o estado verde - edição 22463 - 10 de março de 2015

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O ESTADO Ano VI Edição N o 379 Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 10 de março de 2015 Em 10 anos, demanda por água no planeta será maior que o recurso existente Relatório lançado pela ONU afirma que o fornecimento de água será insuficiente para suprir as necessidades da população. PÁGINA 3 É uma insanidade engarrafar a natureza, por mais que o governo queira Empreendimento beira a insanidade. O Estado iniciou o projeto em 2010 com uma previsão de gastos de 250 milhões. PÁGINA 4 FOTO DIVULGAÇÃO Nos dias 25, 26 e 27 de março acontece, em Brasília, a Conferência sobre Solo 33% das terras do planeta são considerados como tendo alto ou médio grau de degradação, devido à erosão e compactação. PÁGINA 12 FOTO DIVULGAÇÃO PRESERVAÇÃO Cultura da carnaúba enfrenta maior desmatamento de todos os tempos Em três anos, foram derrubadas mais de 5 milhões de carnaubeiras. A espécie que gera, aproximadamente, 100.000 empregos no Ceará, pode desaparecer. Páginas 6 e 7

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Page 1: O Estado Verde - Edição 22463 - 10 de março de 2015

O ESTADO Ano VI Edição No 379 Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 10 de março de 2015

Em 10 anos, demanda por água no planeta será maior que o recurso existente Relatório lançado pela ONU afi rma que o fornecimento de água será insufi ciente para suprir as necessidades da população. PÁGINA 3

É uma insanidade engarrafar a natureza, por mais que o governo queira Empreendimento beira a insanidade. O Estado iniciou o projeto em 2010 com uma previsão de gastos de 250 milhões. PÁGINA 4

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Nos dias 25, 26 e 27 de março acontece, em Brasília, a Conferência sobre Solo33% das terras do planeta são considerados como tendo alto ou médio grau de degradação, devido à erosão e compactação.PÁGINA 12

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Cultura da carnaúba enfrenta maior desmatamento de todos os temposEm três anos, foram derrubadas mais de 5 milhões de carnaubeiras. A espécie que gera, aproximadamente, 100.000 empregos no Ceará, pode desaparecer. Páginas 6 e 7

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Água de chuva Nada me admirou mais, ou talvez, espantou mais, do que a observar a quan-

tidade de água que caia das biqueiras de muitas casas nos bairros Praia de Irace-ma, Meireles, Aldeota e Dionísio Torres. Na manhã do último domingo, chovia copiosamente e eu sentia alegria pela chuva que caia, mas também tristeza pelo desperdício... tanta água desperdiçada. Quando vamos levar para o encanamento a água que cai do telhado? São milhares de litros de água que se perdem nos asfal-tos da cidade. A água da chuva pode ser usada para limpar áreas externas, regar o jardim, ser usada para a descarga nos banheiros ou por que não, para ser poupada e guardada para períodos de longas estiagens, tão comum no nosso clima?

Há mais de 50 anos, Hong Kong, por extrema necessidade, utiliza água do mar para dar descarga nos banheiros de 80% da população. Em números, isto signi� ca que quase seis milhões de pessoas despejam água retirada do oceano em seus vasos sanitários todos os dias. Na ilha onde está Hong Kong, as chuvas sempre foram insu� cientes para o abastecimento. Em 1958, o governo resolveu investir na água do mar. Foram construídas 35 estações de captação e transmissão, além de 1,5 mil quilômetros de tubulações para que a água chegue à população.

O novo Código da Mineração (PL5807/13), que inclui a proposta de abrir até 10% das áreas protegidas para a prospecção e extração de minérios, está entre as pautas parlamentares. Espero que os nossos legisladores tenham juízo e não permitam tal barbaridade.

PEC 504 ou PEC da Caatinga que altera o § 4º do art. 225 da Constituição Federal, para incluir o Cerrado e a Caatinga entre os biomas considerados patrimônio nacional, mais uma vez, a matéria não foi apreciada em face do encerramento da Sessão. Até quando os políticos nordestinos vão deixar esta PEC “bolando” no Congresso? O bioma precisa dessa PEC, o Semiárido e o nordestino, também.

Pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, aponta que “as mudanças climáticas vão impactar sobre a atividade econômica, e as atividades agropecuárias devem enfrentar tais efeitos de forma mais intensa, uma vez que o setor tem seu desempenho intrinsecamente dependente dos recursos naturais e das condições climáticas”.

Até quando vamos aguentar os abusos dos caminhões fazendo entregas nas ruas de Fortaleza, quando bem entendem e na hora em que bem entendem, sob a vista grossa do poder público? E os caminhões circulando livremente na Avenida Raimundo Girão, transportando imensos containers no horário de pico? Por que não se cria uma lei proibindo entregas nos horários de 7 da manhã às 8 da noite, como fazem os grandes centros? A� nal, somos ou não somos uma grande Cidade? Por que quase sempre não agimos como tal?

Refl exão: Prevê-se que, em duas décadas (2010 e 2020), 2,8 bilhões de indivíduos viverão em países com água insu� ciente para todos os seus habitantes. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente informa que, no mesmo período, 48 países estarão na linha da escassez ou falta extrema desse recurso natural.

O Estado Verde (OeV) é uma iniciativa do Instituto Venelouis Xavier Pereira, com o apoio do jornal O Estado, para fomentar o desenvolvimento sustentável no Ceará. EDITORA Tarcilia Rego CONTEÚDO Equipe OeV. JORNALISTA Elisângela Alves DIAGRAMAÇÃO E DESIGN Rafael F.Gomes TELEFONES (85) 3033.7500/3033 7505 E (85) 8844.6873 ENDEREÇO Rua Barão de Aracati, 1320 — Aldeota, Fortaleza, CE — CEP 60.115-081. www.oestadoce.com.br/o-estado-verde

De 9 a 13 de marçoDecon realiza Semana do Consumidor 2015Esta semana será toda dedicada aos consumidores. Mutirão de audiências de conciliação, palestras, orientações jurídicas, apresentações artísticas e distribuição de lanches estão progra-mados para a Semana do Consumi-dor 2015. Com o tema “A Internet como ferramenta de proteção e defesa do consumidor”, o Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon) busca sensibi-lizar a população sobre a importância do meio eletrônico. As atividades começam na próxima segunda--feira (9) e seguem até o dia 16.Entre os dias 9 e 13 de março, ocorre o mutirão de audiências de concilia-ção na sede do Decon (Rua Barão de Aratanha, nº 100 – Centro). No sá-bado (14) tem a festa do Dia Interna-cional do Consumidor, na Praça do Ferreira, com uma intensa programa-ção das 9h às 14 horas. A festa conta-rá ainda com grupo de dança, show de humor e uma palestra do Corpo de Bombeiros e da Mecrel Extintores dando dicas de segurança contra in-cêndio e de manuseio de extintores.

12 de marçoDia da Biblioteca e do Bibliotecário

No Brasil, o Dia do Biblio-tecário é

comemora-do em 12 de março

desde 1958, é uma menção ao aniversário

de nascimento do poeta Manoel Bastos Tigre, considerado o verdadeiro

pilar da Biblioteconomia brasileira. Ele exer-

ceu a pro� ssão de bibliotecário por

40 anos, e é considerado o primeiro bibliotecário por concurso, no Brasil.

A data só foi regulamentada pelo De-creto nº 84.631de 12 de abril de 1980.O bibliotecário é o pro� ssional que possibilita agilizar a busca, e, principalmente, que facilita o en-contro ao que está sendo pesquisa-do, ele está apto para interpretar o que o usuário precisa, seu auxilio é fundamental para promover o incentivo a leitura e a informação.

15 de marçoDia da EscolaA preparação da criança começa em casa, com a família, mas é na escola que a criança ou o jovem, além de um espaço de treinamento e aprendizado, encontra, também, um local de convivência, onde conhe-cem outras pessoas e fazem muitas amizades. Não por acaso, a palavra “Escola” vem do grego skholê, que signi� cava precisamente “descan-so, repouso, lazer, tempo livre”. Na Grécia antiga, só quem não tinha obrigações com o trabalho braçal, tinha tempo livre e podia dedicar--se aos exercícios físicos e mentais.

Dia da Biblioteca e do Bibliotecário

No Brasil,

comemora-do em 12 de março

desde 1958, é uma menção ao aniversário

de nascimento do poeta Manoel Bastos Tigre, considerado o verdadeiro

pilar da Biblioteconomia brasileira. Ele exer-

ceu a pro� ssão de

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3VERDE

Para evitar conflitos, o mundo deve buscar atingir metas globais

VISÃO GLOBAL

Em 10 anos, demanda por água será maior que a quantidade de água existente em 48 países

Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que “o mundo deve alcançar as metas interna-cionais sobre a água para evitar

conflitos que possam surgir do deses-pero”. Relatório lançado pela Univer-sidade da ONU e pelo Escritório das Nações Unidas para Desenvolvimento Sustentável, afirma que o fornecimento de água para 2,9 bilhões de pessoas em 48 países será insuficiente para suprir as necessidades da população em 10 anos.

