo de muitos interesses,alguns escusos. Com a maior pro-cura por obras espíritas, o merca-do editorial tem-se apresentado

Claudia Rojas, a nova presidente da 5ª União Regional Espírita

Eleita em outubro do ano pas-sado presidente da União Regio-nal Espírita da 5a Região, que temsede em Londrina, Claudia Cama-cho Rojas é natural da cidade deCochabamba, Bolívia, mas veioainda criança para o Brasil, aquichegando em 1975.

No início, sua família se radi-cou no interior do Paraná, transfe-rindo-se posteriormente paraCuritiba, onde Claudia viveu de1983 a 2003, ano em que transferiresidência para Londrina.

O ensino fundamental e o en-sino médio ela cursou no ColégioPositivo, na Capital paranaense,formando-se em Direito na Facul-dade de Direito de Curitiba.

Antes de mudar para Londri-na, ela participava no meio espíri-ta de atividades no campo da as-

sistência social (Clube de Mães),da evangelização de infância e dajuventude e junto a um grupo depalestras públicas no Centro Es-pírita Ildefonso Correia, em Curi-tiba, tendo atuado também junto àFederação Espírita do Paranáquando da realização pela FEP deeventos de cunho regional e inter-regional.

Em Londrina, ela participa, naqualidade de trabalhadora, do Cen-tro Espírita Nosso Lar e integra oConselho de Administração da So-ciedade Espírita de Promoção So-cial (SEPS), entidade mantenedorado Lar das Vovozinhas GildaMarconi e do Albergue Raul FariaCarneiro - Lar dos Vovôs.

Sua vinda para Londrina, emdezembro de 2003, deu-se por mo-tivos profissionais. (M.B.O.)

Entrevista: Claudia Rojas

Perfil

Claudia CeciliaCamacho Rojas

muitas vezes destituído de ética epublicado obras sem conteúdosdoutrinários, destinando-se tãosomente ao lucro de quem os pu-blica. A fim de que não percamostempo nem recursos com obrasditas espíritas mas que nada nosacrescentarão de positivo, cabe-nos, como dito acima, não fomen-tar essa indústria, iniciando o es-tudo pelas obras básicas, conhe-cendo a doutrina tal como codifi-cada por Allan Kardec e assimtendo o discernimento necessáriopara que não sejamos enganadosno intuito do estudo do espiritis-mo. Dessa maneira, cada um podedar uma valiosa contribuição aoEspiritismo.

Page 9: O IMORTAL - O CONSOLADOR · te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de

O IMORTALPÁGINA 10 JANEIRO/2007

Conceitos diacrônicosNEWTON G. DE BARROS (*)

Educar, evangelizar, cristiani-zar, kardequizar...

Eis a questão...Há alguns anos, em uma aula

no Instituto de Cultura Espírita doBrasil (substituto da antiga Facul-dade Brasileira de Estudos Psíqui-cos), uma figura importante deorador interrompeu nossa expo-sição com essas palavras:

“- Eu discordo de Emmanuelquando, através da mediunidadede Francisco Cândido Xavier,afirma o seguinte...”

Sem que houvesse tempo paraprosseguir uma longa justificati-va, em prenúncios, disse-lhe:

- Meu prezado Irmão, antes desua discordância, por certo justa,permissível, lógica, brilhante, far-lhe-ia uma súplica... Apresentepara nós as credenciais de Espíri-to em igualdade de méritos mo-rais e intelectuais idênticos a Em-manuel... Em caso negativo, pe-diria a permissão para prosseguirminha tarefa, pois é muito curtoo tempo que me resta...

***Há um vocábulo inscrito inde-

levelmente no frontispício de cadaInstituição Espírita Cristã: Liber-dade.

Poderiam acrescentar, em al-guns outros: Igualdade e Frater-nidade.

Estaria completada a legendada Revolução Francesa.

Mas está faltando uma biblio-grafia para orientação de umaCasa de Espiritismo Cristã.

A diacronia, implacável eirresistível, vai alterando profun-damente o significado original depreciosos vocábulos.

Espírita e Espiritismo já estãoseriamente abalados no seu valororiginal.

Dificílimo restaurar-lhe o sig-nificado.

Em carta disciplinada e hierár-quica aos ilustres Presidentes, Dr.Francisco Thiesen e Dr. Antonio dePaiva Mello, pedíamos uma altera-ção de nossas Casas de Estudo eOração para Sociedade Allankarde-cista Brasileira de Estudos.

E passássemos a filiar aque-las Instituições que estudassem,divulgassem e pusessem em prá-tica o conteúdo do O Livro dosEspíritos.

Seriam numerados em ordemde readaptação, sob compromis-so jurídico e moral de não fugirdo livro fundamental.

Foram distintos em suas res-postas, mas preferiam que o tem-po viesse corrigir os desviosdiacrônicos.

***Os desvios aumentaram em

número. Difícil, em rápida vista,afirmar:

- Aqui é uma InstituiçãoAllankardecista, há um século,saudosamente, intitulada Espíri-ta Cristã.

***Já repetimos, ali e alhures, que

Leopoldo Machado, a 22 de agos-to de 1957, me afirmava em seuleito de despedida do corposomático:

- Não é essa a Mocidade Es-pírita que eu sonhei... Fazem detudo que chamam de Espiritismode Vivos... Mas jamais estudaramO Livro dos Espíritos...

S. Paulo iniciou, há tempos,uma valiosa campanha:

- Comece do começo...Ou seja, inicie do início. Estude,

primeiro, O Livro dos Espíritos.***

Infelizmente, continua a igno-rância das verdades fundamentaisdo Espiritismo Cristão.

Há verdades absurdas, digo,verdadeiros absurdos no planeja-mento de Cursos de Evangeliza-ção, de Estudos de Adultos e ou-tros títulos variados.

Atingem ao cúmulo de redi-girem apostilas condenadas há dé-cadas por antieconômicas, antidi-dáticas, antieducativas, etc.

Jamais o livro espírita foi tãocuidado por nossas editoras. Ja-mais foi acessível a editoras e li-vrarias na revenda, comparativa-mente aos livros não-espíritas.

O mais lamentável nas apos-tilas é o resumo, a ampliação, osgrifos e as opiniões pessoais, re-gionais e até doutrinárias.

Até quando persistirão na fugada consulta autêntica em nossasfontes puras?

Parece-me que nada têm a vercom apostilas, as Federações, osConselhos, as Uniões Municipais.São medidas individuais?

O divulgador espírita não temo dízimo para garantir a sua tare-fa doutrinária, por que então ogasto com impressões caras, in-clusive de remessa pelo correio?

A Biblioteca e a Livraria Es-pírita ou são dinamizadas didáti-ca e educativamente, ou opalavrório de “evangelizadores”e conferencistas se torna vazio ememorizador, tal e qual na épocamedieval do magister dixit.

Creio que já foram excessiva-mente desviados da tarefa em suassedes, jovens e adultos, para en-contros, cursos, conluios, debates,semanas, congressos... enquantoa Instituição continua carente detrabalhadores, persistentes e sim-ples, na seara humilde daedificação allankardecista.

Meu levantamento estatísticoé lamentável sobre o funciona-mento integral das unidadesallankardecização.

Pedimos ao leitor deste jornal que anote e divulgue paraos seus amigos, radicados aqui ou no exterior, as informa-ções abaixo:

1a. No site www.editoraleopoldomachado.com.br vocêpode ler, na íntegra, as últimas 33 edições do jornal “OImortal”.

2a. No site www.neudelondrina.org.br você pode assis-tir ao programa “Reflexão Espírita”, que é também apre-sentado aos sábados pela TV Tropical de Londrina (CNT).

Ligue-se e acompanhe pela internetos programas espíritas

Continuam os desconheci-mentos básicos do indispensávelem Doutrina quando bastaria quena Biblioteca houvesse, pelo me-nos, O SERMÃO DO MONTE,O LIVRO DOS ESPÍRITOS e oslivros orientadores de André Luize Emmanuel.

Logicamente, não se poderiadispensar, para consultascomplementadoras, os livros daCodificação e as obras mediúni-cas de Chico, Yvonne e Divaldo.

