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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM PSICOMOTRICIDADE PROJETO VEZ DO MESTRE O DESEMVOLVIMENTO DO CORPO E SUA INTEGRAÇÃO NA PSICOMOTRICIDADE Por: Ana Paula Brito Guimarães Orientador: Prof. Celso Shanches Rio de Janeiro 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM PSICOMOTRICIDADE

PROJETO VEZ DO MESTRE

O DESEMVOLVIMENTO DO CORPO E SUA INTEGRAÇÃO NA PSICOMOTRICIDADE

Por: Ana Paula Brito Guimarães

Orientador: Prof. Celso Shanches

Rio de Janeiro 2003

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ANA PAULA BRITO GUIMARÃES

O DESEMVOLVIMENTO DO CORPO E SUA INTEGRAÇÃO NA PSICOMOTRICIDADE

Dissertação apresentada à coordenação do Curso de

Pós – Graduação em Psicomotricidade, da

Universidade Candido Mendes, sob orientação do

Professor Celso Shanches como requisito parcial

para obtenção do grau de Pós – Graduada.

Rio de Janeiro

2003

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que contribuíram com a realização

desta pesquisa, de forma direta ou indireta.

Meus amados pais, Moacyr Costa Guimarães e Maria de

Brito T. Guimarães, pelo apoio e incetivo de superar as barreiras

que tentaram fazer-me desistir.

Minha querida amiga e prima Fabiana Brito Marins que a todo

momento esteve presente na orientação desta pesquisa ajudando-

me e compartilhando junto os meus ideais.

Minhas amigas e colegas de classe, e em especial a doce

Michelle Linhares pelo todo apoio que deu-me durante esse

percurso que passamos juntos desde o primeiro dia do curso,

ajudando-me e orientando em todas as minhas dificuldades, sei

que não nos veremos mais naquelas tardes maravilhosas de

sábado na UCAM na sala 319 A, já que a distância nos separará,

contudo guardarei para sempre em minha memória todos os

momentos bons e engraçados que compartilhamos juntas.

Aos mestres que possuindo sabedoria mediaram com amor .

“Um educador é um fundador de mundo, mediador de esperança,

pastor de projetos”.

(Rubem Alves)

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho realizado primeiramente a Deus pela força e

coragem de poder conquistar mais uma etapa importante na

minha vida. Que tua presença ilumine sempre meu futuro...

E como não poderia deixar de ser, também dedico aos meus pais,

que contribuíram grandemente para que esse trabalho se tornasse

realidade, doando e renunciando os seus sonhos para que, muitas

vezes eu pudesse realizar os meus, não bastaria um muitíssimo

obrigado.

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RESUMO Sendo a Psicomotricidade uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através de seu corpo em movimento nas relações com seu mundo interno e externo, ela nasceu da necessidade da junção de outras disciplinas como uma conseqüência a ser implantada como prevenção, e também, como recuperação de alguma lesão do movimento corporal. Destina-se analisar todas as condutas do indivíduo: motoras, neuromotoras, perceptomotoras. A aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo, que se expressa diante de uma situação problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em função da experiência vivenciada. Segundo Freud existem três estágios do desenvolvimento: fase anal, fase oral e fase fálica que devem ser bem desenvolvida para não gerar problemas futuros. A criança de seis anos que não tiver adquirido uma noção de seu esquema corporal será incoordenada. Esta incoordenação é somente uma manifestação do problema. Se estiver prejudicada afetivamente, terá seu esquema corporal também prejudicado. De acordo com Wallon (1968) “o esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da personalidade da criança. É a representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo.” Esquema corporal é, assim, comunicação consigo mesmo e com o meio. Não se trata apenas da comunicação verbal, comumente conhecida, mas de uma conexão ampla. A criança que tiver esta integração completa terá muito mais possibilidades de ser bem – sucedida, tanto do ponto de vista da aprendizagem escolar, como afetiva e socialmente.

Palavras – chave: Esquema corporal. Psicomotricidade. Corpo.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................07

1. A VISÃO HISTÓRICA DO CORPO E SUA INFLUÊNCIA NA

PSICOMOTRICIDADE...................................................................................................10

2. A ETIMOLOGIA DA PALAVRA CORPO................................................................14

3. A PSICOMOTRICIDADE NA VIDA SOCIAL E AFETIVA DA CRIANÇA..........24

4. O DESENVOLVIMENTO GERAL............................................................................27

5. O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR................................................................33

6. EXERCÍCIOS PSICOMOTORES.............................................................................. 38

CONCLUSÃO..................................................................................................................44

BIBLIOGRAFIA..............................................................................................................46

ANEXOS .........................................................................................................................48

FOLHA DE AVALIAÇÃO..............................................................................................50

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INTRODUÇÃO

A Psicomotricidade é uma ciência cujo objetivo de estudo é o homem através

do seu corpo em movimento, nas suas relações com seus mundos internos e externos.

De acordo com alguns autores, motricidade é a faculdade de realizar movimentos e,

segundo Gesell In Hurtado (1987): “Psicomotricidade é a educação dos movimentos ou,

através dos movimentos, visando a uma melhor utilização das capacidades psicofísicas

da criança e favorecendo o seu desenvolvimento”. Desta forma, Psicomotricidade,

procura educar, ao mesmo tempo em que desenvolve as funções da inteligência.

A educação psicomotora é sobretudo a educação da criança através do seu

próprio corpo e de seu movimento. Ela deve ser feita em função da idade e dos

interesses de cada um. A passagem de uma fase para outra será gradativa e dentro do

próprio tempo de cada indivíduo. O intelecto se constrói a partir do exercício físico que

tem importância fundamental no desenvolvimento não só do corpo, mas também da

mente e da emotividade. Tanto na pré - escola como no ensino fundamental as

atividades motoras devem ser recreativas, isso porque o lúdico tem importante papel no

desenvolvimento psico - físico da criança e no ajustamento social. A partir das

atividades físicas, nos jogos recreativos e em atividades rítmicas a criança adquiri

coordenação motora, autodomínio, habilidades físicas, como também, a educação de seu

sistema neuromuscular.

A importância do estudo é fundamental pois, no processo educativo, se lance

mão de conhecimentos de Psicomotricidade, para que tanto a criança da pré- escola,

como a das séries iniciais, obtenham, segundo Chazaud:

“1a . O domínio do equilíbrio e do tônus da postura;

2a . O controle e a eficácia das diversas coordenações globais e segmentares;

3a . A consciência do próprio corpo, a organização do esquema corporal;

4a . Uma estrutura espaço - temporal correta;

5a . Uma boa orientação e lateralização.”

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A Psicomotricidade vai permitir que se estabeleça a noção de vazio ou ocupado.

São os gestos do corpo que vão levar o indivíduo à consciência de seus limites e

possibilidades. A coordenação psicomotora é uma qualidade diretamente ligada à

expressão do corpo, porque todo movimento tem uma conotação psicológica de

sensações. Nos movimentos, serão expressos sentimentos de frustração, desagrado,

prazer, euforia, como dimensão de um estado emocional, reconstruindo, assim, uma

memória afetiva desde os gestos iniciais da criança. À medida que o indivíduo domina

melhor seu corpo e sentimentos, gradativamente ele irá conduzir-se com mais segurança

no seu meio ambiente, e, desta forma, movimentar-se, adequadamente dentro de todo

um processo educativo.

O capítulo I aborda toda a história conhecida sobre o desenvolvimento do corpo

desde a época de Platão que professava uma concepção de transição da existência no

mundo. Enfatiza a formação da Psicomotricidade que é uma ciência que acabou

surgindo devido a uma necessidade de prevenção e engloba as três importantes

vertências que ela trabalha dentro de uma : Educação Psicomotora, Reeducação

Psicomotora e Terapia Psicomotora.

No capítulo II. resgataremos a importância da etimologia da palavra corpo

enfatizando ele como a base de todo alicerce do ser humano. Falaremos como acontece

o desenvolvimento do esquema corporal , dentro da motricidade ampla as grandes

massas musculares, a motricidade fina, a percepção sensorial, a percepção espacial, a

percepção temporal e a construção da imagem corporal.

