o estado verde - edição 22278 - 17 de junho de 2014

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Se a disputa no Mundial da Fifa fosse um ranking de condição sanitárias, não passaríamos da fase de grupos. Pesquisas associam o material a substâncias tóxicas cancerígenas e que podem contaminar os alimentos. Saiba que cuidados tomar para se proteger. Verde ANO VI - EDIÇÃO N o 342 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 17 de junho de 2014 Conheça um pouco da história desses reservatórios que marcaram o Ceará na luta contra a seca. PERIGO Você usa plástico na cozinha? SEM ESTRELA Brasil perderia a Copa do Mundo de Saneamento Págs. 9 e 10 Pág. 11 Págs. 6, 7 e 8 FOTO: BANCO DE DADOS AÇUDES Espelhos d’água no Semiárido FOTO: TIAGO STILLE

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Jornal O Estado (Ceará)

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Se a disputa no Mundial da Fifa fosse um ranking de condição sanitár ias, não passaríamos da fase de grupos.

Pesquisas associam o material a substâncias tóxicas cancerígenas e que podem contaminar os alimentos. Saiba que cuidados tomar para se proteger.

Verde ANO VI - EDIÇÃO No 342FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

Terça-feira, 17 de junho de 2014

Conheça um pouco da histór ia desses re s e r v a tó r i o s q u e marcaram o Ceará na luta contra a seca.

PERIGOVocê usa plástico na cozinha?

SEM ESTRELABrasil perderia a Copa do Mundo de Saneamento

Págs. 9 e 10Pág. 11

Págs. 6, 7 e 8

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O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Wevertghom B. Bastos. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Sheryda Lopes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873Verde

TARCILIA [email protected]

MUDANÇAS CLIMÁTICAS Após duas semanas, chegam ao fi m

(15/06), às negociações intersecionais em Bonn e as discussões sobre os fun-dos de investimento, por meio dos quais os países ricos podem apoiar fi nancei-ramente os emergentes na transição para uma economia de baixo carbono, não foram animadoras. Os Estados Unidos e a Europa deram um banho de água fria nas nações que continuam defendendo fundos públicos, como a proposta que destinaria 1% ou mais da riqueza nacional para esse fi m.

O negociador americano, Jonathan Pershing, defende que “os mercados de carbono poderiam desempenhar um grande papel nesse sentido”, as-sim como representantes da União Europeia também ressaltaram que o financiamento privado deve ter pa-pel decisivo no combate às Mudan-ças Climáticas.

Defendem, principalmente, os Esta-dos Unidos, que o contribuinte não tem que arcar com o ônus da emissão e sim as empresas e por isso acreditam que essa posição será mantida. Eles querem mesmo é levar as alterações do clima para o mercado.

1 MILHÃO De assinatura! É a marca que a so-

ciedade civil brasileira alcançou pedin-

do o fi m do desmatamento no Brasil, segundo informa o Greenpeace. O objetivo da proposta, que visa proibir o corte de fl oresta nativa no Brasil e a emissão de novas autorizações para desmatamento, é encaminhar o proje-to de lei ao Congresso Nacional. É a busca pelo Desmatamento Zero nas fl orestas brasileiras. Quer participar? Junte-se ao greenpeace.org.br.

EÓLICAO Conselho Nacional de Meio Am-

biente (Conama) aprovou, dia 10, resolução que estabelece critérios e procedimentos para o licencia-mento de parques eólicos instalados em terra. O texto base, aprovado na última reunião ordinária, em 28 de maio, sofreu pequenas alterações e foi submetido a uma votação de destaques. O novo marco jurídico define o papel dos estados, do go-verno federal e dos municípios nos procedimentos de licenciamento.

REFLEXÃOPerguntaram a um sábio chinês: “O

que é ciência?”. Ele respondeu: “Ciên-cia é conhecer as pessoas”. Então lhe perguntaram: “E a virtude?”. Esta foi a resposta: “Virtude é amar as pessoas”.

O espetáculo de abertura da Copa do Mundo não representou, em nada, a exuberância da cultura do povo brasileiro e muito menos, a exuberante natureza que detém o País. Ao contrário das aberturas dos mundiais anteriores, o grama-do repleto de vazios, mais lembrava uma fl oresta derrubada. Mas, o que uma belga entende de ritmo brasileiro, de Brasil? Esse é o tal do “Padrão Fifa”, o que sabe de natureza? O Fuleco que o diga...

Nem de longe, a nossa Amazônia um dos lugares mais ricos do planeta em relação à diversidade da fl ora e da fauna e que abriga mais de 40 mil espécies de plantas; 427 mamíferos; 1.294 aves; 378 répteis; 426 anfíbios e 3 mil espécies de peixes, foi representada naquela apresentação. Um fi asco...

E sobre as vais e xingamentos dirigidos a Presidente da República e ao mandatário da Fifa, Joseph Blatter, normal, foi uma atitude democrática de uma sociedade nada satisfeita. Por um momento o Itaquerão, foi a nossa Ágo-ra, bem diferente do “Padrão Fifa”.

ITAQUERÃO, NOSSA ÁGORA

Coluna Verde

GESTORA E EDUCADORA AMBIENTAL

2 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 17 de junho de 2014

VERDE

17 DE JUNHODIA MUNDIAL DE COMBATE À DESERTIFICAÇÃO • O dia é celebrado anualmente desde 1995 quando o dia foi proclamado pela Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo é chamar atenção sobre o problema mundial da degradação de terras férteis que cresce mais e mais a cada ano, e promover a sensibilização pública relativa à cooperação interna-cional no combate à desertifi cação e os efeitos da seca.

De acordo com a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertifi ca-ção (UNCCD), a desertifi cação corresponde à degradação da terra nas zonas áridas, semiáridas e sub-húmidas secas, devido a vários fatores, como por exemplo, variações climáticas ou atividades humanas. Junto com outros 192 países, o Brasil é signatário da UNCCD.

18 DE JUNHODIA DO QUÍMICO

• O profi ssional de Química é comemora-do em 18 de junho. Nesse dia, no ano de 1956, o então presidente, Juscelino Kubitschek assinou a Lei NO 2.800, conhecida por “Lei Mater dos Químicos”, criando os Conselhos Federais e Regionais de Química.