Mas existe um PLANO ANU-AL DE KARDEQUIZAÇÃOfuncionando metodicamente?Onde não se estude O LIVRODOS ESPÍRITOS com a simpli-cidade didática adequada para ainfância, para a adolescência epara os adultos, aí não há Doutri-na Espírita conscientizada. Nãosão palavras soltas. São o resul-tado de uma observação minuci-osa, direta e indireta, na imensamaioria dos Centros Espíritas,pelo menos que se filiam a Uni-ões Municipais.

Estamos tentando, há váriosanos, levar a centenas de Institui-ções, fraternalmente, o estudo me-tódico e didático de Cursos deEducação de Médiuns. Mas setodos somos médiuns, todos de-

vemos freqüentar esse curso, pre-visto por Allan Kardec. E, duran-te o curso, todos em um ano (dozemeses) meditam sobre a codifica-ção. E anexam ao seu patrimônioo essencial de sua espiritização.Mais que nunca, os excursionis-tas e palradores itinerantes devemapresentar estatística do rendi-mento doutrinário de sua sede detrabalho.

Peçam, até por auxílio ao cres-cimento espiritual, a cada excur-sionista, pelo menos o resumo dasrealizações de sua sede. Pelo me-nos os nomes de Departamentosem que sua Instituição se subdi-vide e em quais ele atua. Defen-damos a pureza do ESPIRITIS-MO e a integração do ESPÍRITA.

(*) O saudoso confrade NewtonGonçalves de Barros, nascido em13/9/1915, em Cachoeira Paulista,São Paulo, filho de Alberto Gon-çalves de Barros e Euforzina Pra-do de Barros, desenvolveu toda asua carreira profissional em NovaIguaçu (RJ). Foi ele, enquanto es-teve entre nós, um dos grandes co-laboradores do jornal “O Imortal”,que publica aqui um de seus arti-gos enviado a este jornal e aindanão levado ao prelo.

Page 10: O IMORTAL - O CONSOLADOR · te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de

O IMORTALJANEIRO/2007 PÁGINA 11

Palestras, seminários e outros eventosCristóvão – CEP 36700-000, Leopoldina,MG.

5o Congresso EspíritaMundial em 2007

As inscrições para o 5o CongressoEspírita Mundial, que se realizará de10 a 13 de outubro de 2007, emCartagena de Índias, podem ser feitastambém pela internet. Basta acessarwww.consejoespirita.com, clicar no car-taz do congresso e preencher a ficha; ouentão acessar a página www.spiritist.org/portal, do Conselho Espírita Interna-cional, que apóia o evento, promovi-do pela Confederação Espírita Colom-biana (Calle 22 A Sur no 9-71/ 81Bogotá D.C. – Colômbia – telefone[571] 2 72 06 70 e correio eletrônicoconfecol@ yahoo.com.br). As inscrições,se feitas até 30 de junho de 2007, custam80 dólares; e de 1o de junho de 2007 atéa data do congresso, 90 dólares.

Ciclo Mensal de Palestrasem Cambé

A programação de palestras a se-rem realizadas neste mês em Cambé,no Centro Espírita Allan Kardec, si-tuado na rua Pará, 292, terá a partici-pação dos seguintes palestrantes:Dia 3 - José Gonçalves de Oliveira,de Cambé.Dia 10 - Dorotéia Cristina ZielSilveira, de Londrina.Dia 17 - Jane Martins Vilela, de Cam-bé.Dia 24 - Cilene Dias Soares da Silva,de Cambé.Dia 31 - David José de Oliveira, deIbiporã.As palestras se iniciarão sempre às20h30.

“Reflexão Espírita” é postofora do ar

A notícia veio de modo inusitado einformal: a partir deste mês, a TV Tro-pical, emissora associada à Rede CNTde Televisão, deixará de produzir pro-gramas locais, como os programas deOswaldo Militão, da Mafalda Lopes e,evidentemente, o “Reflexão Espírita”,que era transmitido aos sábados à tarde.A empresa que arrendou a Rede CNTproduzirá e transmitirá diretamente doRio de Janeiro a programação diária, deforma que nenhum programa será gera-do a partir de Londrina. A notícia signi-fica que foram rompidos todos os con-

tratos com pessoas e grupos, sem queviesse dos responsáveis nenhuma infor-mação ou justificativa. Segundo o con-frade Luis Claudio Galhardi, apresen-tador do “Reflexão Espírita”, todos osprejudicados em Londrina estão tentan-do reverter a situação. Se não houverentendimento através de conversas, cer-tamente medidas judiciais serão toma-das para fazer valer os contratos.Mafalda Lopes é uma das pessoas afe-tadas pela medida e se encontra à frentedesse movimento. O programa “Refle-xão Espírita” é transmitido também viainternet pela TVCEI. Nada, contudo,está definido a respeito de sua continui-dade em outra emissora da cidade.

Conferência Espíritaocorre em março

A Federação Espírita do Paraná pro-move nos dias 23 a 25 de março a IXConferência Estadual Espírita, que terácomo tema central “O Livro dos Espí-ritos: 150 anos de convite ao amor e àinstrução”. Divaldo Pereira Franco,Raul Teixeira e Cosme Massi farão se-minários sobre “A felicidade segundo oEspiritismo”, “Uma visão nova da vidae da morte” e “Um novo conceito devirtude”, respectivamente, além de pa-lestras. O evento será no Expotrade, emPinhais: Rodovia Deputado JoãoLeopoldo Jacomel, 10.454, região Me-tropolitana de Curitiba. Outras informa-ções podem ser obtidas através do tele-fone da FEP: (41) 3223-6174, ou pelosite www.feparana.com.br.

Congresso Brasileiro deEsperanto em julho

Nos dias 8 a 13 de julho de 2007, noRio de Janeiro, realiza-se o 42º Congres-so Brasileiro de Esperanto, que conta coma colaboração de todos para que essapossa ser mais uma grande iniciativa emprol da divulgação da Língua da Frater-nidade. As formas de ajudar são as maisvariadas: através da busca de patrocíni-os, da organização de eventos artísticos,da montagem de estandes ou até por meiode sugestões. Outro jeito de ajudar é ofe-recendo hospedagem aos esperantistasque irão ao Rio, já que eles podem terdificuldades devido aos hotéis estaremlotados por conta dos Jogos Pan-Ameri-canos, que ocorrem de 13 a 29 de julho.Outras informações, na página da Asso-ciação Esperantista do Estado do Rio deJaneiro: www.aerj.org.br.

Aparições em novela dãogrande audiência

As aparições espirituais da persona-gem Nanda, interpretada pela atrizFernanda Vasconcellos, têm elevado osíndices de audiência da novela das 21h,da Rede Globo. Segundo o jornal “O Es-tado de S. Paulo”, cada vez que o Espí-rito de Nanda surge na tela o Ibope sobe5 pontos, percentual significativo parao folhetim, que tem obtido uma médiasemanal de 46 pontos de audiência. Asaparições, no entanto, nada têm a vercom os números, afirma o autor Mano-el Carlos, que diz não monitorar a audi-ência dos seus folhetins. “Coloco aNanda porque gosto e porque faço esseexercício em todas as minhas novelas.Vou escrevendo e à medida que vouachando necessário, vou fazendo essasaparições”, afirmou o novelista.

“O Livro dos Espíritos”em húngaro

O Conselho Espírita Internacional(CEI) acaba de lançar a edição em hún-garo de “O Livro dos Espíritos”. “ASzelle mek Könyve” foi traduzido peloesperantista Szabadi Tibor J., direta-mente da versão em Esperanto, quecontou, por sua vez, com tradução do

Divaldo Franco na TVtodos os domingos

A TVCEI lança com exclusivida-de o primeiro programa de TV espí-rita voltado para a internet. É o pro-grama Encontro com Divaldo, trans-mitido diretamente da Mansão doCaminho (Salvador-BA), para o mun-do. Agora, espíritas do mundo intei-ro poderão enviar perguntas para oestimado médium Divaldo PereiraFranco (foto), para que sejam respon-didas na TVCEI. O programa é exi-bido todos os domingos, às 9h damanhã (horário de Brasília). Quemnão puder assistir aos domingos, po-derá acompanhar as reprises queocorrem nas quintas e sextas-feiras,às 21h, horário de Brasília. Mais de50 países estão conectados com aTVCEI. Confira a programação com-pleta através do site www.tvcei.com.

