o excluído: a historia de mc orfeu parte i caps 1 e 2

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Leia os capítulos 1 e 2.

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Esta é a história da minha vida.

Coisas boas aconteceram.

E as que não foram, por mais que queira, não dá para mudá-las.

CAPÍTULO 1

Não pensei que isto seria possível novamente... Não depois de

tudo o que aconteceu... Um novo show... Depois de tanto tempo... E é O

SHOW! Qual foi o numero da geral, dessa vez? Acho que têm 40 mil

pessoas neste estádio, pra me ver na pista.

Com toda essa emoção, surgem imagens da minha trajetória...

Como um pequeno filme em minha cabeça... Há pouco tempo,

praticamente não tinha nem o que comer... E agora tô aqui, com toda

esta ostentação!!!

Gosto de fazer um esquenta, remexer o esqueleto...

“Brilhe, brilhe no seu todo... Com mais claridade que conseguir”.

Mas é hora de concentrar... Mostrar que estou de volta e porque

sou o que sou... Este pedaço é meu... Adrenalina na veia, eu tô com

tudo, tô chegando e é pra ficar... Solta o som, DJ Risadinha!!!

As dançarinas me acompanham no ritmo, e dançam pacas com

toda ginga, a galera no geral acompanha o show, cantando e dançando,

numa alegria contagiante.

Para um momento desses, não tinha jeito... Tive que voltar a dar

a puxada no camarim antes de tudo começar, é claro... E aí fica mais

fácil...

Esse show está milgrau... Todos estão acompanhando o papai

aqui, num coro só... Mas, por que o pessoal tá tretando ali, nos

bastidores? Tem alguns que não parecem ser da segurança, apesar de

serem massa...

No relance, vejo a Mel, parece que está emotiva... Cara de

choro... Ela está olhando para mim... Deve ser que meu agito é bom

demais... É tão bom que as pessoas até se derretem, não se aguentam...

Ê, laia!!!

Ops, olha os quatro-por-quatro de novo... Estão conseguindo

espaço e chegando mais perto... Que sinal é esse, para eu sair? Tão

malucos? Como posso parar de cantar? Cadê aquele Risadinha? Ele não

filtra mais os empregados?

Deixa eu dar o passinho 360º triplo, que deixa a galera arrepiada

e esqueço desses palhaços... Da direita para esquerda... Um, dois, lá

vai...rodandooooooo... Eita, %$#@!!!!... Que é isso??? Esse cara aqui na

pista???

Sai prá lá, Mané! Era o que faltava... Ao invés de novinhas, um

quatro-por-quatro vem tirar lasca de mim... Como eu tiro ele daqui???

Caramba, estão vindo mais, proliferando como formiga...? Eita,

fazia tempo que não usava esta... Onde estão os seguranças?

“Meu” que isso!!! DJ Risadinha, tenta abafar, abaaaaafa... Faz a

galera vibrar com seu som maneiro, faz alguma coisa... Mas me tira

desta. #ficaadica.

Mané desconhecido: Sr. Orfeu, o Senhor precisa vir conosco.

− Quêêêê!!! Ir com vocês?! Não tá vendo que estou no meio do

show? Sai prá lá!!! Seguranças, cadê vocês???

Mané desconhecido: Senhor Orfeu, se não nos acompanhar por

bem, teremos que usar a força...

− Força??? Você vai ver minha força... E dou um empurrão nele,

confiando também nos trutas da (minha própria) segurança que agora

vieram no palco... Que zona!!

O show parou, e geral tá olhando, não estão entendendo nada...

Nem eu... Está um empurra-empurra... Não, cara! Abaixa essa arma, que

aqui é tudo sangue bom... Vou te processar, não sabe que...

AAAAHHHHHH!!!!!!!

Houve um estalo... Foi uma arma... A galera começa a correr...

Fui atingido.

