determinação de perdas e rendimento em motores elétricos … · tese aprovada por banca...

158
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA Determinação de perdas e rendimento em motores elétricos empregando termografia infravermelha Roberto Akira Yamachita Itajubá, dezembro de 2013

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO

    EM ENGENHARIA ELTRICA

    Determinao de perdas e rendimento em motores eltricos empregando termografia infravermelha

    Roberto Akira Yamachita

    Itajub, dezembro de 2013

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO

    EM ENGENHARIA ELTRICA

    Roberto Akira Yamachita

    Determinao de perdas e rendimento em motores eltricos empregando termografia infravermelha

    Tese submetida ao Programa de Ps- Graduao em Engenharia Eltrica como parte dos requisitos para obteno do ttulo de Doutor em Cincias em Engenharia Eltrica.

    rea de Concentrao: Sistema Eltrico de Potncia

    Orientador: Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni

    Dezembro de 2013

    Itajub

  • Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Mau Bibliotecria Margareth Ribeiro- CRB_6/1700

    Y11d Yamachita, Roberto Akira Determinao de perdas e rendimento em motores eltricos empregando termografia infravermelha / Roberto Akira Yamachita. -- Itajub, (MG) : [s.n.], 2013.

    158 p. : il. Orientador: Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni. Tese (Doutorado) Universidade Federal de Itajub. 1. Motor de induo. 2. Termografia. 3. Eficincia. 4. Separa_ o de perdas. I. Bortoni, Edson da Costa, orient. II. Universidade Federal de Itajub. III. Ttulo.

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO

    EM ENGENHARIA ELTRICA

    Roberto Akira Yamachita

    Determinao das perdas e rendimento em motores eltricos empregando termografia infravermelha

    Tese aprovada por banca examinadora em 27 de

    novembro de 2013, conferindo ao autor o ttulo de Doutor

    em Cincias em Engenharia Eltrica.

    Banca Examinadora:

    Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni (Unifei) (Orientador)

    Prof. Dr. Ronaldo Rossi (Unesp)

    Prof. Dr. Luiz Octavio Mattos dos Reis (Unitau)

    Prof. Dr. Jamil Haddad (Unifei)

    Prof. Dr. Cludio Ferreira (Unifei)

    Itajub

    2013

  • i

    DEDICATRIA

    Dedico este trabalho minha esposa Inez, ao meu filho Vincius e a minha filha Jlia (in

    memoriam), pela persistncia e coragem que vocs me passaram para enfrentar os grandes

    desafios deste trabalho.

  • ii

    AGRADECIMENTOS

    A Deus por esta conquista.

    A minha esposa Inez, meu filho Vincius e minha filha Jlia (in memoriam) pelo apoio e

    compreenso quanto s ausncias to necessrias para a elaborao deste trabalho.

    Aos meus pais pelo carinho e dedicao ao longo dos anos que foram importantes para a

    minha formao.

    Ao meu orientador, Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni, pela amizade, pacincia e ateno

    em suprir minhas lacunas de conhecimento e experincia, na anlise e na sugesto do texto da

    tese.

    Ao Prof. Dr. Jamil Haddad pela amizade, apoio e incentivo para o desenvolvimento da

    tese.

    Ao Prof. Jos Carlos Grilo Rodrigues pela autorizao para realizao de ensaios no

    LEPCH - Laboratrio Eletromecnico para Pequenas Centrais Hidreltricas que contou com a

    colaborao dos tcnicos Luiz Srgio Ferreira, Luciano Mesquita Teles e Luiz Octvio

    Medeiros para montagem dos motores na bancada e realizao dos ensaios.

    Aos alunos de graduao Joo Marcondes Guimares e Mateus Cndido Santos que

    ajudaram na realizao dos ensaios dos motores na bancada e captura das imagens

    termogrficas.

    Aos professores, amigos e colegas do EXCEN Centro de Excelncia em Eficincia

    Energtica pelo convvio e incentivo para a realizao deste trabalho.

    Aos professores do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica da Unifei, as

    secretrias do Programa de Ps-Graduao e do Departamento de Registro Acadmico.

    Ao PROCEL/Eletrobras que contribuiu na implementao do EXCEN com uma

    infraestrutura para a realizao de estudos e pesquisas.

    Aos membros da banca examinadora pelas contribuies no exame de qualificao e pela

    participao no exame de defesa da tese.

    A TODOS, A MINHA ETERNA GRATIDO.

  • iii

    RESUMO

    O presente trabalho busca obter as perdas e o rendimento do motor eltrico pelo mtodo

    termogrfico, o qual parte do princpio de que as perdas em um motor eltrico se dissipam na

    forma de calor, e o compara com um mtodo tradicional de separao de perdas com medio

    direta da potncia eltrica e mecnica. Ambos os mtodos so introduzidos detalhadamente,

    mostrando todos os passos para obteno das perdas e do rendimento e os equipamentos

    utilizados. O consumo energtico brasileiro vem crescendo muito ao longo dos anos e isso se

    deve principalmente ao crescimento populacional, ao desenvolvimento tecnolgico e

    dependncia cada vez maior do ser humano por energia eltrica. Outro motivo que causa um

    crescimento desse consumo o desperdcio, o uso inadequado dos equipamentos e a utilizao

    de equipamentos ineficientes. Um dos grandes problemas que pode ser encontrado que,

    buscando uma confiabilidade alta, pessoas responsveis pela manuteno instalam o motor

    superdimensionado. Logo desejvel realizar uma anlise dos motores para verificar se esto

    sendo utilizados de acordo com a carga que est acoplada no eixo. Outro ponto de desperdcio

    que pode ser observado que os motores deterioram ao longo do tempo de operao, assim

    necessrio analisar a troca. Para determinar se realmente vivel a troca preciso determinar

    as perdas e o rendimento do motor. Essa tarefa no simples visto que na maioria dos casos

    essa avaliao s pode ser realizada com a parada da linha de produo que muitas vezes no

    possvel fazer devido poltica da empresa.

    Palavras-Chave: Motor eltrico, termografia, eficincia, separao de perdas.

  • iv

    ABSTRACT

    In this concern this thesis aims to determine the losses and efficiency of the electric motor by

    means of thermography assuming the losses in an electric motor is dissipated as heat. The

    results were compared with the traditional method which adopts separation of losses measured

    directly by means of electric and mechanic power. Both methods are detailed showing all

    equipment and steps used for obtaining of losses and efficiency. In Brazil the energy

    consumption has been increasing expressively over the years caused mainly due to population

    growth, technological development and dependence of human beings for electricity. Other

    reasons for this increasing are the energy wasteful, the improper use of equipment and use of

    inefficient equipment. Regarding the problems associated with the size of electric motor,

    sometimes the designer supersize the motor for guarantee the reliability range required. Then,

    it is desirable to carry out an analysis to certify that motors are used in accordance with the load

    coupled to their shaft. Another energy wasteful can be observed during the deterioration of

    motors along time of operation becoming indispensible to analyze the need for their

    substitution. In most of cases it is not a trivial task once this analysis require the completed stop

    of production process which in turn depends on company policy.

    Key words: electric motor; thermography; efficiency; separation of losses.

  • v

    SUMRIO

    Dedicatria ........................................................................................................................ i

    Agradecimentos ............................................................................................................... ii

    Resumo ............................................................................................................................iii

    Abstract ........................................................................................................................... iv

    Sumrio ............................................................................................................................ v

    Lista de Figuras ............................................................................................................ viii

    Lista de Tabelas ............................................................................................................... x

    Siglas ............................................................................................................................. xiii

    1. INTRODUO ........................................................................................................ 1

    1.1. Motivao ................................................................................................................ 1

    1.2. Objetivo ................................................................................................................... 5

    1.3. Organizao do trabalho .......................................................................................... 5

    2. REVISO BIBLIOGRFICA ................................................................................ 7

    2.1. Eficincia energtica em motores eltricos ............................................................. 10

    2.2. Desempenho dos motores eltricos......................................................................... 11

    2.2.1. Consideraes iniciais ..................................................................................... 11

    2.3. Tipos de perdas ...................................................................................................... 12

    2.3.1. Perdas por efeito Joule no estator e no rotor .................................................... 12

    2.3.2. Perdas no ferro ................................................................................................ 13

    2.3.3. Perdas por atrito e ventilao .......................................................................... 15

    2.3.4. Perdas por disperso em carga ........................................................................ 15

    2.4. Mtodos normatizados de ensaio ............................................................................ 19

    2.4.1. O padro IEEE 112 - B ................................................................................... 20

    2.4.1.1. Ensaio com rotor livre .............................................................................. 23

    2.4.1.2. Ensaio em carga ....................................................................................... 25

  • vi

    2.4.2. A norma IEC 60034-2 ..................................................................................... 31

    2.4.2.1. Princpio geral ......................................................................................... 31

    3. TRANSFERNCIA DE CALOR .......................................................................... 33

    3.1. Processo de elevao de temperatura do motor ....................................................... 33

    3.2. Transmisso de calor por conduo ........................................................................ 38

    3.3. Transmisso de calor por conveco ...................................................................... 39

    3.4. Transmisso de calor por radiao ......................................................................... 40

    3.4.1. Medio e deteco de radiao ...................................................................... 41

    4. MTODO CALORIMTRICO ............................................................................ 46

    4.1. Perda por conveco .............................................................................................. 48

    4.1.1. Equao da perda por conveco natural ......................................................... 48

    4.1.2. Equao da perda por conveco forada ........................................................ 49

    4.2. Transferncia de calor por conduo e radiao ..................................................... 50

    4.3. Medio da temperatura ......................................................................................... 51

    4.3.1. Fontes de erro na medio infravermelha ........................................................ 52

    4.3.2. Determinao da temperatura de radiao refletida ......................................... 53

    4.3.3. Ajuste da emissividade ................................................................................... 53

    4.3.3.1. Mtodo com a cmera termogrfica ......................................................... 54

    4.3.3.2. Mtodo usando termmetro de contato .................................................... 54

    4.3.4. Medio da velocidade e temperatura do ar ..................................................... 56

    5. ANLISE DE ERROS ........................................................................................... 58

    5.1. Estimativa da repetitividade ................................................................................... 59

    5.2. Caracterizao da incerteza-padro de cada fonte de incerteza ............................... 60

    5.2.1. Procedimentos estatsticos (Tipo A) ................................................................ 60

    5.2.2. Procedimentos sistemticos (Tipo B) .............................................................. 61

    5.3. Incerteza combinada .............................................................................................. 61

