O Filme Pode ser Considerado Como uma

alegoria do Brasil Moderno, um Brasil que tem que dar respostas

para a crise de representação do poder,

do esvaziamento dos projetos alternativos e

uma nova reflexão sobre a sociedade de consumo.

O Filme realizado em 1969 é baseado no Livro Homônimo de Mario de

Andrade escrito em 1928. É a expressão sobre a realidade e o folclore brasileiro,

sua estratégia era usar as formas populares em um nível erudito,

buscando a síntese entre a arte popular e a erudita e alcançando o povo através

de sua própria produção cultural. O Filme se insere dentro do contexto do

tropicalismo e pode ser pensado como símbolo do brasileiro que nasce sem infância, exposto ao mundo, com a sobrevivência enrolada no pescoço.

Macunaíma nasce de uma mãe velha, masculina e branca. Ele é negro e já

formado, não é uma criança. Não se sabe quem é o pai e a

mãe não tem nenhuma dificuldade em parir, muito

pelo contrário, ela está de pé e ele cai de dentro de seu

vestido. Ele não é descendente de nenhum

Deus, ele parece nascido da própria terra.

Macunaíma passa mais de seis anos sem falar e seu

divertimento maior é decepar formigas, também apresenta um apetite sexual incomum

para sua idade, e uma esperteza inata. Na sua

infância , como no caso de sua transformação em príncipe

quando fuma o cigarro mágico, não é só superficial, sua roupa é feita de papel e ele logo volta a ser a criança

negra que se diverte com uma chupeta e come terra.

Macunaíma é um herói sem causa, morre em vão, é Símbolo de um Brasil sem projeto, em

crise com sua identidade. Um país sem uma noção forte de coletivo é um país

que tende pra autodestruição, um país que devora a si

mesmo.