O capítulo III traz benevolência que a psicomotricidade proporciona na vida social e

afetiva da criança.

O desenvolvimento geral é o capítulo que mostra que o desenvolvimento

da personalidade está associado ao desenvolvimento físico do indivíduo dentro das

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fases nascimento, primeira infância, segunda infância, adolescência, maturidade e

velhice.

No desenvolvimento psicomotor mostraremos como acontece o desenvolvimento

cronológico psicomotor desde a infância até a terceira idade.

No último finalizaremos com vários exercícios psicomotores.

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1. A VISÃO HISTÓRICA DO CORPO E SUA INFLUÊNCIA

NA PSICOMOTRICIDADE

Toda nossa cultura sofreu influência dos pensadores gregos. A história

conhecida das concepções sobre o desenvolvimento do corpo data a época de Platão que

professava uma concepção de transição da existência no mundo de uma alma imortal

que o rege.

A formação da Psicomotricidade é uma ciência que nasceu da necessidade da

junção das disciplinas para trabalhar melhor o sujeito. Muitas propostas de trabalho e,

consecutivamente, técnicas de intervenção muito variadas, foram criadas e

disseminadas pelos teóricos e praticantes da Psicomotricidade como: Ramain, Lapierre,

Aucoturier, dentre outros Descartes, o pai da filosofia moderna dissocia o corpo do

sujeito. Para ele o corpo é simplesmente uma matéria irracional fonte que gera o

pecado.

Descartes propôs uma nova visão que contamina o conhecimento ciêntifico

através de uma visão separatista entre corpo e alma, não havendo uma visão unidade do

ser humano. Ao fim do século XIX inaugurava-se novos estudos sobre o corpo por

intervenção da neurologia, Psiquiatria e pela importante participação de Freud.

A Psicomotricidade originou-se especificamente da Neurologia, com a

definição de Dupré, em 1997, de debilidade motora (antecedente do sintoma

psicomotor), que rompeu a correlação entre localização neurológica e perturbações

motoras da infância, o que chamou de “Paralelismo”. Palavras recitadas por Dupré:

“Entre certas alterações mentais e as alterações motoras correspondentes existe uma

união tão íntima que parecem constituir verdadeiras paralelas psicomotoras” (Apud

Saboya, 1995:19).

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Wallon, um teórico que traz a marca da Filosofia e da medicina, após pesquisa,

veio lançar nova luz sobre o pensamento psicomotor, a matéria- prima de que partiu

foram mais de duzentas observações de crianças doentes, casos de retardo, epilepsia,

anomalias psicomotoras em geral. Este material, colhido entre 1909 e 1912, só foi

apresentado em 1925, quando a experiência clínica com os adultos traumatizados

renovou e aprofundou as suas conclusões.

Dando continuidade às influências Wallonianas, Ajuriaguerra (1980)

aperfeiçoou e desenvolveu a articulação dos pensamentos da neuropatologia, psicologia

do desenvolvimento e da psicanálise, enunciando o “corpo como relação” através do

conceito de “diálogo tônico”. Descolou a psicomotricidade da visão cartesiana e do

paralelismo, determinando a unificação do tempo psico- motor, que perdeu o hífen.

Delimita-se com maior clareza os transtornos psicomotores: “que oscilam entre o

neurológico e o psiquiátrico, entre a vivência mais ou menos desejada e a vivência mais

ou menos suportada, entre a personalidade total mais ou menos agitada”. (Ajuriaguerra

Apud Cabral, s.d.)

Nos alicerces teóricos da psicomotricidade, encontramos os conhecimentos da

Ontogênese através de: Luria, Wallon, Freud, Reich, Winnicott, Gesell, Piaget, Spitz,

dentre outros, que se dedicaram aos aspectos motores perceptivos, relacionais e

cognitivos (Saboya). Como diz Coste:

Em razão de seu próprio objeto de estudo, isto é, o indivíduo humano e suas relações com o corpo, a psicomotricidade é uma ciência encruzilhada ou, mais exatamente, uma técnica em que se cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista, e que utiliza as aquisições de numerosas ciências constituídas. (1981:9)

Em 1984, no II Congresso Brasileiro de Psicomotricidade, Desobeau nos traçou

um panorama da evolução no reconhecimento da profissão e da prática psicomotora:

Antes de 1975, na França, assim como ocorre ainda hoje no Brasil, a psicomotricidade

era praticada pelos professores de educação física, dança, fisioterapeutas,

fonoaudiólogos, psicólogos e médicos. Nesta data iniciou o Diploma Superior em

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Psicomotricidade, em três anos de estudo, caracterizando a necessidade da especialidade

nos campos da educação e saúde mental. Desobeau expõem a grade curricular que um

psicomotricista deve saber em referência a primeira graduação Francesa e nos

lembrando da formação em três níveis:

1. O ensino teórico;

2. O ensino e a prática das técnicas físicas e psicomtoras;

3. A formação pessoal do estudante, o que supõe uma reflexão sobre a dimensão do

engajamento do psicomtricista.

A educação psicomotora vem sendo enfatizada em instituições escolares e pré -

escolares, clubes, espaços de recreação, etc. Através de variadas estratégias os trabalhos

se multiplicam promovendo uma revisão da noção de infância e da praxis educativa.

A presidente da sociedade internacional de Terapia Psicomotricidade nos

recordava que a profissão de psicomotricista, por fazer com que o profissional se engaje

numa relação corporal autêntica, solicita uma formação pessoal. Bernard Aucoturier,

em seu texto sobre o praticate da ajuda psicomotora, de 1996, coloca a respeito da

escolha filosófica e, porque não, ideológica, que condiciona um sistema de atitudes.

Uma escolha que o futuro profissional deve ter clareza desde os primeiros passos.

A atitude de acolhida, escuta e compreensão são os denominadores comuns a

todas as relações na ajuda psicomotora, e é nesta segurança afetiva que cada sujeito pode

reencontrar sua capacidade de auto- mudança. Formar um psicomotricista é antes de

tudo proporcionar ao futuro profissional condições para construir, através das formações

teórico-práticas pessoais, sua forma de ajuda, sempre original, por estar calcada na

criatividade e singularidade de cada um de nós.

A psicomotricidade engloba três importantes vertencias:

1a Educação Psicomotora- Prevenção

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É fundamental neste período de prevenção, no processo educativo o

desenvolvimento de toda parte motora tanto da criança da pré- escola, como a das séries

iniciais, trabalhando o domínio do equilíbrio e do tônus da postura, coordenações

globais e segmentares, a consciência do próprio corpo, a organização do esquema

corporal, estrutura espaço- temporal correta, lateralização e etc.

2a Reeducação Psicomotora- Sintoma

Trabalha a partir das dificuldades que o indivíduo apresenta desenvolvendo

atividades que restabeleça o movimento do corpo fragmentado. O reeducador deve

sempre observar as formas da criança reagir diante de uma alegria, uma decepção,

favorecendo sempre o diálogo verdadeiro, no qual a criança sinta segurança de dizer o

que pensa e de fazer perguntas.

• Atraso no desenvolvimento;

• Grandes déficits motores;

• Perturbações da coordenação;

• Perturbações da sensibilidade;

• Perturbações do esquema corporal;

• Perturbações da lateralidade;

• Perturbações da estrutura espacial;

• Perturbações da orientação temporal;

• Perturbações afetivas.

3a Terapia Psicomotora- Vivência

Acontece com um olhar de terapeuta, tendo a percepção e sensibilidade para

com determinado caso, procurando fazer um levantamento de como originou-se aquela

determinada deficiência, após inspecionar, deve-se elaborar e resignificar a tabus do

passado, com um trabalho de simbolismo por intermédio do corpo como instrumento

básico de ajuda terapeuta.

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2. A ETIMOLOGIA DA PALAVRA CORPO

É importante para nossa reflexão, resgatar a etimologia da palavra corpo. Corpo

vem do latim corpus, que significa uma pequena parte do que chamamos humano, ou

seja; o que no homem distingui-se da alma. Quer dizer: O corpo do homem é

considerado como a base da sua energia, virilidade, atividade sexual, necessidades

fisiológicas e desejos; em suma, o alicerce dos elementos mais importantes do ser

humano.

