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The 4 th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5 th through 7 th , 2012 ISBN 978-85-62326-96-7 O DESENVOLVIMENTO CRESCENTE DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO FATOR DE MUDANÇA DO PERFIL DISCENTE E DAS INOVAÇÕES NA OFERTA DO ENSINO SUPERIOR André Vitorino Gonçalves [email protected] Mestrando, Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Regional - Universidade de Taubaté (UNITAU) Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040, Taubaté-SP, Brasil Elvira Aparecida Simões de Araujo [email protected] Doutora, Professora, Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Regional - Universidade de Taubaté (UNITAU) Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040, Taubaté-SP, Brasil Edson Aparecida de Araujo Querido Oliveira [email protected] Doutor, Professor, Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Regional - Universidade de Taubaté (UNITAU) Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040, Taubaté-SP, Brasil Resumo. Nas últimas décadas as mudanças e as inovações passaram a acontecer com mais frequência e transformaram totalmente a indústria, o comércio, a sociedade e a educação. O objetivo desse trabalho é apresentar o crescente desenvolvimento das Tecnologias da Informação e Comunicação, relacionando-as com a inovação da oferta dos cursos de graduação e também as mudanças no perfil dos atores da educação superior ocasionadas por essas tecnologias. Através de uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, foi possível relacionar a inovação das TICs com as novas formas inovadoras de oferta de educação superior (presencial, semipresencial e à distância). A bibliografia também relata alterações nos processos de comunicação entre professor/aluno e aluno/aluno, ocasionando assim mudanças em seus papéis, constatando que os discentes tornam-se protagonistas do processo ensino-aprendizagem e os docentes tornam-se mediadores desse processo, auxiliados por um novo agente, indispensável nas novas ofertas de ensino superior semipresencial e à distância, o tutor. Palavras-chave: TICs, Inovação, Oferta de educação superior, Discente.

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The 4th International Congress on University-Industry Cooperation – Taubate, SP – Brazil – December 5th through 7th, 2012 ISBN 978-85-62326-96-7

O DESENVOLVIMENTO CRESCENTE DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO FATOR DE MUDANÇA DO PERFIL DISCENTE E DAS INOVAÇÕES

NA OFERTA DO ENSINO SUPERIOR

André Vitorino Gonçalves [email protected] Mestrando, Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Regional - Universidade de Taubaté (UNITAU) Rua Visconde do Rio Branco, 210 – Centro - 12020-040, Taubaté-SP, Brasil Elvira Aparecida Simões de Araujo [email protected] Doutora, Professora, Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Regional - Universidade de Taubaté (UNITAU) Rua Visconde do Rio Branco, 210 – Centro - 12020-040, Taubaté-SP, Brasil Edson Aparecida de Araujo Querido Oliveira [email protected] Doutor, Professor, Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Regional - Universidade de Taubaté (UNITAU) Rua Visconde do Rio Branco, 210 – Centro - 12020-040, Taubaté-SP, Brasil Resumo. Nas últimas décadas as mudanças e as inovações passaram a acontecer com mais

frequência e transformaram totalmente a indústria, o comércio, a sociedade e a educação. O

objetivo desse trabalho é apresentar o crescente desenvolvimento das Tecnologias da Informação

e Comunicação, relacionando-as com a inovação da oferta dos cursos de graduação e também as

mudanças no perfil dos atores da educação superior ocasionadas por essas tecnologias. Através

de uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, foi possível relacionar a inovação das TICs

com as novas formas inovadoras de oferta de educação superior (presencial, semipresencial e à

distância). A bibliografia também relata alterações nos processos de comunicação entre

professor/aluno e aluno/aluno, ocasionando assim mudanças em seus papéis, constatando que os

discentes tornam-se protagonistas do processo ensino-aprendizagem e os docentes tornam-se

mediadores desse processo, auxiliados por um novo agente, indispensável nas novas ofertas de

ensino superior semipresencial e à distância, o tutor.

Palavras-chave: TICs, Inovação, Oferta de educação superior, Discente.

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1 INTRODUÇÃO

O mundo em que vivemos passou por inúmeras mudanças revolucionárias tais como, a

codificação da linguagem falada e linguagem escrita, a criação da imprensa por Gutemberg, a

revolução industrial marcada pela criação da máquina a vapor e pelas mudanças na relação

capital e trabalho, porém nas últimas décadas as mudanças passaram a acontecer com mais

frequência e transformaram totalmente a indústria, o comércio, a sociedade e a educação.

O barateamento dos circuitos Integrados que possibilitaram maior acesso aos sistemas

computacionais, juntamente com a difusão das redes de comunicação possibilitaram a grande

parte da população acesso as facilidades e recursos antes inimagináveis, transformando a forma

de comunicação e as comunidades tradicionais, o que levou a uma nova concepção de

comunidade estruturada fundamentalmente no interesse em comum e na independência de

fatores físicos (CASTTELS, 1999; OEIRAS, 2000; RECUERO, 2000).