É um ramo da ciência que estuda as alterações e transformações sofridas pela matéria, incluindo solo, água, ar, poluen-tes, minerais e metais, bem como sua composição e propriedades. Desde a pré--história, o homem já acumulava conhe-cimentos práticos de química.

Na área ambiental, o químico pode ela-borar projetos de preservação do meio ambiente, bem como detectar subs-tâncias e analisar possíveis danos à natureza causados por agentes poluentes.

DIA 21 DE JUNHOINÍCIO DO INVERNO

• Segundo o Centro de Prevenção do Tempo e Estudos Climáticos (Cep-tec), o Inverno no Hemisfério Sul começa às 07h51 do dia 21 de junho. Nesta estação, que compreende os meses de junho, julho e agosto, as temperaturas são climatologicamente amenas. Nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste do País, este trimestre é considerado o menos chuvoso do ano no que se refere à distri-buição de chuvas, e o principal sistema meteorológico é a frente fria.

EDITALSÃO JOÃO DE MARACANAÚ 2014

• Termina, hoje, o período de inscrição para os empreendedores que dese-jam montar barraca de comidas e bebidas, durante o São João de Maracanaú 2014. Os interessados devem se dirigir a Secretaria de Trabalho, Emprego e Empreendedorismo, Avenida 1 – n° 17, Jereissati I, no Feira Center, para fazer o cadastro portando os seguintes documentos: Cópia de Documento de Identifi cação (RG ou Carteira Nacional de Habilitação ou Carteira de Cate-goria Profi ssional); Cópia do CPF; Cópia do Comprovante de Endereço Atu-alizado; Certidão Negativa de Tributos Municipais, emitida pela Prefeitura de Maracanaú; Ficha de Inscrição devidamente preenchida; e Atestado de antecedentes criminais. As inscrições são gratuitas.

AGENDA VERDE

POR TARCILIA [email protected]

A Conferência de Mudanças Cli-máticas de Bonn - 3a Sessão do ADP/Grupo de Trabalho sobre a Plataforma de Dur-

ban (negociação do novo acordo climá-tico global), após duas semanas, chega ao fi m. As negociações intersecionais (como são conhecidas essas rodadas do meio do ano) da Organização das Na-ções Unidas (ONU) sobre o clima, que tiveram um pequeno progresso dia 14, sábado, em direção a um texto para um acordo em 2015 e une todos os países com o objetivo de reduzir as emissões dos gases do efeito estufa, avançaram. As boas notícias são que as negociações estão progredindo e ao que tudo indica, o caminho está sendo traçado para a as-sinatura de um novo tratado em 2015.

Os coordenadores, conhecidos como chairs , responsáveis pela construção de um novo documento, prometeram fazer um esboço para apresentar aos países até 15 de julho e discuti-lo na próxima sessão, em outubro, e mais de 60 países anunciaram que vão reduzir a pegada de carbono nos próximos anos. As conver-

sações da última sexta, 13, foram con-centradas no conteúdo do futuro acordo mundial, previsto para ser concluído em 2015, em Paris. O novo acordo infl uen-ciará os compromissos estabelecidos de cada país para tentar conter o aqueci-mento global ao máximo de 2ºC, quando as atuais emissões de gases do efeito es-tufa elevam o aquecimento a quase 4ºC.

E enquanto a conferência acontecia em Bonn Estados Unidos e China - os dois maiores emissores do mundo - anuncia-ram medidas que demonstraram fortes sinais de boa vontade. Anunciaram pla-nos de redução de emissões e introdução de energias renováveis. “Fico muito feliz que praticamente todos os países em de-senvolvimento declararam que precisa-mos mudar de combustíveis fósseis para energia limpa no tempo de uma gera-ção”, disse o diretor de política climáti-ca internacional do Greenpeace, Martin Kaiser, durante conferência de imprensa realizada pela Climate Action Network – Rede de Ação Climática (Can).

As grandes ONGs de defesa do meio am-biente, que abandonaram as negociações internacionais sobre o clima em novembro do ano passado, para denunciar a lentidão do processo, “ofi cializaram” o retorno a

Bonn na sexta, dia 13. Dezenas de militan-tes que representaram 70 organizações, incluindo Greenpeace, Oxfam e WWF, e receberam os delegados de 195 países que negociavam, sob a mediação da ONU, aos gritos de “Climate Justice” [Justiça Climá-tica], antes do início das reuniões em um hotel de Bonn, onde aconteceu, desde o dia 11, uma sessão de negociações que prosse-guiu até 15 de junho.

PERU 2014A 20a Conferência das Partes da Con-

venção da ONU sobre Mudanças do Cli-ma (COP20) acontece em dezembro, em Lima, no Peru, onde a grande expectativa é a aprovação do primeiro rascunho do texto que servirá de base para se chegar a um novo acordo climático em dezembro de 2015 na COP21, em Paris.

SAIBA MAISEm 11 de abril, foi divulgado a 3A parte do

5o relatório do IPCC que trata da mitigação das mudanças do clima e que deve apon-tar que a janela de possibilidade para re-dução de emissões sufi ciente para limitar o aumento da temperatura média global em 2ºC está se fechando rapidamente e, se não revertemos o crescimento das emissões até o fi nal da década, as chances do limite de 2ºC tenderão a zero. Os relatórios do IPCC devem chacoalhar a agenda de negociações do novo acordo climático global.

3FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 17 de junho de 2014

VERDE

Tudo indica que as negociações estão progredindo e um novo tratado está sendo guardado em 2015

Chegam ao fim negociações de clima em Bonn

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

AGENDA DO CLIMA 2014Setembro: Cúpula de Clima da ONU 2014 (Nova York, EUA)Outubro (27 a 31 de): IPCC 5o Relatório sobre Mudanças Climáticas - Synthesis Report (Copenhague, Dinamarca).Dezembro (1ª a 12): Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Mu-danças do Clima/COP20 (Lima, Peru).