    5.4. Nmero de graus de liberdade efetivos ................................................................... 61

  • vii

    5.5. Incerteza expandida ............................................................................................... 62

    5.6. Propagao de erros ............................................................................................... 62

    6. APLICAES DA METODOLOGIA PROPOSTA ........................................... 64

    6.1. Separao de perdas ............................................................................................... 67

    6.2. Mtodo calorimtrico ............................................................................................. 72

    6.2.1. Anlise das imagens termogrficas ................................................................. 73

    6.2.2. Matriz de pixel ................................................................................................ 74

    6.2.3. Clculo das perdas por conveco ................................................................... 77

    6.3. Resultados ............................................................................................................. 82

    7. CONCLUSO ........................................................................................................ 94

    REFERNCIAS ............................................................................................................ 97

    Anexo 1 Roteiro para anlise de erros ..................................................................... 100

    Anexo 2 Medies nos motores ................................................................................. 115

  • viii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1 Utilizao da energia eltrica no Brasil ________________________________ 1

    Figura 1.2 Utilizao da energia eltrica na indstria ______________________________ 2

    Figura 1.3 Aspecto construtivo de motores de induo trifsicos _____________________ 3

    Figura 1.4 Distribuio de motores vendidos nos ltimos 20 anos por faixa de potncia __ 4

    Figura 2.1 Ciclo de histerese tpico ___________________________________________ 14

    Figura 2.2 Localizao das perdas em um motor ________________________________ 15

    Figura 2.3 Diagrama de Sankey para um motor de induo trifsico _________________ 16

    Figura 2.4 Perdas em funo da carga _________________________________________ 18

    Figura 2.5 Perdas por atrito e ventilao _______________________________________ 24

    Figura 2.6 Perdas por disperso em funo do torque _____________________________ 30

    Figura 3.1 Curva de elevao de temperatura de um motor ________________________ 36

    Figura 3.2 Conduo de calor numa superfcie plana _____________________________ 39

    Figura 3.3 Espectro eletromagntico __________________________________________ 42

    Figura 3.4 Densidade espectral do corpo negro _________________________________ 43

    Figura 3.5 Regio do espectro de emisso onde as leis de Wien e Rayleigh concordam com a

    lei de Planck. ____________________________________________________ 44

    Figura 4.1 Volume de controle do motor ______________________________________ 46

    Figura 4.2 Motor em representao de isotermas ________________________________ 47

    Figura 4.3 Passagem de ar atravs da carcaa ___________________________________ 49

    Figura 4.4 InfraCAM SD ___________________________________________________ 52

    Figura 4.5 Imagem termogrfica do motor _____________________________________ 52

    Figura 4.6 Configurao dos parmetros da cmera ______________________________ 56

    Figura 4.7 Anemmetro trmico _____________________________________________ 57

    Figura 5.1 Estimativa da repetitividade a partir do desvio padro ___________________ 59

    Figura 6.1 Motor acoplado bancada de testes __________________________________ 64

    Figura 6.2 Sistema de aquisio de dados da bancada ____________________________ 68

    Figura 6.3 Resistncia lquida _______________________________________________ 68

    Figura 6.4 Bancada com o transdutor de torque _________________________________ 69

    Figura 6.5 Medidor eletrnico de torque _______________________________________ 69

  • ix

    Figura 6.6 Perdas por atrito e ventilao _______________________________________ 71

    Figura 6.7 Motor aquecido com a temperatura em regime permanente _______________ 73

    Figura 6.8 Motor em representao de isotermas atravs do software QuickReport _____ 74

    Figura 6.9 Seleo da rea desejada com a funo polygon ______________________ 75

    Figura 6.10 Matriz com as temperaturas dos pixels de parte da imagem selecionada ____ 75

    Figura 6.11 Motor em 3D no software AutoCAD Inventor _________________________ 76

    Figura 6.12 Clculo da rea selecionada do motor _______________________________ 76

    Figura 6.13 Imagem da tampa traseira lado direito _______________________________ 77

    Figura 6.14 Imagem da tampa traseira lado esquerdo _____________________________ 77

    Figura 6.15 Matriz de temperatura da lateral direita e tampa traseira do motor _________ 78

    Figura 6.16 Pontos de medio da velocidade do ar ______________________________ 80

    Figura 6.17 Pontos de medio da temperatura do ar de sada ______________________ 81

    Figura 6.18 Pontos de medio da velocidade do ar de entrada _____________________ 82

    Figura 6.19 Valores de perdas do motor convencional de 1 cv com limite superior e

    inferior _________________________________________________________ 83

    Figura 6.20 Valores de perdas do motor alto rendimento de 1 cv com limite superior e inferior

    _______________________________________________________________ 84

    Figura 6.21 Valores de perdas do motor de 2 cv com limite superior e inferior _________ 85

    Figura 6.22 Valores de perdas do motor WEG de 3 cv alto rendimento com limite superior e

    inferior _________________________________________________________ 86

    Figura 6.23 Valores de perdas do motor alto rendimento de 5 cv com limite superior e inferior

    _______________________________________________________________ 87

    Figura 6.24 Valores de perdas do motor convencional de 5 cv com limite superior e

    inferior _________________________________________________________ 88

    Figura 6.25 Valores de perdas do motor WEG de 7,5 cv com limite superior e inferior __ 89

    Figura 6.26 Valores de perdas do motor Eberle de 7,5 cv com limite superior e inferior__ 90

    Figura 6.27 Ensaio no motor de 3 cv com ventilador _____________________________ 91

    Figura 6.28 Perdas do motor WEG convencional de 3 cv com limite superior e inferior (sem

    ventilador) ______________________________________________________ 92

    Figura 6.29 Perdas do motor WEG convencional de 3 cv com limite superior e inferior (com

    ventilador) ______________________________________________________ 93

  • x

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1 - Tipo e distribuio percentual de perdas totais no motor de induo ________ 17

    Tabela 3.1 Classes de isolamento dos motores de induo _________________________ 34

    Tabela 4.1 Dados tcnicos da cmera _________________________________________ 51

    Tabela 4.2 Valores de emissividade de materiais ________________________________ 55

    Tabela 4.3 Dados tcnicos do anemmetro trmico ______________________________ 57

    Tabela 5.1 Expresses para clculos das incertezas combinadas de algumas grandezas R 63

    Tabela 6.1 Dados de placa do motor convencional de 1 cv ________________________ 64

    Tabela 6.2 Dados de placa do motor alto rendimento de 1 cv _______________________ 65

    Tabela 6.3 Dados de placa do motor de 2 cv ____________________________________ 65

    Tabela 6.4 Dados de placa do motor alto rendimento WEG de 3 cv__________________ 65

    Tabela 6.5 Dados de placa do motor de alto rendimento Metal Corte de 5 cv __________ 66

    Tabela 6.6 Dados de placa do motor convencional Metal Corte de 5 cv ______________ 66

    Tabela 6.7 Dados de placa do motor WEG de 7,5 cv _____________________________ 66

    Tabela 6.8 Dados de placa do motor Eberle de 7,5 cv ____________________________ 67

    Tabela 6.9 rea da superfcie dos motores _____________________________________ 79

    Tabela 6.10 Resultados motor convencional 1 cv ________________________________ 83

    Tabela 6.11 Resultados motor alto rendimento 1 cv ______________________________ 84

    Tabela 6.12 Resultados motor 2 cv ___________________________________________ 85

    Tabela 6.13 Resultados motor WEG 3 cv alto rendimento _________________________ 86

    Tabela 6.14 Resultados motor alto rendimento Metal Corte 5 cv ____________________ 87

    Tabela 6.15 Resultados motor convencional 5 cv ________________________________ 88

    Tabela 6.16 Resultados motor WEG de 7,5 cv __________________________________ 89

    Tabela 6.17 Resultados motor Eberle de 7,5 cv _________________________________ 90

    Tabela 6.18 Dados de placa do motor convencional WEG de 3 cv __________________ 91

    Tabela 6.19 Resultados motor convencional WEG 3 cv sem ventilador ______________ 92

    Tabela 6.20 Resultados motor WEG convencional 3 cv com ventilador ______________ 93

    Tabela A.1 Motor convencional de 1 cv com 100% carregamento __________________ 115

    Tabela A.2 Motor convencional de 1 cv com 75% carregamento ___________________ 115

    Tabela A.3 Motor convencional de 1 cv com 50% carregamento ___________________ 116

  • xi

    Tabela A.4 Motor convencional de 1 cv com rotor livre__________________________ 116

    Tabela A.5 Motor alto rendimento de 1 cv com 100% carregamento ________________ 118

    Tabela A.6 Motor alto rendimento de 1 cv com 75% carregamento _________________ 118

    Tabela A.7 Motor alto rendimento de 1 cv com 50% carregamento _________________ 119

    Tabela A.8 Motor alto rendimento de 1 cv com rotor livre ________________________ 119

    Tabela A.9 Motor de 2 cv com 100% carregamento _____________________________ 121

    Tabela A.10 Motor de 2 cv com 75% carregamento _____________________________ 121

    Tabela A.11 Motor de 2 cv com 50% carregamento _____________________________ 122

    Tabela A.12 Motor de 2 cv com rotor livre ____________________________________ 122

    Tabela A.13 Motor alto rendimento de 3 cv com 100% carregamento _______________ 124

    Tabela A.14 Motor alto rendimento de 3 cv com 75% carregamento ________________ 124

    Tabela A.15 Motor alto rendimento de 3 cv com 50% carregamento ________________ 125

    Tabela A.16 Motor alto rendimento de 3 cv com rotor livre _______________________ 125

    Tabela A.17 Motor convencional de 3 cv com 100% carregamento _________________ 127

    Tabela A.18 Motor convencional de 3 cv com 75% carregamento __________________ 127

    Tabela A.19 Motor convencional de 3 cv com 50% carregamento __________________ 128

    Tabela A.20 Motor convencional de 3 cv com rotor livre_________________________ 128

    Tabela A.21 Motor convencional de 5 cv com 100% carregamento _________________ 130

    Tabela A.22 Motor convencional de 5 cv com 75% carregamento __________________ 130

    Tabela A.23 Motor convencional de 5 cv com 50% carregamento __________________ 131

    Tabela A.24 Motor convencional de 5 cv com rotor livre_________________________ 131