Percebe-se com isso, como o sistema, pressiona os indivíduos a fazerem uso de

seus corpos, e assim; as marcas da estrutura social na estrutura psicomotora individual

vão constituindo-se.

Para Foucault, 1977:

(...) o corpo só se torna útil se é ao mesmo tempo corpo produtivo e corpo submisso. Esta sujeição não é obtida só pelos instrumentos da violência ou da ideologia, (...) pode ser sutil, não fazendo uso de armas nem do terror e, no entanto continuar a ser de ordem física. Quer dizer que pode haver um saber do corpo e um controle (...) que constituem o que se poderia chamar a tecnologia do corpo.

Para Chauí 1984, em muitas sociedades, em especial a nossa, o corpo é uma das

entidades privilegiadas para o exercício da dominação.

A divisão social do trabalho, as pedagogias (nas escolas, nas prisões, nos hospitais), o direito penal, a medicina, o consumo ou a fisiologia, evidenciam a presença de idéias e práticas que procuram confirmar o corpo à região das coisas observáveis, manipuláveis e controláveis. Considerado pelo direito civil como propriedade alienácel num contrato ( de casamento, de trabalho) pela economia como força produtiva ou instrumento, pela medicina como conjunto de funções e disfunções; pela escola e instituições “reformatórias” como disciplinável; pelo consumo, como espetáculo, o corpo é o lado menor, a parte inferior, curiosamente útil ( pelo trabalho) carente( pelo desejo) e perigosa.

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Este corpo submisso, violado da criança na escola precisa de compreensão e

uma revisão da relação educador- educando. A educação psicomotora, a partir da

observação e leitura das ações e relações tônico- emocionais da criança e do grupo, pode

auxiliar na tarefa de reavaliar suas necessidades e desejos e favorecer a criança em seus

processos interativos na construção de sua unidade psicomotora.

2.1 – O corpo como meio de ação e reação

O corpo é o intermediário obrigatório entre a criança e o mundo. Por esta razão,

o consideramos como ponto de referência.

A criança descobre inicialmente o prazer de brincar com o corpo, adquirindo a

sensação prazerosa, progressivamente, aprende a controlar seu corpo. Com isso, é

preciso que ela tenha uma imagem clara, precisa e completa de seu próprio corpo e da

posição deste no espaço.

• Esquema corporal

Segundo Ana Maria Poppovic, esquema corporal é a consciência do próprio

corpo, de suas partes dos movimentos corporais, das posturas e das atitudes. Não é

simplesmente uma percepção, uma representação mental do nosso corpo, mas uma

integração de vários gestalts, todos em contínua modificação. Formam o esquema

corporal, além da noção do próprio corpo, a integração das noções de relação com o

exterior em suas duas expressões de espaço e tempo, e a conexão com outras pessoas,

através do contato corporal, da evolução do gesto e da linguagem.

Como acontece o desenvolvimento do esquema corporal:

Conhecimento das partes do corpo: habilidades de localizar as partes do

corpo. Segundo De Meur e Staes (1984):

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A criança conhecerá as diferentes partes de seu corpo pela percepção vivida e também pelas vias que as conduzem à reflexão, à abstração. Será levada a apontar determinado membro, a dizer o nome, a localizar oralmente uma percepção.

• Lateralidade

Predominância do uso de todos os órgãos pares. Pode ser direita ou esquerda.

Devem ser observados o pé, a mão e o olho. Conforme afirmam de Meur e Staes

(1984):

exercícios desse gênero levarão a criança a descobrir seu lado dominante. Todavia, fortalecer-se-á o lado não dominante de exercícios simétricos, a fim de estabelecer um equilíbrio de força e de destreza entre os dois lados.

Exemplos: Mão dominante, pedir que a criança pegue um objeto qualquer e/ou

que a mesma atire uma bola de meia em um alvo qualquer. Observar a mão que ela

utiliza; pé dominante, solicitar que a criança chute uma bola ou salte sobre um pé só.

• Proprioceptividade

Capacidade de receber estímulos provenientes dos músculos, tendões, que

possibilitem o melhor conhecimento do corpo. Para Matheuws e Fox (1986):

O aprendizado de uma habilidade motora constitui um processo complexo ainda não compreendido completamente, tem lugar no córtex cerebral e no cerebelo. Os sinais relacionados com determinada habilidade se originam no córtex motor e são transmitidos aos músculos.

• Organização e expressão

Interiorização das sensações relativas as partes do corpo e sua exteriorização,

através de linguagem, desenho mímica etc. Segundo De Meur e Staes (1984): “A criança

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vai aprender a desenvolver suas possibilidades do corpo, isto é, executar movimentos

complexos que exijam: uma coordenação desses movimentos, memória; executar

movimentos que tenham um objetivo determinado, o que implica: a precisão dos gestos,

uma avaliação das distâncias, da força necessária etc. Exemplos: imitar uma expressão

de alegria, tristeza, montar um boneco, fazendo uso de botões e palitos etc.

• Motricidade ampla

Envolve movimentos com todo o corpo, envolvendo as grandes massas

musculares.

• Coordenação dinâmica geral

São os movimentos que envolvem todo o corpo ao mesmo tempo, devendo

haver harmonia nos deslocamentos. A finalidade é a plasticidade do ajustamento,

alcançando um certo desempenho motor. Levando a criança no plano da descoberta,

mas do que a realização do gesto propriamente dito”. Exemplos: marchar; marchar

batendo palmas; correr, correr saltando obstáculos; lançar bolas de pesos e volumes

variados; trepar em cordas etc.

• Freio inibitório

Controle do movimento em relação ao tempo e espaço preciso. Inicialmente, em

movimentos simples e, só depois, na folha de papel, ou seja; efetuando as atividades

com uma regra a ser seguida. Exemplos: parar ao toque de apito; parar diante de

obstáculos; dança da cadeira; imitar estátua a um estímulo auditivo qualquer etc.

• Equilíbrio

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Manter o corpo com uma forma coordenada ( papel do cerebelo) em uma mesma

posição durante um tempo determinado. Exemplos: andar sobre a trave ou sobre blocos

de madeira; imitar estátua; marchar sobre os calcanhares; andar sobre um banco e

apanhar objeto; corrida de revezamento com um copo de água bem cheio à mão etc.

• Relaxamento

Diminuição da tensão muscular que leva a criança a sentir-se mais à vontade com seu

corpo. Segundo Weineck (1986):

É também denominado relaxamento muscular profundo ou relaxamento neuromuscular, treinamento de descontração ou ainda relaxamento muscular progressivo. Por seu efeito, o relaxamento muscular progressivo é análogo ao treinamento autógeno, mas não têm objetivos ambiciosos como existe no grau superior do treinamento autógeno. Considerando que o relaxamento muscular progressivo não age somente na melhora da restauração física, mas também na supressão de fatores psíquicos de perturbação (por exemplo: angústia), ele também pode ser classificado no primeiro e também no terceiro grupo dos métodos psicológicos de treinamento acima mencionados.

Exemplos: após ficar com o corpo duro, relaxar como se fosse um boneco de pano etc.

• Motricidade fina

É a capacidade de movimentos específicos muitíssimo refinados, de alto grau de

precisão olho - mão, utilizando os pequenos grupos musculares.

Lingual: refere-se ao desenvolvimento dos músculos da língua. É importante

para a emissão de uma pronúncia correta. Exemplos: mostrar a língua; dobrar a língua

para cima; imitar o som da abelha, do trem, do vento; dobrar a língua para baixo, para os

lados, encostar nos dentes etc.

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Labial: está relacionada como os movimentos dos músculos dos lábios. É

importante para uma linguagem oral correta. Exemplos: inflar as bochechas; fazer bico;

abrir bem a boca e fechar; fazer bochecho com água etc.

Ocular: diz respeito à movimentação do olhos. É muito importante na leitura,

devido à progressão esquerda- direita. Exemplos: o movimento nas ruas, o quique da

bola, etc.

