o eixo do mal latino-americano - heitor de paola
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HEITOR DE PAOLA
EiXO 00 MAl
LATINO-AHERtCANOE A NOVA ORDEM MUNDIAL
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SUMRIO
l'RI-1CIO( )lavoJe* Carva lho ............................................................................................. 15
I N T R O D U O .................................................................................................19
P R IM E IR A P A R T E - U M A Q U E S T O D E M E T O D O L O G IA
( AlM I Ul o I I RR( )S Dl M I:T O I) ( )l O G IA 1)1: AV AL IA O DAS
I S I k A T K .IAS C O M U N I ST A S C O M I T ID O S PF LO S S F RV I O S D F
IN 11 I K . N C IA O C IDL N TA 1S ..................... ..................... 51
1 A nova estratgia sovitica de dominao mundial: retorno ao leninismo.....52
2 As previses de Anatoliy Golitsyn .................................................................. 54
3 A crise no mundo sovitico aps a morte de Stalin........................................ 56
4 0 KGB e a desinformatsiya................................................................ ............57
V A desinformatsiya em ao..............................................................................59
As principais operaes de desinformao..................................................... 61
7 0 declnio da C IA ...........................................................................................62
8. O movimento pela paz mundial..................................................................... 64
( A l i I I I I ( ) II A NLCLSSIDADh DF L IMA NOVA M FT O D O LO C IA
1)1 A N A IIS I ........................................... 671 Significado da reorganizao do KGB aps a Perestroika.............................. 68
2 A nova face da guerra......................................................................................72
3 Diferenas entre um Partido Comunista e os Partidos democrticos............. 74
4 Algumas normas de avaliao .........................................................................77
5 A verdadeira meta comunista: a Nova Classe................................................. 82
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( A li I U M ) III A kl V< )l U(,A< X I II I IIR A I A M NI< ) ( ,K \M S( I I A
I S ( ()| A D I I R A N k l t l R I h s
1. Antonio Gramsci c a Organizao da Cultura ..............................................85
2. A influncia da Escola dc Frankfurt................................................................. 95
3. O Triunfo da Revoluo Cultural Gramcista e da Escola de
Frankfurt no Brasil......................................................................................... 103
SEGUNDA PARTE - AS RAZES HISTRICAS DO EIXO DOM A L L A T I N O - A M E R I C A N O : A s gra nd es estratgias com u nista s d e
domnio mundial e suas repercusses na amrica latina
C A PT U LO IV - PRIMEIRA E SEG UN D A ESTRATGIAS 113
1. A Primeira Estratgia (1917-1919)............................................................... 115
2. Segunda Estratgia (1919-1953)................................................................... 115
CA PTU LO V - OFENSIVAS NA AM RICA LATINA NA
SFG U N D A ESTRATG IA .............................. .....................117
1. Primeira Ofensiva (1919-1943).................................................................... 117
CA PTULO V I - IN T I RR IGN O : A SLCU ND A GUERRA M UN DIAL
I O HM DA ALIAN A TE U TO -S O V ITIC A 121
C A PT U LO VII - PL R O D O PS-GU ERRA I A GU ERRA 1RIA. 127
1. Segunda Ofensiva (Mundial) (1944-1985)...................................................130
2. Segunda Ofensiva na Amrica Latina........................................................... 138
3. A Resposta Revolucionria: A Conferncia Tricontinental de
Havana e a O L A S ......................................................................................... 1444. A Terceira Ofensiva na Amrica Latina: A Luta Armada Revolucionria
no Continente c no Brasil............................................................................. 147
5. A luta armada no Brasil................................................................................. 150
6. A Fbrica de Mitos Produz Conspiraes e Heris...................................... 154
7. A Participao dos Estados Unidos no Movimento de 6 4 ........................... 154
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H ( hrlr ( ) ( nlpc iln InKiilcnlo Pinuihct v s Morte do 'I leri
I\>l>iil.n Allende 157
( )pcriio ( oiulor O "Compl Militar Fascista".......................................... 159
( AlM I Ul ( ) V III I I l
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O lll l< )l IM RDM )( ) NA IUR< >PA IX ) I I S I I .22*
I Al .BA ou URSA L cm marcha........................................................................ 223
QUARTA PARTE - O E IXO LATINO-AM ERICAN O E A NOVA
O R D EM M U N D IA L
C APTLII O XIV - A ESTRATG IA D OS G RA ND I SBI OC OS REGIONA IS ......231
CA P TULO XV - A "CO M UN IDAD E INTERNAC ION AL E A NOVA
OR DEM M UN D IAI 237
1. Teorias de Conspirao - A "Mo Secreta"?................................................. 238
2. A Implementao...........................................................................................240
C AP TU LO XVI - UM A ALIAN A IMPR( )V VE l MAS RE A l : 245
1. O Embrio da Alia na.................................................................................. 247
2. A Idia de uma Unio dc todas as Naes para a Paz e o
Governo Mundial..........................................................................................249
3. Wall Street e a Revoluo Bolchevista.......................................................... 251
4. A Convergncia das Duas Estratgias........................................................... 254
5. Elo com o presente: Hammer, Gore & Co.................................................... 256
CA PTULO XVI I AS PRINCIPAIS O RG AN IZA ES CLO BALISTAS ..........259
1. Woodrow Wilson International Center for Scho lars................................... 259
2. Council on Foreign Relations....................................................................... 261
3. Trilateral Comission..................................................................................... 264
4. Dilogo Interamericano................................................................................ 266
5. Association of World Federalists.................................................................. 271
6. A Sblizhntiena O N U .......................................................................................271
7. As ON G s globalistas.................................................................................... 273
REF ERNCIAS BIBLIO GR FIC AS ...............277
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Grande ou petfueno, moderado ou extremado,
lodo rebelde anticapitalista, sem exceo,eum farsante no s nas suas atitudes exteriores, mas na base mesma
da sua personalidade, na raiz do seu estilo de vida.
Olavo de Carvalho
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PREFCIOOlavo dc Carvalho
Se o jornal eletrnico Mdia Sem Mscarano servisse para mais nada, s
o ter revelado aos leitores brasileiros o analista poltico Heitor de Paola
j bastaria para justificar sua existncia e torn-la mesmo indispensvel.
O homem, de fato, no tem equivalente na "grande mdia" nem - at
onde posso enxergar - nas ctedras universitrias, tal a amplitude do ho
rizonte de informaes com que lida em seus comentrios e tal a clarida
de do olhar que ele lana sobre o vasto, complexo e mvel panorama da
transio revolucionria latino-americana, reduzindo a seqncias cau
sais coerentes a variedade dos fatos em que seus colegas - digamos que
o sejam - no enxergam seno um caos fortuito ou a imagem projetada
de seus prprios sonhos, desejos, preconceitos e temores.
Na pequena e valente equipe de colaboradores da publicao, remu
nerados a leite de pato (sim, ns, os ces-de-guarda do capital, no te
mos capital nenhum, ao contrrio dos pobres e oprimidos que nadam
em dinheiro dos ministrios e das fundaes estrangeiras), as felizes
coincidncias acabaram por produzir uma diviso de trabalho na qual
ningum tinha pensado de incio: se os demais redatores sondam em
profundidade certos aspectos especiais, ou investigam para trazer ao
conhecimento do pblico fatos que a mdia comprometida ignora por
malcia ou por inpcia genuna, no fim vem o Heitor de Paola e articula
tudo em grandes esquematizaes diagnosticas que resumem o sentidodo jornal inteiro e das quais o jornal inteiro, por sua vez, fornece as
provas detalhadas. E uma grande alegria para mim ter sido o pai de um
rgo brasileiro de mdia que, malgrado todas as suas limitaes que
ningum nega, permanece o nico onde as notcias no desmentem as
anlises e as anlises no saem voando para longe das notcias.
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Na verdade o jornal revelou Heitor de Paola ao prprio Heitor de
Paula, roubando-o em parte aos clientes do seu consultrio de mdico
e psicanalista e colocando-o diante do caso clnico mais dramtico c
desesperador que j passou pelo div de um discpulo (no muito fiel)
do Dr. Freud: um continente neurotizado por um intenso tiroteio cru
zado de aes camufladas e mentiras ostensivas que ultrapassa imen-
suravelmente a capacidade de compreenso da inteligncia popular e
a engolfa num abismo de esperanas ilusrias, terrores sem objeto e
dios sem sentido.
Neurose, dizia um outro s da clnica psicolgica, o meu falecido amigo
Juan Alfredo Csar Mller, uma mentira esquecida na qual voc ain
da acredita. No s uma figura de linguagem. E o resumo compacto
de uma ordem causai que a observao clnica confirma todos os dias.
O processo tem trs etapas: mentir, ocultar a mentira de si prprio e,
por fim, entregar-se produo compulsiva de pretextos, fingimentos
e racionalizaes sem fim, os mais postios e contraditrios, para po
der continuar agindo com base naquilo que se nega e ao mesmo tempo
defender-se desesperadamente da revelao dos motivos iniciais verda
deiros que determinaram o curso inteiro da mutao patolgica.Aplicado ao estudo dos processos histrico-polticos, o conceito tem de
ser ajustado para dar conta de vrias seqncias neurotizantes simult
neas e sucessivas, que, ao entremesclar-se num caleidoscpio de falsifi
caes, tornam a forma geral do processo totalmente invisvel massa
de suas vtimas, ao mesmo tempo do visibilidade hipntica a aspectos
isolados e inconexos, artificialmente dramatizados como "problemas ur
gentes", fazendo com que do mero caos mental se passe s aes arbitr
rias e desesperadas que complicam o quadro da vida real at alucinao
completa. Diversamente do que acontece na neurose individual, onde
o autor e a vtima da mentira so a mesma pessoa, as neuroses coletivas
so produzidas desde fora, por grupos de estrategistas e engenheiros so
ii .
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ciais que, ao menos num primeiro momento, imaginam poder control-
las em proveito prprio, mas que em geral acabam sendo eles mesmos
arrebatados pelo movimento dc destruio que geraram: nunca houve
grupo de lderes revolucionrios que no acabasse sendo dizimado pela
prpria revoluo.
