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O ICMS SOBRE AS PERDAS DE ENERGIA ELÉTRICA NO ESTADO
DE SÃO PAULO APLICÁVEL ÀS OUTRAS UNIDADES DA
FEDERAÇÃO
Antonio Ganim e
Mário Celso Santiago Menezes
I. Introdução
Desde a instituição do ICMS sobre as operações com energia elétrica,
pelo art. 155 da Constituição Federal de 1988, os Estados vêm
autuando as concessionárias de serviço público de distribuição de
energia elétrica, pelas perdas de energia elétrica ocorridas nos seus
sistemas de transmissão e distribuição.
Inicialmente essas autuações tinham como fundamentação o simples
fato da saída da energia elétrica do estabelecimento do contribuinte,
sem considerar os demais requisitos necessários para a ocorrência do
fato gerador, que é o preço e o acordo entre as partes, não levando
em consideração as decisões dos tribunais superiores de que o
simples deslocamento de coisas de um estabelecimento para outro,
sem transferência de propriedade, não gera direito à cobrança de
ICMS.
Como argumento de defesa, até o advento da Lei Complementar n°
87/1996, era utilizado o § 9°, art. 34, do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, que estabelecia que até que lei
complementar dispusesse sobre a matéria, as empresas
distribuidoras de energia elétrica, na condição de contribuintes ou de
substitutos tributários, serão as responsáveis, por ocasião da saída do
produto de seus estabelecimentos, ainda que destinado a outra
unidade da Federação, pelo pagamento do imposto sobre operações
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relativas à circulação de mercadorias incidente sobre energia elétrica,
desde a produção ou importação até a última operação, calculado
o imposto sobre o preço então praticado na operação final e
assegurado seu recolhimento ao Estado ou ao Distrito Federal,
conforme o local onde deva ocorrer essa operação.
Com base nesse dispositivo constitucional alegava-se que o imposto
só era devido sobre o preço praticado na operação final, quando se
teria a base de cálculo, como não houve a operação final, assim
entendido o fornecimento oneroso de energia elétrica, não havia que
se falar em imposto devido sobre as perdas de energia ocorridas na
distribuição de energia elétrica.
No entanto, esse cenário mudou, e de alguns anos para cá, as
autuações passaram a ter como fundamentação a “interrupção do
diferimento”, também chamada de quebra do diferimento, pelo qual a
cobrança do imposto ocorre justamente pela não ocorrência da
operação final, que seria o momento em que o ICMS de toda a cadeia
de substituição tributária seria recolhido ao Estado. Assim, a cobrança
do ICMS teria como base de cálculo o valor da aquisição da energia
elétrica, sobre o qual não ocorreu a incidência do ICMS face ao
diferimento previsto nas legislações Estaduais, competência esta
atribuída aos Estados pela disposição contida no art. 6° da LC n°
87/1996.
As disposições quanto à tributação do ICMS nas operações
submetidas ao regime de substituição tributária, por meio do
diferimento, sempre esteve prevista nas legislações estaduais,
inclusive na legislação do antigo ICM, não representando nenhuma
novidade legislativa. Essa disposição também consta do Regulamento
do ICMS do Estado de São Paulo, mesmo assim, para o caso da
energia elétrica, de forma a se estabelecer o modus operandi, foi
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publicado o Decreto do Estado de São Paulo n° 55.421/2010,
alterado pelo Decreto n° 55.867/2010.
II. DA NORMA REGULATÓRIA SOBRE PERDAS DE ENERGIA
ELÉTRICA
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), autarquia sob regime
especial, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, instituída por
meio da Lei n° 9.427, de 26.12.1996, é o órgão que tem por
finalidade regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e
comercialização de energia elétrica, em conformidade com as
políticas e diretrizes do governo federal.
A ANEEL vem ao longo dos anos aperfeiçoando as normas
reguladoras que tratam da metodologia e dos procedimentos para
obtenção dos dados necessários para o cálculo e apuração das perdas
dos sistemas de distribuição de energia elétrica. Na Nota Técnica n°
0036/2006-SRD/ANEEL, é citado que, desde 2003, a
Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição – SRD –
tem envidado esforços para amadurecimento de um procedimento
para o tratamento regulatório das perdas técnicas, tendo em 2005,
com o apoio da Comissão de Serviços Públicos de Energia do Estado
de São Paulo – CSPE –, pelo convênio celebrado no Plano de
Atividades e Metas – PAM – de 2005, realizados estudos para
definição de metodologia a ser utilizada na regulamentação dos
critérios e procedimentos para obtenção dos dados necessários para
apuração das perdas técnicas dos sistemas de distribuição de energia
elétrica, bem como para o estabelecimento dos indicadores de
avaliação das perdas nos segmentos e níveis de tensão das redes de
distribuição. Cita ainda, que nesse trabalho, por meio do citado
convênio, a SRD contou ainda com o apoio do Centro de Estudos em
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Regulação e Qualidade de Energia – ENERQ – da Universidade de São
Paulo – USP.
Após estes estudos, as normas reguladoras que tratam da
metodologia e dos procedimentos para obtenção dos dados
necessários para o cálculo e apuração das perdas dos sistemas de
distribuição de energia elétrica, estão atualmente disciplinada no
Módulo 7 – Cálculo de Perdas na Distribuição, dos “Procedimentos de
Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional –
PRODIST”, aprovado pela Resolução Normativa n° 345/2008, cuja
primeira revisão, foi aprovada pela Resolução Normativa n°
395/2009.
O objetivo dessas normas e procedimentos é definir os indicadores de
perdas, bem como estabelecer as disposições gerais sobre os dados
necessários para o cálculo das perdas de energia elétrica. Sem
querermos nos aprofundar na forma de cálculo, cuja norma adota
modelos matemáticos com diversas regras, fórmulas e parâmetros
para cada segmento do sistema de distribuição, ressaltamos o nível
de detalhamento utilizado para permitir a identificação das perdas
nos diversos segmentos da atividade de distribuição de energia
elétrica. Assim, conforme consta do Módulo 7, o cálculo das perdas
técnicas é realizado para os segmentos de rede, transformação,
ramal de ligação e medidor, conforme o seguinte procedimento:
As redes dos sistemas de distribuição são segmentadas
segundo os níveis de tensão dos grupos do Sistema de
Distribuição de Alta Tensão (SDAT) A1, A2 e A3, e no
Sistema de Distribuição de Média Tensão A3a e A4) e no
Sistema de Distribuição de Baixa Tensão;
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As transformações são segmentadas conforme a relação
de transformação (SDAT/SDAT, SDAT/SDMT,
SDMT/SDMT, e SDMT/SDBT);
Finalmente, são apuradas as perdas nos segmentos ramal
de ligação e medidor.