26a Cojel ocorre nopróximo carnaval

Realizada no interior de MinasGerais, a Confraternização dos JovensEspíritas de Leopoldina (Cojel) este anochega à sua 26ª edição, com a expecta-tiva de 250 participantes. O evento atraijovens de diferentes faixas etárias, dezero a 80 anos, que dessa vez terão aoportunidade de estudar um tema dosmais oportunos para 2007: “O Livrodos Espíritos – 150 anos”. O assuntoserá desdobrado em quatro partes, en-tre os dias 17 e 21 de fevereiro, sen-do intercalado com outras atividades,como teatro, esportes, leituras, ofici-nas de idéias e música. Mais infor-mações, com Lívia Muchinelli, doDepartamento de Divulgação da Cojel,pelo telefone (32) 9108-0119, de Juizde Fora, ou do correio eletrô[email protected]; ou nasede do Centro Espírita Tintino Pires,que organiza o evento. Endereço: RuaDr. Nilo Colona dos Santos, 206 – São

saudoso Prof. Porto Carreiro Neto. Otrabalho é fruto de parceria com aFederação Espírita Brasileira, queabriga em sua sede, em Brasília, aSecretaria Geral do CEI, para ondedevem ser encaminhados os pedidosdo livro, oriundos de qualquer partedo mundo. Endereço: Av. L-2 Norte–Quadra 603 – Conjunto F (SGAN)– CEP 70830-030 Brasília, DF.

Círculo de Leitura “AnitaBorela de Oliveira”

No dia 28 deste mês, na residên-cia de Manoel Martinho Figueiredo,realiza-se mais uma reunião do Cír-culo de Leitura “Anita Borela de Oli-veira”, a primeira do ano, quandoserá concluído o estudo da RevistaEspírita de 1869, a última dada alume sob a responsabilidade deAllan Kardec, que faleceu no dia 31de março de 1869. A obra a ser estu-dada a partir de fevereiro, no tercei-ro domingo de cada mês, será “O Li-vro dos Médiuns”. O Círculo de Lei-tura aceita a inclusão de novos par-ticipantes. Quem se interessar podecontactar com Célia Cazeta no tel.3026-7980 ou pelo e-mail:[email protected].

Divaldo Franco no ar agora todos osdomingos pela TVCEI

Page 11: O IMORTAL - O CONSOLADOR · te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de

O IMORTALPÁGINA 12 JANEIRO/2007

ELSA [email protected]

De Londres

Naquela manhã de sol, comovenho fazendo em alguns sábadosquando temos eventos espíritas oureuniões da BUSS em Londres, apa-nhei o trem na bela e antiga estaçãode Brighton rumo a Victoria Station.

Aproveitando o tempo, abro ocomputador para retomar o traba-lho já iniciado. Enquanto isso, ficoadmirando pela janela a paisagemcampina que velozmente é deixa-da pra trás.

Como são lindos os campos daInglaterra! Não me canso nunca deolhar, mesmo que eu faça essa vi-agem tantas vezes, como sói acon-tecer. Ora é uma formação de gan-sos selvagens no azul dos céus semnuvens, que passam migrando aonorte, ora são dezenas de lebresque saltitantes fogem do barulhodo trem, ora são as raposas que,deitadas ao sol, nem se importamcom o trem ou com as lebres...

Não há como desprender os olhosdesta obra de arte do Criador, quesempre tira o primeiro lugar em me-dalhas de ouro na exposição de arteda eterna galeria da Humanidade.

Dentro do trem, chamou-me aatenção a movimentação que acon-tecia dois bancos em frente aomeu. Como os encostos são altos,não dava para divisar com preci-são o que estava acontecendo.

Na Inglaterra, e penso que naGrã Bretanha, dificilmente alguémse aproxima de outro para interferirem algo. Já faz parte desta culturamilenar o respeito ao espaço alheio.

Em dado momento, a pessoa queestava chamando a atenção de todosse levanta e sai em procura de algoque havia perdido. Uns e outros selevantaram, mudando de assentos,somente depois eu entendi o porquê.

Dois olhos azuis perdidos embarbas espessas e cabelos desgrenha-dos, e uma mão completamente sem

trato, unhas sujas e compridas se vol-tam a mim e ouço a pergunta: – I’velost my precious silver spoon!!! Didyou se it? Imediatamente eu respon-di que eu não havia visto sua colherde prata que ele havia perdido.

Pensei: – Meu Deus! Esta cria-tura de Deus não deve ter mais doque uns 40 anos e nesse estado. Écerto que encontramos muitas, masmuitas pessoas com problemas queousamos dizer de obsessão, soltaspelas ruas, inofensivas para os de-mais. Quando em tendo o conheci-mento espírita, sabemos o que podeestar por detrás daquela fragilidadeespiritual num corpo humano semo mínimo cuidado.

Na Inglaterra respeitam-se aspessoas como elas são e como de-sejam permanecer. Não temos odireito de intervir de forma algu-ma. E as pessoas têm os mesmosdireitos de estar onde desejarem,dentro das condições normais darotina das cidades.

Ali não caberia nenhum diálo-go com ele, o que também costu-mo fazer, em tendo oportunidade.Para ele, a colher de prata naquelemomento representava todo o seutesouro e que ele perdera.

Um funcionário de uniforme,para o qual todos devem apresentaro tíquete quando solicitado, se apro-ximou e o “mendigo”, se assim po-demos chamá-lo, fez a mesma per-gunta. Educadamente, o funcioná-rio ferroviário ajudou-o a procurarsua colher de prata sob as poltronaspróximas, nada encontrando.

O nosso irmão mendigo esta-va aflito sem o seu objeto. Ele ex-plicava que eram duas colheres quesempre mantivera com ele, quenunca as perdera, e que agora umacolher ia ficar só, e mostrava paratodos a colher, e os seus olhos azuisclaros e brilhantes sob o reflexo dosol mostravam a sua tristeza. Ne-nhuma outra colher iria substituiraquela que ele provavelmente per-dera antes de adentrar no trem.

Não mais me concentrei no meupequeno computador. A paisagemficara distante em minha mente eservia apenas de pano de fundo paraminhas reflexões e orações em proldo meu irmão mendigo que estavaali, a dois metros de mim. O que eupodia oferecer a ele eram as minhaspreces e o passe através da vibraçãomental que eu lhe aplicava para queele se acalmasse e adormecesse. Otrajeto que leva uma hora para che-gar a Victoria Station em Londres re-sultava ainda em quase 30 minutos.Ele poderia neste tempo descansare, quem sabe, acordar melhor comas vibrações de luz que eu irradiavacom a ajuda dos Benfeitores.

Bendita Doutrina Espírita quenos ensina a atender e entender to-dos a nossa volta. Onde estaria suafamília? Com certeza há em algumlugar alguém que o ama, que lheinspira confiança, que poderia lhedar um afeto e ajudá-lo melhor.

Como será maravilhoso o tem-po em que a Doutrina Espírita pu-der ser divulgada com facilidade,sem restrições.

Em nome de “Religião” fize-ram-se muitas barbaridades na Eu-ropa. As Cruzadas, por onde pas-saram, deixaram rastros de sanguee de ódio diante da cruz. Qualquersímbolo que lembre religião geradesconfiança. Isso vem sendo pas-sado de geração a geração, fazen-do com que Deus estivesse muito,mas muito distante para uma gran-de maioria desta população.

Quantos prédios que foram umdia igrejas hoje são convertidos emfamosos pubs, outros foram trans-formados em moradias sempre es-cassas e outros ainda são locais ondese realizam bingos, leilões, etc.

E onde ficou Deus? Esquecido.Fica até confortável pra alguns

não ter o endereço de Deus, poisassim se recordam menos do que apalavra religião significou paraseus ancestrais. Houve sim muitosofrimento e torturas, que os livros

dos historiadores estão repletos deconteúdo que os quase sádicoslêem com avidez.