No meio desse turbilho, alguns indivduos privilegiados conseguemmanter-se tona no mar de destroos e enxergar, mais ou menos, a di
reo do abismo para onde vai a corrente. No por coincidncia, esses
observadores realistas so habitualmente recrutados entre aqueles que
definitivamente no gostam do curso presente das coisas, mas que, por
absoluta falta de vocao poltica, ou por estarem em minoria infinite-
simal sem possibilidade de interferir na situao, reagem para dentro,
intelectualmente, e no produzem planos dc ao, mas diagnsticos da
realidade, sem os quais a simples inteno de agir j seria apenas uma
contribuio a mais para a loucura geral.
Heitor de Paola um desses. No s a experincia clnica que o quali
fica especialmente para a funo. A inteligncia analtica da qual ele d
algumas amostras notveis neste livro deve algo militncia revolucio
nria de juventude que o torna a seus prprios olhos um pouco culpadopor aquilo que na poca no podia prever mas hoje obrigado a ver.
Tanto melhor. Only tbe wounded can beal,diz um provrbio ingls.
RlCHMOND, VA, 29 DE MAIO l)F 2008
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INTRODUO
O bem stif Jo [xwo tem siJo pa rticularmeu te
um lthi fuiui os tmwo s
Albert Camus
Tendo sido comunista no passado e pertencido a uma das organiza
es clandestinas, a Ao Popular (AP), entre os anos de 1963 e 1968,
que abandonei por no concordar com o desencadeamento da "luta
armada contra a ditadura", inicialmente exultei com o to propalado
"fim do comunismo" com a queda do Muro de Berlin e a derrocada da
Unio Sovitica. Mas, conhecedor do sistema por dentro, das formas
de atuao, das teorias e da ideologia comunista, da crueldade de seus
mtodos de conquista e manuteno do poder, da capacidade de mani
pulao de mentes e de sua caracterstica amorfa e protica, restaram-
me a desconfiana e a perplexidade que cresceram na razo inversa do
aumento desta crena entre os liberais e das inmeras demonstraes
de regozijo e manifestaes do triunfo capitalista. O livro de FrancisFukuyama, O Fim da Histria e o ltimo Homem, publicado no Brasil em
1992, causou-me mal estar e preocupao desde as primeiras pginas.
O autor comea argumentando que "nos ltimos anos, surgiu no mun
do todo um notvel consenso sobre a legitimidade da democracia libe
ral como sistema de governo, medida que ela conquistava ideologias
rivais como a monarquia hereditria, o fascismo e, mais recentemente,
o comunismo". Fukuyama deve ter dormido durante os anos a que me
referirei adiante ou quis aproveitar para faturar alto com o desbara-
tamento da URSS. Ou pode t-lo escrito em funo de suas ligaes
com o ( oumil on Fortign Relations', pois seus artigos so regularmente
' Ao longo do livro o O R ser extensamente estudado
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publicados pela Foreign A/Jairse pelo Le Monde Diplomaticjue,duas Bbliasda esquerda mundial.
Esta viso teleolgica da histria de inspirao nitidamente hegelia-
no-marxista onde Fukuyama apenas mudou a finalidade do "processo
histrico": do estabelecimento pleno do comunismo e das benesses da
mxima marxista de a ida um de acordo com suas capacidades, a cada um de acordocom suas necessidades, a imagem do cu na Terra apenas mudava para o
pleno estabelecimento da liberdade de pensamento e iniciativa. Nada
mudara, portanto, no havia nenhum rompimento radical com o pen
samento marxista, com a noo absurda da existcncia de um "processo
histrico" com meios e fins a atingir, apenas o mesmo estava sendo uti
lizado para outras finalidades igualmente fantasiosas c onipotentes. Em
segundo lugar, a prpria idia de consenso incompatvel com a opo
por uma sociedade aberta e livre, onde jamais existe consenso c na qual
a discordncia o alimento essencial do debate. Em terceiro lugar, a
afirmao era um verdadeiro despropsito num mundo onde mais da
metade da populao continuava submetida s atrocidades dos regimes
comunistas da China, Coria do Norte, Vietnam, Cuba e em alguns
pases do Leste Europeu. Outra grande parcela vivia sob o taco dasbotas de tiranos assassinos, principalmente na frica. E outra ainda, sub
metida s teocracias islmicas no menos tirnicas. Fukuyama mostrava
ser mais um intelectual "iluminado" idntico aos marxistas, sem nenhum
compromisso com a realidade.
O que mais me impressionou foi exatamente a no ruptura com o es
quema intelectual marxista. Talvez porque o autor jamais tenha sidocomunista. Quem j o foi, entendeu do que sc trata o comunismo, e saiu,
no pode menos do que tornar-se um anticomunista radical rejeitando
inclusive, in totuma concepo materialista dialtica da histria. No resta opo mediana, "deixei de ser comunista, mas no sou anti porque
seria desconhecer os erros e falhas do capitalismo, da democracia, do
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laissez faire, que tambm no resolveram problemas graves da humani
dade como a misria, a pobreza e a desigualdade". Quem pensa assim
no deu passo algum, sua "sada" da ideologia apenas um aulo-engano,
continua fisgado pela mesma viso dc mundo que supe ter abandona
do. O liberalismo jamais prometeu coisa alguma, apenas a liberdade de
cada ser humano defender seus prprios interesses. S que, ao ser bem
sucedido, ele beneficia inmeros outros seres. No por ser predestinado,
mas por simples conseqncia lgica aumenta o nmero dc empregos e
melhora o padro de vida da coletividade.
Outro ponto fundamental da minha desconfiana do "fim do comunis
mo" foi a total ausncia de processos contra os facnoras e assassinos ape-
ados do poder - com a nica exceo da Romnia, ainda assim dbil - de
algo como um Tribunal de Nremberg, leis proibindo definitivamente a
divulgao das idias e publicaes comunistas c banindo seus smbolos
e bandeiras. Pelo contrrio, as verses marxistas da histria c o revisio-
nismo so hegemnicas, bandidos do tipo Fidel, Che, Allende, Sandino,
Lamarca, Marighela e outros so entronizados no altar dos heris latino-
americanos. como se, ao invs de atacar e destruir a Alemanha, o O ci
dente tivesse se contentado com "democratiz-la" com a mesma elite daSS e da GEST A PO no poder (Himmler bem que tentou!).
Camisetas com imagens de Che so vendidas em butiques chics.J imagi
naram se tivessem a cara de Adolf Hitler? A Sustica foi banida, embora
seu uso pelos nazistas tenha sido um roubo explcito de antigas tradi
es - dos ndios Hof>i aos Astecas, dos Celtas aos Budistas, dos Gregos
aos Hindus - mas a Foice e o Martelo entrelaados, smbolo tipicamentecomunista, permanece e at mesmo a bandeira do Exrcito Russo voltar
a us-la, sendo que a companhia area russa Aerojlot nunca o eliminou.
Enquanto sc exulta pela queda das soi disantditaduras militares da Amrica
I.atina, exalta-se o tirano mor e seus asseclas cubanos. Enquanto a divul
gao do Holocausto nazista milhares de vezes repetida e ningum ousa
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dizer que "o nazismo era at uma boa idia desvirtuada pelo hitlerismo",
o que se escuta do comunismo: uma boa e generosa "utopia", detur
pada pelo stalinismo. O comunismo ainda no foi atingido e continua
uma utopia generosa desvirtuada. Os campos de concentrao nazistas
so expostos e execrados, com justia, enquanto o G U LA G 2 permane
ce conhecido apenas dos interessados na literatura especfica, se tanto
nos livros de Solzhenitsyn e outros dissidentes. Hitler, execrado como o
maior genocida da histria matou uns 20 milhes, Mao matou 60 e Stalin
uns 50 e so adorados. Pinochet foi responsvel pela morte de uns 3.000,
largou o poder quando perdeu um plebiscito, Fidel j ultrapassou a cota
dos 100.000 mortos (em toda a Amrica Latina e na frica, em Cuba
estimam-se 17.000) e h 2 milhes de cubanos exilados, no obstante
continua l 49 anos depois.' Quem o execrado? Quem o indmito heri?***
Uma maneira hipcrita de tentar desmoralizar a opo anticomunista dos
ex-comunistas afirmar a respeito dos mesmos que eles nada mudaram,
apenas trocaram de lado. preciso esclarecer isto antes de prosseguir.Como, ao longo do livro ao falar da essncia do comunismo, farei inme
ras consideraes sobre o assunto, basta aqui citar Viktor Kravchenko.
Viktor Andreievitch Kravchenko (1905-1966), escreveu suas experi
ncias como agente sovitico no livro / Cbose Freedotn4. Entrou para o
2 Do russo Glatmoye Llpravletiiye hpravitelno-trudopykb Lagerey i kolonu, Direo Geral dos
Campos e Colnias de Correo e Trabalho, do NKVD , Comissariado Popular deNegcios Internos A existncia do G U L A G se tornou conhecida atravs do livro Ar
quiplago Gulagde Alexander Solzhenitsyn. Embora dissidente de grande importncia
sua obra c bastante conhecida e acessvel e deixa de ser comentada aqui.
' Quando este livro foi para o prelo Castro j havia se licenciado" e assumia seu irmo
Raul. Tudo como dantes no quartel de Abrantes!
* Disponvel para download (33 Mb) em http://ia3313l2.us.archive org/0/itcms/icho
sefreedomtheO 12158mbp/ichosefreedomtheO 12158mbp pdf
http://ia3313l2.us.archive/http://ia3313l2.us.archive/ -
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Partido Comunista cm 1929 e participou do processo dc coletiviza-
o forada do campo na Ucrnia, na bacia do Don. Inicialmente,
ele participara ativamente com muito entusiasmo, mas testemunhou a
morte pela fome de milhes de camponeses em nome dos quais se fez
a Revoluo ( a Foice do smbolo), o aprisionamcnto do G U L A G ou
a execuo sumria dos que esboavam alguma oposio ou compai
xo. Os vveres eram acumulados com exclusividade para os prceres
do Partido local e os enviados de Moscou. Mostra com crueza o grau
de degradao moral e tica, alm da corrupo do processo de pen
sar, que necessrio para um indivduo assistir e aceitar a morte por
inanio de milhares de semelhantes . . . em nome exatamente da me
lhora de situao dos seus semelhantes - no futuro. preciso atingir
um nvel de organizao mental esquizide - dois sistemas mentaisincomunicveis - que impea o indivduo de dialogar consigo mesmo
e afaste de si as objees morais, ticas ou religiosas que o ameaam
com sentimentos de culpa, compaixo e empatia, conduzindo cor
rupo do prprio processo de pensar, o que torna a verdade cada vez
mais persecutria e temida. Como estes dois sistemas incomunicveis
no conseguem ser to estanques como seria desejvel, necessrio a
reafirmao constante por parte do grupo que partilha ardorosamentea mesma mentira. Por isto, um comunista no existe seno em grupo.
