o gÊnero biografia como ferramenta para o ensino de · filosofia, história e ciência,...
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O GÊNERO BIOGRAFIA COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA EM LÍNGUA INGLESA
Iraci Leoterio Tavares1
Marileuza Ascencio Miquelante 2
Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar os dados obtidos durante o processo de aplicação de uma sequência didática que teve como foco o estudo do gênero discursivo biografia. Para tanto, nos ancoramos teoricamente em Bronckart (1999), Schneuwly & Dolz (2004), Cristovão (2007 e 2008), Vygotski (2008), Bakhtin (1981) e nas DCE - Diretrizes Curriculares Estaduais - (2008). A análise e discussão dos dados tomaram como base um questionário misto, portfólios, relatos dos alunos e dos professores participantes do Grupo de Trabalho em Rede – GTR, os quais indicam que a utilização dos gêneros discursivos como instrumentos de ensino pode potencializar o conhecimento do aluno no que diz respeito ao desenvolvimento das práticas de leitura, oralidade e escrita consideradas essenciais para o ensino de língua. Há indícios também de que a opção pelo procedimento da sequência didática trouxe contribuições significativas para a melhoria do ensino e aprendizagem de Língua Inglesa, mostrando-nos que um trabalho com base em gêneros textuais possibilita ir além do uso do texto como pretexto para o ensino de aspectos linguísticos, tornando o processo de ensino e aprendizagem de Língua Inglesa mais efetivo. Em suma, os resultados demonstram que o ensino norteado pelos gêneros discursivos, por meio da sequência didática, se apresenta como um caminho possível e capaz de instrumentalizar os alunos com as ferramentas que precisam para agir no mundo em que vivem. Palavras chave: Gênero discursivo. Sequência didática. Biografia.
INTRODUÇÃO
O ensino de Língua Estrangeira tem apresentado mudanças bastante
significativas nos últimos anos e tal fato se deve ao surgimento de novas
concepções acerca do ensino de línguas. Diante disso, o ensino de línguas passa a
contribuir para a construção do ser humano enquanto sujeito transformador do
mundo em que vive e, sob essa perspectiva, a língua constitui-se como elemento
norteador das múltiplas relações sociais e, por meio dela, ideias, conceitos, trocas e
obtenções de informações acontecem.
Consoante a essa concepção de língua e em face às mudanças educacionais
contemporâneas, bem como o resgate da importância do ensino de língua
estrangeira no âmbito escolar, objetivamos por meio de nosso estudo entender em
1 Professora PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) da Rede Pública Estadual de Ensino
do Estado do Paraná, graduada em Letras Português /Inglês pela UNIPAR-Pr com especialização em Língua Portuguesa e Pedagogia Escolar. e-mail : [email protected]. 2 Professora Assistente do Departamento de Letras da FECILCAM. Mestre em Linguística Aplicada
na Área de Ensino-Aprendizagem de Segunda Língua e Língua Estrangeira (UNICAMP). Graduada em Letras Português e Inglês (FECILCAM). e-mail <[email protected]>
que aspectos as opções teórico-metodológicas de um professor pode contribuir para
tornar as aulas de Língua Inglesa mais efetivas.
Tal interesse, por um estudo no viés mencionado, emerge a partir da
necessidade de desenvolver práticas de linguagem que possam ir para além do
ensino e aprendizagem fragmentados, uma vez que os resultados de tais práticas
pedagógicas têm indicado ao professor que o trabalho de leitura, oralidade e escrita,
de forma linear, com atividades que se constituem como mera decodificação ou
mesmo extração de informação precisam ser reconfiguradas.
Além de olhar para a prática do professor, há outro fator relevante no contexto
que diz respeito aos alunos e a possível resistência apresentada por eles em realizar
atividades que estejam centradas em práticas mais significativas, provavelmente,
por não perceberem ou entenderem que tais ações podem contribuir para a
apropriação de conhecimentos, os quais são capazes de tirá-los da condição de
leitores passivos diante dos textos, possibilitando-lhes a condição de participantes
ativos na construção de novos sentidos.
Diante do exposto, nos pautamos na proposta contida nas Diretrizes
Curriculares da Educação Básica – DCE (2008), que, visando ampliar o universo de
compreensão dos usos da linguagem e a valorização dos procedimentos
interpretativos e construção de significados, propõem o trabalho em Língua Inglesa
(LI) voltado para a diversidade dos gêneros textuais.
Assim, diante de tantas indagações e inquietações acerca das dificuldades
dos alunos em desenvolver práticas significativas de leitura e escrita em LI e
também das dificuldades dos professores em implementar a proposta das DCE, nos
propomos a estudar sobre esta problemática, apresentando, em um primeiro
momento, os pressupostos teóricos que embasaram nossa pesquisa e orientaram
nossa reflexão, em seguida, os procedimentos metodológicos, a análise e
discussões de dados e, por fim, as considerações finais.