    Tabela A.25 Motor alto rendimento de 5 cv com 100% carregamento _______________ 133

    Tabela A.26 Motor alto rendimento de 5 cv com 75% carregamento ________________ 133

    Tabela A.27 Motor alto rendimento de 5 cv com 50% carregamento ________________ 134

    Tabela A.28 Motor alto rendimento de 5 cv com rotor livre _______________________ 134

    Tabela A.29 Motor Eberle de 7,5 cv com 100% carregamento ____________________ 136

    Tabela A.30 Motor Eberle de 7,5 cv com 75% carregamento _____________________ 136

    Tabela A.31 Motor Eberle de 7,5 cv com 50% carregamento _____________________ 137

    Tabela A.32 Motor Eberle de 7,5 cv com rotor livre ____________________________ 137

    Tabela A.33 Motor WEG de 7,5 cv com 100% carregamento _____________________ 139

    Tabela A.34 Motor WEG de 7,5 cv com 75% carregamento ______________________ 139

    Tabela A.35 Motor WEG de 7,5 cv com 50% carregamento ______________________ 140

  • xii

    Tabela A.36 Motor WEG de 7,5 cv com rotor livre _____________________________ 140

  • xiii

    SIGLAS

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    CFD - Computational Fluid Dynamics

    CSA Canadian Standards Association

    EXCEN - Centro de Excelncia em Eficincia Energtica

    IEC International Electrotechnical Commission

    IEEE - Institute of Electrical and Electronics Engineers

    JEC - Japanese Electrotechinical Committee

    LEPCH - Laboratrio Eletro-Mecnico de Pequenas Centrais Hidreltricas

    PROCEL Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica

    SLLs Stray Load Losses

    Unifei - Universidade Federal de Itajub

  • 1

    1. INTRODUO

    1.1. Motivao

    O consumo energtico brasileiro vem crescendo muito ao longo dos anos e isso se deve

    principalmente ao crescimento populacional, ao desenvolvimento tecnolgico e

    dependncia cada vez maior do ser humano por energia. Porm h outro motivo que causa

    um crescimento desse consumo o desperdcio, o uso inadequado dos equipamentos e a

    utilizao de equipamentos ineficientes.

    O Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica (PROCEL) busca promover

    a racionalizao da produo e do consumo de energia eltrica; eliminando os desperdcios

    e reduzindo os custos e os investimentos setoriais; para isso, apoia a criao de centros de

    pesquisa, como por exemplo, o Centro de Excelncia em Eficincia Energtica (EXCEN) da

    Universidade Federal de Itajub (Unifei) que tem como objetivo promover o uso eficiente

    da energia, reduzindo as perdas energticas nas diversas atividades scio-econmicas, e

    assim, contribuir para um futuro mais sustentvel.

    A indstria, segundo Narrol e Stiver (2008), consome boa parte da energia eltrica

    mundial e os motores eltricos so responsveis por cerca de 75% desse consumo. Outra

    informao importante que os motores eltricos so responsveis por cerca de 25% do

    consumo de energia eltrica no Brasil (BORTONI, 2006). Sendo assim, a implementao de

    estudos sobre eficincia energtica podem evitar ou postergar o investimento em fontes de

    gerao de energia.

    Figura 1.1 Utilizao da energia eltrica no Brasil

    Fonte: Bortoni (2006)

    Industrial43%

    Comercial16%

    Residencial28%

    Pblico e Rural13%

  • 2

    Figura 1.2 Utilizao da energia eltrica na indstria

    Fonte: Bortoni (2006)

    Atravs das figuras 1.1 e 1.2 apresentadas percebe-se que reduzir as perdas no motor

    pode representar um ganho importante para a economia energtica. Um dos grandes

    problemas que pode ser encontrado que, buscando uma confiabilidade alta, muitos

    responsveis pela manuteno superdimensionam o motor, isto , utilizam motores com uma

    capacidade de trabalho superior carga que colocada em seu eixo. Logo desejvel realizar

    uma anlise dos motores para verificar se esto sendo utilizados de acordo com a carga que

    est acoplada no eixo.

    Outro ponto de desperdcio que pode ser observado que os motores deterioram ao

    longo do tempo de operao, assim um retrofit ou uma troca de equipamentos nas instalaes

    industriais necessrio. Para determinar se a troca realmente vivel preciso determinar

    o rendimento do motor. Essa tarefa no simples visto que na maioria dos casos essa

    avaliao s pode ser realizada com a parada da linha de produo que muitas vezes no

    possvel fazer devido poltica da empresa.

    As principais perdas em um motor de induo acontecem devido s perdas Joule no

    estator, perdas Joule no rotor, perdas Joule no ferro, perdas por disperso e perdas por

    ventilao e atrito. A seguir apresentada a Figura 1.3 com os principais componetes de um

    motor de induo.

    Motor55%

    Aquecimento18%

    Processo Eletroqumico

    19%

    Refrigerao6%

    Iluminao2%

  • 3

    Figura 1.3 Aspecto construtivo de motores de induo trifsicos

    Fonte: Bortoni (2006)

    Os motores de alto rendimento se apresentam como uma alternativa para a economia

    de energia em sistemas motrizes, muito embora no sejam as solues definitivas para todos

    os problemas energticos relacionados aos motores de induo, pois a operao depende de

    alguns fatores como: condies do alimentador, mtodo de partida, ambiente de trabalho,

    etc.

    A principal caracterstica destes motores a melhoria em pontos vitais onde se

    concentram a maioria das perdas. Como exemplo, pode-se citar o aumento da quantidade de

    cobre nos enrolamentos do estator, incluindo o projeto otimizado das ranhuras, e, o

    superdimensionamento das barras do rotor para diminuir as perdas por efeito Joule;

    diminuio da intensidade de campo magntico e utilizao de chapas magnticas de boa

    qualidade para reduzir as perdas no ferro e a corrente de magnetizao; emprego de

    rolamentos adequados e otimizao do projeto dos ventiladores para diminuir as perdas por

    atrito e ventilao; e, finalmente, regularidade do entre-ferro, melhoria no isolamento e

    tratamento trmico das chapas do estator e do rotor para reduzir as perdas por disperso.

    Estas medidas podem acarretar uma reduo de at 30% das perdas, o que significa uma real

    economia de energia (BORTONI, 2006).

  • 4

    Um grande potencial de aplicao de motores de alto rendimento pode ser encontrado

    no acionamento de pequenas mquinas, muitas vezes colocadas margem em estudos de

    conservao energtica, j que comum imaginar que motores com potncia inferior a 10

    cv so pequenos demais para viabilizar a sua substituio. Porm, deve-se ter sempre em

    mente que estes motores contam com uma fatia de aproximadamente 85% dos motores

    instalados, contribuindo com cerca de 25% de todo o consumo industrial, e que a melhoria

    de rendimento em um motor de pequeno porte pode ser de 4 a 6 pontos percentuais, enquanto

    que este ganho para grandes motores da ordem de apenas 2 pontos percentuais (BORTONI,

    2006).

    Figura 1.4 Distribuio de motores vendidos nos ltimos 20 anos por faixa de potncia

    Fonte: Bortoni (2006)

    Para a obteno do rendimento dos motores de induo necessrio medir as perdas

    existentes, e as principais normas internacionais existentes para o ensaio de rendimento dos

    motores de induo trifsicos so a IEEE std 112, IEC 34-2 e a JEC std 37.

    Uma alternativa para calcular as perdas por aquecimento no motor a termografia

    infravermelha, pois permite a leitura das temperaturas sem a necessidade de contato com as

    partes energizadas e componentes girantes, garantindo a segurana do pessoal envolvido

    com as medies. Outra vantagem est na possibilidade de realizar as medies com o motor

    ligado rede de energia eltrica, pois na maioria das vezes, as indstrias esto com as linhas

    33%

    56%

    8%

    2% 1%

    At 1 cv

    Acima de 1 at 10 cv

    Acima de 10 at 40 cv

    Acima de 40 at 100 cv

    Acima de 100 at 300 cv

  • 5

    de produo operando no limite, e as solicitaes de intervenes para a realizao de

    manutenes preventivas tornam uma difcil tarefa de ser realizada.

    Alm da possibilidade de analisar o rendimento da mquina atravs da termografia

    infravermelha, outro fator importante a verificao dos pontos quentes que permite analisar

    as condies dos equipamentos. Logo, uma simples inspeo contribuir para a definio do

    momento adequado de parada da unidade para a realizao da manuteno preventiva.

    1.2. Objetivo

    O objetivo deste trabalho desenvolver um mtodo expedito para estimar as perdas e

    o rendimento de motores de induo trifsicos, tendo como base princpios de calorimetria,

    utilizao das tcnicas de termografia infravermelha e a medio de vazo dos fludos

    refrigerantes por mtodos no intrusivos. Ao invs da instalao de medidores de

    temperatura por contato nas entradas e sadas dos trocadores de calor e nas superfcies

    radiantes, foram realizadas medidas de temperatura distncia. Sendo assim, este trabalho

    estima as perdas e o rendimento de motores pelo mtodo calorimtrico e compara com o

    rendimento calculado atravs de medies diretas.

    1.3. Organizao do trabalho

    O captulo 2 apresenta uma reviso bibliogrfica sobre os motores de induo trifsica

    abordando os tipos de perdas e as principais metodologias utilizadas na determinao de

    rendimento de motores de induo de acordo com as normas IEEE- STD-112 e IEC 34-2.

    Em seguida, foi desenvolvido o captulo 3 abordando processo de elevao de

    temperatura em motores de induo, os princpios de transferncia de calor e caractersticas

    de medio e deteco de radiao.

    Ainda dentro do referencial terico, o captulo 4 traz uma abordagem sobre o mtodo

    calorimtrico em motores de induo, onde so apresentadas as principais etapas da

    metodologia de medio, e tambm, as tcnicas de medio de temperatura utilizando a

    termografia infravermelha e o processamento de imagens termogrficas.

  • 6

    No captulo 5 apresentado um estudo sobre anlise de erros levando em considerao

    procedimentos estatsticos e sistemticos, incertezas, graus de liberdade e propagao de

    erros.

    O estudo de caso, apresentado no captulo 6, mostra a bancada onde foram realizados

    os ensaios dos motores de induo, de acordo com a metodologia apresentada neste trabalho,

    e tambm, o processamento das imagens termogrficas para comparao dos resultados com

    o mtodo de separao de perdas.

