o futuro glorioso da igrejade almas em todas as partes da terra, pois aprouve a deus enviar a igreja...

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O Futuro Glorioso da Igreja Por Silvio Dutra Ago/2019

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O Futuro Glorioso da Igreja

Por

Silvio Dutra

Ago/2019

2

A474 Alves, Silvio Dutra O futuro glorioso da Igreja Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro, 2019. 128p.; 14,8 x21cm 1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. John Angell James. I. Título. CDD 252

3

Nós mesclamos neste livro os capítulos do

profeta Isaías que se referem especificamente

ao futuro glorioso da Igreja, com citações

relativas ao estado da Igreja nos dias de John

Angell James, que viveu de 1786 a 1859,

conforme registradas pelo próprio.

Em sua autobiografia, Spurgeon escreveu:

"Em uma primeira parte de meu ministério,

enquanto era apenas um menino, fui tomado

por um intenso desejo de ouvir o Sr. John Angell

James, e, apesar de minhas finanças serem um

pouco escassas, realizei uma peregrinação a

Birmingham apenas com esse objetivo em vista.

Eu o ouvi proferir uma palestra à noite, em sua

grande sacristia, sobre aquele precioso texto,

"Estais perfeitos nEle." O aroma daquele sermão

muito doce permanece comigo até hoje, e

nunca vou ler a passagem sem associar com ela

os enunciados tranquilos e sinceros daquele

eminente homem de Deus."

John Angell James cumpriu seu ministério no

tempo imediatamente posterior aos grandes

avivamentos havidos tanto na Inglaterra,

quanto nos EUA, que inspiraram a criação de

várias Sociedades Bíblicas e Missionárias, tendo

o evangelho feito um considerável avanço

4

naquele período, sendo que ainda haveria de

conquistar o Centro-Sul da África, pois o Norte

permanecia como até hoje sob o Islamismo, e

avançaria em outras partes da América Latina,

havendo ainda muito a ser feito para que fosse

pregado em todas as nações.

Ele não testemunhou ao que tem chegado a ser

a Igreja em nossos dias, mas o mover do Espírito

Santo já lhe indicava uma colheita promissora

de almas em todas as partes da Terra, pois

aprouve a Deus enviar a Igreja para a salvação

dos Seus eleitos, aonde quer que eles sejam

encontrados neste mundo.

Com o advento da Internet e das transmissões

via satélite não há recanto na Terra que não

possa ser alcançado com a mensagem do

evangelho de Jesus Cristo.

Cremos que está bem próxima a hora do Seu

retorno em poder e grande glória para o

estabelecimento do Seu Reino na Terra em sua

forma final e visível.

Maranata! Ora vem Senhor Jesus!

O livro do profeta Isaías é chamado de

evangelho segundo Isaías, porque sua

mensagem é dirigida especialmente à Igreja sob

5

a Nova Aliança com Jesus, o Messias prometido

para a salvação do mundo, e não

especificamente e unicamente com a nação de

Israel, que permaneceria endurecida até que se

completasse a entrada dos gentios eleitos no

reino de Deus. O endurecimento de Israel será

removido somente por ocasião da segunda

vinda de Jesus, para livrá-los de serem

destruídos pelo Anticristo.

Milhões de espíritos desencarnados e

aperfeiçoados encontram-se neste momento no

céu, aguardando o momento do arrebatamento

da Igreja, para que juntamente com os salvos

que estiverem vivendo sobre a Terra na ocasião,

recebam juntamente com eles o corpo

glorificado e sobrenatural prometido por Deus

aos que Lhe amam.

O Milênio será iniciado logo em seguida e muito

do que há neste mundo será restaurado à

condição inicial de perfeição, porque a maldição

sobre a Terra será removida, e ela já não mais

gemerá como tem ocorrido até agora.

Os animais selvagens pastarão com os

domésticos, e as crianças poderão brincar com

as serpentes, porque já não haverá mais entre

elas as que sejam peçonhentas.

6

O profeta Isaías descreve particularidades desta

condição abençoada pela presença de Jesus em

glória com a Sua Igreja na Terra.

Já não haverá mais perseguição e nem o ímpio

ou Satanás e os demônios para perseguir e fazer

sofrer os servos do Senhor, A justiça e a paz

serão vistas por todos os recantos e em todos,

porque o governo será dado aos santos.

Antes mesmo que houvesse um Pentecostes em

que o Espírito Santo seria derramado sobre

todas as nações para a formação da Igreja, Deus

falou através do profeta Isaías, como aquela que

ainda não existia viria a se expandir por toda a

Terra, e o seu fim seria de bênção e glória, sem

as mazelas que são produzidas pelo pecado.

Isaías – 54

1 Canta alegremente, ó estéril, que não deste à

luz; exulta com alegre canto e exclama, tu que

não tiveste dores de parto; porque mais são os

filhos da mulher solitária do que os filhos da

casada, diz o SENHOR.

2 Alarga o espaço da tua tenda; estenda-se o

toldo da tua habitação, e não o impeças; alonga

as tuas cordas e firma bem as tuas estacas.

7

3 Porque transbordarás para a direita e para a

esquerda; a tua posteridade possuirá as nações e

fará que se povoem as cidades assoladas.

4 Não temas, porque não serás envergonhada;

não te envergonhes, porque não sofrerás

humilhação; pois te esquecerás da vergonha da

tua mocidade e não mais te lembrarás do

opróbrio da tua viuvez.

5 Porque o teu Criador é o teu marido; o

SENHOR dos Exércitos é o seu nome; e o Santo

de Israel é o teu Redentor; ele é chamado o Deus

de toda a terra.

6 Porque o SENHOR te chamou como a mulher

desamparada e de espírito abatido; como a

mulher da mocidade, que fora repudiada, diz o

teu Deus.

7 Por breve momento te deixei, mas com

grandes misericórdias torno a acolher-te;

8 num ímpeto de indignação, escondi de ti a

minha face por um momento; mas com

misericórdia eterna me compadeço de ti, diz o

SENHOR, o teu Redentor.

9 Porque isto é para mim como as águas de Noé;

pois jurei que as águas de Noé não mais

8

inundariam a terra, e assim jurei que não mais

me iraria contra ti, nem te repreenderia.

10 Porque os montes se retirarão, e os outeiros

serão removidos; mas a minha misericórdia não

se apartará de ti, e a aliança da minha paz não

será removida, diz o SENHOR, que se

compadece de ti.

11 Ó tu, aflita, arrojada com a tormenta e

desconsolada! Eis que eu assentarei as tuas

pedras com argamassa colorida e te fundarei

sobre safiras.

12 Farei os teus baluartes de rubis, as tuas

portas, de carbúnculos e toda a tua muralha, de

pedras preciosas.

13 Todos os teus filhos serão ensinados do

SENHOR; e será grande a paz de teus filhos.

14 Serás estabelecida em justiça, longe da

opressão, porque já não temerás, e também do

espanto, porque não chegará a ti.

15 Eis que poderão suscitar contendas, mas não

procederá de mim; quem conspira contra ti

cairá diante de ti.

16 Eis que eu criei o ferreiro, que assopra as

brasas no fogo e que produz a arma para o seu

9

devido fim; também criei o assolador, para

destruir.

17 Toda arma forjada contra ti não prosperará;

toda língua que ousar contra ti em juízo, tu a

condenarás; esta é a herança dos servos do

SENHOR e o seu direito que de mim procede, diz

o SENHOR.

Sendo o grande protetor e assegurador da paz e

prosperidade da Sua Igreja, em sua condição

final triunfante, o Senhor faria com que todas as

nações honrassem a Cristo juntamente com a

Sua Igreja.

Isaías – 60

1 Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e

a glória do SENHOR nasce sobre ti.

2 Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a

escuridão, os povos; mas sobre ti aparece

resplendente o SENHOR, e a sua glória se vê

sobre ti.

3 As nações se encaminham para a tua luz, e os

reis, para o resplendor que te nasceu.

4 Levanta em redor os olhos e vê; todos estes se

ajuntam e vêm ter contigo; teus filhos chegam

de longe, e tuas filhas são trazidas nos braços.

10

5 Então, o verás e serás radiante de alegria; o teu

coração estremecerá e se dilatará de júbilo,

porque a abundância do mar se tornará a ti, e as

riquezas das nações virão a ter contigo.

6 A multidão de camelos te cobrirá, os

dromedários de Midiã e de Efa; todos virão de

Sabá; trarão ouro e incenso e publicarão os

louvores do SENHOR.

7 Todas as ovelhas de Quedar se reunirão junto

de ti; servir-te-ão os carneiros de Nebaiote; para

o meu agrado subirão ao meu altar, e eu tornarei

mais gloriosa a casa da minha glória.

8 Quem são estes que vêm voando como nuvens

e como pombas, ao seu pombal?

9 Certamente, as terras do mar me aguardarão;

virão primeiro os navios de Társis para trazerem

teus filhos de longe e, com eles, a sua prata e o

seu ouro, para a santificação do nome do

SENHOR, teu Deus, e do Santo de Israel, porque

ele te glorificou.

10 Estrangeiros edificarão os teus muros, e os

seus reis te servirão; porque no meu furor te

castiguei, mas na minha graça tive misericórdia

de ti.

11

11 As tuas portas estarão abertas de contínuo;

nem de dia nem de noite se fecharão, para que

te sejam trazidas riquezas das nações, e,

conduzidos com elas, os seus reis.

12 Porque a nação e o reino que não te servirem

perecerão; sim, essas nações serão de todo

assoladas.

13 A glória do Líbano virá a ti; o cipreste, o

olmeiro e o buxo, conjuntamente, para

adornarem o lugar do meu santuário; e farei

glorioso o lugar dos meus pés.

14 Também virão a ti, inclinando-se, os filhos

dos que te oprimiram; prostrar-se-ão até às

plantas dos teus pés todos os que te

desdenharam e chamar-te-ão Cidade do

SENHOR, a Sião do Santo de Israel.

15 De abandonada e odiada que eras, de modo

que ninguém passava por ti, eu te constituirei

glória eterna, regozijo, de geração em geração.

16 Mamarás o leite das nações e te alimentarás

ao peito dos reis; saberás que eu sou o SENHOR,

o teu Salvador, o teu Redentor, o Poderoso de

Jacó.

17 Por bronze trarei ouro, por ferro trarei prata,

por madeira, bronze e por pedras, ferro; farei da

12

paz os teus inspetores e da justiça, os teus

exatores.

18 Nunca mais se ouvirá de violência na tua

terra, de desolação ou ruínas, nos teus limites;

mas aos teus muros chamarás Salvação, e às

tuas portas, Louvor.

19 Nunca mais te servirá o sol para luz do dia,

nem com o seu resplendor a lua te alumiará;

mas o SENHOR será a tua luz perpétua, e o teu

Deus, a tua glória.

20 Nunca mais se porá o teu sol, nem a tua lua

minguará, porque o SENHOR será a tua luz

perpétua, e os dias do teu luto findarão.

21 Todos os do teu povo serão justos, para

sempre herdarão a terra; serão renovos por

mim plantados, obra das minhas mãos, para que

eu seja glorificado.

22 O menor virá a ser mil, e o mínimo, uma

nação forte; eu, o SENHOR, a seu tempo farei

isso prontamente.

Esta condição abençoada seria realizada pelo

trabalho de sofrimento e paixão do Messias,

para que pudesse justificar pelo conhecimento

pessoal dEle, a todos os que nEle cressem, de

13

maneira a poderem ter admissão na Igreja

invisível destinada a ser Igreja triunfante.

Isaías – 61

1 O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim,

porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-

novas aos quebrantados, enviou-me a curar os

quebrantados de coração, a proclamar

libertação aos cativos e a pôr em liberdade os

algemados;

2 a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia

da vingança do nosso Deus; a consolar todos os

que choram

3 e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma

coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez

de pranto, veste de louvor, em vez de espírito

angustiado; a fim de que se chamem carvalhos

de justiça, plantados pelo SENHOR para a sua

glória.

4 Edificarão os lugares antigamente assolados,

restaurarão os de antes destruídos e renovarão

as cidades arruinadas, destruídas de geração em

geração.

5 Estranhos se apresentarão e apascentarão os

vossos rebanhos; estrangeiros serão os vossos

lavradores e os vossos vinhateiros.

14

6 Mas vós sereis chamados sacerdotes do

SENHOR, e vos chamarão ministros de nosso

Deus; comereis as riquezas das nações e na sua

glória vos gloriareis.

7 Em lugar da vossa vergonha, tereis dupla

honra; em lugar da afronta, exultareis na vossa

herança; por isso, na vossa terra possuireis o

dobro e tereis perpétua alegria.

8 Porque eu, o SENHOR, amo o juízo e odeio a

iniquidade do roubo; dar-lhes-ei fielmente a sua

recompensa e com eles farei aliança eterna.

9 A sua posteridade será conhecida entre as

nações, os seus descendentes, no meio dos

povos; todos quantos os virem os reconhecerão

como família bendita do SENHOR.

10 Regozijar-me-ei muito no SENHOR, a minha

alma se alegra no meu Deus; porque me cobriu

de vestes de salvação e me envolveu com o

manto de justiça, como noivo que se adorna de

turbante, como noiva que se enfeita com as suas

joias.

11 Porque, como a terra produz os seus renovos,

e como o jardim faz brotar o que nele se semeia,

assim o SENHOR Deus fará brotar a justiça e o

louvor perante todas as nações.

15

O Espírito Santo se move nos crentes através das

gerações sucessivas para que o clímax desta

condição abençoada seja atingido, uma vez

reunidos todos os eleitos que foram destinados

à salvação.

Desta ação da Igreja pelo Espírito Santo, John

Angell James se expressou, em 1959, o mesmo

ano que seria o da conclusão do seu ministério,

pois viria a falecer em decorrência de suas

muitas enfermidades:

Eu observaria novamente, a fim de evitar

equívocos e deturpações, que não pretendo essa

descrição do estado das igrejas, como aplicável

apenas, ou especialmente, às do corpo

congregacional - mas como uma representação

do que é chamado de Mundo cristão em geral.

Felizmente, antes de encerrar, volto novamente

à primeira parte deste panfleto e olho mais uma

vez para as excelências das igrejas. E, em

referência a isso, adoto a linguagem bonita e,

felizmente, é tão verdadeira quanto bela, de um

escritor da "North British Review".

"Uma nova vida soprou sobre as igrejas - elas

sentem sua grande missão e procuram, na força

de Deus, cumpri-la. Atividade, sinceridade,

amor abnegado, em muitos corações, estão

16

tomando o lugar. do velho langor e da apatia. Os

cristãos agora sentem que têm um grande

trabalho a fazer e começam a se endireitar até

que seja cumprido. O espírito do bom

samaritano se encarnou em milhares de almas

cujo coração sangra pelas misérias de seus

irmãos caídos, e não se atrevem a passar do

outro lado. Estamos no caminho certo e

avançamos constantemente. Muito já foi feito, e

o trem está preparado para muito mais.

Esperamos que a mesma energia anglo-

saxônica de nossa raça que se mostrou vitoriosa

em todos os outros campos de batalha, assim

batizada com fogo sagrado do alto, possa ainda

alcançar um triunfo ainda mais nobre na luta

muito mais terrível e árdua contra os pecados. e

tristezas de seu próprio povo, de sua própria

terra ".

A esperança que esse escritor capaz preza pela

Escócia, eu prezo pelo mundo. Um espírito está

ativo, desperto e ativo, que se agora nutrido,

repito, pela fé, pela oração e pela santidade das

igrejas, nunca descansará até que devolva um

mundo revoltado a Cristo. Mas nunca se

esqueça que a conversão do mundo, mesmo

quanto à instrumentalidade a ser empregada, é

tão vasta que a igreja deve realizar-se, não na

debilidade - mas na maturidade de sua força,

Sião ainda não está. preparada para esta

17

conquista gloriosa. Ela não é santa o suficiente

para tal ato. Seu sucesso atual é proporcional à

sua aptidão atual para seu trabalho. Comparado

com o que ela fez menos de um século atrás,

seus triunfos são maravilhas. Mas, comparados

com o que serão quando ela se esforçar e estiver

cheia da glória do Senhor, eles são apenas o dia

das pequenas coisas. O que as igrejas têm agora

a fazer não é afrouxar a mão da liberalidade ou o

pé da atividade - mas dar energia renovada a

ambas, aumentando a ação saudável do coração.

O que eu quero agora é ver a santidade

evangélica em pleno desenvolvimento como o

zelo evangélico. O que peço neste panfleto é a

alteração das falhas e o suprimento das

deficiências que mencionei nele.

Que nossa mente terrena, em todas as suas

formas, dê lugar à espiritualidade e à mente

celestial, tão inculcadas constantemente no

Novo Testamento, e assim identificadas com a

piedade cristã. Deixe a abnegação suplantar a

autoindulgência. A homenagem ao gênio fique

mais subordinada ao amor à verdade. Que a

Bíblia seja considerada como o sol que governa

o dia do nosso conhecimento, e a literatura geral

e até sagrada seja apenas a luz secundária. Que o

amor fraterno aconteça da frieza que

geralmente também prevalece em nossas

igrejas. Que o conhecimento de tudo o que nos

18

interessa como cristãos, como não-

conformistas e protestantes, ilumine a

ignorância em que muitos são enganados.

Em resumo, em vez de ficarmos muito

satisfeitos com a piedade social que consiste em

agir com os outros em obras de zelo,

procuremos cada um mais dessa piedade

pessoal, que consiste em acrescentar à nossa fé,

virtude, conhecimento, temperança, paciência ,

piedade, bondade fraternal e caridade. Que a

chama do nosso zelo seja alimentada pelo óleo

da nossa piedade. Que nossa consciência,

espiritualidade, devoção e amor sejam tão

notáveis quanto nossa liberalidade e atividade.

Então as igrejas serão preparadas para o

trabalho evangélico em casa e para o

empreendimento missionário no exterior;

então eles responderão não apenas em seu

caráter - mas em sua influência, ao "sal da terra

e à luz do mundo". E sejam quais forem as

vitórias parciais que eles obtiverem neste

conflito com os poderes das trevas, então, e não

até então, sua conquista será final e completa, e

esse reino será estabelecido em toda a terra -

que é a justiça, a paz e a alegria. no espírito Santo.

Esta foi a parte conclusiva do panfleto escrito

por John Angell James, no qual discorreu sobre

o estado geral da Igreja em seus dias, apontando

19

especialmente as falhas que deveriam ser

corridas para que houvesse uma maior

expansão do evangelho no mundo.

De fato, contrasta com a glória futura da Igreja

que em breve se manifestará, pois a condição

principal para a volta de Jesus já está cumprida,

a saber, a pregação do evangelho em todo o

mundo, a perda de vitalidade e espiritualidade

da Igreja pós-moderna quando comparada com

a santidade que havia na Igreja Primitiva e na

Inglaterra com os Puritanos nos séculos XVI e

XVII, e nos dias de Wesley, Whitefield e

Jonathan Edwards, no século XVIII.

Todavia, isto demonstra que a glória da Igreja

não há de existir em razão da glória que ela

tenha em si mesma neste mundo, pois sempre

foi achada em estado de debilidade na maior

parte da sua história. Esta glória será recebida

não por sua causa, mas por causa dAquele que é

glorioso e que aguardamos por Sua segunda

vinda, porque somente Jesus Cristo é a

esperança da glória, Sem Jesus não haveria

qualquer glória para a Igreja. É a plenitude da

Sua presença em nós, que é o fator

determinante da glória.