InvestimentosO documento diz que “sem grandes

investimentos no setor de infraestrutu-ra da água, muitas sociedades vão, em breve, confrontar desespero e conflitos sobre o recurso natural mais essencial para a vida humana”.

O autor do estudo, Bob Sandford, da Iniciativa de Parceria Canadense, afirmou que “a consequência pelo não cumprimento dos objetivos será uma insegurança generalizada que levará a mais tensões e conflitos”.

A publicação fornece uma análise de-talhada de 10 países para mostrar como atingir as metas de desenvolvimento sustentável relacionadas à água e ao saneamento podem oferecer uma for-ma rápida e barata de se alcançar esses objetivos. Entre os países pesquisados estão, Bolívia, Canadá, Indonésia, Pa-quistão, Uganda e Vietnã.

CorrupçãoPara os especialistas, os governos de-

vem exigir uma prestação de contas dos setores de agricultura, que é responsável por 70% do uso das reservas de água, e o

de energia, com 15%.Combater a corrupção é fundamen-

tal no setor de fornecimento de água, principalmente nos países em desen-volvimento. Segundo o relatório, 30%

do dinheiro que deveria ser usado para melhorias no setor são desviados.

Os especialistas afirmam a necessi-dade de criação de protocolos contra a corrupção e que penas rigorosas sejam aplicadas para os que cometerem o cri-me. Calculam que o custo global para se atingir as metas de desenvolvimento sustentável pós-2015 deve girar entre US$ 1,2 trilhão e US$ 2,2 trilhões por ano pelas próximas duas décadas.

Os autores do estudo disseram que em 10 anos, 48 países com uma popula-ção de 2,9 bilhões de pessoas, serão clas-sificados como “em escassez de água” ou com “falta d’água”.

Demanda x OfertaEm 2030, a expectativa é a de que a

demanda global por água será 40% su-perior a oferta. Os países que mais vão sofrer com essa situação são os que estão em regiões mais quentes e os mais pobres com uma população jovem crescente. O relatório calcula que 25% das bacias hi-drográficas dos principais rios do mundo vão secar durante vários meses do ano.

Os especialistas recomendam que os governos realizem avanços nos setores de controle da água, de saneamento e para evitar o desperdício. O mundo deve, segundo o relatório, identificar, reconhecer e prestar contas sobre todas as necessidades de água para a biodiver-sidade do planeta.

Combater a corrupção e fundamental no setor de fornecimento de água

FOTO DIVULGAÇÃO

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4 VERDE4 VERDE

A insanidade de engarrafar a NaturezaPor mais que o governo do Estado queira vender à opinião pública que a

construção de um Acquario oceânico no Ceará é um projeto de extraordinária validade, custa a crer às pessoas mais atentas a esses acessos de megaloma-nia de governantes, que os resultados sejam benéficos para o povo. A obra é uma iniciativa que beira a insanidade, para usar palavras reiteradamente de-nunciadoras do deputado Heitor Férrer. O Estado iniciou o projeto em 2010 com uma previsão de gastos de R$ 250 milhões, assegurando à sociedade que entregaria a obra em 2012. Depois adiou a entrega para 2013, em seguida para 2015 e agora, depois de uma inexplicável paralisação em que emergiram várias dúvidas sobre a obra, a promessa de conclusão foi jogada para 2017. Diante de tantos adiamentos e controvérsias, não há o mínimo motivo para se acreditar nas informações governamentais. Ao contrário, vem-nos à mente com maior segurança a afirmação do jornalista Isaac Feinstein Stone: “Todo governo é mentiroso.”

Mundos e fundos O movimento de cidadania denominado “Quem dera ser um peixe”, formado por ecologistas e ambientalistas contrários ao projeto, insiste em denunciar as muitas artimanhas governamentais e falácias do discurso oficial em relação ao projeto do Acquario, bem como os quase certos danos que causará ao ambiente e à comunidade em que está. Lembro-me que na primeira audiência pública ocorrida há 5 anos, na Assembleia Legislativa, em razão de requerimento de Heitor Férrer, uma jovem moradora do Poço da Draga, comunidade localizada nas imediações da área em que está sendo construído o monstrengo, lembrou que ao tempo em que foi construído o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, o governo prometeu-lhes que obras complementares iriam minorar os problemas locais. “Prometeram-nos mundos e fundos, mas até agora não nos deram nem os fundos”, disse a jovem para riso dos presentes. Vai ocorrer o mesmo em relação ao Acquario. Serão todos engambelados. Melhor ser peixe Diante dos descalabros governamentais em nível federal e em nosso próprio Estado, onde milhares de cearenses não dispõem de assistência médica digna; não têm um sistema educacional que sequer atenda elementares necessidades intelectuais; onde milhares de pessoas bebem água poluída entregue em carros-pipa porque o governo não dispõe de

recursos para adotar medidas que minorem esse sofrimento; onde falta recursos para conclusão de obras importantes para a população como o Veículo Leve sobre Trilhos-VLT, prometido para antes da Copa do Mundo de Futebol; além de inúmeros outros atropelos de toda natureza... Como, então, este governo, de forma irresponsável, continua a dar prioridade a uma “mansão pra peixe”, enquanto deveria cuidar das pessoas? Daí a perfeita ironia na nominação do movimento “Quem dera ser um peixe.” No Ceará é melhor ser peixe do que ser gente. Águas turvas Mas, enquanto o governo do Ceará insiste em construir essa casa de luxo para colocar várias espécies de peixes, inclusive tubarões, os tubarões do governo nadam em águas turvas. Ao que parece têm muito a esconder ou nada a dizer. O secretário de Turismo, Arialdo Pinho, antes supersecretário na gestão anterior, foge do Parlamento para dar explicações, como o diabo foge da cruz. E, infelizmente, tem para blindá-lo na Assembleia Legislativa uma bancada governista que ainda detém maioria. Causa surpresa até mesmo figuras como o deputado petista Elmano Freitas, ligado à ex-prefeita Luizianne Lins, que se fez advogado entusiasmado de defesa do titular da Pasta do Turismo. Lembre-se que, no governo passado, Arialdo Pinho tratava Luizianne Lins a pedradas. A política é mesmo dinâmica...

Carreira profissional: Uma nova senha para o mercado

Se o primeiro pensamento do em-presário é puxar o freio de mão dos investimentos, em tempos de crise, o pensamento – na verdade

a atitude! – de quem busca o mercado de trabalho deve ser francamente o oposto, ou seja, pisar no acelerador da qualifica-ção. Sim, pois é nestes momentos som-brios, economicamente, que os profissio-nais de valor se sobressaem aos iguais.

Já foi o tempo em que ter um diplo-ma de nível superior garantia algo em termos de futuro. Uma ou duas geração atrás, o canudo era mesmo o mapa da mina de carreiras promissoras. Entrava--se naquela grande empresa, desempe-nhava-se, por anos, um bom trabalho: postura correta para com os amigos, atenção para com o chefe, zelo para com o serviço e tudo ia bem. Era assim, até chegar à aposentadoria. Era assim!

Em nossa sociedade pós-moderna não são apenas as marcas que se digla-diam numa concorrência cada vez mais selvagem. Profissionais de todas as áreas do conhecimento tomaram emprestado – para o bem e para o mal – este ritmo alucinante de disputa e, sem muita es-colha, buscam se reinventar.

MBA’s à parte, chegamos a uma en-cruzilhada: não basta ter todo conheci-mento que hoje se dispõe nas prateleiras de universidades, de escolas profissio-nalizantes e afins. É necessário ir além, e esta passagem conceitual tem um nome, aliás, dois: Gestão de Carreiras.

Nunca se viu tantas possibilidades de estudo, de qualificação profissional, de cursos, formatos de aulas, preços e fi-

nanciamentos que se tem hoje. Em cada esquina surge uma faculdade se ofere-cendo ao mercado. Todas prometem a passagem para o bom emprego, bons salários e estabilidade – e olhe que não falo aqui dos preparatórios para con-cursos! – mas, e depois, o que fazer com todo este conhecimento?

Ensinam a pescar, mas e quando che-gar o momento de vender o peixe? É aí que entra a necessidade da gestão de carreiras, afinal, o candidato a empre-go deve dar a empresa vários motivos para que ele seja contratado e não o seu concorrente. Coisas como comunicação pessoal, figurino, network, redes sociais e, claro, um currículo bem formatado recheado de estudo, muito estudo aca-dêmico mesmo, fazem parte da neces-sidade de um mercado profissional que pouco ou nada tem haver com um pas-sado relativamente recente onde quem tinha um diploma era detentor da senha para o sucesso.

