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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - FANTASMA O fantasma do Paquetá Verídica ou não, a notícia tomou conta da cidade de Santos, causando rebuliço sobretudo à gente que morava nos bairros do Paquetá e Vila Nova . Conta Olao Rodrigues, em sua Cartilha da História de Santos (1980): Imagem: desenho de Araújo, publicado com o texto Julho de 1900. Afirmava-se que havia um fantasma no portão do Cemitério do Paquetá , na Rua Dr. Cócrane. Surgia à meia-noite, rondava o local por espaço de meia hora e retirava-se a passos lentos pela Rua Bittencourt. Era mulher, ora trajada de preto, ora de branco. Vinha pelos lados da Rua S. Francisco, quedava-se diante do portão do campo santo, acenava com lenço branco para seu interior e colocava a peça retangular de tecido aos olhos por baixo do véu que lhe cobria a cabeça, como a enxugar uma lágrima. Foi o grande assunto. Boa parte dos que haviam afluído às imediações do Cemitério do Paquetá jurava de pés juntos haver visto o fantasma, enquanto outras pessoas atribuíam o fato à imaginação, cisma ou superstição. Certo é que as queixas aumentavam na repartição policial, cujo chefe, major Evangelista de Almeida, decidiu dar caça ao fantasma, ordenando que um pelotão de praças da Cavalaria permanecesse durante toda a noite diante do portão do Cemitério, onde o povo acorreu com curiosidade para apreciar o inusitado espetáculo de a Polícia prender uma alma-do-outro-mundo. Nessa noite, porém, o fantasma não se dignou a aparecer. Em compensação, os cavalarianos deram show à parte, dispersando brutalmente o povo, agredindo-o a chicote e a espada. O jornal A Tribuna, em sua edição de 28 de julho de 1900, ou no dia imediato, lançou enérgica nota de protesto contra tal ato de selvageria da Polícia. Ninguém mais quis ir às imediações do Cemitério do Paquetá, temendo novos golpes de violência dos cavalarianos. E o fantasma também deu o sumiço... A história de um fantasma junto ao Cemitério do Paquetá foi tema de comentários no jornal Cidade de Santos (terceiro com esse nome, que circulou de 29/9/1898 a cerca de 1911), na primeira página da edição de sábado, 28 de julho de 1900 (grafia atualizada nesta transcrição - exemplar conservado na Hemeroteca Municipal de Santos): Create PDF files without this message by purchasing novaPDF printer (http://www.novapdf.com)

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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - FANTASMA

O fantasma do Paquetá

Verídica ou não, a notícia tomou conta da cidade de Santos, causando rebuliço sobretudo à gente que morava nos bairros do Paquetá e Vila Nova. Conta Olao Rodrigues, em sua Cartilha da História de Santos (1980):

Imagem: desenho de Araújo, publicado com o texto

Julho de 1900. Afirmava-se que havia um fantasma no portão do Cemitério do Paquetá, na Rua Dr. Cócrane. Surgia à meia-noite, rondava o local por espaço de meia hora e retirava-se a passos lentos pela Rua Bittencourt. Era mulher, ora trajada de preto, ora de branco. Vinha pelos lados da Rua S. Francisco, quedava-se diante do portão do campo santo, acenava com lenço branco para seu interior e colocava a peça retangular de tecido aos olhos por baixo do véu que lhe cobria a cabeça, como a enxugar uma lágrima.

Foi o grande assunto. Boa parte dos que haviam afluído às imediações do Cemitério do Paquetá jurava de pés juntos haver visto o fantasma, enquanto outras pessoas atribuíam o fato à imaginação, cisma ou superstição. Certo é que as queixas aumentavam na repartição policial, cujo chefe, major Evangelista de Almeida, decidiu dar caça ao fantasma, ordenando que um pelotão de praças da Cavalaria permanecesse durante toda a noite diante do portão do Cemitério, onde o povo acorreu com curiosidade para apreciar o inusitado espetáculo de a Polícia prender uma alma-do-outro-mundo. Nessa noite, porém, o fantasma não se dignou a aparecer.