Agora, a nossa condição de fraqueza não

justifica a falta de esforço diligente para

20

fazermos progresso em crescimento na graça e

no conhecimento de Jesus, pois isto nos é

ordenado da parte de Deus, que tomará o nosso

pouco por muito na medida em que for sincero

o nosso esforço.

Como registrado na profecia de Isaías, a Igreja

não deve se calar, pois deve proclamar as

excelências de Cristo até que Ele estabeleça o

Seu reino conosco na Terra.

Isaías – 62

1 Por amor de Sião, me não calarei e, por amor

de Jerusalém, não me aquietarei, até que saia a

sua justiça como um resplendor, e a sua

salvação, como uma tocha acesa.

2 As nações verão a tua justiça, e todos os reis, a

tua glória; e serás chamada por um nome novo,

que a boca do SENHOR designará.

3 Serás uma coroa de glória na mão do SENHOR,

um diadema real na mão do teu Deus.

4 Nunca mais te chamarão Desamparada, nem a

tua terra se denominará jamais Desolada; mas

chamar-te-ão Minha-Delícia; e à tua terra,

Desposada; porque o SENHOR se delicia em ti; e

a tua terra se desposará.

21

5 Porque, como o jovem desposa a donzela,

assim teus filhos te desposarão a ti; como o

noivo se alegra da noiva, assim de ti se alegrará

o teu Deus.

6 Sobre os teus muros, ó Jerusalém, pus

guardas, que todo o dia e toda a noite jamais se

calarão; vós, os que fareis lembrado o SENHOR,

não descanseis,

7 nem deis a ele descanso até que restabeleça

Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na

terra.

8 Jurou o SENHOR pela sua mão direita e pelo

seu braço poderoso: Nunca mais darei o teu

cereal por sustento aos teus inimigos, nem os

estrangeiros beberão o teu vinho, fruto de tuas

fadigas.

9 Mas os que o ajuntarem o comerão e louvarão

ao SENHOR; e os que o recolherem beberão nos

átrios do meu santuário.

10 Passai, passai pelas portas; preparai o

caminho ao povo; aterrai, aterrai a estrada,

limpai-a das pedras; arvorai bandeira aos povos.

11 Eis que o SENHOR fez ouvir até às

extremidades da terra estas palavras: Dizei à

filha de Sião: Eis que vem o teu Salvador; vem

22

com ele a sua recompensa, e diante dele, o seu

galardão.

12 Chamar-vos-ão Povo Santo, Remidos-Do-

SENHOR; e tu, Sião, serás chamada Procurada,

Cidade-Não-Deserta.

Então, se é a glória que buscamos, esforcemo-

nos para superar por meio da graça e da fé, todas

as nossas fraquezas, deixando que o Senhor seja

a nossa força, pois o Seu poder se aperfeiçoa na

nossa fraqueza.

Nisto faremos bem em seguir a instrução que

nos é dada por John Angell James:

Qual é o estado espiritual de nossas igrejas? Essa

é uma pergunta que deve ser feita com a mais

profunda seriedade, imparcialidade e solicitude

por todos os seus membros.

As igrejas são, ou deveriam ser, as luzes do

mundo; essa é uma parte de seu projeto e será

realizada na proporção exata ao grau de piedade

vital e consistente que eles possuem; sua luz

pode ser obscura como o amanhecer ou

resplandecente como o brilho da maré ao meio-

dia.

Convido, portanto, a atenção mais solene às

páginas que se seguem, nas quais serão

23

encontradas, talvez, algumas coisas

desagradáveis para muitos - mas elas são

verdadeiras? Em caso afirmativo, deixe de lado

o que está errado e forneça o que é deficiente.

Proponho, nos trabalhos seguintes, abordar esta

questão com referência ao nosso corpo como

congregacionais, e apontar o que me parece ser

nossas excelências, e nossos defeitos. O que digo

de nós mesmos se aplicará também a outros

órgãos - e, portanto, o que avançarei pode ser

considerado como minha opinião sobre a

condição do mundo cristão em geral - e, como

minha opinião individual, deve, é claro, ser

levado apenas para o que vale a pena.

Não é minha intenção insistir no que pode ser

chamado de detalhes históricos de nossa

denominação. A confiança do público nas

estatísticas não se fortalece, e não tentarei nada

em relação aos números, além da afirmação do

fato de que, como outros órgãos cristãos,

estamos tristemente por trás do aumento da

população. É uma consideração deplorável para

todos nós, que o domínio de Satanás esteja se

preenchendo muito mais rapidamente do que o

de Cristo. No que diz respeito às características

gerais de nossas igrejas, é evidente que, embora

estejam se multiplicando e se fortalecendo nas

metrópoles e nas grandes cidades; elas estão,

24

pelo menos em muitos lugares, ficando

menores e mais pobres nas cidades menores e

exigem a consideração séria do nosso corpo. É

igualmente evidente que as igrejas são

caracterizadas demais pela meticulosidade e

inconstância, no que diz respeito à escolha e

retenção de seus pastores; enquanto os pastores

não são menos caracterizados por inquietação e

mobilidade em relação às igrejas. Estou ciente

de que a fixação pode e deve prevalecer muito

fortemente em alguns casos; mas nos dias

atuais, parece que todos os ministros podem ser

considerados móveis e como se a mobilidade

fosse uma virtude e um meio de utilidade. Muita

maldade resultará para nós se o vínculo que une

o pastor e a igreja for considerado algo tão

ligeiro que seja breve e facilmente rompido.

Nossas faculdades, das quais tanto depende,

espero, no que diz respeito ao ensino teológico,

em bom estado de saúde; mas alguns deles têm

apenas metade dos estudantes e, talvez,

precisem ser lembrados de que, com toda a

preocupação em treinar homens instruídos,

eles devem unir a maior solicitude e cuidar de

enviar pregadores fervorosos e pastores

criteriosos. Quão poucos homens de grande

promessa vêm de nenhum deles! Como é isso?

25

I. Não é, contudo, sobre esses assuntos, ou

quaisquer assuntos cognatos, que pretendo

agora me debruçar - mas sobre a condição

interna e espiritual de nossas igrejas. Como o

Senhor Jesus na pesquisa que ele fez das sete

igrejas asiáticas, eu mencionaria, antes de mais

nada, as EXCELÊNCIAS de nossas igrejas,

manifestadas por seu zelo, atividade e

liberalidade.

E alguns muito distintos se apresentam. Os

observadores mais superficiais não podem

deixar de se impressionar com a atividade e a

liberalidade cristãs que prevalecem em toda

parte e que as conformam à descrição

metafórica de nosso Senhor, de que são "o sal da

terra e a luz do mundo". Essa é uma alta

recomendação - e felizmente verdadeira. Isso

ocorreu com avanços tão graduais, que aqueles

que cresceram nos últimos trinta anos não

conseguem ter uma noção do estado diferente

das coisas nesta era, como era há meio século.

Aqueles de nós que estavam no palco público no

início de 1809, e conseguem lembrar qual era o

aspecto das coisas, mal conseguem acreditar

que estamos na mesma igreja no início de 1859,

assim como não podemos perceber o fato de que

somos habitantes do mesmo planeta, quando

vemos a noite se transformando em dia em

nossas ruas pela luz do gás, distância aniquilada

26

pelas ferrovias e informações transmitidas pelo

telégrafo. Quando me tornei pastor de minha

igreja, há mais de cinquenta e três anos, o único

objeto de benevolência e ação congregacional

era a Escola Dominical, que era então conduzida

em uma casa particular, contratada para esse

fim. Não havia mais nada; literalmente, a mais

nada que colocamos nossas mãos. Naquela

época, ainda não havíamos formado a Sociedade

Missionária. E nosso estado era apenas um

exemplo da inatividade da grande maioria de

nossas igrejas, pelo menos nas províncias, em

todo o país. Podemos muito bem imaginar o que

os cristãos daqueles dias poderiam estar

pensando.

Agora, observe o estado das coisas na abertura

do ano de 1859. Se eu aludir à minha própria

igreja, não é por uma questão de ostentação ou

autorrecomendação; pois não somos nem um

pouco melhores que outros. A nossa é apenas

uma amostra e a média do resto. Temos agora

uma organização para a London Missionary

Society, que arrecada, como contribuição

regular, quase £ 500 por ano, além de doações

ocasionais para atender a apelos especiais, que,

em média, podem gerar outros £ 100 por ano.

Para a Sociedade Missionária Colonial,

arrecadamos, anualmente, £ 70. Para nossas

escolas dominicais e diurnas, que

27

compreendem quase duas mil crianças,

arrecadamos 200 libras. Apoiamos dois

missionários da cidade, a um custo de £ 200.

Nossas senhoras conduzem uma sociedade

ativa para as Escolas Missionárias Órfãs nas

Índias Orientais, cujos rendimentos atingem,

em média, 50 libras por ano; eles sustentam

também uma Sociedade Dorcas para os pobres

de nossa cidade; uma Sociedade Materna, de

muitos ramos, em várias localidades - e uma

Sociedade Benevolente Feminina, por visitar os

pobres doentes. Temos uma Sociedade de

Tratados Religiosos, que emprega noventa

distribuidores e gasta quase 50 libras por ano na

compra de folhetos. A Sociedade de Pregadores

da Aldeia, que emprega doze ou catorze agentes

leigos, não nos custa quase nada. Levantamos £

40 anualmente para a Associação do Condado.

Temos uma Sociedade Fraternal de Rapazes,

para aperfeiçoamento geral e piedoso, com uma

biblioteca de 2000 volumes. Também temos

escolas noturnas para rapazes e moças, a baixo

custo, e aulas bíblicas para outros rapazes e

moças. Além de tudo isso, levantamos £ 100 por

ano para o Spring Hill College.

Digo novamente que isso é apenas uma média

de esforço e liberalidade congregacional neste

dia de atividade geral. Sim, muitas igrejas

próprias e outras denominações talvez nos

28

superem grandemente. E, afinal, nenhum de

nós chega aos nossos recursos, oportunidades

ou obrigações. Todos nós podemos fazer mais,

devemos fazer mais, devemos fazer mais. Ainda

assim, compare isso com o que minha

congregação fez com seu único objeto, a escola

dominical, cinquenta e três anos atrás. Desde

então, estipulamos 23.000 libras para melhorar

a antiga capela e construir uma nova; na

montagem de salas de aula, na faculdade e em

sete pequenas capelas na cidade e no bairro.

Também formamos duas igrejas independentes

e separadas e, em conjunto com outra

congregação, formamos uma terceira e

praticamente montamos uma quarta, e neste

momento estamos em tratado por duas partes

de terra livre, que custarão £ 700, para construir

mais duas capelas nos subúrbios da cidade.

Receio que isso seja um motivo de orgulho e

autoglorificação. Só posso dizer que esse não é o

seu objetivo - mas simplesmente exibir as

características da era e do espírito de nossas

igrejas, no modo de atividade e liberalidade - e

também mostrar o que uma concentração de

poder está contida em uma igreja, e que

quantidade de bem isso pode fazer. Oh, que as

igrejas de Cristo consideraram apenas que

poder, tanto por espécie quanto por grau, elas

possuem! Qual deve ser a influência sobre a

população do local em que está situada e sobre o

29

mundo em geral, de uma igreja composta por

500, 700 ou 1000 membros - e qual seria se cada

membro fizesse o que ele ou ela poderia fazer!

As igrejas de Cristo ainda precisam aprender a

extensão total de seu poder - e de suas

obrigações.

Além disso, em todas as nossas congregações há

muitos subscritores liberais de nossas

sociedades públicas, como a Sociedade Bíblica,

a Sociedade para a Conversão dos Judeus e todos

os outros objetos de zelo e benevolência

cristãos. O que, pergunto, isso se manifesta e

prova? Ora, essa atividade e liberalidade foram

amplamente reconhecidas como não menos

obrigatórias para a consciência individual do

que a santidade do sábado, o dever do culto

privado e a observância da Ceia do Senhor. O

homem que agora se afasta dessas coisas, que

não ajuda na evangelização de seu país e do

mundo, é encarado com a mesma suspeita que

aquele que nunca está na casa de Deus. O zelo, a

atividade, a liberalidade não são mais

considerados assuntos de preferência - mas de

dever solene, como elementos essenciais da

verdadeira piedade, evidências de fé genuína e

concomitantes da profissão cristã. Não foi

assim, pelo menos de maneira geral e

conspícua, quando iniciei meu ministério. A

coisa não foi entendida e sentida como é agora.

30

Os fundadores das sociedades missionárias

tiveram que pregar e imprimir desculpas por

tentarem converter os pagãos. Testemunhe o

elaborado sermão do Dr. Bogue na primeira

reunião missionária, intitulada "Objeções

contra missões aos pagãos respondidas". (Esses

volumes recentes sobre a vida e o trabalho

desses missionários incomparáveis, Carey,

Marshman e Ward, nos dão um relato não

apenas da apatia, mas também da incredulidade

da igreja cristã na época quanto ao trabalho das

missões para os pagãos, e provar o maravilhoso

progresso da fé e atividade das igrejas.)

Os cristãos foram à casa de Deus, sentaram-se

ainda em seus bancos, ouviram sermões,

assistiam a sacramentos e distribuíam uma

guiné ocasional para um sermão de caridade ou

para a construção de uma capela - e aí a

liberalidade terminava. Não é assim agora. As

pessoas começaram a perguntar, com

seriedade, "Senhor, o que você quer que eu

faça?" e estão colocando dinheiro, tempo,

trabalho, influência sobre o altar de Deus. É

realmente surpreendente e prazeroso ver que

sacrifícios, não apenas de lazer, que eles

alegremente devotariam aos agradáveis

prazeres de suas próprias e círculos familiares -

mas também do tempo que dariam aos seus

negócios, muitos homens de mente nobre estão

31

constantemente fazendo para promover a causa

de Deus e o bem de seus semelhantes.

Agora, o que vemos em tudo isso? O que? Por

que o alvorecer da glória milenar. Não é

meramente nas várias organizações do zelo

cristão que eu me comprazo - mas no princípio

que as criou e as apoia. Se todos fossem

dissolvidos amanhã, esse princípio, se

sobrevivesse, criaria para si outras instituições

mais nobres. A igreja de Deus, sendo despertada

para esse conhecimento de sua missão e esse

sentido de seu dever, creio que nunca deixará a

obra de Deus parada. Começou em uma carreira

de zelo por Cristo, na qual nunca parará até que

tenha trazido o mundo para Ele. Como base

dessa esperança, pergunto: como foi o ano de

1859, com relação a esse assunto? Vemos algum

sintoma de declínio no zelo, atividade e

liberalidade de nossas igrejas? Vemos um

espírito de mornidão rastejando sobre eles?

Vemos os homens de riqueza fechando as mãos,

trancando os cofres e dizendo: "Estou cansado

de dar!" Vemos nossos homens de classe média

se aposentando dos comitês e dizendo: "Estou

cansado deste trabalho!" Vemos nossos

distribuidores de folhetos e professores da

escola dominical em seus ofícios e dizendo: "Não

trabalharemos mais!" Nesse caso, seria um

presságio sombrio para o futuro. Mas o olho

32

mais tímido e desconfiado não pode detectar

nada disso. Nunca houve mais atividade ou

liberalidade, ou uma disposição mais forte para

ambos, do que agora. Que qualquer novo objeto

seja apresentado ao público cristão, certamente

encontrará apoiadores, mesmo em casos de

natureza duvidosa. O espírito subiu e nenhum

sinal de decadência ainda é visível - mas muitos

sinais de crescente vigor.

Aqui, então eu digo, é uma característica

gloriosa de nossos tempos. Nada disso é

conhecido na igreja cristã desde os dias dos

apóstolos. Ainda assim, não pretendo afirmar

que, como um todo, provenha do puro princípio

cristão, ou tenha chegado ao ponto em que

deveria se estender. Vaidade, respeito à

reputação, compulsão por pedidos, liberalidade

sem motivação, moda dos tempos, mero amor à

atividade e medo de estar atrás dos outros - têm

muito a fazer para aumentar o fluxo da

benevolência pública e me impedir de

considerando-o como uma estimativa

verdadeira e exata da quantidade de piedade

espiritual existente. É bom, no que diz respeito

ao mundo, que a liberalidade esteja na moda,

mesmo em grande parte apenas na moda.

Acredito, no entanto, que grande parte do que é

agora dedicado à causa de Cristo e da

33

humanidade é dada por motivos de consciência,

e como matéria de dever e privilégio.

Também devemos nos precaver contra o erro de

supor que a riqueza agora dedicada à causa de

Cristo e da humanidade chegue a toda a medida

de nossa obrigação ou das necessidades do caso.

É nossa felicidade, poderíamos pensar assim,

viver em uma época e país em que o

cristianismo está começando (mas apenas

começando) para manifestar seus poderes

expansivos tanto no coração de seus

professantes quanto no mundo. Em vez de

pensar que todas as formas de divulgá-lo, neste

país ou no exterior, ainda são descobertas,

podemos estar perfeitamente certos de que o

engenho que abriu tantos canais de influência

espiritual não esgotou sua habilidade inventiva

- mas encontrará muito mais.

Estamos prontos para supor que, por nossas

organizações, para converter e instruir judeus e

gentios, os pagãos no exterior e os pagãos em

casa, homens e mulheres, adultos e crianças,

soldados e marinheiros; para circular Bíblias e

folhetos; por apoiar escolas e faculdades; por

levar a efeito esquemas preventivos e

reformatórios do vício e da miséria nas cidades

e aldeias, e para outros objetos de benevolência

e filantropia que são numerosos demais para

34

mencionar, descobrimos todos os cantos

escuros do mundo em que a luz do cristianismo

pode ser introduzida, toda parte do domínio de

Satanás, onde almas imortais podem ser

resgatadas de seu alcance, e todo método de

difundir o conhecimento de Cristo. Não nos

enganemos neste assunto, e imaginemos que

alcançamos todos os objetos aos quais nossa

assistência pode ser prestada; ou que

abraçamos todas as oportunidades oferecidas;

ou que chegamos ao extremo da liberalidade.

O círculo da atividade cristã certamente

continuará se ampliando, e as obrigações da

liberalidade cristã continuarão aumentando.

Ainda existem muitas outras maneiras de

divulgar os princípios de nossa santa piedade.

Seja assim, que algumas das organizações do

trabalho sagrado possam ser, e talvez devam, ser

amalgamadas; outros ainda serão necessários.

Se, portanto, for mantida a excelência das

igrejas às quais este documento alude, seus

recursos devem ser destacados ainda mais

profusamente do que jamais foram. Se a

providência de Deus nos apresentar novos

campos de trabalho, novos canais de influência,

como indubitavelmente será, tanto no exterior

quanto em casa, devemos estar preparados para

abraçá-los. No momento presente, Deus está se

abrindo para nossas operações de evangelização

35

em todo o mundo oriental, Índia, China, Japão -

e também na África. Suas dispensações neste

momento são maravilhosas. Nada disso ocorreu

na história do nosso planeta. Nesse momento,

não adianta nos contentarmos com

contribuições comuns, e com essa medida de

liberalidade que tínhamos vinte ou mais,

mesmo dez anos atrás. Não é bom avançarmos

em nossos hábitos de vida luxuosos, o que

realmente é o caso, e ainda assim ficarmos

satisfeitos com a mesma quantidade de

beneficência cristã. O grito parcimonioso,

quando um novo objeto é apresentado a nós, ou

uma nova demanda por um antigo é feita sobre

nós: "O que! Algo novo! Realmente, não há fim.