FOTO DIVULGAÇÃO

OPINIÃO

Dhanilo Ramalho, jornalista e mestrando em gestão

[email protected]

Quem busca o mercado de trabalho deve pisar no acelerador da qualificação. Já foi o tempo em que ter um diploma de nível superior garantia algo em termos de futuro.

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Para deputado Odilon Aguiar (Pros), a questão dos pescadores é social e de sobrevivência

FOTO ELISANGELA ALVES

Pescadores lotam o auditório da Assembleia Legislativa do Ceará

SOBREVIVÊNCIA

Impedidos de pescar em virtude da seca, trabalhadores estão sem receber o seguro-defeso

As condições de sobrevivência dos pescadores artesanais de águas continentais que vivem na re-gião dos Inhamuns foi objeto

de discussão de uma Audiência Pública, realizada dia 05 de março, na Comissão de Desenvolvimento Regional, Recursos Hídricos, Minas e Pesca, da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (AL-CE). O fato é que esses trabalhadores estão impedidos de exercer as atividades em virtude da seca no Estado e também, não estão recebendo o seguro-defeso.

O benefício é uma assistência finan-ceira temporária, um tipo de seguro -desemprego concedido ao pescador profissional que exerce sua atividade de forma artesanal, individualmente ou em regime de economia familiar, garantindo ao mesmo, o recebimento de um salário mínimo no período em que as atividades forem suspensas em decorrência do período de defeso que se estende até abril.

DefesoSegundo o Ministério da Pesca e

Aquicultura (MPA) o defeso é uma me-dida que visa proteger os organismos aquáticos durante as fases mais críticas de seus ciclos de vida, como a época de sua reprodução ou ainda de seu maior crescimento. Dessa forma, “o período de defeso favorece a sustentabilidade do uso dos estoques pesqueiros e evi-ta a pesca quando os peixes estão mais vulneráveis à captura, por estarem reu-nidos em cardumes”.

No caso dos pescadores dos Inha-muns, eles não estão tendo acesso ao seguro-desemprego Pescador Artesa-nal porque a lei exige um ano de ati-

vidade contínua e há um entendimen-to oficial de que a seca, que alcança o quarto ano consecutivo no Nordeste, encerrou as atividades de pesca. Não choveu, não houve recargas nos reser-vatórios hídricos, consequentemente, não têm peixes e nem pesca.

Para o deputado Odilon Aguiar (Pros), que requereu a audiência, o assunto é “uma questão social e de so-brevivência” e para o presidente da Co-lônia de Pescadores de Tauá, Antônio

Cícero Lima, a busca de uma solução e a definição de prazos são fundamen-tais. “Só sairemos daqui com prazos estabelecidos” , afirmou Lima.

LegislativaOs representantes da lei, presentes

à Audiência, explicavam que a ques-tão iria ser resolvida, mas que não de-pendia somente do poder estadual e exigia intervenções na esfera federal. De acordo com o superintendente Re-gional do Trabalho no Ceará (SRTE) Francisco Ibiapina, a solução deve ser legislativa, explicando que, talvez, seja o caso de uma alteração legislativa que se adapte a realidade local. “Deixem bem claro que deve receber seguro o pescador atingido pelo fenômeno na-tural da seca e que, por isso, não con-seguiu pescar”, opinou.

O procurador regional do Trabalho, Nicodemos Fabrício Maia, trouxe luz a discussão e explicou que é preciso uma portaria do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Natu-rais Renováveis (Ibama), reconhecen-do a seca no Ceará. O parecer técnico já existe, e será encaminhado aos re-presentantes políticos em Brasília, para assinatura dos ministros.

MP 665/2014Em apoio à causa dos trabalhadores,

o deputado federal Domingos Neto (Pros/CE), participou da audiência, di-

reto de Brasília. Ele lembrou à necessi-dade de regulamentar a lei que prevê o pagamento do seguro-desemprego em caso de catástrofes ou fenômenos na-turais, o que contemplaria os pescado-res prejudicados pela seca consecutiva. Entretanto, não podemos esperar essa regulamentação com toda a demora que sabemos acontecer nestes casos. O parlamentar de Tauá abordou o encon-tro que teve com a presidente Dilma Rousseff para tratar da Medida Provi-sória (MP) 665/2014, que traz novas regras para o seguro-desemprego.

DenúnciasVem ocorrendo uma série de de-

núncias em diversos estados brasilei-ros, envolvendo pescadores em frau-des. Para o presidente da Federação das Colônias de Pescadores do Ceará, Raimundo Félix, as fraudes apuradas aconteceram em outros estados, mas acabou prejudicando todo mundo. Se-gundo ele, em 2010, no Ceará, 5.500 pescadores receberam o benefício, em 2014, o número caiu para 4.500. “Atu-almente, são 7.000 cadastrados, destes, apenas a metade está recebendo o be-nefício”, explica.

O titular da Secretária da Pesca e Aquicultura do Estado do Ceará (SPA), Osmar Baquit, mostrou-se solidário à questão e disse compreender as dificul-dades que todos eles enfrentam na luta pela sobrevivência. Pede que os pesca-dores denunciem se houver entre eles, alguém agindo ilegalmente e recebendo o benefício, quando na verdade nunca foi pescador. “Se vocês não denunciam o prejuízo é de todos. Precisamos tra-balhar dentro da lei”, disse o secretário.

BrasíliaOs mais de 250 pescadores que par-

ticipavam da audiência, visivelmente inquietos, decidiram levar as reivindi-cações da categoria para um movimen-to que acontece, hoje e amanhã (10 e 11), em Brasília. O parlamentar Aguiar vai acompanhar os pescadores na via-gem à Capital Federal.

FONTE FUNCEME

SAIBA MAIS O SEGURO-DEFESO: implica que o pescador receberá o número de parcelas equivalente aos meses de duração do

defeso, conforme portaria fixada pelo Ibama. O valor de cada parcela é de um salário mínimo. PARA TANTO: é preciso comprovar o exercício profissional da atividade de pesca artesanal objeto do defeso e que se

dedicou exclusivamente à pesca, em caráter ininterrupto, durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso. Entre outras exigências, não deve ter vínculo de emprego ou outra relação de trabalho, tampouco outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira.

Os mais de 250 pescadores que participavam da audiência, visivelmente inquietos, decidiram levar as reivindicações da categoria para um movimento que acontece, hoje e amanhã (10 e 11), em Brasília.

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Cultura da carnaúba responde pela geração de 100.000 empregos

PRESERVAÇÃO

O desmatamento é uma preocupação para manutenção da espécie tipicamente nordestina

A cultura da carnaúba pode des-parecer. Em três anos, foram derrubadas mais de 5 milhões de pés da espécie Copernicia

prunifera ou carnaubeira, planta que gera, aproximadamente, 100.000 em-pregos no Ceará. Conhecida como a árvore da vida, possuí múltiplas apli-cações, desde a construção civil, até o artesanato, porém é a extração, refino e comercialização da cera de carnaúba, que se constituem na principal atividade econômica.

E esta é uma das razões para a exis-tência do Memorial da Carnaúba. Trata--se do primeiro do mundo. Fica na ci-dade de Jaguaruana, a 186km da capital Fortaleza e tem como objetivo principal, desenvolver políticas de sustentabilida-de e para a proteção da árvore símbolo do Ceará.

O idealizador do Memorial, Afro Ne-grão, estuda a carnaúba há onze anos. “Mesmo sem o apoio da gestão muni-cipal devido ao processo político par-tidário, conseguimos manter de pé um grande projeto com recursos próprios que resgata a cultura mais importante do homem nordestino”, declara.

DesmatamentoUma das preocupações de Afro diz

respeito ao desmatamento e a degrada-ção ambiental. Segundo o idealizador do memorial, estudos estão sendo rea-lizados para a obtenção de um diagnós-tico sobre as áreas e as regiões aonde, ainda, existem carnaubais nativos. “En-frentamos, hoje, o maior desmatamento criminoso de todos os tempos de exis-tência da espécie no mundo. Em 3 anos, foram derrubadas mais de 5 milhões de carnaúbas”, denuncia.

“Principalmente por interesses eco-nômicos. O desmatamento ocorre para favorecer a implantação de outras cul-turas, como o arroz, camarão, fruticul-tura, outros empreendimentos como lo-teamentos e condomínios residenciais, dentre outras atividades. E o mais grave, sem o consentimento e autorização dos órgãos de fiscalização competentes”.

O pesquisador garante que através do projeto de Arranjo Produtivo Local (APL) da carnaúba do baixo Jaguaribe, a causa ganhou mais visibilidade. “É pre-ciso conhecer a real situação para que possamos realizar ações que garantam a continuidade da espécie. Há 55 anos, não eram realizadas ações, pesquisas aprofundadas, sobre a carnaubeira no Ceará”, ressalta Afro.

EconomiaCultura centenária, é responsável por

um dos principais produtos da pauta de exportações cearense, onde ocupa a quarta posição. Além disso, emprega mais de 100.000 pessoas na cadeia ex-trativista e produtiva, representando, trabalho, renda e melhoria da qualidade de vida das comunidades envolvidas.