Os recursos como o compartilhamento de serviços em rede, de arquivos e aplicativos, de

softwares e meios de comunicação, são representados por um único termo, conhecido como

Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) entendida como uma grande inovação. Essas

tecnologias podem ser consideradas como fator determinante para as atuais mudanças que

envolvem a sociedade e a educação superior (MENDES, 2007; PONTE, 2000; RECUERO, 2000).

O presente artigo tem como objetivo apresentar o crescente desenvolvimento das

Tecnologias da Informação e Comunicação, relacionando essas tecnologias com a inovação da

oferta dos cursos de graduação e também as mudanças do perfil dos atores da educação superior

ocasionadas por essas tecnologias.

Para tanto discute-se temas como a perspectiva das revoluções tecnológicas de informação e

comunicação, para explicar as mudanças sociais que levaram a uma nova concepção de

comunidade que proporcionaram inovações na oferta da educação superior, as inovações

promovidas pelas tecnologias de informação e comunicação na oferta da educação superior e as

transformações no papel dos atores do processo ensino-aprendizagem engatilhadas pelas

inovações promovidas pelas tecnologias de informação e comunicação.

2 MÉTODO DE PESQUISA

O artigo apresenta uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, para aprofundar o

conhecimento da relação entre as TICs, a inovações na oferta da educação superior e as

mudanças no perfil dos atores da educação superior.

Macedo (1994) entende por pesquisa bibliográfica, toda busca informacional, através de

livros, documentos, artigos, revistas, trabalhos de congressos, teses, entre outras fontes,

relacionados com o problema da pesquisa e o respectivo fichamento dessas em referências

bibliográficas finais ou na identificação do material referenciado para que assim possam ser

utilizados posteriormente. Macedo ainda afirma que uma pesquisa bibliográfica, pode ser

abordada sob a perspectiva da ciência e tecnologia, pois essa é uma interminável discussão, que

permanece sempre em aberto (MACEDO, 1994).

Já sobre o caráter exploratório Raupp e Beuren (2004, p. 80) informam que esse tipo de

pesquisa “consiste no aprofundamento de conceitos preliminares sobre determinada temática não

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contemplada de modo satisfatório anteriormente. Assim contribui para o esclarecimento de

questões superficiais abordadas sobre o assunto”.

3 REVISÃO DA LITERATURA

A investigação das relações entre as TICs, a inovações na oferta da educação superior e as

mudanças no perfil dos atores desse nível da educação, requer primeiramente um

aprofundamento teórico sobre as revoluções causadas com o surgimento da internet e das

Tecnologias de Informação e Comunicação, além de apresentar os conceitos de inovação para

uma melhor compreensão dessa relação.

3.1 A Revolução da Internet

A internet é considerada o meio de comunicação mais completo e abrangente já criado pelo

homem, pois permite a quebra de barreiras geográficas, temporais, culturais e sociais. Essa é um

conjunto de redes interconectadas que utilizam o mesmo protocolo para a troca de informações, e

essa revolução que segundo Monteiro (2001) começou,

No início dos anos 80, o desenvolvimento e utilização do TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol) como protocolo para a troca de informações na ARPAnet possibilitou a conexão entre redes diferentes, aumentando bastante a abrangência da rede. Em 1990, a ARPAnet foi transformada em NSFnet (National Science Foundation’s Network), se ligando a outras redes existentes, inclusive fora dos Estados Unidos, passando a interconectar centros de pesquisa e universidades em todo o mundo. Estava formada a internet, utilizada principalmente como uma ferramenta de troca de informações entre o meio acadêmico (p. 28).

A partir do desenvolvimento das redes, o computador além de ser utilizado com ferramenta de

trabalho também passou a ser utilizado como ferramenta de comunicação, pois é da natureza

humana a necessidade de se comunicar e interagir. O estímulo ao uso dessa nova forma de

comunicação acontece porque o computador permitir novas maneiras de manipular e comunicar

todos os tipos de informação e em vários tipos de mídia (OEIRAS, 2000).

O poder da internet está diretamente ligado as sua capacidade de transmitir informações em

formato de textos, sons, imagens gráficas e vídeos, de forma organizada e independente, Recuero

(2000) afirma que, essa é uma aldeia repleta de vias de comunicação onde os dados trafegam

nos dois sentidos e onde todos podem construir, escrever, falar, serem ouvidos, vistos, lidos e até

mesmo “visitados”.

O barateamento dos recursos computacionais e a difusão das redes de comunicação

possibilitaram que a maior parte da população passasse a ter acesso às facilidades e recursos

oferecidos pela internet, segundo relatório anual da Pingdom1 o número de usuários na internet no

mundo em 2011 chegou a 2,1 bilhões, comparando esses números com os apontados pela

Divisão de População do Departamento de Desenvolvimento Econômico e Assuntos Sociais –

1 Pingdom: empresa sueca de monitoramento de sites, relatório anual vide endereço http://royal.pingdom.com/2012/01/17/internet-

2011-in-numbers/

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DESA/ONU2 que indica que a população mundial chegou a 7 bilhões de pessoas em 2011,

podemos calcular que 30% da população mundial acessam a internet e faz uso de seus recursos,

e esses números só tendem a crescer.