    Finalmente, no captulo 7, so analisados os resultados e apresentadas as concluses e

    recomendaes deste trabalho.

  • 7

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    A bibliografia consultada est relacionada com os mtodos para obteno das perdas

    em motores de induo trifsicos que esto correlacionadas com a proposta de metodologia

    para a determinao das perdas e o rendimento de motores empregando a termografia

    infravermelha.

    Sendo assim, na sequncia apresentada uma sntese dos textos consultados nesta

    reviso bibliogrfica abordando os aspectos e as concluses que contriburam para o

    desenvolvimento deste trabalho.

    Bortoni e outros (2007), avaliaram as atividades de manuteno preventiva e corretiva

    de motores. Verificou-se que a realizao de aes simples como a limpeza e lubrificao

    resultaram numa melhora no rendimento dos motores analisados.

    Boglietti, A. e outros (2004) analisaram o clculo das perdas por disperso utilizando

    trs mtodos (IEEE 112-B, IEC 34-2 e a JEC 37). Observou-se que a norma IEEE apresentou

    os melhores resultados; a norma IEC apresentou uma discrepncia nos valores,

    principalmente para os motores de at 90 kW, pois adota um valor de perdas por disperso

    iguais a 0,5% da potncia; e a norma JEC despreza as perdas por disperso.

    Almeida e outros (2002) analisaram o efeito das perdas por disperso no clculo do

    rendimento dos motores pelos mtodos da IEEE 112-B e IEC 34-2. Verificaram que na IEC

    34-2, as perdas por disperso, conhecidas tambm com SLLs (Stray load losses), no so

    calculadas, mas so estimadas arbitrariamente como sendo 0,5% da potncia de entrada em

    plena carga. J na norma IEEE 112-B, as SLLs so as perdas restantes das outras trs perdas

    (perdas Joule, as perdas no ncleo e as perdas por atrito e ventilao) aps a medio das

    perdas totais, medida pelo mtodo direto (medio da potncia de sada mecnica, com um

    dinammetro e medio da potncia eltrica de entrada). Assim, concluram que, quando

    comparado com a norma IEEE 112-B, a IEC 32-4 apresentou valores mais altos para o

    rendimento.

    Bradley e outros (2006) pesquisaram os mtodos IEEE 112-B, C 390 e IEC 61972 e

    verificaram que os mtodos para a obteno das perdas nos motores eltricos esto

    relacionados com a potncia dos motores (potncias menores possuem maiores percentagens

  • 8

    de perdas) e preciso dos equipamentos de medio. As perdas por disperso so difceis de

    serem medidas e o mtodo IEC 34-2 adota um valor subestimado. Observou que os

    resultados obtidos usando o procedimento apresentado no mtodo entrada e sada da norma

    IEE 112 foram excelentes.

    Segundo Bousbaine, Low e Mccormick, 1996; as perdas por disperso so as mais

    indefinidas de todas as perdas, pois so consequncias de diferentes fatores. Afirmam que

    de consenso geral que a determinao das perdas por disperso em mquinas eltricas

    rotativas est longe de ser completa, e o resultado de qualquer determinao subjetivo com

    um alto grau de incerteza.

    Lu, B.; Habetler, T. G. e Harley, R. G. (2006) analisaram vrios mtodos intrusivos e

    outros no intrusivos para a obteno do rendimento de motores eltricos e verificaram que

    os resultados dependem da preciso das medies, qualidade dos equipamentos. Observaram

    que alguns mtodos so de difcil aplicao em campo, pois necessitam da instalao de

    equipamentos de medio sofisticados, como por exemplo, transdutor de torque.

    Yoon e outros (2002) avaliaram os efeitos da temperatura na bobina do motor de

    induo e observaram que o rendimento fortemente afetado pela variao da temperatura

    da bobina, observou-se que uma reduo de 10C na temperatura provocou um aumento de

    0,25% no rendimento a 100% de carga e um aumento de 0,5% no rendimento com o motor

    operando com 125% de carga.

    Agamloh e outros (2005) realizaram a anlise de desempenho de trs motores de

    induo baseado no mtodo no intrusivo do IEEE 112 e verificaram que os dados obtidos

    no laboratrio de testes de comparao, a preciso das estimativas foi boa para

    carregamentos acima de 50% da nominal. Se a carga do motor for inferior a 50%, as

    estimativas dos rendimentos devem ser consideradas com mais cuidado.

    Hsu e outros (1998) realizaram a avaliao do rendimento de motores em campo

    baseado em diferentes mtodos bsicos e empricos. Os mtodos bsicos so mtodo de

    placa de identificao, o mtodo do escorregamento, o mtodo estatstico, separao de

    perdas, mtodo de circuito equivalente, etc. Verificou-se que o nvel de intromisso, custo e

    preciso so as principais consideraes para a seleo de uma avaliao do rendimento em

  • 9

    campo. Normalmente os mtodos com menores custos e com nvel invasivo menor

    apresentam valores de rendimento com menor preciso.

    Epperly e outros (1999) realizaram um estudo sobre a medio por termografia, e

    concluram que o equipamento pode ser uma ferramenta extremamente eficaz para prevenir

    falhas de equipamentos atravs da manuteno preventiva e evitar paradas no programadas

    na linha de produo. O termovisor possui facilidade de utilizao e no necessita parar a

    operao da mquina.

    Bortoni e outros (2010) cita que o mtodo calorimtrico tem sido por muito tempo

    aplicado para medir a eficincia de converso de energia em mquinas eltricas. O nmero

    de sensores de temperatura necessrios para a sua aplicao com xito no campo consiste

    em um dos principais inconvenientes do mtodo. O artigo mostra como o uso de tcnicas de

    imagem trmica infravermelha pode reduzir os custos e o tempo necessrio para a aplicao

    do mtodo calorimtrico.

    Szabados e Mihalcea (2001) analisaram a diferena no valor das perdas totais num

    motor de 10 hp operando sob condies de carga plena. Observaram que o mtodo

    calorimtrico apresentou melhores resultados que o procedimento de entrada e sada

    convencional. Verificou que a implementao da medio calorimtrica no requer

    processos muito complicados ou configuraes caras.

    Staton e outros (2005) analisaram alguns dos aspectos mais difceis na anlise trmica

    do motor eltrico e verificaram que muitos dos fenmenos trmicos que ocorrem no motor

    eltrico so complexos e no podem ser resolvidos por meios matemticos puros. So

    necessrios alm do conhecimento das propriedades geomtricas e do material usado na

    construo da mquina, a utilizao de poderosos programas numricos com base em

    dinmica de fluidos computacionais. Verificaram que a utilizao do software

    Computational Fluid Dynamics - CFD, apesar de ser caro e exigir um alto nvel de

    conhecimento para a sua utilizao, apresentaram bons resultados nas medies.

    Litwa (2010) cita que a vantagem da medio por termoviso est na sua simplicidade.

    A cmera termoviso uma ferramenta perfeita para a realizao de medies sem contato;

    porm, a confiabilidade das medidas de temperatura por termoviso depende de fatores

    essenciais, incluindo o coeficiente de emissividade e ngulo de viso. Um grande ngulo de

  • 10

    viso pode resultar em medies de temperatura imprecisas ou incorretas, dado que a cmera

    deve estar em uma posio tima em relao ao equipamento observado.

    Rodenas e outros (2011) realizaram um estudo de rendimento num motor de induo

    de 1,1 kW operando a plena carga atravs do uso de termografia infravermelha. Os testes

    concluram que os resultados foram bons e o mtodo pode ser considerado como uma

    ferramenta valiosa para realizar balanos de energia.

    Carlomagno e outros (2010) analisaram os coeficientes de transferncia de calor e

    verificaram que durante a utilizao de cmeras com imagens infravermelhas, so

    necessrios cuidados especiais com a questo dos ajustes iniciais, evitando assim, a

    realizao de medies incorretas.

    Segundo Kaplan (2007), antes de iniciar uma medio com a cmera termogrfica, o

    operador dever realizar as seguintes tarefas: conhecer o comportamento trmico do

    equipamento a ser medido, adquirir os conhecimentos necessrios para a configurao da

    cmera, preparar o material para a realizao das medies de campo, e utilizar os

    procedimentos operacionais adequados.

    Segundo Santos (2012), a termografia por infravermelho pode estar subordinada a

    muitas influncias e limitaes; mesmo sendo a maioria delas difcil de quantificar,

    possvel, tendo um conhecimento prvio, reduzi-las ou evit-las. Sendo assim, muito ainda

    pode ser alcanado com esforos na melhoria contnua da qualificao dos termografistas,

    no avano da tecnologia e em estudos para o aprimoramento das medies realizadas pela

    termografia.

    2.1. Eficincia energtica em motores eltricos

    O motor eltrico um equipamento voltado para transformar energia eltrica em

    energia mecnica, mantendo sob controle todo o processo de converso. So normalmente

    utilizados para acionar mquinas que requerem algum tipo de movimento controlado, como

    por exemplo, a quantidade de ar comprimido produzida pela mquina.

    A grande importncia dos motores eltricos no consumo de eletricidade verificado nas

    empresas e o aumento dos custos de energia, resultou no desenvolvimento dos chamados

    motores de alto rendimento. Estes motores, como o prprio nome indica, apresentam um

  • 11

    rendimento e um fator de potncia mais elevados que os motores tradicionais. Segundo

    Bortoni e outros (2013), a utilizao de motores de alto rendimento no mercado brasileiro

    resultou numa economia de energia de cerca de 493 GWh e uma reduo na demanda de

    ponta de 150 MW em 2012.

    2.2. Desempenho dos motores eltricos

    As caractersticas de desempenho de um motor de induo trifsico so descritas por

    um conjunto de grandezas eletromecnicas e trmicas, as quais definem o comportamento

    operacional do motor sob determinadas condies de carregamento.

    Sendo assim, o motor apresenta valores definidos de rendimento, fator de potncia,

    corrente, velocidade, conjugado desenvolvido, perdas e elevaes de temperatura em funo

    da potncia exigida pela carga e das condies da rede eltrica de alimentao.

    As principais normas adotadas para a realizao do ensaio de rendimento de motores

    de induo trifsicos so a IEEE Std 112, IEC Std 34-2 e a JEC Std 37. Este captulo

    apresenta um detalhamento dos ensaios de motores de induo trifsicos utilizados para a

    obteno dos dados do motor.