Estou cansado dos apelos para fazer." Um novo

objeto! Sim, e outro e outro ainda - e enquanto

um novo puder ser encontrado, e temos os

meios para apoiá-lo, não devemos nos cansar de

fazer o que é bom. Precisamos resumir nossos

luxos, se necessário, para aumentar os meios de

apoiá-lo. Algum de nós já fez isso? Sim, devemos

reduzir o que estamos acostumados a

considerar nossos confortos e até nossos

próprios bens, até que estejamos reduzidos aos

dois centavos da viúva pobre, se não pudermos,

por nenhum outro meio, aproveitar as

oportunidades que Deus está nos abrindo para

continuarmos Sua causa na terra. Pela minha

parte, parece-me que nossos homens ricos

36

ainda devem dar mais alguns passos, em direção

à beneficência registrada no livro de Atos. Eles

ainda deram a sua abundância; a abundância em

si deve ser dada a seguir.

Quanto depende de nós quanto ao que a igreja e

o mundo devem ser nas eras futuras! Nossa

existência individual derivou importância

adicional das circunstâncias em que somos

colocados. Cada um de nós ajuda a moldar a

idade e é moldado por ela. Nunca poderíamos

ter vivido uma era mais importante e todos nós

devemos estar cientes disso. Nunca os homens

tiveram tanto trabalho a fazer. Temos

responsabilidades solenes sobre nós, em

consequência disso; tenhamos graça de

conhecer nossa posição e o dia de nossa visita

misericordiosa!

II. Tendo dado uma representação

encorajadora e, creio, verdadeira das

excelências de nossas igrejas, manifestada por

seu zelo, atividade e liberalidade; Agora passo a

dar uma visão menos favorável do caso e

apresento para consideração as FALHAS de

nossas igrejas.

Antes de prosseguirmos com as palavras de

John Angell James, cabe destacar que o espírito

expansionista do Cristianismo não é o mesmo

37

do Islamismo ou de qualquer outro tipo de

poder de caráter político ou religioso que se

apresente para a dominação total da

humanidade através do uso da força das armas

ou de estratégias enganosas diabólicas e

humanas, pois, o esforço de alcançar almas se

destina a reunir os eleitos aonde quer que eles

se encontrem, e isto sempre é feito eficazmente

somente quando há a direção do Espírito Santo

no processo, o qual não age por força ou poder

subjugadores da vontade humana, mas em justa

operação mútua com ela.

O estado abençoado e glorioso final reservado

para o povo de Deus e para a Terra jamais

poderia ser alcançado por outro meio, senão o

da operação do amor e da graça divinos.

Eis o testemunho que encontramos acerca disso

no profeta Isaías:

Isaías – 63

1 Quem é este que vem de Edom, de Bozra, com

vestes de vivas cores, que é glorioso em sua

vestidura, que marcha na plenitude da sua

força? Sou eu que falo em justiça, poderoso para

salvar.

38

2 Por que está vermelho o traje, e as tuas vestes,

como as daquele que pisa uvas no lagar?

3 O lagar, eu o pisei sozinho, e dos povos

nenhum homem se achava comigo; pisei as uvas

na minha ira; no meu furor, as esmaguei, e o seu

sangue me salpicou as vestes e me manchou o

traje todo.

4 Porque o dia da vingança me estava no

coração, e o ano dos meus redimidos é chegado.

5 Olhei, e não havia quem me ajudasse, e

admirei-me de não haver quem me sustivesse;

pelo que o meu próprio braço me trouxe a

salvação, e o meu furor me susteve.

6 Na minha ira, pisei os povos, no meu furor,

embriaguei-os, derramando por terra o seu

sangue.

7 Celebrarei as benignidades do SENHOR e os

seus atos gloriosos, segundo tudo o que o

SENHOR nos concedeu e segundo a grande

bondade para com a casa de Israel, bondade que

usou para com eles, segundo as suas

misericórdias e segundo a multidão das suas

benignidades.

39

8 Porque ele dizia: Certamente, eles são meu

povo, filhos que não mentirão; e se lhes tornou o

seu Salvador.

9 Em toda a angústia deles, foi ele angustiado, e

o Anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor

e pela sua compaixão, ele os remiu, os tomou e

os conduziu todos os dias da antiguidade.

10 Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu

Espírito Santo, pelo que se lhes tornou em

inimigo e ele mesmo pelejou contra eles.

11 Então, o povo se lembrou dos dias antigos, de

Moisés, e disse: Onde está aquele que fez subir

do mar o pastor do seu rebanho? Onde está o

que pôs nele o seu Espírito Santo?

12 Aquele cujo braço glorioso ele fez andar à

mão direita de Moisés? Que fendeu as águas

diante deles, criando para si um nome eterno?

13 Aquele que os guiou pelos abismos, como o

cavalo no deserto, de modo que nunca

tropeçaram?

14 Como o animal que desce aos vales, o Espírito

do SENHOR lhes deu descanso. Assim, guiaste o

teu povo, para te criares um nome glorioso.

40

15 Atenta do céu e olha da tua santa e gloriosa

habitação. Onde estão o teu zelo e as tuas obras

poderosas? A ternura do teu coração e as tuas

misericórdias se detêm para comigo!

16 Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos

conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó

SENHOR, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu

nome desde a antiguidade.

17 Ó SENHOR, por que nos fazes desviar dos teus

caminhos? Por que endureces o nosso coração,

para que te não temamos? Volta, por amor dos

teus servos e das tribos da tua herança.

18 Só por breve tempo foi o país possuído pelo

teu santo povo; nossos adversários pisaram o

teu santuário.

19 Tornamo-nos como aqueles sobre quem tu

nunca dominaste e como os que nunca se

chamaram pelo teu nome.

Isaías – 64

1 Oh! Se fendesses os céus e descesses! Se os

montes tremessem na tua presença,

2 como quando o fogo inflama os gravetos, como

quando faz ferver as águas, para fazeres notório

41

o teu nome aos teus adversários, de sorte que as

nações tremessem da tua presença!

3 Quando fizeste coisas terríveis, que não

esperávamos, desceste, e os montes tremeram à

tua presença.

4 Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem

com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se

viu Deus além de ti, que trabalha para aquele

que nele espera.

5 Sais ao encontro daquele que com alegria

pratica justiça, daqueles que se lembram de ti

nos teus caminhos; eis que te iraste, porque

pecamos; por muito tempo temos pecado e

havemos de ser salvos?

6 Mas todos nós somos como o imundo, e todas

as nossas justiças, como trapo da imundícia;

todos nós murchamos como a folha, e as nossas

iniquidades, como um vento, nos arrebatam.

7 Já ninguém há que invoque o teu nome, que se

desperte e te detenha; porque escondes de nós o

rosto e nos consomes por causa das nossas

iniquidades.

8 Mas agora, ó SENHOR, tu és nosso Pai, nós

somos o barro, e tu, o nosso oleiro; e todos nós,

obra das tuas mãos.

42

9 Não te enfureças tanto, ó SENHOR, nem

perpetuamente te lembres da nossa iniquidade;

olha, pois, nós te pedimos: todos nós somos o teu

povo.

10 As tuas santas cidades tornaram-se em

deserto, Sião, em ermo; Jerusalém está assolada.

11 O nosso templo santo e glorioso, em que

nossos pais te louvavam, foi queimado; todas as

nossas coisas preciosas se tornaram em ruínas.

12 Conter-te-ias tu ainda, ó SENHOR, sobre estas

calamidades? Ficarias calado e nos afligirias

sobremaneira?

Isaías – 65

1 Fui buscado pelos que não perguntavam por

mim; fui achado por aqueles que não me

buscavam; a um povo que não se chamava do

meu nome, eu disse: Eis-me aqui, eis-me aqui.

2 Estendi as mãos todo dia a um povo rebelde,

que anda por caminho que não é bom, seguindo

os seus próprios pensamentos;

3 povo que de contínuo me irrita abertamente,

sacrificando em jardins e queimando incenso

sobre altares de tijolos;

43

4 que mora entre as sepulturas e passa as noites

em lugares misteriosos; come carne de porco e

tem no seu prato ensopado de carne

abominável;

5 povo que diz: Fica onde estás, não te chegues a

mim, porque sou mais santo do que tu. És no

meu nariz como fumaça de fogo que arde o dia

todo.

6 Eis que está escrito diante de mim, e não me

calarei; mas eu pagarei, vingar-me-ei,

totalmente,

7 das vossas iniquidades e, juntamente, das

iniquidades de vossos pais, diz o SENHOR, os

quais queimaram incenso nos montes e me

afrontaram nos outeiros; pelo que eu vos

medirei totalmente a paga devida às suas obras

antigas.

8 Assim diz o SENHOR: Como quando se acha

vinho num cacho de uvas, dizem: Não o

desperdices, pois há bênção nele, assim farei

por amor de meus servos e não os destruirei a

todos.

9 Farei sair de Jacó descendência e de Judá, um

herdeiro que possua os meus montes; e os meus

44

eleitos herdarão a terra e os meus servos

habitarão nela.

10 Sarom servirá de campo de pasto de ovelhas,

e o vale de Acor, de lugar de repouso de gado,

para o meu povo que me buscar.

11 Mas a vós outros, os que vos apartais do

SENHOR, os que vos esqueceis do meu santo

monte, os que preparais mesa para a deusa

Fortuna e misturais vinho para o deus Destino,

12 também vos destinarei à espada, e todos vos

encurvareis à matança; porquanto chamei, e

não respondestes, falei, e não atendestes; mas

fizestes o que é mau perante mim e escolhestes

aquilo em que eu não tinha prazer.

13 Pelo que assim diz o SENHOR Deus: Eis que os

meus servos comerão, mas vós padecereis

fome; os meus servos beberão, mas vós tereis

sede; os meus servos se alegrarão, mas vós vos

envergonhareis;

14 os meus servos cantarão por terem o coração

alegre, mas vós gritareis pela tristeza do vosso

coração e uivareis pela angústia de espírito.

15 Deixareis o vosso nome aos meus eleitos por

maldição, o SENHOR Deus vos matará e a seus

servos chamará por outro nome,

45

16 de sorte que aquele que se abençoar na terra,

pelo Deus da verdade é que se abençoará; e

aquele que jurar na terra, pelo Deus da verdade

é que jurará; porque já estão esquecidas as

angústias passadas e estão escondidas dos meus

olhos.

17 Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e

não haverá lembrança das coisas passadas,

jamais haverá memória delas.

18 Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente

no que eu crio; porque eis que crio para

Jerusalém alegria e para o seu povo, regozijo.

19 E exultarei por causa de Jerusalém e me

alegrarei no meu povo, e nunca mais se ouvirá

nela nem voz de choro nem de clamor.

20 Não haverá mais nela criança para viver

poucos dias, nem velho que não cumpra os seus;

porque morrer aos cem anos é morrer ainda

jovem, e quem pecar só aos cem anos será

amaldiçoado.

21 Eles edificarão casas e nelas habitarão;

plantarão vinhas e comerão o seu fruto.

22 Não edificarão para que outros habitem; não

plantarão para que outros comam; porque a

longevidade do meu povo será como a da árvore,

46

e os meus eleitos desfrutarão de todo as obras

das suas próprias mãos.

23 Não trabalharão debalde, nem terão filhos

para a calamidade, porque são a posteridade

bendita do SENHOR, e os seus filhos estarão

com eles.

24 E será que, antes que clamem, eu

responderei; estando eles ainda falando, eu os

ouvirei.

25 O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão

comerá palha como o boi; pó será a comida da

serpente. Não se fará mal nem dano algum em

todo o meu santo monte, diz o SENHOR.

Isaías – 66

1 Assim diz o SENHOR: O céu é o meu trono, e a

terra, o estrado dos meus pés; que casa me

edificareis vós? E qual é o lugar do meu

repouso?

2 Porque a minha mão fez todas estas coisas, e

todas vieram a existir, diz o SENHOR, mas o

homem para quem olharei é este: o aflito e

abatido de espírito e que treme da minha

palavra.

47

3 O que imola um boi é como o que comete

homicídio; o que sacrifica um cordeiro, como o

que quebra o pescoço a um cão; o que oferece

uma oblação, como o que oferece sangue de

porco; o que queima incenso, como o que bendiz

a um ídolo. Como estes escolheram os seus

próprios caminhos, e a sua alma se deleita nas

suas abominações,

4 assim eu lhes escolherei o infortúnio e farei vir

sobre eles o que eles temem; porque clamei, e

ninguém respondeu, falei, e não escutaram;

mas fizeram o que era mau perante mim e

escolheram aquilo em que eu não tinha prazer.

5 Ouvi a palavra do SENHOR, vós, os que a

temeis: Vossos irmãos, que vos aborrecem e que

para longe vos lançam por causa do vosso amor

ao meu nome e que dizem: Mostre o SENHOR a

sua glória, para que vejamos a vossa alegria,

esses serão confundidos.

6 Voz de grande tumulto virá da cidade, voz do

templo, voz do SENHOR, que dá o pago aos seus

inimigos.

7 Antes que estivesse de parto, deu à luz; antes

que lhe viessem as dores, nasceu-lhe um

menino.

48

8 Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisa

semelhante? Pode, acaso, nascer uma terra

num só dia? Ou nasce uma nação de uma só vez?

Pois Sião, antes que lhe viessem as dores, deu à

luz seus filhos.

9 Acaso, farei eu abrir a madre e não farei

nascer? – diz o SENHOR; acaso, eu que faço

nascer fecharei a madre? – diz o teu Deus.

10 Regozijai-vos juntamente com Jerusalém e

alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais;

exultai com ela, todos os que por ela

pranteastes,

11 para que mameis e vos farteis dos peitos das

suas consolações; para que sugueis e vos

deleiteis com a abundância da sua glória.

12 Porque assim diz o SENHOR: Eis que

estenderei sobre ela a paz como um rio, e a

glória das nações, como uma torrente que

transborda; então, mamareis, nos braços vos

trarão e sobre os joelhos vos acalentarão.

13 Como alguém a quem sua mãe consola, assim

eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis

consolados.

14 Vós o vereis, e o vosso coração se regozijará, e

os vossos ossos revigorarão como a erva tenra;

49

então, o poder do SENHOR será notório aos seus

servos, e ele se indignará contra os seus

inimigos.

15 Porque eis que o SENHOR virá em fogo, e os

seus carros, como um torvelinho, para tornar a

sua ira em furor e a sua repreensão, em chamas

de fogo,

16 porque com fogo e com a sua espada entrará

o SENHOR em juízo com toda a carne; e serão

muitos os mortos da parte do SENHOR.

17 Os que se santificam e se purificam para

entrarem nos jardins após a deusa que está no

meio, que comem carne de porco, coisas

abomináveis e rato serão consumidos, diz o

SENHOR.

18 Porque conheço as suas obras e os seus

pensamentos e venho para ajuntar todas as

nações e línguas; elas virão e contemplarão a

minha glória.

19 Porei entre elas um sinal e alguns dos que

foram salvos enviarei às nações, a Társis, Pul e

Lude, que atiram com o arco, a Tubal e Javã, até

às terras do mar mais remotas, que jamais

ouviram falar de mim, nem viram a minha

50

glória; eles anunciarão entre as nações a minha

glória.

20 Trarão todos os vossos irmãos, dentre todas

as nações, por oferta ao SENHOR, sobre cavalos,

em liteiras e sobre mulas e dromedários, ao

meu santo monte, a Jerusalém, diz o SENHOR,

como quando os filhos de Israel trazem as suas

ofertas de manjares, em vasos puros à Casa do

SENHOR.

21 Também deles tomarei a alguns para

sacerdotes e para levitas, diz o SENHOR.

22 Porque, como os novos céus e a nova terra,

que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o

SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade

e o vosso nome.

23 E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra

e de um sábado a outro, virá toda a carne a

adorar perante mim, diz o SENHOR.

24 Eles sairão e verão os cadáveres dos homens

que prevaricaram contra mim; porque o seu

verme nunca morrerá, nem o seu fogo se

apagará; e eles serão um horror para toda a

carne.

Voltemos às palavras de John Angell James:

51

É um pouco difícil formar, a qualquer momento,

uma estimativa correta do estado de piedade

existente em comparação com alguns períodos

anteriores. E é bom para todos nós, e sempre,

lembrar a exortação de Salomão: "Não diga: Por

que os dias anteriores foram melhores do que

estes? Pois não é aconselhável perguntar a

respeito disso". As pessoas mais

eminentemente piedosas de todas as épocas

têm sido propensas a reclamar das falhas de

seus próprios tempos e a considerá-las maiores

do que as de períodos passados da história da

Igreja. Vemos os males de nossos próprios

tempos; só lemos sobre os homens que viveram

antes de nós. Deixando de lado, então, na maior

parte das vezes, uma comparação de nosso

estado atual com os tempos passados, apelarei

para o verdadeiro padrão de toda religião

espiritual e me esforçarei por isso para

determinar nosso estado real.

1. Como a primeira, mais proeminente e mais

prevalecente falha de nossas igrejas agora,

mencionei o MUNDANISMO, ou, como é

frequentemente designado, mentalidade

terrena. O menor conhecimento dos registros

cristãos e do sistema cristão deve nos convencer

que alguém poderia pensar, de que estes

pretendem formar um caráter que, em

referência a coisas tanto temporais quanto

52

eternas, deve, em seu espírito e manifestação,

ser diferente de, e, ao contrário, do de um

homem não convertido. Nisto, o cristianismo

tem uma vasta vantagem sobre o judaísmo. Este

último era, em grande parte, um sistema

mundano; sua revelação de um estado futuro

era fraca; suas promessas eram de coisas

terrenas; sua política eclesiástica, embora

administrada pelo próprio Deus, era em parte

mundana. Parece haver pouco para promover

uma mente sobrenatural, espiritual e celestial,

mesmo nos israelitas mais piedosos. É

totalmente diferente conosco. Estamos sob um

pacto "estabelecido mediante melhores

promessas". Tudo no caminho do motivo é

espiritual e celestial. Vida e imortalidade são

trazidas à luz pelo Evangelho. A vida eterna no

céu é o grande tema do Novo Testamento.

Estações frutíferas, confortos temporais,

riqueza aumentada, prosperidade mundana -

não são mais os incentivos à obediência ou as

recompensas prometidas pela boa conduta.

Deus, pelo seu quase total silêncio sobre essas

coisas, e sua constante exibição de "todas as

bênçãos espirituais nos lugares celestiais",

depreciou um pouco os objetos da ambição

humana e nos ensinou a depreciá-los também,

pelo menos em comparação com as coisas

celestiais. Pela própria revelação de nossa fé e

esperança das glórias do mundo celestial, Ele

53

pretende, de fato, não aniquilar nem esconder

inteiramente as coisas terrenas - mas

certamente jogá-las de alguma maneira na

sombra, diminuir sua importância e atrair, em

certo grau, nossa atenção deles.