O artesanato cearense, conhecido mundialmente, tem uma grande parcela de importância nesse processo, pois, há anos, emprega a mão de obra artesanal e estimula a comercialização dos produ-tos feitos a partir da espécie. São bolsas, chapéus, entre tantos adereços que en-feitam os turistas e viajam continente afora, deixando na economia do Estado, um resultado positivo.

PrivilégioA cultura é privilégio da região Nor-

deste, especialmente, os Estados do Ce-

FOTOS DIVULGAÇÃO

A cultura da carnaúba é um privilégio da região Nordeste, principalmente no Ceará

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Cultura da carnaúba responde pela geração de 100.000 empregos

PRESERVAÇÃO

O desmatamento é uma preocupação para manutenção da espécie tipicamente nordestina

A cultura da carnaúba pode des-parecer. Em três anos, foram derrubadas mais de 5 milhões de pés da espécie Copernicia

prunifera ou carnaubeira, planta que gera, aproximadamente, 100.000 em-pregos no Ceará. Conhecida como a árvore da vida, possuí múltiplas apli-cações, desde a construção civil, até o artesanato, porém é a extração, refino e comercialização da cera de carnaúba, que se constituem na principal atividade econômica.

E esta é uma das razões para a exis-tência do Memorial da Carnaúba. Trata--se do primeiro do mundo. Fica na ci-dade de Jaguaruana, a 186km da capital Fortaleza e tem como objetivo principal, desenvolver políticas de sustentabilida-de e para a proteção da árvore símbolo do Ceará.

O idealizador do Memorial, Afro Ne-grão, estuda a carnaúba há onze anos. “Mesmo sem o apoio da gestão muni-cipal devido ao processo político par-tidário, conseguimos manter de pé um grande projeto com recursos próprios que resgata a cultura mais importante do homem nordestino”, declara.

DesmatamentoUma das preocupações de Afro diz

respeito ao desmatamento e a degrada-ção ambiental. Segundo o idealizador do memorial, estudos estão sendo rea-lizados para a obtenção de um diagnós-tico sobre as áreas e as regiões aonde, ainda, existem carnaubais nativos. “En-frentamos, hoje, o maior desmatamento criminoso de todos os tempos de exis-tência da espécie no mundo. Em 3 anos, foram derrubadas mais de 5 milhões de carnaúbas”, denuncia.

“Principalmente por interesses eco-nômicos. O desmatamento ocorre para favorecer a implantação de outras cul-turas, como o arroz, camarão, fruticul-tura, outros empreendimentos como lo-teamentos e condomínios residenciais, dentre outras atividades. E o mais grave, sem o consentimento e autorização dos órgãos de fiscalização competentes”.

O pesquisador garante que através do projeto de Arranjo Produtivo Local (APL) da carnaúba do baixo Jaguaribe, a causa ganhou mais visibilidade. “É pre-ciso conhecer a real situação para que possamos realizar ações que garantam a continuidade da espécie. Há 55 anos, não eram realizadas ações, pesquisas aprofundadas, sobre a carnaubeira no Ceará”, ressalta Afro.

EconomiaCultura centenária, é responsável por

um dos principais produtos da pauta de exportações cearense, onde ocupa a quarta posição. Além disso, emprega mais de 100.000 pessoas na cadeia ex-trativista e produtiva, representando, trabalho, renda e melhoria da qualidade de vida das comunidades envolvidas.

O artesanato cearense, conhecido mundialmente, tem uma grande parcela de importância nesse processo, pois, há anos, emprega a mão de obra artesanal e estimula a comercialização dos produ-tos feitos a partir da espécie. São bolsas, chapéus, entre tantos adereços que en-feitam os turistas e viajam continente afora, deixando na economia do Estado, um resultado positivo.

PrivilégioA cultura é privilégio da região Nor-

deste, especialmente, os Estados do Ce-

FOTOS DIVULGAÇÃO

A cultura da carnaúba é um privilégio da região Nordeste, principalmente no Ceará

7VERDE

Valorizamos pessoas e trabalhamoscom segurança em busca

da sustentabilidade.

R. Cariré, 64 - Farias Brito – Fortaleza - CE | Tel:(85)3392.6950www.ceneged.com.br

ará, Piauí e Rio Grande do Norte a pre-sença desta palmeira representa geração de emprego e renda durante todo o ano. Em algumas localidades, é a única ativi-dade. A safra se estende do mês de agos-to a dezembro, quando acontece o corte e suas palhas, a consequente secagem com a obtenção do pó cerífero.

Nos meses seguintes, acontece o co-zimento do pó e a fabricação da cera de origem. Por caraterísticas próprias, esta é a única parte da terra onde essa palmeira produz o pó e, consequentemente a cera. Países como Alemanha, Índia, Japão e Estados Unidos têm investido, sem su-cesso, na tentativa de cultivar a Coperni-cia Cerífera em virtude da importância da cera extraída de suas folhas.

Solos argilosos e margens de rios, sali-nidade alta são algumas das característi-

cas suportáveis pela carnaúba, que, mes-mo sofrendo estresse hídrico, consegue resistir às adversidades do Semiárido.

UtilizaçãoA cera da carnaúba é utilizada adi-

cionalmente em doces, polimentos, vernizes, produtos de cosméticos e mui-tos outros. A palha pode ser utilizada para fins agrícolas e artesanais. O talo também pode ser usado no artesanato. Recentemente, pesquisadores italianos estão obtendo resultados positivos na utilização do fruto para produção de biodiesel.

A espécie multiuso não é perecível, e sua retirada ocorre para a fabricação de plásticos, papel carbono, tintas, chips, códigos de barra, assim como era muito utilizada na produção de discos de vinil

e baterias. Produtos como lubrificantes, impermeabilizantes e vernizes também são feitos a partir de cera de carnaúba. Além disso, a cera também pode ser utilizada para a manufatura de um ál-cool denominado alifático, que é útil em plantios e horticultura.

Produz um fruto comestível, do qual pode ser extraído óleo, palmito do caule e as raízes são usados com finalidades medicinais. A madeira pode ser utiliza-da na construção civil e de mobiliários e as fibras vão para a fabricação de redes, chapéus, cestos e diversos outros artesa-natos.

Saiba mais- O Memorial da Carnaúba foi inau-

gurado em 14 de maio de 2011, na cidade de Jaguaruana, na região do Baixo Jagua-

ribe. É um espaço criado para a divul-gação de fatos relacionados à cultura da cadeia produtiva da carnaúba no Ceará.

- Instalado no local conhecido como Armazém das Artes., funciona, tam-bém, como espaço para exposições de fotos e apresentações de vídeos, livros, estudos e filmes. Com área de 500 me-tros quadrados, fica na Avenida Antô-nio José de Freitas, 1.216, no centro de Jaguaruana, onde funcionou um antigo galpão que, no século passado, serviu como depósito para comercializar a cera e o pó da carnaúba.

SERVIÇO Memorial da Carnaúba - Av. Cel. Antônio José de Freitas, 1216, Centro. Agendamento para visitação escolar. Telefone: (88) 9282.5566 / 9970.2509http://memorialdacarnauba.blogspot.com.br/

Page 8: O Estado Verde - Edição 22463 - 10 de março de 2015

8 VERDE

Em três meses, 219 km² de florestas foram devastadas

AMAZÔNIA

Além do corte raso, Inpe detectou, cerca de 70 km² de florestas degradadas

Entre novembro de 2014 e janei-ro de 2015, a Amazônia teve 219 km² de florestas completamente devastadas, de acordo com da-

dos oficiais medidos pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tem-po Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A área equivale a 137 vezes à do Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo.

Além do corte raso, o Inpe também detectou, no mesmo período, cer-ca de 70km² de florestas degradadas - isto é, áreas em que a mata não foi inteiramente suprimida, mas foi com-prometida pelo fogo ou pela explora-ção parcial. Com isso, o total de áreas com alterações florestais neste trimes-tre chega a 291km². Em novembro de 2014, foram estimados 76,7km² de áre-as alteradas. Em dezembro, a estimati-va foi de 85,4km². Em janeiro de 2015, exatos 129,3km² sofreram corte raso ou degradação.

De acordo com o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) - que realiza um monitoramento não oficial opera-do pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) -, a alteração florestal teria atingido 281 km² em novembro de 2014, cerca de 205km² em dezembro daquele ano e 677km² em janeiro de 2015. Com isso, o desmatamento total e a degradação teriam somado 1.163 km² neste tri-mestre - um aumento de 326% em re-lação ao mesmo período um ano antes.

As estimativas do Inpe especifica-mente relacionadas ao corte raso foram de 30km² em novembro de 2014, além de 76km² em dezembro e 112 km² em janeiro de 2015 - um total de 218 km². Segundo o SAD, as áreas completa-mente devastadas entre novembro de 2014 e janeiro de 2015 foram de 578 km² - estimativa cerca de duas vezes e meia maior do que a do Inpe.

