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Revista Orfeu - Ano 01 - Edição 01 - Nº 001 REVISTA OS 100 ANOS DO NOSSO SAUDOSO POETINHA CONHEÇA MAIS UM POUCO SOBRE VINÍCIUS DE MORAES A importância do autor na literatura brasileira

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Vinícius de Morais é um das personalidades brasileiras mais conhecidas nacionalmente e internacionalmente. Em 2013 o seu centenário rendeu-lhe diversas homenagens. A Revista Orfeu objetiva mostrar a importância e contribuição para a literatura brasileira e comunicação, utilizando suas diversas obras e vertentes. Buscando mostrar as diferentes formas de arte, música, literatura, e cultura produzida pelo o poeta que tinha cheio de sentimentos, sensações e verdades as quais ele expressava em palavras.

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100 anos do nosso saudoso poetinhaRevista Orfeu - Ano 01 - Edição 01 - Nº 001

REVISTA

OS 100 ANOS DO NOSSO SAUDOSO POETINHA

CONHEÇA MAIS UM POUCO SOBRE VINÍCIUS DE MORAES

A importância do autor na literatura brasileira

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Revista

Ano 01.- Edição 01, n°001

Março- 2014

Literatura e educação

ReitorProf° Ângela Maria Paiva Cruz

Vice-ReitorProf° Maria de Fátima Freire de Melo Ximenezes

EditoresJohnston Evangelista da Silva

José Adenilson Costa da Rocha

Rozana Ferreira Chagas

Coordenador da Revis-ta Orfeu e professor da disciplina Planejamento GráficoProf° Josenildo Soares

Livros sobre a vida de Vinícius de Moraes

Vinícius de Morais é um das personalidades brasileiras mais conhecidas nacionalmente e internacionalmente. Em 2013 o seu cen-tenário rendeu-lhe diversas homenagens. A revista Orfeu objetiva mostrar a importância e contribuição para a literatura brasileira e comunicação utilizando suas diversas obras e vertentes. Buscando mostrar as diferentes formas de arte, música, literatura, e cultura produzida pelo o poeta que tinha cheio de sentimentos, sensações e verdades as quais ele expressava em palavras.

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Sumário

4. A vida de um grande poeta

6 . A literatura de Vinícius

8. Segunda fase de Vinícius

12. literatura infantil

14. Quando a literatura vira música

16. Vinícius no teatro

17. Dos livros para o cinema

18. Amizade

Seções

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Foi no Rio de Janeiro que o nosso poeta nasceu, na Rua Lopes Quintas, no dia 19 de outubro de 1913. Filho de Lydia Cruz de Moraes e de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes. Vinícius cresceu entre o mar e a chácara do avô ouvindo música dos antigos escra-vos e o violão dos boêmi-os dos tios, irmãos da sua mãe. Com apenas 16 anos entrou para a faculdade de Direito do Catete, onde se formou em 1933.Mas voce sabia que Vinícius nao foi so um po-eta brasileiro importante? Sim, ele fez carreira como Diplomata e representou o Brasil em vários países. Mas destacou-se mesmo como poeta modernista, como compositor e como letrista de musica popular;. Ele compunha desde os 15 anos, quando estava no curso secundário. Era um poeta preocupado com as coisas sérias da existência.Trabalhou como censor cinematográfico, até 1938, quando recebeu uma bols a de estudos e foi para Lon-dres. Estudou inglês e lit-eratura na Universidade de Oxford. Várias experiên-cias conjugais maracaram sua vida.

Casou-se nove vezes e teve cinco filhos. Suas esposas foram, Beatriz Azevedo, Regina Pederneira Lúcia Proença, Nellita de Abreu, Cristina Gurjão, Gesse Gessy, Marta Rodrigues e a última Gilda Matoso.Sua obra é vasta, pas-sando pela literatura, tea-tro, cinema e música. Em 1956 Vinicius começa a se tornar prestigiado com sua peça de teatro “Orfeu da Conceição. No campo musical, o poetinha teve como principais parcei-ros Tom Jobim, Toquin-ho, Baden Powell, João Gilberto,Chico Buarque e Carlos Lyra.Na noite de 9 de julho de 1980, acertando detalhes com Toquinho sobre as canções do álbum “Arca de Noé”, Vinicius alegou cansaço e que precisa-va tomar um banho. Na madrugada do dia seguinte Vinicius foi acordado pela empregada, que o encon-trara na banheira de casa, com dificuldades para respirar. Toquinho, que es-tava dormindo, acordou e tentou socorrê-lo, seguido por Gilda Mattoso (última esposa do poeta), mas já não houve tempo.