Há esperança! Há possibilida-de de melhoramento. Sente-se len-tamente uma abertura para o traba-lho de levar a mensagem de Jesusaos corações doloridos. Hoje, pas-sados três meses deste episódio notrem, podemos dizer que estamosem momento de muitas alegrias. Sóneste mês (N.R.: A autora refere-sea setembro de 2006, quando estacrônica foi escrita) estão sendo lan-çados no Reino Unido quatro ma-teriais significantes em língua ingle-sa: o CD de áudio Gospel at Home(como fazer o Evangelho no Lar esua importância), o livro ThePathway, the Truth and Life (Cami-nho Verdade e Vida), publicado peloConselho Espírita Internacional,traduzido por Publio Lentulus Co-elho, o livro The Soul of Matter,escrito por dra. Marlene RossiSeverino Nobre, presidente da As-sociação Médico-Espírita do Bra-sil e da AME-Internacional e ainda

Crônicas de Além-Mar

O mendigo e a colher de pratao livro infantil para espiritualizaçãoda criança My First Teddy Bear, deminha autoria, ainda sem traduçãoem português.

Temos a certeza de que, em go-tas homeopáticas, e buscando pro-porcionar em língua inglesa a espi-ritualidade também para a criança,possamos em breve tempo ter adep-tos da caridade, fraternidade e amor,não por imposição da lei terrena, maspelo amor a Jesus. A nossa colher deprata é a nossa Doutrina de Amor,tesouro inseparável de nossas vidascom o qual alimentamos nosso es-pírito. E assim meus amigos, a dor,a alegria, o trabalho diante do movi-mento espírita se expande por todasas terras de além-mar.

Ano Novo, Vida Nova

É o Ano Novo, em seu primeiro dia!Sou grato a Deus pelo que tem me dado;

Alternando tristeza e alegriaNo dia-a-dia do aprendizado.

Preciso me curar da miopiaQue não me deixa ver o outro lado;E não me enganar com a fantasia.É preciso estar sempre preparado!

Eu quero ser na vida um vencedor;Vencer em mim o mal e o desamorAprimorando o próprio coração...

A serviço do bem eu quero estarConjugando, integral, o verbo amar,E dando ao que cair a minha mão.

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

ELSA ROSSI, escritora e pa-lestrante espírita brasileira radicadaem Londres, é diretora do Depar-tamento de Unificação para os Pa-íses da Europa, organismo do Con-selho Espírita Internacionale secretária da British Union ofSpiritist Societies (BUSS).

Page 12: O IMORTAL - O CONSOLADOR · te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de

O IMORTALJANEIRO/2007 PÁGINA 13

“... e Ele, levantando-se, repre-endeu o vento e a fúria da água; ecessaram, e fez-se a bonança.” (1)

Sua mensagem alcançara asadimensionais fronteiras das al-mas, alastrando-se pelos países doshomens. De toda parte acorriam osnecessitados de todo jaez a busca-rem o Seu concurso. O dia foraexaustivo. O Mestre atendeu a gen-tes de várias partes que levarão asnotícias, mas, agora, Ele estavaextenuado. Antes que o poente deouro desapareça de todo, perpas-sam os suaves favônios enquantocoruscam os astros no firmamento.

Fazia-se mister demandar às ter-ras da Decápole. Os barcos se fize-ram ao mar àquela hora plácido, se-reno. O Rabi toma de um travessei-ro e, na popa da barca em que se-guem os irmãos Boanerges – João eTiago –, procura repouso. A brisaamena e o ar transparente parecemconfraternizar com os astros em festade prata salpicante no alto. Ao lon-ge vão ficando as praias de Cafar-naum que têm os olhos brilhantes,acesos em candeias vermelhas elâmpadas de barro fumegando...

As montanhas se recortam nassombras em redor das águas nooutro lado, desenhando múltiplasimagens grotescas. As cidadezinhasda orla das águas rebrilham distan-tes com as luzes festivas, e de lon-ge chegam canções trazidas pelasvagas... O Mestre dorme em pláci-da serenidade. Os vultos dos com-panheiros aparecem e se recortamna noite, próximos, nos outros bar-cos. Os remos cantam nas águas eos lemes estão seguros com vigor.Há inocente alegria conquanto al-gumas mesclas de preocupação.

“Olhem as nuvens” – gritouJudas, deixando transparecer umassomo de pavor.

Repentinamente as estrelas de-sapareceram sob nuvens escuras,borrascosas. Sopraram ventosinesperados de várias direções e opânico tomou vulto. Os barcos os-cilam nas águas encrespadas. Tro-vões espoucam após relampague-ares ligeiros. No célere clarãopode-se ver o medo estampado noshomens receosos...

- E Ele dorme! – exclama

André.- Dorme enquanto perecemos!

– grita Judas.- Confiemos! – insiste João.- O barco não suportará a bor-

rasca! – relata Simão.Cai a tempestade. As forças em

desgoverno sacodem o mar e o tu-multo domina a paisagem. Som-bras e desgraça em algaravia dehorror.

- Mestre! Mestre! – chamaJoão, receoso e trêmulo – perece-mos, se não nos salvares.

- Que tendes? – indaga o Rabi.- Perecemos, Amigo! – expli-

ca, tímido, o amado...Ele se ergue, abre os braços. O

relâmpago veste-o de argêntea cla-ridade.

- Calai! Emudecei!A Voz supera o sonido das for-

ças desconexas.- Aquietai!Os ventos amainam e as águas

desencrespam-se... A paisagem seveste de bonançosa serenidade,emoldurada pelo suave coruscardas estrelas. Pelo amanhecer osbarcos alcançam com segurança aspraias e as encostas de Gerasa, naDecápole.

***Recordando a tempestade do

mar da Galiléia, merece que exa-minemos o mar da nossa alma e atormenta das paixões que nos açoi-tam com freqüência inesperada,intempestivamente, enquanto queo Cristo, que deveríamos trazer in-ternamente, jaz adormecido semque as nossas ações o despertem.(2)

Em nossas perigosas travessiaspalingenésicas, sob o acicate dasdores, sob o açodamento de inúme-ras tempestades, sob o guante denossas múltiplas necessidades, enfer-midades, tormentas internas, dissa-bores, mister se faz encontrar o Su-blime Adormecido na intimidade denosso ser para fazê-lo acordar.

- “Mestre! Perecemos!“Abençoa-nos os propósitos de

melhoria interior.Ajuda-nos em nome da Tua

misericórdia, a fim de que sejamosfilhos do Teu amor, ovelhas do Teuaprisco, estrelas do Céu que Tugovernas.

“Jesus Amigo! Enquanto a Ter-ra inteira geme, enquanto vivemoshoras difíceis, contamos com a Tua

ROGÉRIO COELHODe Muriaé - MG

Travessia perigosaproteção, com a Tua assistênciapara as nossas vidas.

“Envolve-nos, Senhor!...”Conduze-nos aos remansosos e

abençoados pastos da felicidade.Orienta-nos, para que saibamosservir à Tua causa de Trabalho eRedenção. Permite-nos alcandore-mo-nos para o Teu encontro nessahora planetária de gravidade, nes-se momento telúrico onde corus-cam os raios da iniqüidade e rebo-am os trovões do egoísmo. Guar-da-nos, então!

Ajuda-nos a marchar pelasaléias do conforto íntimo, emboraas lutas que mantenhamos em der-redor; auxilia-nos a alcançar asavenidas do trabalho continuadono bem, não obstante as grandesfragilidades de nossos braços e otremor de nossos joelhos propria-mente desconjuntados.

Hoje, e não amanhã, é o dia denossa caminhada para as conquis-tas mais amplas. Hoje, e não de-pois, é o ensejo que se nos abre paraque encontremos felicidade noEvangelho do Reino como o Se-nhor nos distendeu há tanto tem-po. Não são mais as feras faméli-cas que nos vêm devorar os cor-pos, mas, sim, as paixões dissol-ventes, o egoísmo que nos vem al-cançar a intimidade da alma, caus-ticando-nos impiedosamente.