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO CONTEXTO DAS DCE
Em busca de definir novos referenciais teórico-metodológicos para o ensino
de LI, as DCE trazem a concepção de língua como discurso, não como estrutura ou
código a ser decifrado, mas sim como algo dinâmico. Sob essa concepção, o ensino
de língua passa a ser considerado como um meio de se ensinar a construir
significados. Logo, a linguagem se efetiva por meio da interação verbal, e não
apenas pelo sistema linguístico. Conforme afirma Bakhtin, “a palavra está sempre
carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial. É assim que
compreendemos as palavras e somente reagimos àquelas que despertam em nós
ressonâncias ideológicas ou concernentes à vida” (BAKHTIN, 1981, p. 95).
A partir dessa ideia, passamos a refletir sobre a importância da linguagem nas
interações humanas: seu reflexo, seu valor social, ou seja, pensar sobre os
propósitos comunicativos que a linguagem acaba por desencadear superando os
limites dos aspectos puramente linguísticos para alcançar uma gama de
significações, com vistas a superar a concepção do ensino de Língua Inglesa com
caráter puramente funcional, associado à assimilação de aspectos gramaticais,
buscando alcançar um ensino que contemple situações significativas de apreensão
do conhecimento, onde o aluno seja exposto aos múltiplos usos da linguagem.
Concernente ao pensamento de Bakhtin, Vygotski (2008), ressalta que a
construção do conhecimento se dá a partir da relação entre sujeitos mediada pela
linguagem. Segundo o autor, a criança desenvolve seu conhecimento ao longo da
vida, porém as funções psíquicas superiores só poderão ser desenvolvidas à medida
que esta estabelece relações com parceiros mais experientes, principalmente, na
escola, quando a criança estabelece contato com conceitos científicos que somados
aos seus conhecimentos espontâneos resultam em processos de apreensão de
conhecimentos mais complexos. Segundo Vygotski (2008, p. 137) “o êxito no
aprendizado de uma língua estrangeira depende de um certo grau de maturidade na
língua materna. A criança pode transferir para a nova língua o sistema de
significados que já possui na sua própria. O oposto também é verdadeiro- uma
língua estrangeira facilita o domínio das formas mais elevadas da língua materna.
O posicionamento de Vygotski, parece reforçar a ideia de que o ensino de
uma língua estrangeira deve estar em consonância com a língua materna de modo
que todo o conhecimento construído no ensino-aprendizagem de uma, certamente,
favorecerá o aprendizado da outra, num processo de interação.Dessa forma
aprender um língua diferente da materna colabora para ampliação de conhecimento
e construção de novos significados. Nessa perspectiva, Jordão ressalta:
[...] (ao) aprender uma língua estrangeira [...] eu adquiro procedimentos de construção de significados diferentes daqueles disponíveis na minha língua (e cultura) materna: eu aprendo que há outros dispositivos, além daqueles que me apresenta a língua materna, para construir sentidos, que há outras possibilidades de construção do mundo diferentes daquelas a que o conhecimento de uma única língua me possibilitaria. Nessa perspectiva, quantas mais [...] línguas estrangeiras eu souber, potencialmente maiores serão minhas possibilidades de construir sentidos, entender o mundo e transformá-lo (JORDÃO, 2004a, p.164).
Considerando o posicionamento de Jordão e o fato de que, para agirmos
na/pela língua, nos utilizamos dos textos, materializados em diferentes gêneros
discursivos, tratamos a seguir do papel dos gêneros discursivos no processo de
ensino e aprendizagem de LI.
1.2 O PAPEL DOS GÊNEROS NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA
Os gêneros discursivos, por sua dimensão social, histórica e cultural, bem
como pelas múltiplas relações sócio-comunicativas estão presentes nas diversas
línguas e culturas, se constituindo, portanto, como instrumentos essenciais para as
práticas de ensino-aprendizagem nas aulas de Língua Inglesa, oportunizando ao
aluno o desenvolvimento de suas capacidades de linguagem e sua formação crítica
e social.
Favoráveis a essa ideia, vários pesquisadores apresentam concepções
acerca do trabalho com gêneros discursivos, que, no contexto de ensino do estado
Paraná, passam de instrumentos de comunicação a instrumento de ensino. Essa
opção acontece devido ao fato de que os gêneros discursivos contemplam os usos
sociais que requerem práticas efetivas de leitura, oralidade e escrita.
Marcuschi (2005, p. 25) define os gêneros como: ”[...] formas verbais de ação
social relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades de
práticas sociais e em domínios específicos.” Tal definição nos faz perceber a estreita
relação que se estabelece entre gênero e situação comunicativa: os gêneros estão
em constante transformação, renovando-se de acordo com as novas situações de
interação social, quer pelo seu agente ou mesmo pelas atividades sociais. A
elaboração ou reformulação do gênero está voltada para a compreensão do
interlocutor e a situação comunicativa ou o objetivo que temos com aquele texto.