Manual digital: relaciona-se com a movimentação ordenada da mão e dos

dedos. Exemplos: desenho; recortes; colagem; dobradura. modelagem; costura;

bordado; crochê; exercícios de toque das pontas dos dedos; exercícios de movimentação

dos dedos etc.

Pedal: são todos os movimentos executados especificamente pelos pés.

Exemplos: rolar a bola com a sola dos pés, com a lateral interna dos pés, com a lateral

externa dos pés; chutar a bola com o bico dos pés, com o peito dos pés, com os

calcanhares etc.

• Percepção sensorial

Aquisição de conhecimentos por meio de impressões sensoriais do mundo

exterior e do próprio corpo. É o fenômeno de captar, distinguir, associar e interpretar

sensações.

Visual: trata-se da percepção de objetos, formas, comprimentos, quantidades,

tamanhos, orientações, situações, pessoas, cores, espessuras etc. Exemplos: observar a

cor, a forma e outras características de alguns objetos apresentados.

Auditiva: distinção, através do ouvido, de sons, ruídos, ritmos e tonalidades.

Exemplos: mantendo os olhos das crianças vendados, fazê-las identificar diversos sons

de objetos variados que emitam ruídos característicos ( guitarra, tambor etc.); identificar

a voz de um coleguinha e onde o mesmo se encontra etc.

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Gustativa: verificação, pelo gosto, de diferentes sabores: doce, azedo, amargo,

salgado etc. Exemplos: mantendo os olhos das crianças vendados, fazer com que provem

e identifiquem certos produtos que tenham gosto bem característico (açúcar, sal, limão,

banana, leite, chocolate etc.) etc.

Olfativa: identificação, através de olfato, de diferentes perfumes, odores e

cheiros característicos. Exemplos: mantendo os olhos das crianças vendados, fazer com

que as mesmas identifiquem certos produtos que tenham cheiros e odores característicos

( flores, sabão, café, frutas etc.) etc.

Termotátil: interpretação das sensações térmicas ou táteis relacionadas com

formas, tamanhos, texturas, pesos, temperaturas etc. Exemplos: mantendo as crianças de

olhos vendados, fazer com que as mesmas peguem e toquem algo e identifiquem através

do tato as suas características etc.

• Percepção espacial

É a percepção relacionada a tudo aquilo que nos cerca.

Posição espacial: distinção do local, espaço, de algo em relação a um

observador. A percepção deficiente neste aspecto ocasiona troca na identificação do “P”

e “Q” e do “B” e “D”. Exemplo: imitar posturas apresentadas e/ou adotadas pelo

docente, por gravuras, pelos animais etc.

Relação espacial: habilidade de observar a posição de um objeto dou de uma

pessoa em relação à outra pessoa ou objeto. É o que permite à criança reconhecer a

seqüência de letras nas palavras e estas na frase. Exemplos: ficar de frente para o

docente e de costas para os colegas, de lado etc.

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Adequação espacial: capacidade de perceber se um determinado objeto se

adapta dentro de um determinado espaço proposto. Exemplos: vestir roupas de variados

tamanhos e concluir se as mesmas servem ou não; caminhar na sala entre as cadeiras e

os colegas (labirinto), sem, no entanto tocá-los etc.

Constância e percepção: problemas neste aspecto provocam dificuldades em

reconhecer sinais gráficos, quando apresentados de maneira diferente. Exemplos:

mostrar para a criança inúmeras figuras geométricas e solicitar que a mesma identifique

algo com a mesma forma etc.

Direção: deslocamento de objetos ou de pessoas de um determinado espaço, em

função de um determinado ponto de referência. Exemplos: solicitar que a criança

desloque de um ponto para outro predeterminado; pedir à criança que role uma bola para

frente, para trás, para direita e para esquerda etc.

• Percepção temporal

É a compreensão das dimensões do tempo em relação a acontecimentos do

passado, presente e futuro.

Noções básicas: Agora, ontem, hoje, amanhã, antes, depois, noite, dia, novo,

velho etc. Exemplos: citar atividades já realizadas e solicitar que as crianças relacionem

o dia (ontem, hoje...); mostrar dois objetos iguais, porém um novo e um velho, e solicitar

as crianças que os identifiquem etc.

Seqüência de ações: habilidade de organizar os fatos de acordo com o momento

em que estes forem acontecendo. Exemplos: jogar uma bola para cima e bater palmas

quando a mesma tocar o solo; jogar a bola para frente e bater palmas quando a mesma

tocar a parede etc.

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Velocidade: está diretamente relacionada com movimentos lentos e acelerados.

Exemplos: jogar uma bola de borracha e uma bexiga para cima e perguntar as crianças

qual delas cairá primeiro etc.

Duração: espaço de tempo gasto para realizar determinada ação. Exemplos:

imitar o som de um carro enquanto um colega se desloca; imitar o som de uma abelha,

enquanto o docente faz um risco de giz no quadro negro etc.

Ritmo: diz respeito à movimentação própria de cada um. O ritmo pode ser lento,

moderado ou acelerado. Exemplos: bater os pés e/ou as mãos no ritmo da música (variar

ritmos), andar no ritmo da música ou das palmas do docente etc.

2.2. A construção social da imagem

É a própria experiência que a pessoa tem do seu corpo, isto é, a sua sensação a

seu respeito.

Para Schilder, a imagem corporal é uma figuração de nosso corpo formada em

nossa mente, o modo como nosso corpo se apresenta para nós; e o esquema corporal, a

experiência imediata de uma unidade do corpo, baseado no conhecimento da posição do

corpo, ou seja, um modelo postural, uma imagem tridimensional de si mesmo, uma

imagem corporal.

A imagem revela-se através do desenho que a criança faz de si mesma. Para

alcançar a imagem corporal é preciso:

• Iniciar um trabalho o mais cedo possível;

• Fazer a criança sentir-se feliz consigo própria; isto porque o bem-estar

emocional e a imagem corporal estão fortemente relacionados;

• Auxiliar a criança com exercícios específicos, que lhe possibilitem tomar

consciência de seus limites corporais.

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A evolução do eu corporal da criança é a evolução do conhecimento corporal, é

sinônimo de caminho para uma autoconsciência, caminho expresso por uma maturação

integral do indivíduo. Desde o nascimento, o corpo como estrutura dinâmica e concreta

(atuante), se insere num quadro de automatismo que evolui dos movimentos reflexos

para os movimentos conscientes ( praxias). A sua imagem corporal tem que passar por

várias fases ou períodos de maturação para que a criança possa vir a construir-se como

um ser que atua sozinha. A criança descobre a manipulação do seu próprio corpo, este

que é então boca e ânus, superfície cutânea de contatos, atividade interoceptiva e alguns

movimentos, após libertar-se da manipulação dos outros, na alimentação, no banho e na

higiene.

Paul Schilder (pág. 151), autor de “A imagem do corpo” enfatiza a importância

da relação com as pessoas do meio circundante para a construção da imagem corporal.

O interesse dos outros pelo próprio corpo e suas ações em relação ao corpo influenciarão o interesse que o sujeito tem pelas diversas partes do próprio corpo. (...) As primeiras experiências infantis são de especial importância para esta conexão, mas nunca paramos de experiências e de explorar nosso corpo.

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3. A PSICOMOTRICIDADE NA VIDA SOCIAL E

AFETIVA DA CRIANÇA

Ao expressarmos está frase: “Está criança parece estar bem à vontade” significa

que essa criança tem domínio do seu corpo, de forma que utiliza-se dele com total

desenvoltura, o que lhe proporciona bem-estar, tornando seus contatos com as outras

pessoas fáceis tendo um bom equilíbrio.

Uma estreita ligação interage nas aquisições psicomotoras e as reações afetivas

da criança. Tomemos o caso da criança bem sucedida em suas realizações materiais

(deslocamentos, corridas, jogos de bola, trabalhos manuais etc.)sentindo-se à vontade

em si própria e tranqüilidade perante as outras crianças, poderá expressar-se com o

corpo, além da forma verbal que é comum. Ocorrendo um acontecimento doloroso (por

exemplo: morte do seu animal de estimação, a separação dos pais, ou outro fato que

abale diretamente o seu emocional), aquela criança que até então apresentava um quadro

de bem-estar com seu corpo, passará a demostrar uma perturbação com tristeza,

desanimo, abalando todo seu percentual rendimento escolar em suas atividades diárias,

que outrora desenvolvia com uma boa desenvoltura.