A VIDA DE VINÍCIUS

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Os cem anos do nosso saudoso poetinha

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Pais de Vinicius, Clodoaldo Pereira e Lydia Cruz de mo-raes.

Vinicius na Infância.No ano da Semana Moderna Vinicius já escreve os primeiros versos e poemas no colègio.

Compôe as primeiras canções em 1928.

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Com apenas 17 anos entra na Faculdade de Direito da Rua do Catete, no Rio de Janeiro.

Começar a trabalhar como crítico cine-matográfico no jornal A Manhã, em 1941, dirigido por Múc. Sua participação como crítico foi fundamental para o cinema bra-sileiro que, nessa época, renovava sua crítica com nomes como o próprio Vinicius e, em São Paulo, Paulo Emilio Sales Gomes.

Publica pela primeira vez um poema de sua autoria na revista A Or-dem, edição de outubro. A publicação, editada pelo intelectual católico e crítico literário Tristão de Athayde, apresenta um jovem e conservador Vinicius, com um poema bíblico de 152 versos intitulado “A transfigu-ração da montanha”.

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Vinícius de Moraes tem uma obra muito variada. Iniciou na poesua, pas-sando pelo teatro, cinema e acabando na entrega de corpo e alma à música.Como poeta, ele conquis-tou lugar de destaque en-tre os maioes da geração pós-modernista, movi-mento de periodização artística e literária.A relação de Vinícius com a literatura é iniciada pela escola do Neossim- bolis-mo. Nela, o artista par-ticipa da produção que apresentava a renovação

do catolicismo da década de 1930. É uma espécie de reestruturação do as-pecto espiritual do ser humano.Sua produção poética passou por duas fases. A primeira é carregada de misticismo e profunda-mente cristã, como ex-pressa em “O Caminho para a Distância” e em “Forma e Exegese”Nesse sentido o autor apresentou diversos po-emas com foco a temáti-ca bíblica e espiritualista típica do Neossimbolis

mo. Mas como era de se esperar, a veia boêmia do “poetinha” logo se mos-trou presente, por emio de poemas que enquad-ravam.Foi justamente essa du-alidade entre o sacro e oprofano, permeada por contradições entre o prazer e o pecado, que o deslocou para uma se-gunda escola poética: o amor e os dramas sociais vividos pela humani-dade.

A LITERATURA DE VINÍCIUS

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Um estímulo à paixão pela leitura

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o primeiro livro de Vinícius já trazia no títuloo aspecto dram-ático que atravessava sua poesia de juven-tude. O artista in-veste em longos ver-sos de tormentas de sua alma e conflitos espirituais que davam o tom do grupo.

Seu segundo livro apresenta alguns pei-meiros passos em fu-turas poéticas mais amplas do autor. Po-emas como “Ilha do Governador”, sobre sua infância no bairro carioca, ou “ A volta da mulher morena”, se destacam dos longos versos sobre morte, virgens, êxtases, Deus e toda aura mística que emana da maioria de suas páginas.

Uma plaqueta lança-da pelo poeta quando estava servindo em Los Angeles, consid-erado o ponto mais alto de sua fase Ari-ana a Mulher foi lan-çada em 1936. Ele reafirma o lugat mís-tico que a voz poética de Vinícius assumiu nessa época, nar-rando a parocura da mulher ideal, e ideal-izada. Morte, solidão e trevas no seu em-bate com a natureza conduzem o poeta por um sonho ao rdor de Ariana e sua pureza salvadora.

Esse livro marca a transição entre a primeira e a segunda fase do poeta, onde alinguagem é reno-vada, pela sua vivaci-dade renovadora em poemas como “Sone-to de intimidade”, “A mulher que passa”ou “Lamento ouvido não sei onde”, gerou um texto de seu ami-go e já então reno-mado poeta e crítico Mário de Andrade, homenageado pelo próprio Vinicius na dedicatória do po-ema “ A máscara da noite”.