Se algum tenta expressar uma verdade num grupo desses desperta
imediatamente intenso dio e inveja, e maior coeso do grupo - e
da mente de cada um em particular que fica ameaada de uma ciso
terrvel - para reforar o delrio megalomanaco e expulsar o carter
perturbador da verdade.
Durante a II Guerra foi nomeado para a Misso Comercial Sovitica
em Washington, D. C. e em 1943 pediu asilo poltico. Apesar do pedi
do dc extradio da URSS o asilo foi concedido. A publicao do livro
gerou intensos protestos por parte de todos os Partidos Comunistas
do mundo, principalmente pelo Francs que o acusou de mentiroso no
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semanrio Les Lettres Franqaises.Kravchenko processou-o por difamao.
No julgamento em 1949, apesar da presso irresistvel dos PCs, con
seguiu apresentar testemunhas que estiveram presas, como Margrete
Buber-Neumann que, quando do Pacto Molotov-Ribbentrop foi entre
gue aos nazistas e internada em Ravensbrck. Kravchenko ganhou a
causa, vindo a morrer por ferimentos a bala de forma misteriosa, mas
dada como suicdio.
Cedo percebi que as organizaes "revolucionrias" no passavam de
grupelhos dc filhinhos-de-papai com a vida garantidas que estavam le
vando de roldo operrios e camponeses os quais depois abandonavam
prpria sorte. Fui o responsvel por dois destes casos. Um operrio
que "ampliei", e por orientao da AP promoveu uma greve na fbri
ca na qual trabalhava, foi despedido e no mais conseguiu emprego,
sua mulher e filhos o abandonaram, comeou a beber cada vez mais e
foi abandonado por todos os "companheiros", eu inclusive. Uma outra
s Inmeras reunies dc que participei como Vice Presidente da U N E com o Coman
do Nacional de AP oram realizadas em manses do Morumbi ou dos Jardins, para
onde fui levado em carros importados de luxo. Com direito a mordomo e regadas a
champanhe trances ou usque 25 anos As militantes de uma organizao "co-irm, a
Organizao Revolucionria Marxista Poltica Operria (P O LO P), eram conhecidas
como loirssimas, belssimas e riqussimas! Todo sacrifcio pela causa da revoluo
proletria pouco!!!
'* Ampliao, este termo se aplicava originalmente ao programa permanente de ampliao dc quadros (aumento do nmero dc militantes) Passou a ser usado nos casos
particulares c por neologismo sc transformou at cm substantivo: uma 'ampliao''
era um simpatizante cm fase dc teste dc "pureza ideolgica com vistas a conquist-lo
para a militncia Alguns nunca chegavam neste ponto e permaneceriam para sempre
companheiros dc* viagem e sero os primeiros a serem trucidados pelo regime revo
lucionrio triunfante porque o choque da realidade os tornaria ferozes opositores pela
pcitrp.io dc lerem sido trados.
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"ampliao" minha foi um lder campons que tambm abandonou a
famlia para aderir "luta armada" e do qual nunca mais ouvi falar.
Todos os militantes eram instigados a abandonar as "noes burguesas
de moralidade religiosa" submetendo-as aos imperativos revolucion
rios. Assim eram atingidos os princpios do no roubar, no matar e ser
sincero nas relaes humanas. Uma das tareias dos militantes era roubarpara a causa qualquer coisa que estivesse ao seu alcance. Como eu es
tudava medicina fui instrudo a roubar material de primeiros socorros e
instrumental cirrgico do Hospital Escola, com vistas s futuras necessi
dades de estabelecer hospitais clandestinos para as aes guerrilheiras -
idia delirante que jocosamente passei a chamar de el sueno de Sierra Ma-
estra. Como minha formao moral me impedia de dar este passo fui
alvo de intensas crticas de desvio ideolgico. Obrigado a uma auto
crtica tentei argumentar que o Hospital Escola era uma instituio para
o povo que queramos ajudar. E foi a que eu aprendi algo: jamais tentem
argumentar com um comunista em termos lgicos! A lgica sempre
distorcida para justificar, desonestamente, qualquer coisa. O debate
desigual, pois quem tem limites lgicos para argumentar j parte em
tremenda desvantagem.
Um outro fator a influenciar minha deciso foi quando, numa reunio
do "Comando Zonal Sul - RS" discutia-se o caso de um militante recm
"ampliado" que, por fora de nosso apoio tornara-se presidente de um
importante Centro Acadmico e dava mostras de "fraqueza ideolgica"
e independncia de pensamento. Passou-se a discutir se num processo
revolucionrio aberto, que estava em preparao, algum teria coragemde matar um "companheiro" ou ao menos dar a ordem para isto. Eu
disse que teria coragem de dar a ordem. No momento, at a mim mes
mo pareceu uma bravata, mas, mais tarde, pensando comigo mesmo fi
quei horrorizado com a possibilidade de chegar a um ponto em que isto
se tornaria inevitvel: numa situao plenamente revolucionria pode
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chegar
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c o m o di/rm 1 1 .i minha U ira . poi porte ira cm que passa boi, passa
boiada ' ( )u sc c .1 1 foiti ou o abismo c inlimto c catla vez mais a au
to indulgncia c ncccssria cm doses crescentes No h argumento
racional, provas cicntlicas da charlatanice marxista, comparao dc
resultados econmicos, nada - pois todos que esto dentro sabem
muito bem disto! S vale a indignao moral, e esta exige que se pas
se a combater o mal do qual se saiu com todas as foras, no admite
neutralidade nem tolerncia. Chamar esta posio de maniquesta
outra armadilha do relativismo moral que preceitua que no existe o
mal nem o bem e que no podemos julgar nossos semelhantes pelas
suas opes ideolgicas. Podemos sim, sc a conhecermos por dentro
sabendo do que sc trata. Segundo outro que saiu do inferno, David
Horowitz, "contra-revolucionrio um nome para a sanidade moral ea decncia humana, um termo de resistncia para a depredao pica
causada por sonhadores" (Politics of Bad Faith) Quando digo que no
confio em comunistas sou criticado como intolerante, mas sei muito
bem que comunista no tem palavra de honra, s palavra de ordem! O
que dito ou feito o que convm 'causa" naquele momento, o que
pode mudar qual piuma al vento ("qual pluma ao vento"). sempre misero
chi a leisaffida, chi le confida. mal cauto il cuore (e tem sempre um destinomiservel aquele que nela confia c\ ingnuo, espera ganhar seu cora
o") (Verdi, La Donna Mobile - traduo livre).
Desiludam-se os leitores que acreditam que o comunismo uma utopia,
muito menos uma utopia generosa, um idealismo quixotesco. No .
Esta "utopia" s serve para atrair c seduzir simpatizantes - chamados por
Lenin dc idiotas teis.Suspeito que a substituio no Brasil de idiotas porinocentes teisserve a um propsito: iludir de que algum pode simpatizar
inocetitementecom um regime comprovadamentc assassino c gcnocida no
mais alto grau. Nunca encontrei um revolucionrio comunista autntico -
nem quando eu era um, nem depois - que acreditasse por um segundo
sequer na tal "utopia" que eles usam - ns usvamos - para enganar os
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I N T R O I ) 11C, A O
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trouxas e im becis e con vert-los em idiotas teis I em bro mc de co m o
eram ridicularizados estes idealistas que serviam de excelente massa de
manobra! Nunca houve esta tal de utopia, ou idealismo utpico - s
como estratgia de doutrinao.
A razo principal pela qual a maioria das pessoas se deixa enganar
pelos embustes comunistas a ignorncia a respeito da essncia docomunismo: ser uma mquina de produo contnua, ininterrupta e
eterna de mentiras. Mas pessoas inocentes fazem perguntas ingnuas
c bvias como: se to bom l, porque voc no vai para l? Se o co
munismo para salvar a humanidade da brutalidade capitalista, porque
precisam matar tanta gente? Por que as pessoas que vivem nestes para
sos so proibidas de sair para o exterior* - o que jamais aconteceu nas
"terrveis ditaduras militares de direita"? Como no h uma resposta
racional para tais perguntas simples todos os militantes tm, na ponta
da lngua, um "voc no est entendendo nada" e passam a demonstrar
como o interlocutor burro, ignorante, tacanho ou est seduzido pela
ideologia "burguesa". uma das primeiras coisas que o simpatizante
precisa aprender para ser considerado "amplivel". No, inocentes no
caem nesta, preciso uma grande dose dc malcia que aos poucos sedesenvolver em m-f.
O primeiro grande falsificador foi Karl Marx cuja viso fraudulenta da
Histria, o materialismo histrico', precisava ser provada de qualquer
maneira sob pena de ruir toda a estrutura charlatanesca que comeara
a inventar. J de incio o comunismo foi baseado numa grotesca falsi
ficao de estatsticas feita pelo prprio Marx para justificar sua idia
de que a Revoluo Industrial c o desenvolvimento capitalista tinham
* Eu ainda estava escrevendo este livro quando, durante o PAN 2007, vrios atletas
cubanos | tinham desertado e estavam foragidos ou tinham pedido asilo, repetindo
monotonamente o que ocorre em todas competies esportivas, congressos cientfi
cos, turns artsticas, etc. Duvido que algum dos milhares de admiradores de Cuba que
na abertura tinham aplaudido de p a delegao tenha mudado de idia.
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O I IXO 1)0 MAl I AT IN O AMfcRlC ANO
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p io i a do . 1 s i l tu. io econ m ica t ios trabalhadores ingleses U m grupo
dc his tor iadores reunido por Inedr ich von I layek demonstrou cabal
mente esta deturpao Suas concluses foram publicadas no livro ( \i
ftiltihsm (inJ tbc Ihsotiinsuma defesa do sistema primitivo de fabricaoe suas conseqncias econmicas e sociais. Re-interpretacs histri
cas, como O 1h liruttnrio Je Lus lionifHirtedemonstram cabalmente suasintenes. Nesta obra Marx no somente faz uma interpretao dos
acontecimentos de 1848 na Frana luz de suas idias como, retroa
tiva e ironicamente, distorce o ocorrido nesta data cm 1799 quando
o tio de Lus, Napoleo, deu o golpe no Diretrio e tornou-se Impe
rador. Data desta obra a reinterpretao da falcia hegeliana de que a
histria se repete: Hegel demonstrou que todos os fatos e personagens
de grande importncia na histria do mundo ocorrem, por assim dizer,duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como trag
dia, a segunda como farsa (Marx, 18 lirutttrio).Seria Marx a representao farscsca dc Hegcl?