O secretário executivo da ONG Associação Caatinga (AC) Ro-drigo de Castro, recebeu das mãos da ministra do Meio

Ambiente Isabela Teixeira, em Brasília, o prêmio Dryland Champions, da Con-venção das Nações Unidas de Combate a Desertifi cação (UNCCD). O reconheci-mento é pela ações do projeto No Clima da Caatinga, realizado na Reserva Na-cional Serra das Almas, na região de Crateús, desde 2011. Na ocasião, Rodrigo aproveitou para pressionar o Governo pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 504/2010, conheci-da como PEC da Caatinga e do Cerrado, que eleva os dois biomas a patrimônio nacional brasileiro.

Segundo o representante da ONG, o reconhecimento é importante para a organização e para bioma. “Nós esta-mos honrados. Entendemos essa pre-miação como um sinal de que estamos no caminho certo e que devemos con-tinuar nossa missão”, afi rma.

Quanto ao bioma, Rodrigo afi rma que ganha visibilidade internacional, embora o ambientalista não julgue sufi ciente para sensibilizar a Câmara Federal. “O Legislativo está fechado para pautas de cunho ambiental. Não tem interesse, prioridade nem sensibi-lidade para a isso”, criticou, referindo-se à PEC 504/2010, que tramita no Congresso há quase 20 anos e já foi aprovada pelo Senado.

O PROJETO Patrocinado pela Petrobras, o NCC

atua na manutenção da Reserva Natu-ral Serra das Almas e de áreas no seu entorno, desde 2011. Entre seus 12 obje-tivos, desenvolve as ações para a recu-peração de áreas degradadas, educa-ção ambiental para a conservação de recursos naturais, conservação das na-scentes das microbacias hidrográfi cas do entorno da Reserva Natural Serra das Almas, criação de banco de germo-plasma de espécies nativas através da capacitação de agricultores e difusão

de tecnologias sustentáveis - atividades diretamente ligadas à degradação e combate a desertifi cação.

O Programa Dryland Champions proporciona o conhecimento de ações que contribuem signifi cativamente para evitar a degradação do solo e restaurar terras degradadas. Imple-mentado pela Convenção das Nações Unidas de Combate a Desertifi cação (UNCCD), contribui para alcançar uma Neutralidade da Degradação de Ter-ras no Mundo (LDNW), cujo principal efeito negativo é a perda de capacidade produtiva do solo, o que afeta direta-mente a qualidade de vida, informa a Associação Caatinga (AC), por meio de sua assessoria de imprensa.

Prêmio Recente 5o Edição ODM Brasil (23/05/2014)O projeto No Clima da Caatinga tam-

bém recebeu o prêmio ODM Brasil, uma iniciativa pioneira no mundo cria-da em 2004 com a fi nalidade de incen-tivar ações, programas e projetos que contribuem efetivamente para o cum-primento dos Objetivos de Desenvolvi-mento do Milênio (ODM), melhoria da qualidade de vida da população e as transformações sociais do país. (Com informações da Associação Caatinga)

SERVIÇO:No Clima da Caatinga:www.noclimadacaatinga.org.brwww.facebook.com/noclimadacaatinga

4 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 17 de junho de 2014

VERDE

PEDRO CARDOSO DA COSTA*

Falar de hábitos reprováveis não é nada muito fácil. Ao con-trário, é bastante complicado. Ninguém assume suas más con-dutas. Todo mundo gosta de en-altecer as suas boas práticas.

Defi nitivamente, ninguém deve mesmo se regozijar de erros, pois se já são considerados assim é porque têm a reprovação social. E variam de época e de lugares. Seria inimaginável um cumpri-mento com beijo no rosto de uma muçulmana em um homem, tão comum aqui no Ocidente. Esses exemplos fi cam no campo indi-vidual, mas algumas condutas coletivas precisam ser tratadas com mais delicadeza ou urbanidade.

Na disputa por espaço a gentileza passa longe. Quando se vai entrar num ônibus, metrô ou trem, as pessoas agem com selvageria. Quem é mais fraco é esmagado. Em muitos casos a culpa não fi ca bem defi nida. Uns aproveitam do aperto para empurrar os demais; outros não têm condições de evitar o esbarrão; e alguns reclamam achando que aquela vítima, que está prensando, também é um aproveitador. A barbá-rie é tão sem limite que as pessoas não conseguem descer, em função de dis-puta por lugares de pé.

Os espaços reservados aos defi cientes em garagens e em transporte público são desrespeitados permanentemente. Já virou até brincadeira nas redes soci-ais que o melhor remédio para dormir é sentar num espaço reservado, pois a maioria fi nge dormir para não ceder a uma pessoa que teria direito. Outra face desse problema se verifi ca quando o lugar deve ser cedido a homem, pois a maioria das pessoas tem resistência, devido a uma percepção enviesada de que se trata de um aproveitador, de um esperto. O entendimento errôneo inver-so também é verdadeiro.

Da mesma forma que os lugares sem demarcação devem ser cedidos sem limitação a quem precisa, também, as pessoas sem necessidades especiais podem ocupar os lugares demarcados quando estiverem livres. Muita gente fi ca de pé por entender que esses espa-

ços nunca podem ser ocupados. O forte do brasileiro defi nitivamente

é a transgressão. Por isso, o sinal ama-relo de trânsito em qualquer lugar do mundo signifi ca diminuir a velocidade para parar, menos no Brasil. Amarelou, é hora de avançar. Todo pedestre esperto já sabe que deve dar um pouco do seu tempo para os espertinhos.

O metrô é o exemplo acabado dessa desobediência civil. Já trocaram “n” vezes as setas para orientar que as pes-soas permitam o desembarque antes de entrar. A atual é uma seta no centro das portas com indicação de saída. As que vão entrar devem fi car nas laterais para o desembarque pelo centro. Quando al-guns obedecem e deixam o centro livre, os espertinhos ocupam aquele lugar, roubando o direito de quem vai descer e de quem aguarda para entrar.

Isso já teve nome de jeitinho brasileiro, de malandro do morro, de “bon vivant” e até garoto esperto. Romantizar erros fez e faz parte da nossa cultura. E isso vai ar-raigando o mal de ser tolerante com as transgressões e achar que elas podem ocorrer em todas as ocasiões.