Verifica-se pela leitura da metodologia e dos procedimentos
estabelecidos no Módulo 7 – Cálculo de Perdas na Distribuição, o nível
de detalhamento, com relação às instalações elétricas, que se chegou
para a apuração das perdas técnicas, o que é de extrema relevância,
já que quanto maior a exatidão da apuração das perdas técnicas,
maior será a exatidão da apuração da perda não técnica, também
denominada de perda comercial.
Essa maior exatidão da apuração das perdas não técnicas ocorre em
face de que sua apuração se dá pela diferença entre as perdas totais
e as perdas técnicas, considerando, portanto, todas as demais perdas
associadas ao sistema de distribuição de energia elétrica da
concessionária, tais como furtos de energia, erros de leitura, etc.
Vejamos a definição de perdas técnicas e não técnica, citada na Nota
Técnica n° 035/2006-SRD/ANEEL, abaixo transcrito:
a) Perdas técnicas: constituem a quantidade de energia
elétrica, expressa em megawatt-hora por ano (MWh/ano),
dissipada entre os suprimentos de energia da
distribuidora e os pontos de entrega nas instalações das
unidades consumidoras ou distribuidoras supridas. Essa
perda é decorrente das leis da Física relativas aos
processos de transporte, transformação de tensão e das
perdas inerentes aos equipamentos de medição; e,
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b) Perdas não técnicas: apuradas pela diferença entre as
perdas totais e as perdas técnicas, considerando,
portanto, todas as demais perdas associadas à
distribuição de energia elétrica, tais como furtos de
energia, erros de medição, erros no processo de
faturamento, unidades consumidoras sem equipamento
de medição, etc. Esses tipos de perdas estão diretamente
associados à gestão comercial da distribuidora. (grifo
nosso)
Além de todo acompanhamento, conhecimento e comportamento
técnico das instalações em relação às perdas, proporcionados por
essas normas e procedimentos constantes do Módulo 7 do PRODIST,
o resultado de todo este trabalho tem também, por finalidade,
proporcionar à ANEEL, alimentar as informações necessárias para
definir os limites de perdas regulatórias admissíveis no momento da
revisão tarifária bem como nos reajustes subsequentes, que fazem
parte de um processo específico, isso porque a ANEEL considerará na
formação da tarifa da energia elétrica ao consumidor final, o custo da
energia elétrica, relativo às perdas técnicas e não técnicas, de acordo
com os limites regulatórios, por ela estabelecidos, que será incluído
na Parcela “A” da equação tarifária, dando assim um forte incentivo
para que a concessionária de distribuição procure reduzir suas perdas
a níveis inferiores aos limites regulatórios, conforme se depreende do
texto abaixo transcrito, extraído da Nota Técnica 026/2006-
SRD/ANEEL:
“21. Essa determinação pode ser feita mediante a fixação
de um valor único para todo o período tarifário ou
mediante a definição de uma “trajetória” ou curva
decrescente. Com o valor “regulatório” de perdas
determinado dessa forma, calcula-se o montante de
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energia a ser considerado na Parcela A das tarifas da
concessionária. Isso significa valorar as perdas ao preço
representativo das compras de energia elétrica da
distribuidora. Do exposto, depreende-se que a
concessionária distribuidora tem um forte incentivo para
reduzir as perdas a níveis inferiores ao “padrão
regulatório”, já que poderá reter como benefício, durante
o período tarifário, a diferença entre esse montante e o
valor que possa obter na realidade, valorada ao preço de
compra. O incentivo é máximo para reduzir as perdas
“não técnicas”, já que, nesse caso, a empresa
distribuidora venderá a energia valorada pela tarifa
regulada (soma da Parcela A e da Parcela B).
22. É importante destacar que, no caso de o regulador
não fixar esse patamar máximo admitido de perdas e
permitir o repasse sem limitações das perdas informadas
pelas distribuidoras à Parcela A, estaria incorrendo em
uma conduta duplamente negativa. Por um lado estaria
convalidando uma gestão ineficiente das perdas, pelas
razões expostas acima. E, num aspecto ainda mais grave,
prejudicaria os consumidores que cumprem suas
obrigações, que estariam vendo refletidas nos valores de
suas tarifas as perdas causadas por aqueles que não
cumprem regularmente essas obrigações, e que incorrem
em fraude ou uso irregular da energia.”
Assim, quando do segundo ciclo de revisão tarifária, iniciado em
2007, cujas regras foram estabelecidas por meio da Resolução
Normativa n° 234, de 31/10/2006, a ANEEL estabeleceu a fixação
dos níveis de “perdas regulatórias totais” a serem consideradas no
cálculo da Parcela “A”, segregadas nas componentes técnicas e não
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técnicas. A definição da meta considerou aspectos de eficiência
econômica e técnica, com vistas à modicidade tarifária. No anexo VIII
da cita Resolução, ficou assim estabelecido:
“II.1 – PERDAS TÉCNICAS
O nível de perdas técnicas deve ser obtido por
comparação entre as distribuidoras, com base nos
indicadores apurados para cada segmento de rede.
II.2 – PERDAS NÃO TÉCNICAS
O maior percentual de perdas não técnicas está associado
ao furto de energia, que possui diversos fatores e para o
qual a distribuidora dispõe de um conjunto de
ferramentas e possibilidades para gerenciar essas perdas.
Dado que o furto ocorre em graus bastante distintos entre
as concessionárias de distribuição de energia,
considerando suas diversas causas e origem, torna-se
inadequado um tratamento único para todas as empresas.
Dessa forma, o tratamento regulatório a ser dado para
essas perdas deve considerar a realidade de cada
concessão.
Assim, na definição do nível regulatório para as perdas
não técnicas devem ser considerados os seguintes
fatores, entre outros possíveis:
Atuais níveis de perdas e inadimplência da
distribuidora e histórico dos últimos anos;
Estudo completo apresentado por cada
distribuidora, contendo, no mínimo: i) diagnóstico
completo da situação atual das perdas não técnicas
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na área de concessão; ii) as ações que serão
desenvolvidas; iii) o desempenho da própria
concessionária na redução das perdas nos últimos
anos; iv) proposta para o nível de perdas não
técnicas a ser alcançado na próxima revisão
tarifária periódica;
Definição de indicadores para comparação entre as
distribuidoras;
Melhores práticas de combate às perdas, utilizadas
por algumas distribuidoras, que estejam
contribuindo para a efetiva diminuição do furto de
energia;
Efetividade na recuperação dos valores decorrentes
de perdas de energia;
Investimentos realizados para o combate às perdas
de energia e despesas anuais para combate às
perdas, por projeto;
Número de unidades consumidoras sem medição; e
Ações de eficiência energética em comunidades de
baixa renda.”