O grande arquiteto da desinformao sistemtica foi Fclix Edmundovi-
tch Dzerzhinsky, criador da primeira polcia secreta sovitica, Tcheka.
Quando Lenin perguntou, ainda em I9 I8 a Dzerzhinsky, sobre qual aestratgia que deveria ser adotada para influenciar o resto do mundo,
recebeu como resposta: "diga sempre o que eles querem ouvir, minta,
minta sempre e cada vez mais. De tanto repetir as mentiras elas acabam
sendo lomadas como verdades".wA primeira fraude fotogrfica impor
tante de que tenho notcia foi a supresso da imagem de Trotsky ao lado
da tribuna de onde Lenin discursava para as tropas na Praa Svierdlov
em 1920, obra do sucessor de Dzerzhinsky, Lavrenty Pavlovich Bieriasob as ordens de Stalin.
9 Esta expresso, levemente modificada, foi copiada por Paul Joseph Goebbels, M i
nistro da Propaganda e do Esclarecimento do Povo do III Rcich a quem foi atribuda,
erroneamente e provavelmente de m-f. a autoria
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I N T R O D U O
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IN I I RI 111)10
A hora dc sair lora chegara c felizmente o fiz Restou-me a imensa per
plexidade dc como eu poderia ter sido atrado por tal amontoado de
mentiras e toliccs propagadas como filosofia e boa cincia econmica.
E como tantas pessoas se deixavam tambm iludir. Um ano aps sair da
AP formei-me em medicina e no tive mais tempo para pensar muitosobre isto, pois minha ps-graduao exigia enormes esforos dc estu
do e pesquisa espccializados, alm de estar recm-casado c precisando
de uma penca de empregos. Era o tempo do ento chamado "milagre
brasileiro", que depois do revisionismo histrico c da fbrica de mitos
dc que tratarei ao longo do livro, veio a ser chamado de "anos de chum
bo". No parecia scr esta a opinio do atual Presidente da Repblica
quando era um lder sindical ainda no pervertido pelas idias comunis
tas, pois disse daquele perodo. "Naquela poca, sc houvesse eleies,
o Mdici ganhava (...) A popularidade do Mdici no meio da classe
trabalhadora era muito grande. Ora por qu? Porque era uma poca de
pleno emprego" (Depoimento a Ronaldo Costa Couto em Memria viva
do regime militar, citado por Raymundo Negro Torres no livro 1964. A
Revoluo Perdida). Talvez seja a nica concordncia que eu tenha comSua Excelncia: sobrava emprego, no s para metalrgicos, mas tam
bm para mdicos c outras profisses e o salrio mnimo era respeit
vel. Os consultrios viviam cheios dc pacientes particulares cm todas as
especialidades clnicas, cirrgicas c psicolgicas. Outro autor que no
pode ser propriamente chamado de admirador do regime militar, Elio
Gaspari, em A Ditadura Derrotada(pp. 26-27), concorda com Lula - e co
migo: "Mdici cavalgava popularidade, progresso e desempenho. Umapesquisa do IBO PE realizada em julho de 1971 atribura-lhe 82% de
aprovao. Em 1972 a economia cresceria 11,9%, a maior taxa de todos
os tempos. Era o quinto ano consecutivo de crescimento superior a 9%.
A renda per capita dos brasileiros aumentara 50%. Pela primeira vez na
histria as exportaes de produtos industrializados ultrapassaram um
M)
( ) F I X O 1) 1) MAI I AT INO A.MIRK AN O
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bilho dc dolaics D up licara a produ o dc ao c o consu m o dc cncr
. tr ip licar a a dc veculos, quadruplicara a dc navios A (hoje falccida)
Bolsa dc Valores do Rio dc laneiro tivera cm agosto uma rentabilidade
dc 4),4%. No eixo Rio - So Paulo executivos ganhavam mais que seus
similares americanos ou europeus. Kombis das empresas de construo
civil recrutavam mo de obra no ABC paulista com alto-falantes ofere
cendo bons salrios e conforto nos alojamentos. Um metalrgico par-
cimonioso ganhava o bastante para comprar um fusca novo. Em apenas
dois anos os brasileiros com automvel passaram de 9% para 12% da
populao e as casas com televiso de 24% para 34%".
Certamente estes resultados do "capitalismo abjeto" e da "cruel ditaduraque nos oprimia", sentidos no prprio bolso, e a segurana que se goza
va no Pas onde "polcia era polcia e bandido era bandido" - ningum
tinha medo de sair noite cm qualquer cidade do Pas, certa vez, para
procurar um marceneiro que nos devia um mvel, subimos eu c minha
mulher uma favela num morro em Olaria, a p! - ajudaram em muito a
minha "virada" ideolgica, obviamente ainda cm termos exclusivamen
te prticos.10Mas comecei a perceber algo estranho, que era o motivo
do regozijo de Giocondo Dias, Secretrio Geral do Partido ComunistaBrasileiro quando dizia que "uma das maiores alegrias de um comunista
ver na boca dos burgueses, nossos adversrios, as nossas palavras de
ordem": aos poucos passei a ouvir "os burgueses" usando o linguajar, as
doutrinas e palavras de ordem comunistas, minhas velhas conhecidas
dos tempos de ativista. A princpio timidamente, mas logo com rapi
dez, certas expresses que antes eram usadas por comunistas c execradas
pelos "burgueses", passaram a ser proferidas pelos ltimos, como igualdade, injustia social, dio aos empresrios e ao lucro. Quanto mais a
"pequena burguesia" melhorava de vida graas ao "milagre brasileiro"
10 Critica-se muito a frase cunhada naquele perodo Brasil. Ame-o ou Deixe-o, sem que
ningum se pergunte se em Cuba isto seria, ainda hoje, possvel, ou se seria substituda
por Fidel. Ame-o ou Morra!
II
I N T R O I H K . O
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m.m execrava a si mesma, numa reao possivelmente culpada por po
derem usulruir condies econmicas nunca dantes imaginadas, como a
possibilidade de compra de casa prpria facilitada pelo hoomimobilirio
dos anos Mdici.
A culpa inconsciente pela rpida prosperidade tornava a classe mdia
presa fcil para a doutrinao invejosa que transforma inicialmente olinguajar e depois as atitudes e atos das pessoas. Inicialmente foram
acusados e depois passaram a se auto-acusar de "privilegiados" ou "elite
privilegiada", sem poderem valorizar que o que estavam obtendo era
fruto de seu trabalho e no de privilgios esprios. Em parte porque
a busca de satisfaes e prazeres sem as correspondentes obrigaes
morais a tornava uma classe "postia, desequilibrada, ftil e baseada na
ingratido radical para com as geraes anteriores, essa forma de vida
produziu uma tremenda acumulao de culpas inconscientes, as quais,
no podendo recair sobre os culpados autnticos - que toleram a idia
de culpas ainda menos que a da morte - so projetadas de volta sobre a
fonte de seus benefcios imerecidos" (apudOlavo de Carvalho). Os que
ainda no tinham acesso s boas novas passaram a ser chamados de "des-
possudos", "oprimidos", "vtimas da injustia social" e da "concentraodc renda nas mos dos privilegiados. Esta, contudo, no era a percep
o dos operrios tambm beneficiados, mas somente dos filhinhos-de-
papai - estudantes e intelectuais, o beautijul people da mdia e da moda.
Este dio ao capitalismo resultado da projeo psictica que, "ao negar
a realidade manifesta da prosperidade geral crescente, imputa ao capi
talismo at mesmo a misria dos pases socialistas" (ibid),como atribuir
a culpa da misria de Cuba no explorao de Castro e sua quadrilha,
mas ao embargo americano.
Observe-se a diferena entre algum no possuiraltjoe ser despossudo-,a se
gunda expresso pressupe uma ao por parte de outro que o "desapossa",
ou toma posse do que no lhe pertence, para seu prprio usufruto -
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O 11X0 IX > MAI I A7 INC) A Ml' Rl( ANO
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p o il.m ln d r . ipio pn .i.io md eh ila, dc* lou bo ( ) uso do p arlicip io Min
bm do v c ib o o p rn n ii pre ssupe- aa o dc* algum que op rim e ( ) que este
process
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conservadorismo ivltoifiado Note sc que apesai dc que conservai nao sc|.i
rctroagir, pelo contrrio, como sinnimo que n esquerda usa as palavras
conservadore/ou reacionrio. 'Quem domina o passado, domina o presente;
quem domina o presente, domina o luturo". George Orwell reconheceu
isto ao criar o Ministrio da Verdade ( i 984).
O controle do futuro absolutamente necessrio para dar garantia s"profecias" dc Marx cm sua rivalidade com Deus e a Bblia: sua obra
deveria substitu-la e, portanto, deveria ter suas profecias confirmadas,
mesmo que custa de centenas de milhes de mortos. Mikhail Bakunin
dizia que "o Sr. Marx no acredita em Deus, mas acredita profunda
mente em si mesmo. Seu corao contm rancor, no amor. Ele muito
pouco benevolente com os homens e sc torna furioso e maldoso quan
do algum ousa questionar a oniscincia da divindade adorada por ele,
quer dizer, o prprio Sr. Marx". Pode-se dizer o mesmo dos marxistas
de todos os tempos: no passam de adoradores de si mesmos e de seus
delrios dc poder.
Partindo dc uma observao acurada da mente humana, Marx percebeu -
consciente ou inconscientemente - a preferncia da Humanidade por
mentiras agradveis a ter que conviver com verdades por vezes dolorosas.
Ou pior, a um estado de dvida,o mais temido e rechaado dc todos - embo
ra o nico que pode levar introspeco e ao verdadeiro conhecimento.