    2.2.1. Consideraes iniciais

    Os motores eltricos so grandes consumidores de energia eltrica em alguns

    segmentos econmicos, como por exemplo, o industrial onde so usados para os diversos

    tipos de aplicaes. Desta forma, pequenas melhorias no rendimento podero resultar em

    quantidades razoveis de economias de energia. A medio dos valores de rendimento

    calculada de acordo com os padres normatizados.

    Atualmente existem alguns padres para ensaio de mquinas eltricas, e para os

    motores de induo trifsicos; as normas mais importantes so a americana IEEE Standard

    112-Method B, a europia IEC 60034-2 e a japonesa JEC 37. A norma IEC foi revisada para

    a nova IEC 61972. Os mtodos de ensaio em motores resultam em valores de rendimento

    significativamente diferentes. Isso ocorre devido s consideraes e tratamento

    diferenciados dados s perdas que ocorrem durante o processo de converso de energia no

    interior do motor.

  • 12

    Os mtodos de ensaio de rendimento podem ser divididos em duas principais

    categorias: aquela que determina o rendimento pela medida direta e outra que determina

    indiretamente, pelo clculo das perdas do motor atravs de dados obtidos em ensaios com

    carga e com o rotor livre. A norma IEEE 112, mtodo de ensaio A, B e C determina o

    rendimento diretamente de medidas de potncia eltrica de entrada e potncia mecnica de

    sada sob condies operacionais de carga.

    A norma IEEE, mtodo de ensaio E e F e as normas IEC e JEC usam diferentes tcnicas

    para determinar a potncia de entrada e sada, ou ambas, quando uma medida direta no est

    disponvel. A principal diferena entre os diferentes mtodos o tratamento das perdas por

    disperso em carga. A norma IEEE 112 mtodo E e F requer um ensaio separado para as

    perdas por disperso em carga enquanto a IEC 34-2 assume um valor percentual a plena

    carga para essas perdas. A norma JEC 37 utiliza um diagrama circular como mtodo

    principal para calcular o rendimento e no inclui uma medida direta das perdas por disperso

    em carga. Uma vez que as perdas por disperso em carga representam de 8-15% de toda a

    perda, estimar as perdas por disperso pode comprometer a exatido no valor calculado por

    esses mtodos.

    2.3. Tipos de perdas

    O motor um conversor eletromecnico que, apoiado em princpios eletromagnticos,

    converte energia eltrica em energia mecnica no eixo, porm esta converso no completa

    devido existncia das perdas que ocorrem no interior da mquina durante este processo.

    As perdas energticas esto relacionadas com o tipo de material utilizado e a tecnologia de

    fabricao dos motores e so determinantes no rendimento do motor e podem ser agrupadas

    em quatro classes, conforme descritos a seguir:

    2.3.1. Perdas por efeito Joule no estator e no rotor

    As perdas por efeito Joule so as que ocorrem nos condutores do estator e do rotor pelo

    efeito da passagem da corrente. Para obter-se uma reduo na perda Joule no estator pode-

    se aumentar a rea transversal dos condutores de cobre do estator. J no rotor, esta opo de

    melhoria deve ser analisada de forma rigorosa, pois o torque de partida do motor

    proporcional resistncia do secundrio.

  • 13

    2.3.2. Perdas no ferro

    As perdas no ferro so devidas s correntes parasitas (Foucault) e s perdas por

    histerese. Estas perdas variam com a frequncia, e como no rotor a variao do fluxo muito

    pequena, estas so desprezadas no mesmo, ficando as perdas no ferro restritas somente ao

    estator.

    i) Perdas por correntes parasitas ou Foucault

    As perdas por correntes parasitas resultam da circulao das correntes induzidas nas

    laminaes do estator. A distribuio destas correntes no uniforme e tendem a se

    concentrar nas superfcies das laminaes. Como as perdas por efeito Joule so

    proporcionais ao quadrado da corrente, tem-se que as correntes parasitas resultam em

    significativas perdas. Para se reduzir esta perda necessria construir-se o ncleo com

    lminas isoladas entre si, resultando numa reduo no valor das correntes parasitas.

    Steinmetz obteve uma equao emprica apresentada a seguir para calcular as perdas

    por correntes de Foucault:

    222

    mff e f B K V = P (2.1)

    Onde:

    Pf a perda por corrente de Foucault [Wm-3];

    Kf uma constante que depende do material da chapa [ - ];

    e a espessura de laminao [m];

    Bm a densidade de fluxo mxima [wbm2];

    f a frequncia da variao do fluxo [Hz];

    V o volume total do material [m3].

    ii) Perdas por histerese magntica

    Quando um campo magntico alternado aplicado a um material ferromagntico, uma

    parcela de calor gerada internamente como consequncia de um fenmeno semelhante a

  • 14

    um atrito, verificado entre os dipolos magnticos, para que os movimentos dos mesmos

    possam acompanhar as variaes do campo alternado. No entanto, uma parcela dos dipolos

    no segue esta direo e este atraso na magnetizao origina o lao de histerese. A Figura

    2.1 mostra a curva de magnetizao resultante da ao do campo magntico alternado em

    um ncleo.

    Figura 2.1 Ciclo de histerese tpico

    A rea interna ao lao de histerese significa as perdas inerentes ao processo, as quais

    so proporcionais frequncia do campo aplicado e a densidade de fluxo magntico.

    No final do sculo XIX, Steinmetz obteve uma equao emprica que permite

    calcular as perdas por histerese dada por:

    V f B K= P mhh (2.2)

    Onde:

    Ph a perda por histerese [Wm-3];

    Kh a constante de perda por histerese e depende da propriedade do material. Alguns

    valores tpicos so: ao forjado 0,025; chapa de ao silcio 0,001 (DEL TORO, 1994) [ -];

    o coeficiente ou expoente de Steinmetz. Situa-se na faixa de 1,5 a 2,5 (DEL

    TORO, 1994) [ -];

    f a frequncia de variao do fluxo [Hz];

    V o volume total do material [m3].

  • 15

    2.3.3. Perdas por atrito e ventilao

    As perdas por atrito e ventilao ocorrem devido aos atritos nos mancais e ventilao

    do motor, por isso dependem do tipo de mancal, da lubrificao, do sistema de ventilao,

    da velocidade de rotao e do estado de conservao do motor, no que diz respeito limpeza

    do mesmo. So chamadas tambm de perdas mecnicas e geralmente em condies normais

    constituem a menor parcela de perdas em motores.

    2.3.4. Perdas por disperso em carga

    Incluem todas as perdas no classificadas anteriormente e normalmente crescem com

    o carregamento da mquina. Alguns dos fatores que so causadores de tais perdas so: o

    fluxo de disperso, a distribuio no uniforme da corrente, imperfeies mecnicas e

    irregularidades no entreferro.

    A Figura 2.2 apresenta o esquema de um motor de induo trifsico, com as perdas

    que ocorrem em seu interior.

    Figura 2.2 Localizao das perdas em um motor

    Fonte: Bortoni (2001)

  • 16

    Dentre todas as classes de perdas anteriormente citadas, as perdas por disperso em

    carga ou perdas adicionais so de difcil quantificao e so bastante pesquisadas no meio

    cientfico.

    As perdas por disperso em carga levam em conta vrios fenmenos, tais como; a

    distribuio no uniforme da corrente nos enrolamentos, o efeito da saturao e as

    imperfeies na densidade de campo magntico (devido s ranhuras do estator e do rotor).

    Estas imperfeies provocam perdas nos dentes das lminas do estator e do rotor e

    ocasionam perdas hmicas nas barras das gaiolas, associadas aos harmnicos de corrente.

    As perdas que ocorrem nas partes metlicas prximas ao campo magntico de

    disperso, produzidas pelas cabeas das bobinas so tambm computadas nas perdas por

    disperso em carga.

    Os elementos que mais afetam estas perdas so o projeto do enrolamento do estator, a

    razo entre a largura do entreferro e a abertura das ranhuras, a razo entre o nmero de

    ranhuras do estator e do rotor e as superfcies dos pacotes magnticos do estator e do rotor.

    As perdas por disperso so as mais difceis de serem reduzidas, porm podem

    apresentar uma grande contribuio para o aumento do rendimento do motor atravs da

    adoo de um projeto otimizado e com a utilizao de materiais com qualidade na fabricao.

    A relao entre a potncia eltrica de entrada e a potncia mecnica de sada do motor,

    considerando as perdas, mostrada no diagrama de fluxo de potncia na Figura 2.3:

    Figura 2.3 Diagrama de Sankey para um motor de induo trifsico

    PeltricaPtilPeletrom

    PJEPHF

    PJR

    PAV + Pdisp

    Pmecnica

    Entre ferro

  • 17

    As grandezas abreviadas, mostradas na figura anterior representam:

    Peltrica Potncia eltrica de entrada;

    PJE Perdas Joule no enrolamento do estator;

    PHF Perdas no ferro por histerese e Foucault;

    PJR Perdas Joule no enrolamento do rotor;

    PAV Perdas mecnicas por atrito e ventilao;

    Pdisp Perdas por disperso em carga;

    Ptil Potncia mecnica de sada.

    Na Figura 2.3 no esto representadas as perdas por histerese e Foucault no rotor por

    serem desprezveis durante a operao. Na Tabela 2.1 esto sumarizadas as perdas que

    ocorrem no motor de induo, bem como sua contribuio no percentual de perdas totais.

    Tabela 2.1 - Tipo e distribuio percentual de perdas totais no motor de induo

    Tipo de Perda Percentual de

    contribuio

    Como reduzir

    Perdas no ferro

    (ncleos)

    15 a 25 % Alongamento do ncleo e pelo uso de

    laminao mais fina no ncleo

    Perdas mecnicas

    (atrito e ventilao)

    5 a 15 % Desenvolvimento de ventiladores mais

    eficientes, mancais e rolamentos de baixo

    atrito

    Perdas Joule no

    estator

    25 a 40 % Aumento da bitola dos condutores, melhoria

    do desenho das ranhuras para comportar

    maior insero de cobre.

    Perdas Joule no rotor 15 a 25 % Aumento da quantidade de alumnio, aumento

    do tamanho das barras condutoras do rotor.

    Perdas por disperso 10 a 20 % Desenvolvimento de um bom projeto do

    motor, com afastamento das cabeas de

    bobina do rotor, tratamento trmico do rotor,

    enrolamento do estator em dupla camada.