Apenas veja o que é dito sobre essas duas classes

de objetos no Novo Testamento: "Se você

ressuscitou com Cristo, procure as coisas que

estão em cima, onde Cristo está à direita de

Deus. Coloque sua afeição nas coisas de cima,

não sobre as coisas da terra. Pois você está

morto e sua vida está escondida com Cristo em

Deus." "Não olhamos para as coisas que são

vistas - mas para as que não são vistas - pois as

coisas que são vistas são temporais; mas as

coisas que não são vistas são eternas". "Que os

que compram sejam como se não os

possuíssem, e os que usam o mundo como não o

abusam." "Não ameis o mundo, nem as coisas

que existem no mundo. Se alguém ama o

mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo

o que há no mundo, o desejo da carne e o desejo

dos olhos e o orgulho da vida não são do Pai, mas

são do mundo." "Amados, suplico-vos como

estrangeiros e peregrinos, abster-se de

concupiscências carnais, que guerreiam contra

a alma." "Tendo comida e roupas, vamos nos

contentar com isso." "Não ajunteis tesouros na

terra, mas ajuntem tesouros no céu."

54

Agora, na visão dessas passagens, e de muitas

outras, com que força a questão do apóstolo

chega até nós: "Vendo todas essas coisas se

dissolverem, que tipo de pessoa vocês devem

ser, em toda a vida santa e piedade!" Que espírito

sobrenatural, que impressão da eternidade, que

temperamento do céu deveria haver em nós!

Professar acreditar em tudo isso, a esperar por

tudo isso, a amar tudo isso, a nos entregar a tudo

isso - não deveríamos ser um povo realmente,

praticamente diferente das pessoas do mundo -

visto ser diferente, conhecido e reconhecido

como diferente - diferente em nosso espírito

predominante, em nossos prazeres, em nossos

gostos, em nosso modo de fazer negócios, em

nossos sentimentos e conduta em relação à

riqueza, em nosso comportamento sob perdas e

nas máximas que nos governam? Deveríamos

não parecer os conquistadores e não os cativos

do mundo? Mas é assim? Não é exatamente o

contrário de tudo isso a característica atual de

muitos professantes? Uma inundação de

mundanismo não fluiu sobre a igreja? Não

vemos um monte de detritos e acúmulos de

lama nas paredes e nas ruas de Sião?

É claro que é admitido que um cristão pode e

deve se envolver em negócios seculares, se não

tiver uma fortuna competente para fazê-lo; que

ele possa se tornar um homem de negócios

55

hábil e inteligente; que ele deve ser diligente e

pode, por indústria honesta, adquirir riqueza.

Um comerciante incompetente ou ocioso não

honra a piedade. E também é admitido que

nunca foi tão difícil quanto nesta era iniciar

negócios e manter a consciência sem ofensa. As

tentações de afastar-se da estrita linha de

integridade nunca foram tantas e tão poderosas

como são agora. É um trabalho árduo viver e

seguir o que quer que seja verdadeiro e honesto.

Mas então, se somos cristãos, isso deve ser feito.

Agora, então, observe a conduta de muitos

professantes de religião. Eles não estão tão

completamente engolidos na ânsia de serem

ricos , no círculo cada vez mais amplo de suas

especulações comerciais, em seu modo duro,

desgastante e desgastante de fazer negócios, em

adotar os mesmos truques, artifícios, meias

falsidades, meia desonra e meia desonestidade

de mundanos que não profetizam? Leia os

anúncios em nossos jornais e revistas e as

contas em nossas janelas - que baforadas e

elogios, que afirmações de excelência

transcendente e declarações de superioridade

acima de todas as outras, que atrações

enganosas, que artes ridículas, vis e ridículas

para chamar a atenção, nos encontramos com

alguns que deveriam saber melhor! Não posso,

como se supõe, objetar à publicidade, pois o

comércio não pode ser realizado sem ela - nem

56

condeno a engenhosidade modesta em atrair a

atenção que é consistente com a verdade e com

as coisas de boa reputação - mas quando isso

degenera, como frequentemente sucede, em

meias falsidades, é o que nenhum que se

professa cristão deve recorrer.

Não vemos muitos praticamente rejeitando as

regras apostólicas de comércio e

desconsiderando tudo o que é verdadeiro,

honesto, justo, puro, amável e de boa reputação

- e sorrindo para a simplicidade do homem que

os amarraria a tais regras? Estou ciente da raiva

da competição, da rivalidade do comércio, da

necessidade absoluta de habilidade, diligência e

até astúcia - lidar com ciúmes, inveja e truques.

Mas ainda assim, eu digo, o domínio apostólico

é válido, e o homem que não pode seguir em

frente sem pisá-lo não deve continuar. Se um

cristão não pode ficar rico sem perder sua

piedade, ele deve se contentar em ser pobre. Em

um país comercial como este, e em épocas tão

intensamente comerciais como a nossa, a maior

armadilha para os cristãos é agir como homens

mundanos em muitas das máximas mais

frouxas e práticas questionáveis da época.

Esse espírito mundano não é manifestado em

muitos casos pela tentação de uma especulação

precipitada e imprudente? Certamente deve

57

haver um significado nas palavras do apóstolo, e

um significado aplicável a todas as idades e

estados da sociedade - "Tendo comida e roupas,

estejamos com isso contentes". Não que isso

deva ser interpretado de forma rígida e literal.

No entanto, certamente seu espírito deve

condenar um desejo excessivo por riqueza. Isto

é claro pelo que se segue - "aqueles que desejam

ser ricos caem na tentação e na armadilha, e em

muitas concupiscências tolas e ofensivas, que

afogam os homens na perdição. Pois o amor ao

dinheiro é a raiz de todo mal; que, embora

alguns cobiçaram depois, erraram na fé e

penetraram com muitas dores". O que é senão

essa determinação, quase todos os riscos, e

quase de qualquer maneira de ser rico, que faz

com que muitos continuem ampliando seu já

amplo círculo comercial, lançando-se além de

sua capital, especulando de maneira ampla e

imprudente, seguindo as bolhas que outros

sopraram e depois recorreram, por uma espécie

de compulsão, como supõem e sentem, a meios

para atender a uma exigência que a honra

comercial, para não falar do princípio cristão,

proíbe? O que é isso, eu digo - senão um espírito

mundano que leva a tudo isso?

Não satisfeitos com o passo lento no caminho

mais humilde e obscuro da indústria paciente e

honesta, muitos devem galopar rumo à riqueza

58

no caminho mais alto da especulação. Eles

viram alguns aventureiros afortunados

saltarem para a riqueza e também devem tentar

a sorte. Ah! Mas quão poucos são os grandes

prêmios desta loteria, quão numerosos são os

pequenos e quão multiplicados são os falidos!

Quantos escândalos ocorrem dessa maneira

pela ruína dos próprios indivíduos e pelo

descrédito da piedade! Nem todos nós

conhecemos exemplos desse tipo, de homens

que não eram desonestos, que teriam

estremecido com a própria ideia de uma fraude

deliberada e intencional, e nunca cometeram

uma; mas quem, em consequência do

inesperado fracasso de algumas especulações

imprudentes e injustificadas, recorreu a meios

para evitar um acidente, que, em outras

circunstâncias, eles teriam evitado com

detestação? Eles nunca planejaram roubar

ninguém - mas tiveram o objetivo de pagar a

todos o que lhes era devido, quando a

especulação lhes trouxe a fortuna que

esperavam com confiança. A nuvem, que eles

esperavam que derramasse uma chuva de ouro

sobre seu objeto querido, lançou um raio que a

partiu em pedaços. Todas as promessas feitas

com outras antecipações falharam; credores

feridos e exasperados provocaram censuras ao

autor de sua perda - e as pessoas, que esperam a

59

paralisação dos professantes, insultando,

exclamaram: "Este é seu homem piedoso!"

Antes de prosseguirmos com as palavras de

John Angell James, é importante destacar que

ele como que profetizou em relação a estas

coisas ditas anteriormente sobre o estado

futuro da igreja no mundo, especialmente na

Europa, que em nossos dias perdeu muito da sua

anterior vitalidade exatamente por essa busca

obstinada por riquezas terrenas. Os meios

industriais e tecnológicos avançados que não

pertenceram aos dias de John Angell, têm

chegado a nós em tal amplitude que mais se vê

na Europa o ateísmo do que um Cristianismo

vigoroso, e este apego desenfreado aponta para

um previsível não recuo em tal estado de coisas.

Mas voltemos a John Angell James:

Lamento dizer que esses casos não são

incomuns. Não que eles sejam mais frequentes

com professantes do que com pessoas que não

fazem profissão. Atrevo-me a afirmar que, para

um desses, há dez entre os últimos; mas então,

como uma execução de um criminoso faz mais

barulho do que a vida de dez homens honestos

exemplares, um fracasso vergonhoso de um

cristão professo ocasiona uma conversa mais

reprovadora do que o fracasso ainda mais

60

vergonhoso de dez homens do mundo. Alguns

fingem malignamente que negociariam mais

cedo com um homem que não professa piedade

do que com alguém que o faça. Creio que isso é

uma falsidade, mero ódio calunioso à piedade e

inimizade contra Deus. Ainda assim, que lição e

advertência isso mantém para os cristãos

professos, para serem mais cautelosos em todas

as suas transações seculares, e mais resolutos

em sua determinação de estarem dispostos a

sofrer a perda de todas as coisas, pela excelência

da conhecimento de Cristo Jesus, o Senhor.

Tenho certeza de que sim, mas expresso os

sentimentos de todos os meus irmãos no

ministério, quando digo que estou cansado dos

relatos que estão flutuando pelo mundo,

embora não afetando, talvez, nossos próprios

membros, a má conduta de cristãos

professantes em referência a assuntos

financeiros. Dos três pecados predominantes

aos quais os cristãos de todas as épocas são

expostos e tentados - intemperança,

licenciosidade e mundanismo, o mais

prevalecente é o último - e é o mais difícil de

levar sob a disciplina da igreja e levar para casa

a igreja. a própria consciência de um homem.

Quantas pessoas sentiriam remorso

extraordinário por um ato de intoxicação ou

licenciosidade, que passariam por toda uma

61

série de inconsistências em assuntos

financeiros, e ainda assim sua consciência

dificilmente os incomodaria - e quem, enquanto

a igreja tomaria o conhecimento do primeiro

seria, no que diz respeito ao segundo,

continuado, incitado e não aprovado.

Absolutamente inconcebível é o mal que é feito

para o crédito à piedade e às almas dos homens,

pela falta de princípio honroso e, em alguns

casos, de princípio honesto, entre os

professantes de religião. Os infiéis são

confirmados em sua infidelidade, o profano em

sua profanação e o mundano em seu

mundanismo, por essas ocorrências. Uma única

inconsistência desse tipo na conduta mesmo de

um professante que nunca fez isso antes, e

nunca fará isso de novo, pode produzir, em mais

de uma mente, uma impressão inefável e um

preconceito inextinguível contra a piedade.

Portanto, vamos observar e ser cautelosos

sempre, em tudo e diante de todos. As palavras

de nosso Senhor devem sempre soar aos nossos

ouvidos: "Ai do mundo por causa de escândalos

- deve ser necessário que os escândalos venham

- mas ai daquele homem por quem eles vierem".

Imaginemos apenas que impressão seria

produzida na parte não convertida da

humanidade, se todos os que professam ser

convertidos cumprissem o regime apostólico do

62

comércio - se, em todos os casos, fosse um fato

estabelecido e conhecido, que todo o professor

de piedade era um homem honesto e honrado;

alguém cuja palavra era seu vínculo, que

preferia sofrer mais do que fazê-lo, e não era

nem um trapaceiro. Estou ciente de que a

vantagem que seria redundante para pessoas

piedosas, para quem a honestidade seria a

melhor política, seria, nesse caso, tão grande

que muitos simulariam hipocritamente a

piedade em benefício de seu benefício; pois,

como todos seriam levados a lidar com pessoas

em quem pudessem confiar plenamente, seria

palpável para todos que "a piedade é proveitosa

para todas as coisas, tendo a promessa da vida

que é agora, bem como daquela que está por vir."

Mas mesmo para eles um elogio não designado

seria prestado à piedade, quando era

intencionalmente falsificada em benefício de

suas vantagens temporais.

E não é, então, o dever solene de todo cristão que

professa ser conhecido como um homem

honesto, generoso e honrado? Sua piedade não

deveria ser levada do santuário, da igreja e do

altar da família para a loja, para a troca, para o

mercado? Deveria não presidir a compra e

venda e entrar em pechinchas e acordos? Ora,

metade dos escritos proféticos do Antigo

Testamento, e não uma pequena parte dos do

63

Novo, são sobre esses mesmos assuntos.

"Santidade ao Senhor" deve estar escrita em

todas as nossas mercadorias. Não somos

ordenados por Cristo a deixar nossa luz brilhar

diante dos homens? Agora, isso sugere não

apenas que nossa religião deve ser visível - mas

resplandecente. Uma vela é visível - mas é

resplandecente? E, para brilhar diante dos

homens, deve ser visível naqueles assuntos que

caem mais imediatamente sob seu

conhecimento. Eles não nos veem em nossos

quartos ou nos próprios altares da família; mas

eles nos veem em questões comerciais e em

todas as transações monetárias. É lá que somos

uma cidade situada em uma colina, que não

pode ser escondida. Nada pode brilhar que não

seja radiante em comparação com o que está à

sua volta - e não podemos brilhar a menos que

sejamos extraordinariamente honestos,

honrosos e verdadeiros.

Um cristão não é apenas para ser tão moral

quanto um mundano moral - mas mais ainda,

senão ele não pode brilhar diante desse homem.

E, no entanto, não existem alguns homens, que

não fazem profissão de piedade e não possuem

nenhuma, que ofuscam muitos que são

membros da igreja, na integridade, na

veracidade e na honra de suas transações

monetárias? Pouco antes de escrever essa frase,

64

estava conversando com um dos homens mais

ricos e afortunados da cidade, que me disse que

foi iniciado na vida por um homem mais

honesto, generoso e de mente nobre, infiel e

esforçou-se para torná-lo um, e quase

conseguiu, pela força de sua bela conduta

moral, especialmente em contraste com as

inconsistências grosseiras de muitos que se

chamavam cristãos. O que vale uma profissão de

piedade que, nas moralidades do comércio, é

ofuscada pela conduta de um infiel?

Que oportunidade, eles estavam ansiosos para

abraçá-la, tendo cristãos professos a brilhar,

nesta era de princípios comerciais corruptos!

Quão infectado, em sua essência, com

princípios doentios, é o grande órgão comercial!

Alguns chegaram ao ponto de dizer que todo

comércio é uma mentira. E de fato verdade,

justiça, honestidade e honra, parecem se tornar

quase desconhecidas no comércio. Em tais

circunstâncias, o cristão da atualidade continua

seus negócios. Tentando, tentando

severamente, eu sei que está, e tenho muita

pena dele. Mesmo assim, eu teria pena do

crente nos tempos primitivos, quando, sob o

Império Romano, ele era obrigado a queimar

incenso nas estátuas do imperador - ou sofrer o

martírio. O que um crente é chamado a fazer

agora, comparado com o que um crente foi

65

chamado a fazer então? Se a religião não se

curvaria aos sentimentos da humanidade

quando a própria vida dependesse de uma

circunstância aparentemente tão leve como

queimar alguns grãos de incenso diante de uma

estátua, tenha certeza de que não será mais

flexível quando houver apenas propriedade e

conforto mundano em risco. O teste de piedade

foi então a tentação da idolatria; agora é a

tentação de desonestidade. O nosso é, de longe,

o menos grave dos dois. "Pele por pele, tudo o

que um homem tem, ele dará por sua vida."

Se não podemos agora abster-nos de receber

dinheiro por mentira, desonestidade, desonra,

trapaça; como poderíamos nos abster, em

tempos de perseguição, de meios proibidos de

salvar vidas? O que, no máximo, é que os

homens temem agora, seguindo as coisas que

são verdadeiras, honestas, justas e sacrificando

ganhos obtidos de forma desonrosa? Pobreza

absoluta? Não. Há um pequeno risco disso, pelo

menos na maioria dos casos. É apenas um grau

um pouco mais baixo na sociedade. Se eles não

obtêm tanto lucro, não podem viver tão

gentilmente, tão luxuosamente. Eles não podem

habitar uma casa tão grande, não podem ter

móveis tão elegantes, não podem divertir-se,

não podem manter uma carruagem. É para

apoiar essas coisas que as leis da honestidade e

66

honra no comércio são sacrificadas por muitos.

Eles não estão satisfeitos com a mera vida - mas

devem ter abundância.

E até os professantes de religião se deixam levar

por essa disposição ambiciosa e aspirante. E

tornou-se uma falha predominante das igrejas

nos dias de hoje. E como deve ser alterado? O

apóstolo nos disse: "Mas, quanto a mim, nunca

me gabarei de nada além da cruz de nosso

Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo

foi crucificado para mim e eu para o mundo".

Quão obscuro, quão inútil, tudo o que é terrestre

aparece quando visto à luz do sol da cruz! É

perdendo de vista Jesus, vivendo tão longe dele,

esquecendo-o, que deixamos o mundo nos

dominar tanto. Você deve meditar mais na cruz,

deve se concentrar mais no Calvário, deve estar

mais familiarizado com o Crucificado.

Então, novamente, em outro lugar, diz-se: "O

que é nascido de Deus vence o mundo - esta é a

vitória que vence o mundo, a nossa fé". O que é

necessário é uma crença mais forte da realidade

de uma existência eterna além do túmulo; um

aperto mais firme da mão da fé sobre a glória,

honra e imortalidade, prometidas aos que

continuam pacientes no bem; uma

consideração mais frequente e séria da falta de

tempo e da brevidade e incerteza da vida. Ó

67

cristãos, o que é o tempo para a eternidade; o

que é a terra para o céu? Pense mais em guardar

tesouros no céu e menos em guardar tesouros

na terra. Mesmo supondo que você finalmente

esteja seguro para o céu, apesar de um

mundanismo de disposição muito prevalecente

e algumas inconsistências; que diminuição da

herança celestial ocorrerá! O cristão que

aumenta sua porção mundana por ser indigno

de sua profissão, está perpetuamente

diminuindo sua porção no paraíso. Existem

graus de glória no céu - e os maiores serão

alcançados por aqueles que, pela graça divina,

obtiverem a maior vitória sobre o mundo - e

tomam como uma verdade mais certa que,

mesmo na terra, há mais real e sublime

felicidade a ser obtida de um mundo crucificado

do que de um mundo idolatrado.

Abrindo outro parêntesis nas palavras de John

Angell, devemos afirmar que há dois grandes

motivos incentivadores para um viver santo em

contraposição ao mundo: o primeiro é

missiológico, ou seja para que outros possam

ser alcançados para a conversão ao evangelho e

à edificação de suas vidas pelo nosso bom

testemunho, e o segundo dá-se em razão de que

não se pode comparar toda a riqueza material,

ou fama, ou tudo o mais que se possa obter neste

mundo, com a glória que está prometida à

68

Igreja, quando Jesus se manifestar em Sua

segunda vinda. Não é sábio e nem prudente

trocar a primeira pela segunda. Além disso,

como será de santidade absoluta e perfeita a

condição futura dos crentes, importa que eles

comecem a adquirir os hábitos desta santidade

que será perfeita no porvir, vivendo portanto,

presentemente, de modo digno da vocação

deles.

Voltando ao texto de John Angell James:

A seguir, menciono os hábitos domésticos e

sociais de alguns professantes. Parece-me que

há um gosto predominante demais por um

estilo de vida caro e vistoso, uma ambição

indevida de estar no estilo, uma sensibilidade

excessiva sobre moda, refinamento e aparência.