O exemplo mais recente foi a invasão da tribuna da Suprema Corte de Justiça do país pelo advogado de José Genoíno, devidamente retirado por ordem do presidente Joaquim Barbosa, criticado por muitos e até por colegas, por ter feito o que devia. Passou da hora de quebrar, ao menos, a glamourização do erro.

*Bacharel em direito, São Paulo, Capital.

Nossos maus costumesNo Clima da Caatinga conquista prêmio Dryland Champions

ARTIGORECONHECIMENTO

ASSOCIAÇÃO CAATINGA

Ações incluem recuperação de áreas degradadas e conservação das nascentes das microbacias

5FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 17 de junho de 2014

VERDE

POR TARCILIA [email protected]

Choveu, ainda abaixo da mé-dia, mas foi melhor que 2012 e 2013. Durante cole-tiva realizada na manhã de

sexta-feira, 13, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) apresentou o balanço da quadra chuvosa em 2014 e as chuvas entre fevereiro e maio de 2014 ficaram 24% abaixo da média histórica, no Ce-ará, pelo terceiro ano consecutivo.

De acordo com o presidente da Fun-ceme, Eduardo Sávio Martins, a média dos quatro meses é de 607,4mm e as precipitações acumuladas no Estado no período foram de 461,9mm. “Desde de-zembro do ano passado emitimos previ-sões mostrando maiores probabilidades de chuvas abaixo da média para meses da quadra chuvosa. Foi assim também no prognóstico ofi cial, divulgado em ja-neiro, e na previsão climática feita em fevereiro”, disse Martins.

A avaliação da precipitação observada durante a quadra chuvosa (fevereiro a maio) de 2014 indica que as chuvas no Estado do Ceará fi caram abaixo da mé-dia, com desvio percentual de -24,0% em relação à normal climatológica (1980 – 2009). Abril foi o mês mais crítico, com -32,2% de desvio, seguido de fevereiro (-27,7%) e março (-23,3%). As informa-ções foram colhidas em todos os postos pluviométricos do Ceará (cerca de 570, distribuídos nos 184 municípios).

A quadra chuvosa apresentou mais chuva do que as de 2013 e 2014. En-quanto a estação chuvosa de 2014 fi cou 24% abaixo da média, nos anos anterio-res os índices foram piores. Em 2013, as precipitações entre fevereiro e maio fi caram 37,7% abaixo da média em, em

2012, 50,7%. “Estamos no terceiro ano de estiagem e devemos focar nos impac-tos que isso traz para o Ceará”, alerta.

Uma característica da nossa região é a irregularidade espacial na distribuição das chuvas, o ano de 2014, em sua qua-dra chuvosa, também foi marcada pela irregularidade temporal, com ocorrên-cia de veranicos longos, tais como o re-gistrado no posto pluviométrico Rafael Arruda em sobral, que alcançou 73 dias seguidos sem precipitação. O veranico é um fenômeno meteorológico comum nas regiões meridionais do Brasil. Con-siste em um período de estiagem, acom-panhado por calor intenso (25-35 °C),

forte insolação, e baixa umidade relati-va em plena estação chuvosa.

MUDANÇAS CLIMÁTICASPerguntado sobre a relação da baixa

ocorrência de chuvas com o fenômeno das Mudanças Climáticas, Sávio Mar-tins disse que “o clima do planeta está sempre mudando”, mas segundo alguns estudos, principalmente no setor de impactos, apontam a intensifi cação de eventos extremos tanto de cheia como de seca. “Isto nos remete a uma preocu-pação tanto em termos de intensifi cação e aumento de frequência desses eventos externos, e o que requer uma preocupa-

ção maior dos aparelhos de Estado para respostas a esses fenômenos”.

O presidente da Funceme fez refe-rência com a necessidade de ações de adaptação às Mudanças Climáticas. “Adaptação não ocorre daqui a 100 anos, adaptação ocorre agora, então te-mos que preparar as instituições, hoje para responder estes eventos extremos e prestar efetivamente um serviço útil à sociedade. Criar mecanismos de con-vivência com a seca, pois ela sempre vai ocorrer”. Explica Sávio, alertando que precisamos nos preparar para um cenário que é menos favorável a convi-vência com o Semiárido.

AÇUDAGEMMas, o Ceará vem fazendo o dever

de casa há algum tempo, desde 1987, como informa o representante da Fun-ceme. “O Ceará sempre fez o seu dever de casa e o faz até hoje, no que diz res-peito aos recursos hídricos. Investiu fortemente em infraestrutura e, hoje, a Cogerh monitora 142 reservatórios para garantir abastecimento de várias regiões, tem o Cinturão das Águas que o Governo vem investindo fortemente para garantir a circulação dessas águas para as várias bacias do Estado”.

O trabalho que vem sendo feito ao longo dos anos garante que atualmen-te o Ceará esteja com 32% de capaci-dade máxima dos reservatórios, cer-ca de 18 bilhões de metros cúbicos, apesar do período de seca, e ainda é o Estado com a maior capacidade de armazenamento de recursos hídricos, do Nordeste. “É um volume alto, mas ainda preocupante quando olhamos a distribuição em todo o território cea-rense. Temos regiões com percentual muito baixo, como é o caso de Crateús (3%) e o Rio Curu (6%)”, alerta.

Órgão divulga avaliação da quadra chuvosa

FUNCEME

A quadra chuvosa apresentou mais chuva do que as de 2013 e 2014. Embora nos anos anteriores os índices tenham sido piores, a situação ainda preocupa

BETH DREHER

“Adaptação não ocorre daqui a 100 anos, então temos que preparar as instituições”, afirmou o presidente da Funceme

6 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 17 de junho de 2014

VERDE

POR: SHERYDA [email protected]

A seca faz parte da história e da literatura cearense, assim como a imagem de milhares de sertanejos fugindo das

terras castigadas pela falta de chuvas. Uma das formas buscadas para resol-ver esse problema foram os açudes, re-servatórios artifi ciais construídos pelo homem por meio de barragens. A cons-trução desses espelhos d’água, no Cea-rá, teve início há mais de um século e é anterior ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), órgão

federal que tem 105 anos de existência e construiu mais de 500 desses reser-vatórios no Estado.