Analisamos com isso que o corpo traduz o pensamento de como estamos nos

sentindo intimamente na nossa imagem corporal, refletindo no exterior toda sensação de

alegria ou de tristeza.

Assim a criança que apresenta ser tímida, fechada, lenta, angustiada tirará

proveito de exercícios motores de grande amplitude que exijam certa rapidez. Em

compensação as crianças exuberantes, agressivas, superexcitadas tem necessidade de

exercícios motores de coordenação, de equilíbrio, de destreza e de inibição: esses

exercícios as habituarão a dar sentido à sua força e seus impulsos.

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A psicomotricidade ajuda a viver em grupo. Nos exercícios psicomotores as

crianças devem respeitar as regras dos jogos. Cada uma compreende rapidamente que o

desrespeito às regras torna o jogo impossível ou injusto e, por esse meio, aceita mais

facilmente as regras da vida social. Exemplo: Em nosso país “Brasil”, dirigimos no lado

direito e lemos da esquerda para direita.

Os jogos coletivos ensinam a viver em sociedade. As crianças descobrem bem

depressa que existem “fracas” e “fortes”. Trata-se de fazer com que admitam no grupo

uma em particular e de provar-lhes que toda criança é forte em alguma coisa.

Os exercícios motores, executados todos em conjunto, habituam as crianças a se

respeitarem mutuamente. Outros jogos, como as corridas de revezamento ou os

exercícios de equipe, fazem com que as crianças esperem a sua vez.

Principais perturbações afetivas que podem afetar as crianças e que o

psicomotricista deve intervir com um trabalho de prevenção dentro da educação

psicomotora.

Causas ligadas ao ambiente familiar:

• Certas crianças ficam perturbadas com o desenvolvimento entre os pais ou

ainda com a presença dos avós na família;

• As vezes uma atitude muito exigente, muito perfeccionista dos pais cria na

criança uma reação de oposição, de lentidão ou de rigidez;

• A família insiste muito sobre “o que não deve ser feito” ou sobre as falhas da

criança, esta reage por meio da falta de habilidade, pela timidez, pela falta de

equilíbrio;

• Alguns pais desejam ter filhos fortes, que não chorem, que não se deixem

penetrar pelas emoções, nesse caso acontece das crianças reagirem pelo

exagero e rigidez.

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Portanto é importante conhecer bem o ambiente familiar para melhor

compreender a criança que sofre com alguma perturbação afetiva, para desenvolver

um trabalho de auto- ajuda também com a família.

Devemos ensinar a criança a conhecer:

• Sua maneira de exprimir-se;

• Suas reações diante de uma alegria, uma dificuldade, uma dor física;

• O tipo de relação (domínio, dependência...) que estabelece com outras

crianças e com os adultos.

A partir de uma série de informações a respeito da criança e de sua família,

temos que ter consciência que não podemos mudar o caráter da criança, e muito

menos seu ambiente familiar. Com isso devemos adotar uma atividade que a criança

adquira confiança em si mesma, em suas possibilidades e tenha coragem de

exprimir-se para que assuma sua vida emocional, encontre seu lugar na classe e

supere suas dificuldades familiares. Uma equipe ideal seria composta pelo educador,

pais e alguns outros (psicólogo, reeducador, diretor...), cuja atitude educativa

ajudaria a criança a desenvolver meios de realizar-se. O ambiente em que a criança

vive é muito importante, tanto na casa e na escola quanto durante uma reeducação.

A criança deve sentir-se apoiada, ajudada e não julgada.

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4. DESENVOLVIMENTO GERAL

O desenvolvimento da personalidade está associado ao desenvolvimento físico

do indivíduo e acontece em fases; nascimento, primeira infância, Segunda infância,

adolescência, maturidade e velhice.

Os seis primeiros anos de vida são decisivos na formação integral do indivíduo.

A maneira como as pessoas resolvem as situações nas três primeiras fases são a base

para seu caráter e desenvolvimento posterior na relação com o mundo.

Para trabalhar com o ser humano, com o seu corpo e com sua mente, precisamos

antes de tudo entender sua evolução, seu desenvolvimento natural.

Dentro da evolução humana iniciamos com o nascimento, primeira grande

experiência da criança e que é também a primeira reação de separação no processo de

sua vida.

Abordaremos aqui os conceitos vindos de Freud, Wallon, Piaget e Vygostsky que

traz uma sondagem de como cada um analisou a sua investigação sobre o estudo do

desenvolvimento infantil.

A intenção não é trazer um diagnóstico definitivo sobre o desenvolvimento, mas

interagir de forma mais concreta a importância do aprofundamento contínuo na

psicologia do desenvolvimento, englobando a psicomotricidade como uma conseqüência

a ser implantada como prevenção, e também; como recuperação de alguma lesão do

movimento corporal. A psicomotricidade sendo uma ciência de educação e saúde,

destina-se a estudar, analisar e orientar todas as condutas do indivíduo: motoras,

neuromotoras, perceptomotoras. Tendo como objetivo estimular a percepção e a

consciência do corpo como sensação, expressão e criação: a integração harmoniosa entre

cada segmento corporal e suas inúmeras possibilidades de movimento: a sua relação

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com o tempo e com o espaço, normalizando ou melhorando o comportamento geral do

indivíduo, de suas emoções e necessidades.

Freud acredita que as condições intra-uterinas, de parto e biológicas são

fundamentais para os registros de prazer e desprazer que provocarão respostas futuras

desse indivíduo diante das várias situações que viverá. O nascimento da criança é a

vivência da própria angústia do desligamento do corpo da mãe, mas que ainda vem

muito vinculada à figura materna, e esse novo ser, até cerca de 1 ano, vive um estado de

indiferenciação, em que o prazer/desprazer se relacionam à gratificação de suas

necessidades básicas, com a figura materna representando o papel principal.

No 1o ano acontece a “fase oral” nesse período a energia encontra-se na região da

boca, língua e lábios, e por isso é a parte mais sensível de seu próprio corpo nesse

estágio:

• O primeiro momento seria com o objeto agradável: a mãe, que interagi com

ele por intermédio da amamentação.

Obs: Se não ocorre a frustração por parte da criança, seja por gratificação

excessiva ou insuficiente, pode-se criar uma fixação nessa fase, podendo na vida adulta

desenvolver depressões ou dependência de forma patológica.

Fase anal – nesta fase a criança passa a viver o prazer e interesse em relação a

retenção e expulsão das suas fezes e urina, valorizando como seu objeto exclusivo, ou

seja, quando acontece a saída deles para a criança é algo dramático é como se um pedaço

dela estivessem indo embora.

Nesta fase as atividades infantis da criança são desmontar os brinquedos, quebrar

jogos e observá-los para posteriormente montar o que acabará de fazer. Também

desenvolve-se atividades relacionadas à expressão de raiva: quando contrariada se

agride, agride os outros e os objetos, associando fantasias de destruição, começando a

definir entre o bem e o mau.

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Fase fálica - é a fase do conflito, para os meninos segundo o conceito edipiano,

acontece a rivalidade de ciúme com o pai na tentativa de obter atenção da mãe somente

para si, enquanto as meninas invejam o falo do pai.

De 6 a 10/12 anos – fase de latência - É a fase em que ocorre o aparecimento dos

mecanismos de defesa. Ocorre a vivência da constituição do “eu” e a adaptação à

realidade de sua identidade, a interação com outras crianças é quase exclusivamente com

indivíduo do mesmo sexo. Fortalece o ego com sublimação para o aspecto intelectual do

desenvolvimento. No final da fase inicia-se a luta contra a masturbação e a latência da

sexualidade.