Convençamo-nos de que comJesus será sempre dia novo, sem-pre madrugada ridente para quejamais percamos o ensejo de reno-vação, para que cessem os medose angústias provocados pelas tem-pestades hodiernas.

Abençoa-nos o Mestre Jesusem nosso anelos de progresso, derenovação espiritual, para que hoje

e sempre, todos nós, juntos, nosentreguemos ao coração amoráveldo nosso Divino Pastor, sem desa-lentos, sem desânimos, na certezade que dia novo nos espera diantedo divino Amigo, o Zagal Celeste,para que nos convertamos nasmoradas acima num só rebanhoque Ele irá conduzir para as reman-sosas praias do mais além(3), coma mesma segurança que conduziuseus discípulos aterrorizados e va-cilantes através da tempestade domar da Galiléia, aportando em paznas terras da Decápole.

Bibliografia consultada:(1) – Lucas, 8:24.(2) – Amélia Rodrigues – “Luz

do Mundo”, cap. 6.(3) – Bezerra de Menezes –

Mensagem psicofônica por J. RaulTeixeira.

Momentos com Divaldo Franco

Caros leitores de nosso jornal,por alguns anos escrevi uma co-luna chamada “Um Minuto comChico Xavier”, para apresentaraos leitores momentos pitorescose sublimes da vida de nosso que-rido médium mineiro, que nosdeixou já há quase cinco anos.Neste ano, porém, lembramosque outro abnegado trabalhadorda Seara Crista Espírita comple-tará seus oitenta anos de vida,mais de sessenta dedicados àmediunidade com Jesus e comKardec. Por isso, durante este anopretendemos narrar histórias re-ais, ocorridas em sua vida, que,com certeza, servirão para todoscomo exemplo e reflexão.

Neste mês, selecionamos umado livro escrito por Ana MariaSpränger: “O Paulo de Tarso deNossos Dias”. Sentir-nos-íamosmuito honrados se pudéssemosreceber colaborações neste sen-tido ([email protected]).

Segue a narração:“Quem teve a ventura de as-

sistir a uma das conferências deDivaldo sabe que, ao términodelas, de toda parte surgem con-frades que lhe solicitam orações,notícias de familiares desencar-

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

o socorro de Chico Xavier. De re-pente, eis que lhe surge à frente oChico. Sem dizer qualquer pala-vra, Chico põe sobre a testa doNilson, aplica um passe no enfer-mo e com a mão faz um gestocomo se fosse o número dois, queDivaldo entendeu como lhe esti-mular calma. Em duas horas tudose normalizaria...Era a razão dogesto com o número dois queChico fizera.

Na manhã seguinte, encanta-do com o fato, Divaldo telefonoulá da África para D. Altiva Gló-ria Noronha, sua amiga, emUberaba, que freqüentava as reu-niões realizadas aos sábados porChico Xavier. Relata o próprioDivaldo:

“Eufórico, eu queria contartudo a ela, mas Altiva falou primei-ro, e foi dizendo: “Olhe, Divaldo,tenho um recado do Chico paravocê. Ele manda avisar que se lem-bra da sua grande preocupação comNilson. Pediu-lhe que, quandovocê chegasse, eu dissesse...”

E Altiva foi contando tudo oque acontecera. Quando termi-nou, perguntou: “Mas, Divaldo,o que é que você queria me con-tar? Uai, você já está no Brasil,já chegou?”

– “Não, Altiva. Era tudo issoque você me contou que eu que-ria contar. Ainda estou na África.”

nados e também sua palavra bon-dosa e amiga.

Contou-nos Divaldo, em meioaos ensinamentos que sempre trans-mite, nessas ocasiões de maior co-lóquio, que numa de suas idas àÁfrica, cumprindo longo eininterrupto roteiro de palestras,enfrentou, logo de início, surpreen-dentes mudanças climáticas. Poisele saíra de Salvador, com Nilsonde Souza Pereira, com os termôme-tros marcando quase 40º à sombra.No dia seguinte, em Pretória, cida-de onde fez a primeira palestra, ostermômetros já marcavam tempera-turas negativas. Um dia após, emoutra cidade africana, a temperatu-ra já era positiva. As bruscas mu-danças do clima foram sentidas peloNilson. Tarde da noite ele estavacom febre e Divaldo tentou, inclu-sive, chamar um médico. Não ha-via telefone. E ele ignorava tambémonde estavam os anfitriões que, tãogenerosamente, propiciaram aque-la hospedagem acolhedora.

Divaldo contou que orou, apli-cou passes em Nilson e, subitamen-te, lembrou-se que àquela horaChico Xavier deveria estar emUberaba atendendo aos sofredoresque, vindos de toda parte, solicita-vam orações, notícias de familiaresdesencarnados e, pedindo tambémuma palavra bondosa e amiga.

Divaldo buscou, mentalmente,

Page 13: O IMORTAL - O CONSOLADOR · te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de

O IMORTALPÁGINA 14 JANEIRO/2007

Encarnação e reencarnação(2a parte - Conclusão)

Podemos estudar a reencarnaçãotambém em livros não espíritas,como Vinte casos sugestivos de re-encarnação, de Ian Stevenson eBanerjee. Há dois casos do Brasil.

Em Londrina, há anos, uma ma-terialista russa, Bárbara Ivanova,atéia, que fazia curas por telefone,provou materialmente tudo o que oEspiritismo vem afirmando há anos.

O que diz Allan Kardec?O Espírito é o ser pensante e que

sobrevive à morte. O corpo não é maisdo que um acessório do Espírito, uminvólucro, uma roupagem que eleabandona depois de usar. Além desseenvoltório material o Espírito possuioutro, semimaterial, que o liga ao pri-meiro. Na morte, o Espírito abandonao corpo, mas não o segundo envoltó-rio, a que chamamos perispírito. Esseenvoltório semimaterial, que tem amesma forma humana do corpo é umaespécie de corpo fluídico, vaporoso,invisível para nós no seu estado nor-mal, mas possuindo ainda algumaspropriedades da matéria. Nascer –

morrer – renascer ainda e progredirsempre, tal é a lei.

A reencarnação faz parte dosdogmas judaicos sob o nome de ressur-reição. Em hebraico e nos livros sagra-dos judeus, encontramos Guilgul (reen-carnação). O termo para reencarnação,em hebraico, é guilgul neshamot, quesignifica literalmente, a roda das almas

Devemos escutar e prestar aten-ção ao que dizem nossos filhos e ne-tos até 7 a 8 anos, e teremos idéia desuas experiências anteriores ao nasci-mento. H. Spencer Lewis, FRC PhD,em Autodomínio e o Destino com osCiclos da Vida, nos diz que “A vida,em si, é continua e imutável, portantonão pode ter começo nem fim”.

Assim como o Homem nasceu paraser uma alma vivente e não apenas umcorpo animado por uma alma, assimtambém ele evolui, de período a perío-do, desde o nascimento, passando deser físico a espiritual, aproximando-sedessa forma, cada vez mais, do propó-sito da suas existências. ““

O Espiritismo não consola, explicaas desgraças da vida. (Lily Marinho,esposa do fundador da Rede Globo.)

Segundo a revista Veja de11.5.2005, É possível que a existên-

GILBERTO [email protected]

De Bragança Paulista

O IMORTAL na internetDesde abril de 2004, o jornal O IMORTAL pode ser lido, na

íntegra, pela internet, no site abaixo:

www.editoraleopoldomachado.com.br/imortal/indice.htmPara escrever à Redação do jornal, o interessado deve utili-

zar o e-mail abaixo indicado:

[email protected]

cia humana, tão complexa e rica, sedissolva quando o coração pára?Com uma resposta prática para essaquestão crucial e a promessa de co-municação direta com os mortos, oEspiritismo tornou-se a religião – ou,pelo menos, a segunda opção religi-osa – de 40 milhões de brasileiros.

Se somos 180 milhões de brasi-leiros, 40 milhões é igual a 22% dapopulação. Mas só 2% da popula-ção se diz espírita (3.600.000). Ain-da temos medo de nossa opção filo-sófica, doutrinária, cientifica?