Em compensação, os cavalarianos deram show à parte, dispersando brutalmente o povo, agredindo-o a chicote e a espada. O jornal A Tribuna, em sua edição de 28 de julho de 1900, ou no dia imediato, lançou enérgica nota de protesto contra tal ato de selvageria da Polícia. Ninguém mais quis ir às imediações do Cemitério do Paquetá, temendo novos golpes de violência dos cavalarianos.

E o fantasma também deu o sumiço...

A história de um fantasma junto ao Cemitério do Paquetá foi tema de comentários no jornal Cidade de Santos (terceiro com esse nome, que circulou de 29/9/1898 a cerca de 1911), na primeira página da edição de sábado, 28 de julho de 1900 (grafia atualizada nesta transcrição - exemplar conservado na Hemeroteca Municipal de Santos):

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Imagem: reprodução parcial do jornal Cidade de Santos de 28 de julho de 1900

Acervo: Hemeroteca Municipal de Santos

Respigando

Não sou daqueles que negam absolutamente certas aparições e nem é possível negar, porque quem acredita na existência de outra vida, naturalmente, sanciona a possibilidade do aparecimento de visões, ou melhor, de espíritos que vêm ao mundo, em suas formas mais puras.

Entretanto, não serei eu quem vá acreditar no aparecimento do fantasma do cemitério do Paquetá e acho mesmo que é grave tolice afirmar a sua existência.

Os espíritos atrasados que se deixam emocionar por notícias adrede preparadas, são sujeitos a desvarios, a falsas visões que, em dados momentos psicológicos, podem determinar desarranjos mentais de gravidade.

O fantasma do cemitério do Paquetá não passa de uma brincadeira de mau gosto que tem determinado muita gente sair fora de horas dos seus lençóis para verificar a sua veracidade.

Ora, não é justo que a imprensa assim incomode a população e dê trabalho à polícia para manter a ordem a horas mortas da noite.

A missão do jornal é, às vezes, bem diversa do que deveria ser e não se compreende como em uma cidade civilizada se deixem embalar por fantasias dessa ordem.

O que se está dando durante as noites, nos arredores do cemitério, necessário se torna coibir para evitar fatos de maior gravidade, porque licitamente a polícia não pode permitir a aglomeração de povo, fora de horas, quanto mais que os imprudentes não faltam nessas ocasiões.

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Acertada anda a polícia pondo cobro a semelhantes arruaças à meia noite e bem andará a imprensa aconselhando ao povo que fique em casa, porque os fantasmas dificilmente podem aparecer às multidões.

Se realmente houvesse alguma coisa fora do natural, para quem conhece as condições necessárias às revelações de além túmulo, facilmente verificaria que, se o fantasma aparecesse para uma ou duas pessoas, só excepcionalmente se revelaria a um grande número de pessoas, com crenças indefinidas.

Os aparecimentos de qualquer visão às multidões são casos pouco conhecidos, o que não dá com aparecimentos de entes queridos às pessoas queridas, mas, isoladamente, ou em reuniões revestidas de caráter íntimo, onde a concentração determina o estabelecimento das correntes fluídicas que põem em contato as forças psicológicas, que mal começam a ser estudadas e conhecidas.

O simples caráter de curiosidade que predomina nas pessoas que concorrem a uma reunião, como a que ontem vimos no cemitério do Paquetá, era uma força mais que necessária para repelir qualquer comunicação entre as forças astrais que vagam nos espaço nas proximidades da terra. Explicados os fatos por esse prisma, que é hoje uma ciência experimental como o têm demonstrado os sábios do mundo inteiro que se têm dedicado ao estudo das forças ocultas, fácil é verificar-se que no cemitério do Paquetá não tem aparecido fantasma algum e a insistência em se propalar semelhante tolice só traz prejuízos à sociedade e deve ser coibida pela polícia.

