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Ao final desta aula, você deverá: z destacar a origem e características do gênero dramático; z identificar as expressões do dramático, como a tragédia, a comédia, o auto e a farsa; z reconhecer propriedades do gênero misto. Conhecer o gênero dramático através de suas expressões. Meta Objetivos 10 aula O GÊNERO DRAMÁTICO E MISTO

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Ao final desta aula, você deverá:

z destacar a origem e características do gênero dramático;

z identificar as expressões do dramático, como a tragédia, a comédia, o auto e a farsa;

z reconhecer propriedades do gênero misto.

Conhecer o gênero dramático através de suas expressões.

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O GÊNERO DRAMÁTICO E MISTO

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AULA XO GÊNERO DRAMÁTICO E MISTO

1 INTRODUÇÃO

Em aulas anteriores, você estudou sobre o gênero lírico

e o épico. Agora, chegou a vez de conhecer outros dois: o

dramático e o misto. Você deve atentar para o fato de o gênero

dramático estar inserido na tradição de gênero tradicional,

oriunda da Antiguidade clássica, enquanto o chamado gênero

misto se revela como uma concepção atual, sem raízes com a

tradição.

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O gênero dramático e mistoFundamentos de Teoria da Literatura

2 O GÊNERO DRAMÁTICO

2.1 Origens

As festas ritualísticas encontradas na Grécia Antiga

parecem ter sido o ponto de partida para o desenvolvimento

do gênero dramático. Em tais festas, acreditava-se que a

dança teria o poder de alterar algumas condições necessárias

à sobrevivência e ao bem-estar das pessoas. Desta forma, os

participantes representavam diferentes

papéis, caracterizando encenações.

Essas festas, que eram anuais, tinham,

na exaltação e homenagem ao deus

Dionísio, Baco, para os romanos, sua

motivação mais elevada.

As chamadas festas dionisíacas eram

regadas a vinho, em que o estado

de embriaguez era visto como um

estado que facilitava a entrada dos

participantes em outra dimensão.

Primitivamente, havia apenas

um coro que entoava os hinos,

chamados ditirambos, os quais

narravam passagens da vida do deus

Dionísio. Posteriormente, esse coro foi dividido em perguntas

e respostas coordenadas por um corifeu (o regente ou diretor

do coro). Mais tarde, surgiu o hypokrités, o ator-protagonista,

simbolizado por Téspis, um poeta grego.

A representação do ator-protagonista provocava

sentimentos no coro, que, nesse momento, transformava-se

em plateia, porque avaliava o comportamento do protagonista.

Cantando, o coro respondia a ele, para concordar ou discordar

de suas ações. Desta forma, na origem do gênero dramático,

destacam-se dois elementos que até hoje são essenciais para

esse tipo de texto: a possibilidade de desencadear emoções

por meio da representação e a importância do público.

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Coro, termo que provém do grego chorós, que, na Grécia antiga, designava um grupo de dançarinos e cantores usando máscaras que participavam ativamente das festividades religiosas e das representações teatrais. Na tragédia clássica, o coro é uma personagem coletiva que tem a missão de cantar partes significativas do drama. Na origem, representa a polis, a cidade-estado, ampliando a ação para além do conflito individual. De início, o texto do coro constituía a parte principal do drama, ao qual se interpolavam monólogos e diálogos. É possível encontrar coros também nas odes pindáricas, exatamente com a mesma função. Com o desenvolvimento da tragédia, o coro fixou-se como uma parte secundária do texto dramático, geralmente reservada ao comentário público. Em consequência, o coro torna-se depois uma parte perfeitamente supletiva que apenas serve para fazer uma pausa entre os atos.

Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Coro.

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2.2 Concepção

Denomina-se dramático o gênero que tem na sua

formulação a ausência de intermediação entre texto e público.

O filósofo grego Aristóteles observa, na Poética, que o termo

drama (do grego drân: agir) faz referência ao fato de, nesses

textos, as pessoas serem representadas “em ação”. Se, por

um lado, relacionamos o dramático ao teatro como expressão,

este (o teatro) só se realiza como teatro quando efetivamente

apresentado, ou seja, a escrita, o texto do teatro ainda não

é teatro, pois somente será quando de sua montagem em

espetáculo. Assim sendo, o estudo do dramático que interessa

à literatura é o texto, denominado de peça teatral.