Muitos açudes cearenses secaram com o tempo ou foram esquecidos. Entretanto, pelo menos 149, entre es-taduais e federais, são monitorados atualmente e constam no Portal Hi-drológico do Ceará. Eles cumprem um papel importante no abastecimento do Estado: Segundo o Dnocs, entre as principais fontes de abastecimento de Fortaleza, por exemplo, estão as águas do Açude Castanhão, o maior do Es-tado, e o de Orós, segundo maior. Por causa deles, se em 2015 não houver

chuvas, o Ceará não terá problemas de abastecimento, garante o órgão.

“Eu não tenho a menor dúvida de que se não tivesse ocorrido esse trabalho de implementação dos açudes no Semiári-do difi cilmente haveria vida na região”, comenta o coordenador geral de plane-jamento e gestão estratégica do Dnocs, José Alberto de Almeida. Segundo os registros históricos e até literários, morreram 500 mil pessoas na seca de 1915. “A população da época era mui-to pequena, então, pode-se dizer que morreu quase todo mundo! Como iría-mos sustentar as pessoas que sobraram sem água?”, questiona.

Segundo o Dnocs açudes foram cons-truídos com o objetivo de abastecimento humano, matar a sede dos animais, irri-gação, geração de energia, lazer e pisci-cultura. Além da construção das próprias barragens, o Departamento também foi responsável por outras obras como fer-rovias e estradas para o acesso à açuda-gem, e por implementar áreas de produ-ção agrícola ligadas às obras.

Atualmente, apenas três açudes estão com o volume de 90% da capacidade, sendo a média geral de 325, segundo o Portal Hidrológico do Ceará. Os baixos índices fazem parte de mais uma seca severa, a pior dos últimos 30 anos.

Espelhos d’água artificiais que brilham no Ceará

AÇUDAGEM

Com mais de 100 anos de experiência na construção de açudes, o Estado conta com esses reservatórios para enfrentar a pior seca dos últimos anos

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7FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 17 de junho de 2014

VERDE

CEDRO, O PRIMEIRO AÇUDE DO CEARÁ- Dois dos maiores cartões postais cearen-

ses fazem parte da mesma paisagem. Abaixo da Pedra da Galinha Choca um imenso espe-lho d’água - hoje arranhado pela falta de chu-vas - dá brilho ao cenário. Trata-se do Cedro, em Quixadá, o primeiro açude do Ceará e mais antiga obra do Dnocs. A primeira barragem do açude, concluída em 1906, é anterior ao próprio órgão, que foi criado em 1909 com o nome de Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS). Os primeiros estudos e projetos para a realização do Cedro iniciaram-se, ainda, no Governo Imperial, em 1890, motivados pelos impactos da seca que ocorreu de 1877 a 1879.

“Devido às limitações técnicas da época, o Cedro tem muitos erros e o principal deles é o superdimensionamento. Mas se compa-rarmos com o que evoluímos em relação à tecnologia, veremos que é compreensível”, analisa José Alberto. Mesmo com falhas, a barragem principal do projeto é considerada uma obra de arte da arquitetura e, além de se tornar atração turística, foi incorporada ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Hoje, o Cedro é composto por quatro barramentos e está com apenas 5,48% de sua capacidade.

PISCICULTURAAlém da função principal de arma-

zenar água para o período de seca, os açudes também são utilizados para a piscicultura. “É uma atividade impor-tante, pois para produzir alimentos por meio da agricultura consome-se água, mas para criar peixes, não”, explica Al-meida. Atualmente há quatro estações de piscicultura do Dnocs, no Ceará. Pi-scicultura refere-se ao cultivo de peixes, principalmente de água doce.

Os açudes também abastecem perí-metros irrigados e proporcionam áreas de vazante: Com a baixa do nível da água, as margens fi cam com terra fértil e podem ser utilizadas na agricultura.

A lógica é a mesma dos egípcios, que plantavam as margens do Nilo aprovei-tando os fertilizantes naturais. O plan-tio nas áreas de vazante requer auto-rização, ocorre sem agrotóxicos e sob fi scalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), informa o Dnocs.

ASPECTOS AMBIENTAISMesmo sendo recursos hídricos ar-

tificiais, os açudes estão inseridos no meio ambiente e cumprem funções ecossistêmicas, além de também so-

frer ameaças. Eles contribuem para amenizar o calor e umidificar o ar, por exemplo. Segundo a chefe de Gabinete do Dnocs Raquel Pontes, açudes maio-res influenciam até mesmo no regime de chuvas de uma região.

Já as principais ameaças vêm do as-soreamento, da contaminação por agrotóxicos e do lançamento de esgotos urbanos ou industriais. “Tivemos o caso do Açude Forquilha, que atingiu nível crítico de contaminação por cianobac-térias com a água imprópria para con-sumo humano”, comenta Raquel. As cianobactérias podem produzir gosto e odor desagradável na água e desequili-brar os ecossistemas aquáticos.

Para evitar a degradação dos reser-vatórios, Raquel explica que o traba-lho de educação ambiental começa ainda no canteiro de obras e precisa ser permanente, pois os agrotóxicos são muito baratos, o que potencializa o risco de contaminação. Além disso, os aglomerados urbanos no entorno e a ausência de saneamento, tornam não apenas os açudes, mas todos os recur-sos hídricos vulneráveis à poluição. Já a mata ciliar é importante para evitar a erosão e manter a riqueza e biodiver-sidade do solo, fauna e flora.

Para o coordenador geral de planejamento e gestão estratégica do Dnocs, José Alberto de Almeida, se não fossem os açudes não haveria vida no semiárido

FOTO: BETH DREHER

8 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 17 de junho de 2014

VERDE

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NOVAS CIDADESDurante as secas que castigaram o

Ceará no século XX, milhares de serta-nejos migraram com suas famílias para as Capitais procurando trabalho. Mui-tos, porém, permaneceram no interior para serem operários em obras contra as secas, entre elas os açudes. Ao che-gar nesses locais, fi rmaram acampa-mento e se desenvolveram, ainda que em condições difíceis.

