à luz do consolador também os pequeninos

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À LUZ DO CONSOLADOR Yvonne do Amaral Pereira

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Page 1: à Luz do consolador   também os pequeninos

À LUZ DO CONSOLADOR

Yvonne do Amaral Pereira

Page 2: à Luz do consolador   também os pequeninos

“Quis Deus que a nova revelação chegasse aos homens

por mais rápido caminho e mais autêntico. Incumbiu, pois,

os Espíritos leva-la de um polo a outro, manifestando-se

por toda parte, sem conferir a ninguém o privilegio de lhes

ouvir a palavra.”

(Allan Kardec – Introdução de “O Evangelho segundo o Espiritismo”,

66ª edição da FEB (especial), pág. 29)

Page 3: à Luz do consolador   também os pequeninos

É inegável que não foram só os Espíritos de alta classe espiritual que

revelaram, e ainda revelam, a Doutrina do Consolador aos homens,

pois ela ainda não está toda revelada. Também os pequeninos:

sofredores, mistificadores, gaiatos, galhofeiros e até obsessores muito

nos têm ajudado a compreender certos aspectos da Doutrina e os

sucessos e peripécias do dinâmico mundo invisível.

Page 4: à Luz do consolador   também os pequeninos

"O Céu e o Inferno", de Allan

Kardec, ainda relativamente pouco

procurado pelos interessados nos

estudos espíritas, é um importante

livro de instrução sobre o estado de

certas entidades desencarnadas,

as quais, comunicando-se nas

sessões experimentais realizadas

por aquele mestre, quando das suas

lutas para a formação dos códigos

espíritas, tantas elucidações nos

deram sobre as variadas

impressões e sensações que

sacodem as almas recém-libertas

do estágio carnal.

Page 5: à Luz do consolador   também os pequeninos

Esse livro é um belo código

analítico que não devia faltar na

estante do espírita, não como

ornamento, mas como um

instrutor sempre capaz de

suscitar excelentes assuntos

para as reuniões de estudo,

quando somos convidados a

expor temas objetivos para

elucidação das criaturas que

nos procuram, ávidas de

conhecimentos, cheias de

curiosidade ou necessitadas de

consolo e estímulo para o

prosseguimento da jornada

terrena.

Page 6: à Luz do consolador   também os pequeninos

É uma das cinco obras básicas da Codificação do Espiritismo. Seu principal

escopo é explicar a Justiça de Deus à luz da Doutrina Espírita.

Objetiva demonstrar a imortalidade do Espírito e a condição que ele usufruirá

no mundo espiritual, como consequência de seus próprios atos.

Divide-se em duas partes: A primeira estabelece um exame comparado das

doutrinas religiosas sobre a vida após a morte.

Mostra fatos como a morte de crianças, seres nascidos com deformações,

acidentes coletivos e uma gama de problemas que só a imortalidade da alma e

a reencarnação explicam satisfatoriamente.

Kardec procura elucidar temas como: anjos, céu, demônios, inferno, penas

eternas, purgatório, temor da morte, a proibição mosaica sobre a evocação

dos mortos etc.

Apresenta, também, a explicação espírita contrária à doutrina das penas

eternas. A segunda parte, resultante de um trabalho prático, reúne exemplos

acerca da situação da alma durante e após a desencarnação.

São depoimentos de criminosos arrependidos, de Espíritos endurecidos, de

Espíritos felizes, medianos, sofredores, suicidas e em expiação terrestre.

2015 - 150 anos do livro “O Céu e o Inferno”

Page 7: à Luz do consolador   também os pequeninos

A manifestação de um Espírito não se dá tão somente em sessões organizadas;

pode dar-se até na rua, em qualquer parte, espontaneamente ou

inadvertidamente provocada por nós mesmos, através de atos que pratiquemos

ou de pensamentos que emitamos, os quais são vistos como imagens pelos

desencarnados; por uma prece que façamos com sinceridade e ainda pelo

estado vibratório emocional do médium.

Tais manifestações são mais frequentes naqueles, médiuns ou não,

que se integraram nos serviços do Senhor e se afastaram para viverem

a vida do Espírito, embora permaneçam fisicamente neste mundo.

Mas chego a pensar, induzido pelas observações, que bem mais frequentes são as

manifestações de Espíritos motivadas pelos nossos atos irreverentes, nossos pensamentos

menos bons, nossa invigilância mental, visto que os habitantes do Invisível, quando

retardados no próprio progresso, enxameiam por toda parte, entre nós, atraídos pelas

nossas imperfeições.

Quantas desavenças em família, quantas decepções, e até enfermidades, são

resultantes da atuação de um desencarnado que nos assedia e que, por vezes,

é percebido em 'nossa casa ou a nosso lado, senão propriamente visto!

Caberia num volume esses fatos que até mesmo os leigos percebem em suas

vidas.

Page 8: à Luz do consolador   também os pequeninos

Pensando nesse intenso movimento que o Espiritismo

apresenta em seus variados setores, lembrei-me de uma

dessas manifestações espontâneas, acontecida há muito

anos, das mais positivas que tenho presenciado fora de

sessões organizadas , durante minha longa vida de

espírita.É sabido que devemos respeitar os mortos. Orar por eles, pensar neles,

sejam amigos bem-amados ou desconhecidos, levar até eles o testemunho

da nossa fraternidade, através da prece.