Consoante a essa ideia, Cristovão et. al (2007, p.1) afirma que os “gêneros não
podem considerados como sendo estáticos devido dado que vão sendo adaptados
às situações sócio-comunicativas, pois ao se realizar uma ação da linguagem, o
agente confronta suas próprias representações da situação vivida com as
representações já cristalizadas por formações sociais outras”
Deste modo, ao considerar que os gêneros se constituem em ações de
linguagem, exigindo de seus agentes decisões acerca da escolha de contexto,
função social, circulação, ideologias, entre outras, reafirmamos o que diz Bronckart
(1999, p.48): “Conhecer um gênero de texto também é conhecer suas condições de
uso, sua pertinência, sua eficácia, ou de forma mais geral, sua adequação em
relação às características desse contexto social”. Partindo do referencial teórico de
Bronckart , o interacionismo sociodiscursivo, temos a linguagem no centro da ação,
realizada por meio do discurso produzido em um contexto social e histórico onde
cada pessoa exerce a prática social dessa linguagem com vistas a realizar ações
distintas, tais como: argumentar, narrar um fato, dar uma instrução, fazer uma
declaração dentre outras. Desse modo Bronckart (1999) afirma que os textos seriam
um produto da ação da linguagem e ao agirmos com a linguagem somos
confrontados com um arsenal de textos que denominamos gêneros de texto. Assim,
dentre a infinidade de gêneros de texto que permeiam as práticas sociais, optamos
por estudar o gênero biografia, a ser discutido no próximo tópico.
1.3 O GÊNERO BIOGRAFIA
O trabalho com o gênero biografia nas aulas de Língua Inglesa se apresenta
como uma possibilidade para o desenvolvimento das capacidades de linguagem,
buscando um novo posicionamento no ensino de língua que não se limite à
reprodução de regras gramaticais e traduções. O gênero citado representa o
discurso de experiências vividas, situadas no tempo, podendo ser envolvente e
aguçar a curiosidade. Conforme Murcho (2003 apud CRISTOVÃO et al, 2007), o
gênero biografia é atrativo, porque através de vidas humanas reais aprendemos
filosofia, história e ciência, acompanhamos os dramas e alegrias, sucessos e
insucessos consoantes ao biografado. Como todo texto, a biografia vem carregada
de sentidos, cabendo ao leitor refletir sobre os mesmos, buscando entender a
complexa relação do indivíduo com o mundo. Carino (1999, p. 154) ressalta que
“não se biografa em vão. Biografa-se com finalidades precisas: exaltar, criticar,
demolir, descobrir, renegar, apologizar, reabilitar, santificar, dessacralizar. Tais
finalidades e intenções fazem com que retratar vidas, experiências singulares,
trajetórias individuais transforme-se, intencionalmente ou não, numa pedagogia do
exemplo. A força educativa de um relato biográfico é inegável.”
Assim, a biografia por exercer um papel histórico e social, por ser carregada
de ideologias, servindo como modelo a ser seguido, causando admiração ou repúdio
muito pode contribuir para o ensino e aprendizagem de LI. Para Orieux (1989, p. 33),
o trabalho biográfico pode ser comparado a um artesanato. Segundo ele, ambos
demandam um processo de construção minucioso que se revela de forma artística.
Ao lermos biografias de homens, mulheres, grandes escritores, artistas, filósofos,
santos, heróis e tantos outros personagens reais, lançamos olhares sobre essas
vidas que se confundem com momentos notáveis de nossa história.
Dessa forma, a biografia tem em si uma importância que não precisa ser
explicada e, segundo Carino (1999, p. 178): “Sua impressionante resistência ao
longo dos séculos, como gênero literário e como fonte historiográfica, é prova disso.
Sua adaptabilidade aos momentos históricos demonstra sua utilidade como
instrumento de compreensão do mundo humano e dos seres que os integram – os
indivíduos”.
Portanto, conceber o gênero biografia como instrumento educativo possibilita
o redimensionamento do trabalho com as práticas sociais de linguagem nas aulas de
Língua Inglesa, bem como propicia ações efetivas de leitura, oralidade e produção
escrita, com vistas à interpretação e à apreensão de conhecimentos da sociedade e
dos sujeitos que nela interagem. Sob essa perspectiva, optamos pelo procedimento
da sequência didática (SD) como meio para conduzir nossas práticas pedagógicas.
Este assunto faz parte do próximo tópico.
1.4 A SEQUÊNCIA DIDÁTICA E O DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES DE
LINGUAGEM
Para Dolz e Schneuwly (2004), as sequências didáticas, definidas como ”um
conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de
um gênero textual” (DOLZ; SCHNEUWLY, 2004, p. 97), são instrumentos que
podem guiar os professores, propiciando intervenções sociais, ações recíprocas dos
membros dos grupos e intervenções formalizadas nas instituições escolares, tão
necessárias para a organização da aprendizagem em geral e para o progresso de
apropriação de gêneros em particular. Os autores ressaltam que a elaboração e
aplicação de uma sequência de atividades deve permitir a transformação gradativa
das capacidades iniciais dos alunos para que estes dominem um gênero, e, à
medida que apresentarem um entendimento de abrangência maior, há de se propor
atividades de maior complexidade, visando ampliar o aprendizado do gênero em
estudo.