As possibilidades de contribuição da internet, considerando particularmente os serviços da

web (www - world wide web), proporcionaram mudanças na forma de apresentação dos

conteúdos multimídia, quebrando paradigmas, como a apresentação em sequência estrutural e

pré-definida como abordado por Monteiro:

O modo de organização e acesso de informações característico da Web é o hipertexto, operacionalizado através da linguagem de programação HTML. Na Web, cada documento (seja ele texto, imagem ou som) pode conter vínculos (links) que levem a outros documentos, que por sua vez conduzam a mais outros e assim por diante. Em uma estrutura hipertextual, o usuário não tem o compromisso seguir a ordem “começo, meio e fim”, podendo traçar a sua ordem particular, “navegando” através dos documentos interligados (MONTEIRO, 2001, p. 29-30).

As alterações provocadas pelo surgimento da internet traíram os conceitos de comunidades

tradicionais, fundamentadas na interação física e na proximidade geográfica constituindo um novo

conceito.

A nova concepção de comunidade estrutura-se fundamentalmente no interesse em comum de

seus membros e a partir destes interesses, são criadas relações sociais independentes do fator

físico. Com o tempo essas relações se fortalecem e podem ser classificadas como laços

comunitários, estruturados sobre um locus virtual, não físico e nem real. Essas comunidades

surgem através da interação puramente comunicativa entre seus membros (RECUERO, 2000).

Utilizando um computador conectado a rede internet, é possível assistir televisão, ouvir rádio,

ler jornal, conversar com amigos ou parentes distantes por chamada de vídeo, mensagens de

texto ou e-mail, criar comunidades em redes sociais, participar de debates em fóruns,... Enfim, são

inúmeras as possibilidades de interagir com o mundo interconectado e reinventar as formas de

socialização.

Por muito tempo o protagonista do cenário tecnológico era apenas o computador, em seguida

com o surgimento de coadjuvantes como os periféricos esse protagonismo passou a ser dividido e

começou a se falar de Tecnologias de Informação. A partir da associação das Tecnologias da

Informação com as Telecomunicações o computador e seus periféricos, bem como os meios de

difusão da informação passaram a constituir um sistema de possibilidades imensuráveis. Sendo

assim generalizou-se os termos dando origem ao atualmente utilizado como Tecnologias de

Informação e Comunicação (PONTE, 2000).

3.1.1 Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).

Os recursos tecnológicos de comunicação e informação estão presentes na vida cotidiana dos cidadãos[...], os mais importantes fenômenos sociais, econômicos e culturais não acontecem isoladamente. O espaço geográfico é coberto por um denso emaranhado de redes por meio das quais transitam fluxos dos mais

2 http://www.onu.org.br/populacao-mundial-chegara-a-sete-bilhoes-em-31-de-outubro/

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variados tipos, ocorrendo, assim, conexões entre os diversos lugares do planeta (AMEM e NUNES, 2006, p. 172).

As TICs tornam-se essenciais por serem insumos primários para competitividade,

independente do setor produtivo ou de serviço, por ser um instrumento facilitador da dinamização

e otimização de tarefas. Entre as facilidades geradas pelas TICs podemos destacar a

descentralização de tarefas, a dessincronização de atividades (antes só realizáveis de forma

síncrona) e a desmaterialização das trocas (pregão eletrônico, cartão de débito e créditos, pontos

de planos de fidelidade, entre outros). Assim com destaca Lévy (1993) o atual momento em que

vivemos é raro e onde, a partir de uma nova configuração técnica, um novo estilo de viver é

inventado.

Toda essa mudança na estrutura e no comportamento social cria um novo perfil de

consumidores, novos serviços, novos mercados e novas formas de trabalho, com trabalhadores

criativos e comunicantes, desenvolvedores de novas potencialidades, suportados por novas

possibilidades e geradores de novos instrumentos de interação.

