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O ENSINO RELIGIOSO NA ESCOLA PÚBLICA SOB O PRINCÍPIO DA LAICIDADE: UM DEBATE NECESSÁRIO PARA A FORMAÇÃO DOCENTE PACHECO, Terezinha de Souza 1 - Ciers-ed Grupo de Trabalho – Ensino Religioso Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Este estudo trouxe a questão do Ensino Religioso na escola pública enquanto disciplina que precisa conformar-se aos moldes das Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (Resolução CNE/CEB nº 2/98 e Resolução CNE/CEB nº 4, de 13 de julho de 2010), que a situam como área de conhecimento. Para tanto, recorreu-se à discussão da formação do docente e de sua relação com o princípio da laicidade. Aparentemente, esse princípio é uma temática que não ultrapassa a barreira política enquanto legislação da Constituição Federal. Por isso, a problemática foi saber se o professor de Ensino Religioso mantém distância de suas crenças e convicções ao ministrar suas aulas. Em primeiro lugar, discorreu-se sobre os conceitos de laico, laicidade, secularização, como também suas inter- relações com o Ensino Religioso na escola pública. A base teórica contou com a contribuição de profissionais das Ciências Humanas: Cury (2004), Debray (2002), Fischmann (2008), Ranquetat (2012) e de documentos legais – Constituição Federal (Brasil, 1988), Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948), LDBEN (Brasil, 1996), CNE/CBE, 1998; 2010 e PCNER (Brasil, 1997). Para tentar responder ao problema, foi feito um recorte da dissertação de Mestrado (2012) da autora desse estudo na parte da metodologia, que trata de três instrumentos da pesquisa. Utilizou-se o segundo deles – o teste projetivo do desenho – pois é uma maneira de manifestar representações com conteúdos subjetivos e sociais. Os sujeitos foram convidados a fazer um desenho que tivesse como tema o Ensino Religioso, em seguida, nomear um título para o desenho e justificar esse título. Os resultados analisados indicaram uma compreensão provavelmente inadequada deste ensino, pois parte dos professores mostrou certa tendência ao se manifestarem de acordo com suas próprias crenças religiosas. Palavras-chave: Ensino Religioso. Escola pública. Laicidade. Formação docente. 1 Mestra em Educação pela Universidade Católica de Santos. Pesquisadora Associada ao Centro Internacional de Estudos em Representações Sociais, Subjetividade – educação (Ciers-ed). E-mail: [email protected] .

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O ENSINO RELIGIOSO NA ESCOLA PÚBLICA SOB O PRINCÍPI O DA

LAICIDADE: UM DEBATE NECESSÁRIO PARA A FORMAÇÃO

DOCENTE

PACHECO, Terezinha de Souza1 - Ciers-ed

Grupo de Trabalho – Ensino Religioso

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Este estudo trouxe a questão do Ensino Religioso na escola pública enquanto disciplina que precisa conformar-se aos moldes das Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (Resolução CNE/CEB nº 2/98 e Resolução CNE/CEB nº 4, de 13 de julho de 2010), que a situam como área de conhecimento. Para tanto, recorreu-se à discussão da formação do docente e de sua relação com o princípio da laicidade. Aparentemente, esse princípio é uma temática que não ultrapassa a barreira política enquanto legislação da Constituição Federal. Por isso, a problemática foi saber se o professor de Ensino Religioso mantém distância de suas crenças e convicções ao ministrar suas aulas. Em primeiro lugar, discorreu-se sobre os conceitos de laico, laicidade, secularização, como também suas inter-relações com o Ensino Religioso na escola pública. A base teórica contou com a contribuição de profissionais das Ciências Humanas: Cury (2004), Debray (2002), Fischmann (2008), Ranquetat (2012) e de documentos legais – Constituição Federal (Brasil, 1988), Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948), LDBEN (Brasil, 1996), CNE/CBE, 1998; 2010 e PCNER (Brasil, 1997). Para tentar responder ao problema, foi feito um recorte da dissertação de Mestrado (2012) da autora desse estudo na parte da metodologia, que trata de três instrumentos da pesquisa. Utilizou-se o segundo deles – o teste projetivo do desenho – pois é uma maneira de manifestar representações com conteúdos subjetivos e sociais. Os sujeitos foram convidados a fazer um desenho que tivesse como tema o Ensino Religioso, em seguida, nomear um título para o desenho e justificar esse título. Os resultados analisados indicaram uma compreensão provavelmente inadequada deste ensino, pois parte dos professores mostrou certa tendência ao se manifestarem de acordo com suas próprias crenças religiosas.