O objetivo principal da SD é auxiliar no desenvolvimento das capacidades de
linguagem que mobilizamos na produção e recepção de um texto. Essas
capacidades são:
a) Capacidades de ação – possibilitam ao sujeito adaptar sua produção de
linguagem ao contexto de produção. Assim, as representações da situação de
comunicação têm relação direta com o gênero, já que o gênero deve estar adaptado
a um destinatário, a um conteúdo e a um objetivo específico.
b) Capacidades discursivas – permitem ao sujeito escolher a infraestrutura
geral de um texto, bem como sua estruturação discursiva.
c) Capacidades linguístico-discursivas – possibilitam ao sujeito realizar as
operações de textualização que envolvem a conexão, a coesão nominal e verbal, os
mecanismos enunciativos de gerenciamento de vozes e modalização, a construção
de enunciados, oração e período, e a escolha de itens lexicais.
Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), propõem um agrupamento dos gêneros a
serem trabalhados na escola, a partir dos contextos de uso, das finalidades e dos
tipos textuais dominantes, a saber: textos da ordem do narrar, do relatar, do
argumentar, do expor e do descrever ações. Para eles, a estrutura de base de uma
SD constitui-se pelos seguintes passos: “apresentação da situação, produção inicial,
módulo 1, módulo 2, módulo 3 e produção final”, como demonstra o esquema a
seguir:
Figura 1 – Esquema da Sequência Didática proposta por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p.98)
Apresentação
da situação
situação
Produção
inicial
Módulo I Módulo II
Módulo III
Produção
final
Diante do exposto, compreendemos que o professor de línguas ao optar por
realizar sua prática pedagógica por meio do procedimento da SD, ao finalizar uma
sequência didática poderá observar se houve ou não avanço entre as produções
inicial e final, ou ainda, se seus objetivos foram atingidos. Caso perceba que o
esperado não aconteceu, caberá a ele decidir sobre o que será feito para contribuir
com o aluno a fim de que ele possa se apropriar do gênero estudado. Esta
perspectiva de trabalho permite ao professor e ao educando uma progressão
curricular em espiral para o ensino dos gêneros, vindo, portanto, ao encontro das
necessidades do contexto escolar, foco desta pesquisa.
2. METODOLOGIA DA PESQUISA
Esse trabalho se insere na linha de pesquisa qualitativa que segundo Godoy
(1995) visa compreender os fenômenos sob a ótica dos sujeitos participantes bem
como a relação direta entre pesquisador e o foco em estudo. A mesma utilizou para
a coleta de dados os seguintes instrumentos: questionário misto, portfólio3 e relatos
dos alunos e dos professores participantes do Grupo de Trabalho em Rede – GTR,
os quais podem retratar aspectos relevantes dos sujeitos da pesquisa com relação à
problemática tratada nesse artigo.
No tocante ao contexto, esta se deu em uma escola pertencente à rede
estadual que oferta ensino regular nas modalidades: Fundamental e Médio.
Funciona em três turnos, sendo no período matutino: Ensino Fundamental e Médio,
no período vespertino: Fundamental e no período noturno: Médio. A escola
apresenta boa estrutura, o prédio passou por reformas recentemente e oferece
laboratório de informática, de ciência, biblioteca, salas equipadas com TV Multimídia.
Além disso, há três aparelhos de multimídia e suporte de materiais didáticos e
pedagógicos. Possui diretor com carga horária de 40/h e diretor-auxiliar com 20/h,
contando ainda com equipe pedagógica composta por quatro pedagogos. A mesma
está localizada na zona urbana de um município do interior do Paraná com pouco
mais de 7.000 habitantes.
3 Portfólio- consiste de uma coleção de todas as atividades e conteúdos (trabalhos, provas,
exercícios, etc.) produzidos pelo aluno no decorrer de um processo de aprendizagem ( Moulin 2002)
A referida instituição possui cerca de 600 alunos, grande parte é da zona
urbana e a maioria deles pertence a famílias de trabalhadores da Usina de açúcar e
álcool, outros de trabalhadores do comércio, funcionários públicos, e a minoria são
filhos de pequenos agricultores, pecuaristas ou oriundos de famílias que vêm de
outros estados para trabalharem no corte de cana. Alguns alunos do Ensino Médio
noturno já trabalham, na sua maioria, na Usina do município.
Em relação ao tempo de duração da coleta e dos participantes da pesquisa,
ressaltamos que a pesquisa foi realizada entre fevereiro e julho de 2013 durante a
Implementação do Projeto de Intervenção na escola em uma turma do 1º ano do
Ensino Médio no período matutino, composta por 28 alunos, com idade entre 14 e
15 anos. A turma apresenta bom rendimento escolar, assiduidade, mas com alguns
casos de alunos com dificuldades de aprendizagem, quanto à disciplina de Língua
Inglesa os mesmos apresentam dificuldades nas práticas discursivas de leitura,
oralidade e escrita, muitos consideram a disciplina complexa, o que ocasiona
desinteresse e dispersão durante as aulas.