Além desses aspectos, a definição dos critérios para o
estabelecimento da meta regulatória das perdas não técnicas
também foi objeto de discussão das concessionárias de distribuição
com a ANEEL. O reconhecimento das perdas no processo de revisão
tarifária considera as perdas globais dos sistemas de distribuição,
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segregando as componentes de perdas técnicas e não técnicas. A
cada novo ciclo tarifário, a ANEEL vem propondo novas metas,
baseadas na realidade de cada distribuidora.
Para o terceiro ciclo de revisão tarifária que se iniciou em 2011, a
Aneel estabeleceu que as Perdas Técnicas, regulatória, para fins de
inclusão na Parcela “A” da tarifa, serão estabelecidas conforme
definições dispostas no Módulo 7 do PRODIST. Já as Perdas não
técnicas, regulatória, apuradas por diferença, serão definidas para
todo o ciclo tarifário na forma de uma trajetória decrescente ou de
uma meta fixa ou combinação das duas, sendo que a definição dos
limites de perdas não técnicas é o da comparação entre
concessionárias com área de concessão semelhantes, que se dará a
partir da construção de um ranking de complexidade no combate às
perdas não técnicas1.
Portanto, as perdas de energia elétrica estão intrinsecamente
relacionadas ao impacto na tarifa de energia elétrica do consumidor
final da concessionária de distribuição de energia elétrica. A ANEEL,
ao estabelecer uma metodologia para apuração, cálculo e validação
das perdas técnicas, com o objetivo de serem apuradas as perdas
não técnicas e, consequentemente, as perdas globais, concluiu pela
possibilidade da definição de um teto de repasse das perdas de
energia para um dos itens da Parcela “A” (custos não gerenciáveis),
que é o da compra de energia da distribuidora, repassado ao
consumidor final da distribuidora quando da revisão tarifária e do
reajuste tarifário anual. Esta foi a conclusão constante da Nota
Técnica 026/2006-SRD/ANEEL, conforma abaixo.
1 Submódulo 2.6 – Revisão 1.0 – Disponível no sítio www.aneel.gob.br como resultado da AP-040, já
aprovado pela Diretoria na Reunião do dia 08/11/2011.
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“77. As perdas de energia elétrica são consideradas na
Parcela A da receita da distribuidora e, portanto,
compõem a tarifa cobrada dos consumidores. O regulador
deve fixar limites para tais perdas, visando uma gestão
mais eficiente do setor elétrico, e, consequentemente, a
modicidade tarifária, considerada uma trajetória.”
Desta forma, para fins deste estudo, consideraremos que tanto as
Perdas Técnicas como as Perdas não Técnicas, estão contidas na
formação da tarifa de energia elétrica a ser paga pelo consumidor
final, respeitado os limites estabelecidos pela ANEEL.
III. CAMPO DE INCIDÊNCIA DO ICMS/ENERGIA ELÉTRICA.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS.
Para fins desse estudo, buscaremos, preliminarmente, definir o
campo de incidência do ICMS/Energia Elétrica que seja de interesse
do fisco estadual.
A discriminação de rendas da Constituição Federal de 1988 inovou ao
remeter à competência tributária estadual as operações relativas à
circulação de energia elétrica. Até então, a energia elétrica entregue
ao consumo era sujeita ao imposto único federal, pago por quem a
utilizasse (Lei nº 2.308, de 1954, art. 3º, caput).
O art. 155, § 3º da Carta Magna determina que nenhum outro
imposto2 poderá incidir sobre as operações com energia elétrica, além
do próprio ICMS e dos impostos sobre comércio exterior.
2 Redação dada pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001.
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O art. 2° da LC 87/96 define como hipótese de incidência do ICMS, o
inciso I do caput e no inciso III do § 1º:
“Art. 2° O imposto incide sobre:
I - operações relativas à circulação de mercadorias,
inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em
bares, restaurantes e estabelecimentos similares;
...
§ 1º O imposto incide também:
...
III - sobre a entrada, no território do Estado
destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e
combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de
energia elétrica, quando não destinados à
comercialização ou à industrialização, decorrentes de
operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado
onde estiver localizado o adquirente.”
Energia elétrica é, pois, espécie de mercadoria (bem móvel inserido
no mercado, produzido para a venda ou adquirido para revenda,
como objeto de mercancia), para fins de incidência do ICMS (Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias, art. 34, § 9º; Superior
Tribunal de Justiça, Recurso Especial nº 38.344-7/PR).
É também mercadoria:
a) Para fins penais: na tipificação do crime de furto, pois o
art. 155, § 3º, do Código Penal equipara à coisa móvel a
energia elétrica e outras energias que tenham valor
econômico;
b) Para fins da Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM,
Decreto Federal nº 2.376, de 1997: posição 2716.00.00
(idem Convenção Internacional sobre o Sistema
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Harmonizado de Designação e de Codificação de
Mercadorias, Decreto Federal nº 97.409, de 1988).
IV. ICMS/ENERGIA ELÉTRICA: OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS
PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS.
Sendo a energia elétrica uma espécie de mercadoria, as operações
relativas à sua circulação são passíveis de tributação pelo ICMS e,
portanto, objeto de obrigações tributárias. Devem ser aí
compreendidas as operações mercantis, com conteúdo econômico ou
com mudança de titularidade, afastada a tributação da mera
circulação física, seja pela posição do Supremo Tribunal Federal – RE
74.852/SP (RTJ 64/538), seja pela Súmula 166, do Superior Tribunal
de Justiça.
Quais seriam essas operações citadas no texto do Ato das Disposições
Transitórias da CF/88 (repetido no art. 9º, § 1º, inciso II, da Lei
Complementar nº 87, de 1996)? Quais seriam as operações insertas
na expressão constitucional “desde a produção ou importação até a
última operação”?
Pensamos que seriam aquelas que impulsionam a “energia-
mercadoria” da fonte produtora até o consumidor final3 e a
aperfeiçoam para o consumo: além da geração (produção) ou da
importação, textualmente citadas, devem ser consideradas também a
transmissão, a distribuição e a comercialização4. Deve figurar
3 Roque A. Carrazza, ICMS, 10ª. Ed., Ed. Malheiros, São Paulo, 2005, pág. 37: O ICMS só pode incidir
sobre operações que conduzem mercadorias, mediante sucessivos contratos mercantis, dos produtores
originários até o consumidor final. No mesmo sentido, Alcides Jorge Costa: ICM na Constituição e na
lei complementar, Ed. Resenha Tributária, São Paulo, 1978, págs. 91, 93 e 96. 4 A geração, a transmissão, a distribuição e a comercialização são atividades reguladas pela Lei Federal
nº 9.074, de 1995 . O rebaixamento e a elevação de tensão são atividades-meio que não tem conteúdo
mercantil, afastando-se do campo de incidência do ICMS.