Palavras-chave: Ensino Religioso. Escola pública. Laicidade. Formação docente.

1 Mestra em Educação pela Universidade Católica de Santos. Pesquisadora Associada ao Centro Internacional de Estudos em Representações Sociais, Subjetividade – educação (Ciers-ed). E-mail: [email protected].

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Introdução

Na última década, o tema o Ensino Religioso na Escola Pública vem propondo

diferentes abordagens nas pesquisas acadêmicas como, por exemplo, a relação deste ensino

com sua legislação, com a formação e prática docente e com os aspectos socioculturais da

realidade religiosa brasileira.

Alguns autores já discorreram sobre a relação do Estado laico e a existência do Ensino

Religioso na escola pública e defendem que a inserção desta disciplina na Educação Pública

contraria o Estado laico (FISCHMANN, 2008; CUNHA, 2008).

A respeito desta concepção, a professora Dra. Roseli Fischmann (2008) tem levantado

aspectos desse ensino e posiciona-se com relação ao Estado laico ao apontar possíveis

contradições para a legalidade constitucional desse ensino. Ela salienta que o Ensino

Religioso como disciplina é uma ameaça aos direitos dos cidadãos,

Por estar implicada com a formação da consciência de crianças e adolescentes, bem como com o exercício desses e de outros direitos, a questão do ensino religioso nas escolas públicas é um dos pontos mais sensíveis na defesa da laicidade do Estado brasileiro e de direitos fundamentais da cidadania brasileira, bem como dos direitos humanos. (FISCHMANN, 2008, p. 9).

Como aponta Cury (2004), a problemática do Ensino Religioso encontra nos Estados

laicos dificuldades para a sua legitimação no contexto escolar. O autor também comenta a

questão da inserção desse ensino devido à complexidade desse tópico em função das

características da sociedade atual.

Em nosso país, o ensino religioso, legalmente aceito como parte dos currículos das escolas oficiais do ensino fundamental, na medida em que envolve a questão da laicidade do Estado, a secularização da cultura, a realidade socioantropológica dos múltiplos credos e a face existencial de cada indivíduo, torna-se uma questão de alta complexidade e de profundo teor polêmico. (CURY, 1993, p. 21).

Em contrapartida, a complexidade desta questão não impediu que outros autores

admitissem o conceito de laico, conceito de laicidade dentro de um universo filosófico e

político ao afirmar que Estado laico não significa a inexistência do Ensino Religioso na escola

pública (LAFER, 2008; MARTINS, 2009).

Por isso, é muito importante entender o que significa o Estado laico e sua implicação

na Educação. Na perspectiva escolar, o Estado laico significa aquele que não é confessional,

que não obriga o seguimento de alguma religião, mas, epistemológica e pedagogicamente,

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propõe o acesso às diferentes culturas religiosas por ser objeto do patrimônio cultural

acumulado pelas gerações antecedentes. Algumas pesquisas que focam as escolas particulares

e confessionais indicam que a maioria segue as Diretrizes Curriculares e as Orientações sobre

o Ensino Religioso (CNE/CBE, 1998 e Resolução CNE/CEB nº 4, de 13 de julho de 2010) do

Ministério da Educação e Cultura (MEC). Possivelmente, um contingente da sociedade rejeita

a disciplina Ensino Religioso porque faz uma associação à maneira como este ensino foi

desenvolvido no passado sob a ótica doutrinal.

Para tanto, este estudo visa estimular o debate do tema laicidade no seio da formação

docente para este ensino na instituição pública. A interrogativa é: como o professor de Ensino

Religioso poderia ministrar suas aulas sem ser tendencioso, considerando o contexto da

diversidade religiosa e a legislação?