Uma nova economia surgiu em escala global nas duas últimas décadas. Chamo-a de informacional e global para identificar suas características fundamentais e diferenciadas e enfatizar sua interligação. É informacional porque a produtividade e competividade de unidades ou agentes nessa economia (sejam empresas, regiões ou nações) dependem basicamente de sua capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação baseada em conhecimentos. É global porque as principais atividades produtivas, o consumo e a circulação, assim como seus componentes (capital, trabalho, matéria-prima, administração, informação, tecnologia e mercados) estão organizados em escala global, diretamente ou mediante uma rede de conexões entre agentes econômicos. É informacional e global porque, sob novas condições históricas, a produtividade é gerada, e a concorrência é feita em uma rede global de interação. E ela surgiu no último quartel do século XX porque a Revolução da Tecnologia da Informação fornece base material indispensável para essa nova economia. (CASTELLS, 1999, p. 87)

Toda essa constelação de mudanças impulsionadas pelas TICs tem seu ponto de partida

identificado na conexão entre redes diferentes, pelo protocolo TCP/IP, que iniciou o processo de

disseminação de informações e incubou a estrutura que suporta essa nova realidade, ao

estabelecer as conexões entre equipamentos, estas começam, a estabelecer os links entre

diferentes culturas, possibilitando potencialidade de comunicação, exposição e intercambio entre

sujeitos e máquinas. Com isso, introduziram-se novas formas de se produzir conhecimento e

cultura (PRETTO,1999).

Os recursos como o compartilhamento de serviços de rede, arquivos de trabalho e

programas, engatilharam a criação de novos softwares de comunicação, tipos de serviços, meios

de comunicação e dispositivos, ou seja, uma grande inovação que impulsionou, e ainda

impulsionam inúmeras outras inovações.

3.2 O Conceito de Inovação

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A inovação é vista como a ação de produção de novidade, com aplicação efetiva e que

resulta em melhorias tangíveis.

É importante ressaltar que nem toda mudança é uma inovação, mas que toda mudança está

associada a uma inovação. Para Machado e Vasconcelos (2007, p. 17) “A palavra inovar, do latim,

significa tornar novo, renovar, enquanto inovação traduz-se pelo ato de inovar”.

A inovação tem relação direta com a novidade Segundo Gundling (1999) apud Machado e

Vasconcelos (2007, p.17), “inovação pode ser visualizada como uma ideia nova que, através de

ações implantadas ou implementadas resultam em melhorias no produto ou processo promovendo

ganhos para a organização”.

Já para Sáenz e Capote (2002, p. 70) “a inovação é uma combinação de tecnológicos para

resolvê-las; inclui, dessa forma, atividades científicas, tecnológicas, produtivas, de distribuição,

financeiras e comerciais [...]”.

A partir dos conceitos acima podemos sintetizar o processo inovativo através do esquema

apresentado no quadro 1 que define suas etapas.

Quadro 1 – As etapas do processo inovativo

IDEIA DESENVOLVIMENTO RESULTADOS

Reconhecimento

de uma

necessidade.

Presença de adequadas

capacidades científicas e

tecnológicas;

Apoio financeiro suficiente.

Se funciona tecnicamente;

Se satisfaz as necessidades dos usuários;

Se, é transferível;

Se os usuários da tecnologia têm recursos

humanos, materiais e financeiros adequados

e suficientes para sua efetiva exploração.

Fonte: Elaborado a partir de Sáenz e Capote (2002, p. 70).

Onde a ideia surge como o ato de inventar ou reinventar, o desenvolvimento como a ação de

aplicar a ideia ou produzir a novidade e o resultado como o retorno do investimento na execução

da ideia e as transformações resultantes desse desenvolvimento com agregação de valor.

É importante resaltar que o cliente receptor da novidade (ação inovadora) é quem determina

seu valor como apontado novamente por Machado e Vasconcelos (2007). Os clientes, ao avaliar

as habilidades das várias organizações que produzem ou melhoram um determinado produto, são

quem realmente apontam se a empresa alcançou um patamar definido como “a melhor do

mercado”.

Portanto, se os resultados do processo inovativo não agradarem o mercado (clientes) essa

ideia deixa de ser uma inovação passando a ser apenas uma invenção ou simplesmente um erro

de estratégia inovativa.

Moricochi e Gonçalves (1994, p. 30) destacam que segundo Joseph Schumpeter, um dos

mais importantes economistas do século XX, o significado de inovação é fazer as coisas de forma

diferente no reino de vida econômica.

As inovações podem ocorrer da seguinte forma:

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a) introdução de um novo bem não familiar aos consumidores ou então de nova qualidade de um certo bem; b) introdução de um novo método de produção - método ainda não experimentado dentro de certo ramo produtivo, mas que não precisa obrigatoriamente derivar de qualquer descoberta científica; c) abertura de um novo mercado, ou seja, um mercado em que o produto de determinada indústria nunca tivera acesso antes, independente deste mercado ter ou não existido anteriormente; d) descoberta de uma nova fonte de matéria prima ou de produtos semi-acabados, também, independente desta fonte ter existido ou não anteriormente; e e) reorganização de uma indústria qualquer, como a criação ou a ruptura de uma posição de um monopólio (MORICOCHI; GONÇALVES, 1994, p.30).

Os processos que envolvem a inovação podem acontecer em diferentes situações e suas

ações assumirem diferentes características, desse modo a inovação pode ser classificada de

diferentes formas, como defendido por Machado e Vasconcelos (2007) que apontam diferentes

perspectivas de inovação e diferentes classificações tais como: inovações administrativas,

inovações técnicas, inovação no trabalho (organizacional), inovações em produtos e inovações

em processos.