Através de preces constantes e amorosas os nossos obsessores, se os tivermos,

ou os adversários desencarnados, se comovem, cessam as hostilidades e se

fazem amigos. Jesus chega mesmo a advertir que antes de depositarmos a

oferta diante do altar, isto é, antes da oração, se tivermos um inimigo devemos

nos reconciliar com ele, ao passo que as instruções dos Espíritos esclarecem

sobre o perigo que há, para nós, em deixarmos de perdoar um inimigo

desencarnado.

São lições magníficas, essas que todos os espíritas recebem

diariamente, educativas e moralizadoras, cuja finalidade é a nossa

própria felicidade. Mas nem todo espírita percebe a necessidade de

atender a tais princípios regeneradores, e vez por outra deixa de dar

o testemunho de fraternidade para com os seus irmãos

desencarnados. E semelhante invigilância é perigosa.

Page 9: à Luz do consolador   também os pequeninos

Certa vez, em minha juventude, minha mãe viajara e deixara quatro dos

seus seis filhos em casa, acompanhados por nosso pai. Um tanto

chocados com a ausência materna, sentindo um vazio incomodativo no

coração, procuramos dormir todos juntos, num pequeno quarto

dependente do quarto ocupado por meu pai, que fazia passagem para

aquele.

Nessa noite, todos já recolhidos, mas ainda insones, meu

pai entendeu relembrar o passado e narrava aos filhos as

queixas que tinha de um seu cunhado desencarnado

havia um ano e alguns meses.

E o fazia com palavreado descaridoso, mesmo

displicente. Várias vezes já o admoestáramos, lembrando

os conselhos que a respeito recebíamos de nossa amada

Doutrina Espírita.

Page 10: à Luz do consolador   também os pequeninos

Subitamente, porém, ouvimos passos pesados na sala de

jantar, a qual dava uma porta para o quarto de meu pai;

passos pesados, como de alguém que, contrariado,

passeasse de um lado para o outro. Por duas vezes, os

passos chegaram até · a porta e arrastaram ruidosamente

os pés, como que limpando as solas dos sapatos,

tornando-nos alarmados. Essa porta, rústica, mal

trabalhada por um carpinteiro curioso, deixava um espaço

de cerca de três dedos junto do assoalho, e os pés da

entidade foram vistos por todos nós, uma vez que

havíamos deixado o pequeno aposento, aglomerando-nos

em torno do leito de meu pai. Calçavam botinas pretas,

comuns pela época.

Ouvimos, então, um resmungar, voz de quem falasse com

irritação, sem, no entanto, compreendermos uma única

palavra, fenômeno de voz direta não perfeito,

certamente porque a entidade manifestante não tivesse

como organizar razoavelmente uma garganta

ectoplásmica para se poder expressar convenientemente.

Page 11: à Luz do consolador   também os pequeninos

Nesse momento, vimos, todos nós, a figura materializada do nosso tio

em questão. A porta desaparecera e lá estava ele, de cenho

carregado, trajado do seu costumeiro chapéu e do sobretudo preto,

que tão bem conhecíamos.

Meu pai, médium dotado de várias forças psíquicas, pouco evangelizado, não temia os Espíritos,

tão habituado a eles se encontrava; tratava-os de igual para igual, e na verdade só respeitava

seus Guias Espirituais, embora nem sempre seguisse os seus conselhos. Vendo a manifestação

do Espírito de seu cunhado, irreverente, exclamou:

- É bom que o senhor ouça o que digo a seu res-

peito...

Atemorizados e pesarosos, pusemo-nos a orar,

pedindo o auxílio do Alto para o lamentável episódio

e para o comunicante, que, evidentemente, sofria.

Page 12: à Luz do consolador   também os pequeninos

Foi uma aparição perfeita, visível a todos, e comparativamente

longa.

Uma vez desaparecida a manifestação, meu pai começou a tossir

violentamente, de forma a quase perder os sentidos. Tossiu

durante toda a noite, ninguém pôde dormir e descansar . Assim

tossiu durante mais três dias, sem poder comparecer ao trabalho.

E durante cerca de três meses tossiu, embora menos

violentamente.

Nós, os sobrinhos, amávamos esse tio, a quem entendíamos dever

favores. Oramos sinceramente por ele, pedindo perdão pelo nosso

pai. E creio mesmo que foram as nossas preces, a par da

misericórdia de Deus, que abrandaram a situação, evitando uma

obsessão como represália à ação anticristã daquele que deixou de

cumprir o dever de caridade para com uma entidade que,

desencarnada, necessitava do auxílio das nossas amorosas

vibrações.

Page 13: à Luz do consolador   também os pequeninos

Como vemos, todos aprendemos uma excelente lição

com essa manifestação aqui exposta. Os Espíritos ouvem

as nossas conversas, magoam-se com as nossas críticas

e maledicências a eles dirigidas, desejam o nosso perdão

se nos ofenderam durante a encarnação; podem vingar-

se de nós e causar-nos numerosos contratempos, in-

clusive enfermidades e obsessões.

Manifestados em sessões organizadas e revelando seus

sofrimentos, seu modo de vida, suas impressões e

sensações, etc., e os ambientes em que vivem,

necessariamente revelam importantes aspectos do

mundo invisível que conosco se choca e interpenetra.

E como é grato fazer deles nossos amigos através da

prece amorosa, da oferta de uma flor acompanhando a

prece, de uma espórtula, em seu nome, a uma criança

sofredora ou um velho desprezado! Também a esses

pequeninos do Além devemos gratidão, porquanto

também eles revelaram e revelam a excelsa Doutrina

do Consolador que vem operando a nossa redenção para

Deus.