A tese de doutorado em Antropologia social de César Alberto Ranquetat Júnior (2012)

– “Laicidade à brasileira: um estudo sobre a controvérsia em torno da presença de símbolos

religiosos em espaços públicos”, em seu primeiro capítulo, colabora fortemente para o

entendimento da importância de apropriação do conceito laicidade como princípio fundante

no exercício do ensino religioso escolar. Ele fala da relação entre o secular e o religioso no

contexto sociopolítico brasileiro. Para aprofundar essa temática na formação do professor de

Ensino Religioso, um conteúdo importante seria o conhecimento do processo histórico do

ensino religioso no Brasil.

Nesse contexto, é importante se voltar a autores que apontaram questões sobre a

própria inserção deste ensino no âmbito educacional desde a primeira LDBEN e até os dias

atuais (JUNQUEIRA, 2005; OLIVEIRA, 2006; CURY, 1993). Também, a formação de

grupos de pesquisa como GPER (Grupo de Pesquisa do Ensino Religioso), FONAPER

(Fórum Nacional dos Professores de Ensino Religioso), e as iniciativas como a realização de

eventos apoiados pelo MEC (Ministério de Educação e Cultura) vêm justificando

favoravelmente e informando os rumos desta disciplina escolar – VI CONERE (VI Congresso

Nacional do Ensino Religioso - 2011).

Este trabalho tem sua origem na pesquisa do Programa de Pós-Graduação de Mestrado

em Educação da Unisantos, concluída em junho de 2012, sob o título “A visão dos

professores sobre o Ensino Religioso: diversidade e interdisciplinaridade”. Ela foi

desenvolvida em algumas escolas da Rede Municipal de Santos. Foram questionados 103

professores do Ensino Fundamental I e II por meio de três instrumentos: ALP (Associação

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Livre de Palavras), Desenho e Narrativas. A escolha do grupo dos sujeitos participantes teve

o critério de ser a disciplina Ensino Religioso componente da grade curricular dessas escolas,

o qual foi monitorado por uma equipe interdisciplinar da Secretaria de Educação que se ocupa

dos conteúdos para esta disciplina. Assim, o objetivo foi conhecer as representações dos

professores quanto ao Ensino Religioso na escola pública. E um dos resultados extraídos

revelou grande possibilidade dos sujeitos da pesquisa possuírem uma vaga compreensão do

que é “Estado laico” e, consequentemente, a temática “laicidade” encontra-se distante dos

elementos formativos para o professor de ensino religioso.

Para o interesse desta reflexão foi conveniente considerar parte dos sujeitos

participantes e este recorte corresponde aos 53 professores do Ensino Fundamental II. Isto,

porque a proposta curricular que trata o conteúdo para o Ensino Religioso está coerente aos

PCNER direcionados para os alunos do Ensino Fundamental II. Dos três instrumentos

disponíveis, apenas o teste projetivo dos desenhos pôde ser suficiente para atender a proposta

deste trabalho no que tange a questão da laicidade.

Com o intuito de responder à questão-problema, uma das hipóteses é que o

profissional da Educação ainda precise se apropriar do conceito de laicidade para que sua

prática docente concorra para um Ensino Religioso constituído como área de conhecimento

previsto nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental. É importante

sublinhar que este ensino integra outras áreas do conhecimento como história, geografia, arte,

literatura. Por isso, ao dialogar com tais ciências, ele propicia uma riqueza cultural que

contrapõe ao analfabetismo religioso (a ignorância sobre os fatos, os fenômenos religiosos).

“A faculdade de atingir à globalidade da experiência humana, inerente a todos os indivíduos

dotados de razão, implica espaço a percorrer na luta contra o analfabetismo religioso e o

estudo dos sistemas de crenças existentes” (DEBRAY,2002). Por isso, o diálogo

interdisciplinar pode colaborar com as interações no ambiente escolar no sentido de

compreender o outro na sua liberdade de pensamento e escolha. Como contempla a

Constituição Federal de 1988, a questão do respeito à liberdade de consciência e à liberdade

de religião são elementos básicos em uma sociedade plural no aspecto da diversidade

religiosa no que tange às crenças e aos valores dos cidadãos.

Nesta via, a compreensão significativa de Estado Laico e, também, da relação entre

laicidade e Ensino Religioso na escola pública podem constituir pressuposto estruturante na

conquista de uma formação docente relevante para o ensino religioso.