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também como fato gerador, mas de forma excepcional, o consumo
final decorrente de aquisição interestadual5.
V. DO FORNECIMENTO DA ENERGIA ELÉTRICA
Não é tecnicamente correto utilizar a expressão saída6 de mercadoria
para as situações relativas à energia elétrica; melhor seria utilizar o
termo fornecimento, que pressupõe consumo, pelo destinatário final,
concomitante à saída do estabelecimento comercial7. No sentido da
adoção do termo, temos a Resolução Normativa nº 414, de 2010, da
ANEEL, que estabelece as condições gerais de fornecimento de
energia elétrica.
Reforça nosso argumento Hugo de Brito Machado, para quem a lei
utilizou a palavra fornecimento apenas para evidenciar a
desnecessidade da saída física, porque o alimento, a bebida ou outra
mercadoria, podem ser fornecidos, e consumidos no próprio
estabelecimento fornecedor.
O contrato de fornecimento – modalidade especial de contrato de
compra e venda, de execução continuada, que se aplica às chamadas
utilities de gás, água encanada e energia – é aquele pelo qual uma
das partes se obriga a entregar a outra durante um certo período, em
momentos prefixados ou quando lhe foram exigidas, dadas
quantidades de uma coisa móvel, contra remuneração8.
5 Recurso Extraordinário nº 198.088-SP, Relator Ministro Ilmar Galvão. 6 Outras operações de circulação de mercadoria se colocam em paralelo à saída, além do fornecimento
temos a industrialização como exemplo.
7 A distinção entre os institutos do Fornecimento e da Saída é muito presente no setor econômico de
alimentação e bebidas. Saída pressupõe movimentação física da mercadoria. Vide Portaria CAT 31/2001.
No mesmo sentido a Lei 3168/2003, do Distrito Federal. 8 Ana Prata, Dicionário Jurídico, 3ª ed., Almedina, Coimbra, 1990, p. 152, apud Hugo de Brito
Machado, Aspectos fundamentais do ICMS, Dialética, São Paulo, 1997, p. 44.
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VI. DAS OPERAÇÕES MERCANTIS COM ENERGIA ELÉTRICA
A incidência do ICMS se dá, portanto, sobre as sucessivas operações
com energia elétrica, desde a produção ou importação, passando pela
transmissão, distribuição e comercialização, até a última operação, a
de consumo final (art. 34, § 9º, do ADCT-CF/1988). Essas operações
mercantis podem decorrer de contratos celebrados entre empresas
do setor elétrico ou entre essas e o consumidor final9.
Um dos princípios gerais de Direito Tributário, como direito de
superposição, postula que a legislação tributária não pode alterar
institutos, conceitos e formas do direito positivo e até mesmo de
outros ramos da Ciência10.
O termo “operações com mercadoria”, portanto, deve ter o mesmo
significado no Direito Comercial quanto no Direito Tributário: atos de
comércio de um bem móvel econômico.
O Supremo Tribunal Federal, há quase trinta anos atrás, assentou
que o simples deslocamento físico da mercadoria pelo seu
proprietário, sem circulação econômica ou jurídica, não legitima a
incidência do ICM11 e, há vinte anos atrás, que o simples
deslocamento de coisas de um estabelecimento para outro, sem
transferência de propriedade, não gera direito à cobrança de ICM. O
emprego da expressão "operações", bem como a designação do
9 Contrato de Comercialização de Energia Elétrica no Ambiente Regulado – CCEAR; Contrato de
Conexão às Instalações de Distribuição – CCD ou de Transmissão – CCT; Contrato de Uso do Sistema de
Distribuição – CUSD ou de Transmissão – CUST; Contrato de Compra de Energia no Ambiente de Contratação Livre – CCEAL; e Contrato de Prestação de Serviço Público de Energia Elétrica com
Consumidores. 10
Esse princípio foi positivado no artigo 110 do Código Tributário Nacional. Precedentes do STF (RE
148.304/MG e RE 166.772/RS). O Ministro Marco Aurélio, no RE 390.840/MG, assentou que a norma
pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária
alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito
privado utilizados expressa ou implicitamente. 11 Recurso Extraordinário 93.523/AM, Relator Ministro Orozimbo Nonato, DJ 24/09/1982.
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imposto, no que consagrado o vocábulo "mercadoria", são
conducentes à premissa de que deve haver o envolvimento de ato
mercantil e este não ocorre quando o produtor simplesmente
movimenta frangos, de um estabelecimento a outro12.
Nessa esteira, o Superior Tribunal de Justiça sumulou que não
constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria
de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte13 e tem
adotado jurisprudência iterativa do STJ em sede de recurso
repetitivo14.
“4. A circulação de mercadorias versada no dispositivo
constitucional refere-se à circulação jurídica, que
pressupõe efetivo ato de mercancia, para o qual
concorrem a finalidade de obtenção de lucro e a
transferência de titularidade.
5. Este tributo, como vemos, incide sobre a realização de
operações relativas à circulação de mercadorias. A lei que
veicular sua hipótese de incidência só será válida se
descrever uma operação relativa à circulação de
mercadorias. É bom esclarecermos, desde logo, que tal
circulação só pode ser jurídica (e não meramente física).
A circulação jurídica pressupõe a transferência (de uma
pessoa para outra) da posse ou da propriedade da
mercadoria. Sem mudança de titularidade da mercadoria,
não há falar em tributação por meio de ICMS. (...) O
ICMS só pode incidir sobre operações que conduzem
12
Agravo Regimental no Agravo de Instrumento 131.941/SP, Relator Ministro Marco Aurélio, DJ
19/04/1991. 13 Súmula nº 166, aprovada em 14/08/1996 – Diário da Justiça de 23/08/1996, Relator Min. Demócrito
Reinaldo. 14 Recurso Especial 1.125.133/SP, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 10.9.2010.
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mercadorias, mediante sucessivos contratos mercantis,
dos produtores originários aos consumidores finais."
(Roque Antonio Carrazza, in ICMS, 10ª ed., Ed. Malheiros,
p.36/37)”.
Não há, no caso das perdas técnicas e comerciais, qualquer operação
tributável, pois, para consubstanciar um contrato mercantil objeto da
incidência do ICMS, faltariam dois de seus três elementos essenciais.
Do trinômio res, pretium et consensus, careceria, para configurar
uma operação mercantil, do preço e do acordo sobre a coisa15.