Ao classificar o drama como um dos gêneros literários,

Aristóteles considerou que uma característica importante

desses textos era sua finalidade, pois eram feitos para serem

representados, dramatizados. Assim, textos

dramáticos são aqueles em que a “voz

narrativa” está entregue às personagens,

que contam a história por meio de diálogos

e monólogos.

No gênero dramático, ao contrário dos

outros gêneros literários tradicionais, como

o épico-narrativo e o lírico, o enredo não

toma forma com a ação dos personagens,

não é apresentado por um narrador e, sim, por um artifício

de representação cuja atuação de um ator desencadeia

a ação, ou seja, a ação é transmitida diretamente ao leitor

ou ao espectador. Neste caso, é necessário compreender os

componentes do processo de formulação do gênero dramático,

pois quem escreve o texto é o dramaturgo, que é o equivalente

ao autor ou escritor no épico e ao poeta no lírico. A distinção

para outros tipos de texto literários passa a se dar a partir

deste momento, pois o autor-dramaturgo produz um texto com

personagens que serão vivenciados por atores. Esses atores,

representando personagens, atuam, dando vida através de

suas ações aos personagens que foram criados.

O texto dramático é denominado peça, e é a partir da

peça escrita pelo dramaturgo que atores, atuando e dialogando

entre si, num palco, representam o que foi escrito. Os elementos

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O termo drama, na origem relacionada ao teatro, assumiu várias acepções ao longo do tempo, tendo sua principal noção definida a partir do século XIX, quando tem origem um modelo misto que tem como drama uma associação de tragédia e comédia. O drama passou também a designar a representação, o fingimento de forma coloquial, assentado na sua origem grega, hypokritéz, que traduz um sonho, a adivinhação e o exagero.

136 Módulo 1 I Volume 4 EAD

O gênero dramático e mistoFundamentos de Teoria da Literatura

constituintes do dramático são os mesmos que conhecemos

nas narrativas, como você já estudou: enredo, personagens,

espaço, tempo. No entanto, no dramático, esses elementos

apresentam tratamento diferente, como, por exemplo, o espaço

que, ao ser representado num palco; devem ser consideradas

suas limitações. Por sua vez, o ambiente ou a situação vem

a ser o conjunto de circunstâncias físicas, sociais, em que se

situa a ação. O tema é a ideia que o autor (dramaturgo) deseja

expor, ou sua interpretação real através da representação.

Para uma composição dramática exposta na peça teatral,

são necessários alguns elementos convencionais, tais como:

os personagens ou atores, espectador ou público e o próprio

texto. Quanto ao ponto de vista, o gênero dramático admite

uma formulação peculiar, visto que não há uma narração, pois

o dramaturgo em regra se situa fora da ação, dando voz aos

próprios personagens. Desta maneira, o texto dramático é, ao

mesmo tempo, literatura e representação.

A tragédia é uma das primeiras formas de expressão

do gênero dramático. Tendo se originado na Grécia Antiga, a

tragédia consiste no embate de um indivíduo contra uma força

superior, um mal, um conflito íntimo de paixão ou sentimento,

um ambiente hostil, um caráter mal formado, destino adverso,

ambições de medidas, contra os quais ele se vê desafiado e

busca superar.

A comédia, por sua vez, também originária da Grécia

Antiga, apresenta a intenção de provocar o riso, ao utilizar

como instrumento de expressão a sátira, que expõe situações

sociais ou individuais que mais das vezes conotam o exagero,

dando a sensação do ridículo.

2.3 A tragédia

Na Grécia Antiga, o gênero dramático desenvolveu-se

por meio de duas modalidades básicas: a tragédia e a comédia.

Já o drama, que vem a ser a caracterização essencial do gênero,

se mostrava praticamente sinônimo de tragédia. Assim, tanto o

drama como a tragédia faziam referência a uma encenação que

apresentava as ações humanas, simbolizando a transgressão

da ordem no contexto familiar ou social.

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A tragédia tinha na paixão (pathos) um elemento

primordial, que levava os seres humanos a portarem-se de

modo violento e irracional e, dessa forma, ignorarem as leis

humanas ou divinas que organizavam a vida.