    Fonte: Litman (1990)

  • 18

    A potncia eltrica absorvida da rede (PEL) menos as perdas (Perdas) resulta na potncia

    mecnica (Ptil) disponvel no eixo do motor. O rendimento () ser dado pela relao entre

    a potncia mecnica e a potncia eltrica. As equaes a seguir explicitam estas afirmaes.

    P

    P=

    EL

    til (2.3)

    Perdas P= P tilEL (2.4)

    P

    Perdas - P

    Perdas P

    P

    P

    P=

    EL

    EL

    til

    til

    EL

    til

    (2.5)

    Esta ltima expresso mais usada para a determinao do rendimento, principalmente

    pela facilidade de se medir a potncia eltrica em relao potncia mecnica.

    Fora das condies nominais, a distribuio percentual das perdas totalmente

    diferente, uma vez que o valor absoluto de cada componente das perdas totais varia

    significativamente. A Figura 2.4 mostra as caractersticas tpicas de perdas de um motor de

    15 cv em funo do percentual de potncia mecnica fornecida em seu eixo.

    Figura 2.4 Perdas em funo da carga

    Fonte: Bortoni (2007)

    Enquanto cada uma destas perdas representa uma poro relativamente pequena da

    energia usada pelo motor, a sua totalidade representa uma parcela significativa de at 20%

    0

    0,5

    1

    1,5

    2

    2,5

    0% 25% 50% 75% 100% 125%

    Per

    das

    (kW

    )

    Carga (%)

    Perdas Joule no Estator

    Perdas Joule no Rotor

    Perdas Adicionais

    Perdas por Atrito e Ventilao

    Perdas por Histerese e Foucault

  • 19

    da potncia de entrada, onde a maior parcela dessas perdas de energia transformada em

    calor.

    2.4. Mtodos normatizados de ensaio

    Atualmente existem vrios procedimentos para a realizao de ensaios em motores

    eltricos onde se estabelecem os mtodos que devero ser adotados durante a realizao dos

    testes, de forma que se possam determinar as caractersticas dos motores e os valores

    mnimos para a sua aceitao.

    Os mtodos de ensaio podem ser divididos em dois grupos, denominados por Mtodo

    Direto e Mtodo Indireto. No mtodo direto, ambas as potncias eltricas de entrada e

    mecnica de sada so medidas. J no mtodo indireto uma delas ou as duas no so medidas

    diretamente.

    Os principais procedimentos para a realizao de teste de motores de induo

    trifsicos, adotados mundialmente, so o IEC 60034-2, que estabelecido pela IEC

    (International Electrotechnical Commission), o IEEE 112-B (Institute of Electrical and

    Electronics Engineers), e o JEC 37 (Japanese Electrotechnical Commission).

    Dentro de uma mesma norma, os valores obtidos pelo mtodo direto e indireto so de

    difcil comparao entre si, pois partem de hipteses diferentes. Alm disso, a escolha entre

    os diversos mtodos descritos depende de alguns fatores como: equipamentos laboratoriais

    disponveis, custo e tempo disponvel para a realizao do ensaio, preciso exigida, potncias

    envolvidas, etc.

    Analisando em termos da conservao de energia, importante que seja selecionado

    um mtodo que avalie com maior preciso o desempenho real do motor. O mtodo do

    dinammetro com segregao de perdas, descrito pela norma IEEE-112 - Mtodo B mostra

    ser o mais indicado para isto.

    A causa bsica a estimao das perdas por disperso que so de difcil quantificao.

    Uma das principais diferenas entre estes procedimentos est na forma de como

    determinada a perda por disperso em carga.

  • 20

    A metodologia adotada na IEC assume valores percentuais da potncia de entrada a

    100% de carregamento para estas perdas; o mtodo apresentado no IEEE mais rigoroso,

    pois as perdas so medidas. A norma brasileira Mquinas eltricas girantes Parte 1: Motores

    de induo trifsicos Ensaios (NBR-5383) segue o padro apresentado na norma do IEEE,

    tambm usado no Canad e EUA, enquanto a Unio Europia e a China adotam o padro da

    IEC. O mtodo da JEC 37 no considera estas perdas, resultando em um valor de rendimento

    superior em relao aos procedimentos da IEC e IEEE.

    2.4.1. O padro IEEE 112 - B

    O mtodo B do IEEE 112: entrada - sada com separao de perdas e medida indireta

    das perdas por disperso em carga aplicado a motores polifsicos tipo gaiola de esquilo,

    horizontais, na faixa de 1250 hp. Motores verticais nesta faixa de potncia tambm podem

    ser testados pelo mtodo B, se a construo dos mancais permitirem.

    Para a obteno de resultados aceitveis a partir da adoo deste procedimento,

    algumas recomendaes so feitas, no que se refere ao tratamento dos dados e instrumentos

    e/ou equipamentos utilizados, conforme descritos a seguir:

    Grandezas eltricas

    Com relao s grandezas eltricas recomenda-se adotar os seguintes procedimentos:

    a) Todas as grandezas medidas devem ser em valores rms;

    b) A fonte de alimentao deve fornecer tenses de fase balanceada senoidais, cujo fator de

    variao da forma de onda da tenso no deve exceder 10%;

    c) A frequncia deve ser mantida com 0,5% do valor exigido durante a realizao do

    ensaio; mudanas rpidas na frequncia no devem ser toleradas durante os ensaios, pois tais

    variaes afetam no somente a mquina que est sendo testada, mas tambm as medidas de

    sada dos dispositivos. Variaes na frequncia durante o ensaio no devem exceder 0,33%

    da frequncia mdia;

    d) As tenses devem ser medidas nos terminais dos motores e o desequilbrio mximo de

    tenso no deve ultrapassar a 0,5% da mdia das tenses;

  • 21

    e) As correntes de cada fase do motor devem ser medidas e se os valores forem diferentes o

    valor da corrente a ser considerado deve ser a mdia aritmtica;

    f) A potncia de entrada da mquina trifsica deve ser medida por dois wattmetros

    monofsicos, conectados segundo o mtodo dos dois wattmetros, ou por um wattmetro

    polifsico, ou por trs wattmetros monofsicos;

    g) Tacmetros analgicos no so suficientemente precisos para medio do

    escorregamento; so recomendados utilizar estroboscpio ou tacmetros digitais;

    h) Deve-se adotar procedimento referente segurana, pois esto envolvidas foras, tenses

    e correntes que podem ser perigosas sade;

    i) Os instrumentos indicados devem possuir um registro de calibrao, dentro do prazo de

    12 meses do ensaio, indicando limites de erro no maiores que 0,5% da mxima escala para

    ensaios gerais ou no maiores que 0,2% da mxima escala, requerido pelo mtodo B do

    ensaio de rendimento para manter a preciso e repetio do resultado dos ensaios;

    j) Os erros dos transformadores de corrente e potencial usados no devem ser maiores que

    0,5% para ensaios gerais ou no maiores que 0,3%, exigido pelo ensaio de rendimento

    mtodo B para manter a preciso e repetio dos resultados do ensaio.

    k) As resistncias das bobinas devem ser obtidas segundo os procedimentos apresentados na

    IEEE Std 118-1997;

    l) Correo para uma temperatura especfica: quando a resistncia, Rt, de um enrolamento

    foi determinada pelo ensaio na temperatura tt, a resistncia deve ser corrigida para uma

    temperatura especificada, ts, pela equao a seguir:

    Rs =Rt (ts + k)

    (ts + k) (2.6)

    Onde:

    Rs a resistncia do enrolamento, corrigida para a temperatura especificada ts [];

    tt a temperatura do enrolamento quando a resistncia foi medida [C];

    Rt o valor medido da resistncia do enrolamento temperatura t t [];

  • 22

    ts a temperatura especificada para correo da resistncia [C];

    k a constante trmica do material; sendo igual a 234,5 para enrolamento de cobre e

    225 para enrolamento de alumnio.

    Grandezas mecnicas

    Durante a realizao da medio das grandezas mecnicas deve-se tomar os seguintes

    cuidados:

    a) Potncia: medies de potncia mecnica devero ser realizadas com cuidado e exatido.

    Se forem utilizadas medidas de sada do dinammetro, as perdas no acoplamento e por atrito

    nos mancais devem ser compensadas. Deve ser usado dinammetro de tamanho correto para

    que as perdas no acoplamento, atrito e ventilao do dinammetro, medidas velocidade

    nominal da mquina sendo testada, no seja maior que 15% da sada nominal da mquina.

    O erro da instrumentao usada para medir torque mecnico no deve ser maior que

    0,2% da mxima escala, a fim de manter exatido e repetibilidade dos resultados do ensaio.

    Quando for usado um dinammetro no ensaio, a potncia no eixo do dinammetro,

    dado em watts, obtida pela seguinte equao:

    Pmec =2

    60 M n (2.7)

    Onde:

    M o torque [Nm];

    n a velocidade do motor [rpm].

    b) Velocidade e escorregamento: tacmetros analgicos no so suficientemente exatos para

    medida de escorregamento. Portanto, estroboscpio ou tacmetros digitais so

    recomendados.

    A instrumentao usada para medir a velocidade no deve possuir um erro maior do

    que 1,0 rpm da leitura para manter a exatido e a repetibilidade dos resultados obtidos no

    ensaio.

  • 23

    O escorregamento a diferena entre a velocidade sncrona (ns) e a velocidade (n)

    medida dado em rpm; normalmente o escorregamento expresso em pu, conforme

    apresentado na equao seguinte:

    s =ns n

    ns (2.8)

    As medidas de escorregamento devem ser corrigidas para uma temperatura especfica

    do estator, conforme a equao apresentada a seguir.

    ss =st (ts + k)

    (tt + k) (2.9)

    Onde:

    ss o escorregamento corrigido para uma temperatura especfica do estator, ts;

    st o escorregamento medido na temperatura dos enrolamentos do estator, t t;

    ts a temperatura especificada para a correo da resistncia [C];

    tt a temperatura nos enrolamentos do estator durante o ensaio em carga [C].

    2.4.1.1. Ensaio com rotor livre

    O ensaio com rotor livre realizado para obteno das perdas no ncleo e por atrito e

    ventilao.