Para crianças que sente-se rejeitadas, a masturbação pose ser um recurso

compensatório; é uma prática que proporciona satisfação imediata, dispensa o concurso

de outras pessoas e, dessa forma, contorna a incapacidade de transação social. Nestes

casos os pais poderão tentar uma interferência indireta mediante incentivos ao interesse

da criança por atividades com outras crianças da mesma faixa etária e no mesmo nível

de cultura. Porém, a reafirmação do amor, é um elemento decisivo no esforço de ajudar

a criança a sair de dentro de si mesma para o mundo, levando ela a entender que existem

recompensas ao bom relacionamento com outras pessoas.

Fase genital – ocorre as mudanças corporais e hormonais que redespertam a

energia sexual. Se a crise de rivalidade com o pai foi resolvida, surgem nesse período as

tentativas de ligação com o sexo oposto. É onde flui a sensualidade, sentimentos e afetos

como ternura, a entrega ao outro, a comunicação profunda, a profundidade na procriação

e no trabalho, dentre outros aspectos.

Wallon afirma que a emoção se traduz e se imprime no tônus muscular “é uma

tensão dos músculos pela qual as posições relativas das diversas partes do corpo são

corretamente mantidas e que se opõe às modificações passivas destas posições”,

estabelecendo uma comunicação constante entre a tonicidade e a sensibilidade. Afirma

que o movimento é a primeira estrutura de relação com o meio, com os objetos e os

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outros, a primeira forma de expressão da emoção e do comportamento. Estabelece que a

evolução da criança passa por fases. Partindo da observação clínica, essas fases estão

marcadas, umas pela construção interna e individual do indivíduo e outras pela abertura

feita ao mundo exterior. Pela globalidade da observação dessa evolução, ele não

delimita totalmente cada fase, afirmando: “no desenvolvimento psíquico da criança,

contrapõem-se e complementa-se mutualmente fatores de origem biológica e social”.

As fases são:

Fase impulsiva – recém – nascido dependência total na relação com o meio, reagindo

por meio de uma grande impulsividade motora.

Fase tônico- emocional acontece a afetividade com a mãe.

Fase sensório – motora Diversificação da atividade sensório- motora, ou seja,

motor e sensação integrados, surgindo o andar, onde a

criança começa a orientar seus interesses e caminhar

até eles.

Fase projetiva Acontece a linguagem expressiva compreensível, da

representação e da função simbólica de forma mais

incisiva e autonomia postural.

Fase personalística Os movimentos passam a ser as ações dos primeiros

esboços de desejos.

Piaget, biólogo, centrou seu trabalho na compreensão da inteligência, em que

deixa clara a importância do movimento na formação da mesma, entendendo a

inteligência como aquilo que permite a um organismo lidar efetivamente com o seu meio

ambiente. Afirma que o desenvolvimento evolui a partir da influência recíproca entre

indivíduo e meio ambiente e que pelo movimento processa-se a relação funcional entre

corpo e mente. O desenvolvimento cognitivo segue uma seqüência, de acordo com os

períodos ou estágios do desenvolvimento:

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• Sensório – motor – acontece na fase dos o aos 2 anos, ou seja, desde os

primeiros reflexos até o início das representações mentais, em que

inicialmente o bebê, pelo contato com os objetos do mundo exterior, vai

modificando a atividade do reflexo gradativamente. Desenvolve-se as

reações circulares, pois envolvem o corpo da criança e dão início à

organização da percepção e hábitos da mesma.

• Pré – operacional – acontece dos 2 aos 7 anos, quando ocorre o início da

linguagem expressiva compreensível, da representação e da função simbólica

de forma mais incisiva. É egocêntrica, ou seja, ela pensa que tudo que lhe

acontece tem a ver com suas vontades e ocorre por causa de alguma coisa que

tenha feito, sendo ainda incapaz de ver o ponto de vista do outro. Nessa fase

são comuns as crises de birra, choro e batida dos pés quando contrariadas em

suas vontades. Acontece duas formas de operações:

¬ Operações concretas - desenvolve-se dos 7 aos 11 anos, quando a

criança passa a operar sobre os objetos, como o próprio nome da fase diz.

O jogo simbólico diminui, e o faz – de – conta assume uma conotação

diferente da fase anterior. A criança passa a representar mais claramente

a realidade, relacionando as experiências entre si, progride na

socialização com intenso interesse em jogos de grupo, de regras, de

escolha de parceiros e de amizades.

¬ Operações formais – a partir dos 12 anos em diante suas idéias podem

ser classificadas e organizadas, da mesma forma que os objetos. Suas

relações sociais ampliam-se e formam a base para a vida social adulta e

estruturada.

Vygotsky defende que a realidade é criada e que a teoria está em transformação

permanente, não existindo uma teoria única. Em função de seu testudo baseia – se

também na natureza social do ser humano:

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• Acredita-se que o outro tem função fundamental e importância no

desenvolvimento da pessoa;

• O jogo e o brincar de forma espontânea são ferramentas principais para

aquisição de suas capacidades intelectuais;

• A importância da linguagem interior para um bom sucesso na evolução da

criança.

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5. O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR

A criança atua no mundo por meio de seus movimentos, dispondo-se de suas

capacidade motoras, intelectuais e afetivas, estabelecendo a relação com o mundo

conforme sua carga tônico pessoal, a qual é construída no dia- a- dia com as

estimulações e limitações que o meio e as pessoas impõem. Rosadas (1991) cita que o

movimento é o elemento vital no crescimento e desenvolvimento da criança.

As experiências precoces são de importância, pois criam a base para o indivíduo

desenvolver sua independência e autonomia corporal e sua maturidade sócio –

emocional, já que na vivência de diferentes situações, a criança sempre encontra-se em

relação com o outro, com o espaço ou com o objeto, trocando conteúdos entre seu “eu”

e o outro. O desenvolvimento psicomotor caracteriza-se pela maturação que integra o

movimento, o ritmo, a construção espacial, o reconhecimento dos objetos, das posições,

a imagem do nosso corpo e a palavra.

5.1 – O desenvolvimento cronológico psicomotor

A criança e o adulto apresentam alguns padrões de desenvolvimento previsíveis.

Será apresentada aqui uma síntese do desenvolvimento psicomotor desde o nascimento

até a terceira idade.

Ao nascer, o indivíduo apresenta reações automáticas reflexas (reflexo de Moro,

por exemplo). Algumas são mais reflexas (sucção), as quais são chamadas organizações

instintivas.

No 1o mês, há reação de atenção inata, começa a olhar, deixa de chorar quando

alguém se aproxima, comunicando suas necessidades através do choro. No 2o mês, a

criança emite sons vocais e brinca com as mãos; No 3o mês, sorri em resposta a outro

sorriso; sai do estado reflexo entrando no mundo humano pela comunicação do sorriso.

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No 4o mês, aproxima dos objetos apalpando-os; rola; começa a orientar-se no espaço.

No 5o mês, pega os objetos ao seu alcance; leva os pés a boca. No 6o mês, utiliza seu

corpo e o objetos no espaço e

balbucia; No 7o a 8o mês, procura objetos caídos, joga-os; começa a demonstrar

compreensão das palavras e emite sons, parecendo gostar de sua própria voz; engatinha.

No 9o mês, mantém-se de pé com apoio e as primeiras palavras de suas sílabas servindo

para nomear tudo, instituindo-se assim a sua memória. No 10o mês, coloca-se em pé

sozinho; bebe com copo; repete os sons ouvidos. No 11o a 12o meses, entende frases

curtas e o desenvolvimento da marcha com domínio do espaço físico e simbólico.

Já na infância que começa no 15o mês, podemos ver que deste mês ao 16o mês,

anda sozinho; apresenta linguagem de ação com organizações rítmicas e já faz rabiscos.