Aristóteles, na Poética, observou que as tragédias

desenvolveram certos temas, como as paixões humanas e os

conflitos por elas desencadeados, e apresentavam personagens

nobres e heroicos, tais como deuses, semideuses ou membros

da aristocracia. Igualmente, esclareceu que o objetivo da

encenação de uma tragédia era desencadear, no público,

terror ou piedade. A “purificação” de sentimentos da plateia,

provocada por essa experiência estética, recebeu o nome de

catarse.

Veja, no trecho abaixo, a sugestão desses sentimentos,

os quais o público se identificava, provocando a catarse:

Ó meus filhos, gente nova desta velha cidade de Cadmo, por que vindes assim, junto a estes altares, tendo nas mãos os ramos dos suplicantes? Sente-se, por toda a cidade, o incenso dos sacrifícios; ouvem-se gemidos, e cânticos fúnebres. Não quis que outros me informassem da causa de vosso desgosto; eu próprio aqui venho, eu, o rei Édipo, a quem todos vós conheceis. Responde tu, ó velho; por tua idade veneranda convém que fales em nome do povo. Dize-me, pois, que motivo aqui vos trouxe? Que terror, ou que desejo vos reuniu? Careceis de amparo? Sófocles. Édipo-rei.

Fonte: http://virtualbooks.terra.com.br/freebook/traduzidos/

edipo_rei.htm).

Observe que o fragmento,

de uma peça dramática,

apresenta personagens

que falam por si, sem uma

intermediação de narrador.

Também os conflitos encenados

nas tragédias quase sempre

tratavam de questões acerca da

honra e do poder. Neste sentido,

as tragédias clássicas, escritas

no período greco-latino, ficaram

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A Obra Édipo–rei, de Sófocles, trata da história do monarca Édipo, que tem o vaticínio dado pelos deuses de que esposaria sua mãe e mataria seu pai. A obra serviu de base, no século XIX, para os estudos e um dos conceitos-chave da teoria psicanalítica, que é o complexo de Édipo. Outra obra, bastante conhecida do período clássico é Medéia, de Eurípedes, escrita em 431 a.C. Esta apresenta o drama vivido por uma mulher que comete as maiores loucuras após ser abandonada pelo amante Jasão, ao ponto de sacrificar-se com a morte. Em ambas as peças citadas, os personagens se revelam elevados ou nobres em sua moral ilibada (é o conceito máximo do herói grego) e procuram, por meio da ação dramática, levar a plateia a um estado de grande tensão emocional. Assim, as peças trágicas terminam ou tem seu desfecho com um acontecimento funesto, ou seja, com um acontecimento trágico que dá sentido à ação.

Fonte: www.lendo.org/edipo-rei/.

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O gênero dramático e mistoFundamentos de Teoria da Literatura

como modelos bem acabados do gênero dramático. Alguns

autores, tais como Sófocles e Eurípedes, representaram o

que de mais elevado se tem em termos de peça trágica.

2.4 A comédia

A comédia é a outra modalidade em que se alicerça o

gênero dramático, desde a Grécia. Sua origem, assim como

a da tragédia, está relacionada aos festivais realizados

em honra do deus Dionísio. Alguns dos festejos ocorriam

durante a primavera e costumavam apresentar um cortejo

de mascarados. Esses cortejos recebiam o nome de komos e

deles deriva o nome comédia (komoidía: komos, “procissão

jocosa” + oidé, “canto”). A pé ou em carros, eles percorriam

os campos, dançando, cantando e recitando poemas jocosos

em que satirizavam personalidades e acontecimentos da vida

pública.

Os termos conceituais que caracterizam a comédia, ao

contrário da tragédia, não estão bem documentados. Em sua

Poética, Aristóteles trata do gênero dramático, dedicando a

primeira parte ao trágico. A segunda parte teria se perdido,

não nos tendo chegado aos dias de hoje. Esse fato motivou a

produção de um romance do escritor italiano Umberto Eco que,

posteriormente, foi adaptado para o cinema, dando origem ao

filme intitulado O nome da rosa.

Sabe-se, no entanto, que a comédia tem um caráter mais

popular, pois representa fatos comuns cotidianos (fatos vis) e

seu efeito é de retratar, através de personagens e situações,

não a nobreza e a virtude das almas, mas sim seus vícios, o

que os torna menos elevados.