Em 1915, segundo levantamento histórico realizado na Universidade Federal do Ceará (UFC), os campos de concentração que se formaram em torno das obras contra a seca eram de baixa salubridade. Pouca e má distri-buída alimentação, surtos de doenças, entre elas a varíola, além da falta de higiene eram alguns dos obstáculos enfrentados pelos sertanejos.

Ainda assim, muitos dos acampa-mentos que se formaram no entorno da construção de açudes, cresceram e deram origem a alguns municípios. General Sampaio, Pentecostes, For-quilha e Orós são algumas das cidades cearenses que tiveram como primeiros moradores aqueles que suaram nas obras de seus reservatórios.

O ORÓS – QUANDO A BARRAGEM ROMPEU

A ATLÂNTIDA CEARENSE

Os açudes foram construídos para solucionar o problema da seca, mas, no caso do Orós, foi justamente o excesso de chuvas que surpreendeu. Em 1960, quando as obras ainda estavam em andamento, chuvas torrenciais inundaram vários municípios da região do Jaguaribe e encheram o açude, mes-mo com a barragem não concluída. A estrutura não suportou e, às 00:17 horas do dia 26 de março daquele ano, o vale foi inundado, deixando mais de 100 mil pessoas desabrigadas.

Segundo o Dnocs, a tragédia só não foi maior devido aos avisos do órgão pelo rádio e ao apito da termoelétrica (co-nhecida na época como Casa de Força), que alertaram a população a tempo de procurar abrigo nos pontos mais al-tos da serra. Assim, as perdas foram apenas materiais.

O caso despertou a solidariedade de milhares de brasi-leiros que enviaram doações aos desabrigados, e também chamou a atenção do então, Presidente Juscelino Kubits-check, que visitou o local e assumiu o compromisso de re-começar a obra e entregá-la antes do fi nal de seu Governo.

Os trabalhos começaram logo após as chuvas e no ano seguinte (1961), totalmente reconstruída, a Barragem Orós que recebeu o nome de Kubitscheck, foi inaugurada por ele. O mandatário, também foi homenageado com a colocação de uma estátua de bronze no alto da barragem e com os braços abertos para o vale. Até a inauguração do Casta-nhão, em 2002, o Orós era o maior açude do Ceará.

Uma cidade inteira debaixo d’água. O que já aconteceu inúmeras vezes em tragédias no mun-do inteiro, no Ceará, foi feito de propósito. O mu-nicípio de Jaguaribara foi alagado pelas águas represadas do Médio Jaguaribe para a realização do maior açude do Estado, o Castanhão. Foram mais de 15 mil pessoas deslocadas para Nova Ja-guaribara, cidade projetada a mais de 50 quilôme-tros do município. As obras do polêmico projeto foram iniciadas em 1995 e concluídas em 2002, após anos de resistência comunitária e cobrança de cumprimento das promessas de Governo.

A emoção do povo durante a remoção para o novo município foi registrada no livro “Historinhas que po-derão virar história”, de Pardaillan Lima. O técnico envolvido no projeto conta que a mudança começou com a realização de uma missa. Durante a consa-gração, moradores emocionados seguravam fotos de parentes mortos para uma “última despedida”.

Os primeiros a sair da cidade foram imagens sacras dos santos padroeiros que, carregados nos ombros de fi éis, foram levados ao carro do Corpo de Bombeiros. “Havia, na frente de tudo, uma faixa feita pela população que dizia: ‘São Gonçalo e Santa Rita, rumo à terra prometida’. Dava pra sentir nas costas o peso da responsabi-lidade”, conta no livro.

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POR SHERYDA [email protected]

Basta dar uma volta em uma loja de utensílios de cozinha ou ainda, na seção adequada no supermercado para encontrar

uma infi nidade de opções de vasilhames e outros objetos de plástico. Versáteis, eles podem ser utilizados para diversos fi ns e talvez o principal deles seja ar-mazenar alimentos. Esse uso aparente-mente tão comum pode não ser tão se-guro, pois além de causar impactos ao meio ambiente, o plástico também pode ser perigoso para a saúde.

Há evidências científicas de que, quando aquecido ou em contato du-rante muito tempo com alimentos que contenham água, o plástico libera substâncias tóxicas perigosas, como as dioxinas e o Bisfenol A (BPA). Por isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe, desde 2012, a comercialização de mamadeiras e copos infantis de policarbonato, um tipo de plástico resistente que contém BPA. Segundo informações da asses-soria de imprensa da Anvisa, os deba-tes sobre o tema são recentes e os efei-tos do Bisfenol ainda são associados a altas doses. Mesmo assim, outros paí-ses, também, não permitem o uso em mamadeiras por precaução.

A coordenadora do Laboratório de Polímeros da Universidade Federal do Ceará (UFC), Judith Feitosa, explica que o BPA está associado a alterações no sistema endócrino e aumenta a pro-babilidade de câncer, infertilidade, pro-blemas cardíacos, puberdade precoce, entre outros. A substância é transferida pelo policarbonato para água ou ali-mentos que a contenham. Isso ocorre

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Cuidado, você pode se contaminar

SAÚDE E MEIO AMBIENTE

Além de impactar o meio ambiente devido ao tempo que demora para se decompor, o plástico também pode liberar substâncias tóxicas, principalmente quando aquecido

Micro-ondas e calor podem ser associados ao aumento da taxa de transferência de Dioxinas e Bisfenol A por plástico aos alimentos

FOTOS: TIAGO STILLE

em pequenas doses e lentamente, mas o processo pode ser acelerado pelo aquecimento e micro-ondas. Quan-to mais quente estiver a embalagem e quanto maior for o tempo de contato entre o recipiente e o alimento, maio-res as taxas de transferência do BPA. Quando esse plástico é descartado de forma indevida no meio ambiente, também pode causar a contaminação de recursos hídricos.

GARRAFÕES DE ÁGUAGarrafões de água feitos de policarbo-

nato serviram de objeto de uma pesquisa orientada por Judith em 2012 na UFC. Os resultados foram alarmantes: “Constatou--se que quando os garrafões armazenaram um litro de água por um período de dois meses, a migração de BPA ocorreu inde-pendente da idade do garrafão, e sua con-centração foi maior do que a permitida. Em termos práticos, não se deve armaze-

nar água, especialmente, volume pequeno, nesses recipientes durante muito tempo”, alerta. Garrafões com mais de sete anos de fabricação, ou ainda, que já estejam desgastados com o uso também devem ser evitados, já que a degradação desses reci-pientes também está associada ao seu tem-po de vida útil. A professora ressalta que essas considerações são a respeito especi-fi camente do policarbonato e não aponta problemas com o PET, por exemplo.