Substituiu ento o velho lema socialista-a cada um de acordo com seu trabalho-
por outro mais agradvel - a cada um segundo suas necessidades. Enquanto o
primeiro inclui necessariamente algum esforo, o segundo acena com
um estado de coisas paradisaco ou nirvnico no qual todos tero suasnecessidades atendidas. A mudana sutil, mas fundamental. A recusa a
pensar, a enfrentar as inevitveis dvidas morais que assolam sem cessar
o ser humano, impede a pessoa de investigar seu interior e o mundo, e
quanto mais cega sc torna cm relao ao mundo, mais interessada em
modific-lo sua imagem c semelhana. Ora, exatamente isto que
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O F IX O 1)0 MA I I A TI N O A MF R K A N O
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N1.it x sngc ic
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p io do po vo ', por ou ira droga, materialista e supostamente demons
trvel atravs de meios racionais, mas que, como bem o demonstrou
Raymond Aron, o pior e mais estupefaciente de todos os pios (O
pio dos Intelectuais). irnico que tenha sido um poltico a diagnosticar
o grande mal psicolgico do sculo e no as pessoas que deveriam estar
mais preparadas para faz-lo: os psicanalistas e psiquiatras. Ronald Re
agan apontou que o comunismo "no nem um sistema poltico, nem
econmico - uma forma de insanidade - uma aberrao temporria
que um dia desaparecer da face da Terra porque contrria natureza
humana. Imagino quanta misria causar antes de desaparecer" (Reagan
in bisotrn band).
UM A AD VERTNC IA NECESSR IA
Antes de prosseguir necessria uma advertncia. Insisti na indignao
moral e na introspeco com plena aceitao da culpa porque creio que
uma outra tentao se apresenta ao nefito do liberalismo: negar as ba
ses morais e religiosas judaico-crists do liberalismo e cair no extremo
oposto, deixando-se seduzir por esquemas to amorais quanto o mar
xismo, como a pseudofilosofia "Objetivista" de Ayn Rand baseada numa
viso do homem como "um ser herico, com o nico propsito moral de
conseguir sua prpria felicidade, tendo como sua mais nobre atividade
ser produtivo e bem sucedido, e a Razo como seu nico Absoluto"11. E
por nefitos quero dizer no somente aqueles que saram do comunismo,
mas tambm aqueles que, segundo dizem, "j na adolescncia percebe
ram que Marx estava errado". A no ser que seja um gnio no entendocomo um adolescente possa ter elementos intelectuais suficientes para
tal. Estas pessoas tendem a acreditar que o liberalismo fruto da Deu
sa Razo dos Iluministas e que esta, se bem utilizada, como acreditam
11www.aynrand.org
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O r i X O 1)0 MAl I AT IN O AMI RK ANO
http://www.aynrand.org/http://www.aynrand.org/ -
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U* Io lii lo , inos d.ii. i que o m m n cam inh o o liberalism o I nganam sc*
redo nd am en te, pois a Raz o gerou o com unism o, o nazism o c* todas as
correntes totalitrias que assolaram os dois sculos passados. A Razo
desprovida dc* princpios gera, paradoxalmente, a irracionalidade e a in
sanidade. DesconHo que Fukuyama um desses seres iluminados.
A desinformao no permite ver que, se o liberalismo amoral em simesmo, ele fruto dc uma moral que o antecede e lhe d forma humana
sensvel e s pde sc desenvolver a partir dela. Sem o lento desenvolvi
mento da tradio ocidental judaico-grcco-crist o homem jamais teria
atingido uma concepo de liberdade individual fundada no "conhece a
ti mesmo antes de tudo" e no "ama ao prximo como a ti mesmo", que
a verdadeira liberdade. Um sistema baseado exclusivamente num aspec
to superficial e parcial da mente humana - o egosmo - no pode menos
do que sucumbir ao Terror. A negao violenta desta tradio foi o mo
tivo pelo qual o liberalismo evoluiu para o Terror, na Frana, e foi por
respeit-la que os Foundin) Fatbersestabeleceram as bases da democracia liberal Americana. Se Adam Smith descreveu desapaixonadamente
como sc fazem as riquezas das naes,tambm escreveu uma profunda obra
moral, Teoria dos Sentimentos Moraisque inicia com a belssima afirmao:"Por mais egosta que se suponha o homem, evidentemente h algunsprincpios em sua natureza que o fazem interessar-se pela sorte de ou
tros, e considerar a felicidade deles necessria para si mesmo, embora
nada extraia disso seno o prazer de assistir a ela. Dessa espcie a pie
dade, ou compaixo, emoo que sentimos ante a desgraa dos outros,
quer quando a vemos, quer quando somos levados a imagin-la de modo
muito vivo." Esta a base da Razo sadia, propriamente racional, e no
insana. Acostumamos-nos a denominar as pessoas que assim pensam de
liberais conservadores.E aos demais de libertrios.
Ao longo do livro pretendo demonstrar ser exatamente esta falta
de princpios morais e o desprezo pelos seres humanos que leva
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im pr ov ve l u nio entre os com un istas e os m cl.u . ipi l. il tst.is, term o
c un had o por ( )lavo dc* C .arvaI l io para des igna r aqueles e m pres rios e
banqueiros que, tendo utilizado a concorrncia proporcionada pelo
liberalismo para atingirem uma posio na qual esta no mais lhes
interessa, querem esmag-la num controle mundial em que evitem
ameaas s suas posies de fortuna e poder. Basta ver o exemplo
chins: depois de Fukuyama existem os entusiasmados com o que
consideram a vitria do capitalismo e do liberalismo na China com
o programa um pas, doissistemas da reforma dc Deng Xiaoping. So na
verdade, duas classes,os burocratas governamentais unidos aos novos
multibilionrios da franja litornea a eles ligados umbilicalmcntc c
um contingente de mais dc um bilho de escravos que no tm o que
comer. Chamar este sistema dc liberal s serve para desmoralizar oliberalismo. Desde a dcada de 50 do sculo passado a China um
continente dc escravos miserveis, mas esta informao vem sendo
sonegada c a desinformao ativa vinha mostrando os "avanos" so
cialistas do povo. S agora passam a aparecer, certamente j como
preparao de um futuro fechamento, com ocorreu com a Nova Pol
tica Econmica na URSS, atribuindo ao liberalismo a "desigualdade
que tinha sido suprimida com o maosmo.
O R EC O M E O
Contudo, todos estes entendimentos no foram suficientes para que eu
compreendesse uma nova enxurrada vulcnica que se desenrolava mi
nha volta. Com o Governo Figueiredo, anistia e redemocratizao vista, o verdadeiro entulho autoritrio marxista que tinha submergido
na clandestinidade veio rapidamente tona. Perplexo, percebi, inicial
mente, como a penetrao marxista tinha sorrateiramente infectado as
sociedades psicanalticas s quais eu pertencia. Congressos profissionais
passaram a ter como norma o convite a "filsofos" marxistas, cursos de
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O EIXO 1)0 MAl L A T IN O A MI R IC . A NO
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pscud* lilosoli.i com I c.uulro Rondeie Carlos Nelson Coutinho lor.im
oferecidos, colegas lech.ivam seus consultrios para ir ao Calo rccc-
Ix t o "maior brasileiro de Iodos os tempos", Lus Carlos Prestes!1' Na
educao de meus lilhos j se infiltravam tambm lemas da Teologia da
Libertao e interpretaes marxistas da histria.
C) que acabara no era o comunismo, mas o anticomunismo. Criticar ocomunismo ou os comunistas ficara indelevelmente equacionado com
defender a "ditadura" e fazia do sujeito um pria. Note-se este pequeno
extrato de discusso: uma colega recm chegara de um Congresso de
Psicologia Marxista (o que quer que seja isto!) em Havana, um daque
les convescotes convocados para atacar algum ou alguma coisa atravs
de manifestos polticos e onde a cincia passa ao longe. Pois dizia ela
entusiasmada que haviam "tirado posies" radicais contra a ditadura
Argentina (gostaria que me explicassem o que isto tem a ver com Psico
logia). Perguntei como se podia falar mal de uma ditadura emCuba,sede
da pior ditadura da histria da Amrica Latina. Resposta: ento voc a
favor do genocdio de 30.000 pessoas na Argentina? Conclu que deve
ria aprender mais e, j folgado de tempo, esforcei-me por entender que
coisa era aquela! Alguns fatores ajudaram bastante.At a gesto do Professor Jos Carlos de Almeida Azevedo na Reitoria
da Universidade de Braslia, o acesso s obras dos autores liberais eram
muito mais difceis do que hoje - as editoras estavam todas nas mos
de comunistas como Caio Prado Jnior, Enio Silveira e outros, alm
de que no havendo Internet era tudo por carta e muito demorado - e
eu no sabia nem por onde comear. Foi quando aconteceu a chamada
"crise do Departamento de Filosofia da PUC-RJ". Pipocavam nos jornais
debates entre Professores no marxistas e a Diretoria do Departamento
S muito mais tarde vim a saber o porqu de eu no ter percebido nada a tempo:
alm da necessria discrio destas atividades durante os Governos Militares, eu tinha
sido dado como agente do SN I j que ora preso em 1965 - declarei isto nas entrevis
tas de admisso aos cursos - e sara ileso e nunca mais tinha sido molestado.
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c . Reitoria sobre a perseguio que vmh.1111sofiendo csics Professo
res O estopim loi a recusa em publicar um trabalho de Miguel Reale
O episdio loi relatado em livro do Prolessor Antonio Ferreira Paim -
Liberdade Acadmica e Ofco Totalitria -que ao que eu saiba teve poucas
edies e teria merecido vrias. A leitura deste debate memorvel,
como o denominou o autor, causou-me na poca profunda impresso.
No dia 14/03/1979 o Jornal do Brasil - note-se que a mdia ainda no
estava dominada, hoje jamais sairia! - publicou uma carta da Profes
sora Anna Maria Moog Rodrigues endereada ao Chefe do Departa
mento de Filosofia, na qual protestava contra a censura de um texto
do Prof. Miguel Reale - A Filosofia como Autoconscincia de um Povo -
numa coletnea didtica para a Disciplina Histria do Pensamento.
No dia seguinte o JB publica uma carta-resposta do Diretor do Departamento informando que o texto "no fora includo na apostila oficial,
face ao carter polmico e controvertido das atividades polticas do
autor". Dois dias depois, o JB publicava a carta do Reitor justificando
a atitude do Departamento e qualificando de ridculas as alegaes
da Professora de haver uma crise na Universidade. Imediatamente a
mesma pede exonerao e acompanhada pelo autor do livro que di
zia que, "sendo oficialmente reconhecida a censura, no mais poderiapermanecer no Departamento".