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Referencial Teórico

Os aportes conceituais dos termos “Estado laico” e “princípio da laicidade” vêm

sustentar este estudo, e seu domínio semântico instaura-se nos campos jurídico, filosófico,

político e teológico. A palavra “laico” vem do grego laikós que significa “povo”. Na Idade

Média, para os cristãos, laico, equivalente a leigo, era a pessoa que pertencia à Igreja como

batizado, mas não pertencia ao clero. Juridicamente, laico é um princípio da Constituição

desde a primeira República, momento em que se definiu a separação da Igreja e Estado.

A partir da Constituição de 1988, o conceito de laicidade foi incisivo nos

estabelecimentos escolares no sentido de assegurar a liberdade religiosa. Isso se esclarece pelo

Artigo 5º, inciso VI, que dispõe ser “inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo

assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos

locais de culto e suas liturgias” (CF, 1988).

É importante contextualizar o conceito de laicidade no contexto do Ensino Religioso

brasileiro desde a primeira República.

Até o período republicano no Brasil, a religião como parte integrante do ensino escolar

caminhou a passos harmônicos com a Igreja Católica Apostólica Romana imprimindo, assim,

um Estado Confessional. Porém, a influência do contexto social, político e cultural europeu,

em especial da França, que trazia para o cenário mundial a Declaração dos Direitos do

Homem e do Cidadão sob a inscrição “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, marcou a

primeira Constituição da República Federativa do Brasil, em 1891, pela separação da Igreja e

do Estado ao por em vigor a condição de País laico.

Essa separação entre Estado e Igreja se fez sentir de várias maneiras, inclusive pela

alternância de disciplinas, como aponta Cunha (1997, p. 2).

Durante alguns anos, no lugar da religião, foi introduzida a disciplina Moral nas escolas secundárias públicas, que os positivistas mais radicais gostariam que fosse a “religião da humanidade”, conforme a doutrina de Auguste Comte.

Porém, com a Revolução de 1930, novas negociações entre o Estado e o Clero

possibilitaram que o Governo Provisório de Getúlio Vargas junto a Francisco Campos,

liderança católica e primeiro Titular do Ministério da Educação e Saúde, promoveram o

Decreto n.º 19.941 – de 30 de abril de 1931, o qual reintegrou o artigo 133 da Constituição de

1891 que dispõe o Ensino Religioso na Escola Pública com algumas restrições como:

Art. 3º: Para que o ensino religioso seja ministrado nos estabelecimentos oficiais de ensino é necessário que um grupo de, pelo menos, vinte alunos [...]; Art. 4º A

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organização dos programas do ensino religioso e a escolha dos livros de texto ficam a cargo dos ministros do respectivo culto, cujas comunicações, a este respeito, serão transmitidas às autoridades escolares interessadas; Art. 5º A inspeção e vigilância do ensino religioso pertencem ao Estado, no que respeita a disciplina escolar, e às autoridades religiosas, no que se refere à doutrina e à moral dos professores; Art. 6º Os professores de instrução religiosa serão designados pelas autoridades do culto a que se referir o ensino ministrado; Art. 7º Os horários escolares deverão ser organizados de modo que permitam os alunos o cumprimento exato de seus deveres religiosos; Art. 8º A instrução religiosa deverá ser ministrada de maneira a não prejudicar o horário das aulas das demais matérias do curso; Art. 11. O Governo poderá, por simples aviso do Ministério da Educação e Saúde Pública, suspender o ensino religioso nos estabelecimentos oficiais de instrução quando assim o exigirem os interesses da ordem pública e a disciplina escolar (DECRETO N. 19.941 de 30/04/1931).

O que é possível afirmar é que a luta por um Estado laico, que significasse a

inexistência do Ensino Religioso na escola pública, teve forte empenho pelos defensores do

Movimento da Escola Nova, que foi de certo modo retratado no documento de 1932

“Manifesto dos Pioneiros” e contou com a assinatura de vinte e seis representantes, entre eles

os mais notórios, Fernando de Azevedo, Antonio de Sampaio Doria, Anísio Teixeira e Cecília

Meireles. Para eles, o ensino religioso na vertente desenvolvida nas instituições escolares

tinha um caráter estritamente proselitista que prejudicava a formação do aluno. Um dos

trechos desse documento sobre o Estado laico diz:

A laicidade que coloca o ambiente escolar acima das crenças e disputas religiosas alheio a todo dogmatismo sectário, subtrai o educando, respeitando-lhe a integridade da personalidade em formação, à pressão perturbadora da escola quando utilizada como instrumento de propaganda de seitas e doutrinas” (MANIFESTO DOS PIONEIROS, 15º parágrafo).