51% dos americanos acreditamem espíritos e 27% crêem em reen-carnação.

Hoje temos 10.000 centros espíri-tas contra 3.000 nos anos 90. 200 edi-toras espíritas. 22 milhões dos 7 livrosde Kardec vendidos. Chico Xavier es-creveu mais de 400 livros psicografa-dos e vendeu 30 milhões de exempla-res. O ser humano já foi definido comoo único animal que sabe que vai mor-rer. É natural que a pergunta seguinteseja: O que vem depois?

O ciclo de reencarnação e renas-cimento é o núcleo do hinduísmo edo budismo, e estava na base daprópria vida do Egito dos faraós.

Estudando as obras de André Luiz

Neste mês veremos uma auladada pelo orientador espiritualCalderaro, registrada no livro “NoMundo Maior”, em que ele dividedidaticamente o cérebro em trêsandares para melhor entendermosnossa origem e nosso destino espi-ritual. Diz o mentor a André Luiz:

“No sistema nervoso, temos océrebro inicial, repositório dos mo-vimentos instintivos e sede das ati-vidades subconscientes; figuremo-lo como sendo o porão da individu-alidade, onde arquivamos todas asexperiências e registramos os me-nores fatos da vida. Na região do

dares: no primeiro situamos a “resi-dência de nossos impulsos automáti-cos”, simbolizando o sumário vivodos serviços realizados; no segundolocalizamos o “domicílio das con-quistas atuais”, onde se erguem e seconsolidam as qualidades nobres queestamos edificando; no terceiro, te-mos a “casa das noções superiores”,indicando as eminências que noscumpre atingir. Num deles moram ohábito e o automatismo; no outro re-sidem o esforço e a vontade; e no úl-timo demoram o ideal e a meta supe-rior a ser alcançada. Distribuímos,deste modo, nos três andares, o sub-consciente, o consciente e o super-consciente. Como vemos, possuímos,em nós mesmos, o passado, o presentee o futuro.”

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

córtex motor, zona intermediária en-tre os lobos frontais e os nervos, te-mos o cérebro desenvolvido, con-substanciando as energias motoras deque se serve a nossa mente para asmanifestações imprescindíveis noatual momento evolutivo do nossomodo de ser. Nos planos dos lobosfrontais, silenciosos ainda para a in-vestigação científica do mundo, ja-zem materiais de ordem sublime, queconquistaremos gradualmente, no es-forço da ascensão, representando aparte mais nobre de nosso organis-mo divino em evolução.

...Não podemos dizer que possuí-mos três cérebros simultaneamente.Temos apenas um que, porém, se divi-de em três regiões distintas. Tomemo-lo como se fora um castelo de três an-

Page 14: O IMORTAL - O CONSOLADOR · te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de

O IMORTALJANEIRO/2007 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1867 (Parte 1)

Iniciamos nesta edição a publi-cação do texto condensado da Re-vista Espírita de 1867. As páginascitadas referem-se à versão publi-cada pela Edicel.

*1. Abrindo o número de janeiro

de 1867, Kardec pede aos seus ir-mãos em crença que tenham cora-gem e perseverança, porque se apro-ximava o momento das grandes pro-vas. É nas grandes provas, diz o Co-dificador, que se revelam as gran-des almas. E é também aí que se re-velam os corações verdadeiramenteespíritas, pela coragem, resignação,devotamento, abnegação e caridadede que dão exemplo. (Págs. 1 e 2.)

2. Escrevendo sobre a expansãodo movimento espírita na Europa,Kardec diz que quando uma coisaestá certa, e é chegado o momentode sua eclosão, ela marcha a despei-to de tudo. O Espiritismo ia assimavançando, à semelhança de um cur-so d’ água que se infiltra na terra eabre uma passagem à direita se obarram à esquerda. Um fato notó-rio observado por Kardec é que, noseu conjunto, a marcha do Espiritis-mo não havia sofrido até então ne-nhuma parada, embora ela tivesse setornado menos rápida. (Págs. 2 e 3.)

3. Duas grandes correntes deidéias dividiam a sociedade da épo-ca: o Espiritismo e o materialismo.Minoritário, o materialismo haviatomado grande extensão nos últi-mos anos. Kardec os classifica, emartigo transcrito na Revista, em di-versos grupos. (Págs. 4 a 7.)

4. Kardec entendia, então, quecertas pessoas, enquanto viverem, ja-mais aceitarão, aberta ou tacitamen-te, o Espiritismo, como há os que ja-mais aceitarão certos regimes políti-cos. Mas isso não importa, porque oEspiritismo marcha com o futuro e,como não se apóia em dogmas, nadatem a temer. (Págs. 7 e 8.)

5. O espírita deve, diante de seusoponentes, esforçar-se em mostrarpor seu próprio exemplo o que adoutrina espírita é. Não basta dizer-se espírita. Aquele que o é de cora-ção prova-o por seus atos. Não pre-gando a doutrina senão o bem, o res-peito às leis, a caridade, a tolerânciae a benevolência com todos, e repu-diando toda violência feita à cons-ciência alheia, aquele que não se

afasta da linha traçada não pode in-correr em censuras fundadas nem emperseguições legais. É que diante dobem a própria incredulidade trocis-ta se inclina. E é dessa forma que oEspiritismo atravessará as tempes-tades que serão amontoadas em suaestrada e sairá triunfante de todaselas. (Págs. 8 e 9.)

6. Um fato importante observa-do por Kardec diz respeito às reuni-ões espíritas realizadas na intimida-de das famílias, as quais se haviammultiplicado consideravelmente emParis e nas principais cidades, em ra-zão do aumento do número de mé-diuns e de adeptos. O ano recém-fin-do viu também realizadas certas pre-visões feitas pelos Espíritos, como aexpansão da mediunidade curadora,que se revelou em plena luz e pormeio de muitas pessoas. Em certosgrupos manifestavam-se numerososcasos de sonambulismo espontâneo,de mediunidade falante, de segundavista e de outras variedades medianí-micas que forneceram úteis assuntosde estudo. Não havia, pois, motivospara pessimismo. (Págs. 9 e 10.)

O Espírito possui um corpoincorruptível, que o reveste

após a morte corporal

7. Os pensamentos espíritas cor-riam o mundo – afirmou Kardec,mencionando frases e comentáriosextraídos da imprensa laica, comoa revista Siècle de 2 de dezembrode 1866. Ele examina então apopularização pela imprensa dacrença na reencarnação, um dosprincípios fundamentais do Espiri-tismo, que constitui, por si só, a ne-gação do materialismo e dopanteísmo. (Págs. 10 a 12.)

8. Outro princípio espírita – o damanifestação dos Espíritos entre oshomens – também ocupou o notici-ário de janeiro. Curiosamente, o pa-dre V..., cura da igreja de Saint-Vincent de Paul, no sermão pronun-ciado em novembro de 1866, fazen-do o elogio do patrono da paróquia,disse: “O Espírito de São Vicente dePaulo está aqui, eu o afirmo, meusirmãos: está em meio a nós; plainasobre esta assembléia; vê-nos e nosouve; eu o sinto perto de mim, queme inspira”. (Pág. 12.)

9. Kardec comenta essa declara-ção e esclarece que o fato era plena-mente possível, porque o Espíritopossui um corpo incorruptível, queo reveste após a morte corporal epode, portanto, fazer-se visível. A

esse corpo o Espiritismo dá o nomede perispírito, que é um dos elemen-tos constitutivos do ser humano. Tra-ta-se do mesmo corpo espiritual a quePaulo de Tarso alude numa de suascartas aos Coríntios. É com esse cor-po que os Espíritos podem manifes-tar-se em nosso meio. Sobre o assun-to Kardec menciona trecho de um li-vro sobre o magnetismo publicadoem 1842 pelo sr. Charpignon, em queo autor se reporta explicitamente aoperispírito. (Págs. 12 e 13.)