A professora-pesquisadora possui graduação em Letras Português/Inglês
pela Universidade Paranaense (UNIPAR) com curso de pós-graduação em Língua
Portuguesa e Pedagogia Escolar, com experiência de mais de 15 anos como
docente da rede estadual de ensino, atuando nos níveis de ensino Fundamental e
Médio.
3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA ANÁLISE DE DADOS
As primeiras impressões foram coletadas a partir da aplicação de um
questionário inicial que resultou em informações pertinentes para o desenvolvimento
do trabalho. O mesmo revelou diferentes posturas dos alunos quanto à abordagem
do gênero a ser estudado, bem como atitudes dos mesmos no tocante à leitura de
textos em inglês.
Os 28 alunos participantes da pesquisa responderam ao questionário, sendo
que destes apenas 15 afirmaram conhecer o gênero discursivo biografia e a grande
maioria confirmou não ter contato com textos em inglês fora da escola. Alguns
disseram gostar de letras de música e afirmaram ter interesse em conhecer a vida
de seus ídolos apresentadas, muitas vezes, em textos biográficos em inglês. Dessa
forma, evidenciamos que ao propormos um trabalho com gênero discursivo, nesse
caso, a biografia, voltado para práticas discursivas de leitura e escrita, estaríamos
garantindo ao aluno uma forma de promoção de aprendizado e atendendo ao que é
proposto pelas DCE.
Partindo de tais observações avançamos em nossa proposta de trabalho,
organizada no formato de sequência didática, tomando como ferramenta de ensino o
gênero biografia, com vistas a desenvolver as capacidades de linguagem
mobilizadas durante o processo de compreensão e produção de textos.
A SD elaborada e aplicada compreende o esquema abaixo:
Quadro 1: Organização da sequência didática Fonte: Acervo da Professora Pesquisadora
A partir da aplicação da SD, ao procedermos à análise dos dados coletados
por meio do portfólio, constatamos que na atividade de reconhecimento do gênero
biografia, dos vinte e oito alunos, apenas dezoito conseguiram reconhecê-lo, quatro
relacionaram biografia com autobiografia ou poema e seis confundiram a biografia
em timeline com gênero currículo. Essa situação oportunizou um trabalho focado na
capacidade discursiva, criando uma nova possibilidade de ensino, pois foi preciso
apresentar o gênero currículo para explorar a estruturação discursiva do texto, bem
como abordar sua função social e demais propriedades funcionais que se organizam
com vistas a cumprir uma situação comunicativa. No que se refere à distinção entre
biografia e autobiografia os alunos apresentaram um conhecimento satisfatório,
apenas dois deles não identificaram a característica principal da autobiografia, no
caso o uso do pronome I (primeira pessoa), considerando que a voz do enunciador
constitui-se marca principal do gênero citado. Quanto às análises das características
do gênero, os alunos apresentaram um conhecimento bastante razoável, o trabalho
com as estratégias de leitura4 facilitou o entendimento dos enunciados e dos trechos
estudados, alguns demonstraram um domínio razoável de vocabulário o que fez com
4 Segundo Isabel Solé (1988), as estratégias de leitura são as ferramentas necessárias para o
desenvolvimento da leitura proficiente.
Organização da SD Atividades propostas Capacidades de linguagens
Apresentação inicial
Reconhecimento do gênero Capacidade de ação Capacidade discursiva Capacidade linguístico-discursiva
Produção inicial Produção de uma biografia em LI
Estudo do gênero biografia e dos gêneros periféricos
Estudo das biografias de: Mandela, Pelé e Michael Jackson
Produção final Produção de uma biografia em LI
que realizassem suas atividades de maneira mais eficiente. Com o objetivo de
identificarmos os conhecimentos prévios dos alunos e analisarmos se o material
didático elaborado poderia ajudá-los a dominar melhor as práticas de linguagem
inerentes ao gênero em questão, sugerimos a produção inicial, ou seja, um primeiro
texto a ser escrito, que conforme afirmam Dolz e Schunewly( 2004) é de extrema
importância para compreender o quanto os alunos sabem do gênero e do assunto a
ser estudado, bem como compreender a situação de comunicação de que trata o
gênero. Assim, procuramos enfatizar ao aluno a importância da legitimidade dessa
escrita, esclarecendo que esse texto seria o ponto de partida para o
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem do todo ensinável que o
gênero biografia nos proporciona, bem como apontando, de modo claro e preciso, os
objetivos dessa produção. A princípio, a proposta era escrever sobre alguém
importante da sociedade, porém a mesma desencadeou uma discussão que
culminou em uma reorganização da atividade inicialmente pensada. Diante disso,
amparados no que nos diz Libâneo (1994,p.221) quanto à necessidade de
considerar o planejamento escolar como “uma tarefa docente que inclui tanto a
previsão das atividades didáticas em termos de organização e coordenação em face
dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo
de ensino” optamos por dar voz aos alunos e permitir que escrevessem sobre
alguém próximo, pertencente a família ou grupo de amigos. Esse momento nos
permitiu refletir sobre o real significado da escrita que, conforme afirma
Bakhtin(1981) implica em considerar o outro e a palavra, que sendo falada ou
escrita constitui-se como produto da interação do locutor e do interlocutor.