Em 1934, quando da promulgação da Constituição, não se presenciou uma forte

rigidez quanto à separação entre Igreja e Estado. Isso também se evidenciou nas Constituições

posteriores.

Talvez a ideia de separação absoluta não tenha podido sobreviver pelo fato de o Estado tomar lugar como promotor e defensor das liberdades públicas e, dentre estas, da liberdade religiosa, aspecto da liberdade de pensamento tal como se observa não apenas nos documentos constitucionais como nos internacionais. Assim admite unanimemente a doutrina que a posição do Estado não será nesta matéria meramente negativa - não subvencionando religião, não adotando religião, não interferindo na religião – mas poderá ser positiva, por exemplo, ao tipificar como crimes atos que violentem ou menosprezem outras religiões, [...], ao facultar o ensino religioso em escolas públicas, embora, nesses casos, se trate da atuação do Estado como mero regulador do exercício da liberdade fundamental da religião (FERRAZ, 2008, p. 48-49).

Convém perceber que o conceito de laicidade não possui em seu território semântico

um aspecto de unanimidade em função da definição de autores de diferentes academias - da

jurídica, da filosófica e da teológica. De fato, ao tratar do tema do Estado laico, Celso Lafer

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(2007) identifica preliminarmente a existência de um "espírito laico", que caracteriza a

modernidade. Ele entende que a laicidade é uma forma de pensar cuja centralidade passa a ser

o próprio homem – pela razão crítica e pelo debate – na direção do seu destino, ou seja, há

um deslocamento da esfera transcendente – caracterizada como impulsos da fé e asserções de

verdades reveladas – para a esfera secular na questão das relações do homem com sua

existência.

Isto não significa desconsiderar o valor e a relevância de uma fé autêntica, mas atribui à livre consciência do indivíduo a adesão, ou não, a uma religião. Nessa perspectiva, complementa lembrando que "o modo de pensar laico está na raiz do princípio da tolerância, base da liberdade de crença e da liberdade de opinião e de pensamento” (LAFER, 2007, p. 1-2).

E, ainda, em termos jurídicos,

Estado Laico é aquele que não se confunde com determinada religião, não adota uma religião oficial, permite a mais ampla liberdade de crença, descrença e religião, com igualdade de direitos entre as diversas crenças e descrenças e, no qual fundamentações religiosas não podem influir nos rumos políticos e jurídicos da nação (VECCIATTI, 2008, p. 2).

As divergências entre os autores aparecem ao relacionar Estado laico com a existência

do componente curricular Ensino Religioso na escola pública, pois partem de paradigmas

conceituais diferentes que escoam em direções também diferentes. Roseli Fischmann, doutora

em Educação pela Universidade de São Paulo, afirma que o Estado laico se posiciona contra a

adoção da disciplina Ensino Religioso nas escolas públicas. Para ela, a defesa do Estado laico

insere-se em um debate mais amplo e complexo relativo aos direitos humanos, à tolerância e à

democracia. “O Estado laico diz respeito, assim, à relação entre os direitos individuais e as

liberdades públicas”. (FISCHMANN, 2008).

Alberto Amaral Júnior (2008) enfatiza que a relação entre o Estado laico e o ensino

está inserida no campo dos direitos humanos. “Neste contexto, o tema ensino religioso guarda

estrita relação com a problemática dos direitos humanos e à preservação da liberdade em um

mundo essencialmente plural.” (Amaral, 2008, p. 14). Assim, ele alerta para o risco de um

ensino religioso homogêneo, homogeneizante, que não considere as diferenças religiosas,

violando assim os direitos humanos.