CAPÍTULO 2

Sou conhecido como Orfeu. Moro na favela Paraisópolis desde

que nasci, o segundo irmão de uma família de cinco filhos. Tem o Pedro,

um ano a mais do que eu e o Paulão, com um e pouco a menos... Além

das duas novinhas, Paloma e Paty.

Ah, não falei meu nome... Chuta! Se todos os outros começam

com “P”, o meu só poderia ser...? Patrick!

Bem, a história do meu apelido começou numa manhã fria e

chuvosa de inverno, quando estava indo para escola, na quarta série.

E correndo nas vielas de lama, sem guarda-chuva, acabei

escorregando, caindo e me sujando todo... Mesmo assim, continuei o

meu trajeto... Afinal, tinha prova de recuperação para quem precisasse

naquele dia – e era o meu caso.

Ao chegar atrasado, a professora não deixou entrar na aula... E

isso tudo depois de já ter levada a “senhora bronca do ano” da inspetora,

por minha insistência de tentar entrar.

Sento num banco que tinha no corredor triste e vejo lá na ponta a

Maria Clara. Como posso descrevê-la? Ela tinha uns óculos enormes,

cabelos bagunçados e usava chiquinhas, ou seja, a menina mais nerd da

sala... Melhor, que já conheci na vida!

Vou até ela e pergunto:

− Você também não conseguiu entrar na sala para fazer a prova?

Maria Clara: Tirei duas notas excelentes e não precisava de mais

nenhum pontinho. Estou aqui estudando a matéria do próximo ano.

− Que bom pra você, Maria!

Mas penso: Sua chiquinha nerd sem graça!!!

Sem fazer nada, começo a bater no banco, “tipo batuque” e

cantar bem baixinho. E, tipo do nada, Maria Clara chega.

Maria Clara: Cante mais alto para eu ouvir.

Sem hesitar, começo a cantar para ela. Ao ver que estava

gostando, vou dançando juntamente. E isso levou vários minutos.

Maria Clara: Você canta muito bem, parece o Orfeu da mitologia

grega que estou lendo.

− Como é este aí?

Maria Clara me descreve Orfeu e a mitologia por muito tempo...

E foi assim que me encantei com a história e me intitulei “o

próprio Orfeu” e pedi aos meus amigos para me chamarem assim... Aos

poucos, foi pegando e pegou.

Simples, coisas de criança, mas real!

Mas voltando a minha família, meu pai é um homem muito chato,

distante e minha mãe uma mulher que vive só para ela, uma mulher

cheia de rancor com a vida. Vivo em um lar cheio de conflitos... Mesmo

com tantas pessoas na casa, cada um se sente isolado e solitário.

Essa história de música e dança sempre mexeu comigo... Sempre

curti desde que eu me lembro por gente, andando sozinho nas ruas de

Paraisópolis, a procura de comida e carinho.

Não podia ouvir um pancadão, um som alto ou até mesmo baixo

que começava a dançar e imitar o cantor, não importava a categoria.

Ficava numa academia, um galpão enorme, onde os de maior e

alguns menores se juntavam lá, pra ficar bombado... E lá também tinha

aula de dança.

E, sem os funcionários da academia perceber, eu entrava

escondido, no meio das pessoas, para assistir as aulas de danças. E

quando voltava pra casa, me acabava de dançar e cantar em cima da

laje... Além de ser o máximo, porque parecia um palco, ficava todo

bronzeado.

Muitas vezes, fui escorraçado pra vazar da academia... Na

verdade, até perdi as contas de quantas foram. Isso ficou até eu

completar meus doze anos, quando o dono da academia viu que não

tinha jeito de tirar-me de lá, e me liberou a entrada com a condição de eu

fazer a faxina em troca.

Aceitei na hora; afinal, às vezes, eu fazia isso em casa, e pra mim

não tinha problema. E assim que finalizasse os serviços, poderia ficar no

final da aula de dança e acompanhar os passinhos da galera.