DIOXINASA queima de plástico deve ser evitada,

pois, ao ser aquecido, ele libera dioxi-nas, as substâncias que mais induzem cobaias de laboratório ao desenvolvi-mento de tumores cancerígenos, segun-do o professor titular de mastologia da UFC, o médico Luiz Porto. Para evitar que o plástico descartado seja incinera-do e sua fumaça tóxica chegue à atmos-fera, a reciclagem é uma saída.

Em relação à contaminação de ali-mentos por embalagens plásticas, Porto não acredita que elas ofereçam quantidades realmente perigosas de dioxinas. Para evitar riscos ao utili-zar vasilhas e copos desse material, o médico orienta que a população tome alguns cuidados quanto ao seu uso, entre elas só levar ao micro-ondas em-balagens apropriadas para esse fim e evitar o uso prolongado de plásticos velhos ou danificados. Judith também recomenda esse cuidado. “Na minha casa, por exemplo, utilizamos pratos e travessas de plástico duro no dia a dia, mas são de boa procedência e se-guros”, afirma a pesquisadora.

PRECAVIDASA professora Yvanna Guimarães evita

qualquer utensílio de plástico para aque-cer alimentos e dá preferência a mate-riais como cerâmica e vidro. A preocupa-ção, segundo ela, é com o futuro. “Somos jovens, achamos que nada vai acontecer, mas uma doença na velhice pode ter algo a ver com um cuidado que não tomamos

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FUMAÇA TÓXICA ANVISAUm levantamento histórico da Universidade de Lisboa mostra que as dioxinas são

subproduto da combustão do plástico e são conhecidas desde a década de 30, quando foram associadas à intoxicação de trabalhadores da indústria de agrotóxi-cos. Também estavam presentes no Agente Laranja, herbicida usado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, e que deixou sequelas na população vietnamita e nos próprios soldados estadunidenses.

As regras descritas na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) no 56/2012 são válidas para todas as embalagens que en-trem em contato com alimentos. A norma estabelece limite de Bisfenol A (BPA) nos produtos e não permite o uso dessa subs-tância em mamadeiras e copos infantis.

Segundo médico Luiz Porto, o papel da Anvisa é importante para aprovar materiais seguros e educar a população quanto à forma correta de utilizá-los

na juventude”, opina. Outra razão para a escolha é diminuir o volume de plástico descartado no meio ambiente.

Quem também toma vários cuidados é a arteterapeuta Helena Gandra. “Se eu pudesse, andaria com minha própria xí-cara só para nunca tomar café em copi-nhos de plástico”, afi rma. Em sua casa, alimentos quentes só em recipientes de vidro e, para congelar, plástico Livre de Bisfenol A (BPA Free). Outro hábi-to que evita é o de deixar garrafi nhas de água no carro ou ainda, expostas ao sol. “Muita gente diz que é frescura, mas acho que muitos dos nossos hábitos são

pensados por dinheiro e praticidade, e não pela saúde”, analisa.

Mesmo afi rmando que existem plásti-cos apropriados para o uso junto a ali-mentos e ao calor, Luiz Porto não critica quem os evita por precaução. “O câncer é causado por muitos fatores e é muito difícil defi nir qual deles teve maior peso no desenvolvimento da doença. Evitar todos faz parte do que chamamos de ‘comportamento defensivo’, por isso, acho que tudo o que for feito pela saú-de é benéfi co”, avalia. Para ele, o papel da Anvisa é fundamental para aprovar a venda de materiais seguros e orientar os

consumidores quanto à forma correta de utilizar cada vasilhame. O professor lem-bra ainda que o plástico é um material barato, versátil e útil para a humanidade e defende que seja aperfeiçoado por cien-tistas. “Abolir completamente o plástico do mundo seria inviável”, frisa.

ORIENTAÇÕES DA ANVISASegundo assessoria de imprensa da

Anvisa, as informações referentes ao uso de embalagens plásticas devem constar nos produtos ou nos rótulos, e quanto ao consumidor, deve seguir às instruções dos fabricantes.

FOTOS: TIAGO STILLE

Levantamento realizado pela Associação Brasileira de Enge-nharia Sanitária e Ambiental (Abes) compara os índices de

saneamento entre todos os países que participam da Copa 2014. Se o torneio mundial fosse uma competição que le-vasse em consideração as condições de saneamento básico, o Brasil não passa-ria da fase de grupos. Esta é a consta-tação do levantamento que compara as condições sanitárias entre todos os paí-ses que participam do certame, tal qual estão dispostos na tabela da Copa.

O estudo foi feito com base em dados do Programa de Monitoramento Con-junto para o abastecimento de água e saneamento da Unicef, da Organização Mundial da Saúde (OMS) - (Joint Mo-nitoring Programme – JMP - (http://www.wssinfo.org/), dos Objetivos do Milênio (http://www.un.org/millenniu-mgoals/) e da Organização Mundial da Saúde (http://www.who.int/water_sa-nitation_health/mdg1/en/).

O Brasil, apesar de obter um índice de 81,3% na combinação de fatores que classifi cam como satisfatórias as condi-ções sanitárias de um país, de acordo com estes órgãos, fi ca abaixo de dois países do grupo A: Croácia (98,2%) e México (85,3%), só ganhando de Cama-rões (45,2%.). Por isso, não avança para as oitavas de fi nal. Na Copa do Sanea-mento, Alemanha levantaria a taça. Em segundo lugar viria a França, em tercei-ro, a Holanda e em quarto, a Austrália.

No Brasil, 93% da população urbana têm acesso à água tratada, mas apenas 56% têm acesso à rede coletora de esgo-to. No que se refere ao tratamento de es-goto, apenas 69% do esgoto coletado re-cebe tratamento (dados do SNIS-2012).