Essa questão também foi objeto de discussão no GTR (Grupo de Trabalho
em Rede)5 e as contribuições advindas desse grupo, foram de grande relevância
para que pudéssemos aprimorar a nossa prática. Para ilustrar tais contribuições e
reflexões apresentamos a seguir relatos de algumas professoras participantes
P1-“O trabalho com gêneros textuais através de biografia proporcionará a autonomia dos alunos juntamente com seu professor em poder escolher personalidades ou pessoas que mais lhes interessar, assim será motivador
5 Trata-se de um grupo formado por professores da rede estadual, participantes de um curso on-line
ao qual foi submetido à análise e discussão: o Projeto de Intervenção Pedagógica, a Produção
Didática Pedagógica e a Implementação do Projeto de Intervenção na Escola numa interação virtual
entre professor PDE e demais professores cursistas.
estudar para conhecê-las e enriquecerá seu vocabulário, favorecendo a apropriação da práticas discursivas da linguagem”.
P2- “O gênero textual Biografia" que será estudado e analisado é amplo, além de causar mais entusiasmo ao educando, pois ele pode aprender muito sobre uma pessoa que lhe interessa, este também pode elaborar a biografia de alguém que conhece, analisando os diferentes estilos de vida e percepções, ampliando seu aprendizado em leitura e escrita em Língua Inglesa”
Tais posicionamentos evidenciam que a liberdade de escolha da pessoa
sobre a qual deseja escrever pode despertar no aluno o interesse, aguçar a sua
curiosidade e capacidade de iniciativa, motivando-o a uma escrita significativa.
Ao analisarmos as produções iniciais foi possível identificar as dificuldades
reais da turma, esse momento conforme Dolz & Schneuwly (2004) possibilita avaliar
os conhecimentos já apropriados pelo aluno e garante uma análise diagnóstica
resultando em ajustes das atividades a partir desse contexto, de maneira a
potencializar o aluno no trato com a linguagem. O momento da produção também
revelou a resistência em escrever em inglês por grande parte da turma. Essa
situação gerou ansiedade e apreensão. Entre as dificuldades encontradas se
destacaram a carência de vocabulário, problemas no emprego de datas, tempos
verbais, uso de adjetivos e conectivos, organização textual entre outras. Conforme
mostra a produção inicial que segue:
Fig.2 – Texto (Produção Inicial )
Ainda, tendo como foco o estudo da produção inicial, obtivemos por meio do relato dos alunos os seguintes posicionamentos:
A1: “Achei muito difícil, tive grande dificuldade em relatar os fatos da vida, não consegui ligar as frases, escrevi pouco e achei meio confuso[...]” A2: “Escrevi o texto em português para depois passar para o inglês, consegui escrever bastante mas penso que não organizei muito bem o texto, não prestei muita atenção no uso dos pronomes e dos verbos, deixei algumas palavras em português porque não consegui lembrar.”
A3: “Procurei escrever um texto curto, mas com sentido, acho que tenho bom vocabulário e isso me ajudou muito.tenho dificuldades em usar preposições, conjunções, o próximo texto vou sair melhor...” A4: “Fiquei nervosa, as palavras não vinham, só consegui escrever o nome, cidade onde nasceu, nomes dos pais e profissão preciso estudar mais”
Analisando as colocações dos alunos acima passamos a trabalhar os textos
biográficos, com vistas a superar as dificuldades apresentadas e conduzindo-os a
desenvolver práticas de linguagem que pudessem instrumentalizá-los para a
produção final do gênero biografia.
Ressaltamos que a SD aplicada não seguiu a delimitação dos módulos, mas
foi organizada de maneira sistemática, de forma que pudesse contribuir para o
desenvolvimento das capacidades de linguagem, que não acontece de forma
isolada, mas sim como engrenagens, onde uma se liga a outra formando um todo
capaz de mobilizar as capacidades de linguagem necessárias à compreensão e
produção de diferentes textos coesos e significativos (CRISTOVÃO 2008).