Aqueles que, escudados nas opiniões de Allan Kardec, Crooks, Rochat, Assakoff e tantas outras notabilidades científicas, acreditam em uma relação íntima, presidida por força incontestável, entre a humanidade terrestre e a espiritual, não podem sancionar o sacrílego princípio que preside a divulgação dessa enorme mentira do fantasma do Paquetá.

As pessoas bem intencionadas que se não deixem embalar pela fantasia dos noticiaristas e fiquem em suas casas, na cama que é lugar quente.

Rizote.

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Imagem: reprodução parcial do jornal Cidade de Santos de 28 de julho de 1900

Acervo: Hemeroteca Municipal de Santos

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O Fantasma

Natural curiosidade tem conduzido muitos habitantes desta cidade aos arredores do cemitério do Paquetá, desejando ver o fantasma que dizem ali aparecer.

Da curiosidade, porém, passaram ao abuso e ontem algumas pessoas pretenderam escalar os muros e penetrar no cemitério.

A força de cavalaria ali postada, para prevenir qualquer acontecimento, conseguiu dispersá-las, tendo recebido instruções para não consentir agrupamento nas imediações.

Ilustração publicada com essa coluna, em 28/7/1900

Badaladas

[...]

***

- Vamos ver o fantasma?

- O quê? Já não bastam os que eu vejo de dia.

- Julgava-os somente noturnos.

- Não preciso ir ao Paquetá. Estão ali um, dois, três...

- Quem?

- Os meus cadáveres.

***

[...]

Padilha

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Imagem: reprodução parcial do jornal Cidade de Santos de 28 de julho de 1900 Acervo: Hemeroteca Municipal de Santos

No dia seguinte, domingo, 29 de julho de 1900, o tema continuava em destaque na edição 534 do mesmo jornal Cidade de Santos (grafia atualizada nesta transcrição - exemplar conservado na Hemeroteca Municipal de Santos):

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Foto: reprodução parcial do jornal Cidade de Santos de 29 de julho de 1900

Acervo: Hemeroteca Municipal de Santos

Através da semana

Um fato notável, apenas.

Apenas um fato envolto no sudário do incognoscível, singular, misterioso, preocupou a atenção dos nossos habitantes, quebrando a monotonia soturna das nossas ruas, enchendo de pavor os espíritos tímidos e dando asas à fantasia dos cronistas.

Nota dominante, única, no perspassar dos dias da semana, ela relembra as histórias de duendes, que ternas mães sabem contar, fitando amorosamente o seu ídolo que adormece ao balançar isócrono de ideal bercinho.

Bordar uma crônica, procurar festões de gala e recorrer ao assunto predileto e de atualidade - o Fantasma! - exclama o espectro da obrigação, em frases bifrontes a ambíguas, como o oráculo de Delfos.

***

Confesso, e não ria, leitor amigo, da minha pueril fraqueza, não resisti ao fluído magnético da curiosidade e me deixei levar para as proximidades do campo santo, antevendo quadrilhas macabras de esqueletos e quejandas imbecilidades.

À plangência lúgubre do sino, indicando a hora mística e tétrica da meia noite, já lá me achava, irritadiço, praguejando à luz amortecida da City, distribuída com a prodigalidade avara de inglês, e sem experimentar o menor resquício de

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comoção ou de pavor.

Brotou de uma campa, como a fonte cristalina da rocha alvadia - ele - o Fantasma, envolto na mortalha que levara para ali.

Moço ainda, cabelos anelados, olhos grandes e pretos como o ébano, onde se espraiam indiscretas lágrimas, lágrimas talvez, cruciantes, de uma saudade infinda.

Num andar compassado e lento, lento e contínuo, passou por mim, deixou cair, não sei se propositalmente, alguma coisa, e desapareceu.

Aguçou-se a minha curiosidade: apanhei o objeto fantástico, abri o receptáculo e encontrei um bilhete misteriosamente escrito, numa caligrafia divinamente talhada:

"Mentiu o genial poeta: Amor não é a vida. Acertou o divino Dante: O amor conduz a uma morte".

Eis, portanto, amáveis leitores, decifrado o misterioso enigma, descoberto o segredo da alma penada do Paquetá.