O debate se estende por muito tempo, incluindo a tomada de posio
de trs prestigiosos jornais (JB, Globo, O Estado de So Paulo) a favor
dos demissionrios - bons tempos aqueles em que a imprensa cumpria
suas funes! S para ter idia dos ttulos: Filosofia Intolerante (JB), Dis
criminao Ideolgica (O Globo), A Opo Totalitria dos Intelectuais (Estado), etc. Na brilhante anlise que faz da crise, entre outras
preciosidades, o Prof. Paim pe o dedo na ferida: Reale no tinha sido
censurado por sua opo integralista de outrora - j que eram aceitos
os pensamentos dc outros luminares integralistas como Hlder Cmara,
Alceu Amoroso Lima, Roland Corbisier, ctc. - mas sim pelo culturalismo
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de Rim Ir qur Yoricspondr mais cabal refutao de todo tipo dr totali
tansmu", r que "impediu a penetrao, no Brasil, da denominada lilosolia
da libertao (...) tendo que se conformar em se apresentar (aqui) com
a forma mais restrita de teologia da libertao". ( ) livro uma verda
deira aula de como os marxistas tomam de assalto uma Universidade -
ou qualquer instituio - e expulsam todos os demais.
A tomada de assalto dos meios de comunicao acabou com esta liber
dade de publicao. A mdia prolfica, frtil e polmica que tnhamos at
ento era combatida como "imprensa burguesa" qual se opunham os
jornais "populares", que ningum lia, a no ser os "adeptos", dada a indi-
gncia intelectual dos mesmos. Era preciso mudar este estado de coisas
e como de nada adiantava o combate limpo e aberto, era necessrio
tomar por dentro, minar a criatividade, substituindo-a paulatinamente
pela massa amorfa em que a mxima divergncia seja a do "sim" com a
do "sim, senhor" cm que todos concordem quanto aos slogans funda
mentais, palavras que perderam todo significado, como "justia social",
"cidadania", "progressista", "neoliberal" e tantas outras que conhecemos
muito bem. No tenho dvidas de que a obrigao de estudar jornalis
mo para ser profissional de imprensa foi um dos golpes mais duros nacriatividade, pois os tais grupos tomaram de assalto as faculdades de jor
nalismo e passaram a criar uma choldra que nada mais faz do que repe
tir uns aos outros como temos hoje nos principais rgos de imprensa,
rdio e T V no Pas.
Passei a pesquisar outros livros de autor1' e atravs desses entrei em
contato com a Editora da UnB que estava finalmente publicando livros
de pensadores liberais e conservadores, da qual me tornei um dos mais
vidos compradores. Minha introduo no mundo das diferenas en
tre sociedades totalitrias e livres se deu atravs de Hanna Arendt e,
principalmente, Karl Popper. No entanto, me sentia bastante solitrio,
M Bibliografia que pode scr encontrada rm Im p 'www cnsavistas or^lilosnlovW asil/paim /biblio him
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pois passe i a falar unia lingu agem que nin gum en ten dia , ,ue meus mais
caros amigos - sabidamente no comunistas - passaram a ine vei como
paranico, principalmente depois de 89, pois o comunismo acabara,
todo mundo sabia! A extenso e profundidade da infiltrao gramscia-
na, como vim mais tarde a descobrir e tratarei adiante, tinha sido to
grande que a linguagem poltica e social estava totalmente unificada,
para deleite de Giocondo Dias.
***
Poucos anos depois espocaram em todas as associaes profissionais e
de ensino movimentos por maior "democracia", fim da hierarquia com
base no desenvolvimento cientfico e no mrito, igualdade para todos.
As sociedades de psicanlise foram igualmente afetadas, particularmente
aquela qual eu pertencia, a Sociedade Brasileira dc Psicanlise do Rio
de Janeiro. A gerao mais velha passou a utilizar os mais jovens para
conduzir uma luta que vinha de anos entre eles. O ataque hierarquia
deveria ser feito contra os Estatutos, considerados autoritrios por esta
belecerem diferentes nveis nos quadros sociais. Alunos, Membros Associados, Membros Titulares e Analistas Didatas (que so os professores,
supervisores c analistas dos alunos), progresso baseada estritamente
em critrios cientficos, mas explorada pela ala marxista, predominante
na gerao mais velha, como puramente poltica, autoritria e fruto da
"ditadura". Todos eram ligados direta ou indiretamente ao Partido Co
munista Brasileiro. Conseguido seu intento, como seria de esperar, os
alunos passaram a mandar e desmandar, sendo os verdadeiros donos dopoder. Nada mais insano do que a insanidade se instalar no seio das ins
tituies apropriadas para combat-las. Foi a poca de ouro da esquerda
marxista que alimentava o dio entre colegas, chegando a afirmar que
era inadmissvel um psicanalista no-marxista! E que se houvesse algum,
estava a servio da ditadura militar!
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( lu-gou sc tio i uimilo ilc* levar a I lavana um lubalho cm que, deturpan
do toLilmcntc o conceito dc* considerao pc*lo outro Uomuth), delendia
a quadrilha dc* narcotraficantes assassinos que* tomou conta dc* Cuba,
qualificando o regime como uma "experincia enriquecedora, um Estado
serio e bem orientado" com dirigentes verdadeiramente preocupados
com a vida e sade fsica e mental de seus reprimidos sditos, permitindo
que "crianas atendidas fisiolgica e psicologicamente sc desenvolvam
em adultos sadios". Ficava implcito neste trabalho que o povo, ao no
reconhecer a bondade extrema dc seus governantes, demonstrava falta
de gratido, justificando, portanto, indiretamente, a represso. Chega a
dizer que todas as crianas nascidas aps a tomada do poder por Castro so mental
mente sadias,justijicando a necessidade de assistncia psicanaltica apenas para os que
nasceram antes disto!A cincia se transformava em poltica rasteira.14
Na rea da Psiquiatria a doutrinao antipsiquitrica se deu preponde
rantemente pelo movimento antimanicomial que foi - e - "macia nas
escolas de medicina, enfermagem, psicologia e servio social, e em al
guns meios "intelectuais". Segundo as palavras da Dra. Iraci Schneidern
"hoje em dia, no imaginrio da maior parte das pessoas, a internao
psiquitrica sinnimo de tratamento desumano e cruel, e, sobretudoineficaz". "A doena mental, diziam, era uma fico capitalista e burguesa".
"Na verdade, no existia a loucura, que poderia ser vista como uma re
ao sadia a um sistema que no tolerava manifestaes individuais de
liberdade". A loucura era criativa, transgressora, desafiadora do status
quo. (Michel Foucault era o livro de cabeceira). A loucura, subversiva',
criadora, 'de esquerda', desafiava o Poder constitudo, representado pelo
hospital psiquitrico e pela medicao antipsictica, estes de direita'.Freud j estaria superado, entronizava-se Lacan". "A luta antimanicomial
foi apenas o pretexto, nada mais do que a mesma poltica de tomada do
14 Mais detalhes em http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=3650 e
http://www.gradiva.com.br/rhavanahtm.
15http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php7sid=3649
43
I N T R O I H K , O
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=http://www.gradiva.com.br/rhavanahttp://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php7sidhttp://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php7sidhttp://www.gradiva.com.br/rhavanahttp://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid= -
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poder institucional na rea mdica c|ue ocorria em outias espec lalulades
e em todos os estados . "No imaginrio das pessoas, psiquiatria, inter
nao, hospital psiquitrico (fala-se manicmio), tornou-se o local da
violncia e do horror ".
A verdadeira razo da "superao" de Freud e da entronizao de Lacan
est no fato dc que Freud demonstrou que em termos psicolgicos o marxismo incompatvel com a natureza humana. Na XXXV Nova Conferncia
IntrodutriaFreud fala extensamente das diferenas inconciliveis. Destaco especificamente estes trechos: "(O marxismo) prev que no curso
de algumas geraes (com as modificaes das condies econmicas)
a natureza humana ser alterada e a humanidade conviver harmonica-
mente na nova ordem social'' e ' transfere para outro lugar as restries
instintivas essenciais sociedade, desvia para fora as tendncias agressi
vas que ameaam a humanidade e encontram suporte na hostilidade dos
pobres contra os ricos e dos fracos contra os fortes. Mas uma transfor
mao da natureza humana como esta altamente improvvel" (p. 180).
A observao de 15 anos de aplicao prtica destas idias levou Freud
a complementar: "(o regime) criou tal proibio dc pensamento que
mais cruel do que as das religies no passado. Qualquer exame crtico dateoria marxista proibido, duvidas sobre sua correo so tratadas como
heresias (... ) Os escritos de Marx tomaram o lugar da Bblia e do Coro
como fontes de revelao ( ..)".
No bastava, entretanto, "superar Freud, tambm era necessrio substi
tu-lo for um farsante, cujos truques lingsticos foram amplamente de
nunciados como imposturas por Alan Sokal & Jean Bricmont (ImposturesIntellectuelles), que demonstram claramente que seus fundamentos mate
mticos no passam de pura fantasia: "...suas analogias entre psicanlise
e as matemticas so as mais arbitrrias que se podem imaginar (..) sem
que apresente nenhuma justificao emprica ou conceituai. Finalmente,
para aqueles que preferem ostentar erudio e de manipular frases sem
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sen tido , pensam os que seus Icxtos s.io su ficien tem en te el>quentc*s Ao
mesmo tempo c m uma nova re ligio esotrica , "um 'm istic ismo la ic o ,
onde o discurso no apela nem razo, nem esttica (...) torna-se
cada vez mais cr pt ico - caracterstica comum a muitos textos sagra
dos - onde o jogo de palavras se combina com uma sintaxe fraturada,
servem de base para uma exegese reverenciai dos discpulos ('iniciados).
Podemos perguntar, portanto, legitimamente, sc eles no significam a
estruturao de uma nova religio". Pois toda a obra de Freud hoje
apresentada, principalmente no Brasil - e parcialmente na Frana - por
uma traduo lacaniana hermtica que horroriza e alasta as pessoas que
querem pensar e que mais parece um balbuciar de bebs, permitindo
que se afirme qualquer coisa. Como este livro no sobre psicanlise
espero que estas palavras sirvam de demonstrao suficiente. Uma outrainfluncia nefasta sobre os meios intelectuais a da Escola de Frankfurt,
que ser tratada no Captulo VIII.