Aos 2 anos, reconhece a diferença sexual; possui controle total dos esfíncteres; o

vocabulário aumenta. Aos 3 anos, é capaz de classificar, identificar e comparar; a

coordenação motora fina se aperfeiçoa; idade dos “porquês”; começa a se meter na

conversa dos adultos. Aos 4 anos, tem mais elasticidade das articulações, coordena o

movimento das mãos na escrita, mas não apresenta freio motor; distingue frente e costa,

veste-se sozinho; reconhece as cores preto e branco; anda na ponta dos pés; salta com

habilidade. Aos 5 anos, formação de censura, certo e errado; agregação com crianças do

mesmo sexo (simpatia e antipatia); coordenação global desenvolvida, desenvolvimento

do esquema corporal, utiliza a mão dominante reconhecendo direita e esquerda em si

apenas; identificação com figuras de ídolos. Aos 6 anos, apresenta experimentação do

corpo; atitudes sociais bruscas; troca de dentes; anda de bicicleta; desenvolve com maior

facilidade jogos de competição e raciocínio. Aos 7 a 8 anos, plena integração do corpo,

aperfeiçoamento das habilidades adquiridas anteriormente; procura contatos fora de

casa; a dissociação estende-se para todo o corpo; aparece a reprodução rítmica. Aos 9 a

10 anos, percepção mais aguçada; sabe comprar pequenas coisas sozinho; valoriza grupo

de amigos;

Dos 11 a 12 anos, combina simultaneamente os movimentos dos membros

inferiores e superiores; equilibra força muscular e habilidade; movimentos expressivos

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tanto faciais quanto corporais; atividades com diferenciação dos sexos e

desenvolvimento muscular maior nos meninos; início da adolescência.

Adolescência

A adolescência é um momento crucial na vida do homem e constitui a etapa

decisiva do processo de desprendimento. Esse processo atravessa três momentos

fundamentais: o primeiro é o nascimento; o segundo surge ao final do primeiro ano com

eclosão da genitalidade e do andar; e o terceiro momento aparece com a adolescência. A

adolescência caracteriza-se pela fase de transição entre infância e juventude, como

processo de desenvolvimento.

A adolescência é uma crise na qual o adolescente passa por desequilíbrios e

instabilidades externas. Emocionalmente é um período de contradições, confuso,

ambivalente, doloroso, caracterizado por atritos com o meio familiar e o ambiente

circundante.

A masturbação é para o adolescente uma prova de funcionamento genital e um

reconhecimento do instrumento que o capacita para enfrentar-se, posteriormente, com a

relação genital.

ABERASTURY (1978) afirma que o adolescente realiza três lutas fundamentais:

• a luta pelo corpo infantil perdido, já citado acima, em que o indivíduo se

sente como espectador impotente.

• A luta pelo papel e identidade infantis, que o obrigam a uma renúncia à

dependência e a assunção da sua responsabilidade.

• A luta pelos pais da infância, que o adolescente tenta persistentemente reter

em sua personalidade, pois representam a segurança e proteção.

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Para SHINYASHIKI (1992) “na adolescência o indivíduo tem a oportunidade de

refazer e reorganizar todos os aprendizados da infância, mas em outro contexto”. As

oportunidades são:

• O poder ser, por si próprio no mundo externo à sua família.

• O poder de fazer e explorar, de tomar iniciativas, de ir atrás de seus objetos e

de sua turma.

• O poder de pensar em si próprio, de tomar decisões e assumir

responsabilidades de seus atos.

SHINYASHIKI comenta que “o período da adolescência só termina quando

o indivíduo percebe que a felicidade depende dele mesmo e de sua capacidade de

compreender a vida.” Isso só acontece quando o adolescente entende o jeito de amar de

seus pais em relação a ele, passando para uma relação construtiva e prazerosa.

Vida adulta

A adolescência termina quando o indivíduo se convence de que não é mais

um aprendiz, mas que tem identidade formada, sabendo fazer opções e tomar decisões.

A primeira etapa é chamada de adulto jovem e compreende a faixa etária

entre os 20 e os 35 anos de idade, onde o indivíduo assume nova responsabilidade no

decorrer de sua vida: passa ter uma profissão definida e assume o papel materno/paterno,

na área da motricidade diária e do trabalho, o indivíduo encontra-se na completa

expressão gradativa e ativa a fixação das habilidades individuais da motricidade; ocorre

também certo processo de moderação e seus movimentos tornam-se mais calmos, mais

econômicos e objetivos.

A segunda etapa da idade adulta compreende a faixa etária entre os 35-

50/55 anos e é chamada da meia idade. Os indivíduos dominam atividade ligada à

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profissão e são mais estáveis; tendem à moderação, objetividade e economia em toda as

execuções de movimento. A atividade motora, no geral, diminui, o que é lamentável e

contra-indicado. Nos indivíduos treinados, ocorre a manutenção de rendimentos motores

máximos.

Terceira Idade

A velhice ou terceira idade é o período que se inicia aos 55 anos, após o

indivíduo Ter atingido e vivenciado as relações pessoais na fase da maturidade.

O conflito psicossocial básico da velhice é a integridade do ego ( estrutura

da personalidade) e o desespero. Envelhecer assusta. Mas quem consegue encarar como

uma nova fase da vida, cheia de desafios a enfrentar, aproveita-a muito bem. É preciso

apenas se preparar para esse período da existência humana, tanto física como

espiritualmente – renovar os objetivos da vida, manter-se ativo e com a mente ocupada.

Em relação às qualidades motoras básicas, essa deteriorização não é a

mesma quando o indivíduo executou atividade física anterior e periódica. Ocorre, é claro

uma redução da capacidade de aprendizagem, tornando-se mais lenta. No aspecto motor

há agravamento de suas qualidades motoras básicas como agilidade, destreza,

velocidade e força. Há menos massa muscular e diminuição do tônus, podendo emergir a

atrofia muscular. A postura corporal é modificada, com o curvamento gradativo do

corpo para frente e o achatamento das cartilagens intervertebrais, ocasionando a redução

da estrutura do indivíduo.

A reeducação corporal é fator fundamental para o bem – estar desse idoso, a

fim de que o indivíduo envelheça de maneira que suas articulações estejam

suficientemente bem trabalhadas, sua mente bem equilibrada, sua sensibilidade aflorada,

para que este possa aproveitar esse momento de vida tão especial de maneira prazerosa

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6. EXERCÍCIOS PSICOMOTORES

O jogo integra os aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais. Jogar é uma

atividade natural do ser humano, e faz com que a criança envolva-se com o que está

fazendo, colocando seu sentimento e emoção através da ação.

É bom ressaltar que o êxito do processo ensino - aprendizagem depende, em

grande parte, da interação professor - aluno, sendo que neste relacionamento, a atividade

do professor é fundamental.

Ele deve ser, antes de tudo, um facilitador da aprendizagem, criando condições

para que a criança explore seus movimentos, manipule materiais, interaja com seus

companheiros e resolva situações problemas.

As brincadeiras obedecem a um critério de idades aproximadas, as quais, podem

sofrer amplas alterações, em função das diferenças, indiferenças individuais de cada

indivíduo. No caso das pré- escolas, as experiências devem ser vivenciadas a fim de que

sejam internalizadas, assimiladas.

Exercícios de Esquema Corporal

A. Mímica

Os movimentos devem ser realizados por um integrante do grupo, que por

intermédio de gestos, tentará passar para os outros colegas a ação ou o título do filme

que está imitando, sem emitir nenhum som; esse exercício poderá ser feito com crianças,

adolescentes e adultos, ele desenvolve a expressão corporal;

B. Esculturas

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Pedir para que a criança explore seu corpo (mãos, pernas, etc.), após, fará o

mesmo com o (a) companheiro (a) do grupo; após esse reconhecimento, pedir que

esculpa com massa ou argila seu próprio corpo e a do outro indivíduo;

C. Adivinhação – O que é, o que é:

- Que fica em cima do pescoço?

- Que fica entre o pé e o joelho?

- Que fica entre os olhos e a boca?