Isso é visto em sua preocupação febril de morar

em casas grandes e possuir móveis elegantes. É

igualmente exibido em trajes alegres, caros e

modernos, sobre os quais os apóstolos deram

exortações, advertências e orientações

especiais. 1 Timóteo 2: 9; 1 Pedro 3: 3. O mesmo

espírito é visto na educação de seus filhos,

especialmente de suas meninas, que ouvem em

casa, de suas mães, em alguns casos, muito mais

sobre moda do que sobre piedade; sobre

realizações elegantes do que sobre excelências

69

femininas, aquisições mentais, autogoverno e

virtudes relativas.

Em resumo, as famílias de muitos professantes

são “o mundo” em um pequeno círculo; com

apenas a exclusão de algumas de suas formas

mais grosseiras. Isso não tem sido realizado com

pouca frequência, onde não havia garantia para

isso com base em meios amplos ou mesmo

suficientes. As consequências disso, com muita

frequência, foram falhas vergonhosas - e, como

foi a queda de um professante, a piedade sofreu

em seu crédito e caráter. Que ideias de religião

as pessoas do mundo devem afastar das famílias

de alguns professantes em que residem por

algum tempo como visitantes? Eles deveriam

ser capazes de dizer: "Naquela casa, respirei a

própria atmosfera de piedade. De tudo que vi e

ouvi, estou convencido de que Deus mora lá".

Nunca houve espetáculo, extravagância e luxo

desnecessários, tão pecaminosos em um

professante rico como nesta era, quando as

demandas por dinheiro para levar adiante a

causa de Deus se multiplicam tão rapidamente a

cada ano. A disposição para custos

desnecessários nos hábitos domésticos e sociais

está infectando as classes média e baixa de

professantes, e também as mais altas. A moda é

a deusa para cujo santuário muitos deles

70

reparam com uma devoção tão ardente quanto

sincera. É verdade que é uma era de

refinamento - e o gosto e a elegância estão

continuamente espalhando suas belezas pela

superfície da sociedade. Isso torna ainda mais

necessário que os cristãos estejam em guarda,

para que não fiquem ansiosos demais pela

luxúria da carne, pela luxúria dos olhos e pelo

orgulho da vida.

Semelhante a isso, é o mundanismo exibido por

alguns professantes em suas festas e

entretenimentos sociais. Estou plenamente

consciente da impossibilidade de estabelecer

qualquer linha definida além da qual, nessas

questões, os professantes não possam ir. A tais

coisas, os costumes da época em que vivemos e

os círculos em que nos movemos prescrevem

leis às quais, de certa forma, todos nos

submetemos. Mas então, a piedade vem aqui

para fixar os limites adequados de nossa

obediência. Sendo todos nós membros da

sociedade civil, devemos lembrar que também

somos membros de uma igreja cristã. Nós, como

professores de piedade, adotamos o Novo

Testamento como nosso livro de estatutos. Em

todo lugar, supõe-se, em todos os lugares, que é,

expressado, insistido em nosso Livro, que

realmente haja uma diferença entre cristãos e

outros homens, uma distinção que é mais

71

profunda que um modo de vestir ou linguagem;

que somos de outro espírito. 1 Cor 4: 7; 2 Cor 6:14,

17; Tito 2:14; 1 Pedro 2: 9. A comunidade cristã se

ergue no meio de todas as outras, como em

espírito e temperamento diferentes de todas as

outras. Nos hábitos pessoais, domésticos e

sociais, devemos ser guiados pelas leis de

Cristo, que não devem ser governadas por

outras leis. Se os hábitos da sociedade

coincidem com os do cristianismo, devemos

adotá-los; pois não devemos nos opor a eles por

uma questão de singularidade. Como nos

assuntos piedosos, nos da vida comum,

devemos nos conformar até onde a Palavra de

Deus permitir, e discordar quando isso nos

ordena. O antigo espartano era governado pelas

leis de Licurgo e não permitia que as de Atenas

ou Corinto interferissem com seus padrões. Um

gosto pelo que era refinado, elegante, luxuoso,

poderia fazer muito bem para o último - mas não

para ele. Assim é com o cristão. Ele precisa

perguntar, não o que servirá aos homens do

mundo - mas o que concordará com a letra e o

espírito do Novo Testamento.

Seguindo esse princípio, ele rejeita como fonte

de prazer e diversão o teatro, a ópera, o salão de

baile, a mesa de cartas, o percurso de corrida, a

sala de apostas. Estes são tão manifestamente

hostis, alguns deles à moral, e todos à

72

espiritualidade, da piedade evangélica, que os

professantes, pelo menos a maioria deles,

abstêm-se dessas coisas. Digo a maioria deles,

pois sei que uma visita furtiva a algumas dessas

fontes de prazer mundano é ocasionalmente

paga, para ver, como afirmam, a vaidade e a

pecaminosidade do mundo, para que possam

aprender a odiá-lo pela observação, e não

apenas por relatório. Ou seja, eles irão no

caminho da tentação para vencê-la. Eles

colherão um fruto corado e tentador da árvore

proibida do conhecimento, para que se tornem

sábios pela experiência no conhecimento do

mal. Ainda assim, admite-se que poucos

professantes são encontrados nesses locais de

estância.

Mas será que alguns de seus próprios

entretenimentos e diversões se harmonizarão

com o espírito do Novo Testamento? Para se

referir a seus jantares, não há uma ambição,

extravagância e dispendiosidade manifestada

neles - que são inconsistentes com a

simplicidade cristã? Repito, é impossível fixar o

limite exato da propriedade. Seria ridículo ao

extremo tentar redigir uma nota de tarifa cristã,

ou prescrever a natureza e o número de pratos,

ou de vinhos, que um professante pode pôr

sobre sua mesa ou em quais artigos de luxo sua

sobremesa pode consistir. Só posso falar de

73

princípios e tendências gerais. Em quantas

ocasiões festivas não pode ser dito, com singular

propriedade, "Não poderia isso ter sido vendido

por tanto e ter sido dado aos pobres?" Quando

tanto dinheiro é necessário, repito, pela causa

de Deus, não se deve gastar um xelim em luxo

desnecessário.

E, no que diz respeito a entretenimento , não

devo me referir às grandes e alegres festas

noturnas que estão se tornando cada vez mais

comuns, mesmo entre os professantes de

religião? Bailes privados, ou de qualquer forma,

para dançar, são, acredito, utilizadas em alguns

círculos. Talvez seja difícil logicamente provar

que essas coisas, por si só, são absolutamente

pecaminosas; deve ser o suficiente para provar

que são imprudentes. E, ao mesmo tempo, seria

diminuir a própria piedade, estabelecer

qualquer linha de distinção que constituísse a

principal diferença entre uma pessoa

convertida e não convertida. Ainda assim,

existem algumas coisas, certamente, não

imorais, que são por consenso geral

consideradas inconsistentes para um cristão e

devem ser evitadas.

Acho que o mundanismo está se infiltrando em

nossa própria piedade, como se manifesta em

algumas daquelas práticas que são utilizadas

74

para angariar fundos para os vários objetos de

zelo piedoso. Quem testemunhou um de nossos

bazares modernos e viu a agitação, a alegria, a

banda militar, os jogos desta Vanity Fair - se

atreveria a dizer que tudo isso se harmoniza com

a dignidade e santidade, a espiritualidade e a

celestialidade de nossa religião sagrada?

Algumas de nossas reuniões sociais, levantadas

com propósitos piedosos, estão, temo,

degenerando em meras diversões mundanas.

Não quero ver a piedade se movendo entre as

moradas do homem, uma forma espectral, com

a insegurança estóica, a austeridade de um

monge ou o isolamento de um eremita,

parecendo mais um espírito das trevas do que

um anjo de luz . O que eu desejo é ver a aparência

de um ser descido do céu e exibindo algo da

santidade e felicidade do mundo de onde ele

veio, com a intenção de manter seu verdadeiro

caráter nessas moradas de pecado e Satanás, e

em obter de volta com segurança aos céus

nativos e levando o maior número possível ao

mundo da vida e da glória. O que desejo ver nos

professantes de piedade é a impressão profunda

e visível da cruz de Cristo em um espírito de

crucificação para o mundo, e a manifestação de

um caráter, em certa medida, resplandecente

com o esplendor do Paraíso. Em resumo, o que

desejo é o pleno desenvolvimento, no caráter e

75

conduta dos cristãos professos, dessa expressão

do apóstolo: "Sua cidadania está no céu!"

A ideia é que existam duas grandes

comunidades no universo, a do mundo e a do

céu, cada uma governada por suas próprias leis,

buscando seus próprios objetos e animada por

seu próprio espírito; um governado por leis

mundanas, o outro por leis celestiais. Vocês,

cristãos professos, pertencem à comunidade

celestial e devem estar, em espírito e conduta,

em conformidade com ela. Isso não mostra, da

maneira mais impressionante, quão santo,

espiritual e celestial você deveria ser? Entre os

cristãos verdadeiros e outros, deve haver mais

diferença do que entre os habitantes de dois

países diferentes, assim como há mais diferença

entre os países celestes e terrestres do que entre

os dois terrestres.

2. Menciono agora, como uma segunda falha,

em alguma medida relacionada com o exposto

acima - um espírito autoindulgente e que ama a

facilidade; uma disposição covarde e fraca que

se retrai dos deveres, ocupações e

compromissos que exigem um sacrifício de

repouso e conforto corporais. As palavras de

nosso Senhor ainda são a regra permanente do

discipulado: "Se alguém vier após mim, negue a

si mesmo, tome sua cruz e siga-me". Se houver

76

significado nas palavras, elas devem implicar

que o verdadeiro espírito cristão é abnegação.

Isso não se destinava a se aplicar

exclusivamente àquela época, ou a qualquer

época de perseguição, ou a qualquer condição

externa peculiar da Igreja. É a lei perpétua do

reino de Cristo para todas as idades, todos os

países, todas as pessoas. Não podemos mais ser

cristãos sem um espírito de abnegação, do que

podemos ser sem arrependimento e fé, ou

veracidade, justiça ou castidade. É um estado de

espírito e um curso de conduta essencial à

piedade pessoal. Todos nós, de um modo ou de

outro, devemos ser pessoas cruzadas.

Mas em que consiste a abnegação? Não nas

austeridades autoimpostas do catolicismo ou do

ermitismo; nem nas penitências autoinfligidas

da superstição - nem na privação do gozo sóbrio

e moderado das gratificações legais de nossa

natureza. A graça não está em guerra, assim

como a razão, com os instintos da humanidade;

o Criador não os implantou em nossa natureza

para ser violentamente destruído pelo Redentor

e pelo Santificador. Tudo o que a piedade faz

com eles é mantê-los em devida sujeição a si

mesmos; não para erradicá-los - mas até agora

para colher seu crescimento excessivo, a fim de

impedir que ocultem e resfriem nossas virtudes.

Para quem usa pano de saco, o lavador de roupas

77

suja, o abstinente meio faminto, o recluso da

cela, Deus diz: "Quem exigiu isso de sua mão?"

Isso não é abnegação - mas autodegradação,

uma caricatura repugnante da virtude

recomendada por nosso Senhor. É

autossatisfação sob uma forma hedionda;

agradável a si próprio de uma forma de

autotortura; a adoração do eu em forma de

Moloque.

Abnegação significa a sujeição de todos os

sussurros do amor próprio à vontade de Deus. É

a rendição de nós mesmos a Deus, fazer a

vontade dele e agradá-lo no caminho de seus

mandamentos, e não a nós mesmos. Em outras

palavras, é preferir o dever conhecido e

prescrito, à gratificação egoísta. Esse estado de

espírito se desenvolverá de várias maneiras. Se

alguém nos machucou, o dever cristão diz:

"Perdoe-o livremente". O eu pecaminoso diz:

"Retalie". A máxima do diabo diz: "A vingança é

doce;" e o eu pecaminoso afirma o mesmo.

Vingança é autoindulgência - perdão, com

nossos corações corruptos, é abnegação. Assim

também, em um caso diferente, se ferimos

outro, razão, piedade, consciência, todos dizem:

"Confesse sua culpa". O coração maligno diz:

"Não, não posso, assim, me humilhar." A

abnegação requer confissão - a autoindulgência

resiste.

78

Então, novamente, todo o negócio da

santificação interna, em nosso atual estado

imperfeito, é um curso de abnegação. Devemos

"mortificar nossos membros", "crucificar a

carne", "sujeitar o corpo". Tudo isso implica e

requer abnegação - pois é mais uma resistência

do que uma gratificação de nossa natureza

pecaminosa. De fato, todo o curso da vida cristã

é um hábito contínuo de abnegação, ou a

sujeição de nosso eu pecaminoso ao nosso eu

renovado e santo.

No curso de seus negócios, um homem pode,

com um pequeno sacrifício do princípio cristão,

obter ganhos consideráveis. O eu implora por

isso - a piedade o proíbe. Desistir do ganho por

causa do princípio cristão é abnegação. Esse

dever muitas vezes exige que, em nossos

negócios no mundo e em nossa conduta na

igreja, renunciemos à nossa vontade e caminho

à vontade e ao caminho dos outros. O homem

que não paga nenhum respeito a sua opinião,

desejos, e quem disse dentro de si mesmo: "Eu

vou ter o meu caminho", e que não se importa a

quantos ele se opõe ou angustia ou espezinha,

ou o que mal ele ocasiona por sua obstinação,

não tem uma partícula de abnegação. A

satisfação própria é o seu objetivo e o seu

propósito. Ceder graciosa e silenciosamente em

assuntos disputados, onde apenas sentimentos

79

e não princípios estão envolvidos, é um ato

difícil, mas necessário, de abnegação.

Lamento ver quão pouco disso às vezes se

manifesta no governo de nossas igrejas, mais

particularmente na escolha de um pastor. Quão

pouco dispostos são nossos membros a desistir

de sua gratificação pessoal pelo bem da igreja!

Todo mundo tem o direito de fazer e expressar

uma preferência e uma escolha; mas se o

exercício desse direito envolver uma total

desconsideração das opiniões, desejos e

sentimentos dos outros; se se estabelecer em

uma disposição resoluta e turbulenta para levar

o argumento de um homem a todo risco; se ele

diz ou sente: "Não me importo com o que os

outros pensam, estou determinado a ter

sucesso em meu objetivo", que abnegação,

pergunto, existe aqui? É a própria essência do

interesse próprio e da satisfação própria.

Abnegação significa abrir mão de nossa vontade

e propósito individuais para a paz e o bem-estar

do todo. As minorias devem frequentemente

desistir de sua oposição pelo bem do todo, e as

maiorias às vezes devem ceder às minorias,

quando estas são numerosas e poderosas.

Direitos nem sempre são deveres. Homens que

se enquadram nos laços de qualquer associação,

civil ou sagrada, devem ser preparados dessa

maneira para exercer a abnegação. Nossas

80

igrejas hoje em dia não estão tão dispostas

quanto deveriam, para uma demonstração

dessa virtude cristã. O engano do coração

humano muitas vezes lhes impõe, e os leva a

supor que estão agindo para a glória de Deus,

quando estão apenas gratificando seu egoísmo e

se esforçando para seguir seu próprio caminho.

Mas a abnegação requer frequentemente o

sacrifício de gratificação pessoal e relativa pelo

benefício de outros e pelo bem da causa de

Cristo. Eu admiti que a liberalidade é a

excelência da época em que vivemos. E assim é -

e não duvido que, em muitos casos, a abnegação

mais generosa e heroica seja praticada para

demonstrá-la. Posso supor que esse seja

especialmente o caso dos pobres, cujo centavo

dado ao fundo público é uma abstração de suas

próprias necessidades. Foi abnegação por parte

da pobre viúva dar-lhe dois centavos. Assim

também, na classe média, a abnegação é

praticada naquilo que eles dão. Foi uma

abnegação por parte dos macedônios, pela

abundância de sua profunda pobreza, abundar

na liberalidade; mas não creio que a abnegação

ainda tenha sido praticada pelos ricos. Se eles

dão sua abundância, eles ainda têm abundância

- até mesmo seus luxos são absolutos. Seus dons

não diminuíram uma partícula de sua

gratificação. Seu copo de prosperidade está

81

cheio até o limite e suas doações são apenas

transbordamentos, que eles não podem beber.

O que é necessário para a conversão do mundo

é a real abnegação nos círculos superiores da

sociedade. Precisamos e devemos tê-lo, se

China, Japão e Índia forem convertidos em

Cristo. É um espírito de abnegação, abreviando

os luxos da riqueza, que trará o Milênio com a

volta de Cristo. Quando eu vejo homens ricos

contraindo suas despesas, em vez de aumentá-

las, acreditarei que eles são fervorosos pela

conversão do mundo, e reconheço com esse

espírito o crescente esplendor da aurora dos

últimos dias.

Mas ainda existe outra maneira pela qual essa

virtude deve ser exibida, ou seja, nos sacrifícios

da facilidade corporal para o desempenho do

dever e a promoção da piedade pessoal.

Precisamos de um espírito de trabalho, bem

como de dar e orar. Um espírito para encontrar

oposição e ingratidão, suportar visões e cheiros

ofensivos aos sentidos, suportar fadiga, sofrer

calor e frio, sol e tempestade, chuva e neve, para

nosso próprio benefício ou para o bem dos

outros. Creio sinceramente que muitos

professantes, reluto em dizer o grosso, estão se

tornando autoindulgentes demais para suportar

muitos problemas por desfrutar dos meios da

graça. Quantos deles, com uma manhã fria, ou

82

um pouco de chuva, ou uma noite escura,

estarão na casa de Deus! Não é uma queixa geral

nas metrópoles e nas grandes cidades que as

congregações da noite de domingo estão caindo

e que os cultos durante a semana estão ficando

cada vez menores? Como é isso? Não são muitos

os que se satisfazem com um único sermão por

semana, se aninhando em casa no domingo à

noite à beira da lareira e se desculpando lendo

um sermão ou algum outro livro? Onde eles

estão nas noites de reuniões de oração e em

outros cultos durante a semana? As mulheres

em casa e os homens, talvez,

desnecessariamente atrasados nos negócios. A

piedade, com muitos, está se tornando uma

planta tenra, que não pode ser exposta fora de

uma estufa. Oh, onde está a dureza que, em dias

de perseguição, levou o discípulo a negar a si

mesmo, tomar sua cruz e seguir a Cristo até a

encosta, em meio ao vento e à chuva, para um

sermão; ou tatear seu caminho no meio da

escuridão da noite para algum celeiro ou

casebre para uma reunião de oração; ou

caminhar dez milhas pelo campo para um

banquete sacramental?

Caímos em tempos e circunstâncias tranquilos

e fáceis, e eles tornaram nossa religião suave e

autoindulgente. O que quero ver é uma piedade

robusta e resistente, que mostra sua seriedade

83

na qualidade de "dureza duradoura",

semelhante a um soldado; que, para o desfrute

dos meios da graça, pode resultar em clima

pouco propício e independentemente da

distância. Os homens de negócios, geralmente,

em um dia da semana, andam duas vezes a

distância que estão dispostos a percorrer no

sábado ao santuário. "A manhã é proibitiva, fique

em casa;" ou "A noite está escura e fria, fique em

casa junto ao fogo", defende a autoindulgência.