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“Por mais longa que seja a caminhada, o mais im-portante é dar o primeiro passo.”

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SEGUNDA FASE DE VINÍCIUS

Após descobrir que seu país é com posto de in-justiçados e famintos, de-rivou a temática social. Chega a segunda fase da literatura do “poetinha”. Agora a poesia já toma forma e o lirismo român-tico se fimra mais do que a primeira fase. É a época de aguda consciencia e da val-orização do erotismo.A poesia passa ser mais realista , maliciosa; é uma poesia em que a mulher é o principal elemento ao lado do sensualismo, do amor; sem a preocupação de es-candalizar os conceitos já ditos pela sociedade.

Nessa segunda fase a lin-guagem é mais direta, simples e concisa, a versi-ficação é mais variada, al-ternando o verso curto e o comprido, o rendodilho, o decassílabo, o alexandrino e o polimétrico.O primeiro livro dessa fase é o Cinco Elegias no ano de 1943, que é o re-sultado desse momento em que Vinicius encerra um ciclo de vida, ligado à juventude católica e a uma poética circunspecta, para inaugurar outro, ligado à vida nas ruas. Em 1946, o “poetinha” morava em Los Angeles, quando publicou

Poemas, Sonetos e Baladas. Na época ele assumia o primeiro cargo diplomáti-co internacional. O livro é mais um passo rumo à pop-ularização e à qualificação pública do poeta maduro e pleno de recursos que Vinícius se tornara nos úl-timos anos. Afinal, um liv-ro que abre com “Soneto de Fidelidade” e fecha com “Soneto de Separação” já mostrava seu impacto para a o presente e o futuro de nossa poesia.A Pátria Minha é feita de um único e longo poema de Vinicius., em 1949. Foi a partir do poema enviado

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O encontro do cotidiano pelo poeta

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para a leitura de João Cabral que ele teve o impulso de fazer os 50 exemplares do poema artesanalmente, na sua prensa e editora caseira conhecida sob o selo O Livro Inconsúntil.Antologia Poética dava conta de um percurso de 21 anos de publicações, com livros então esgota-dos ou de tiragens limi-tadíssimas. Na apresen-tação da primeira edição, Vinicius dá a sua expli-cação para a reunião dos

textos escolhidos pelo au-tor (por ele identificado como “A.”): Livro de Son-etos foi publicado em 1957 , em que o poeta fazia um balanço de sua obra e rati-ficava, em 35 poemas, sua dedicação a uma das for-mas mais populares de po-esia: o Soneto.A segunda edição de Novs Poemas consiste na re-união de 17 poemas escri-tos nesse intervalo, reaf-irmando a dicção lírica de Vinicius e inaugurando alguns temas inéditos para

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sua poesia, como a causa operária, tema do célebre poema “O operário em construção”.O Mergulhador de 1968 é um livro de Vinicius fei-to em parceria com o fil-ho, o fotógrafo Pedro de Moraes. Sua tiragem na época foi de dois mil ex-emplares. O livro consiste na reunião de poemas já publicados de Vinicius e selecionados por Pedro, ao lado das suas fotos.

“Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém.”

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“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida’.

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“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida’.

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LITERATURA INFANTIL

Nas asas da imaginação com Vinícius de Moraes

Vínicius de Moraes

Vinícius usava a imagi-nação fértil para trans-formar qualquer coisa em verso. Atendendo aos pedidos de seus filhos, começou a compor músi-cas infantis, Sua irmã mais velha, Suzana, pediu a ele que escrevesse poesia para as crianças.. E o poetinha, atendeu o pedido, colocan-do elefantes, borboletas,

girafas, passáros até ma-rimbondo, na dança.Seus poemas infantis formar-am o livro Arca de Noé, que mais tarde foi musi-cado. Apesar de tantos bichos interessantes, a poesia mais famosa da obra é aquela em que o poeta tentou ser constru-tor e, usando as palavras como tijolos, criou a casa

que toda criança já visitou em pensamento, lá na Rua dos Bobos, número Zero.