O indivíduo tenta adivinhar, nomeando a parte do corpo, apontando-a ou

movimentando-a;

D. Nomear partes do corpo, do corpo dos colegas, do corpo de bonecos;

E. Juntar partes do corpo de um boneco num quebra-cabeça;

F. Desenhar uma figura humana, parte por parte.

Exercícios de Lateralidade

a Colocar mãos sobre o contorno de mãos desenhadas pela parede, direita

sobre direita, esquerda sobre esquerda;

b Colocar pés sobre o contorno de pés desenhados pelo chão, direita sobre

direita, esquerda sobre esquerda;

c Desenhar uma linha ou colocar um fio no chão esticado, pedindo que se

posicione em um dos lados e a seguir através de sua solicitação ele deverá se

deslocar com o corpo para o lado solicitado (direita ou esquerda);

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d Fazer gestos diante o espelho, imitando o educador. Colocar-se ao lado do

indivíduo, diante do espelho e ao levantar a parte do corpo ele deverá repetir

levantando o mesmo lado e nomeando (direita e esquerda);

e Colocar a mão direita em alguma parte corporal lado esquerdo e a mão

esquerda em alguma parte corporal do lado direito e através de algum aviso

fará a inversão dos lados;

f Colocar um fio esticado verticalmente entre o teto e o chão. De frente,

encostar o nariz e o umbigo no fio e perceber as partes do corpo que ficaram

para fora. Fazer o mesmo de costa encostando a nuca e as nádegas. Sinalize

os lados das sobras (direita e esquerda).

Exercícios de Coordenação

Coordenação dinâmica global

a Rolar no chão, com os pés juntos e os braços ao longo do corpo, para os dois

lados;

b Engatinhar para frente e para trás, passando sobre obstáculos, por baixo de

mesas e cadeiras, sobre caminhos marcados no chão;

c Andar, correr, pular, dançar, subir;

d Relaxar e tensionar partes do corpo;

e Chutar bolas de diferentes tamanhos e pesos.

Coordenação viso manual ou fina

Exercícios gerais

a Escolher arroz ou feijão;

b Montar quebra-cabeça;

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c Modelar com massa ou argila;

d Rasgar e amassar vários tipos de papel;

e Tocar piano ou outro instrumento de teclado;

f Atarraxar e desatarraxar em modelos apropriados.

Exercícios específicos

a Recortar com o dedo;

b Recortar com tesoura;

c Colar, pintar;

d Perfurar, dobrar;

e Modular, bordar, traçar;

f Contornar.

Exercícios de coordenação visual

a Seguir com os olhos e a cabeça o movimento de um objeto manipulado pelo

educador;

b Andar ao redor de um objeto, sem desviar os olhos dele;

c Seguir apenas com os olhos movimentos; de baixo para cima, da direita para

a esquerda etc.

Exercícios grafomotores

a Passar o dedo indicador da mão dominante sobre uma reta horizontal,

seguindo a orientação da esquerda para direita;

b Fazer um traçado sobre o traçado já feito e repeti-los ao lado igualmente.

Exercícios de Orientação Temporal

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a Marca-se no chão duas linhas, uma de partida e outra de chegada e os

indivíduos ficam um ao lado do outro, atrás da linha de partida. Dado o sinal

de início, o educador lança uma bola fazendo-a deslizar pelo chão na direção

da linha de chegada e todos os indivíduos correm de uma linha para outra.

Todos deverão atravessar a linha de chegada antes da bola;

b Reproduzir ritmos variados com o próprio corpo e com objetos;

c Ouvir histórias, ou músicas que contêm histórias, e depois contar a seqüência

dos fatos;

d Ordenar cartões com figuras e formas e recompor uma história com início,

meio e fim;

e Tendo como referências situações de tempo, indaga-se aos indivíduos

situações que os façam perceber a diferença entre ontem, hoje e amanhã.

f Decifrando sinais: cada sílaba corresponde a um sinal em seguida decifrar a

mensagem através da apresentação dos sinais.

Exercícios de Orientação Espacial

a Pedir para que todos andem pelo ambiente, explorando-o, primeiro com os

olhos abertos e depois com os olhos fechados

b Jogar amarelinha;

c Montar quebra-cabeça;

d Obedecer ordens como: colocar o lápis em cima da mesa,m a caneta embaixo

da cadeira etc.;

e Arremessar bolas em espaços determinados;

f Traçar uma linha entre contornos de linhas paralelas sem toca-las.

Atividades na Área de Comunicação e Expressão

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Exercícios fonoarticulatórios

a Fazer caretas diversas;

b Assoprar apitos, línguas -de- sogra, penas, chama de vela, balão de ar etc.;

c Mastigação;

d Imitar os sons produzidos pelos bichos;

e Fazer bolhas de ar;

f Jogar beijos.

Exercícios respiratórios

a Inspirar pelo nariz e expirar pela boca;

b Inspirar profundamente com a boca fechada, expirar emitindo os vogais,

prolongando-os, até soltar todo o ar;

c Assoprar o ar com força, como quem está enchendo uma bola de ar;

d Respirar de boca aberta, bem perto de um espelho;

e Fechar a boca e inspirar pelo nariz, tapar o nariz e expirar pela boca;

f Inspirar e expirar em etapas: inspirar duas vezes, expirar duas vezes.

Exercícios de expressão verbal e gestual

a Contar a história de seus próprios desenhos;

b Formar histórias a partir de um título;

c Imitar algo, somente com gestos, para os colegas adivinharem o que é;

d Realizar passeios a pé e depois conversar sobre tudo o que foi observado;

e Contar o que vê e fotos ou gravuras. Começar com gravuras que contenham

poucas gravuras;

f Lembrar palavras que comecem ou terminem com um som pedido.

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CONCLUSÃO

A partir do momento que se conhece o que é e para que serve a

Psicomotricidade, percebe-se que ela está inserida em todos os movimentos,

pensamentos ou modos de linguagem. Podendo ser expresso nas palavras de Merleau –

Pont (1964):

Todo movimento humano, quando nascido do dinamismo expressivo

do homem, transforma-se em linguagem. É a corporeidade que se

torna palavras. É o gesto que é linguagem sem possibilidades de se

desvincular o movimento gestual do significado, assim como é

impossível separar a melodia dos sons em uma sinfonia.

A função psicomotora, deve ser estudada como uma unidade onde se integram a

incitação, a preparação, a organização temporal, a memória, a motivação, a atenção etc.

envolvendo dois fenômenos que são fundamentais para ser prática psicomotora o desejar

e o querer.

O mundo psicomotor surge desde as condições intra-uterinas, de parto e

biológicas segundo Freud que traz registros de prazer e desprazer que provocarão

respostas futuras diante das várias experiências vivenciadas.

É através da prática psicomotora, principalmente nos jogos e atividades

periódicas, que a criança irá explorar o mundo que a cerca, diferenciando aspectos

especiais, reelaborando seu espaço psíquico, suas ligações afetivas e domínio de seu

corpo. Partindo do corpo e do que está ao seu redor, a criança estabelece a organização

do espaço e a conquista do mesmo.

Uma criança com desenvolvimento motor satisfatório conhecerá bem seu próprio

corpo e através dele chegará ao domínio do espaço e à adequação no tempo, sua

orientação será precisa, se as informações externoceptivas forem concretas. A

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afetividade da criança exprime-se sempre através da postura, das atividades e dos

comportamentos.

Assim, a evolução afetiva harmoniosa, os contatos bem sucedidos, a aceitação

integral da criança pelo meio, também operam basicamente na formação de um esquema

corporal adequado. A criança que tiver esta integração completa terá muito mais

possibilidades de ser bem sucedida, tanto do ponto de vista da aprendizagem escolar,

como afetiva e socialmente.

Na sala de aula, o aluno busca um espaço para seu corpo, vivendo intensamente

cada momento. Se inibido de imediato haverá bloqueio psicomotor, levando ao

isolamento, ele passa a se tornar observador do mundo.

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BIBLIOGRAFIA:

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CAMUS, JEAN LE. O corpo em discussão – da reeducação psicomotora ás

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FONSECA, V. Manual de observação psicomotora, Lisboa: Editorial notícias,

1992.

JERUZALINSKY, A. Psicanálise e desenvolvimento infantil. Porto Alegre:

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SCHILDER, Paul. A imagem do corpo – as energias construtivas da psiquê.

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ANEXOS:

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FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós- Graduação “Lato Sensu” em Psicomotricidade

Título da monografia: O desenvolvimento do corpo e sua integração na

Psicomotricidade.

Data da entrega: _____________________________________________________

Avaliação:______________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

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_______________________________________________________________________

_______________________.

Avaliado por:________________________________ Grau __________.

__________________,________de _____________________ de ____________.