Segundo o Inpe, os Estados que mais devastaram foram Mato Grosso, com 179,61km², Pará, com 58,8km² e Rondônia, com 21,5km². O Inpe des-taca no boletim que os dados do Deter devem ser analisados em conjunto com a informação sobre a cobertura de nu-vens, que afeta a observação por satéli-tes. Em novembro de 2014, metade da Amazônia estava coberta por nuvens.

Em dezembro, as nuvens impediram a observação de 73% da floresta e, em janeiro de 2015, a floresta tinha 59% da superfície encoberta.

O Deter usa dados de satélites de re-solução moderada, de 250 metros, e é concebido para dar suporte à fiscaliza-ção de desmatamento, de acordo com as necessidades do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Enquanto o siste-ma Prodes, também operado pelo Inpe, fornece dados oficiais anuais, com base em imagens de alta resolução.

No caso do Deter, o que importa é a velocidade: as imagens são analisadas em até cinco dias após a passagem do satélite, indicando onde a devastação acontece para ações contra os desma-tadores ilegais.

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Consórcio Brasileiro de Superfícies Frias na FeiconO Consórcio Brasileiro de Superfí-

cies Frias promoverá, durante a Feicon Batimat 2015 (Feira da Construção), que começa hoje, em São Paulo, uma discussão sobre as diretrizes técnicas que estão sendo desenvolvidas para qualificar produtos que oferecem con-forto térmico e eficiência energética nos edifícios e simultaneamente combatem as ilhas de calor urbanas. O encontro acontecerá no dia 12 de março, às 15 horas, na sala das Orquídeas, dentro da

área da Direção da Feicon no Anhembi, em São Paulo.

O Consórcio tem como objetivo de trabalho definir condutas e normas de qualidade para o desenvolvimento de soluções e produtos que atendam à necessidade de adoção de práticas, processos e recursos que promovam a eficiência energética e consequente-mente a redução do consumo de ener-gia em condicionamento. O escopo do consórcio envolve revestimentos ex-

ternos de edifícios, incluindo cobertu-ras e fachadas.

Os estados que mais devastaram foram Mato Grosso, Pará e Rondônia

Produção de peixe no Açude Castanhão é grande fonte de renda no interior do Ceará

Apesar da incidência de seca, que já perdura por quatro anos no semiárido brasileiro, o Açude Castanhão – o maior reservatório construído pelo Departa-mento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) para usos múltiplos – apresen-tou uma produção de peixe relevante em 2014. No período, foram produzidos e pescados 12.901.400 (doze milhões, novecentos e um mil e quatrocentos) quilos, que renderam aos produtores e pescadores o valor de R$ 79.833.800,00 (setenta e nove milhões, oitocentos e trinta e três mil e quatrocentos reais).

A criação intensiva de tilápia em tanques-rede aproveitando seu espe-lho d’água totalizou 12.220.000 (doze milhões, duzentos e vinte mil) quilos, que, vendido pelos produtores a pre-ço médio de R$6,31 o quilo, totalizou uma renda bruta de R$77.108.200,00 (setenta e sete milhões, cento e oito mil e duzentos reais). A pesca extrativa, feita de modo extensivo pelos pescado-res cadastrados, alcançou 681.400 qui-los, vendido a preço médio de R$4,00, totalizando R$ 2.725.600,00. Dentre as espécies pescadas, se destacam a tilá-pia, o tucunaré, a pescada, o curimatã comum, a traíra e o camarão.

Esses números explicam a impor-tância dessa barragem construída no vale do Rio Jaguaribe no Ceará, capaz de acumular 6,7 bilhões de metros qua-drados de água e que se tornou o maior polo de produção intensiva de tilápias no Brasil, além de suas águas irrigarem projetos hidroagrícolas e abastecerem cidades à sua jusante e a região metro-politana de Fortaleza, beneficiando cer-ca de quatro milhões de pessoas.

SERVIÇO Feicon Batimat 2015Data: 10 a 14 de marçoLocal: Anhembi – São PauloDebate Consórcio Brasileiro de Superfícies Frias na FeiconData: 12 de marçoLocal: Sala das Orquídeas - na área da Direção da feiraHorário: das 15h às 16h30 horas

Page 9: O Estado Verde - Edição 22463 - 10 de março de 2015

9VERDE

Prefeitura mobiliza a população para o combate à Dengue

UTILIDADE PÚBLICA

Ações tem como intuito, fortalecer a mobilização e educação popular dos munícipes

Cuidado com o retorno das chu-vas é preciso retomar a atenção em relação à Dengue. Por isso, a Secretaria Municipal de Saúde

(SMS), por meio do Núcleo de Educação em Saúde e Mobilização Social (Nesms), da Célula de Vigilância Ambiental e de Riscos Biológicos, em parceria com o posto de saúde Waldemar de Alcântara, promoveram ações de intensi� cação ao combate ao Aedes Aegypti, mosquito transmissor da Dengue, durante toda a semana, nos bairros Jockey Clube e João XXIII, da Regional III.

Entre os dias 2 e 8 de março foram realizadas visitas domiciliares dos agen-tes de combate às endemias, borrifação com máquinas costais, � scalização em estabelecimentos com Vigilância Sani-tária, ações educativas em shoppings, a� xação de cartazes e pan� etagem em pontos comerciais.

AtividadesDentre as atividades, foram divulgadas

ações de prevenção e combate à dengue no intervalo das missas realizadas na Paróquia Imaculada Conceição, do bair-ro João XXIII, através de carro de som e rádio comunitária, distribuição de sacos plásticos para acondicionamento de lixo e descartáveis nas residências, entre outras.

Ainda compondo as operações dos pro� ssionais de saúde e mobilizado-

res sociais, na manhã de sexta-feira (6), aconteceu uma caminhada de conscien-tização com estudantes da Escola Presi-dente Kennedy e pro� ssionais de saúde com concentração na Rua Melo de Oli-veira com Estrada do Pici. De acordo com o gerente da Célula de Vigilância Ambiental e Riscos Biológicos, dr. Nélio Morais, essas ações tem como intuito, fortalecer a mobilização e educação po-pular, como ferramenta de esclarecimen-to e conscientização das pessoas.

DengueA dengue é uma doença infeccio-

sa febril causada por um arbovírus. É transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. É a arbovirose que mais causa problemas no mundo. Mais de 2 milhões de casos por ano. É encontrado no sudeste da Ásia, Áfri-ca, Caribe e América do Sul. O Aedes multiplica-se em águas limpas, paradas. Infecções humanas surgem do ciclo hu-mano-mosquito-humano.

O arbovírus (de “arthropod borne vi-rus”), de acordo com de� nição da Orga-nização Mundial de Saúde (OMS) é um “vírus mantido na natureza através da transmissão biológica entre hospedei-ros vertebrados suscetíveis por artró-podos hematófagos, ou por transmissão transovariana e possivelmente venérea em artrópodos”.

TransmissãoA transmissão se dá através da pica-

da da fêmea de mosquitos A. aegypti . São mosquitos urbanos, domiciliares, de hábitos diurnos, após 8-12 dias de incubação no mosquito, este está apto a transmitir a infecção que não é transmi-tida por contato direto.

CURIOSIDADEReconheça o Aedes Aegypti

O mosquito Aedes Aegypti é originário do Egito, mas se espal-hou pelo mundo através da África: primeiro da costa leste do conti-nente para as Américas, depois da costa oeste para a Ásia. O vetor foi descrito cienti� camente pela primeira vez em 1762, quando foi denominado Culex aegypti.

É um inseto pequenino, com menos de 1 cm , apresenta man-chas brancas nas patas e no corpo negro. As asas também são negros.Costuma voar baixo produz-indo pouco zumbido e demon-stra ser mais ativo de manhã.

No início do século 20, o Aedes Aegypti foi responsável pela trans-missão da febre amarela urbana, o que impulsionou a criação de medidas para sua erradicação, que resultaram na eliminação do mosquito em 1955. No entanto, a erradicação não recobriu a totali-dade do continente americano e o vetor permaneceu em áreas como: Venezuela, sul dos Esta-dos Unidos, Guianas e Suriname, além de toda a extensão insular que engloba Caribe e Cuba.

As teorias mais aceitas indicam que o Aedes Aegypti tenha se dis-seminado da África para o conti-nente americano por embarcações que aportaram no Brasil para o trá� co de escravos. Há registro da ocorrência da doença em Curitiba (PR) no � nal do século 19 e em Niterói (RJ) no início do século 20.

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O Aedes Aegypti e o inseto pequenino com menos de 1cm, mas perigoso à saúde

ATENÇÃO SÃO SINAIS DE DENGUE: febre alta, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações e ossos, dor retro-orbital (atrás

dos olhos) e manchas vermelhas na pele. Casos severos podem se apresentar com febre hemorrágica e choque, com uma mortalidade de 5-10%. (Febre do Dengue hemorrágico ou síndrome de choque do Dengue).