"Dê-me meu grande casaco e guarda-chuva", diz

a abnegação; "meu pastor me chama para o

pasto, e devo ir." Um concerto será realizado ou

uma festa será organizada em tal noite - "Você

não terá mais entretenimento lá do que ouvindo

um sermão ou indo a uma reunião de oração?"

diz a autoindulgência. "Talvez", responde a

abnegação, "pode haver algo muito mais

agradável para a carne em outro lugar - mas

meu dever me leva ao santuário; não posso

permitir que meus hábitos piedosos sejam

violados por quaisquer assuntos seculares".

Deus poderia ver mais desta abnegação nas

igrejas de nossos próprios tempos!

3. Agora, menciono outra das falhas de nossas

igrejas nos dias atuais, e isso é uma

consideração excessiva ao talento, à genialidade

e à eloquência no ministério da palavra . A nossa

é uma era de adoração ao homem e idolatria de

84

gênio. O intelecto humano nunca fez tais

avanços como em nossos dias. As descobertas

da ciência e as invenções da arte superam tudo

o que já foi feito na história do mundo - e essas

maravilhas são registradas mesmo em nossos

diários, com uma elegância e eloquência iguais,

se não superam, os melhores modelos de

composição grega e romana. A adoração a

heróis é, portanto, um pecado assombroso da

época. Com a grande massa, o homem é tudo,

Deus não é nada. Até o vício pode ser tolerado

por muitos, se associado apenas à genialidade; e

libertinismo pródigo suportado, se for

promovido pelas artes. (John Angell não havia

sequer imaginado a que ponto isto poderia

chegar em nossos dias no século XXI, com todo

o aparato tecnológico usado no mundo musical,

televisivo, cinematográfico, na Internet, e o

número infindável de ídolos em todas as áreas,

inclusive da mídia e esportivas, que sequer

existiam em seus dias, e que de fato tem

influenciado diretamente para a perda de

vitalidade espiritual da Igreja em muitas áreas

do globo.) A prevalência e o progresso de tal

disposição, pela destruição da moral, comeriam

como um verme na raiz de nossa prosperidade e

estabilidade nacionais. É impossível não saber

que mesmo os cristãos correm o risco de serem

corrompidos dessa maneira, e não ver que, de

alguma forma, caíram em perigo.

85

Mesmo nossos revisores evangélicos não são

suficientemente cautelosos em suas críticas a

obras de gênio infiel ou de erro herético. Em sua

admiração pelo talento, às vezes são demais,

independentes dos interesses da verdade. Em

alguns casos, volumes contendo erros

insidiosos e volumes de sermões também foram

elogiados por sua genialidade, quase sem alusão

aos seus erros. Enquanto em outros, o gênio foi

exaltado aos céus, e a heresia foi condenada

com apenas uma leve censura. A adoração de

talentos, sem vigilância, e uma consideração

mais sagrada ao valor e importância da verdade,

provavelmente, neste dia, prejudicará nossa

teologia.

O gênio sem virtude corromperá o mundo; e o

gênio sem verdade corromperá a igreja. Que

grito existe em nossas igrejas, hoje em dia, sobre

talento! E admito que esse homem, sendo um

ser intelectual, deve apreciá-lo. Ele é feito para

admirá-lo e apreciá-lo. A efervescência de ideias

brilhantes; os brilhantes raios de gênio que

iluminam e elevam o entendimento; o som, a

lógica profunda que convence a razão,

juntamente com a eloquência simples, porém

poderosa, que desperta a alma de suas

profundezas - deve ser agradável para a

compreensão humana, e nada que possa ser

86

dito, ainda que eloquentemente, para derrubá-

la , sempre terá sucesso.

Mas o que deve ser evitado é exaltar o talento na

religião, e especialmente nos sermões, acima da

verdade, ou para a negligência da verdade! Eu

digo, como eu já disse em outros lugares e antes,

o Evangelho é um tema acima de todos os temas,

que é uma profanação para um pregador tocar

na ignorância, no descuido ou na fraqueza; ou,

para um cristão, por outro lado, ouvir apenas a

eloquência com a qual é apresentada. O

pregador que não desperta todos os seus

poderes para fazer o evangelho entendido,

sentido e crido, está fora de seu lugar no púlpito.

E desde que seu único objetivo seja tornar seu

sermão "o poder de Deus para a salvação de seus

ouvintes" ou, em outras palavras, os meios de

converter os pecadores do erro de seus

caminhos - e desde que haja uma adaptação de

sua eloquência para alcançar esses fins, ele não

pode ser muito eloquente. Seja seu gênio que

obrigue seus ouvintes a esquecê-lo e pensar

apenas em si mesmos, e seus poderes de

ilustração fazem com que pensem apenas mais

em seu assunto - ele não pode, repito, ser

eloquente demais. Este é o maior triunfo da

genialidade. Esse foi o caso do grande ateniense,

cujas orações deixaram seu público sem poder

na época para falar ou até pensar em

87

Demóstenes - mas os obrigou a gritar: "Abaixo

Filipe da Macedônia".

Agora, deixe-me perguntar: com que opinião os

ministros são frequentemente escolhidos para

o pastorado e ouvidos no púlpito? Não, posso dar

um passo atrás e perguntar: com que opinião

eles são treinados por seus professores na

faculdade? O “talento” não é consagrado nas

escolas dos profetas, como objeto da idolatria - e

o treinamento moderno não tende a nutrir esse

sentimento na mente de nossos alunos? Eu teria

então homens de intelecto débil admitidos e

ignorantes deixados destreinados para

vegetarem em indolência? Não! Eu teria os

intelectos mais nobres para o ministério, se

pudéssemos obtê-los, e os treinaria com o

cultivo mais assíduo. Mas eu os deixaria

imbuídos da ideia de que todo o gênio e

aquisições no mundo são apenas meios para um

fim, e esse fim, é a pregação do evangelho para a

salvação das almas. Quando um pastor deve ser

escolhido, quão alto e quão geral é o grito,

mesmo em pequenas congregações e por

ouvintes rústicos, "Precisamos ter um homem

de talento".

Bem, e deixe-os, se o talento não for considerado

a primeira coisa, e algo maior e melhor do que

piedade e sã doutrina. Até a própria demanda

88

mostra o avanço da era e da igreja em melhoria.

Isso evidencia uma cultura mental, que é em si

uma questão de felicitações; sim - mas há outro

lado da questão, que é uma consideração muito

grande, no espírito da demanda, apenas pelo

talento; é o homem de talento, e não de graças;

de talento, e não de piedade eminente,

ortodoxia sólida e zelo sincero, o que se quer

dizer. "Então, meu povo vem até você em

multidão, senta à sua frente e ouve suas

palavras, mas eles não as obedecem. Embora

expressem amor com suas bocas, seus corações

buscam ganhos injustos. Sim, para eles você é

como um cantor de canções de amor que tem

uma voz bonita e toca habilmente em um

instrumento. Eles ouvem suas palavras, mas não

as obedecem." (Ezequiel 33: 31-32)

Nós devemos ter homens de talento; eles

sempre foram necessários e agora são

necessários mais do que nunca. Mas

precisamos ainda de mais - homens de piedade

sincera e zelo ardente. Precisamos de homens,

cujo talento seja exercido na conversão de

almas e na edificação de crentes - não na

intelectualidade fria e na eloquência sem

coração. Não desrespeito a demanda por talento

- mas quero ouvir uma demanda mais alta e

solene por piedade, ortodoxia e sinceridade.

89

E com que propósito, pergunto, os cristãos

costumam ouvir sermões, e quem são os

pregadores mais estimados? É o melhor

pregador (de acordo com a estimativa deles) - o

homem que pode explicar melhor as Escrituras

e tornar seus ouvintes mais familiarizados com

a Palavra de Deus; alguém que é mais poderoso

na conversão de pecadores; alguém que

mergulha mais profundamente nas

profundezas de seus corações, traz à luz suas

corrupções e promove sua santificação; alguém

que os ajude a resistir à tentação, a ser sincero

em piedade, a avançar na espiritualidade e na

mente celestial; alguém que os ajuda em sua

solene provação pela eternidade, e os capacita

pela fé a vencer o mundo? Esse é o tipo de

pregação que eles chamam de bom e gostam de

ouvir? Ou é o homem de imaginação brilhante,

fantasia vívida, pensamento cintilante e

eloquência elaborada, embora ao mesmo tempo

pouco qualificado para promover e pouco

buscar os grandes fins da pregação do

evangelho? Como, digo, eles estimam

pregadores? Por utilidade ou por gênio?

Agora, devo admitir, que mentes cultivadas não

podem ser satisfeitas com pensamentos

comuns e escassos e piedosas repetições

centenas de vezes. O cristão mais devoto deve

sentir falta lá. Mas não é com o pensamento

90

sólido, substancial e vigoroso que muitos estão

satisfeitos, pensando que podem edificar os

intelectos mais profundos - mas o que eles

querem é sentimentalismo poético, ou belas

imagens, ou as bonitas concepções de retórica,

especulações curiosas ou peculiaridades

equivocadas. pela originalidade - tudo o que as

pessoas de grande entendimento podem

dispensar.

Eu poderia perguntar aqui, com que motivos,

normalmente, até a grande maioria dos

professantes vai ouvir sermões. É ter a verdade

abençoada de Deus aberta a eles para sua

santificação e consolo? É necessário promover o

grande negócio de desenvolver sua salvação

com medo e tremor? Será que eles podem

crescer na graça e no conhecimento de Jesus,

seu Salvador? É para conhecer mais claramente

e fazer mais perfeitamente a vontade de Deus?

Ou será que o gosto deles é gratificado e a

compreensão rendida? Não são sermões, com

muitos, meros entretenimentos literários ,

coisas mais para serem ouvidas do que

praticadas - e por mais sérios que sejam, e

calculados para fazer bem a eles, ainda que não

tenham "boa retórica", nenhuma "explosão de

eloquência" nenhuma "demonstração de gênio",

eles não se decepcionam?

91

Ouça a conversa deles ao voltar da casa de Deus.

"Que sermão esplêndido!" "Que tratamento

intelectual!" Ou: "Não tivemos nada muito novo

hoje". "Nosso ministro não teve voos elevados

em seu sermão." "O sermão foi bom, mas não

muito eloquente." Oh, é assim que devemos

ouvir as mensagens de Deus? Mas o que tudo

isso diz – senão que nossos ouvintes são

corrompidos pelo espírito da época e, em

muitos casos, são mais ansiosos por talento do

que por verdade. E, no entanto, a alma deve ser

alimentada e nutrida mais pela verdade do que

pelo talento. Podemos aprender sobre esse

assunto algo de nossos amigos quacres, que, ao

voltar da adoração, nunca criticam os sermões

que ouviram - mas consideram que o que

ouviram lhes foi dado pelo Espírito de Deus para

praticar, e não admirar ou condenar. Nossos

ouvintes precisam ser lembrados de que os

sermões não são meros ensaios a serem

ouvidos, meros entretenimentos mentais ou, se

pudermos fazê-los, meras festas literárias - mas

exercícios que serão um "sabor da vida para a

vida ou da morte para a morte."

III Passo agora a uma consideração dos defeitos

no CARÁTER e na CONDUTA dos professantes

modernos da religião.

92

As mesmas falhas, sem dúvida, até certo ponto,

prevaleceram em todos os períodos da história

da Igreja - mas nem todas no mesmo grau.

1. Primeiro mencionei a espiritualidade e a

mente celestial; em outras palavras, um hábito

meditativo contemplativo e devoto da alma. O

apóstolo nos diz que "ter uma mente espiritual"

ou "a mente do Espírito (isto é, as coisas do

Espírito) são vida e paz". As coisas do Espírito são

as coisas que o Espírito revela na palavra; a

influência que ele exerce, os frutos e graças que

ele produz e os impulsos que ele comunica. Ao

prestar atenção a essas coisas, devemos

entender que nossos pensamentos e afetos são

movidos espontaneamente por eles. Há pessoas

que nunca tiveram um pensamento piedoso

envolvido ou um sentimento de devoção

emocionado. A religião que eles têm é mera

forma e cerimônia. Existem outros cujos

pensamentos e afetos são facilmente excitados,

sob alguns meios externos, como um sermão

poderoso, um livro impressionante ou um

coração afetando as orações ou tocando a

salmodia. A verdade divina e as realidades

espirituais as movem, em certo grau, e suas

afeições ficam comprometidas por uma época.

Às vezes, sentem-se um pouco no domingo, na

casa de Deus e sob os meios da graça.

93

Mas quando esses apelos externos à consciência

cessam, toda a emoção piedosa desaparece e, na

segunda-feira, recaem no mundanismo

absoluto; as realidades eternas são perdidas de

vista por eles e, com exceção, talvez, de uma

oração curta e formal, noite e manhã, elas não

têm afeto mais piedoso do que o maior

mundano. Eles não têm reflexos espirituais

espontâneos surgindo em suas mentes,

nenhum senso da presença Divina, sem

aspirações da alma por Deus, sem oração

espontânea, sem reflexões sobre um texto das

Escrituras, sem anseios do coração por uma

comunhão mais estreita com Cristo, sem

disposição ou gosto por conversas piedosas,

sem reflexões espirituais sugeridas por eventos

passantes, sem vigilância sobre seus

pensamentos e sentimentos, palavras e ações -

para não cometer "falhas secretas", sem

propensão para ler as Escrituras, sem anseio

pelo santuário, sem deleitáveis ascensões da

alma da terra para o céu, nenhuma antecipação

da presença total e final da glória a ser revelada

- todas incluídas na espiritualidade da mente.

Não! Essas coisas são todas estranhas para eles.

Eles são professantes; que vão à igreja ou capela

duas vezes, talvez, no domingo; que observam a

ceia do Senhor, abstêm-se do teatro e algumas

outras diversões proibidas; mantendo um credo

94

ortodoxo; participam de um ministério

evangélico; subscrevem instituições piedosas -

e são de conduta moral, respeitáveis no mundo

e não são suspeitados pela igreja. Tudo isso é

bom e necessário; mas, com tudo isso, onde

estão sua mente espiritual, sua disposição

sobrenatural, sua disposição celestial? Onde

está a impressão da Bíblia, da Cruz de Cristo, do

céu, da eternidade? (Poucos consideram que

são exatamente estas realidades espirituais

apontadas por John Angell James que estarão

presentes nos crentes no futuro estado glorioso

da Igreja quando Cristo se manifestar, e não será

pompa terrena que refletirá a glória do reino de

Deus).

Espiritualidade significa um estado de espírito,

coração, consciência e conduta,

correspondendo às verdades divinas e eternas

que temos no livro de Deus e que professamos

ter em nossas mentes. Significa aquela

espontânea, habitual, irrestrita e afetuosa

virada da alma para Deus, Cristo, salvação, céu e

eternidade. Isso é espiritualidade, a alma anseia

habitualmente por Deus e Cristo, por uma

espécie de santo instinto; olhando para o céu e

para a eternidade por um impulso de amor

santo.

95

Não deveria ser esse o caso de todos que

professam ser um verdadeiro cristão? Esta não

é a nossa profissão? Não é isso que se entende

pela palavra "vida" - quando empregada como

descritiva da verdadeira piedade? As doutrinas

do evangelho não são calculadas por sua

natureza e pretendidas por seu desígnio, para

produzir esse estado de espírito celestial e

espiritual? Ah! mas quanta ortodoxia

monótona, adormecida e morta existe na

maioria dos professantes modernos! Que

discordância entre seu credo e sua prática! Ora,

parece haver mais vida mesmo entre muitos

que se afastaram, em certa medida, do padrão

da ortodoxia, do que em multidões daqueles

que, em teoria, mantêm firme a forma de

palavras sonoras. A senhora Schimmelpennick,

em sua bela autobiografia, emprega a seguinte

ilustração: "Alguns têm defeitos em seus credos,

mas parecem ter vitalidade em sua prática. Eles

se assemelham a uma pessoa que perdeu um

membro - mas que ainda está viva. São

verdadeiramente ortodoxos em suas opiniões -

mas não espirituais em seus corações, são como

múmias egípcias, mantendo todos os seus

membros e formas simétricas externas - mas

sem vida".

Ah, o que são algumas igrejas - senão meras

catacumbas cheias dessas formas sem vida de

96

professantes cristãos! Não me fale das

numerosas e variadas organizações de zelo e

liberalidade cristãos. Eu as conheço e me alegro

nelas, e desejo a elas um apoio mais abundante.

Exalto no pensamento de que um espírito se

eleva que nunca descansará até que ele traga o

mundo de volta a Deus. E eu acredito que entre

os seus apoiadores são encontrados muitos de

espiritualidade eminente; mas estou falando da

maioria dos professantes, e deles não hesito

nem um pouco em declarar que há uma

deficiência óbvia e lamentável da

espiritualidade da mente. Seus afetos piedosos

estão em uma condição lânguida e morna. Eu sei

que a piedade não consiste inteiramente em

sentimento. Uma religião que é toda emoção

não é religião. Mas, também, uma religião sem

emoção não é religião. Pode ser, para mudar a

metáfora, uma imagem corretamente

desenhada e bem colorida - mas sem vida; ou

uma estátua de bom mármore e bem executada

- mas morta. Assim, também, a sã doutrina

unida à moral correta e à liberalidade, se for

destituída de espiritualidade e mente celestial, é

apenas a figura ou estátua da piedade. E como,

ao adotar a metáfora da múmia da senhora

Schimmelpenninck, comparei algumas igrejas

com catacumbas; tendo mudado a múmia para

a gravura e a estátua, também devo expressar

minha apreensão de que muitas igrejas possam

97

ser comparadas a lugares onde há efígies ou

semelhanças dos que partiram como se

estivessem em adoração; seus rostos são

realistas e suas atitudes de devoção são corretas

- mas eles não oram.

Oh, professantes cristãos, sem afeições santas e

celestiais, qual é a sua religião senão um nome?

Atenda, então, às exortações do apóstolo, e

"Concentre suas afeições nas coisas que estão

no alto, onde Cristo está à direita de Deus".

Cultive uma estrutura espiritual; adquira

hábitos de pensamento e sentimento piedosos.

Como a fonte secreta de uma fonte de água, nas

profundezas da terra, mas continuamente

jorrando para a superfície, e jorrando em

ebulições espumantes; deixe a religião ser em

sua alma, uma fonte interior e fonte de piedade

viva, que, por sua própria força, está

perpetuamente enviando pensamentos

espirituais e aspirações celestiais; de modo que

uma corrente de pensamentos e sentimentos

devotos, profundos e cheios, flua mais ou menos

continuamente pela sua vida.

Além disso, seja assiduamente alimentado pelo

ato de leitura devocional e participação regular

nos meios da graça, que, por canais secretos,

reabastecem a fonte do pensamento e

sentimento sagrados. Esta é a mesma figura que

98

nosso próprio Senhor emprega, quando diz: "A

água que eu lhe der deverá estar nele uma fonte

de água que salta para a vida eterna". Ou seja, o

dom do Espírito Santo para renovar e santificar

a alma, e todas as outras bênçãos do evangelho,

produzirão uma disposição santa e celestial que

sempre surgirá em pensamentos e sentimentos

devotos. Borbulhará e brotará como água em

uma fonte. Não como um poço profundo ou uma

cisterna estagnada - mas como uma fonte ativa

e sempre viva que flui em todas as estações do

ano e em todos os estados da atmosfera. Essa é a

espiritualidade da mente; não apenas decoro

religioso externo e obras de justiça; não apenas

corrigir opiniões piedosas; não apenas

liberalidade e atividade na causa de Cristo; não

apenas a atenção regular aos meios da graça -

mas, além de tudo isso, uma mente propensa à

reflexão devota, um coração quente de amor a

Deus e a Cristo, uma alma cheia de afetos

piedosos; em resumo, um hábito de

pensamento e sentimento que entrelaça a

piedade a Deus com a textura geral da vida.