Andava eu em busca de explicaes que satisfizessem minha perplexida
de quando me caiu em mos um livro, O Imbecil Coletivo", de Olavo
dc Carvalho. Em seu prlogo o autor diz: "O imbecil coletivo no ,
de fato, a mera soma de um certo nmero de imbecis individuais. ,
ao contrrio, uma coletividade de pessoas dc inteligncia normal ou
mesmo superior que se renem movidas pelo desejo comum dc imbe
cilizar-se umas s outras. Se desejo consciente ou inconsciente no
vem ao caso: o que importa que o objetivo geralmente alcanado.
Como? O processo tem trs fases. Primeiro, cada membro da coletividade
compromete-se a nada perceber que no esteja tambm sendo perce
bido simultaneamente por todos os outros. Segundo, todos juram crerque o recorte minimizado assim obtido o nico verdadeiro mundo.
Terceiro,todos professam que o mnimo divisor comum mental que opera
esse recorte infinitamente mais inteligente do que qualquer indivduo
humano de dentro ou de fora do grupo, j que, segundo uma autoriza
da porta-voz dessa entidade coletiva, "a psicanlise, com o conceito de
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mconsc icnte, c o marx i smo, com o dc- ideo logia , estabeleceram limites
intransponveis para a crena no poderio total da conscincia autno
ma, enfatizando seus limites. Assim, se um dos membros da coletivida
de mordido por um cachorro, deve imediatamente telefonar para os
demais c perguntar-lhes se foi de fato mordido por um cachorro. Se lhe
responderem que se trata de mera impresso subjetiva (o que se dar
na maioria dos casos, j que altamente improvvel que os cachorros
entrem num acordo dc s morder as pessoas na presena de uma parcela
significativa da comunidade letrada), ele deve incontinenti renunciar a
considerar esse episdio um fato objetivo, podendo porm continuar a
falar dele em pblico, se o quiser, a ttulo dc expresso pessoal criativa
ou de crena religiosa. Para o imbecil coletivo, tudo o que no possa ser
confirmado pelo testemunho unnime da inteligentzia simplesmente noexiste. Compreende-se assim por que o mundo descrito pelos intelec
tuais to diferente daquele onde vivem as demais pessoas, sobretudo
aquelas que, imersas na iluso do poderio total da conscincia autno
ma, acreditam no que vem em vez de acreditar no que lem nos livros
dos professores da U SP#,.,*
Logo percebi que no estava s e mais: que o autor que escrevera aquelas palavras tinha experincias parecidas com as minhas, possivelmente
estivera tambm no mesmo inferno. Eu no me enganara, Olavo fizera
parte de um nmero restrito de militantes a servio da mesma causa e
por isto era capaz dc entender o que ocorria.
"A inteligentzia,palavra russa, convm lembrar, no abrange em seu signi
ficado todas as pessoas empenhadas em tarefas cientficas, filosficas ou
artsticas, mas somente aquelas que falam com freqncia umas com as
outras e se persuadem mutuamente de estar colaborando para algo que
juram ser o progresso social e poltico da humanidade. (...) caracters
tico da nossa baixeza intelectual que, quanto menos algum compreende
O Imbecil Coletivo I, atualidades inculturais brasileiras,p. 49.
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O I IXO 1)0 MAI l ATI NO AMI RI ( ANO
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simples cnunciado dc uma idia, mais sc iiilga capacitado a diagnosti
car os motivos psicolgicos profundos c ate mesmo inconscientes que
teriam levado o autor a produzi-la. Isso tem a indiscutvel vantagem dc
desviar a discusso dos terrenos ridos da filosofia, da cincia, etc., para
as frteis plancies da psicanlise-de-botequim, onde todo brasileiro se
sente um eXperttanto quanto em tcnica de futebol, economia poltica e
mecnica de automveis".17
Tambm ajudou enormemente meu entendimento a seguinte observa
o: "O mais curioso, a, que as pessoas deixam de ser marxistas, mas
no sabem ser outra coisa, porque tudo o que leram na vida foi com os
olhos de Marx. O resultado que esses ex-marxistas continuam racioci
nando dentro de um quadro de referncia demarcado pelo materialismo
dialtico, pela luta de classes e por todos os demais conceitos clssicos
de um marxismo que j no ousa dizer seu nome".
"Dirijo-me ao que b de melbor no ntimo do meu leitor, no quela sua casca temero
sa e servil que diz amm opinio frupal por medo da solido. Fazer o contrrio
seria um desrespeito". Em mim atingiu certamente o que h de melhor.
Depois de esmiuar a obra de Olavo e seguir seus passos, passei a in
vestigar por mim mesmo, embora mantendo a colaborao e a amizade que se desenvolveu entre ns. Meus conhecimentos sobre Antonio
Gramsci eram nulos e sobre a Escola de Frankfurt, escassos. As con
cluses provisrias destas investigaes que devero se aprofundar
o que ponho disposio dos leitores a seguir. Pretendo tambm que
este livro permita aos leitores um contato com bibliografia e publica
es que no esto traduzidas para nosso idioma nem divulgadas aqui -
e, provavelmente, nunca sero, em funo da hegemonia editorial e
miditica esquerdista.
***
17O Imbecil Coletivo. atualidades inculturais brasileiras, p. 46 e 47.
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liste livro baseado em artigos que escrevi para o |ornal eletrnico Sm
Mascara (www.midiasemmascara.com.br)IKcom vrios acrscimos e modi
ficaes necessrios para dar lorma de livro e complementar com informa-
es mais recentes. Por esta razo algumas repeties foram mantidas para
no perder o sentido. Como os artigos foram escritos entre 2003 e o primei
ro semestre de 2007, muito poder estar superado quando da publicao.
Aos leitores que quiserem ler um livro politicamente neutrorecomendo no
passarem daqui. Como j mostrei acima, no possvel neutralidade fren
te ao totalitarismo e ao genocdio. Este um livro contra todas as formas
de totalitarismo, particularmente a que mais nos ameaa no momento, o
comunismo. Qualquer crtica neste sentido ser, portanto, ignorada.
'* A lista desses artigos se encontra no final do livro sob o ttulo Artigos do Autor
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CAPTULO II RR< >S 1)1 M l K )l)O I.( X ;iA DL AVA I.IA O DAS
L STR AT L C IAS C O M U N IST A S C O M E T ID O S PE LOS SE R V I O S
DE INT EL IGN C IA OC IDEN TA IS
( J pessoas bondosas acreditam que pessoas ms podem ser transformadas em
boas se as bondosas derem alguma coisa s ms. principalmente ajuda econ
mica e uma \olherada de 'compreenso' para adoar sua maldade Um hall da
infmia (hall of itifamy) poderia ser erguido para acomodar os lderes polticos,
diplomticos, religiosos, acadmicos e intelectuais que tmfe'em medidas de apazi
guamento para evitar a guerra, freqentemente se deparando com uma guerra mais
fiolenbi ainda como resultado de sua ingenuidade
Cal Thomas
Hermann Rauschning (1887-1982), alto prccr nazista, ntimo cola
borador, conselheiro e confidente do Fehrer, tendo atingido o posto
de Presidente do Senado da Cidade Livre de Dantzig (1933-1934), ao
perceber o aimo de terrorismo e chantagem internacional que o regi
me adotara, foge para o Ocidente c escreve The Revolution of Nihilism -
A Wartting to tbe West.O livro foi publicado na Europa em 1938 logoaps a anexao da SuJelettland,regio da ento Tchecoslovquia compopulao de origem predominantemente germnica, c em 1939 nos
Estados Unidos. Imediatamente considerado pela imprensa o livro mais
importante sobre o Nacional Socialismo depois dc Mmt Kampf,mostrou
ser tambm proftico. Predisse o Pacto Germano-Sovitico (ver Captulo V I) num momento em que a campanha anti-sovitica pela imprensa
oficial alem estava no seu auge. O Ministro da Propaganda e do Escla
recimento do Povo, Paul Joseph Goebbels, vociferava pelo rdio e em
artigos no Voelkiscber lieobachter(rgo oficial do Partido Nazista), contraos comunistas como os maiores inimigos da Vaterlande da construo
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do nacional socialismo Predisse a mvasao da Polm.i r a ancxaao da
I )inamarca como um l.siado ttcrc dc Hcrlim l.mbota valorizado pela
imprensa. os polticos, com exceo dc Churchill, no lhe deram a de
vida importncia, to hipnotizados estavam pela Paz a qualquer preo,
que os levava a aceitar as promessas do Fehrer. Movimentos pacifistas
louvavam Hitler como dirigente pacfico e Churchill como um maldito
belicista. Os eternos pacifistas achavam como ainda hoje, que podem
apaziguar os tiranos com promessas e concesses, transformar pessoas
essencialmente ms e dispostas a matar, em "boa gente". Lenin foi claro
ao dizer que os liberais do Ocidente, so "idiotas teis" dos quais fac-
limo esconder os verdadeiros objetivos do comunismo.
A galeria do hall da infmiasugerido por Cal Thomas j deve preencher
um edifcio dc vrios andares e cresce dia a dia com os que acreditam
que entre os comunistas existem pessoas bem intencionadas e que no
dito socialismo "ate que tem coisas boas". O papel cumprido por Raus-
chning desta vez coube a alguns dissidentes soviticos ou de outros pa
ses da Cortina de Ferro. Com o mesmo resultado, como veremos.
f A NO VA ESTRATGIA SOVITICA DE DO M INA O M UN DIAL
RETOR NO AO LENINISM O
Na verdade. eu deixei h muito tempo de dar conselhos a governos de qualquer
tipo porque aprendi, ao longo dos anos, que isto uma tarefa extremamente frus
trante e ingrata Goremos so notoriamente incapazes de operar na base de pol
ticas ou estratgias de longo prazo Seu processo de tomada de decises t, o mais
das rezes, reativo, quer dizer, eles sempre reagem a ocorrncias do dia anterior
Vladimir Bukovsky
Durante muitos anos Bukovsky tentou alertar os governos americanos
de que sua percepo da Russia sempre foi enganosa. Mas desistiu, pois
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O \ IX O 1)0 MAL l AT INO AMhRl t ANO
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"os governos n.io querem resolvei pioblemas, querem se livi.u ileles dc
qualquci maneira, e isto no c minha especialidade! Vladimu kons
tantinovich Bukovsky um dos mais importantes dissidentes da URSS,
autor cie vrios livros e estudos e ativista anticomunista. Foi dos primei
ros a denunciar o uso da priso em hospitais psiquitricos - psikbusbkas -
de prisioneiros polticos. Ficou 12 anos nas prises soviticas, campos
de trabalho e sob tratamento forado cm diversas psikbusbkas.Escreveu,juntamente com o psiquiatra e tambm prisioneiro Semyon Gluzman,
um Meintuil Je Psiquiatria para DissiJetitespara ajud-los nos interrogatrios Em 1971 conseguiu contrabandear para o Ocidente 150 pginas
de documentos comprovando abusos em instituies psiquitricas por
razes polticas. Em 1976 foi trocado pelo lder comunista chileno Luis
Corvaln e deportado.