É a saudade do ente amado que a faz vagar. Deixai em paz, portanto, a assustadora visão e repeti comigo:

"Lasciate ogni speranza, ó voí que entrate." (N.E.: SIC: mistura de italiano e latim. Em italiano: "Lasciate ogni speranza, voi ch'entrate". Em latim: "Lachiáte ônhi speránza, vói qu'entráte". Significado: "Deixai aqui toda a esperança, vós que entrais" - inscrição na porta do inferno, segundo a obra Divina Comédia, de Dante Aliguieri).

***

[...]

Ximenes Júnior

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Imagem: reprodução parcial do jornal Cidade de Santos de 29 de julho de 1900

Acervo: Hemeroteca Municipal de Santos popular, pois só existirão histórias de fantasmas e lendas onde existirem seres humanos bem vivos.

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Durante os preparativos para a teatralização da história de "Maria a Maracajá", em 2007,

verificou-se coincidentemente que, na área destinada à Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, à direita de quem entra no cemitério, existe de fato um jazigo da família Maracajá

Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007

Casario é testemunho de uma época

Segundo o professor Francisco Carballa, provavelmente durante a segunda década do século XX o Largo do Cemitério desapareceu, sendo loteado, como se pode ver nas datas das construções que resistiram ao tempo, como a da Floricultura Imperial (de 1915), situada na Rua Dr. Cochrane, em terreno antes ocupado por aquele Largo:

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Parte superior da fachada da Floricultura Imperial, vendo-se a data de construção, 1915

(o que indica que já nesse ano o Largo do Cemitério não mais existia nesse local) Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007

Ainda segundo o professor Carballa, o gradil e o grande portão encimado por uma cruz, que se dividia ao meio quando era aberto, cedeu lugar a um portal majestoso, onde se pode ler a inscrição em Latim, idêntica à das catacumbas de Calixto de Roma, que foi retirada do Salmo nº 4, versículo nº 9: "In pace in idipsum dormiam et requiescan".

Na tradução, lemos: "Apenas me deito, logo adormeço em paz,..." - como se fosse uma afirmação do sono eterno dos mortos e para pôr termo as histórias de fantasmas no Paquetá...

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Inscrição latina no moderno órtico do Cemitério do Paquetá

Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007

Esta casa, situada na confluência da Rua Dr. Cochrane com a Avenida São Francisco, é de 1900, mesmo ano das aparições fantasmagóricas:

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Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007

No frontispício, a data: 1900:

Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007

Defronte, na mesma esquina, outro conjunto de casas, algumas delas contemporâneas dessa história. Em uma delas viveu Elvira Lopez, na época das aparições do fantasma do Paquetá:

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Fotos: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007

Vários quadros representam a figura do Fantasma do Paquetá. O primeiro deles foi perdido no incêndio da capela do Cemitério do Paquetá, no final do século XX. Em 1995 foi recriado esse quadro, pelo mesmo professor de História e pesquisador Francisco Carballa, que pintou o primeiro e agora em 2007 finalizou uma terceira versão, também a ser doada à administração daquele cemitério, em substituição ao anterior:

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Quadro pintado por Francisco Carballa em 1995,

exposto na sala da administração do Cemitério do Paquetá Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007

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Quadro que está sendo pintado por Francisco Carballa em 2007, ainda não finalizado

Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 14/7/2007

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O professor e o quadro, ainda incompleto, durante a teatralização da história em 2007

Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007

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A "fantasma" Mirella e o quadro, em pose especial para o fotógrafo do Jornal da Orla

Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007

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O quadro, completado em 26/7/2007 por Francisco Carballa, pronto para a entrega ao Paquetá

Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 26/7/2007

Existe uma nomenclatura específica para classificar os diferentes tipos de aparições, e uma forma específica de tratar cada uma delas, segundo a mitologia popular, como explica o professor e pesquisador santista Francisco Carballa:

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Fantasmas e mitos populares

Não existe lugar no mundo que, por mais culta que seja sua população ou instruída em determinada religião, entre os milhares que foram criados pelo ser humano, que não se conte uma história sobrenatural de aparições do além, geralmente de pessoas mortas ou animais ligados a elas.