O primeiro texto trabalhado foi a biografia de Nelson Mandela e, por meio
dele, ocorreram diferentes tipos de interação: professor x professor, professor x
aluno, aluno x aluno, aluno x texto, as questões acerca do contexto de produção
permitiu que discutíssemos sobre a wikipedia, fonte do texto. A partir daí surgiram
novos questionamentos acerca da veracidade dos fatos ali presentes, bem como
tratamos da necessidade de checar as informações veiculadas em outras fontes a
fim de verificar a precisão dos mesmos. Ao realizarmos a atividade da biografia no
formato timeline, orientamos os alunos para que fizessem uso das estratégias de
leitura, em especial, o scanning6 Além do gênero central biografia, exploramos
também alguns gêneros periféricos, dentre eles, o gênero sinopse do filme”
Goodbye Bafana”, cujo enredo trata da vida de Mandela, o trailer do filme, por meio
do qual foi possível realizar atividades de listening e um artigo de opinião também
sobre o líder Mandela. Em todos esses gêneros foi possível trabalhar atividades que
envolviam as três capacidades de linguagem.
Essa maneira contextualizada de trabalhar o gênero foi alvo das discussões
do GTR, no entanto, após a análise do material, algumas cursistas concluíram que
trabalhar o gênero biografia, juntamente com outros gêneros, considerados
6 Scanning – estratégia de leitura que visa buscar informações específicas no texto.
periféricos, poderia contribuir para que o trabalho não ficasse exaustivo e para que o
aluno não perdesse o foco, conforme os relatos que seguem:
P3: “A SD organizada com atividades bem variadas, favorece o aprendizado dos alunos. Observei que o estudo das biografias com outros gêneros periféricos como música, filme, sinopses torna o trabalho “leve” e interessante” P4: “Na minha opinião as atividades e o conteúdo, como um todo, foram muito bem dosados, de forma a levar os alunos a um crescimento gradual e equilibrado. Creio que ao ser concluída a aplicação dessa sequência didática, os alunos farão uma produção final a contento. As atividades são atrativas, de fácil compreensão e diversificadas o que torna as aulas atrativas.” P5: “A proposta de se trabalhar outros gêneros de forma contextualizada foi excelente, já trabalhei um único gênero e senti que meus alunos cansaram e acabaram desmotivados, essa ideia pode manter o interesse e curiosidade dos alunos favorecendo o aprendizado”.
Considerando a nossa hipótese e preocupação, bem como a fala dos
participantes do GTR, ao analisarmos o material do portfólio notamos que as
questões sobre os gêneros sinopse e artigo de opinião foram respondidas com
maior precisão e que as relacionadas ao vídeo do trailer revelaram respostas
parciais de muitos alunos, demonstrando a grande dificuldade em se trabalhar
listening, fato esse observado por 90% das participantes do GTR , quando as
mesmas expuseram muitos obstáculos nesse processo de ensino, essa
preocupação é bastante pertinente considerando que este é fundamental para a
comunicação humana. Os aspectos linguísticos como adjetivo, caso genitivo
também foram trabalhados, no entanto, nessa atividade os mesmos demonstraram
menos dificuldades. No trabalho com o artigo de opinião ao responderem as
questões relacionadas à estrutura do texto e contexto de produção os mesmos
apresentaram um bom desempenho, porém alguns não conseguiram identificar a
ideia expressa no texto que trazia uma opinião questionável sobre Nelson Mandela,
assim pretendíamos desencadear discussões relevantes em torno dessa questão, o
que não ocorreu. Essa análise reforça a necessidade de trabalhar a diversidade de
gêneros discursivos, dando ênfase ao desenvolvimento das capacidades de
linguagem, com vistas à formação crítica do sujeito.
O segundo texto biográfico foi sobre o rei do futebol Pelé, um texto com
linguagem simples e vocabulário mais usual. O assunto despertou curiosidade nos
alunos e o conhecimento prévio que tinham sobre o biografado concedeu-lhes uma
leitura tranquila e significativa. Nesse momento nos pautamos no ensino das datas,
exploramos a oralidade com atividades de listening sobre o texto, bem como sobre
datas significativas para os alunos. Foram realizadas atividades em grupo que
despertaram a interação e discussão entre os mesmos. As atividades nessa etapa
transcorreram de maneira bastante satisfatória, promovendo a participação e a
motivação do aluno, que nessa etapa mostrou-se empolgado conforme as
afirmações abaixo:
A5- “Eu adoro futebol, estudar meu ídolo foi muito legal, alguns detalhes da vida dele eu já conhecia, assim ficou mais fácil compreender o texto.” A6- “Pra mim foi importante trabalhar as datas, sempre tive dificuldades em escrever e falar, a atividade de praticar a fala e escrita das datas em grupo foi muito boa”
Como última etapa foi apresentada a biografia de Michael Jackson, um texto
mais longo, que exigiu do aluno uma leitura mais minuciosa e um domínio maior de
vocabulário. Ao realizarmos atividades de introdução da biografia onde
apresentamos questões como: Do you like music? Do you listen to music in English?
Do you have a favorite singer? What kind of music do you like? foi possível perceber
o quanto os alunos gostam de falar sobre música, assim utilizar esse gênero para
aprimorar nossa prática em sala pode resultar em um trabalho estimulante e efetivo.