E ainda, pra minha alegria, poderia usar os aparelhos de

ginástica, quando os clientes não tivessem usando... E isto foi muito fácil,

pois as pessoas começam a malhar e desistem logo. Foi assim que

consegui um corpo escultural.

Ultimamente, estou ensinando de graça os alunos, dando um

apoio podemos dizer, assim que termino a faxina, mas o dono da

academia é meu truta e não pega pesado comigo no serviço e está

avaliando meu desempenho como um possível professor da academia.

Ele fala isso... Quem sabe, é verdade mesmo?

Meu universo é muito louco, as coisas aqui são muito iradas, pô!!

Hoje preciso ir para escola, mesmo sem querer, pois é o que fazem

garotos pra ter algo na vida, já repeti e não posso mais dar bobeira.

Estou deitado aqui no meu quadrado e acordo com uma gritaria

geral, são os "donos das razões", gritando, brigando como de costume.

Ninguém pode palpitar, pois em briga de tubarões, peixinhos não tem

vez.

Este ano, vou pra escola sozinho... Antes da claridade bater na

minha cara, já estou atravessando a avenida. Colocaram umas

passarelas ali na frente, dizem que é para não morrermos, e atravessar

como os bacanas. Mas não levo jeito pra estas frescuras, não... Espero

passar alguns possantes rápidos, daí só observo se algum baranga vem

vindo, e daí, corro mais rápido que eles.

Ano passado foi bem pior, o mais velho colava em mim, cara

chato, tudo regrado, mas este ano o cara tá como morcego, só enxerga a

luz na brisa da noite. Agora vou todo dia sozinho pra escola.

Agora tô de boa, posso matar aula a hora que quiser e ver minha

novinha... Ela é de outra classe social, não sei dizer qual, mas sei que é

de outro mundo, outra sentença, lá não existe este conceito de

comunidade, parece à família becel.

Inclusive, é o que vou fazer nesse instante... Aulas regradas são

pra mim não, vou lá ver meu Sol... É só tacar uma pedra na janela do seu

quarto, que meu Sol aparece. Sua casa é longe pra dedéu, quarenta

minutos de corrida. Meu Sol não estuda na mesma escola não, só na

escola de afortunados.

Há alguns anos, saí por aí, sem destino, visitando território alheio,

quando encontrei a Sol andando na praça com a Pink, sua cachorrinha.

Fiquei de boca aberta, meus olhos não conseguiam virar para outra

direção, pois aquela luz e brilho refletiam em mim... E o destino quis me

ajudar: Pink escapou da corrente de Sol, então só me veio uma moral -

preciso pegar aquela cachorra pentelha!

E não é que sentado no banco, ela parou na minha frente? Eu fiz

um movimento rápido e peguei aquela cachorra fedida a perfume, não

sei dizer qual, mas era de alguma flor qualquer.

Sol chegou perto de mim, e me retribuiu com um beijo no rosto...

Fiquei em êxtase, não consegui dizer uma maldita palavra. Bem, a Sol

saiu pulando, parecendo uma cabrita, mas com um brilho, que me deixou

na sombra.

A partir daí, minha ida aquela praça virou rotina, assim que estava

carente. Então, entrava na aula e via algum jeito de me escapar, da

escola, da diretora, do mais velho e umas par. Quase fiquei para

recuperação, o mal se isso acontecesse o couro ia comer solto, lá em

casa, com os "sabe tudão", só que não (#sqn).

Sabe aquele primeiro amor, que é único e você não pensa, não

enxerga, não ouve e nem tem vontade de ter outra pessoa a não ser seu

“único e pra sempre amor”?

Ao estarem pertos, as pernas bambeia, o coração acelera,

começa a suar, pode ocorrer de falar bobeira ou até mesmo chorar, ou

não falarem nada e só se olhar... Ra! E os olhos brilham sem parar... É

tipo este aí de cima, me pegou de jeito e pá.