    O motor deve ser alimentado com tenso e frequncia nominais sem qualquer

    acoplamento mecnico no seu eixo. Para se assegurar o valor correto das perdas por atrito e

    ventilao, o motor dever ficar em rotao livre at a potncia de entrada se estabilizar. A

    estabilizao atingida quando duas medies da potncia de entrada, num intervalo de meia

    hora, no variarem mais do que 3%. A corrente medida em cada fase. O valor mdio destas

    correntes a corrente em vazio, I0.

    Perdas com rotor livre

    Esta perda a diferena entre a potncia de entrada, PEL e as perdas Joule no estator,

    PJE (RI2, na temperatura do ensaio). igual a soma das perdas mecnicas (atrito e ventilao)

    e no ncleo (histerese e correntes parasitas).

  • 24

    A perda com rotor livre ser denominada de P0, cujo valor obtido da equao

    seguinte.

    P0 = PEL PJE = PAV + PHF (2.10)

    A separao entre as perdas no ncleo e por atrito e ventilao feita medindo-se a

    tenso, a corrente e a potncia de entrada na frequncia nominal e, reduzindo-se a tenso de

    alimentao, desde 125% do valor nominal at o ponto onde uma reduo seguinte da tenso

    provocar um aumento da corrente.

    Perdas Mecnicas

    A potncia de entrada menos as perdas Joule do estator dever ser plotada em funo

    da tenso aplicada. A curva obtida extrapolada at o valor de tenso zero. O ponto obtido

    na condio de tenso zero a perda por atrito e ventilao, associada a fenmenos

    puramente mecnicos.

    A interseo pode ser obtida com maior preciso se os pontos forem plotados versus o

    quadrado da tenso, para os valores da regio de menores tenses. Estas perdas sero

    denominadas por PAV. A Figura 2.6 apresenta as perdas por atrito e ventilao.

    Figura 2.5 Perdas por atrito e ventilao

    y = 0,0043x + 34,415

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    0 5000 10000 15000 20000

    Po

    tn

    cia

    [W]

    Tenso ao quadrado [V2]

  • 25

    Perdas no Ncleo

    Com o ensaio a tenso nominal, as perdas no ncleo so obtidas pela diferena entre

    as perdas com rotor livre (atrito, ventilao e no ncleo) e as perdas mecnicas, apresentadas

    anteriormente. Estas perdas sero denominadas por PHF.

    PHF = P0 PAV (2.11)

    2.4.1.2. Ensaio em carga

    Neste ensaio o motor deve ser acoplado ao dinammetro. Inicialmente feito um

    ensaio com o motor acionando o dinammetro sem alimentar qualquer carga eltrica. Este

    procedimento permite calcular a correo considerando os valores medidos dos conjugados

    em carga, compensando as perdas por atrito e ventilao do dinammetro quando no

    usado um transdutor de conjugado no acoplamento entre o motor e o dinammetro.

    Esta correo ser dada por:

    Mn

    )WW(

    2

    60 YX

    (2.12)

    Onde:

    a correo na leitura para o valor de conjugado;

    n a velocidade durante o ensaio [rpm];

    M o conjugado medido durante o ensaio [Nm];

    XW a potncia eletromagntica em carga [W];

    yW a potncia eletromagntica com rotor livre [W].

    )s1( )PPP(W xHFJEELX XX (2.13)

    Onde

    XELP a potncia de entrada, solicitada rede pelo motor estando acoplado ao

    dinammetro sem carga [W];

  • 26

    XJEP so as perdas Joule no enrolamento do estator sem carga [W];

    HFP so as perdas no ncleo [W];

    Xs o escorregamento [pu].

    )PPP(W HFJEELY 00 (2.14)

    0ELP a potncia de entrada consumida pelo motor girando com rotor livre [W];

    0JEP so perdas Joule no enrolamento do estator durante o ensaio de rotor livre [W].

    Em seguida, o motor dever ser ensaiado em 6 condies de carregamento, em

    intervalos aproximadamente iguais. A menor carga no deve ser inferior a 25% da sua

    potncia nominal, o ponto de operao com carregamento de 100% deve ser includo e, a

    mxima carga no deve ser superior a 150% da potncia nominal do motor. No carregamento

    do motor, deve-se partir da mais alta carga e reduzir-se o carregamento segundo os valores

    de carga definidos. Havendo possibilidade, em geral so escolhidos os pontos de 150%,

    125%, 100%, 75%, 50% e 25% da potncia nominal.

    So realizadas as leituras de potncia de entrada, corrente, tenso (que deve ser mantida

    sempre no valor nominal), frequncia, velocidade, conjugado, temperatura ambiente e

    temperatura do enrolamento do estator para cada ponto de carga.

    A potncia mecnica de sada para cada condio de carga obtida pela equao (2.7)

    descrita anteriormente.

    Para cada condio de carga feita a diferena entre a potncia de entrada e a potncia

    mecnica de sada. Este valor conhecido por perda aparente total.

    Perdas por Efeito Joule no enrolamento do estator

    A perda Joule no enrolamento do estator (PJE), para mquinas trifsicas, definida pela

    seguinte equao.

    RI3P 2JE (2.15)

  • 27

    Onde:

    I o valor rms mdio da corrente medida para cada condio de carga [A];

    R a resistncia DC por fase do motor corrigida para a temperatura especificada [].

    Perdas por Efeito Joule no rotor

    As perdas Joule no rotor (PJR) devem ser determinadas do escorregamento, quando o

    escorregamento precisamente determinado, usando a equao descrita a seguir:

    s)PPP(P HFJEELJR (2.16)

    Onde:

    PJR a perda Joule (I2R) no enrolamento do rotor [W];

    PEL a potncia de entrada [W];

    PJE a perda Joule no enrolamento do estator [W];

    PHF a perda no ncleo por Histerese e Foucault [W];

    s o escorregamento [pu].

    Observa-se que as perdas por Efeito Joule no rotor no so calculadas na forma R2 I22

    pois so desconhecidos os valores de R2 e I2 no rotor. Estas perdas so proporcionais ao

    escorregamento e, ento, este parmetro deve ser corrigido para a temperatura especificada.

    Esta correo anloga quela feita para a resistncia do estator, conforme a Equao (2.9).

    Perdas por disperso em carga

    As perdas por disperso so calculadas separadamente para cada valor de carga. Seu

    valor dado pela diferena entre a perda aparente total (diferena entre potncia ativa de

    entrada e potncia mecnica de sada em cada condio de carga) e o somatrio das seguintes

    perdas: perdas Joule no estator na temperatura do teste, perdas no ncleo, perdas mecnicas

    e perdas Joule no rotor correspondente a cada valor de escorregamento. Estas perdas sero

    denominadas por Pdisp.

  • 28

    Os valores de Pdisp plotados versus os conjugados correspondentes apresentam um

    comportamento quadrtico que devero se aproximar de uma equao dada por:

    BMAP 2disp (2.17)

    onde:

    Pdisp so as perdas por disperso [W];

    M o conjugado [Nm];

    A o coeficiente angular da equao;

    B a intercesso da reta com o eixo de Pdisp.

    Se os mesmos valores de Pdisp forem plotados versus o quadrado dos conjugados

    correspondentes, os pontos obtidos devero se aproximar de uma reta, onde A ser o

    coeficiente angular da reta e B, a intercesso da reta com o eixo de Pdisp.

    Como as perdas por disperso dependem da carga e, carga nula corresponde a

    conjugado nulo, as perdas por disperso so corrigidas para a seguinte expresso:

    2

    disp MAP (2.18)

    Onde A o parmetro indicado na equao (2.17).

    Isto corresponde a deslocar paralelamente a reta para a origem.

    A determinao do coeficiente A pode ser obtida usando-se uma anlise de regresso

    linear, tal que:

    2n

    1i

    i

    n

    1i

    2i

    n

    1i

    disp

    n

    1i

    idisp

    n

    1i

    i

    MMm

    PMPMm

    A

    ii

    (2.19)

    Onde:

  • 29

    m o nmero de condies de carga;

    Mi so valores de conjugado para cada condio de carga;

    Pdisp i so valores de perdas adicionais para cada condio de carga.

    Para se trabalhar com um valor de A coerente, calcula-se tambm um Fator de

    Correlao, r, dado por:

    n

    1i

    2disp

    idisp

    n

    1i

    2

    i

    dispidisp

    n

    1i

    i

    )PP()MM(

    )PP()MM(

    r (2.20)

    Onde os valores de Mi e Pdisp i j foram definidos anteriormente.

    Os valores M e dispP so os valores mdios dados por:

    m

    M

    M

    n

    1i

    i

    (2.21)

    m

    P

    P

    n

    1i

    disp

    disp

    i

    (2.22)

    Aps a realizao dos clculos deve-se analisar os valores de A e r obtidos, que sero

    aceitos quando A for positivo e r maior que 0,9. Se A negativo ou se r menor do que 0,9,

    deve-se desprezar o pior ponto. Se persistir do coeficiente A ser negativo ou r ser menor do

    que 0,9, os testes devero ser repetidos; pois grandes erros podero estar ocorrendo nas

    medies e/ou instrumentos devendo-se, portanto, realizar uma investigao dos

    procedimentos utilizados. A Figura 2.6 apresenta os resultados obtidos no ensaio de um

    motor de induo.

  • 30

    Figura 2.6 Perdas por disperso em funo do torque

    Obtendo-se ento um valor coerente de A, as perdas por disperso corrigidas para cada

    condio de carga sero calculadas por:

    2

    disp MAP (2.23)

    Onde:

    Pdisp so as perdas por disperso [W];

    A o parmetro positivo dado pela Equao (2.19) com a condio do fator de

    correlao r obtido pela Equao (2.20) ser maior ou igual a 0,9;

    M o conjugado [Nm].

    Tendo-se ento a potncia de entrada e o valor das perdas corrigidas, pode-se

    determinar o rendimento do motor em cada condio de carga do motor analisado.

    Determinao do rendimento

    O rendimento do motor dado pela razo entre a potncia de sada e a potncia total

    de entrada. A potncia de sada igual potncia de entrada menos as perdas. Portanto, se

    y = 7,0833x + 406,94R = 0,9494

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    450

    -50 -40 -30 -20 -10 0

  • 31

    duas das trs variveis (sada, entrada ou perdas) so conhecidas, o rendimento pode ser

    determinado pela equao (2.5) apresentada anteriormente.