UM SINAL DE ALERTA: do dengue hemorrágico é a dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, hepatome-galia dolorosa, derrames cavitários, sangramentos mais intensos, hipotensão arterial, pulso fraco e rápido, extremidades frias, cianose e taquicardia entre outros.

PESSOAS QUE ESTIVERAM: nos últimos 14 dias em uma cidade com presença do Aedes Aegypti ou com transmissão da dengue e apresentar os sintomas citados devem procurar uma unidade de saúde para diagnóstico e tratamento adequado.

PARA PREVENIR DENGUE É PRECISO: vigilância - da enfermidade e de vetores; controle de vetores- pesticidas, elimi-nação de locais de procriação; proteção pessoal - triagem de casas, redes de dormir, repelentes e vacinação - disponível para algumas como Febre amarela, encefalites Japonesa e Russa (carrapato).

A ERRADICAÇÃO DO AEDES AEGYPTI: passa pelo manejo ambiental (saneamento domiciliar) ; educação em saúde - eli-minação física de criadouros e tratamento de criadouros, quando indicado. É um processo que exige atenção e cuidado de todo cidadão e do poder público.

transovariana e possivelmente venérea

A transmissão se dá através da pica-da da fêmea de mosquitos A. aegypti . São mosquitos urbanos, domiciliares, de hábitos diurnos, após 8-12 dias de incubação no mosquito, este está apto a transmitir a infecção que não é transmi-

trá� co de escravos. Há registro da ocorrência da doença em Curitiba (PR) no � nal do século 19 e em Niterói (RJ) no início do século 20.

Fonte: Fio Cruz

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Em três meses, 219 km² de florestas foram devastadas

AMAZÔNIA

Além do corte raso, Inpe detectou, cerca de 70 km² de florestas degradadas

Entre novembro de 2014 e janei-ro de 2015, a Amazônia teve 219 km² de florestas completamente devastadas, de acordo com da-

dos oficiais medidos pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tem-po Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A área equivale a 137 vezes à do Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo.

Além do corte raso, o Inpe também detectou, no mesmo período, cer-ca de 70km² de florestas degradadas - isto é, áreas em que a mata não foi inteiramente suprimida, mas foi com-prometida pelo fogo ou pela explora-ção parcial. Com isso, o total de áreas com alterações florestais neste trimes-tre chega a 291km². Em novembro de 2014, foram estimados 76,7km² de áre-as alteradas. Em dezembro, a estimati-va foi de 85,4km². Em janeiro de 2015, exatos 129,3km² sofreram corte raso ou degradação.

De acordo com o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) - que realiza um monitoramento não oficial opera-do pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) -, a alteração florestal teria atingido 281 km² em novembro de 2014, cerca de 205km² em dezembro daquele ano e 677km² em janeiro de 2015. Com isso, o desmatamento total e a degradação teriam somado 1.163 km² neste tri-mestre - um aumento de 326% em re-lação ao mesmo período um ano antes.

As estimativas do Inpe especifica-mente relacionadas ao corte raso foram de 30km² em novembro de 2014, além de 76km² em dezembro e 112 km² em janeiro de 2015 - um total de 218 km². Segundo o SAD, as áreas completa-mente devastadas entre novembro de 2014 e janeiro de 2015 foram de 578 km² - estimativa cerca de duas vezes e meia maior do que a do Inpe.

Segundo o Inpe, os Estados que mais devastaram foram Mato Grosso, com 179,61km², Pará, com 58,8km² e Rondônia, com 21,5km². O Inpe des-taca no boletim que os dados do Deter devem ser analisados em conjunto com a informação sobre a cobertura de nu-vens, que afeta a observação por satéli-tes. Em novembro de 2014, metade da Amazônia estava coberta por nuvens.

Em dezembro, as nuvens impediram a observação de 73% da floresta e, em janeiro de 2015, a floresta tinha 59% da superfície encoberta.

O Deter usa dados de satélites de re-solução moderada, de 250 metros, e é concebido para dar suporte à fiscaliza-ção de desmatamento, de acordo com as necessidades do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Enquanto o siste-ma Prodes, também operado pelo Inpe, fornece dados oficiais anuais, com base em imagens de alta resolução.

No caso do Deter, o que importa é a velocidade: as imagens são analisadas em até cinco dias após a passagem do satélite, indicando onde a devastação acontece para ações contra os desma-tadores ilegais.

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Consórcio Brasileiro de Superfícies Frias na FeiconO Consórcio Brasileiro de Superfí-

cies Frias promoverá, durante a Feicon Batimat 2015 (Feira da Construção), que começa hoje, em São Paulo, uma discussão sobre as diretrizes técnicas que estão sendo desenvolvidas para qualificar produtos que oferecem con-forto térmico e eficiência energética nos edifícios e simultaneamente combatem as ilhas de calor urbanas. O encontro acontecerá no dia 12 de março, às 15 horas, na sala das Orquídeas, dentro da

área da Direção da Feicon no Anhembi, em São Paulo.

O Consórcio tem como objetivo de trabalho definir condutas e normas de qualidade para o desenvolvimento de soluções e produtos que atendam à necessidade de adoção de práticas, processos e recursos que promovam a eficiência energética e consequente-mente a redução do consumo de ener-gia em condicionamento. O escopo do consórcio envolve revestimentos ex-

ternos de edifícios, incluindo cobertu-ras e fachadas.

Os estados que mais devastaram foram Mato Grosso, Pará e Rondônia

Produção de peixe no Açude Castanhão é grande fonte de renda no interior do Ceará

Apesar da incidência de seca, que já perdura por quatro anos no semiárido brasileiro, o Açude Castanhão – o maior reservatório construído pelo Departa-mento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) para usos múltiplos – apresen-tou uma produção de peixe relevante em 2014. No período, foram produzidos e pescados 12.901.400 (doze milhões, novecentos e um mil e quatrocentos) quilos, que renderam aos produtores e pescadores o valor de R$ 79.833.800,00 (setenta e nove milhões, oitocentos e trinta e três mil e quatrocentos reais).

A criação intensiva de tilápia em tanques-rede aproveitando seu espe-lho d’água totalizou 12.220.000 (doze milhões, duzentos e vinte mil) quilos, que, vendido pelos produtores a pre-ço médio de R$6,31 o quilo, totalizou uma renda bruta de R$77.108.200,00 (setenta e sete milhões, cento e oito mil e duzentos reais). A pesca extrativa, feita de modo extensivo pelos pescado-res cadastrados, alcançou 681.400 qui-los, vendido a preço médio de R$4,00, totalizando R$ 2.725.600,00. Dentre as espécies pescadas, se destacam a tilá-pia, o tucunaré, a pescada, o curimatã comum, a traíra e o camarão.

Esses números explicam a impor-tância dessa barragem construída no vale do Rio Jaguaribe no Ceará, capaz de acumular 6,7 bilhões de metros qua-drados de água e que se tornou o maior polo de produção intensiva de tilápias no Brasil, além de suas águas irrigarem projetos hidroagrícolas e abastecerem cidades à sua jusante e a região metro-politana de Fortaleza, beneficiando cer-ca de quatro milhões de pessoas.

SERVIÇO Feicon Batimat 2015Data: 10 a 14 de marçoLocal: Anhembi – São PauloDebate Consórcio Brasileiro de Superfícies Frias na FeiconData: 12 de marçoLocal: Sala das Orquídeas - na área da Direção da feiraHorário: das 15h às 16h30 horas

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10 VERDE

Bióloga trata o filhote resgatado na praia

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Você pode ajudar a espécie!A preservação do meio ambiente é um grande aliado de qualquer animal, seja ele ameaçado de extinção ou não. O compromisso com a defesa das áreas, principalmente daquelas protegidas por lei, por parte da população é uma grande ajuda para o trabalho de conservação da espécie. Na situação específica de encontrar um mamífero marinho encalhado, como o peixe-boi ou um golfinho, algumas medidas simples podem fazer a diferença para o animal, veja como acessano www.projetomanati.blogspot.com.br .

Mais um filhote recém-nascido encalha no litoral cearense

PEIXE- BOI

Número de encalhes preocupa biólogos. Nos últimos seis meses foram resgatados oito filhotes

Já está em franca recuperação, o fi-lhote de peixe-boi – recém-nascido

– que encalhou na praia de Ariós, no município de Beberibe. O animal, como os outros sete fi-lhotes em reabilitação no Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos da Aquasis (CRMM), apre-sentava quadro de saúde estável, no momento em que foi encontrado, “ele não ficou encalhado por muito tempo”, informa a assessoria de imprensa da CRMM.

A reabilitação dos fi-lhotes de peixe-boi dura, em um primeiro estágio, dois anos. Os animais permanecem no centro de reabilitação sendo ali-mentados por uma fór-mula à base de leite sem lactose, uma vez que na natureza acompanham a mãe durante esse mesmo período na natureza.