E depois de um tempo rondando a mina, a moral chegou e fui

trocar um lero com a Sol. Disse a ela sobre minhas emoções, que tinha

uma par de vibrações positivas para trocar com ela e que estava na

novinha... Mas ela tinha uma visão bem diferente da minha, se pá, pois

seu velho iria embaçar.

− Sol, não precisamos de papéis, nenhuma ostentação, só nós

dois, na surdina.

Cheguei nela e lasquei um beijo na boca. Ela me puxou e

subimos um morro que tinha perto da redondeza do seu bairro.

Meu, que morro comprido... Demorou pra chegar, e nesse

percurso, não tínhamos assunto um com outro, mas chegamos lá em

cima, ofegantes.

E, finalmente lá, Sol começou a falar e disse que desde aquele

dia que sua cachorra se soltou, ela nunca mais parou de pensar em mim.

Contou que faz inglês e umas par, e que seus pais querem muito que ela

seja uma médica e se case com um médico.

− Meu Sol, deu ruim, então seus velhos não vão me aceitar, não.

Mas a mina quis sensualizar, e foi logo dizendo sobre as minhas

possibilidades. Deixei-a viajar, e fui só concordando com a cabeça,

enquanto ela falava.

Ficamos trocando um lero até o finalzinho da tarde, quando Sol

disse que precisava voltar urgente, pois sua mãe estava voltando das

compras.

Então nossos olhares se cruzaram e nos beijamos novamente.

Descemos calados, chegando perto da casa dela, nos beijamos

novamente e nos cumprimentamos.

E eu estava a divar, saí correndo numa velocidade monstra, só

queria chegar em casa, ouvir umas músicas sem filtro, e curtir esta

sensação do amor.

Cheguei em casa todo eufórico - afinal, praticamente rolou meu

primeiro beijo! Já tinha dado uns pitacos numas minas lá na escola, mas

nada de formal, sem taquicardia, como agora estou tendo.

Abro a porta de casa e já está estourando uma barulheira

infernal... Meus pais estão gritando um com o outro... Fico meio que do

lado de fora com medo de entrar, pois isto é comum entre eles... Mas

todas as inúmeras vezes que acontece estas brigas, me sinto pequenino

e sem forças pra fazer qualquer coisa. Aliás o que fazer? De que lado se

colocar?

Meu pai fala alguma coisa pra minha mãe que não estou

conseguindo ouvir o que é por causa do som alto da música... Então,

abro a porta e escuto ele dizendo: Pra que você vai guardar aquela faca,

idiota?

Ao me verem se assustam!

Pai: SAI DAQUI, MOLEQUE!

Vou rapidamente pro o quarto e fico ouvindo atrás da porta

entreaberta. Escuto minha mãe batendo no rosto do meu pai e dizendo:

NUNCA MAIS FALE SOBRE ISTO, TÁ ME ENTENDENDO?

Meu pai não deixa quieto, bate com força nela, que cai com tudo

no chão.

Saio do quarto rápido e vou em direção a minha mãe.

Pai: SAI DAQUI, OU VAI SOBRAR PRA VOCÊ!

Tento dar uns passos pra trás, mas vejo minha mãe levantando

rapidamente do chão e indo até o fogão... Pegou a panela que estava no

fogo e foi pra cima do meu pai...

Porém, nisto, o pano de pratos que estava perto do fogão na hora

que ela puxou a panela, escorregou na boca do fogão e começou a

pegar fogo... Em segundos, caiu no tapete de pano que estava no chão e

se alastrou.

Começo a gritar com meus pais.

−PAREM COM ISSO, ESTÁ PEGANDO FOGO!!!

Mas eles não dão à mínima e continuam se agredindo.

Puxo a toalha da mesa e tudo que está em cima cai no chão...

Começo a bater no fogo que se alastra com a toalha.