Em 1992 foi convidado por Yeltsin para depor no julgamento da Cor
te Constitucional Russa para determinar se o PC U S tinha sido uma
instituio criminosa e teve acesso a inmeros documentos secretos e
escaneou secretamente muitos deles, mandando-os para o Ocidente.
Desencantou-se quando percebeu que, o que ele imaginara como um
Julgamento de Nrembcrg, s adotou meias medidas e declarou: Noconseguindo liquidar de forma cabal o sistema comunista estamos
frente ao perigo de integrar o monstro resultante (destes julgamentos)
ao nosso mundo. No se chamar mais comunismo, mas ter a maioria
de suas perigosas caractersticas. At que sc faa um Julgamento de
Nremberg de todos os crimes cometidos pelo comunismo, ele no
morrer e a luta no acabar".
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C . A I M T U t . O I
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2 A S l> kl .V IS O B l ) L A N A K ) I I Y ( , ( H .IT SY N
( )mundo ( idental ioitto um lodo, r os fitado Lhitiloson lunhiultii. st- fijui
roaram seriamente sobre a natureza das mudtinits tio muiulo comunista No
estamos testemunhando a morte do comunismo, mas uma norao/ensira esbatiftca
de desinformao
Anatoliy Colitsyn
Certamente o mais importante de todos os desertores foi Anatoliy
Colitsyn, agente graduado do KGB, nascido na Ucrnia em 1926. Foi
membro do Komsomol(Juventude Comunista) desde os 15 anos c tornou-
se membro do Partido Comunista em 1945, imediatamente absorvido
pelo K G B onde permaneceu at emigrar para o Ocidente em 1961, aps
percorrer todos os passos dentro dos servios dc contra-informao. Fez
parte do chamado KGB Intento, um departamento super secreto de pla
nejamento estratgico de cuja existncia nem mesmo os agentes ordi
nrios do KGB tinham conhecimento. Formou-se pela Escola Militar
de Contra-Espionagem, pela Universidade de Marxismo-Leninismo e
por correspondncia na Escola de Altos Estudos Diplomticos. Exilado
nos EUA, passou a estudar atentamente as interpretaes ocidentais dasocorrncias no mundo comunista e verificou que os servios dc infor
mao, como a CIA e o Ml6 britnico, estavam completamente equivo
cados, vindo a publicar em 1984, seu primeiro livro Neu> Lies for OU. A
histria de Colitsyn entre 1961 e o lanamento do livro, que no tem
tanto interesse para o presente livro, pode ser encontrada no artigo de
Edward Jay Epstein, Tbrougb tbe Looking Glass. Precisando dc ajuda para
publicar seu primeiro livro, Golitsyn procurou William F. Buckley, edi-
1http://www.edwardjayepstein.com/archived/looking.htmtraduzido pela redao de Midia
Sem Mscara em http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5909&language=pt
e http://wwwmdiasemmascara com.br/artigo php?sid=5912&language=pt.
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http://www.edwardjayepstein.com/archived/looking.htmhttp://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5909&language=pthttp://www/http://www/http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5909&language=pthttp://www.edwardjayepstein.com/archived/looking.htm -
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(oi tia revista c ons t rv.u lota Niitioiuil ktvuw e seu p ed ido loi rei usa do '
I sla recusa por um dos maiore s con servad ores am ericanos quase jogou
por u rra a po ssibilidade de v ir a ser pu blicado.
A seguir, escreveu inmeros memorandos para a CIA , denunciando a es
tratgia comunista que no estava sendo percebida porque o Ocidente
usava mtodos superados de avaliao. Golitsyn previu inclusive a quedado Muro de Berlin, a "abertura" sovitica e outros eventos. Pelas razes
expostas por Epstein e porque os servios de inteligncia no podiam
admitir seus erros, suas informaes foram no geral ignoradas. Como
os acontecimentos confirmaram suas predies cm 94%, segundo Mark
Riebling no livro Wedtje. The Secret War hetween the FBI and CIA(Alfred A.Knopf, 1994), publicou em 1990 The Perestroika Deceplion,onde explicao intento secreto por trs da estratgia leninista das falsas reformas e
progresso em direo democracia dos pases comunistas. Na opinio
de William F. Jasper, Editor Senior do The New Americane co-Editor doThe Soviet Analyst\Golitsyn provavelmente o mais importante desertorsovitico que j chegou ao Ocidente porque ele revelou os detalhes de
.uma estratgia de dissimulao^ de longo prazo da qual o Ocidente no
tinha nenhum conhecimento at ento.Neste livro baseio-me essencialmente nas anlises dc Golitsyn acrescen
tado outras fontes e minha experincia pessoal, ao aplic-las ao caso do
Brasil e da Amrica Latina.
***
: Jeffrey Nyquist, Grtwd Dcaption, http //www worldnctdailyxom/mws/arUdc asp?ARTl(.LE_
ID =24 16 2.
*http://reformed-theology.org/html/issue07/perestroika_0 1.htrn
4Existem em Portugus vrias tradues para deception: engodo, fraude, simulao, ar
dil, fingimento. Em termos militares significa ' provocao proposital de ecos faisos em
radar inimigo"
55
( A P T U l O I
http://reformed-theology.org/html/issue07/perestroika_01http://reformed-theology.org/html/issue07/perestroika_01 -
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i /\ ( RISl: NO iW UN IH )M )VITI( U X O D O MA l I AT I N O A M KRIC A N O
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i ( ) K( ,li I. A DIMNI-i )RMATSIYA
A liderana do K(ili manteve suas posies {aps o sucessor dc uma linhagem de servios secretos (G PU , NVD ,
N K V D ) que se iniciou pela Tcheka7fundada por Fliks Edmundovitch
Dzerzhinsky nos albores do regime bolchevista.
A desinformao, Desinformatsiya, difere da propaganda convencional
porque suas verdadeiras intenes so secretas e as operaes sempre
envolvem alguma ao clandestina. O conceito sovitico de desinfor
mao, desenvolvido dos princpios leninistas, o de que a "desinforma
o significa a disseminao de informao falsa ou provocativa". Mas
como praticada pelo KGB, desinforrpao mais complexo e amplo
do que isto. Inclui a distribuio dc documentos, cartas, manuscritos efotografias forjadas, a propagao de rumores enganosos e maliciosos
e inteligncia errada, ludibriar os visitantes quando visitando os pases
comunistas, e aes fsicas para fabricar efeitos psicolgicos. Estas tc
nicas so usadas de forma variada para influenciar a poltica dos pases
estrangeiros, romper as relaes entre as naes, minar a confiana das
populaes em seus lderes c instituies, desacreditar indivduos e gru
pos que se opem s polticas comunistas, enganar a respeito de suas
6 Komitet Gosudarstviennoy Biezopasnosti (Comit dc Segurana do Estado) - para his
trico, ler de Paulo Diniz Zamboni http://www.midiasemmascara.com.br/artigo .
php?sid= 1688.
7Das duas letras cirlicas, - | tche] e - [ka] do nome em Russo da Comisso Extraordinria
Pan-Russa para a Represso da Contra-Revoluo e a Sabotagem
57
(. AP TUl O I
http://www.midiasemmascara.com.br/artigohttp://www.midiasemmascara.com.br/artigo -
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reais intenes e, aos visitantes estrangeiros, escondei as reais condi
es de vida nos pases comunistas Muitas vezes serve para esconder
atos destrutivos do prprio KCB.
As organizaes secretas de inteligncia, desde a Tcheka at 1959,
possuam um Escritrio de Desinformao. Naquela data, ano da re
organizao do KC B (ver Captulo II), foi criado um departamentocompleto, conhecido como Departamento D do Primeiro Diretrio
O primeiro diretor foi o General Ivan Ivanovich Agayants. Asctico,
solene e puritano, possua um carter cruel. Depois da sua morte passou
a ser o Departamento A do Diretrio de Assuntos Exteriores c, au
mentado sensivelmente de tamanho e poder, passou a atuar com mais
freqncia no exterior.
Em 1984 o ex-agente do KC B exilado, Yury Biezmenov explicou, em
entrevista concedida a C. Edward GriffinK que o KGB s empregava
15% dos seus esforos cm "espionagem" tradicional. O restante era des
tinado a "medidas ativas" e de "influncia": um processo dc desmorali
zao e lavagem cerebral dos ocidentais feito de forma to gradual e
ininterrupta que, ao fim do processo, as pessoas submetidas a elas agiam
como se fossem agentes anticapitalistas ou ao menos antiamericanos.O processo levava no mnimo trs geraes para dar resultado. O "dar
resultado" significava cooptar um nmero to grande de simpatizantes
(conscientes ou no do processo) que, quando esta gerao galgasse
posies de poder e controle dentro da sociedade, o processo se auto-
alimentava, criando mais c mais "simpatizantes".1*A profundidade da "es-
tampagem mental" obtida era tal que, usando as palavras de Biezmenov,
8 Disponvel em http://la3.blogspot.eom/2007/05/cnando-inimigos-dentro-de-casa-
ex.html
Exemplo clarssimo disto foi a vaia recebida pela Delegao Americana ao PAN
2007 e os aplausos 5 Cubana. Totalmente irracional porque, se fossem perguntados
em qual dos dois pases prefeririam morar, certamente escolheriam o vaiado, ou
permanecer aqui
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O L IX O 1)0 MA l I A TIN O A MI k l ( A N O
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7/25/2019 O Eixo Do Mal Latino-Americano - Heitor de Paola
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"argumentos, nem mesmo a verdade, serviriam para abrir os olhos destes
indivduos Mesmo que se mostrasse um campo de concentrao em
pleno lime ionamento a toda esta gente, eles nem assim iriam (inalmente
acreditar Conheo muitos indivduos que visitando a URSS, mesmo
sabendo que todos seus passos eram controlados pela diviso turstica
do KBG, a httourist,voltaram maravilhados e acreditando piamente que
tiveram total liberdade de locomoo e que os lugares proibidos o eram
para "sua segurana pessoal"! Lembro de um meu conhecido, comunista,