Tal homem caminha com Deus. Que força e

seriedade de significado há nessas poucas

palavras, andando com Deus! O que se pode

acrescentar para aumentar nossa concepção da

devoção, da dignidade, da felicidade do cristão?

Significa não apenas harmonia de pensamento

99

e sentimento (pois "como dois podem andar

juntos, a menos que estejam de acordo?"), Mas

significa comunhão, conversação íntima com

Deus. Essa conversa é mútua. Deus fala ao

cristão pelas preciosas palavras das Escrituras e

pelos sussurros suaves de seu Espírito - e ele fala

com Deus. É marcado como um homem de

oração, aquele que ora, de certo modo, sempre

e em toda parte, que ora enquanto respira.

Depois, há a ideia de habitualidade - esse é o

hábito e o teor de sua mente. Nós sabemos onde

encontrá-lo; ele é sempre o mesmo; uma serena

firmeza mental no santo pensamento e

sentimento é sua característica. Grande ternura

de consciência também é dele, um temor de

ofender a Deus, de ferir o homem; um desejo de

agradar a Deus em todas as coisas, sempre

buscando e obtendo o testemunho - de que ele

agrada a Deus. Uma intimidade peculiar obtém

entre Deus e sua alma. Quão condescendente da

parte de Deus, que Ele se mistura tanto com sua

criatura, mostra-lhe tais favores, dá-lhe tais

sinais, admite-o com tanta familiaridade! Tudo

isso está implícito; sim, é a própria essência da

ideia, eles caminham juntos, se aproximam; no

passo de comunicação mais confidencial,

ocorre o intercâmbio mais íntimo de

sentimentos e afetos.

100

Isso é espiritualidade da mente. E isso, diz o

apóstolo, é "vida e paz". É a evidência, a atividade,

o desenvolvimento da vida cristã - e produz um

estado sereno e plácido da alma. Acalma as

perturbações do coração; como óleo na

superfície turbulenta das águas, tranquiliza as

tempestuosas paixões e empurra as ondas

tempestuosas do pensamento agitado para a paz

e o sossego. É um banquete perpétuo para a

alma, que é feliz o suficiente para possuí-la.

Elevando-se à mente celestial, é uma promessa

e um antegozo da bem-aventurança do Paraíso.

É uma corrente do rio da água da vida, trazida

pela fé e pela esperança da corrente de cristal;

um fruto colhido pela devoção da Árvore da

Vida, sobre a qual a alma se deleita em deleitar-

se, e pela qual ela pode esperar e esperar que a

glória seja revelada. Isto, digo, é o que falta em

cristãos, para seu próprio conforto, o crédito à

piedade e à glória de Deus.

2. Parecido com isso, e de fato, como parte disso,

está o baixo estado da oração em família e da

instrução religiosa doméstica. De fato, até muito

recentemente, e eu temo, mesmo agora, que o

espírito de oração em geral, tanto privado

quanto social, tenha afundado em um nível

muito baixo. Uma queixa quase universal é feita,

de que as reuniões sociais para este exercício

sagrado são tão reduzidas em número e em

101

espírito, como em alguns lugares a serem

abandonados. Duvido que, considerando o

número de professantes, o espírito de oração

fosse, nos tempos modernos, cada vez menor. A

participação nas reuniões de oração pode, em

grande parte, ser considerada um indicador

tolerável e correto da medida da oração

particular. Se os cristãos que estão saudáveis, e

que têm seu tempo praticamente sob seu

próprio comando, e também estão a uma

distância razoável da casa de Deus, não

conseguem encontrar lazer e inclinação para

encontrar seus irmãos cristãos uma vez por

semana para orar, sou naturalmente levado a

concluir que, infelizmente, negligenciam seu

dever diário de manhã e à noite. O homem que

gosta de orar sozinho - tem um desejo instintivo

de orar com os outros. Para uma mente

espiritual, as orações dos irmãos são muito

revigorantes. Há um grande poder de simpatia

cristã em uma reunião de oração.

Estou, no entanto, um tanto esperançoso de que

a maré da oração tenha afundado até o ponto

mais baixo, e esteja começando a mudar. Ouço,

e tenho o prazer de ouvir, que reuniões de

oração sejam realizadas e multiplicadas em

várias partes do reino. Isso é bom, até o

momento - mas não é tão certo que a oração

particular esteja aumentando tanto. A

102

curiosidade, a exortação dos ministros, o

espírito de excitação ou o amor à novidade

podem produzir uma reunião de oração lotada -

embora não haja participação proporcional nos

deveres do quarto de oração. Aqueles que oram

muito em segredo, se a oportunidade permitir,

gostam tanto da oração social; mas não é tão

certo que aqueles que gostam de participar de

reuniões especiais de oração gostem da oração

do quarto. É possível que muitos façam do

aumento do comparecimento às reuniões de

oração uma desculpa para uma diminuição da

atenção a suas próprias devoções particulares.

Mas nada, nem atividade, nem liberalidade,

nem participação regular em reuniões de

oração social - podem substituir a oração

privada ou compensar a falta dela. É de se temer

muito que a urgência dos negócios esteja

diminuindo o tempo e diminuindo o amor da

devoção privada. Pode ser bom para todo leitor

deste panfleto perguntar como está com ele a

esse respeito e se alarmar, se consciente da

negligência deste exercício sagrado. Tem sido

observado que o apostolado de Deus começa na

porta do quarto.

Mas agora aludirei mais particularmente ao

baixo estado de piedade familiar. Duvido muito

que isso tenha sido menor ou mais

negligenciado entre os professantes de piedade

103

espiritual e os membros de nossas igrejas. Estou

dolorosamente convencido de que a piedade

doméstica, mantida com regularidade

sistemática, profunda seriedade e uniformidade

invariável, é uma coisa relativamente rara entre

os cristãos professos dessa época. Tal é o poder

absorvente dos negócios, a pressa ansiosa em

alguns de serem ricos e, em outros, a vida e a

morte lutam mesmo para sobreviver - que não

há tempo para a oração em família. Alguns a

negligenciam completamente. Eles nunca

reúnem seus filhos e servos em volta do altar

doméstico - o ateísmo governa sua casa. Outros

desistem de uma parte do dia; outros a limitam

a uma noite de sábado - e mesmo daqueles que a

realizam normalmente de manhã e à noite,

muitos a reduzem a um serviço frio, apressado e

formal, e até mesmo interrompido com

frequência. Sim, e há casos em que é melhor

omitir completamente, a menos que aqueles

que a conduzem o façam com mais seriedade e

sinceridade, e façam com que sua conduta e

temperamento ao longo do dia se harmonizem

com as orações da manhã e da noite.

Se não houvesse injunções ou exemplos

positivos desse dever na palavra de Deus, a razão

e o santo instinto o levariam a isso. Como o pai

de uma família pode esperar bênçãos em família

se não houver oração em família; ou de que

104

maneira, mas isso ele pode reconhecer as

bênçãos da família? Não é este o melhor meio,

combinado com a instrução, de propagar a

piedade através dos filhos para a posteridade

posterior? Alguém pode esperar que seus filhos

sejam piedosos, que não lhes dá um exemplo a

esse respeito? Sim, esse exercício não é

necessário para manter vivo um espírito de

devoção na alma dos pais? Quão abençoado é o

efeito do sacrifício da manhã e da tarde para

promover a paz, a união e a felicidade

domésticas.

"Mesmo onde a sabedoria e a regularidade

fizeram o máximo possível, geralmente há

poucos e desagradáveis eventos entre pais e

filhos, senhores e servos, que podem prejudicar

a felicidade de todos, se não forem sabiamente

controlados por um espírito de boa vontade e

por nenhum outro meio, ou por nenhum meio

tão provável, esse espírito de união e bondade

pode ser tão eficazmente assegurado quanto

pela devida presença no altar doméstico. De

acordo com a influência da chama sagrada que

o queima, o coração tem muitas vezes se

suavizado com o esquecimento daquelas

pequenas irritações que, se deixadas

permanecerem, amadureceriam em explosão,

tanto que não apenas separavam servo de

105

mestre - mas talvez irmão de irmão e pais de

filhos ".

Você objeta que não pode realizar uma oração

extemporânea. Você já tentou alguma vez? Caso

contrário, comece e procure ajuda de Deus - e

se, depois de fazer o experimento, você falhar,

adote uma forma, da qual existem muitas

excelentes a serem obtidas. Você diz, talvez:

"Você não tem tempo". O que! Não pedir a

bênção de Deus para sua casa? Você não

encontra tempo diariamente para ler o jornal,

conversar com seus vizinhos, dormir mais tarde

do que precisa na cama? "Você tem aprendizes e

lojistas em casa e tem medo de ser

ridicularizado." Não, eles, se o dever for bem

executado, o respeitarão mais. "Você espera

oposição de alguns de sua família." Você não é o

chefe, o mestre, o governador? Ah, a

negligência não deve ser atribuída a outra

causa? Não é esse o raciocínio secreto de sua

alma: "A oração em família deve ser seguida com

consistência cristã em todas as coisas, e não

acho que minha conduta durante o dia, na loja e

na casa, seja a que me permitirá, com alguma

propriedade, reunir minha família à noite para

orar. Receio que a prática da oração em família

imponha uma restrição muito grande a mim

mesmo. E uma oração matinal com minha

família não se encaixaria bem no que vou fazer

106

durante o dia." Não é esse o caso, ó professantes!

E você pode continuar dessa maneira? Guarde

todas as desculpas - comece, a partir do

momento em que você ler isso, a orar, com e por

sua família - diariamente, regularmente, com

seriedade - e deixe toda a sua conduta se

harmonizar com a prática.

Mas a oração em família, com qualquer

regularidade, pontualidade e seriedade, pode

ser realizada - é apenas uma parte da piedade

familiar. Existe o piedoso treinamento das

crianças. Sei que esse é principalmente o

trabalho e o dever das mães. Ainda assim, a

conduta geral da família pertence ao marido, pai

e mestre. A casa de um cristão que professa deve

ser a morada da piedade visível e prática - deve

ser preenchida com uma atmosfera de piedade.

Todas as crianças devem ser treinadas com a

ideia de que são seres imortais e mortais - e,

embora nada seja deixado de fazer para lhes

proporcionar conforto, respeitabilidade e

utilidade na terra, a principal solicitude deve ser

prepará-las para a glória, honra e imortalidade,

no céu. A ordem de uma família cristã que

professa deve ser, em assuntos comuns e

sagrados, de modo a obrigar todos os que a

testemunham a exclamarem: "Quão boas são

suas tendas, ó Jacó, e seus tabernáculos, ó

Israel!" Deveríamos procurar o reabastecimento

107

de nossas igrejas das famílias de nossas

congregações - e esse seria o caso se a piedade

familiar fosse mantida como deveria. Há

famílias das quais mal uma única pessoa entra

na comunhão da igreja - e, de fato, seria uma

maravilha se não fosse assim. Baxter está certo

quando diz: "Se a piedade familiar fosse mantida

e conduzida como deveria ser, a pregação

pública do Evangelho deixaria de ser o meio de

conversão para os membros de tais famílias;

entre elas, seria realizada por instrução."

Muitas coisas nesta época são contra a ordem

piedosa e o estado de nossas famílias, a falta de

espiritualidade nos membros de nossas igrejas;

a forte concorrência e o poder absorvente do

comércio, começando tão cedo pela manhã e

continuando tão tarde à noite; a grande

atividade piedosa da época, desviando a atenção

dos chefes de família de seus lares para os vários

objetos do zelo cristão, juntamente com a

frequência e as horas tardias das reuniões das

comissões, a instituição das classes ministeriais

da Bíblia, onde pais demais mudar o trabalho da

instrução de seus filhos para seus pastores; a

falsa ideia de que a conversão é mais esperada

da pregação pública do que do ensino criterioso,

afetuoso e perseverante da piedade doméstica;

todas essas causas operam para produzir uma

negligência lamentável da verdadeira e

108

consistente devoção familiar. Já é tempo de se

esforçarem intensamente para chamar de volta

os chefes de família para esse importante

momento.

3. Uma terceira deficiência de idade entre os

professantes é a negligência da leitura e estudo

particulares das Escrituras. Uma piedade sólida,

saudável e robusta não pode ser produzida ou

mantida sem uma leitura habitual e devota da

Palavra de Deus. Os sermões por si só não fazem

isso - eles geralmente são ouvidos para

gratificação intelectual, em vez de seu efeito

instrutivo, santificador e prático geral. A

conferência particular com a Bíblia não tem

nenhum dos sedutores da eloquência oratória e

humana para desviar a atenção da piedade como

uma questão pessoal e prática. Com a Bíblia

aberta diante de nós, parecemos trazidos cara a

cara com Deus; ouvimos a voz dele falando

conosco e não ouvimos outra voz além da dele.

Um único verso lido, ponderado, meditado e

aplicado - às vezes faz mais pela alma do que por

um sermão inteiro. A verdade das Escrituras é o

sustento da alma e, de acordo com seu conteúdo

variado, é leite para bebês e alimento forte para

pessoas de maior idade e é em toda parte

prescrita como nosso alimento espiritual, pelo

qual devemos crescer em graça e em

conhecimento.

109

Agora, estou com muito medo de que, exceto

por algumas pessoas de grande lazer e pessoas

de constante piedade, o devoto estudo das

Escrituras seja tristemente negligenciado.

Muitas coisas tendem a isso - há, o que foi

mencionado com tanta frequência, a pressa e a

urgência dos negócios. Os comerciantes nos

dizem que mal conseguem tempo para ler um

capítulo e realizar a oração em família, muito

menos para a leitura particular da palavra de

Deus. Mas deveriam permitir-se ser tão

absorvidos pelos negócios? Ou, se isso não pode

ser alterado, eles não poderiam se levantar um

pouco mais cedo pela manhã, para ganhar

tempo para um capítulo ou alguns versículos?

Um homem cristão, muito envolvido em

assuntos seculares, ultimamente me disse que

era seu costume ler todas as manhãs antes de

deixar sua sala e, naquele momento, estava

passando pelo Comentário do Bispo Horne

sobre os Salmos. E há homens que, embora

profundamente imersos no comércio, nunca

seguem seus compromissos até que tenham

ouvido Deus falar com eles dos oráculos vivos, e

que levam consigo a lembrança do que leram

para amenizar seu trabalho e mitigar a

ansiedade deles. Tais casos, no entanto, são

raros. Receio que muitos que mantêm a devoção

doméstica não leiam mais do que o breve Salmo

que leem na oração em família; enquanto

110

outros, por quem a oração em família é

negligenciada, quase nunca lê. O que é chamado

de "Porções Diárias" é, eu sei, com muitos

substitutos para a leitura da Bíblia - uma

migalha do pão da vida, assim manipulada em

um pequeno pedaço de confeitaria espiritual, os

satisfaz, em vez de uma porção substancial da

comida celestial. Revistas e livros são

suficientes para uma leitura piedosa para

muitos outros, que mal têm lazer ou inclinação

até para eles, muito menos para a leitura das

Escrituras. Quanto tempo é consumido no

jornal! Os homens mais ocupados encontram

lazer suficiente para isso. Ninguém diga que não

tem tempo para ler sua Bíblia, que pode

encontrar o suficiente para o jornal diário.

Muitas pessoas parecem pensar, ou pelo menos

sentir, que não podem encontrar nada de novo

nas Escrituras. Eles conhecem, geralmente,

todo o seu conteúdo - não há charme na

novidade. Ah, que erro! Uma mente devota,

estudando as Escrituras por uma vida

prolongada até a era de Matusalém,

encontraria, com muita atenção, algum novo

significado ou nova beleza, até a última hora de

existência. Outros, novamente, acham a Bíblia

um livro obscuro, cheio de passagens sombrias,

difícil de entender, e citam a afirmação de Pedro

em apoio à sua opinião, 2 Pedro 3:16. Esta

111

passagem não se refere ao estilo dos escritos de

Paulo, como se isso fosse obscuro - mas às

doutrinas que ele ensinou, algumas das quais

são sublimes e vastas demais para a

compreensão humana, e homens

incontestáveis, cujas paixões cegam suas

mentes e que têm sem opiniões fixas ou amor à

verdade, pervertê-las com críticas grosseiras e

falsas e raciocínios sofísticos para sua própria

destruição. Não se destina a desencorajar a

leitura particular das Escrituras, nem mesmo

por pessoas simples e iletradas; pois enquanto

há muito nelas que o intelecto mais elevado

jamais compreenderá completamente neste

mundo, também há muitos que o entendimento

mais claro pode apreender e aplicar. Tomando

emprestado um ditado conhecido: "Existem

profundezas nas quais um elefante pode nadar -

e águas rasas que um cordeiro pode desviar".

A Igreja de Cristo deve ser fraca, e seus

membros devem ser de espírito terreno,

enquanto prevalecer essa negligência das

Escrituras. Nos dias em que ela se empenhava

em perseguir e exibir as glórias do heroísmo

espiritual, seus membros viviam em estudo

perpétuo da Bíblia. Atualmente, os cristãos

perseguidos de Madagascar levam suas Bíblias

para seus retiros e, assim, tornam-se fortes no

Senhor e no poder de sua força. O mesmo

112

aconteceu em todas as épocas de julgamento

feroz. Os confessores então agarram a espada do

espírito, que, estudando e praticando, eles

sabem manejar e se tornam mais que

vencedores. Foi com essa arma que o próprio

Senhor, em suas tentações no deserto, venceu

seu ousado agressor. Somente até a Igreja de

Cristo considerar como seu próprio dever ler,

marcar, aprender e digerir interiormente as

Escrituras, bem como o dever de seus ministros

de expô-las e aplicá-las - isso provará, conhecerá

e empregará seu próprio poder. Considerou

demais a Bíblia como o livro-texto do pregador,

e não do seu papista, que entrega a Bíblia ao

ministro e o deixa pensar por ele. Há uma seita

chamada "Os cristãos da Bíblia". Há um pouco de

falsidade e arrogância na designação, como se

nenhuma outra seita a não ser a deles tivesse a

Bíblia, acreditasse ou a praticasse. Todos os

professantes de piedade deveriam ser, na

realidade, "cristãos da Bíblia". A pregação nunca

teve a intenção de deixar de lado a leitura

pessoal das Escrituras. A Bíblia não deve ser

testada pelo ministro - mas o ministro pela

Bíblia.

Talvez haja alguma culpa devido a ministros

nesta questão. Os sermões devem ser muito

mais bíblicos do que são; mais cheio de

Escrituras; mais repleto de suporte e ilustração

113

de textos. O objetivo do pregador deve fazer o

ouvinte amar o sermão por causa da Bíblia, e não

a Bíblia por causa do sermão. O sermão deve ser

um posto de sinalização, apontando para a Bíblia

e enviando as pessoas para ela. E, ainda para

empregar a ajuda da ilustração, o sermão deve

ser como uma porção de grande prazer que, em

vez de satisfazer o apetite, deve fazer com que

anseie por uma refeição completa. Ensaios, por

mais teológicos e até ortodoxos, se eles contêm

poucas palavras de Deus, podem ser eloquentes

e agradar a plateia - mas não farão muito para

aumentar seu amor pela Bíblia. Esses são os

discursos mais eficazes que mandam os

ouvintes embora, como os de Paulo fizeram com

os bereanos, para pesquisar as Escrituras, a fim

de ver se essas coisas são assim.