De outra perspectiva dessa situação: 32 milhões de brasileiros não têm acesso adequado ao abastecimento de água (rede geral de abastecimento), 85 milhões de brasileiros não têm acesso adequado ao esgotamento sanitário (rede coletora nas zonas urbanas e rede coletora ou fossa

séptica nas zonas rurais), 134 milhões não têm os esgotos de suas casas tratados e 6,6 milhões não têm nem sequer banheiro.

Além disso, a cobertura de sanea-mento é muito heterogênea no País. De acordo com os dados do Sistema Nacio-nal de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2012), as únicas unidades da federação com mais de 70% dos domi-cílios urbanos atendidos em coleta de esgotos são Distrito Federal, São Paulo e Minas Gerais. As menores coberturas são: Amapá, Pará Rondônia e Piauí.

“Temos que ressaltar que houve avan-ços no setor, como a Lei de Saneamento,

a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e o Plano Nacional de Sanea-mento Básico (Plansab), que deixam mais claros os desafi os da universaliza-ção. Mas há metas estabelecidas difíceis de alcançar e difi culdade dos municípios e estados brasileiros em avançar no sa-neamento. Por isso é muito importante que estados e municípios reconheçam que têm participação fundamental no avanço do setor no Brasil, tanto quanto o Governo Federal, ou seja, temos que jo-gar como um time”, afi rma o presidente da Abes, Dante Ragazzi Pauli.

Fonte: Abes

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Copa do Mundo x Saneamento BásicoCURIOSIDADE

O JMP considera satisfatórias as condições de saneamento a partir de um conjunto de itens, como:Água: ligações domiciliares, Poços Artesianos, Captação, armazenamento e utilização de água da chuva, dentre outros;E para o Saneamento: a existência de vaso sanitário, sistema de coleta de esgoto (coleta, bombeamento, tratamento e disposição final adequada) e fossa séptica, entre outros.

Se o critério de classificação do mundial fosse as condições sanitárias, o Brasil seria eliminado na fase de grupos. Alemanha levantaria a taça

DIVULGAÇÃOFOTO: TIAGO STILLE

POR TARCILIA [email protected]

Em evento na sede da Federa-ção das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), tomou pos-se, na noite de ontem (16), a

nova diretoria do Sindicato das Empre-sas de Reciclagem de Resíduos Sólidos Domésticos e Industriais do Estado do Ceará (Sindiverde). Encabeçada pelo empresário, Marcos Roberto dos San-tos Bonanzini, da empresa Ecoletas, a equipe empossada assume o Sindiverde para o período de 2014 a 2018.

DESAFIOO grande desafi o é agregar associados,

segundo Bonanzini. “O objetivo maior da diretoria que está chegando, é, juntamen-te com todos os associados, fortalecer a cadeia produtiva, valorizar a imagem da indústria de reciclagem de resíduos sóli-dos, trazer mais associados e ampliar os negócios do setor, contando com empre-sas cada vez mais fortes e competitivas”, disse o presidente em conversa exclusiva com a editora do Caderno O estado Verde.

Trazer mais associados pode ser con-siderado um grande desafi o para um se-tor tradicionalmente informal. Pesquisa de 2012 da LCA Consultores a pedido do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), mostra que o mercado informal reciclou 65% das em-balagens produzidas no Brasil. “Mas, o avanço da cadeia produtiva da recicla-gem no nosso Estado, passa pela forma-lização do setor, a expectativa é ir além de dobrar, quem sabe, triplicar”, afi rma, otimista, o novo presidente. Atualmen-te, no Ceará, existem mais de 100 em-

presas de reciclagem formalizadas, 41 estão associadas ao Sindiverde.

LEGADOSAs perspectivas para o Sindiverde

também são otimistas por parte do ex--presidente Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque, atualmente diretor vice-presidente e deixou como grande le-gado, segundo Bonanzini, a Recicla Nor-deste. Albuquerque presidiu o sindicato por um mandato e meio, e afi rma que além da Feira Recicla, deixa o legado das missões internacionais. Ele agradeceu ao presidente Roberto Macedo pelo apoio que sempre deu ao Sindiverde e destacou cinco pontos que considera primordiais para o desenvolvimento do setor.

PARQUE TECNOLÓGICO “Considero as missões, fundamentais

para abrir novos caminhos. O maior benefício que elas trazem, consiste nos contatos, possibilita conhecimentos e relações que difi cilmente seriam possí-veis em viagens individuais. As missões comerciais, internacionais e nacionais, permitem ainda, divulgar a cadeia, di-vulgar as empresas, observar mais de perto, a realidade do mercado global, obter informações comerciais, visitar centros tecnológicos e empresas de ponta. Signifi ca investir em tecnologia e inovação, abrir horizontes”. Durante a gestão de Albuquerque aconteceram três missões internacionais.

Os demais pontos destacados pelo ex--presidente foram: implantação da cole-ta seletiva nas escolas, pelo Sindiverde; visitação às feiras nacionais em busca de novos contatos, materiais e mercados, “muito importante para o setor”; a Re-cicla Nordeste – 2015 e a criação de um parque tecnológico para abrigar empre-sas no modelo “condomínio sustentá-vel”. “A ideia nasceu da necessidade de

redução de custos, atrelado ao parque, vamos trabalhar a inovação”, encerra. O terreno para o empreendimento fi ca no município de Horizonte.

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DIRETORIA EXECUTIVA – QUADRIÊNIO 2014-2018

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RESÍDUOS

Empresas de reciclagem, sob nova gestão, no Ceará

Novo presidente Marcos Bonanzini: “O avanço da cadeia produtiva da reciclagem passa pela formalização do setor”

Ex-presidente Marcos Albuquerque: “As missões permitem observar mais de perto, a realidade do mercado global”

Diretor Presidente – Marcos Roberto dos Santos Bonanzini Diretor Vice-Presidente – Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque Diretor Administrativo – Lyvia Kirov Goes FerreiraDiretor Financeiro – Gianna Marques Gurgel Diretor de Rel. Trabalhista e Sindicais – Fernando Antonio Oliveira SilvaDiretor de Eventos – Jeanine Marques Gurgel Diretor Técnico – Renata Mourão Bakker

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