    2.4.2. A norma IEC 60034-2

    2.4.2.1. Princpio geral

    A norma IEC recomenda que os instrumentos de medida e seus acessrios, tal como

    os transformadores de medio, shunts e pontes usadas durante os ensaios devem ter uma

    classe de preciso no superior a 1,0%. Instrumentos para determinao da resistncia DC

    devem ter uma classe de preciso no superior a 0,5%.

    A rotao deve ser medida atravs de estroboscpico ou tacmetro digital. Durante a

    medio do escorregamento, a velocidade sncrona deve ser determinada a partir da

    frequncia de alimentao durante o ensaio.

    Ensaio de rotor livre com tenso nominal

    As perdas de rotor livre compreendem os seguintes tipos de perdas:

    Perdas no ferro e perdas por disperso com rotor livre;

    Perdas devido ao atrito dos mancais;

    Perda total por ventilao na mquina, incluindo a potncia absorvida no ventilador.

    A soma das perdas constantes determinada atravs do motor funcionando com o rotor

    livre. A mquina alimentada em sua tenso e frequncia nominais. A potncia absorvida,

    subtrada das perdas Joule no estator (R1I12) fornece as perdas constantes totais. As perdas

    Joule no rotor so desprezadas. A equao apresentada a seguir fornece as perdas constantes

    no motor:

    JEELcte PPP (2.24)

    Onde:

    Pcte so as perdas constantes [W];

    PEL a potncia eltrica absorvida da rede[W];

    PJE a perda Joule no enrolamento do estator (R1I12)[W].

  • 32

    Ensaio em carga

    As perdas existentes quando o motor est operando em carga compreendem os

    seguintes tipos:

    Perdas Joule no enrolamento do estator (PJE);

    Perdas Joule no enrolamento do rotor (PJR);

    Perdas por disperso em carga.

    As perdas Joule no estator so calculadas a partir da medida da resistncia do

    enrolamento primrio (estator), usando corrente DC e corrigidas temperatura de referncia,

    e a partir da corrente correspondente carga em que as perdas esto sendo calculadas,

    conforme a equao seguinte.

    RIP 2JE (2.25)

    As perdas Joule no rotor so tomadas como sendo igual ao produto do escorregamento

    e a potncia total transmitida ao enrolamento secundrio, subtrada das perdas no ncleo e

    das perdas no enrolamento primrio, conforme equao apresentada a seguir.

    s)PPP(P cteJEELJR (2.26)

    As perdas em carga por disperso so as perdas introduzidas pela carga no ferro e em

    outras partes metlicas, exceto nos condutores. Constituem ainda uma parcela s perdas por

    disperso, as perdas causadas por correntes parasitas nos condutores dos enrolamentos do

    rotor e do estator.

    Tais perdas variam com o quadrado da corrente do estator, segundo a norma IEC

    60034-2, seu valor carga nominal igual a 0,5% da potncia de entrada nominal.

    Rendimento

    A razo da potncia de sada pela entrada, expressa na mesma unidade e geralmente

    dada como uma porcentagem, so obtidas pelas equaes (2.3) e (2.5) apresentadas

    anteriormente. De um modo geral, a principal diferena que pode ser verificada na

    determinao do rendimento de motores de induo trifsicos em ambos os procedimentos

    descritos est na determinao das perdas por disperso em carga.

  • 33

    3. TRANSFERNCIA DE CALOR

    A transferncia de calor a energia trmica resultante devido existncia de uma

    diferena de temperatura entre dois corpos ou meios, com isso, quando existir corpos ou

    meios com temperaturas diferentes ocorrer a transferncia de calor do corpo ou meio de

    maior temperatura para o de menor temperatura.

    Os mecanismos fsicos que permitem analisar a transferncia de calor permitindo

    quantificar a energia transferida na unidade de tempo so: conduo, radiao e conveco.

    A conduo e a radiao dependem da diferena de temperatura, a conveco depende da

    diferena de temperatura e tambm do transporte de massa.

    3.1. Processo de elevao de temperatura do motor

    Do ponto de vista fsico, o motor de induo trifsico pode ser considerado, de forma

    simplificada, como sendo um dispositivo possuindo fontes de calor (enrolamento do estator,

    barras do rotor e ncleo magntico) e um dissipador de calor (ar de refrigerao que circula

    no entreferro e no entorno da carcaa).

    O comportamento trmico do motor varia de acordo com o regime de carga e,

    particularmente, com as correntes de sobrecarga. Quando energizados, os motores de

    induo possuem trs estgios de operao:

    Partida ou travado;

    Processo de acelerao;

    Regime permanente.

    Na partida, a corrente assume valores da ordem de 5 a 8 vezes a corrente nominal.

    Nesta condio operacional, todo o calor desenvolvido no perodo utilizado para elevar a

    temperatura do condutor e sua isolao, pois no h tempo suficiente para a realizao da

    troca de calor entre os enrolamentos do rotor e estator com o meio ambiente. Durante este

    perodo a suportabilidade do motor definida pelas barras do rotor, as quais podem ocasionar

    danos oriundos de fenmenos de expanso e deformao.

  • 34

    Na condio de regime permanente, a limitao trmica imposta pelos

    enrolamentos do estator, onde ocorre a maior concentrao de calor. Se a temperatura

    mxima dos condutores ultrapassada, pode ocorrer a deteriorao do seu isolamento e,

    como consequncia, a manifestao de curto-circuito. A Tabela 3.1 apresenta as classes de

    isolamento utilizadas em mquinas eltricas e os respectivos limites de temperatura

    conforme a NBR 17094.

    Tabela 3.1 Classes de isolamento dos motores de induo

    Classe de isolamento A E B F H

    Temperatura ambiente (oC) 40 40 40 40 40

    Elevao de temperatura (mtodo

    da resistncia) (oC)

    60 75 80 105 125

    Diferena entre o ponto mais

    quente e a temperatura mdia (oC)

    5 5 10 10 15

    Temperatura do ponto mais quente

    (oC)

    105 120 130 155 180

    Fonte: NBR 17094 (2008)

    Destacam-se algumas observaes com relao ao fluxo de calor dentro do motor

    onde, na operao com rotor livre, o calor transferido, principalmente, do ncleo para os

    enrolamentos. Em carga, o fluxo de calor d-se de forma oposta, ou seja, do enrolamento

    para o ncleo e deste para o ambiente. Estas colocaes evidenciam que a anlise matemtica

    exata do processo de aquecimento em mquinas de induo altamente complexa.

    Assim, visando simplificar os clculos, o motor ser considerado com um corpo

    homogneo, tendo, portanto, a mesma temperatura em todas as suas partes. O regime de

    trabalho do motor ser contnuo, isto , operando com carga constante durante um tempo

    suficientemente longo para que a sua temperatura se estabilize em um valor correspondente

    ao equilbrio trmico.

    Os smbolos que sero utilizados nas equaes que se seguem tm o seguinte

    significado:

    Q o calor total gerado pelas perdas do motor, por unidade de tempo, em Joule/s ou

    watt;

  • 35

    C a capacidade calorfica do motor, isto , a quantidade de calor necessria para

    elevar a temperatura do motor de 1 C, em Joule/ C;

    o coeficiente de transmisso de calor do motor, isto , a quantidade de calor que o

    motor dissipa no ar ambiente por unidade de tempo, por unidade de temperatura

    (temperatura do motor - temperatura do meio ambiente), medido em Joule/s C, ou

    seja, watt/C;

    a elevao de temperatura do motor acima da temperatura ambiente, em C.

    A equao fundamental da conservao de energia sobre a qual se baseia o estudo da

    elevao de temperatura durante a operao de um motor pode ser escrita da seguinte forma:

    irradda QQQQ (3.1)

    Em que:

    Q o calor gerado pelas perdas.

    Qa o calor absorvido pelo motor para elevar sua temperatura acima da temperatura

    ambiente.

    Qd o calor dissipado para o meio ambiente.

    Qirrad o calor irradiado para o meio ambiente.

    Desconsiderando a o calor irradiado, a equao (3.1) pode ser escrita, sob a forma

    diferencial, como se segue:

    dtdCQdt (3.2)

    Cuja soluo ir representar a equao da elevao de temperatura:

    =Q

    (1 e

    C t) + 0 e

    C t

    (3.3)

    A curva de elevao de temperatura do motor pode ser considerada como sendo a soma

    de duas curvas: Uma de aquecimento, quando o motor aciona uma carga que produz a

    mxima elevao de temperatura Q/ e outra curva de resfriamento, quando o motor

    desligado da rede e est com uma elevao de temperatura inicial igual a .

  • 36

    A condio mais comum aquela em que a elevao de temperatura inicial zero, isto

    , a temperatura inicial do motor igual temperatura do meio ambiente Neste caso, a

    equao (3.3) ir representar a equao da elevao de temperatura sem elevao inicial e

    ser igual a:

    =Q

    (1 e

    C t) (3.4)

    Quando t = tem-se = Q/, que ser indicado por m e representa o mximo valor

    que a elevao de temperatura do motor pode atingir para aquela condio de carga

    significando que o motor atingiu a sua condio de operao em regime estvel onde, todo

    o calor gerado pelas perdas dissipado para o meio ambiente e o motor atingiu o ponto de

    equilbrio trmico.

    A Figura 3.1 mostra as curvas obtidas a partir das equaes (3.3) e (3.4), curvas 1 e 2,

    respectivamente.

    Figura 3.1 Curva de elevao de temperatura de um motor

    Fonte: Pazzini (2007)

    Considerando t = C/, tem-se = Q

    (1 e1) = 0,632 m

    A relao C/ denominada como sendo a constante de tempo trmica de aquecimento

    e ser representada por TA e representa o tempo que o motor necessita para atingir a 63,2%

    do valor final da elevao de temperatura correspondente sua operao em estado de

    equilbrio trmico, conforme indica a Figura 3.1. O valor de TA representa a eficcia do

    sistema de refrigerao do motor.

    Q/

  • 37

    A constante de tempo trmica no constitui um dado de catlogo e, em muitas

    situaes, so obtidas nos ensaios de laboratrio ou de campo para determinao do seu

    valor. Introduzindo m e TA na equao (3.4) tem-se a elevao de temperatura em funo

    da constante de tempo:

    = m (1 etTA) (3.5)

    A condio de equilbrio trmico atingida aps um tempo teoricamente igual a

    infinito que na prtica atingida quando o tempo transcorrido, aps o motor ter sido ligado,

    for igual a 4 ou 5 vezes TA.