John Howe, em uma parte de seus escritos,

apresenta o seguinte incidente: "Podemos ter

certeza", diz ele, "se nossa estima cresce menos

com este livro, Deus não cresce; ele não mede

por nós - e se com a mesma estimativa e valor

que ele já teve, podemos temer que ele, em

algum momento ou outro, reivindique

terrivelmente a negligência, o desprezo e a

desconsideração desses registros sagrados.”

Um pouco para reforçar essa consideração,

deixe-me relatar um incidente o que me foi dito

pelo Dr. Thomas Goodwin, quando ele era

114

presidente do Magdalen College, Oxford, sendo

ele mesmo, na juventude, um estudante em

Cambridge e tendo ouvido falar muito do Sr.

Rogers, de Dedham, em Essex, ele

propositalmente viajou de Cambridge a

Dedham, para ouvi-lo pregar no dia da palestra;

uma palestra tão estranhamente cheia que, para

aqueles que chegaram não muito cedo, não

havia possibilidade de conseguir espaço

naquela igreja muito grande, naquele tempo,

sobre o assunto das Escrituras - e, no decorrer

do sermão, ele caiu para uma exposição com as

pessoas sobre a negligência do Livro Sagrado,

personificando Deus para elas e dizendo: “Bem,

confiei em você por tanto tempo com a Bíblia;

você o desprezou; fica em tal e qual casa toda

coberta de poeira e teias de aranha; você se

importa em não olhar para ele. Você usa minha

Bíblia assim? Bem, você não terá mais minha

Bíblia.” E o Sr. Rogers pega a Bíblia da almofada

e parece que ele estava indo embora e

carregando-a deles; mas imediatamente se vira

novamente e, personificando o povo a Deus, cai

de joelhos, clama e implora com sinceridade:

“Senhor, o que quer que você faça conosco, não

tire sua Bíblia de nós; matar nossos filhos,

queimar nossas casas, destruir nossos bens; só

nos poupe da sua Bíblia, só não tire a sua Bíblia.

E então ele personifica Deus novamente para o

povo: “Você diz isso? Bem, vou testá-lo um

115

pouco mais e aqui está minha Bíblia para você;

Vou ver como você o usará, se você o amará

mais, se você o valorizará mais, se você o

observará mais, se você o praticará mais e viverá

mais de acordo com ele.“ Por essas ações, ele

colocou toda a congregação em uma postura

que nunca havia testemunhado em nenhuma

congregação antes; o lugar era um mero

Boquim, as pessoas geralmente inundavam, por

assim dizer, com lágrimas - e ele acrescentou

que ele próprio, quando saiu e foi levar o cavalo

para casa novamente, estava disposto a

pendurar por um quarto de hora no pescoço de

seu cavalo, chorando antes que ele tivesse poder

de montar, uma impressão tão estranha estava

sobre ele, e geralmente sobre o povo, por ter

sido exposta à negligência da Bíblia." (O Sr.

Rogers parece ter sido um protótipo de

Whitefield e, em menor grau, do Sr. Spurgeon.

Sua pregação era, em certa medida,

verdadeiramente histriônica, uma mistura de

falar e agir. Esse é um talento invejável, onde é

natural e não é afetado ou imitado. Grande parte

da popularidade de Whitefield e Spurgeon deve

ser atribuída a ela: quando ela se expande

espontaneamente e é, como no exemplo diante

de nós, solene, patético e impressionante, é um

poder legítimo do tipo mais eficaz. Teríamos

mais do que isso para levar as massas a

sentimentos e preocupações piedosos! nossos

116

pregadores geralmente podiam deixar a

natureza fluir em suas próprias efervescentes

ebulições de fantasia e emoção castigadas! Deus

proíba que todo púlpito se torne um palco de

palhaçada, charlatania ou amplo humor e farsa;

mas é necessário um pouco mais de pregação

como a de Rogers, Whitefield e Spurgeon para

despertar e interessar nossas congregações

adormecidas, especialmente as das classes

trabalhadoras.)

4. Outra coisa em que nossas igrejas modernas

são muito deficientes é o exercício do AMOR

fraterno. Dificilmente é preciso observar que é

desígnio de Deus que sua igreja exiba para um

mundo egoísta, alienado e invejoso,

caracterizado nas Escrituras como odioso um ao

outro - o contraste perfeito consigo mesmo, em

uma irmandade santa e amorosa, o lar de

caridade, a própria morada de todos os

sentimentos bondosos de nossa natureza, uma

verdadeira comunhão de amor. Seu propósito

era que o coração de seu povo estivesse tão

unido, que onde quer que, e entre quem quer

que fosse encontrada uma companhia de

crentes, observadores e admiradores de

espectadores prestassem involuntariamente

este testemunho: "Veja como esses cristãos se

amam!" O mundo nunca, desde a queda, tinha

visto algo assim, e foi dito, agora deve ser visto

117

na Igreja de Cristo; mas, infelizmente! Quão

vagamente e diminutamente em nossos dias.

Deveria ser visto como a característica

inconfundível de todos os professantes, seu

distintivo de identificação, sua marca distintiva.

Quanto há em nossa piedade para produzi-lo!

Deus é amor. Cristo é amor encarnado. A lei é

amor. O evangelho é amor. O céu é amor. Se

Cristo nos amou com um amor maravilhoso e

intenso - quão grande deve ser o nosso amor um

pelo outro! Como aqueles devem amar uns aos

outros, todos os quais Cristo ama com um

carinho tão maravilhoso!

Que intenção ele tinha de nos fazer entender e

sentir isso! "Este é o meu mandamento", disse

ele, "que vocês se amem." Ele destacou isso de

outros preceitos e enfaticamente o marcou

como sua lei especial. Ele fez disso a marca do

discipulado: "Nisto todos saberão que vocês são

meus discípulos, se amarem uns aos outros." Na

perspectiva da cruz, isso estava em sua mente, e

em sua maravilhosa oração, ele suplicou que

seu povo pudesse ser um, que é um em afeto,

como ele estava no Pai e o Pai nele - que o mundo

pudesse saber que o Pai o havia enviado. Oh, isso

deve convencer a mente e tocar o coração de

todo cristão - que o amor fraterno foi projetado

para ser a evidência da missão divina de Cristo.

118

Sim, e se essa graça brilhasse na igreja em toda

sua beleza e glória, seria uma evidência

incontestável da verdade do cristianismo.

Parece ser tão diferente de todo o trabalho do

homem e de toda a sua capacidade de produzir

uma associação tão amorosa, mansa e

harmoniosa de seres humanos que só possa ser

atribuída a um poder divino. Os cristãos

professos consideram suficientemente que, por

sua bondade mútua, depende uma das

evidências do cristianismo?

Tampouco pode escapar da atenção do leitor

mais superficial do Novo Testamento quanto

isso é insistido por todos os seus escritores

inspirados. É o tema constante deles. Nas

epístolas de Paulo, está entrelaçado com todos

os seus outros tópicos, e o amado apóstolo

escreveu quase toda uma epístola, para aplicá-

lo. Amor, amor, amor - é o tema reiterado desses

homens direcionados para o céu. Para uma

exibição desse amor, leia o segundo capítulo de

Atos dos Apóstolos. Infelizmente, infelizmente!

que essa cena deveria ter sido tão transitória

quanto bonita. Se tivesse sido perpetuada, ou

mesmo uma semelhança, como seria diferente

o cristianismo na avaliação do mundo! O

historiador eclesiástico Eusébio relata dos

primeiros cristãos que, quando uma praga

prevaleceu no Egito, "muitos de nossos irmãos,

119

negligenciando sua própria saúde, por excesso

de amor, trouxeram sobre si mesmos os

infortúnios e doenças de outros. Eles haviam

segurado em seus braços os santos moribundos,

depois de fecharem a boca e os olhos; depois de

abraçarem, beijarem e lavarem-se, e adorná-los

com seus melhores hábitos, e carregá-los nos

ombros até a sepultura, eles foram alegres em

receber os mesmos cargos de outros que

imitaram seu zelo e amor". Isso pode ter sido a

imprudência do amor; mas, oh, não foi a sua

manifestação?

Agora vamos olhar para nossas igrejas. Quão

pouco isso tem alguma semelhança com isso,

que encontramos lá! Pode haver afeto,

companheirismo amável e visitas amigáveis

entre certas classes e círculos dos membros, e

isso é o mais longe possível; mas muitas vezes é

pouco mais do que a amizade geral sentida, não

tanto no terreno de um relacionamento comum

com Cristo, como no mero fato de adorar no

mesmo banco e lugar, e de ser membro da

mesma igreja. E há também o xelim sacramental

para o alívio de membros pobres e doentes, que

é, se não uma zombaria da caridade, é um

substituto para ela. Pode haver paz na igreja,

onde há muito pouco amor. Tudo pode ser

inativo. Nenhuma raiz de amargura pode estar

surgindo para perturbar a igreja, e ainda assim

120

pode haver pouco dos frutos do Espírito, que são

amor, alegria, paz. Pode haver distância e frieza,

onde não há hostilidade.

O que eu quero ver mais é um ministério,

amoroso em seu espírito, anexando por suas

instruções, sua influência e seu exemplo, todos

mais próximos um do outro, muitas vezes

inculcando e sempre manifestando amor

fraterno. E os diáconos, cumprindo seus

deveres, não superficialmente, descuidados

com seu tempo, restringindo seu trabalho,

distribuindo a generosidade da igreja com mãos

frouxas e palavras sem coração - mas entrando

nas habitações de seus irmãos doentes e pobres,

como anjos ministradores, com simpatia terna e

compaixão derretida; quem por sua fervorosa

súplica e palavras gentis confortará a alma no

momento exato em que está aliviando as

necessidades do corpo; quem será o conselheiro

dos perplexos e, em caso de angústia, que não

será atendido pela distribuição ordinária do

dinheiro da comunhão, se esforçará para

arrecadar um fundo suplementar; homens,

enfim, que saberão e sentirão que sua vocação é

compaixão e misericórdia ativa. A estes devem

ser acrescentados os membros mais ricos da

igreja, que devem procurar praticamente,

prontamente e generosamente os casos de seus

irmãos mais pobres, visitá-los em suas moradas

121

de tristeza e sentir um privilégio de simpatizar

com eles em suas aflições e aliviar suas

necessidades.

Tampouco é somente nesse modo de visitar os

doentes e aliviar o necessário que o amor deve

se manifestar - mas no modo de

reconhecimento amável e palavras gentis, de

respeito e afabilidade, de lembrança de que, sob

esse traje de pobreza, existe alguém a quem

Cristo ama e a quem eles devem amar por causa

de Cristo. E o amor que torna os ricos realmente

ricos e condescendentes com os pobres fará

com que os pobres respeitem os ricos, reprimirá

toda a familiaridade indevida, toda consciência

intrusiva da igualdade espiritual, toda

expectativa desordenada de observação e

atenção, toda mórbida suscetibilidade de ofensa

por falta de atenção real ou suposta.

Em resumo, o que falta em nossas igrejas é um

sentido mais completo, mais rico e profundo do

amor de Cristo por todos nós, produzindo em

todos um amor mais pleno, mais rico e mais

profundo um pelo outro por esse motivo, e o

pensamento e o sentimento quando olhamos

em volta em uma reunião da igreja, ou à mesa do

Senhor, sobre nossos semelhantes, "todos esses

são professadamente filhos de Deus, redimidos

do Cordeiro, súditos da influência do Espírito.

122

Deus os ama; Cristo os ama; eles são meus

irmãos e irmãs na família de Deus, com eles

devo passar a eternidade; eles são participantes

comigo da mesma fé preciosa e da salvação

comum; todos são um comigo em Cristo". O

amor fraterno significa uma união de espírito e

uma saída do coração para todos os que estão

nesse relacionamento conosco; uma alma cheia

de tais pensamentos, opiniões e

reconhecimentos, e levando a toda a conduta

que eles possam ditar e garantir. Não é isso que

é prescrito no Novo Testamento?

Novamente, pergunto, não há uma deficiência

lamentável disso em nossas igrejas? Estou

ciente de que naqueles que incluem um grande

número de membros, espalhados por toda a

extensão de uma cidade grande, é difícil, se não

impossível, ter esse conhecimento, manifestar

esse reconhecimento e demonstrar o carinho

que poderia ser desejado; mas, mesmo nesses

casos, muito mais pode ser feito para esse objeto

do que se realiza atualmente.

5. Talvez entre as deficiências dos membros de

nossa igreja possa ser mencionado um

considerável grau de ignorância sobre vários

assuntos religiosos importantes. Menciono

primeiro, VERDADE DOUTRINAL. Isso, se a

leitura da Bíblia é negligenciada, é facilmente

123

explicado. Mesmo os sermões, quando não

acompanhados pela pesquisa particular nas

Escrituras, não levarão os ouvintes a um

conhecimento extenso e preciso das coisas

profundas de Deus e da Bíblia. Creio que a

grande massa de nossos membros é, como eles

supõem, ortodoxa na divindade de Cristo, na

expiação, justificação pela fé e regeneração. Ou

seja, eles mantêm firme esses artigos de fé,

embora muitos sejam bastante incapazes de

declará-los ou defendê-los. É surpreendente o

quão pouco conhecimento de ideias bíblicas

existe, que ainda assim sustenta a forma das

palavras sonoras. Se solicitadas provas bíblicas

da autoridade divina do Novo Testamento, ou da

divindade do Salvador; ou, se questionado sobre

a natureza e necessidade da Expiação; sobre a

natureza da justificação e sua distinção da

santificação; na relação do judaísmo com o

cristianismo; sobre os lugares e usos no sistema

cristão de boas obras; ou em muitos outros

assuntos religiosos importantes, eles não

seriam capazes de dar uma resposta inteligente.

Eles podem ser boas pessoas; eles sabem que

são pecadores e que Cristo é um Salvador; pode

estar confiando em seu sangue e justiça para ser

aceito por Deus; mas estão contentes com os

meros elementos da verdade, seus princípios

mais rudimentares. Portanto, seus confortos e

utilidades são limitados, e até sua estabilidade

124

está em perigo. Eles são facilmente levados

pelas objeções plausíveis dos instigadores do

erro, e provavelmente serão levados com todo

vento de doutrina, e com o truque dos homens e

a astúcia daqueles que esperam enganar. O

apóstolo administra repreensão severa a todos

os que estão em Hebreus 5, 6 e também em

Colossenses 2. Tampouco pode escapar ao aviso

de quanto em todas as suas epístolas ele insiste

no crescimento do conhecimento.

Essa deficiência não pode ser explicada em

parte pela falta de mais pregações doutrinárias?

Não é possível tratar as grandes verdades da

piedade de maneira tão atraente que nossos

ouvintes sejam levados a estudá-las com maior

atenção e deleite e compreendê-las de maneira

mais clara e abrangente? Não peço um corpo de

divindade em todo sermão, nem controvérsia

seca em nenhum; Não desejo sermões que

sejam confissões ou artigos de fé - mas que

nutram os ouvintes em sã doutrina. Talvez não

sejam tomados esforços suficientes com os

candidatos à comunhão para doutriná-los na

verdade divina. É claro que não quero dizer que,

no começo, ou mesmo no pós-crescimento, eles

devam ser muitos teólogos profundos - mas

certamente devem ser instruídos em todos os

pontos fundamentais. Estou inclinado a pensar

que perdemos algo em relação a esse assunto

125

pela descontinuação do método catequético de

instruir as crianças. A tendência de grande

parte do ensino moderno, tanto nas aulas da

Bíblia, nas escolas dominicais quanto, talvez, em

alguma medida na pregação, é dar

conhecimento sobre a Bíblia, e não o

conhecimento da própria Bíblia. Admito que até

os fatos menores da história sagrada valem a

pena ser conhecidos. Mas a geografia, a história

natural, a cronologia e as narrativas da

revelação, por mais importantes que sejam, não

podem ser comparadas com o conhecimento da

pessoa e obra do Redentor e as doutrinas que se

aglomeram em sua cruz.

Muitos talvez pensem que eu já disse o

suficiente sobre as deficiências de nossas

igrejas, e talvez estejam quase prontos a olhar

para a exposição com sentimentos de

arrependimento, se não para censurá-la com a

linguagem da queixa. Deus, que vê o coração,

sabe que com muita tristeza e solicitude escrevi

como escrevi. É com amor fiel que escrevi estas

páginas. Não estabeleci nada por caridade nem

espírito de busca de falhas. Acredito que não

exagerei nem caricaturei as falhas dos

professantes - mas dei um relato honesto e

confiável das questões como elas realmente são.

É muito provável que muitos pensem que o

quadro que tirei do estado de nossas igrejas é

126

sombrio demais. Eu gostaria de poder pensar

assim; mas com o Novo Testamento em minhas

mãos, com o sermão de nosso Senhor no Monte

e as epístolas de Paulo, abertos diante de mim,

como o único verdadeiro padrão de piedade

cristã, estou convencido de que, se eu disse

muito pouco de nossas excelências, eu não falei

muito de nossas falhas e deficiências. Eu não

sou, nunca fui, e espero nunca ser, o homem

que lisonjeia os cristãos professos em uma alta

opinião deles mesmos. Aponto pontos, não para

expor - mas para removê-los. Quero ver nossas

igrejas, que, como se sabe, falam muito da

pureza de sua comunhão, destacando-se diante

de todas as outras, investindo de maneira

comum nas belezas da santidade. Eu quero

aproximá-los do padrão do Novo Testamento.

No meu tempo de vida, e com minhas

enfermidades, não falarei muito e me sinto

compelido a falar com ousadia e clareza.

À luz de todas as considerações feitas por John

Angell James só podemos concluir juntamente

com ele, que de fato, cabe a cada crente sempre

refletir sobre o seu próprio estado de

espiritualidade e santidade, para o bem de toda

a Igreja, para que não se incorra nas severas

admoestações e disciplina a que Jesus sujeita a

todos aqueles que andam contrariamente com

Ele, conforme podemos ver por exemplo no que

127

dirigiu às Igrejas citadas no livro de Apocalipse,

e especialmente à de Laodiceia, que bem retrata

o espírito prevalecente em nossa própria época.

“14 Ao anjo da igreja em Laodiceia escreve: Estas

coisas diz o Amém, a testemunha fiel e

verdadeira, o princípio da criação de Deus:

15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem

quente. Quem dera fosses frio ou quente!

16 Assim, porque és morno e nem és quente

nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha

boca;

17 pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso

de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz,

sim, miserável, pobre, cego e nu.

18 Aconselho-te que de mim compres ouro

refinado pelo fogo para te enriqueceres,

vestiduras brancas para te vestires, a fim de que

não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e

colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.

19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê,

pois, zeloso e arrepende-te.

20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir

a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa

e cearei com ele, e ele, comigo.

128

21 Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no

meu trono, assim como também eu venci e me

sentei com meu Pai no seu trono.

22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz

às igrejas.” (Apocalipse 3.14-22).