Preferindo lugares ermos onde a sugestão da mente age, ocorrem as aparições, com várias explicações populares para os tipos das mesmas ou ações para afastá-las. Existe até a famosa frase de mau gosto, quando se ouve um sino ou relógio soar doze badaladas da noite: "Meia noite, doze badaladas, hora das almas penadas..."

Fantasma é um espírito que se apresenta sob uma forma agradável de ser vista, mas está preso em um lugar e precisa ser ajudado a seguir seu caminho depois de resolver algo que foi incumbido ou deixou de fazer e se soltar nos cosmos (seria o caso do Fantasma do Paquetá).

Fantasmas também seriam guardiões de uma responsabilidade que já não lhes pertence. Para afastá-los, basta fechar a tampa de um baú com força; não o tendo, poderá ser a porta do guarda-roupa, que surtirá o mesmo efeito, o sentido talvez seja do barulho que provocará a sensação do momento em que é lacrada a caixa funerária e isso representa a realidade que o espírito não quer enfrentar.

Espectros, com forma horrível, são fantasmas que estão sofrendo psicologicamente após a morte, sendo assim apegados ao que restou de seu corpo, daí a forma decadente com que se apresentam (como o exemplo de Plínio o Novo no século I).

Às vezes, só vão embora quando descobrimos o que querem mostrar, desde um objeto importante até o lugar onde está o seu corpo - motivo pelo qual estão presos aqui ou paralelamente vivendo entre o umbral (local escuro) em que estão presos e a terra. Quando migram para este lado, em busca de libertação ou condenação, quando são obrigados a fazer sexo sem sentir o prazer, presos ao corpo de dois amantes, beber sem sentir o gosto quando estão ligados ao corpo do alcoólatra ou fumante; em alguns casos, querendo reparar um erro, libertando a pessoa da possibilidade de cair no mesmo, o que seria justamente seu preço para se libertar no cosmos.

Poltergeisters são energias fortes emanando de um ponto em comum, que poderá ser um adolescente na fase de maturação sexual ou pessoa que está passando por uma emoção muito forte, principalmente uma obsessão amorosa, mesmo que seja de idade já adiantada. O subconsciente dessa pessoa liberará energia que causará projeções e coisas estranhas, inclusive a queima de eletrodomésticos, como é comum nas casas, principalmente naquelas em que residem adolescentes que estão acordando para o sexo.

Devemos tomar cuidado com objetos impregnados de energia, que devem ser lavados ou retirados do lugar, pedras de sal grosso nos cantos dos cômodos ajudam a neutralizar essas energias, mas o certo é eliminá-las, e um modo mais eficaz é evitar a entrada de pessoas que estejam causando esses fenômenos que deixarão o ambiente impregnado.

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Ocorre o risco do efeito Poltergeister causar a autocombustão. Por isso, quando se trata de mulheres, nas quais a incidência desse tipo de mal é mais comum, elas devem ser tratadas e as emoções fortes trabalhadas para neutralizar esse perigo, a que serão expostos todos os bens da casa. Inclusive, uma forma de condução dessa energia é o próprio telefone, salvo que não transporá jamais a linha do Equador. Também pode viajar pelas ligações de cobre, elétricas ou objetos que estão imantados e energizados pela pessoa, que poderão ser desde jóias até ornamentos e roupas.

Corpos etéreos são apenas projeções de algum móvel, imóvel e criatura, geralmente demoram em se diluir no tempo, mas continuam ocupando um espaço estático através dos séculos. Por isso, muitas cenas são vistas e na verdade não são assistidas pelos protagonistas das mesmas (caso do fantasma da fidalga do Castelo de Pambre, no caminho de Compostela).