Minha mãe continua dando paneladas no meu pai, e ele vem

voltando, tentando se desviar dela, quando tropeça e cai bem no fogo...

Sua camiseta começa a pegar fogo também.

Puxo-o, e ele se levanta rapidamente; minha mãe se desespera

ao vê-lo pegando fogo e enche mais que rápido a panela de água e joga

nas costas do meu pai... E o fogo cessa... Depois, enche novamente a

panela com água e taca no tapete enquanto eu continuo batendo com a

toalha. Até que o fogo se apaga de vez, deixando aquele cheiro horrível.

Pai: VIU QUE VOCÊ FEZ, LUIZA?

Mãe: VOCÊ ME PROVOCOU, BEBEU E FALOU DEMAIS!

Pai: VAI LA PRO QUARTO AGORA... VOU TER UMA

CONVERSA CONTIGO!

Os dois vão pro quarto... Lá da cozinha, escuto umas risadas

altas, fico sem entender nada. Abro a porta e tem um bando de vizinhos

parados em frente cochichando.

−Vazem daqui, vocês todos, bando de fofoqueiros inúteis!!!

Vou dar um rolê na rua por algumas horas e quando volto a

mesma situação de sempre... Parece que meu pai esqueceu-se de trazer

os quiabos que minha mãe pediu, e ela começou a gritar.

Mãe: Você não presta atenção quando eu estou falando? Onde

você estava com a cabeça, hein, seu monstro?

Pai: Além de eu ir buscar seus quiabos, você reclama??? Da

próxima vez, vai você, sua folgada!!!

Ela vira pra mim, que acabei de chegar, e não tenho nada a ver

com isso.

Mãe: Vê se não vai ser como o pai, seu moleque estúpido!

Pai: Orfeu, eu não estou certo? Já que me esqueci de trazer um

item que ela me pediu, da próxima vez, ela que deixa de ser folgada e vai

sozinha... Não tô certo?

Mãe: Vou sozinha mesmo, pois não tenho um homem que me

ajude nesta casa... Tal pai tal filho.

E me olha com uma cara de nojo.

Chego ao quarto, super de boa... Afinal, meus manos não estão

aqui. Fecho a porta, coloco o fone no ouvido e começo a voar no mundo

da minha Sol.

Minha porta é aberta com supetão e lá vem minha mãe.

Mãe: SEU MOLEQUE VAGABUNDO! SÓ PENSA EM DORMIR! !

Pai: Mas o moleque não tem idade para trabalhar, não.

Mãe: Ah não, queridinhooooooo? Qual seria a melhor idade pra o

bonitinho começar? Trinta anos? Na sua época mesmo, muito, mas

muito mais novo, você já tinha engraxado umas par de sapatos e eu

ficava tomando conta de crianças depois da aula, para as mães fazerem

as tarefas. Este aqui não faz nada, diferente do seu irmão Pedro... Até na

escola suas notas não são boas e a professora fica me azucrinando, seu

moleque safado!

− Mãe, o que eu posso fazer? Já procurei trampo e pedi pra umas

par de gente, mas não tô conseguindo nada.

Mãe: Agora comer, nas nossas abas, você consegue, né? Seu

pilantra. Vou arrumar um trampo pra você e só quero ver suas desculpas.

Quero um filho que tenha dinheiro e cumpra com suas obrigações aqui

em casa.

− Mas, então mãe, o que você acha de eu estudar muito e ser

médico?

Mãe: Onde você inventa essas idiotices, seu moleque estúpido?

Isto não é para seu bico não, seu jumento! Faça um trabalho na sua

condição, não tente ser o que você não é, seu burro!

Nisso entra o Paulão.

Paulão: Que foi hein, mãe? Já tá difamando o mano Orfeu?

Mãe: Como assim Orfeu? Seu nome é Patrick, não tem essa de

Orfeu, não... Seu ingrato, até com o nome!

Paulão: Mas geral conhece o mano como Orfeu, pois ele canta e

dança pacas.