Simantob e Lippi (2003), no livro Guia valor econômico de inovação nas empresas,

classificam a inovação em quatro diferentes definições:

Inovação de Produtos e serviços: desenvolvimento e comercialização de produtos ou serviços novos, fundamentados em novas tecnologias e vinculados a satisfação de necessidades dos clientes. Inovação de processos: desenvolvimento de novos meios de fabricação de produtos ou de novas formas de relacionamento para a prestação de serviços. Inovação de negócios: desenvolvimento de novos negócios que forneçam uma vantagem competitiva sustentável. Inovação em gestão: desenvolvimento de novas estruturas de poder e liderança (SIMANTOB; LIPPI, 2003 p. 12).

3.3 inovação na oferta da educação superior

Conforme apresentado anteriormente, o processo de inovação envolve aceitação e

agregação de valores por parte de seus receptores, sendo assim no que se refere as mudanças

na oferta de educação superior podemos considerar que nos últimos anos isso vem acontecendo,

principalmente se considerarmos a Educação a Distância (EaD) e a utilização das TICs na

educação superior.

Com o desenvolvimento das TICs e a explosão da internet, os investimentos e ações para

desenvolver e reinventar a oferta de educação superior à distância em todo o mundo se

intensificou. Blois (2004) observa que o crescimento, expansão e barateamento do acesso às

novas Tecnologias de Informação e Comunicação fez com que organizações até então afastadas

da EaD passassem a encará-la como um desafio a ser vencido, prevendo, em curto prazo

incorporá-la às suas ações, visando à absorção da demanda por educação superior.

A EAD não é nenhum modismo tecnológico. Existe há pelo menos 150 anos no mundo, mas seu crescimento e desenvolvimento aconteceram principalmente nas

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três ultimas décadas, tendo tido um grande impulso em 1990 pelo surgimento das megauniversidades que se espelhavam na Universidade Aberta de Londres, criada em 1969. Para atender á grande pressão social por maior acesso ao ensino superior, os governos de todo o mundo passaram a interessar-se pela EAD como forma de atendimento a um grande número de alunos e por um custo final menor do que o do ensino presencial. Nesse bojo, as avançadas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) proporcionam, progressivamente, maior flexibilidade e acessibilidade á educação, á cultura e ao desenvolvimento profissional e pessoal e contribuem para a criação dos sistemas educacionais do futuro (OLIVEIRA, 2003, p. 35).

A busca por uma educação mais flexível, juntamente com as facilidades de acesso aos

recursos computacionais, tornaram a oferta de ensino superior através da EaD um processo

viável, principalmente para os discentes que trabalham em turno de revezamento, bem como

discentes com problemas de deslocamento e discentes localizados em regiões geográfica onde a

oferta do ensino superior quase não existia (distância dos grandes centros de formação), como

abordado por Kenski (2003) as barreiras das condições físicas como hospitalização,

impossibilidade de deslocamento e a localização geográfica, não são considerados na modalidade

EaD, as turmas são organizadas com alunos das mais variadas origens, que através das TICs

interagem integrados em redes, as várias possibilidade de acesso à interação proporcionadas

pelas TICs viabilizam as escolas virtuais. Todos são alunos virtuais que interagem entre si,

independente da proximidade física e da falta de flexibilização.

Por possibilitar novas perspectivas e agregar valor a oferta de educação superior com

aceitação de seus atores (alunos, professores e estado), pode-se considerar a educação superior

a distância como uma inovação da oferta do ensino superior.

Outro fator que proporcionou o sucesso da oferta da educação superior a distância

principalmente no Brasil é a necessidade do aumento do número de vagas no ensino superior

para suprir a necessidade de mão de obra especializada nos próximos anos. Para Maia e

Meirelles (2003) no contexto atual é necessário um aumento circunstancial do número de vagas

do ensino superior brasileiro para os próximos anos, a EaD poderia ser instrumento dessa

ampliação, contribuindo para o maior alcance dos cursos ministrados pelas Instituições de

Educação Superior (IES) e proporcionando o acesso dos alunos interessados.

É importante resaltar que a oferta de educação superior a distância não substitui a oferta de

educação superior presencial, para Alonso (1996) a EaD tem em sua essência a ideia de

democratização e facilidade de acesso, não a ideia de substituir, nem mesmo que de forma

provisória, a modalidade de ensino estabelecida, sendo assim tratar da educação a distância, não

é tratar de algo isolado das metodologias de ensino atuais. Para Belloni (2002) considerar a EaD

uma solução para os problemas educacionais e/ou descriminá-la devido sua falta de qualidade é

distorcer seu entendimento mascarando questões chave para sua compreensão. Sendo assim

deve-se lançar um olhar de igualdade entre a educação superior a distância e a educação

superior presencial como afirmam Struchiner e Giannella (2002) a EAD não e diferente da

educação presencial em sua essência, mas em características e elementos; a EaD da a entender

uma característica de distância física e/ou temporal entre professores-alunos e alunos-aluno e não

a distância afetiva, construtiva e dialógica entre seus atores.