Para a socióloga, Sueli Carneiro (2008), em seu artigo, “Estado laico, feminismo e

ensino religioso”, diz que a laicidade do Estado por si só indica uma radicalidade na questão

dos direitos da mulher no trato de sua sexualidade e reprodução. E ela afirma que, “a

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educação religiosa nas escolas públicas constituiu-se em estratégia de normatização do

comportamento feminino, de educar para a submissão”. (CARNEIRO, 2008, p. 141)

Diante dessas concepções, o que se destaca é o tipo de abrangência conceitual que

esses pensadores desenvolvem, e por vezes, participam de discussões sobre o tema sem

aportarem a um lugar consensual. Uma pequena parcela de professores também se posiciona

nessa questão da laicidade e do Ensino Religioso nas escolas públicas, respaldados por

compreensões que não atendem os dispositivos da atual legislação (LDBEN, 9394/96;

9475/97; Parecer CNE/CBE nº2/98).

Por conseguinte, vê-se a necessidade de ampliar esclarecimentos nos meios sociais, na

escola, mídia e nos demais ambientes da comunicação para uma conscientização da proposta

criada pelo Conselho Nacional de Educação em 1998 sobre o conhecimento do fato religioso

na sua especificidade epistêmica. As razões desse mal entendido e da multiplicidade de

opiniões sobre o Ensino Religioso pode ter suas raízes na polissemia de conceitos sobre o que

é o Estado laico e nas sucessivas legislações sobre o Ensino Religioso.

Seria importante acrescentar que a relação entre Estado laico e Educação encontra eco

na Declaração Universal dos Direitos do Homem – Organização das Nações Unidas (ONU)

que diz:

Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular (Declaração Universal dos Direitos do Homem – ONU - 10/12/1948).

É nesta direção da laicidade que o sistema educacional dispõe das Leis e Diretrizes e

Bases da Educação – LDB, elegendo um espaço para o ensino religioso na escola pública.

Para, Régis Debray (2002), o princípio da laicidade tem seu lugar na liberdade de

consciência. “Neste sentido, a laicidade não é uma opção espiritual entre as demais, ela é o

que torna possível sua coexistência, porque aquilo que é comum em direito a todos os homens

deve ser a medida sobre o que separa de fato” DEBRAY (2002).

A formação docente é, evidentemente em grande parte, responsável pela qualidade de

ensino que o professor propõe a realizar, porque intensifica, ou não, a possibilidade de

frutificar os saberes que estão implícitos em um dado contexto da aprendizagem. “Saber, em

sentido estrito, significa um conteúdo intelectual, enquanto o aprender é mais amplo, [...]

abrange todas as relações que o sujeito estabelece para adquirir esse conteúdo” (FRANCO,

2012).

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O tema “laicidade”, orientado ao Ensino Religioso, requer do professor a apropriação

de uma bagagem conceitual no qual inclua os termos confluentes e suas relações com o tema.

Cabe aqui o conceito de “secularização”, que é básico para perceber o processo histórico do

ensino religioso no Brasil. Para Ranquetat (2012, p.20), o processo de secularização é distinto

do processo de laicização. Porém, ele demonstra que esses processos tem uma dialogicidade

com a democracia e cita (2012, p.21) que a secularização envolve a sociedade em sua

diversidade de crenças e a laicidade está ligada à emancipação estatal de qualquer referência

religiosa.

A França, berço do Estado laico, tem uma intensa discussão sobre a laicidade tanto no

espaço político, social e educacional. No Brasil, no âmbito educacional o debate sobre o

princípio da laicidade como conteúdo para a formação do professor ainda vislumbra muita

pesquisa para aprofundar a proposta de melhor qualificação profissional para o desempenho

do Ensino Religioso na escola pública.

Metodologia

Assim, o teste projetivo do desenho foi aplicado como segundo instrumento da

pesquisa, pois é uma maneira de manifestar representações com conteúdos subjetivos e

sociais. Os sujeitos foram convidados a fazer um desenho que tivesse como tema o ensino

religioso. Os desenhos revelaram imagens, conceitos, ideias e tradições acerca do tema

proposto. Após finalizarem os desenhos, os sujeitos foram requisitados a dar um título a eles e

a justificar esses títulos em um espaço reservado na folha de papel.