Confira-se, por oportuno, a lição do mestre baiano Aliomar Baleeiro
que, ao abordar os motivos jurídicos da saída para fins do antigo ICM,
há décadas nos ensinou: a natureza específica da "operação
realizada", isto é, o negócio jurídico, que motiva ou dá causa à saída,
é irrelevante do ponto de vista fiscal. Quase sempre se prende a uma
compra e venda mercantil ou a uma consignação. Mas pode ser outro
contrato ou ato jurídico. Não pode ser, em nossa opinião, fato
material ou físico: a simples deslocação da mercadoria para fora do
estabelecimento, permanecendo na propriedade e posse direta do
contribuinte seja para depósito, custódia, penhor, comodato ou
reparos. Se admitíssemos solução contrária, até o furto da
mercadoria seria fato gerador do ICM16.
Não seria tributariamente relevante, nessa linha, a “saída” decorrente
de dissipação de energia no sistema de distribuição (perda técnica). É
que o mero fato da natureza, a ocorrência no mundo físico da
transformação em calor da energia-mercadoria adquirida para
revenda não tem qualquer efeito do ponto de vista fiscal.
15 Código Civil, art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o
domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. Vide também Orlando Gomes,
Contratos, página 227. 16 in Direito Tributário Brasileiro, Ed. Forense, 10ª ed., p. 223
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Não se tratando de contrato mercantil, a mera perda técnica ou
comercial sequer é operação mercantil com mercadoria, desprovida
de conteúdo econômico, e estará fora do campo de incidência
determinado pela Constituição e pela Lei Complementar nº 87/96.
A perda comercial de energia na modalidade furto diferencia-se da
situação em que a mercadoria venha a ser furtada após a ocorrência
do fato gerador do tributo, que se aperfeiçoa no momento da saída
da mercadoria do estabelecimento do contribuinte. Terá havido uma
operação mercantil com fechamento de contrato de compra e venda,
a nota fiscal terá sido emitida e a mercadoria embarcada e
despachada, mas o sinistro ocorre no trânsito. O roubo, furto ou
sinistro, nesse caso, é post facto tributariamente irrelevante.
Nas hipóteses de roubo de carga, a jurisprudência veda, pela
implementação anterior do fato gerador, a restituição do Imposto
sobre Produtos Industrializados – IPI17.
No caso específico das perdas de energia elétrica, assim tem sido o
posicionamento dos tribunais de justiça:
“ICMS. Energia elétrica. Inadmissibilidade da incidência
sobre perdas comerciais, decorrentes de desvios, furtos
(gatos) e fraudes. Apenas com a tradição da energia
comercializada, com a operação final, consistente na
entrega ao consumidor, é que nasce a obrigação
tributária. O ICMS deve, assim, incidir sobre o valor da
energia elétrica efetivamente consumida, sem que a
desviada ou furtada possa ser tributada, mesmo porque a
Aneel já inclui na conta de luz o valor dessas perdas.”
17 Recurso Especial 734.403/RS, rel. Min. Campbell Marques, 2ª Turma/STJ, julg. 22/06/2010.
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(Apelação/Reexame Necessário nº 0013820-
78.2010.8.26.0053, TJSP/10ª Câmara de Direito Público,
rel. Des. Urbano Ruiz, julg. 4 de julho de 2011)
“ICMS. ENERGIA ELÉTRICA. EFETIVA UTILIZAÇÃO PELO
CONSUMIDOR FINAL. FURTO DE ENERGIA.
INOCORRÊNCIA DE FATO GERADOR. 1. A hipótese de
incidência do ICMS é o consumo de energia, tendo como
base cálculo o valor praticado na operação final ex vi Art.
34, § 9º do ADCT, LC 86/97. 2. Nos casos de furto de
energia, em razão de não ser praticada a venda ao
consumidor final, inocorre fato gerador do ICMS.”
(Apelação Cível nº 20063004060-4, 1ª Câmara Cível
Isolada, rel. Des. Leonardo de Noronha Tavares, julg. 22
de junho de 2009)
VII. DO ESTORNO DO CRÉDITO
É pacífico que o perecimento, deterioração ou extravio (incluídos
furto e roubo) de mercadoria, ocorrido dentro do estabelecimento,
não caracterizaria saída tributada pelo ICMS18; antes, acarreta o
estorno do crédito relativo à sua aquisição, conforme art. 21, inciso
IV, da Lei Complementar nº 87, de 1996, corolário da regra geral de
anulação do crédito quando a saída subsequente for amparada por
isenção ou não-incidência (CF: art. 155, § 2º, inciso II, alínea ‘b’).
Essa determinação de estorno, no entanto, não se aplica a situações
de quebra ou perda razoável19, a exemplo do que dispõe a legislação
18 Figura análoga existe no Regulamento do IPI – Decreto nº 7.212, de 2010: art. 254, inciso V. 19 Essa quebra ou perda razoável integra o custo de venda, conforme o art. 291 do Regulamento do
Imposto de Renda – RIR/99 – Decreto nº 3.000, de 1999.
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tributária de outros estados20, a jurisprudência consolidada21 do
Tribunal de Impostos e Taxas de São Paulo e o seguinte precedente
do Supremo Tribunal Federal22:
“Essa quebra, devida à perda de umidade do grão, não
se confunde com o ‘perecimento’ ou a ‘deterioração’. É
fenômeno natural, conhecido e quantificado. Estorno do
percentual relativo a tal ‘quebra’ não passa de cobrança a
maior do imposto final, com infringência da não-
cumulatividade do imposto...”
No normal contexto de aquisição de energia elétrica sem que a
empresa distribuidora tenha se creditado do ICMS relativo à entrada,
face ao diferimento, é despiciendo se perguntar qual seria o valor a
ser estornado no caso de furto. Fato é que nada há para ser
estornado; crédito não houve.
Situação distinta, todavia, seria a abordagem da exigência tributária
desde o ponto de vista do encerramento da cadeia ou interrupção do
diferimento nas sucessivas operações internas.