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Outra forma de inovação da oferta do ensino superior é o uso das TICs no ensino presencial,

como ferramenta de apoio a exposição de conteúdos e dos processos de comunicação

professor/aluno e aluno/alunos, através dos usos dessas ferramentas em um ambiente virtual de

aprendizagem ou até mesmo fazendo uso de outras formas de comunicação digital, como as

redes sociais, o que proporciona um aumento da abrangência das ações do ensino e da

aprendizagem.

3.3.1 Ensino Presencial

O ensino presencial é o modelo convencional da educação, onde docentes e discentes se

encontram sempre no mesmo local físico, conhecido como sala de aula.

Com a revolução das TICs as mudanças nesse modelo já começam a acontecer, a

intersecção entre o presencial e o a distancia já faz parte da legislação, como apontado na

Portaria/MEC nº 4059 de 10 de dezembro de 2004. “Poderão ser ofertadas as disciplinas referidas

no caput, integral ou parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse 20 % (vinte por cento) da

carga horária total do curso”.

Essas mudanças são validas, pois tendo acesso à Internet, é possível flexibilizar a forma de

organizar os momentos de sala de aula e os de aprendizagem virtual de forma integrada e

alternada (MORAN, 2002).

Além dessa nova forma de oferta do ensino superior, também é possível apoiar as práticas e

momentos presenciais com apoio de TICs como ferramenta de suporte extracurricular e de

repositório de exercícios e materiais de apoio.

As TICs e a Internet oferecem uma excelente oportunidade para que os professores ampliem

seus projetos, permitindo que se estabeleça um diálogo constante com os seus alunos. Deste

modo, as TICs e a Internet, permitem criar extensões vivas às aulas da disciplina, possibilitando

maior acesso a recursos, muito além do que poderia ser proporcionado pelo docente em uma aula

convencional.

3.3.2 Ensino Semipresencial

O ensino semipresencial acontece em parte como o modelo convencional da educação, onde

docentes e discentes se encontram em um local físico conhecido como sala de aula, e outra parte

a distância, com professores e alunos separados fisicamente no espaço e/ou no tempo. Segundo

Voigt (2007) a educação semipresencial é a ligação entre a modalidade presencial clássica e a

modalidade a distância, proporcionando o uso das vantagens existentes nas das duas

modalidades o que beneficia o processo de ensino e aprendizagem. A Portaria/MEC nº 4059 de

10 de dezembro de 2004 caracteriza a modalidade semipresencial “como quaisquer atividades

didáticas, módulos ou unidades de ensino-aprendizagem centrados na auto-aprendizagem e com

a mediação de recursos didáticos organizados em diferentes suportes de informação que utilizem

tecnologias de comunicação remota”.

De acordo com o Decreto Nº 5.622, de 19/12/2005, é obrigatório o momento presencial em

cursos de graduação à distância, sendo 20% (vinte por cento) das atividades realizadas

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presencialmente, o que caracteriza a graduação à distância como sendo ofertada na modalidade

semipresencial.

A modalidade semipresencial possibilita que os discentes sem abandonar as vantagens que a

flexibilidade da modalidade a distância proporciona, tenham um contato de presença física com

seus colegas de turma facilitando a criação de novas redes de relacionamento para Rosset (2008,

p67) “a formação de redes se dá pelo contato de pessoas e organizações com interesses

similares, cujo propósito é descobrir oportunidades, compartilhar recursos, aprender melhores

práticas, dar ou receber auxílio”.

3.3.3 Ensino á Distância

O ensino a distância acontece fundamentalmente com professores e alunos separados

fisicamente no espaço e/ou no tempo, mas podendo estar juntos através de tecnologias de

comunicação.

No Brasil a EaD é legitimada como modalidade a partir do decreto Nº 5.622/2005.

“[...] caracteriza-se a educação à distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.” (BRASIL, 2005).

Ao relatarmos a existência de ensino superior totalmente à distância no Brasil, devemos

considerar somente os momentos da prática do ensino-aprendizagem, pois conforme apontado no

capitulo V do decreto Nº 5.622/2005 a aplicação das avaliações e as apresentações de trabalhos

de conclusão ou monografias devem acontecer em polos de apoio ou na própria Instituição de

Ensino Superior (IES).

3.4 o novo papel do discente do processo ensino-aprendizagem

É inegável que as TICs transformaram o dia a dia das pessoas, inclusive na sala de aula. Se

lançarmos um olhar sob o aspecto pedagógico, não se discute mais se essas transformações são

boas ou ruins para a educação, mas sim quais os novos caminhos que se abrem com a inserção

das TICs no processo de ensino-aprendizagem, em todos os níveis de formação e em todos seus

atores (EBERT, 2003).