Segundo Cristovão (2007) as músicas representam linguagem autêntica, de
aspectos memoráveis, além de explorar o ritmo e aprimorar a prática da oralidade
num ambiente descontraído e motivador.
O trabalho com a música “Heal the world” resultou em uma experiência muito
gratificante. Depois de assistir ao clip os alunos puderam discutir a letra da canção e
realizar atividades de listening. Ao realizarmos atividades de compreensão sobre a
letra, os alunos atribuíram sentidos, discutiram sobre as informações ideológicas
presente, bem como as contribuições que esta traz para sociedade. Depois dessa
atividade, exploramos os marcadores de discurso, pontos positivos e negativos
encontrados no texto (aspectos semânticos da palavra) numerais entre outros.
Para concluir a SD os alunos fizeram a produção final do gênero biografia,
tomando como norte a checklist que tem por objetivo permitir aos alunos avaliar
seus avanços ou não.
CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO TEXTUAL BIOGRAFIA OK PRECISO MELHORAR
1. O texto está adequado ao objetivo de uma biografia?
2. O texto está adequado ao(s) destinatário(s)?
3. Todas as informações consideradas as mais relevantes sobre a vida da
pessoa estão expressas na biografia?
4. No início da biografia há uma indicação clara das informações pessoais da pessoa biografada?
5. Os tipos de informação referentes ao gênero biografia, ou seja, os temas referentes à vida da pessoa, tais como: familia, estudos, profissão, vida pessoal e profissional, sua compreensão da vida ou o que ela significa para a pessoa, são tratados na biografia, ou, ficam claros no texto?
6. Fica claro como o texto começa, se desenvolve e termina?
7. As relações entre as informações estão claramente explicitadas por conectivos, expressões, verbos e tempos verbais adequados?
8. Fica claro quais pessoas aparecem e qual predomina no texto?
9. As referências pronominais são usadas adequadamente na biografia?
10. A biografia pode ser compreendida por um leitor que não conhece a pessoa biografada?
11. A seleção lexical (vocabulário utilizado) está adequada ao gênero?
12. Não há problemas de pontuação, frases incompletas, erros gramaticais, ortográficos, etc.?
Quadro 2: Checklist Fonte: Material Didático da professora pesquisadora
O quadro que segue demonstra o avanço dos alunos quanto ao atendimento
dos critérios em suas duas versões da produção escrita.
A1 A2 A3 A4 A5
Quadro 3: Comparação das produções inicial e final Fonte: Textos produzidos pelos alunos
Os resultados expressos pela comparação das produções dos alunos indicam
a relevância do papel do material didático e da mediação do professor no processo
de ensino e aprendizagem.
3.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
PI PF PI PF PI PF PI PF PI PF
1 - + + + - * + + - +
2 - * * + - * * + + *
3 * + + + * + + + * +
4 - * - * - * * + - +
5 - * * + - * * * - *
6 * + + + * + + + + +
7 - + * * * * + + * +
8 - + + + * + + + - +
9 - + * + - - * + * *
10 - + + + - * - + * *
11 - * + + - + + + * +
12 * + * * * * * + * * TA 0 8 6 9 0 4 6 11 2 7 PA 3 4 5 3 5 7 5 1 6 5 NA 9 0 1 0 7 1 1 0 4 0
Legenda:
PI – Produção Inicial PF- Produção Final
+ Totalmente atendimento * Atendido parcialmente - Não atendido
A partir dos dados analisados e discutidos neste trabalho pretendemos tecer
algumas considerações acerca do trabalho com gêneros nas aulas de Língua
Inglesa, uma vez que, ao optar por eles como instrumentos de ensino, obtivemos
indicações de que tais instrumentos se revelam como meios eficazes para
potencializar o conhecimento do aluno no que diz respeito ao desenvolvimento das
práticas de leitura, oralidade e escrita consideradas essenciais para o ensino de
língua.
Assim, entendemos que o trabalho com o gênero biografia possibilitou
avanços significativos no ensino-aprendizagem de LI, indo ao encontro dos
conceitos discutidos pelos teóricos que embasaram este estudo. Além disso,
percebemos uma mudança de postura do aluno frente ao trabalho com os gêneros
discursivos. Tal mudança pode ser atribuída ao fato de que o gênero biografia
despertou o interesse pela leitura e ainda ofereceu subsídio para que o aluno
pudesse desenvolver a escrita, num processo dialógico e interativo, por meio do
procedimento da SD, a qual apresentava atividades organizadas e contextualizadas.
É possível argumentar que durante a implementação do material, o qual serviu de
base para nosso estudo, os alunos passaram a perceber a língua na sua
abrangência social, bem como atribuíram mais valor á disciplina de LI.
Embora o presente estudo apresente avanços tanto no que diz respeito ao
professor quanto aos alunos, ainda há indícios de que novos estudos com foco na
construção de modelo didático, produção e aplicação de sequências didáticas são
necessários para que possamos contribuir para o processo de ensino e
aprendizagem de forma mais efetiva.
REFERÊNCIAS
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