20 Regulamento do ICMS do Estado de Pernambuco – Decreto nº 14.876, de 1991, art. 34, § 30: não se
entende como perda ou perecimento a quebra de peso ou de quantidade inerente ao processo de
produção, comercialização ou industrialização, até os limites tecnicamente aceitos para a respectiva
atividade. 21
EMENTA: Perdas ou Quebras - Ocorridas no processo industrial - Improcedente exigência fiscal de
estorno dos créditos a elas correspondentes - Recurso extraordinário da Fazenda não conhecido,
mantida a decisão do julgado singular. Não se conhece do recurso extraordinário, prevalecendo o
julgamento da 2ª Câmara nesta parte: "... insubsiste, por injurídica e apartada da realidade dos fatos, a
interpretação de que as perdas ou quebras industriais, verificáveis em maior ou menor proporção em
qualquer processo industrial, possam ou devam ser classificadas como o "perecimento" ou a
"deterioração" de que cuida o inciso II do art. 43 do RICM aprovado pelo Decreto nº 5.410/74. O
problema das "perdas" ou "quebras" industriais existe desde os tempos da vigência do extinto IVC, não
se tendo conhecimento, até hoje, de que o Fisco tenha exigido tributo sobre o valor das mesmas, nem que tenha determinado o estorno dos créditos a elas correspondentes, salvo, é claro, os casos de abuso, estes
reprimíveis caso a caso. Aliás, a legislação do IPI, aplicável subsidiariamente, até regulamenta o
assunto, admitindo expressamente as "quebras" ou "perdas", mas adotando medidas de controle das
mesmas, exatamente para prevenir abusos. (Processo: DRT-6-4318/80, julg. 29/10/1984, Relator: José
Armando Motta Ribas). 22 Recurso Extraordinário nº 87.078/MA, rel. Min. Decio Miranda, STF/Tribunal Pleno, julg. 29/06/1979,
RTJ 91/582.
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VIII. DO MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR -
FORNECIMENTO
Outra importante observação diz respeito ao momento da ocorrência
do fato gerador no fornecimento de energia elétrica, tendo em vista a
continuidade do serviço público e os momentos de medição23 (leitura)
e faturamento, especialmente para a abordagem das perdas
comerciais decorrentes de erro de leitura ou demora na emissão da
fatura.
Crucial, para tal análise, é a definição do momento da ocorrência do
fato gerador para a situação de contrato de fornecimento continuado.
Aqui, o aperfeiçoamento do fato gerador se dará, consoante a
determinação do art. 116, incisos I e II, do Código Tributário
Nacional, apenas quando se verificarem as circunstâncias materiais e
jurídicas necessárias ao perfazimento da operação mercantil, o que
exige medição e faturamento para que se defina o aspecto
quantitativo ou valorativo24 (a preço da energia, base de cálculo do
ICMS, e a alíquota aplicável). É que o valor da base de cálculo
depende de medição e de faturamento, que somente acontecerão nas
situações normais de venda ou nas de posterior identificação do
consumidor que deu causa as perdas comerciais. O Decreto foi
analisado do ponto de vista do encerramento, ou interrupção do
diferimento, ou seja, quanto ao recolhimento do ICMS que deixou de
ser cobrado na operação de compra interna de energia elétrica
23
A Resolução Normativa ANEEL 414/2010, em seu art. 2º, inc. XLIX, define por medição o processo
realizado por equipamento que possibilite a quantificação e o registro de grandezas elétricas associadas
à geração ou consumo de energia elétrica, assim como à potência ativa ou reativa, quando cabível. 24 De se notar que a Lei Complementar nº 87, de 1996, seguiu a doutrina majoritária quanto aos aspectos
da hipótese de incidência tributária e seus aspectos ou elementos essenciais: material, temporal, espacial,
subjetivo ou pessoal e valorativo ou dimensível.
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(operação da qual decorreu a entrada, sendo que parte dessa energia
não foi objeto de saída tributada em decorrência das perdas) e não
em vista da saída a qualquer título; desde aquele ponto de vista, o
decreto não fere o princípio da legalidade, pois não cria fato gerador
nem define base de cálculo.
Não é sem razão que o art. 9º do Convênio SINIEF n° 06/89,
determina que a Nota Fiscal/Conta de Energia Elétrica será emitida
pelo fornecimento do produto, abrangendo período estabelecido na
legislação estadual.
Esse momento de medição (leitura) que aperfeiçoa o fato gerador do
ICMS relativo ao fornecimento continuado e periódico de energia
elétrica (não se cuida do momento do faturamento, mesmo que
modernamente coincidam os momentos da leitura e da emissão da
fatura). É também nessa linha de entendimento o texto do item 46
da Decisão Normativa nº 4, de 2004, da Coordenação de
Administração Tributária da Secretaria de Fazenda do Estado de São
Paulo: a situação jurídica concernente ao fato jurídico-tributário em
análise somente pode ser considerada definitivamente constituída,
podendo-se dizer ocorrido o fato gerador, nos termos do artigo 116,
II, do Código Tributário Nacional, quando estiver definida a cobrança
das tarifas de transmissão, pelo ONS, dos geradores, distribuidores e
consumidores livres, e sua entrega, às empresas transmissoras.
IX. DA INCIDÊNCIA MONOFÁSICA OU MULTIFÁSICA NAS
OPERAÇÕES COM ENERGIA ELÉTRICA
48. A característica geral de incidência multiestágio25 do ICMS e a
exigência de previsão expressa em lei complementar para sua
incidência monofásica, conforme art. 155, § 2º, inciso XII, alínea
25 Fernando Rezende, Finanças públicas, 2ª ed., Ed. Atlas, pág. 214.
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‘h’, da Constituição – afastam, ao nosso sentir, a ideia de que o
ICMS sobre energia elétrica seja monofásico; ideia essa
depreendida, prima facie, da leitura do art. 34, § 9º, do ADCT e do
art. 9º, § 1º, inc. II, da Lei Complementar nº 87, de 1996.
É que, apesar da característica comum de concentração tributária em
determinada fase da circulação da mercadoria, não se pode confundir
o instituto da substituição tributária regressiva (diferimento) com a
tributação monofásica na venda a consumidor final (característica de
imposto sobre venda a varejo e não do imposto sobre valor
agregado).
Na verdade, o art. 34, § 9º, do ADCT, já exauriu seus efeitos
transitórios a partir da edição da Lei Complementar nº 87,
especialmente o art. 9º, § 1º, inciso II.
Ainda que se equivalham as expressões utilizadas em um e outro
dispositivo – “calculado o imposto sobre o preço então praticado na
operação final” e “sendo seu cálculo efetuado sobre o preço praticado
na operação final” – a definição de base de cálculo sobre o preço da
operação final não exclui a responsabilidade pelo recolhimento do
imposto que deixou de ser lançado em razão do diferimento que
beneficia as compras dentro do Estado.
X. DO DIFERIMENTO
Como se sabe, nas operações interestaduais com energia elétrica
destinada à comercialização (adquiridas por empresas distribuidoras,
geradoras e comercializadores de energia elétrica), bem como as
destinadas à industrialização (consumidores livres que utilizam a
energia elétrica como insumo) não há a incidência do ICMS, face à
imunidade prevista na alínea ‘b’, inciso X, do § 2º, do art. 155 da
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Constituição Federal. Essa imunidade tributária, diga-se de passagem,
presta-se a instrumentalizar o chamado Princípio de Destino, fazendo
com que o ICMS devido na operação interestadual seja recolhido ao
Estado onde for consumida a energia (e não onde for produzida),
conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no leading
case RE 198.088/, rel. Min. Ilmar Galvão, Plenário, julgamento em
17/05/2000.