A análise transcorreu da seguinte maneira: os desenhos foram agrupados segundo a

semelhança de seus temas. Esses agrupamentos formaram categorias temáticas. Assim, todos

os desenhos que continham imagens de objetos ou símbolos religiosos, como a cruz e a vela,

foram classificados na mesma categoria “símbolos religiosos”. Desenhos que tinham imagens

de pessoas foram classificados na categoria “pessoas”, e assim por diante. Alguns desenhos

continham mais de um elemento temático, por exemplo, símbolo religioso e pessoas. Neste

caso, esses desenhos foram classificados em duas categorias. Portanto, símbolos religiosos só

foram classificados na categoria “símbolos religiosos”, e desenhos com variedades de

elementos temáticos foram classificados em mais de uma categoria. Assim, as categorias eram

excludentes, embora o mesmo desenho pudesse ser classificado em diferentes categorias. A

contagem transcorreu do seguinte modo: os elementos temáticos classificados em uma

29169

categoria foram somados e divididos pelo número total de elementos temáticos analisados nos

desenhos. Dessa forma, foi possível visualizar a distribuição dos temas em relação ao todo

que foi produzido.

O mesmo ocorreu com os títulos dados aos desenhos e com as justificativas dadas aos

títulos. As palavras foram agrupadas segundo sua semelhança temática em categorias, seguido

a teoria proposta por (Bardin,1977). Títulos que possuíam as mesmas palavras, ou palavras

com o mesmo sentido e significado, foram classificados na mesma categoria. Computou-se o

número de palavras em cada categoria e calculou-se sua frequência em relação ao número

total de palavras analisadas.

Resultados

A análise dos desenhos dos professores do Fundamental II permitiu identificar 98 itens

ou elementos que compunham os desenhos que foram classificados em 12 categorias,

arroladas na Figura 1. Na categoria “símbolo natural”, foram classificados os desenhos que

continham elementos da natureza como sol e flores, além de paisagens de campos e árvores.

Na categoria “símbolo religioso”, foram classificados desenhos que continham símbolos

cristãos, judaicos e islâmicos como a cruz, a estrela de Davi e a lua islâmica. Na categoria

“símbolo geométrico”, encontraram-se desenhos como o círculo. Já na categoria “símbolos

outros”, foram classificados desenhos que continham setas e caminhos. Na categoria

“pessoas”, a classificação foi dos desenhos com imagens de pessoas em grupo ou sozinhas.

Logo a seguir, na categoria “corpo”, enquadraram-se os desenhos que continham partes do

corpo humano como mãos e corações. Na categoria “casa”, fez-se o agrupamento aos

desenhos de moradias. Já na categoria “igreja”, os desenhos agrupados traziam representações

de igrejas e capelas. Na categoria “escola”, foram enquadrados os desenhos que mostravam as

escolas. Também foi possível definir a categoria “concretos outros” em que foram

classificados desenhos que continham objetos não religiosos como vasos. Já na categoria

“objetos religiosos”, classificaram-se desenhos como bíblias e velas. Por fim, alguns desenhos

apresentaram palavras e expressões. Esses foram classificados na categoria “palavras”, a qual

se compôs por “paz”, “amizade”, “deus”, “amor” e “fé”.

Figura 1 – Distribuição dos desenhos professores do fundamental IIFonte: Pacheco,

A interpretação da Figura 1

religiosos foram os elementos mais frequentes dos desenhos. Isso

sujeitos, o ensino religioso pode estar associado tanto à convivência humana quanto à

espiritualidade, em sua dimensão mais individual. Além de refletirem a espiritualidade, os

símbolos religiosos são convenções, e nesse sentido têm que ter o mesmo significado para um

grupo de pessoas, têm que representar uma cultura religiosa. Para ser um símbolo, é

necessário que todos o reconheçam como representando algo.

É possível deduzir que, para esses sujeitos, o ensino religioso não esteve associado ao

contexto escolar.

Em uma análise mais direta

desenhos em seus títulos e justificativas: “

“Crucifixo”; “ Religião centro de todos

– Alicerce da Instituição escola

ressurreição de Jesus”; “Fé”; “

todos”; “Amor, vida eterna”; “Amor, lei de Deus”.

Percebe-se que tais exp

enraizada na história de vida desses sujeitos, na influência religiosa familiar que receberam e

na história do Ensino Religioso

Distribuição dos desenhos – número total e categorias temáticas professores do fundamental II

2012, p. 74.

da Figura 1 pode ser dada da seguinte maneira: p

religiosos foram os elementos mais frequentes dos desenhos. Isso pode indica

gioso pode estar associado tanto à convivência humana quanto à

espiritualidade, em sua dimensão mais individual. Além de refletirem a espiritualidade, os

símbolos religiosos são convenções, e nesse sentido têm que ter o mesmo significado para um

essoas, têm que representar uma cultura religiosa. Para ser um símbolo, é

necessário que todos o reconheçam como representando algo.