O Relógio

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A Arca de Noé tornou-se um dos livros mais popu-lares de Vinicius de Mo-raes por ter criado um laço com as crianças. To-das as gerações têm nos seus poemas uma porta de entrada no mundo da literatura e da música popular brasileira. Ao mesmo tempo, no âmbito musical, foi o primeiro trabalho que apresentou a ele Toquinho, parceiro até o fim da vida.

A casa O pinguim O gato

O elefante O pato A borboleta

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QUANDO A LITERATURA VIRA MÚSICA

A música sempre esteve presente na vida de Vin-icius de Moraes. Sua avó materna e sua mãe eram pianistas, seu pai, além de escrever poesia, toca-va violão. Em 1928, Vin-icius conheceu os irmãos Paulo e Haroldo Tapajós no Colégio Santo Inácio. Com eles, compôs suas primeiras músicas, “Loura ou morena” e “Canção da noite” (com Paulo). Pouco depois, passou a se dedicar à literatura.A retomada da música viria em 1953, quando ele compôs “Quando tu pas-sas por mim”, gravada por Aracy de Almeida. Em 1956, com o musi-cal “Orfeu da Conceição” no Teatro Municipal, ele iniciou sua parceria com Tom Jobim.. Vinicius gan-hou o mundo mesmo com a bossa nova, estilo musi-cal criado ainda em 1958, quando, ao lado de Tom Jobim, compôs a icônica “Chega de Saudade”, uma obra prima que se mostra atual até hoje, assim como o prório “poetinha”. Foi em 1958 que marcou o iní-cio da inovação da musica popular brasileira. Com o álbum “Canção do amor .

demais”, interpretado pela cantora Elizeteh Cardoso, Vinícius levou ao públi-co o novo hino da Bossa Nova. De início, o termo era relativo de novo modo de cantar e tocar samba, digo, houve uma refor-mulação estética den-tro do moderno samba carioca urbano. Nos anos seguintes a Bossa Nova tornou-se um dos movi-mentos mais influentes da história da MPB.Em 1962 ,Vinícius junto com Antõnio Carlos Jo-bim, compõs a música que ficou marcada na história da Bossa Nova, “Garota de Ipanema”. Alguns es-tudiosos acredutam que a canção foi composta na mesa do bar Veloso na Orla da zona sul carioca , enquanto Vinicius e Tom Jobim olhavam Helõ Pin-heiro caminhando no Bei-ra-mar. Outros contestam que o “poetinha’ escreveu a letra, em sua residência que ficava em Petropólis..Os anos 70 dão início à sua parceira com Toquin-ho, que viria a acompan-há-lo, até o fim da vida, em shows e gravações an-tológicas.

Helô Pinheiro, a Garota de Ipanema

A paixão do poeta que presenteou o mundo com bossa nova

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ORFEU DA CONCEIÇÃO- Odeon, 1956

VINÍCIUS DE MORAES – POESIAS- Festa, 1959

OS AFROSAMBAS- Forma, 1966

GAROTA DE IPANEMA (TRILHA SONORA DO FILME) Philips, 1967

VINICIUS: POESIA E CANÇÃO (AO VIVO) VOL.1: Mercury, 1966

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Assim como a música, a literatura de Vinícius gan-hou asas e pousou nas artes teatrais. em 1956 que Vin-icius realiza e apresenta ao público seu primeiro pro-jeto teatral. A peça Orfeu da Conceição é uma adap-tação do mito grego de Orfeu ao cotidiano subur-bano do Rio de Janeiro. A história de Vinicius serve de pano de fundo para a realização do roteiro de Or

VINÍCIUS NO TEATRO

feu Negro, filme de Marcel Camus que seria premia-doem Cannes e no Oscar de 1959. Espetáculo gran-dioso, como participação de nomes como Tom Jo-bim, Carlos Scliar e Oscar Niemeyer, a peça torna-se um marco no teatro bra-sileiro.A peça passa nas favelas do Rio de Janeiro e mostra a história do sambista Or-feu, conhecido no morro,

por sua música. Orfeu é um rapaz negro, sedu-tor, bonito e galante ador. Ele mora em um barraco com com seus pais, Apolo e Clio. A primeira cena de encontro entre Orfeu e Eurídice é recheada de palavras poéticas, ficando evidente a libido e o ver-dadeiro amor que existe entre ambos.