Por isso, o suposto fantasma fala, mas não se dirige a você e sim ao seu tempo perdido no cosmos; nós podemos até entender o que diz, mas não é para nós e sim para o tempo em que ocorreu o ato. Por esse motivo, um navio naufragado ocupará o espaço por milênios com seus cadáveres, mas já estará diluído e transformado no material que irá gerar a nova vida.

Na Idade Média ocorria uma aparição bem diferente de fantasmas, ligados ao desejo sexual reprimido pela sociedade. Eram aparições estranhas de entidades ligadas ao sexo, ou seres humanos aproveitando-se dessa história.

Súcubo, espírito de forma feminina muito formosa e que atende às fantasias de um homem, fará sexo com ele recolhendo seu esperma e tornando à sua forma masculina. Íncubo, espírito de homem geralmente formoso e bem dotado que atenda aos desejos de uma mulher, fará sexo com ela usando o esperma recolhido de um homem por não poder produzi-lo. Ambos são espíritos presos ao sexo.

A aparição do Fantasma do Paquetá foi teatralizada na manhã de 19 de julho de 2007, especialmente para Novo Milênio e a reportagem do Jornal da Orla. Os atores Mirella Jimenes Martello e José Marques de Oliveira Neto, junto com o figurante Francisco Carballa, recriaram a cena com base nos antigos depoimentos, com a única diferença importante de a encenação ter sido feita à luz do dia.

Na busca de locações para as cenas, foi descoberto existir naquele cemitério o jazigo da família Maracajá, mesmo sobrenome citado pelos antigos moradores da região como sendo o do "fantasma" de 1900:

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Fotos: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007

A aparição do Fantasma do Paquetá foi teatralizada na manhã de 19 de julho de 2007, especialmente para Novo Milênio e a reportagem do Jornal da Orla. Os atores Mirella Jimenes Martello e José Marques de Oliveira Neto, e o ator coadjuvante Francisco Carballa, recriaram a cena com base nos antigos depoimentos, com a única diferença importante de a encenação ter sido feita à luz do dia.

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Exatos 107 anos da última aparição registrada do fantasma, o vídeo com a teatralização da história estréia na Internet:

Títulos do vídeo criado em 26/7/2007 por Novo Milênio.

Clique na imagem acima ou >>aqui<< para obter o arquivo em baixa resolução formato Windows Media Video (WMV) com 13,6 MB, duração de 4'00" - tela de 640x480 pixels, com som

Este vídeo também pode ser visto com qualidade superior (47,4 MB) no >>YouTube<<

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José Marques de Oliveira Neto, Francisco Carballa e Mirella Jimenes Martello,

com os trajes de época, para a teatralização da história Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007

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A aparição do Fantasma do Paquetá e sua teatralização foram assim registrados pelo semanário Jornal da Orla, na edição de 28 e 29 de julho de 2007:

Foto: Luiz Fernando Menezes, publicada com a matéria

A volta do fantasma do Paquetá

Vitor Gomes de Andrade Silva

Após exatos 107 anos sem dar as caras, o fantasma do Paquetá "reaparece" no mais nobre cemitério da cidade. Trata-se de um curta-metragem, simulando uma suposta manifestação do ser evanescente que assombrava as imediações do cemitério do Paquetá no início do século passado.

Suas supostas aparições já renderam diversos comentários na Cidade, o que lhe deu grande fama. E esta popularidade lhe garantiu textos no Almanaque de Santos (1970), na Cartilha da História de Santos (1980) e, até mesmo, em várias matérias de jornais locais. No entanto, de acordo com o historiador e pesquisador santista Francisco Vazquez Carballa, a verdadeira história de vida do fantasma nunca foi apresentada, e ele diz conhecê-la.

Há cerca de dez anos, Vazquez Carballa iniciou um trabalho de registro de dezenas de histórias e lendas relacionadas aos fantasmas santistas, todas baseadas em documentos e entrevistas de pessoas que presenciaram e viveram na época dos acontecimentos. Mas, de todas elas, a que mais lhe chama a atenção é a do fantasma que vagava no mais nobre cemitério da Cidade. "Tenho um carinho muito especial pela narrativa de vida e de morte de Maria M.,

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popularmente conhecida como o fantasma do Paquetá. Ela é fantástica, pois envolve um amor proibido, muitos mistérios e tabus sociais", conta o historiador.