10. Sob o título Os romances es-píritas, a Revista relaciona diver-sas obras – romances e peças –publicadas na França em que o temacentral eram os fenômenos ou asidéias espíritas. Eis os romances ci-tados no artigo: Spirite, deThéophile Gautier (romance já re-ferido anteriormente e que recebeuno Brasil o título de O IgnoradoAmor); La double vue (A dupla vis-ta), de Elie Berthet; La seconde vie,de X. B. Saintine; Séraphita, deBalzac; Consuelo, Drag e Comfessede Rudolfstade, de George Sand;Histoires de l’ autre monde,racontées par des Esprits, do sr. deGermonville; Nouveaux Mystèresde Paris, de Aurélien Scholl; eL’Assassinat du Pont-Rouge (O As-sassinato da Ponte-Vermelha), deCharles Barbara. (Págs. 14 a 21.)

A prece é um bálsamo inefável: éa caridade que devemos fazer a

todos os infelizes

11. Quem lê o romance do sr.Charles Barbara imagina que ele te-nha sido espírita fervoroso. Entretan-to não o era. Barbara morreu numacasa de saúde, ao atirar-se pela jane-la num acesso de febre cerebral. Foraum suicídio, atenuado pelas circuns-tâncias, assunto a que o próprioBarbara se referiu em uma comuni-cação dada na Sociedade Parisiensede Estudos Espíritas pouco tempodepois de seu falecimento. (Pág. 21.)

12. Na comunicação, transmitidaa 19/10/1866 por meio do sr. Morin,Barbara disse que ainda se encontra-va perturbado, especialmente pelofato de ter buscado no suicídio o fimde seus sofrimentos na Terra. E con-fessou que não conhecia o Espiritis-mo quando escreveu o romance. Ele,aliás, quando encarnado, ria das tesesespíritas, o que agora lamentava, ar-rependido. “Não duvideis, senhores –explicou Charles Barbara –: muitosescritores são, muitas vezes, instru-mentos inconscientes para a propaga-

ção das idéias que as forças invisíveisjulgam úteis ao progresso da huma-nidade. Não vos admireis, pois, de osver escrever sobre o Espiritismo semnele crer: para eles é um assunto comoqualquer outro, que se presta ao efei-to, e não suspeitam que a ele sejamlevados mau grado seu.” Concluin-do, Charles Barbara pediu: “Orai pormim, senhores, porque a prece é umbálsamo inefável. A prece é a carida-de que se deve fazer aos infelizes dooutro mundo, dos quais sou um”.(Págs. 21 a 23.)

13. A Revista transcreve dois ar-tigos publicados pelos periódicosFrance, de 14/9/1866, e Evénement,de 26/8/1866, em que são tecidasconsiderações depreciativas acercados espiritistas. O primeiro chegouaté a fazer um retrato físico do espí-rita-padrão, que teria a pele pálida eos olhos perdidos num vago oceâni-co, além de cabelos curtos, se mu-lher, e longos, se homens. O segun-do destaca os erros ortográficos co-metidos pelo Espírito de Lamennaise a ignorância de Cervantes. Kardecdiz que não devemos perder tempocom críticas desse quilate. “Seria –diz o Codificador – trabalho inútilrefutar coisas que se refutam por simesmas.” (Págs. 23 a 26.)

A grande maioria dos casos deloucura advém do desespero e

da falta de coragem moral

14. Morto subitamente de umataque de apoplexia fulminante,Charles-Julien Leclerc, que haviaaprendido no Brasil as primeiras no-ções de Espiritismo, manifestou-sena Sociedade de Paris na primeirasessão que se seguiu ao seu sepulta-mento. Da comunicação de Leclerc,que integrava a equipe presidida porKardec, destacamos as informaçõesseguintes: I) Leclerc ficou muito sur-preso com sua morte, que acabou lhecausando profundo choque porque,em absoluto, não a esperava. II) Nomomento em que a morte o feriu, elea recebeu como que uma cacetadana cabeça: um peso esmagador o der-rubou, mas, de repente, sentiu-se ali-viado. III) Seu Espírito planou en-tão acima do seu cadáver e viu comespanto as lágrimas dos familiares,dando-se conta do que havia sucedi-do. No fim da mensagem, Leclercdisse estar muito feliz, ao lado deamigos que o precederam na vida es-piritual, como Sanson, Jobard,Costeau, a sra. Dozon e tantos ou-tros. (Págs. 27 a 29.)

15. A Revista anuncia para omês de janeiro o lançamento de umacoletânea de poesias mediúnicas re-cebidas pelo sr. Vavasseur, bemcomo a impressão de um desenhofeito pelo sr. Bertrand, médium es-crevente integrante da SociedadeEspírita de Paris, que retratou AllanKardec. Esse desenho foi posto àvenda no escritório da Revista, fatoque levou o Codificador a publicaruma nota dizendo-se “completa-mente estranho a essa publicação,como a de retratos editados por vá-rios fotógrafos”. (Pág. 30.)

16. Três notícias fecham o núme-ro de janeiro de 1867: I) O retorno àcirculação da Union Spirite, deBordeaux, redigida pelo sr. A. Bez, aqual havia sido interrompida por cau-sa de grave moléstia que acometeu seudiretor. II) A suspensão da publicaçãodo jornal espírita italiano Voce di Dio,em razão das devastações causadaspelo cólera na cidade de Catânia. III)A divulgação de um erro cometido napublicação da obra de J. B. Roustaing,cuja retificação este pede que os leito-res façam à margem da página III do3o. volume. (Págs. 31 e 32.)

17. Na abertura do número de fe-vereiro, Kardec complementa artigopublicado em janeiro acerca do livrepensamento e da livre consciência.Segundo ele, os livres pensadores po-diam ser divididos em duas classesdistintas: os incrédulos e os crentes.Esmiuçando o assunto, Kardec dizque, se for feita a estatística de todosos que perdem a razão, se verá que omaior número está precisamente dolado dos que não crêem no futuro, oudele duvidam, e isto pela razão bemsimples que a grande maioria dos ca-sos de loucura é produzida pelo de-sespero e pela falta de coragem mo-ral, coragem que faz suportar as misé-rias da vida, ao passo que a certeza dofuturo torna menos amargas as vicis-situdes do presente. (Págs. 33 e 34.)

18. Kardec relaciona, em seguida,alguns erros clamorosos cometidospor homens ligados à Ciência, o queprova que esta não pode ser tida comoinfalível em todas as suas afirmativas,visto que os homens podem se enga-nar, como se enganaram, por exem-plo, ao rejeitarem o sistema de Fulton.Os que negam a existência de Deusporque não o vemos, nem podemosdemonstrá-lo por uma equação algé-brica, se esquecem de que a força degravitação também não se pode ver e,no entanto, todos a aceitam por causados seus efeitos.(Págs. 35 e 36.) (Con-tinua no próximo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

Page 15: O IMORTAL - O CONSOLADOR · te, o “Reflexão Espírita”. A empresa que arrendou a Rede CNT produzirá e trans-mitirá diretamente do Rio de Janeiro a pro-gramação diária, de

O IMORTALPÁGINA 16 JANEIRO/2007

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

Você por certo já ouviu falarde Arte Espírita, não é mesmo?Não? Então vamos avivar sua me-mória...

Lembra-se de algum cartaz afi-xado na Casa Espírita, divulgan-do um evento de “arte espírita”,seja um concerto, uma mostra,uma semana de arte? Lembra deter escutado uma notícia no rádioou na TV, onde algum roteiristatransformou em peça teatral umaobra espírita (ou mediúnica), doChico ou da Zíbia Gasparetto?Lembra de, numa ocasião especi-al (ou, nem tanto!) ter presencia-do uma apresentação de coral, con-junto vocal ou musical, teatro, de-clamação de poesia? Pois então!Não falei que você ia lembrar?...

Mas será esta a arte espírita?Ou, noutras palavras, ela se resu-me ou se individualiza nestas for-mas de expressão?