“Todas as personagens da tragédia devem ser nor-malmente representadas por atores da raça negra, não importando isto em que não possa ser, even-tualmente, encenada com atores brancos.”

O orfeu na arte teatral

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DOS LIVROS PARA O CINEMA

Crítica sobre divas da telona publicada no jor-nal “A Manhã”, em 1941, e reproduzida no livro “O cinema de meus olhos” (1991)Devoto de Chaplin, entu-siasta de Orson Welles e antipatizante do uso do som na telona, Vinicius foi cineclubista, autor de críti-cas (entre 1941 e 1953, em jornais como “A Manhã”, “Diário Carioca” e “Úl-tima Hora”) e ainda for-necedor de matéria-prima musical para 75 filmes de diversas nacionalidades. Suas músicas atraíram do americano David Lynch (“Estrada perdida”) ao es-panhol Pedro Almodóvar (“Fale com ela”). Mas o primeiro a levar seu rep-ertório às salas exibidoras foi um brasileiro, Haroldo Costa, que usou “Eu não existo sem você” como canção principal do longa “Um desconhecido bate à porta” (também chamado de “Pista de grama”), em 1958.

Mas foi no ano seguinte que o nome de Vinicius ganhou luz na cena cin-ematográfica mundial ao largo da carreira de suc-esso de “Orfeu Negro” (1959), do francês Marcel Camus. Baseado em peça do Poetinha, ele ganhou o Oscar de filme estrangeiro e a Palma de Ouro no Fes-tival de Cannes.No cinema nacional, fora seus préstimos como compositor, Vinicius foi creditado como produ-tor em “Garota de Ip-anema” (1967), de Leon Hirszman,como argumen-tista em “Arrastão” (1966), de Antoine d’Ormesson, e ator em “Pluft, o fantas-minha” (1965), de Romain Lesage. Em 2005, sua vida virou cinema com “Vin-icius” (2005), de Miguel Faria Jr., o documentário brasileiro mais bem-suce-dido dos últimos 20 anos, com 272 mil pagantes.

“Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia.”

O lado menos conhecido de Vinícius

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AMIZADE

Vinícius de Moraes foi um poeta rodeado de amigos. A amizade foi tema de muitos de seus poemas, crônicas e músicas. Era um poeta que ficou conhecido tanto por criar sua obra a partir dos afetos das suas mulheres, quanto pelo amor aos ami-gos. Foram décadas de tro-cas constantes entre seus pares de literatura e músi

Tom jobimToquinho

Amigos meus

Na casa de Vinícius de Moraes, os Cariocas: Severino, Badeco, Luiz Roberto e Quartera cantam para o poeta

pares de literatura e músi-ca, construindo pactos afe-tivos e histórias de vida.Com sua polivalência cul-tural e social, Vinicius es-teve rodeado desde a ju-ventude por pessoas das mais diferentes classes e procedências. Eram anôni-mos e famosos que con-tribuíram de alguma forma para sua vida e obra.

Entre eles, Otavio de Faria, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, An-tonio Maria, Pablo Ner-uda, Oscar Niemeyer, Di Cavalcanti ou Portinari. Aqui, apresentamos ape-nas alguns dos principais amigos dessa jornada.

Chico Buarque

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Helõ Pinheiro

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“Que o amor não seja imortal, posto que é chama , mas que seja infinito enquanto dure”

Amigos

“Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.Não percebem o amor que lhes devotoe a absoluta necessidade que tenho deles.A amizade é um senti-mento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem in-trínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido to-dos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !

Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existên-cias ...

A alguns deles não pro-curo, basta-me saber que eles existem.Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida, (...).”

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“Ai de quem ama

Quanta tristezaHá nesta vidaSó incertezaSó despedida

Amar é tristeO que é que existe?O amor

Ama, cantaSofre tantaTanta saudadeDo seu carinhoQuanta saudade

Amar sozinhoAi de quem amaVive dizendoAdeus, adeus”

Vinícius de Moraes