3.4.1 O aluno como sujeito ativo

O gatilho criado pelas TICs transformou a forma de ensinar e principalmente de aprender, as

facilidades de acesso a informação crescem a cada dia e transformam o conhecimento e sua

prática sistemática, Kenski (2003) alega que as TICs impactam e refletem de maneira ampliada

sobre a própria natureza do que é ciência e do que é conhecimento. Esse impacto exige uma

reflexão sobre a noção do que é o saber e sobre as formas de ensino-aprendizagem.

O discente, em contato com a oferta de recursos e de conteúdos proporcionada pelas TICs,

deixa de ser apenas um espectador e passa a ser um ator do processo ensino-aprendizagem.

Sendo assim o discente imerso nas tecnologias deve ser responsável por policiar seus estudos e

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definir os momentos de dedicação aos conteúdos, propostos pelos formadores. Ferreira e

Mendonça (2007) apontam que,

[...] o aluno virtual precisa ser autodidata e saber conduzir sua agenda de estudo de maneira que as tarefas sejam realizadas sem a necessidade de cobrança por parte do professor, pois ele precisa ter em mente que a vantagem oferecida pelos cursos a distância de fazer suas tarefas em hora e local escolhidos não o isentam da realização das mesmas. Ele precisa também saber levantar questionamentos, trocar informações, dar sugestões e opiniões, elaborando e expressando suas idéias de forma clara e concisa (p. 10).

Tarouco, Moro e Estabel (2003) definem o discente da nova modalidade (EaD) como alguém

que explora a informação, promovendo e construindo ativamente a aprendizagem por descoberta,

realizando colaboração e cooperação para aquisição de conhecimento de forma conjunta, focado

no exercício do desenvolvimento da criatividade, além de trabalhar individualidade por meio de

ferramentas que levem em conta suas características individuais, podemos considerar esse

discentes como um sujeito ativo do processo ensino-aprendizagem ou seja um aprendiz

autônomo.

O discente autônomo absorve melhor o conteúdo, pois a aprendizagem envolve seus

interesses pelo conteúdo, algo imposto e memorizado é logo desprezado, e no caso da

modalidade que utiliza EaD esse interesse é condição essencial para o progresso dos discentes,

ou seja essa atitude por parte dos discentes é inevitável para o desenvolvimento do espaço de

aprendizagem e para o autoestudo (SILVA, 2004).

Essa adaptação e transformação são fundamentais para o sucesso dos discentes e das

escolas contemporâneas, assim como apontado por Moran (2002) “É importante que o aluno se

mova, pesquise, corra atrás, vivencie, entre em contato, comunique os resultados e reflita para

aprender de forma mais profunda” (s.p.).

O professor como mediador. As alterações no comportamento dos discentes, na estrutura

de acesso e na lógica dos conhecimentos, caracterizam um novo desafio para a educação e

provocam uma nova concepção para as metodologias, abordagens disciplinares e acima de tudo

da ação docente (KENSKI, 2003).

Educar hoje em um mundo onde existe o apoio das TICs e uma oferta abundante de

conteúdos não é tarefa fácil, principalmente por esses exigirem mudanças no comportamento e na

rotina dos docentes. Educar em ambientes virtuais exige mais dedicação do professor, mais apoio

de uma equipe técnico-pedagógica, mais tempo de preparação das aulas (MORAN, 2002), o que

propicia uma nova abordagem e um novo espaço de comunicação, que segundo Lévy (1999,

p.158) converge “em um novo estilo de pedagogia, que favorece ao mesmo tempo as

aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva [...]. Nesse contexto, o professor é

incentivado a tornar-se um animador da inteligência coletiva de seus grupos de alunos em vez de

um fornecedor direto de conhecimentos”. Dessa maneira os docentes transformam-se e cada vez

mais em incentivadores e supervisores dos discentes na instigante aventura do conhecimento

(MORAN, s.d.).

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Para criar um clima desafiador para os discentes, Silva (2004) cita três condições básicas,

que devem ser incorporadas a ação docente:

1o- autenticidade, sinceridade e coerência nas relações professor/aluno; 2o- aceitação do outro, o “saber ouvir”, respeitando o outro como ele é, com suas potencialidades e limitações. O professor não deve ficar na relação do “sabe tudo” e o aluno na posição de “tábua rasa”. Pelo contrário, deve haver o respeito das individualidades e potencialidades que cada um possua; 3o– empatia, compreender o outro e seus sentimentos, sem, com isso, envolver-se neles, pois acreditamos que só existe aprendizagem com afetividade (s.p.).