Sinceramente, não!A arte “espírita” pode identi-

ficar duas vertentes: a primeira, re-lativa à arte “dos espíritas”, isto é,aquela que é desenvolvida por pes-soas que freqüentam instituiçõesou grupos espíritas, ou, mesmonão freqüentando ostensivamente,declaram-se seguidoras ou simpa-tizantes das idéias da Doutrina Es-pírita. A segunda engloba a parti-cipação do plano invisível em nos-so orbe, através da mediunidade -que não é patrimônio dos espíri-tas – mas consiste na espirituali-zação da arte, de modo que a ex-pressão artística (em qualquer desuas modalidades) possa ser umveículo de elevação do ser, de des-coberta de seus potenciais criati-vos, de satisfação e prazer, a simesmo e aos que o rodeiam. Porisso se diz que inúmeros Espíritos(desencarnados) associam-se aoshomens para intuir-lhes idéias,dar-lhes informações, elevar-lheso caráter e o sentimento, utilizan-do-se de dons destes últimos paraa transmissão da verdadeira arte.

MARCELO HENRIQUEDe Florianópolis

A arte como expressão criativaespiritual serve, assim, para os ane-los de elevação do ser, captando asreais e mais puras vibrações psíqui-cas, que são expressões do pensa-mento de Espíritos elevados, con-dição a que todos estamos sujeitosem face da marcha do progresso.

Evidentemente, face ao padrãovibratório que possuímos, ainda nãopodemos nem imaginar o teor daarte espiritual. Todavia, em diver-sos ramos artísticos, apesar da li-mitação de nós, Espíritos que ain-da vivemos na condição errante (emprova e em expiação), já vislumbra-mos melodias, tons, cores e poemasde extrema beleza e sensibilidade,certamente um esboço do que sejaa real expressão artística superior.

Quem de nós já não se emocio-nou ao ouvir uma tocata de Mozart,Bach ou Haendel? Alguns anosatrás, participando de algumas as-sociações corais, não-espíritas, deFlorianópolis, tive a oportunidadede apresentar duas obras magnífi-cas: Réquiem, de Mozart e O Mes-sias, de Haendel. Acordes sublimes,melodias da alma imortal, sons deelevada espiritualidade associadosaos versículos da Bíblia, ambos re-lacionados à passagem de Jesus porsobre a Terra. Em paralelo, recor-do-me do filme Amadeus, de MylosForman, uma biografia (não auto-rizada) do compositor WolfgangAmadeus Mozart. Em diversas ce-nas havia clara referência da parti-cipação de entidades desencarnadasassociadas ao gênio musical vivo.Durante sua enfermidade, inclusi-ve, ele permaneceu compondo, semparar, dando a impressão de quevivia muito mais no planoextrafísico do que na carne...

Mas, voltemos à arte “dos espí-ritas”. Em foro de discussão a nívelda divulgação da Doutrina Espíri-ta, em eventos nacionais, temos ma-nifestado nossa preocupação com apureza doutrinária, a qualidade dostrabalhos artísticos e a ocupação deespaços exteriores aos núcleos eeventos espíritas para a apresenta-ção de manifestações da arte (feita

pelos espíritas e/ou envolvendoconceitos e informações espíritas).

O primeiro item, cremos, é omais delicado, porque requer estu-do e cuidado constante, para queidéias alienígenas não sejam enxer-tadas junto às manifestações artísti-cas, uma vez que, face à diversidadede tendências, formações culturais einteligências, muitos podem pensarque esta ou aquela idéia ou expres-são guarda consonância (ou não écolidente) com o arcabouço espíri-ta. Não é bem assim! Para se confi-gurar como meio de expressão ar-tística da filosofia (e ciência) espíri-ta, tanto o método quanto a essênciadevem ser compatíveis totalmentecom os preceitos espiritistas. Senão,será tudo, menos Arte Espírita!

Isto também não significa utili-zar o canal da arte para explicitartoda a teoria espírita, em detalhes,com discussões a nível de filosofiaou ciência, nem, tampouco, dar li-ção de moral no público, caindo noerro de fazer pregação evangélica!

O segundo aspecto, a qualidadedas apresentações ou dos resultados(gráficos, sonoros ou produções te-atrais) deve, necessariamente, rom-per seu pacto com o amadorismo –a chamada boa-vontade de fazer,tão-somente. Os recursos técnicose profissionais são componentesimprescindíveis para conferir qua-lidade à apresentação. Evidente-mente que os custos serão elevados

– não somos românticos de imagi-nar que os patrocínios estão à espe-ra de nossas iniciativas, ou ao al-cance de nossas mãos. Para isso, oinvestimento sério na profissiona-lização da arte é imperioso e desem-bocará no necessário tratamento dasapresentações artísticas espíritas,em teatros, cinemas, centros de con-venção ou outros locais do gênero,com a cobrança de ingressos emvalores semelhantes aos da arte emgeral.

Não há como fugir disso! Já sepercebe o imenso interesse da po-pulação leiga nas informações, his-tórias e conceitos da vida no Além.É o momento, então, de aproveitaro entusiasmo das pessoas para, aospoucos e com critério, começar adifundir os conceitos espíritas, semcair, no entanto, no grave erro defazer proselitismo religioso ou di-vulgação da Doutrina como “a me-lhor religião, a necessária crença, ofuturo das religiões”, ou coisa queo valha.

Respeitar os princípios espíritas,certamente. Mas não empurrá-losgoela abaixo... Atrair as pessoas, aospoucos, para o conhecimento danova verdade, mostrando, figurati-vamente, onde está a fonte de águascristalinas ao viajante sedento.

Por fim, a ocupação de locaispúblicos não-espíritas é fator pre-ponderante para o esclarecimentodo público leigo sobre o que é a fi-losofia espírita. Apresentar, atravésde qualquer modalidade artística,bons espetáculos, atraentes, de qua-lidade, que “toquem a alma”, para,ao final da apresentação, destacar“quem” são os responsáveis por ele:espetáculo produzido, realizado,composto, idealizado pelo Grupo(Núcleo ou Instituição) Espírita talou qual.

Esta a oportuna divulgação dopensamento espiritista, o contributopara a espiritualização das criatu-ras, de vez que o movimento espí-rita precisa modificar o alcance desua visão: deixar de (exclusivamen-te) ensinar Espiritismo para os es-píritas (ou seja, aqueles que já fre-

A verdadeira arte espírita

O método e a essência da Arte Espíritadevem ser compatíveis com os preceitos

da doutrina codificada por Kardec

O movimento espírita precisa deixar de ensinar Espiritismo exclusivamente para osespíritas e levar a mensagem, de modo atraente, cativante e educativo, aos

corações e mentes que ainda não o conhecemqüentam as instituições) e levar amensagem, de modo atraente, ca-tivante e educativo, aos coraçõese mentes que ainda não o conhe-cem (ou dele têm informaçõesdistorcidas ou equivocadas).

A verdadeira arte espírita é,assim, para o momento presente,deixando os limites das casas es-píritas para ocupar espaços exis-tentes na sociedade, onde a ex-pressão e a interpretação artísticapossam conduzir os homens aoautodescobrimento, à fraternida-de e à felicidade.

Desprezar os recursos da arte,que seduz, encanta, aproxima, en-ternece, cativa e liberta é perderprecioso tempo e espaço para di-vulgar a beleza e a utilidade doensinamento espírita. Ademais, re-flitamos: “A arte deve ser o belocriando o bom”, conforme disseDivaldo Pereira Franco.

O trabalho é para longo pra-zo... Mas não temos pressa! Ca-minhemos uma légua por vez... Euestou nessa, e você?

(*) O autor, atualmente, é re-gente do Coral Espírita HARMO-NIA. Durante estes últimos anos,na área da arte espírita, foi sócio-fundador do Núcleo Espírita deArtes, de Florianópolis (1988),tendo sido seu auxiliar de regên-cia. Coordenou o COROJESC –Coral da CONJESC, formado porquase uma centena de jovens es-píritas, durante a realização da 24ªConfraternização Estadual de Jo-vens Espíritas, em 1995. É escri-tor e poeta espírita. Foi líder evocalista da banda espíritaJETESUS BAND. Escreveu,atuou como roteirista e dirigiupeças teatrais espíritas em even-tos juvenis e encontros de arte es-pírita, tendo, ainda, desempenha-do papéis em diversos esquetesteatrais. Priorizou, durante maisde uma década de trabalho juntoaos Conselhos Regionais da Fe-deração Espírita Catarinense, ainclusão da arte como forma dedivulgação doutrinária.