Por outro lado, nas sucessivas operações internas com energia
elétrica, destinadas a revenda, ocorre o fato gerador, mas há o
chamado diferimento26 (postergação da cobrança), com mudança de
responsabilidade (do gerador, comercializador ou transmissor para o
último alienante da cadeia, o distribuidor), ou substituição tributária
regressiva (“para trás” ou em relação às operações anteriores), onde
a distribuidora deve recolher a totalidade do imposto devido na cadeia
de comercialização que lhe antecede, por ocasião do pagamento do
imposto devido pelas suas próprias operações de distribuição
(fornecimento da energia elétrica a consumidor).
Esse diferimento – que não se confunde com a isenção27, nem com a
não-incidência ou a imunidade – ocorre apenas nas operações
internas, ou seja, nas operações com energia elétrica originadas no
próprio Estado em que se encontrem o geradores, comercializadores e
distribuidores que estejam realizando a operação de compra e venda
entre eles.
Assim, eventual encerramento das sucessivas etapas internas de
diferimento, resultaria na exigência do ICMS diferido, ou seja, daquele
imposto relativo ao fato gerador anteriormente ocorrido e que teve
26 Capítulo III do Anexo XVIII do Regulamento do ICMS/SP: arts. 5º e 6º. 27 Recurso Extraordinário 112.098/SP, rel. Min. Neri da Silveira, 1ª Turma/STF, julg. 10/06/1988.
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seu lançamento postergado, previsto no art. 428 do RICMS/SP e nos
demais Regulamentos de ICMS das Unidades Federadas.
Diferida será a cobrança tributária quanto ao fato gerador
correspondente a aquisições dentro do Estado; quanto à compra
interestadual, aplicar-se-á a não-incidência constitucional
(imunidade), não se podendo falar em encerramento ou interrupção
do diferimento, por serem institutos diversos.
Aliás, o comando do caput do art. 5º do Anexo XVIII do Regulamento
do ICMS do Estado de São Paulo dirige-se especificamente às
operações internas, senão vejamos:
“ANEXO XVIII - DAS OPERAÇÕES COM ENERGIA
ELÉTRICA
(...)
CAPÍTULO III - DO DIFERIMENTO DO
LANÇAMENTO E DO PAGAMENTO DO IMPOSTO NAS
OPERAÇÕES COM ENERGIA ELÉTRICA
(...)
SEÇÃO I - DO LANÇAMENTO E DO PAGAMENTO DO
IMPOSTO DEVIDO PELO SUJEITO PASSIVO POR
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
Art. 5º. A empresa distribuidora que, no termos do inciso
I do artigo 425 deste regulamento, for responsável pelo
lançamento e pagamento do imposto incidente sobre as
sucessivas operações internas relativas à circulação de
energia elétrica, desde a sua importação ou produção,
deverá, sem prejuízo do cumprimento das demais
obrigações tributárias a que estiver sujeita nos termos
na legislação aplicável:
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(...)
§ 2º - Na hipótese do item 2 da alínea “b” do inciso II:
(...)
2 - o valor do lançamento do imposto a ser efetuado por
meio da emissão da respectiva Nota Fiscal deverá
corresponder ao montante do ICMS que, em face do
disposto no inciso I do artigo 425 deste regulamento,
deixou de ser cobrado nas sucessivas saídas internas
de energia elétrica, desde a sua importação ou
produção, decorrentes de operações antecedentes
relativas à sua circulação, e que, nos termos do inciso III
do artigo 428 deste regulamento, deve ser lançado e
pago pela empresa distribuidora de que trata este artigo
em razão dos eventos indicados no item 2 da aliena “b”
do inciso II em referência;” (grifo nosso)
Além disso, deve ser sopesado, no cálculo do ICMS devido pelo
encerramento da fase de diferimento, que a energia elétrica não é
“carimbada na origem” e que a eventual contratação de energia com
uma empresa geradora localizada em território onde se encontre a
distribuidora não corresponde, necessariamente, a uma entrada física
de energia oriunda no próprio estado.
A empresa geradora vende à distribuidora Energia Assegurada28,
conforme o modelo regulatório de mercado, mas a energia poderá
advir de qualquer planta de geração do sistema interligado ou pode
ser importada, conforme o despacho do Operador Nacional do
Sistema – ONS, razão pela qual a cobrança relativa ao encerramento
da cadeia diferida deverá se dar quanto às notas fiscais de compra
28
Cadernos Temáticos ANEEL nº 3, Energia Assegurada, Brasília, 2005; disponível em
http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/caderno3capa.pdf
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dentro do Estado, seja em relação a quantidades, seja em relação ao
preço médio.
XI. DA LEGISLAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO SOBRE O
DIFERIMENTO DO ICMS E AS PERDAS DE ENERGIA
ELÉTRICA NAS DISTRIBUIDORAS DE ENERGIA ELÉTRICA.
60. Toma-se como premissa fundamental deste estudo o critério
hermenêutico da denominada “interpretação conforme a
Constituição”, na esteira da inteligência predominante no atual
Direito Constitucional Brasileiro, o qual inevitavelmente repercute
no campo do Direito Tributário.
61. Com efeito, por se tratar de exercício de interpretação de
norma legal ou administrativa sujeita ao controle jurisdicional
quanto aos requisitos de constitucionalidade e/ou legalidade, e à
vista da chamada presunção de constitucionalidade das leis e de
legalidade dos atos administrativos, e observando a melhor
doutrina, as tendências do Poder Judiciário e a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, então devemos aplicar a chamada
interpretação conforme: entre dois entendimentos possíveis do
preceito impugnado, deve prevalecer o que seja conforme a
Constituição29.
62. Na melhor aplicação do Decreto paulista, considerando-se tal
espécie legislativa não poder criar novo fato gerador, matéria que
é reservada à lei complementar nacional30, deve-se interpretar
essa exigência como interrupção do diferimento relativo às
aquisições de energia elétrica dentro do Estado de São Paulo
(caput do art. 5º do Anexo XVIII do Regulamento do ICMS/SP).
29 Representação 1417/DF, Rel. Min. Moreira Alves, RTJ 126, 48 (53). 30 CF: art. 146, inciso III, alínea ‘a’.
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63. Essa figura jurídica do diferimento sim, pode ser regulada por
ato infralegal de cada Estado31. Em São Paulo, a lei do ICMS32
permite a disciplina por Decreto regulamentar.