A transformação da ação docente passa também a influenciar a reorientação da carga horária

de trabalho, isso acontece, pois é necessária a inclusão do tempo de pesquisa de melhores

formas interativas de desenvolvimento através do uso de TICs, além de algum tempo para o

alinhamento de ações junto aos outros discentes e aos técnicos responsáveis pelo suporte

tecnológico (KENSKI, 2003).

Considerando essa nova constelação e tarefas, a docência da EaD conta com um outro ator

que realiza o intermédio entre o docente e o discentes, principalmente devido a nova dimensão de

alcance da ação docente proporcionada pelas quebras de barreiras geográfica, esse novo ator e

conhecido como tutor.

O tutor. O tutor tem como função atender e orientar os discentes, sanando suas dúvidas

quanto ao conteúdo, utilizando métodos cognitivos que promovam o reconhecimento das

questões pelos discentes. Por manter um vínculo mais estreito junto aos discentes cabe ao tutor

promover a manutenção da motivação e do interesse desses, sendo um dos coresponsáveis pelo

comprometimento com os estudos (OLIVEIRA; FERREIRA; DIAS, 2004).

[...] deve entender que a aprendizagem do aluno não é simplesmente transmissão de conhecimento. É, sobretudo, um processo participativo, onde o aluno é sujeito do seu próprio conhecimento. Sua participação, portanto, deve ser ativa e, por isso mesmo, estimulada. Contudo o aluno deve ser conscientizado de que se trata de um processo de construção e reconstrução, pois as modificações deverão ser efetuadas a partir da sua prática que sempre está a exigir o saber fazer (Silva, 2004, s,p.).

O tutor é o responsável por mediar o processo de aprendizagem, orientar os alunos para que esses não realizem ações equivocadas e auxiliar as atividades individuais e em grupo, além de facilitar o acesso e a realização de tarefas no ambiente virtual de aprendizagem. Para Hack (2010, p. 118) o tutor “cumpre o papel de auxiliar no processo de ensino e aprendizagem ao esclarecer dúvidas de conteúdo, reforçar a aprendizagem, coletar informações sobre os estudantes e prestar auxílio para manter e ampliar a motivação dos alunos”.

A rotina do tutor é de contato com os discentes e formadores, para esclarecer quais ações devem ser tomadas, seja por meio de mensagens, fóruns, chats ou telefone. Cabe ao tutor ser a ponte de ligação entre alunos e formadores o que chamamos de mediação. Segundo ZUIN (2006) o tutor não pode ser identificado e se identificar como um recurso, esse tem um papel decisivo no processo ensino-aprendizagem a distância.

Como os alunos se reportam primeiramente ao tutor no caso de dúvidas e reclamações, esse passa a ter um dos papéis de vital importância na construção das redes na EaD, bem como de

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proporcionar afetividade no processo de comunicação virtual, Hack aponta que “o tutor precisa aprender a otimizar a comunicação educativa para que haja dialogicidade, cumplicidade e afetividade entre os envolvidos no processo de construção do conhecimento a distância” Hack (2010, p. 120). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi apresentar o crescente desenvolvimento das Tecnologias da Informação e Comunicação, relacionando essas tecnologias com a inovação da oferta dos cursos de graduação e também as mudanças do perfil dos atores da educação superior ocasionadas por essas tecnologias.

A quebra de paradigmas engatilhada pelo desenvolvimento das TICs juntamente com a explosão da internet, foi apresentada como o principal fator que iniciou toda a transformação da estrutura e do comportamento social, que proporcionou uma nova concepção de comunidade estrutura no interesse em comum de seus membros, exonerando os fatores físicos como o espaço e o tempo.

Essa nova sociedade passou a trilhar novos caminhos que se abriram com a inserção das TICs, levando a novos desenhos e novas formas de ofertas para os cursos superiores, que proporcionaram uma maior flexibilização e uma maior facilidade de acesso a esse nível de educação, refletindo sua aceitação por parte dos envolvidos, principalmente os discentes.

Essa aceitação caracteriza as novas formas de oferta de educação superior, presencial, semipresencial e à distância, como inovações da oferta da educação superior.

Essas inovações levaram a inúmeras alterações nos processos de comunicação professor/aluno e aluno/aluno, o que gerou mudanças nos papéis exercidos por esses no processo ensino-aprendizagem, o discente passa a ser um ator nesse processo, já o docente tornar-se um mediador do processo e também um animador da inteligência coletiva. E a partir dessa nova realidade agrega-se um novo agente que passa a realizar o intermédio entre os discentes e os docentes, apresentado como o tutor, figura indispensável principalmente na oferta semipresencial e na oferta à distância.

As transformações, impulsionadas pelas Tecnologias de Informação e Comunicação mudaram e sociedade atual e as relações dessa com o conhecimento e a educação. Considerando que essas transformações continuam acontecendo, é imprescindível que todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, como o estado, os mantenedores, os docentes, os discentes, e todos os profissionais envolvidos, passem a ressignificar seus papéis para que as mudanças não se transformem em um erro do processo inovativo.

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