2.5 Autos e farsas

Na Idade Média, a religião católica exerceu forte

influência nas peças teatrais, ao ponto destas passarem a

enfocar cenas bíblicas e episódicas da vida de santos. Assim,

ao invés do sentido pagão encontrado outrora entre os gregos,

a peça ganha uma forte conotação cristã. Duas modalidades

dramáticas tornaram-se bastante populares nesse período: o

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auto e a farsa.

O auto é uma peça dramática de curta extensão,

em geral de cunho religioso. As personagens representam

conceitos abstratos, como a virtude, a bondade, a luxúria, o

pecado e a hipocrisia. Desta forma, os autos se caracterizam

como peças de caráter rigidamente moralizante e simbólico.

Já a farsa, também uma pequena peça, se distingue do auto,

pois seu conteúdo envolve situações ridículas ou grotescas.

Tinha como objetivo a crítica aos costumes. Algumas peças em

autos e farsas mais notórias foram escritas em Portugal pelo

dramaturgo Gil Vicente, em fins da Idade Média, tais como

a Farsa de Inês Pereira e o Auto da barca do inferno. Deste

último, buscamos o fragmento abaixo:

Anjo – Eu não sei quem te cá traz... Brísida – Peço-vo-lo de giolhos! (joelhos)

Cuidais que trago piolhos, anjo de Deos, minha rosa?

Eu sô aquela preciosa que dava as moças a molhos,

a que criava as meninas pera os cónegos da Sé... Passai-me, por vossa fé,

meu amor, minhas boninas, (margaridas) olhos de perlinhas finas!

E eu som apostolada, angelada e martelada,

e fiz cousas mui divinas. Santa Úrsula nom converteu

tantas cachopas como eu [...] (meninas, raparigas)

(Gil Vicente, Auto da barca do inferno) (Fonte:http://guiadoestudante.

abril.com.br/estude/literatura/materia_405143.shtml).

No fim da Idade Média, no período conhecido como

Humanismo, o gênero dramático experimentou um período

de intensa atividade. Na Itália, principalmente, vê-se nascer,

no século XVI, a commedia dell’arte, gênero que procurava

resgatar as tradições da comédia clássica. Nesse mesmo

período, na Inglaterra, o dramaturgo William Shakespeare

escreveu inúmeras peças, entre tragédias e comédias, que se

transformaram em clássicos do teatro universal, sedimentando

um gênero que nos oferece, ainda hoje, as mais notáveis

facetas da representação literária.

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O gênero dramático e mistoFundamentos de Teoria da Literatura

3 O GÊNERO MISTO OU HÍBRIDO

Na atualidade, percebem-se textos literários que fogem

aos padrões tradicionais dos gêneros clássicos. São textos que

escapam a uma normatividade que os relacione ao lírico, épico

ou mesmo ao dramático. Tal dificuldade de filiação desses novos

textos começa a ser percebida e, por conseguinte, recebem

outro tratamento, a partir do Romantismo, quando surge o

chamado drama moderno, que vem a ser uma forma cujos

elementos trágicos, líricos e dramáticos podem perfeitamente

estar presentes, sem se restringir a uma única modalidade.

A partir de então, surge uma série de textos de caráter

híbrido, ou seja, que tem na mistura de elementos sua

caracterização mais comum. São os casos da crônica, do ensaio,

da autobiografia, da memória etc. Tais textos têm em comum

uma definição que os coloca entre a ficção e a realidade, não

se caracterizando de modo categórico no jargão literário. Mas

tal constatação, longe de ser um desfavorecimento, revela um

quadro contextual atualizado, na medida em que retrata, de

maneira explícita, as próprias contradições da época.

Desse modo, a crônica, por exemplo, comumente

escrita em meios de comunicação, como jornais e revistas, se

caracteriza pela sua atualidade, ao retratar fatos cotidianos

que perdem a sua eficácia com o decorrer do tempo. Quanto

aos elementos estruturais constitutivos, ela não apresenta

necessariamente personagens, ação, tempo e espaço, embora

possa ter, sem que isto a estruture. Alguns dos grandes cronistas

modernos qualificam seus textos, dando-nos a impressão de

que um fato datado possa ser recuperado posteriormente, sem

que isto prejudique o interesse pelo texto. São os casos de

Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade e Luis Fernando

Veríssimo.