64. A emissão de nota fiscal de saída, Nota Fiscal/Conta de Energia
Elétrica, modelo 6, prevista no inciso I do art. 5º do Anexo XVIII,
não teria razão de ser, a menos de que se refira à instituição de
uma obrigação acessória, no interesse da fiscalização e da
arrecadação33 do ICMS, de forma a bem controlar a apuração do
ICMS das compras internas cuja cobrança foi postergada, mas
essa postergação decorrente do diferimento se encerrou pela
impossibilidade de sobrevir operação tributável com a mercadoria
extraviada ou perdida.
XII. CONCLUSÕES E ESCLARECIMENTOS:
De todo o exposto, podemos concluir que:
1. O Decreto Estadual do Estado de São Paulo não ofende o princípio
da legalidade ou a reserva de lei complementar para definição de
fato gerador, se interpretarmos a chamada tributação das perdas
como encerramento ou interrupção do diferimento, mas apenas
quanto aos valores que deixaram de ser lançados nas compras
internas de energia elétrica e que a distribuidora seja obrigada, na
condição de responsável, pelo recolhimento (ICMS diferido).
31 O art. 160 do CTN remete à legislação tributária a definição do momento do pagamento. 32 Lei nº 6.374/89, art. 8º, XXIV, § 10. 33 CTN: art. 113, § 2º, e art. 115.
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2. A norma contida no Decreto Estadual do Estado de São Paulo não
contraria a regra contida no § 9º, do artigo 34 da ADCT, já que
este dispositivo exauriu seus efeitos transitórios a partir da edição
da Lei Complementar nº 87, especialmente o art. 9º, § 1º, inciso
II, ainda que se equivalham as expressões utilizadas em um e
outro dispositivo: “calculado o imposto sobre o preço então
praticado na operação final” e “sendo seu cálculo efetuado sobre o
preço praticado na operação final”.
Tanto a regra de base de cálculo do ADCT quanto a atual regra da
lei complementar dizem respeito à operação final (fornecimento
devidamente faturado a consumidor final); enquanto a cobrança
prevista no Decreto Estadual diz respeito à interrupção do
diferimento, ou seja, à cobrança do ICMS que deixou de ser
destacado na operação de compra (a parte da energia adquirida
com diferimento e que foi objeto de perda e que não pode ser
faturado ao consumidor final). Nesse sentido, não há
incompatibilidade entre o Decreto estadual e a regra nacional de
base de cálculo.
Os aspectos regulatórios da tarifa e a interpretação dada pelos
tribunais de justiça ao dispositivo do ADCT (e, atualmente, da lei
complementar) reforçam a ideia de que estão incluídas no preço
da operação final (base de cálculo) as perdas técnicas e
comerciais, mas até o limite do razoável, ou seja, o admitido na
norma regulatória da ANEEL.
Assim, não se considera encerrada a fase do diferimento quanto às
perdas comerciais ordinárias (admitidas pelo poder concedente e
consideradas na tarifa), a exemplo da não exigência de estorno de
créditos nas situações de quebra ou perda razoável, conforme
legislação tributária de outros estados, jurisprudência consolidada
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do Tribunal de Impostos e Taxas de São Paulo e precedente do
Supremo Tribunal Federal, já citados.
3. A regra contida no § 9º do artigo 34 da ADCT NÃO determina que
a incidência do ICMS seja monofásica, uma vez que não pode ser
confundido o instituto do diferimento nas operações internas ou da
substituição tributária regressiva (em relação às operações
anteriores ou antecedentes) com a tributação monofásica. É dizer,
ocorrem outros fatos geradores nas sucessivas operações internas,
mas o lançamento do imposto se posterga, enquanto se transfere
também a responsabilidade pelo seu pagamento para quem
realizar operação a consumidor final (substituto).
4. A definição de base de cálculo sobre o preço da operação final não
exclui a responsabilidade pelo recolhimento do imposto que deixou
de ser lançado em razão do diferimento que beneficia as compras
dentro do Estado. A totalidade das perdas não está contemplada
na tarifa, razão que enfraquece, de certo modo, o entendimento
de que haveria uma incidência majorada (bitributação). O Decreto
do Estado de São Paulo quer tributar a energia elétrica objeto de
perdas técnicas que excedem o admitido pela ANEEL (expressão
da letra ‘b’ do item 1 do § 2º do art. 5º do Anexo XVIII: não
superior àquele que for reconhecido pelo poder concedente como
sendo de natureza ordinária) e, indistintamente, a energia objeto
de perdas comerciais; mesmo as consideradas na tarifa.
No entanto, face à aceitação das perdas comerciais razoáveis pela
jurisprudência histórica do Tribunal de Impostos e Taxas do Estado
de São Paulo do Supremo Tribunal Federal, bem como, face à
aplicação, por analogia, do próprio dispositivo do Decreto Estadual
– o qual admite a exclusão da perda técnica ordinária considerada
pela ANEEL, na tarifa, quando da apuração da base de cálculo pela
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interrupção do diferimento – em nosso entendimento, mesmo
contrariando o disposto no Decreto Estadual, é possível concluir
pela exclusão da perda comercial ordinária, considerada na tarifa
pela ANEEL, da base de cálculo para fins de incidência do ICMS
pela interrupção do diferimento.
Abaixo apresentamos modelo de um Balanço Energético para fins
de apuração das perdas técnicas e comerciais (extraordinárias)
que devem compor a base de cálculo para fins da interrupção do
diferimento:
Ressaltamos que a valoração das perdas extraordinárias deverá
ser feita pelo valor médio das compras de energia elétrica,
ocorridas dentro do Estado, ou seja, para fins do preço médio
não devem ser consideradas as aquisições de energia
correspondentes às operações interestaduais e nem aquelas
junto à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE.
No preço médio, deve ser considerado, quando for o caso, o
Custo do Uso do Sistema de Transmissão e de Conexão
referente à energia adquirida dentro do Estado de São Paulo.
1) Compras Interestaduais xxx MW/h
2) Compras Internas xxx MW/h
3) Compras CCEE xxx MW/h
Total energia no Sistema de distribuição xxx MW/h
4) (-) Compras Interestaduais xxx MW/h
5) (-) Perdas técnicas proporcional à aquisições Internas (efetiva ≤ regulatória) xxx MW/h
6) (-) Perdas comerciais proporcional à aquisições internas (efetiva ≤ regulatória) xxx MW/h
7) (-) Fornecimento faturado ao consumidor xxx MW/h
9) (-) Energia faturada (CCEE) xxx MW/h
Perdas Extraordinárias xxx MW/h