O historiador Francisco Vazquez Carballa pesquisa a sina do fantasma do Paquetá há dez anos:

narrativa envolve amor proibido, mistérios e tabus sociais Foto: Luiz Fernando Menezes, publicada com a matéria

Conforme Vazquez Carballa, o corpo áureo, que, na época de suas aparições provocou grande alvoroço, foi da jovem beata Maria M., que viveu em Santos, no

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final do século 19. "A moça teve um filho com um clérigo ligado à Velha Igreja Matriz de Santos. Pouco tempo depois de seu nascimento, a criança faleceu (na época havia alto índice de mortalidade infantil). E, por vergonha do modo como foi gerada, ela foi discretamente enterrada", revela Vazquez Carballa.

"Algumas pessoas que viveram nas imediações do cemitério (como a centenária Matilde das Neves, que morou na Rua Dr. Cócrane, 179; Maria do Rosário e Clovis Benedito de Almeida), disseram que, naquela época, como se fosse um ritual, a mulher religiosa ia, diariamente, ao cemitério chorar a morte da criança, sempre por volta da meia-noite. Este momento era o mais apropriado, já que, neste horário, a maioria das pessoas estava dormindo no aposento de suas casas", explica o historiador.

Conforme Carballa, a devota mulher vinha da esquina da Rua São Francisco de Paula, seguia vagarosamente pelo gradil do cemitério, na Rua Dr. Cócrane, dirigia-se até o portão principal. Lá, ajoelhava-se, trajando seu típico vestido da época. Lentamente, ela levantava o seu grande véu (semelhante ao de Verônica, da Semana Santa), com um lenço enxugava as lágrimas e acenava para dentro do cemitério, em direção à capela. E era exatamente ali que ficava a quadra dos túmulos de crianças.

Ele diz, ainda, que na época não havia velório na capela do cemitério. Desta forma, a beata, assim que acabava sua manifestação de dor, retirava-se rapidamente para a Rua Bittencourt e, logo, desaparecia. "Pouco tempo depois da morte de seu filho, a pobre mulher faleceu de tristeza e solidão", conta.

No entanto, mesmo após o sigiloso enterro às pressas de Maria M., muitas pessoas ainda viam a beata no cemitério. E foi nas frias e escuras noites de julho de 1900 que a população local notou estranhas e macabras características na mulher, típicas de um espírito evanescente. "A partir deste momento, o que as pessoas viam não era a mulher, mas sim as aparições de seu fantasma", explica Carballa.

Para conferir o curta, acesse o site Novo Milênio (http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0014.htm).

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Foto: Luiz Fernando Menezes, publicada com a matéria

Episódio virou caso de polícia

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De acordo com os relatos do jornalista Olao Rodrigues, na Cartilha da História de Santos (1980), em meados de 1900, um fantasma de uma mulher de longos cabelos negros, que caíam sobre as costas, fazia o mesmo trajeto realizado por Maria M., quando, em vida, visitava o Paquetá. O assunto foi tão comentado que as queixas na repartição policial aumentavam a cada dia.

Com a intenção de pôr fim àquelas histórias de aparições, o então chefe da repartição policial, o major Evangelista de Almeida, ordenou que um pelotão de praças da cavalaria fizesse plantão durante a fria noite de 27 de julho de 1900, em frente ao portão do cemitério.

Naquela madrugada, não houve aparições fantasmagóricas. No entanto, uma platéia de munícipes curiosos, que desejava presenciar a captura do fantasma, acabou sendo expulsa do local a chicotadas, porretadas e, até mesmo, golpes de espadas dos cavalarianos. No dia seguinte (28 de julho de 1900), os jornais A Tribuna e Cidade de Santos publicaram textos sobre o fato.

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Imagem: reprodução da primeira página do Jornal da Orla de 28 e 29/7/2007

Link http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0014a.htm

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