O gênero misto ou híbrido se expressa na forma dos

chamados ensaios, que são textos de caráter dissertativo-

produtivo, na maioria das vezes, utilizados com finalidade

científica, em que prevalece a opinião detalhada do autor

sobre um determinado assunto. O ensaio, embora relacionado

aos tempos modernos, já era exercido desde a Renascença,

no século XV, quando o escritor francês Voltaire escreveu os

“ensaios filosóficos”.

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A autobiografia e as memórias também se apresentam

como destaques deste gênero moderno. São duas formas

narrativas que se assemelham mais a um documento, comumente

chamado relato, cujas características básicas e distintivas se

encontram no fato de a autobiografia ou biografia ser escrita

por uma pessoa que não o próprio biografado, enquanto as

memórias têm na autoria do próprio personagem sua maior

relevância. Veja, a seguir, um exemplo de autobiografia do

jornalista e escritor norte-americano Gay Talese:

Não sou, nem nunca fui, um apreciador de futebol. É provável que isso se deva, em parte, à minha idade e ao fato de que, na adolescência, quando eu morava no litoral sul de Nova Jersey - há meio século - esse esporte fosse praticamente desconhecido dos americanos, a não ser os nascidos no exterior. E embora meu pai fosse nascido no exterior - era um sisudo alfaiate que se vestia com esmero, oriundo de uma aldeia calabresa, no sul da Itália, e naturalizado norte-americano em meados da década de 1920 -, quando conversava comigo sobre futebol ele se limitava a discorrer sobre as brigas de sua juventude relacionadas ao esporte, e sobre a frustração que sentia ao ver os colegas de escola jogando numa praça enquanto ele costurava à janela dos fundos de um ateliê próximo, onde trabalhava como aprendiz.

Fonte: veja.abril.com.br/.../crise-nao-assusta-gay-

talese-477103.shtml

São exemplares também das duas modalidades, biografia

e memórias, os relatos escritos por Pedro Bial sobre o jornalista

Roberto Marinho e o livro de memórias intitulado Confissões

de adolescente, de Maria Mariana, no qual a autora traça um

painel de sua vida adolescente. A diferença básica entre as duas

modalidades é que a biografia requer pesquisa, estudo sobre

o biografado, o que é feito por outra pessoa; já, na memória,

o autor se vale de suas próprias reminiscências para a escrita.

Podemos afirmar, portanto, que as escritas de prosa

contemporâneas guardam pouca precisão com as narrativas

tradicionais, estabelecendo, assim, um novo gênero.

Vamos, agora, às atividades!

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O gênero dramático e mistoFundamentos de Teoria da Literatura

ATIVIDADES

LEITURA RECOMENDADA

1. Quais são as duas principais formas de expressão do gênero dramático?

2. Veja o filme e leia a peça Auto da compadecida. Em seguida, trace uma comparação entre as duas linguagens, demonstrando em que momento há confirmações do gênero dramático e da forma auto.

3. Aponte algumas das formas de expressão do gênero misto.

Para complementar esta aula, recomendo a leitura de MAGALDI, Sábato. Iniciação ao

teatro. São Paulo: Ática, 1998.

Nesta aula, você estudou sobre a origem e a caracterização

do gênero dramático, bem como a concepção de um novo gênero da

atualidade, que não se insere nos gêneros tradicionais, o chamado

gênero híbrido.

RESUMINDO

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AFRÂNIO. Coutinho. Notas de Teoria Literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973.

BERRIO, Antonio Garcia; FERNANDEZ, Teresa Hernández. Poética: tradição e modernidade. São Paulo: Littera Mundi, 1999.

GONÇALVES, Magaly Trindade; BELLODI, Zina C. Teoria da literatura ‘revisitada’. Petrópolis: Vozes, 2005.

LIMA, Luiz Costa. Teoria da literatura em suas fontes. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983.

MAGALDI, Sábato. Introdução ao teatro. São Paulo: Ática, 1999.

SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e. Teoria da literatura. 5. ed. Coimbra: Almedina, 1986.

SOARES, Angélica. Gêneros literários. São Paulo: Ática, 2000.

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Suas anotações

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