Em um segundo mo-mento, eles são levados para um cativeiro em am-biente natural, uma área cercada no mar, onde eles aprendem, literalmente, a se virar sozinhos, achan-do alimentação, nadando em águas com correntes etc. Depois desse estágio, eles são soltos em uma área protegida e monito-rados para garantir seu estado de saúde e sua adaptabilidade.

De acordo com a as-sessoria de imprensa da CRMM, nos últimos seis meses, foram resgatados oito novos filhotes, e to-dos levados para o Cen-

tro de Reabilitação. O Ceará é o estado com o maior índice de encalho de peixe-boi no Brasil. Esses mamíferos se per-dem das mães quando ainda estão aprendendo a nadar e acabam enca-lhando nas nossas praias. É exatamente nessa hora em que a equipe do Cen-tro entra em ação para começar um processo de resgate e proteção desses animais.

O CRMM prevê em seu planejamento a ca-pacidade de tratamento ideal de nove animais simultaneamente e uma capacidade física má-xima de doze animais mantidos em cativeiro. A grande quantidade de encalhes em curtos in-tervalos nessa tempora-da começa a preocupar os biólogos do projeto. Os animais exigem uma grande quantidade de alimentação à base de lei-te sem lactose e verduras, além de medicamentos e trabalho intenso 24h por parte de tratadores, vete-rinários e biólogos.

Projeto Manatí O resgate do pequeno

filhote macho, no último dia 6, foi realizado pela equipe 24h de biólogos e veterinários do Projeto Manatí, que conta com o patrocínio da Petrobras através do Programa Pe-trobras Socioambiental. A equipe chegou no final da tarde ao local onde a população de Ariós estava protegendo o mamífero, e levando-o, imediatamen-

te, para o Centro de Rea-bilitação, no Sesc Iparana.

O Projeto protege a espécie através da reali-

zação de ações diretas, como o resgate e a re-abilitação dos animais, ações preventivas para

a conservação da es-pécie, como educação ambiental, treinamento para prestação de pri-meiros socorros a ani-mais encalhados para as comunidades costeiras, mobilização de parceiros locais, além da luta pela conservação da espécie nas esferas governamen-tais através da criação e regulamentação de po-líticas públicas. Atua 24 municípios, em três esta-dos do Nordeste do Bra-sil. No Ceará atua em 21 municípios do litoral.

EncalhesOs encalhes de filhotes

recém-nascidos é uma das principias e mais pre-ocupantes causas de mor-talidade da espécie, que é um dos mamíferos aquá-ticos mais ameaçados de extinção do País. Esse quadro é consequência da degradação do habitat de reprodução da espécie, os estuários.

Segundo a bióloga e coordenadora do Projeto Manatí, Carol Meirelles,

com a destruição desses ambientes, principal-mente devido ao asso-reamento consequente da criação de fazendas de camarão e salinas, a fêmea perde o acesso a locais com águas calmas para dar a luz e cuidar do filhote nos primeiros dias de vida. “Sem opções, ela dá a luz em mar aberto, em águas com fortes cor-rentes e marés, tornando quase impossível para o filhote recém-nascido acompanhar a mãe. Fraco e desorientado, o animal é levado pela maré até a praia e encalha ainda vivo”, explica.

O filhote de peixe-boi é extremamente frágil e dependente. “Durante os primeiros dois anos, ele acompanha a mãe, aprendendo a sobreviver. Só depois desse período, ele está apto para viver de maneira independen-te. Por sua própria conta, especialmente nos pri-meiros dias de vida, as chances de um filhote são nulas”, completa Carol.

Page 11: O Estado Verde - Edição 22463 - 10 de março de 2015

10 VERDE

Bióloga trata o filhote resgatado na praia

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Você pode ajudar a espécie!A preservação do meio ambiente é um grande aliado de qualquer animal, seja ele ameaçado de extinção ou não. O compromisso com a defesa das áreas, principalmente daquelas protegidas por lei, por parte da população é uma grande ajuda para o trabalho de conservação da espécie. Na situação específica de encontrar um mamífero marinho encalhado, como o peixe-boi ou um golfinho, algumas medidas simples podem fazer a diferença para o animal, veja como acessano www.projetomanati.blogspot.com.br .

Mais um filhote recém-nascido encalha no litoral cearense

PEIXE- BOI

Número de encalhes preocupa biólogos. Nos últimos seis meses foram resgatados oito filhotes

Já está em franca recuperação, o fi-lhote de peixe-boi – recém-nascido

– que encalhou na praia de Ariós, no município de Beberibe. O animal, como os outros sete fi-lhotes em reabilitação no Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos da Aquasis (CRMM), apre-sentava quadro de saúde estável, no momento em que foi encontrado, “ele não ficou encalhado por muito tempo”, informa a assessoria de imprensa da CRMM.

A reabilitação dos fi-lhotes de peixe-boi dura, em um primeiro estágio, dois anos. Os animais permanecem no centro de reabilitação sendo ali-mentados por uma fór-mula à base de leite sem lactose, uma vez que na natureza acompanham a mãe durante esse mesmo período na natureza.

Em um segundo mo-mento, eles são levados para um cativeiro em am-biente natural, uma área cercada no mar, onde eles aprendem, literalmente, a se virar sozinhos, achan-do alimentação, nadando em águas com correntes etc. Depois desse estágio, eles são soltos em uma área protegida e monito-rados para garantir seu estado de saúde e sua adaptabilidade.

De acordo com a as-sessoria de imprensa da CRMM, nos últimos seis meses, foram resgatados oito novos filhotes, e to-dos levados para o Cen-

tro de Reabilitação. O Ceará é o estado com o maior índice de encalho de peixe-boi no Brasil. Esses mamíferos se per-dem das mães quando ainda estão aprendendo a nadar e acabam enca-lhando nas nossas praias. É exatamente nessa hora em que a equipe do Cen-tro entra em ação para começar um processo de resgate e proteção desses animais.

O CRMM prevê em seu planejamento a ca-pacidade de tratamento ideal de nove animais simultaneamente e uma capacidade física má-xima de doze animais mantidos em cativeiro. A grande quantidade de encalhes em curtos in-tervalos nessa tempora-da começa a preocupar os biólogos do projeto. Os animais exigem uma grande quantidade de alimentação à base de lei-te sem lactose e verduras, além de medicamentos e trabalho intenso 24h por parte de tratadores, vete-rinários e biólogos.

Projeto Manatí O resgate do pequeno

filhote macho, no último dia 6, foi realizado pela equipe 24h de biólogos e veterinários do Projeto Manatí, que conta com o patrocínio da Petrobras através do Programa Pe-trobras Socioambiental. A equipe chegou no final da tarde ao local onde a população de Ariós estava protegendo o mamífero, e levando-o, imediatamen-

te, para o Centro de Rea-bilitação, no Sesc Iparana.

O Projeto protege a espécie através da reali-

zação de ações diretas, como o resgate e a re-abilitação dos animais, ações preventivas para

a conservação da es-pécie, como educação ambiental, treinamento para prestação de pri-meiros socorros a ani-mais encalhados para as comunidades costeiras, mobilização de parceiros locais, além da luta pela conservação da espécie nas esferas governamen-tais através da criação e regulamentação de po-líticas públicas. Atua 24 municípios, em três esta-dos do Nordeste do Bra-sil. No Ceará atua em 21 municípios do litoral.

EncalhesOs encalhes de filhotes

recém-nascidos é uma das principias e mais pre-ocupantes causas de mor-talidade da espécie, que é um dos mamíferos aquá-ticos mais ameaçados de extinção do País. Esse quadro é consequência da degradação do habitat de reprodução da espécie, os estuários.

Segundo a bióloga e coordenadora do Projeto Manatí, Carol Meirelles,

com a destruição desses ambientes, principal-mente devido ao asso-reamento consequente da criação de fazendas de camarão e salinas, a fêmea perde o acesso a locais com águas calmas para dar a luz e cuidar do filhote nos primeiros dias de vida. “Sem opções, ela dá a luz em mar aberto, em águas com fortes cor-rentes e marés, tornando quase impossível para o filhote recém-nascido acompanhar a mãe. Fraco e desorientado, o animal é levado pela maré até a praia e encalha ainda vivo”, explica.

O filhote de peixe-boi é extremamente frágil e dependente. “Durante os primeiros dois anos, ele acompanha a mãe, aprendendo a sobreviver. Só depois desse período, ele está apto para viver de maneira independen-te. Por sua própria conta, especialmente nos pri-meiros dias de vida, as chances de um filhote são nulas”, completa Carol.

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Lenda da Carnaubeira: A história da boa árvore da providência

CURIOSIDADE

Em visita a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídri-cos (Funceme), no último dia 5, tive a grata satisfação de encon-

trar na mesa da recepção do órgão, o li-vro A Lenda da Carnaubeira. Confesso que eu não conhecia, adorei!