É possível deduzir que, para esses sujeitos, o ensino religioso não esteve associado ao

mais direta, identificaram-se as seguintes expressões atribuídas aos

desenhos em seus títulos e justificativas: “Sou católica – importante”; “

Religião centro de todos”; “Sacrifício de Jesus por nós”; “Jesus nos ama

Alicerce da Instituição escola”; “Jesus – equilíbrio, família e amigos

”; “ Cruzamento de 2 madeiras”; “Jesus Vivo”; “

“Amor, vida eterna”; “Amor, lei de Deus”.

se que tais expressões denotam uma compreensão direcionada à formação

enraizada na história de vida desses sujeitos, na influência religiosa familiar que receberam e

o Ensino Religioso no Brasil.

símbolo natural

símbolo religioso

símbolo geométrico

símbolos outros

pessoas

corpo

casa

igreja

escola

concretos outros

objetos religioso

29170

número total e categorias temáticas –

pessoas e símbolos

indicar que, para os

gioso pode estar associado tanto à convivência humana quanto à

espiritualidade, em sua dimensão mais individual. Além de refletirem a espiritualidade, os

símbolos religiosos são convenções, e nesse sentido têm que ter o mesmo significado para um

essoas, têm que representar uma cultura religiosa. Para ser um símbolo, é

É possível deduzir que, para esses sujeitos, o ensino religioso não esteve associado ao

as seguintes expressões atribuídas aos

”; “ religioso cristão”;

Jesus nos ama”; “ER

equilíbrio, família e amigos”; “cristianismo –

”; “ Religião centro de

ressões denotam uma compreensão direcionada à formação

enraizada na história de vida desses sujeitos, na influência religiosa familiar que receberam e

símbolo natural

símbolo religioso

símbolo geométrico

símbolos outros

concretos outros

objetos religioso

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Assim, estes dados apontados na pesquisa podem reconhecer a carência de

entendimento do conceito de laicidade e sua prática para o Ensino Religioso. O conjunto de

expressões dos sujeitos pesquisados pode revelar a necessidade de cultivar reflexões que

possibilitem o pleno entendimento deste conceito por parte dos docentes.

Considerações finais

A questão problema que motivou esta investigação pode ser respondida com base,

sobretudo, no segundo instrumento, pois os professores mostraram uma certa tendência ao se

manifestarem de acordo com suas próprias crenças religiosas. Isso vai de encontro à laicidade,

postulada por Debray (2002), Fischmann (2008), Cury (2004), entre outros, e instituída pelos

documentos legais – Constituição Federal (Brasil, 1988) e Declaração Universal dos Direitos

Humanos (ONU,1948).

Tendo em conta que a religião toca a identidade dos alunos, o professor precisa tratar

os conteúdos deste ensino com a mais possível objetividade, pois a finalidade do Ensino

Religioso na escola é compreendê-lo como fenômeno essencialmente histórico que pode ser

encontrado na literatura, na arquitetura e nas diferentes áreas da arte – música, pintura,

cinema.

Assim, o desenvolvimento deste estudo permitiu perceber que uma formação docente

dotada do “principio da laicidade” para o Ensino Religioso na escola pública se torna uma

questão de urgência e, portanto, deve conduzir o docente a fazer um percurso significativo

nessa área da Educação. Para esse professor, tal compreensão pode contribuir no

reconhecimento do lugar da disciplina Ensino Religioso no âmbito escolar.

Por outro lado, esse tema deve também ser debatido com outras instâncias sociais – a

mídia, a política, a sociedade - que influenciam o sistema educacional brasileiro. Sabe-se que

a escola tem uma dimensão cívica e depende da instância das políticas públicas que

asseguram as práticas laicas republicanas e, portanto, necessita de políticos imbuídos do

principio da laicidade, para garantir ao cidadão, educando, uma formação religiosa, no que

tange ao caráter epistemológico e histórico do Ensino Religioso.

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