Mãe: Eu não acredito nisso... Viu só, Julio? Tinha que ser seus

filhos, um bando de inúteis.

Paulão: Um bando de inúteis nada, sua velha ranzinza.

Mãe: Você está me xingando seu moleque??? Ela pega um

chinelo e vai para cima dele. Paulão sai correndo, desviando... Eu queria

rir, mas seguro o riso, para não sobrar para mim também.

Ele pulou a janela da sala e correu para rua.

E ela olha para meu pai e diz: Seus filhos, imprestáveis.

Estou lá no quarto dormindo, entra meu pai.

Pai: Você não pode provocar sua mãe... Precisa entender que ela

está cansada de tanto trabalhar... No fundo ela gosta de nós e só quer

nosso bem. E, olha acho que se você estudar bastante, pode sim, se

tornar o doutor Orfeu. Agora, o ponto é pensar nisto, será que tem cacife

pra este desempenho?

Me olha desaprovando, apaga a luz, fecha a porta e sai.

Então já me vejo numa sala de beca branca, atendendo umas par

de doentes.

Escutamos vários barulhos de sirenes de polícia passando rápido

pela rua apertada de casa, então olho pra Pedro e falo:

−Vamos atrás do Paulão, agora!

Pedro: Cê tá maluco! Não tô nem aí pra ele, o cara que se vira.

− Se você não for agora seu folgado, vou espalhar seu segredo

pra todo mundo!

Pedro: Cê não faria isto, certo?

− Quer pagar pra ver?

Pedro: Meu, que raiva... Você é muito folgado!!! Tô precisando

estudar para química e você não pode ir sozinho buscar aquele pentelho.

− Não, hoje eu não vou sozinho...

Pedro: Vou falar para as duas pirralhas irem procurar Paulão.

Dou uma bica na canela dele.

− Para, meu... Se enxerga! Faz aí suas consequências.

Pedro com medo de eu abrir o bico, acaba cedendo e saímos nós

dois à noite a procura de Paulão.

Vamos brigando e nos batendo entre si. Encontramos Paulão

sentado na primeira viela acima de casa.

Pedro: SEU PIRALHO PENTELHO!!!

Paulão: Vão embora! Tô esperando uns camaradas meus.

Pedro vai para cima dele e da um tapa no ombro dele. Paulão não

deixa quieto e mete a mão na cara dele que começa a sangrar. Então

Pedro voa para cima dele e taca sua cabeça no degrau da calçada.

Nisto eu vou para cima de Pedro e encho sua cara de porrada e ele me

da várias bicas na perna.

Quando olhamos, Paulão está caído na calçada com olhos

fechados e sangue escorrendo de sua cabeça.

− OLHA O QUE VOCÊ FEZ, seu maldito!!!

Já é tarde da noite e está tudo escuro na viela, começo a chorar e

chamar desesperadamente pelo mano... PAULÃOOOOO!!!!!!

Aparecem uns carinhas do nada e vê sangue falam um pro outro:

Sujou, corre!!! Acabo agarrando um pelo braço e imploro

− Me ajuda, cara!

Cara: Quer me trolar, mano??

E sai correndo. Minha única ideia é socar o peito do Paulão,

como já vi em filmes... Pedro está lá no canto, pensando...

De repente, Paulão abre os olhos, meio sonolento, grito pelo seu

nome.

Paulão: Onde estou?

Sento ele na calçada. Pedro vem correndo

Pedro: Você está bem?

Ele afirma que sim com a cabeça, estamos no beco de perto de

casa.

Pedro: Vamos nos limpar para mãe não perceber nada.

E cada um ajuda o outro a fazer isso.

Chegando em casa, continua aquele silêncio... Vamos tomar

banho... Escuto as meninas brincando no quarto... Vou até a cozinha e

passo margarina num pão amanhecido e levo para Paulão.

E assim, termina mais um dia.

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