Fotografei cada uma das páginas, desde a capa da obra até a última folha, para conta, ipsis litteris, a historia para você leitor. A bonita história foi escrita por Margarida Estrela Bandeira Du-arte com desenhos de Paulo Werneck, editado pelo Ministério da Educação em 1938, e prefaciada pelo poeta Ma-noel Bandeira.

No prefácio o poeta diz que o livro obteve o terceiro prêmio em um con-curso patrocinado pela Comissão de Literatura Infantil do Ministério da Educação e Saúde, no ano de 1936. “Um álbum para crianças menores de 7 anos de idade”, escreveu Bandeira.

E assim conto a história...“Reza a lenda indígena, que uma tri-

bo vivia feliz. O sol aquecia as cabanas, amadurecia os frutos. De vez em quan-do as nuvens cobriam o sol, e a chuva caia, molhando as plantações, aumen-tando os rios. Mas depois o sol começou a ficar muito quente, muito quente. Tão quente, que foi secando os rios e matan-do as plantas e os animais.

Os índios rezavam e dançavam pe-dindo a tupã que lhes mandasse outra vez a chuva que mata a sede das plantas e dos animais. Mas era tudo em vão! O sol continuava queimando... Os índios e animais morriam, os urubus devora-vam os corpos abandonados. Daqueles homens tão fortes só restava um ca-sal com o filho, que foram obrigados a abandonar a taba em busca de terras mais felizes.

Viajaram seis dias e seis noites, co-mendo raízes. No sétimo dia, sob um sol escaldante, avistaram na chapada uma palmeira sozinha perdida no de-serto, balançando como ventarolas suas palmas verdes. Vencidos pelo cansaço,

os pais adormeceram. Só o indiozinho continuava acordado e preocupado pe-dia auxílio de Tupã, quando viu uma voz que chamava por ele.

No topo da palmeira uma índia lhe dizia: Eu me chamo carnaubeira e estou aqui pra te ajudar. Há muitos anos a mi-nha tribo também foi atormentada pela seca. Socorri a todos e, quando morri a lua me transformou nesta árvore para salvar os desamparados. Faze o que te aconselho e ainda serás feliz:

- Talha o meu tronco e com a minha

seiva mata a sede de teus pais e a tua.- Come o meu fruto e não sentirá

mais fome.- Cozinha um pouco das minhas

raízes. É remédio que, bebido, fecha as feridas.

- Põe pra secar minhas folhas e bate-as. Delas sairá um pó cinzento e perfumado, a minha cera, com que po-derás iluminar o teu caminho nas noi-tes sem lua.

- Da palha que ficar, tece teu cha-péu e tua esteira. E poderá, então,

construir a tua cabana com a madeira do meu tronco.

E o menino fez tudo o que a índia lhe aconselhou. Dentro de alguns anos, um carnaubal imenso balançava-se ao vento. E o indiozinho, já homem, despedia-se dos seus pais para levar a todas as tabas os cocos da boa árvore da providência, como a chamam hoje os caboclos felizes.”

Agora eu sei por que a carnaúba é a árvore símbolo do Ceará. E você? Ela está representada no brasão do Gover-no do Estado do Ceará.

Árvore da VidaO naturalista Alexander von Hum-

boldt, fundador da Universidade de Berlim, chamou a carnaúba de “árvore da vida”, em função de suas infinitas aplicações práticas. Além dos frutos, das amêndoas, do tronco, das folhas e das fibras de utilidades variadas, no Nordeste brasileiro, ela é muito aplica-da nas construções de casas. Uma das razões é a sua madeira moderadamente pesada e resistente (mas fácil de aplai-nar), de longa durabilidade quando em água salgada.

Tanto que é usada também em pos-tes, moirões, caibros, ripas e artefatos de uso doméstico. As folhas ainda forne-cem a famosa cera de carnaúba, usada em graxas de sapatos, vernizes, lubrifi-cantes, sabonetes, entre outros.

FOTO DIVULGAÇÃO

Põe pra secar minhas folhas e bate-as. Delas sairáum pó cinzento e perfumado, a minha cera, com que poderás iluminar o teu caminho nas noites sem lua.

TARCILIA REGO Da Redação do OeV SAIBA MAIS

NOME CIENTÍFICO: Copernicia prunifera FAMÍLIA: Arecaceae. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Esta palmeira tem en-

tre sete e dez metros de altura, mas eventualmente chega a 15. O tronco varia de 15 a 25 centímetros de diâmetro. Suas folhas, em forma de leque, possuem até um metro de ex-tensão. Esta planta gosta de solos arenosos e alagadiços, várzeas e margens dos rios em regiões de clima quente.

ORIGEM: Endêmica do semiárido do Nordeste brasileiro. OCORRÊNCIA NATURAL: O Nordeste brasileiro, em regiões

da Caatinga, principalmente no Ceará, e nos Estados do Pará, Maranhão, Piauí até Goiás e Bahia.

Fonte: Árvores Brasileiras – Manual de Identificação e Cultivode Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, de Harri Lorenzi.

Page 12: O Estado Verde - Edição 22463 - 10 de março de 2015

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Estão abertas as inscrições para Conferência do Solo

GOVERNANÇA

Objetivo é sensibilizar a sociedade sobre a importância da conservação e do uso sustentável

Nos dias 25, 26 e 27 deste mês acontece, em Brasília, a Confe-rência sobre a Governança do Solo. O evento terá quatro eixos

temáticos: conhecimento dos solos e ins-titucionalidade; vulnerabilidades do solo frente às mudanças climáticas, à deser-ti� cação e aos eventos extremos; susten-tabilidade da produção agropecuária, se-gurança alimentar e serviços ambientais; e governança territorial e solos.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) terá um estande com demons-trações sobre como realizar o Cadastro Ambiental Rural (CAR), além de apre-sentar três temas em sessões técnicas dentro da programação: Recuperação de Áreas Degradadas no Brasil como uma Alternativa de Renda para o Pro-dutor Rural, mediado pelo diretor do Departamento de Conservação da Bio-diversidade, Carlos Scaramuzza; Políti-cas Públicas Referentes à Governança do Uso dos Solos, mediado pelo diretor do Departamento de Combate à Deser-ti� cação, Francisco Campello; e Setor de Florestas e a Mudança do Clima - Como Consolidar o Combate ao Des-matamento nas Políticas de Proteção e Produção, com o secretário de Mudan-ças Climáticas e Qualidade Ambiental, Carlos Klink.

Podem se inscre-ver para participar da conferência to-madores de decisão no âmbito gover-namental; profes-sores e pesquisa-dores; organizações da sociedade civil e demais pro� ssionais

da área. Interessados devem fazer a ins-crição pelo endereço www.governanca-dosolo.gov.br.

A conferência tem como objetivos sensibilizar a sociedade quanto à impor-

tância da conservação e do uso susten-tável dos solos e suas implicações para as políticas ligadas ao desenvolvimento sustentável; apresentar iniciativas bem sucedidas ligadas à gestão dos solos, que possam indicar caminhos para as políticas públicas relacionadas ao tema e formular recomendações e sugestões às instituições competentes para apri-morar os mecanismos de governança dos solos.

Ano Internacional dos SolosInstituído pela Organização das Na-

ções Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) com o objetivo de

aprimorar a governança dos recursos limitados do solo do planeta, para ga-rantir solos saudáveis, produtivos e se-gurança alimentar, 2015 é o Ano Inter-nacional dos Solos.

Trinta e três por cento das terras do planeta são considerados como tendo alto ou médio grau de degradação, de-vido à erosão, salinização, compactação, impermeabilização e poluição quími-ca. Segundo a 1ª edição da Global Soil Week (2012), nos últimos 50 anos, a quantidade de terra agricultável per ca-pita diminuiu cerca de 50% no mundo.

A América Latina e o Caribe têm as maiores reservas de terras cultiváveis do mundo, por isso o cuidado e a preser-vação dos solos são fundamentais para que a região alcance sua meta de erra-dicar a fome.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), os solos saudáveis estão na base da agricultura familiar, na produção de alimentos e na luta contra a fome e, ainda, cumprem um papel como reservatórios da biodiversi-dade. Além disso, compõem o ciclo de carbono, por isso que o seu cuidado é necessário para mitigar e enfrentar as mudanças climáticas.

SERVIÇO Conferência sobre Governança de Solos O evento é uma realização do Tribunal de Contas da União (TCU), em parceria como a FAO, o MMA, a Embrapa Solos, a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, a Itaipu Binacional, a Agência Nacional de Águas e o Institute for Advanced Sustainability.Data: 25 a 27 de março de 2015Local: Hotel Royal Tulip, Brasília (DF).

ças Climáticas e Qualidade Ambiental,

Podem se inscre-

madores de decisão

sores e pesquisa-dores; organizações da sociedade civil e demais pro� ssionais

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