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0 ESCOLA SUPERIOR BATISTA DO AMAZONAS - ESBAM ROBSON JERÔNIMO DOS SANTOS O DESEMPREGO NA CIDADE DE MANAUS: O ÍNDICE DE DESEMPREGO NO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS APÓS A DEFLAGRAÇÃO DA CRISE GLOBAL INICIADA NO SEGUNDO SEMESTRE DE 2008 Manaus 2009

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Trabalho de conclusão de curso em nivel de bacharelado.

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ESCOLA SUPERIOR BATISTA DO AMAZONAS - ESBAM

ROBSON JERÔNIMO DOS SANTOS

O DESEMPREGO NA CIDADE DE MANAUS: O ÍNDICE DE

DESEMPREGO NO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS APÓS A

DEFLAGRAÇÃO DA CRISE GLOBAL INICIADA NO SEGUNDO

SEMESTRE DE 2008

Manaus

2009

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ROBSON JERÔNIMO DOS SANTOS

O DESEMPREGO NA CIDADE DE MANAUS: O ÍNDICE DE

DESEMPREGO NO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS APÓS A

DEFLAGRAÇÃO DA CRISE GLOBAL INICIADA NO SEGUNDO

SEMESTRE DE 2008

ORIENTADOR: Prof. José Maria Benigno de Freitas

Manaus

2009

Monografia apresentada a Escola Superior Batista do Amazonas - ESBAM, como requisito obrigatório para obtenção do grau de bacharel em Administração de Empresas.

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ROBSON JERÔNIMO DOS SANTOS

O DESEMPREGO NA CIDADE DE MANAUS: O ÍNDICE DE

DESEMPREGO NO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS APÓS A

DEFLAGRAÇÃO DA CRISE GLOBAL INICIADA NO SEGUNDO

SEMESTRE DE 2008

Aprovado em, ___ de dezembro de 2009.

___________________________________

Prof. José Maria Benigno de Freitas

Monografia apresentada a Escola Superior Batista do Amazonas - ESBAM, como requisito obrigatório para obtenção do grau de bacharel em Administração de Empresas.

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DEDICATÓRIA

Aos meus queridos amados e dedicados pais, José e Maria, a minha amada companheira Everlany e a todos os meus familiares que me honram sobremaneira com seu amor incondicional.

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AGRADECIMENTOS

Um agradecimento especial a todos aqueles que apoiaram minha carreira acadêmica até aqui, destacando algumas pessoas muito importantes em minha vida. Meu pai José Jerônimo, minha mão Maria Maia e minha futura esposa Everlany Andress. Obrigado a todos!

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“Quando escrito em chinês a palavra

crise compõe-se de dois caracteres: um

representa perigo e outro representa

oportunidade."

(John F. Kennedy)

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RESUMO

Este projeto, subsidiado por referenciais do método dedutivo e da análise de

conteúdo, versa sobre os malefícios da crise global deflagrada a partir do segundo

semestre de 2008 e suas influências no Pólo Industrial de Manaus, principalmente

no tocante ao grande número de demissões registradas em decorrência da crise. O

processo de estudo que levou ao entendimento do projeto como um todo levou em

consideração duas vertentes básicas, uma imprescindível para o entendimento da

outra. A primeira é a descrição histórica pormenorizada do surgimento das relações

de emprego entre trabalhador e patrão e faz um Histórico também, da implantação

do Pólo Industrial de Manaus. A segunda, mas não menos importante, versa sobre

os tempos atuais e a quebra de varias relações empregatícias, devido ao

surgimento da crise global atual, que difere de outras anteriores a ela por se tratar

de uma crise mercadológica do abalo da confiabilidade e de descrédito empresarial.

O projeto finaliza com a apresentação de uma hipotética saída para reestruturar o

mercado e garantir os empregos dos trabalhadores que permanecem em seus

postos e oferecer novamente a possibilidade de re-alocar os trabalhadores

demitidos em decorrência da crise, em novos cargos ou em cargos que já exerciam

anteriormente.

Palavras – Chave: Pólo Industrial de Manaus, Desemprego, Crise Global,

Qualificação, Medidas Governamentais.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................9

1 TEMA ..................................................................................................................................11

1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................................................11

2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................11

3 OBJETIVOS .......................................................................................................................12

3.1 GERAL .............................................................................................................................12

3.2 ESPECÍFICO ..................................................................................................................12

4 REFERENCIAL TEÓRICO ..............................................................................................13

4.1 DESENVOLVIMENTO E EVOLUÇÃO DAS PRÁTICAS EMPREGATÍCIAS AO

LONGO DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE .....................................................................13

4.1.1 O que é o emprego? ..................................................................................................13

4.1.2 O emprego ao longo da história ...............................................................................13

4.1.3 A importância socioeconômica do emprego ..........................................................14

4.2 A HISTÓRIA DA ZONA FRANCA E DO PÓLO INDUSTRIAL DE MANAUS ......15

4.2.1 A primeira fase do modelo zona franca de Manaus..............................................16

4.2.2 A segunda fase do modelo zona franca de Manaus.............................................17

4.2.3 A terceira fase do modelo zona franca de Manaus...............................................18

4.2.4 A quarta fase do modelo zona franca de Manaus.................................................19

4.2.5 Fase atual do modelo zona franca de Manaus......................................................20

4.2.6 A criação do Pólo Industrial de Manaus (PIM).......................................................22

5 METODOLOGIA................................................................................................................23

5.1 MÉTODO .........................................................................................................................24

5.2 QUANTO À NATUREZA DA PESQUISA...................................................................24

5.3 QUANTO À FINALIDADE DA PESQUISA.................................................................25

5.4 MEIOS DE INVESTIGAÇÃO........................................................................................25

6 A CRISE GLOBAL, SUA DEFLAGRAÇÃO E A INFLUÊNCIA EXERCIDA POR

ELA NO PÓLO INDUSTRIAL DE MANAUS (PIM) ........................................................26

6.1 A CRISE ..........................................................................................................................26

6.2 A INFLUÊNCIA DA CRISE NO BRASIL E NO PIM .................................................29

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6.3 COMPARATIVOS DO PIM, ANTES E DEPOIS DA DEFLAGRAÇÃO DA

CRISE.....................................................................................................................................33

6.4 POLÍTICAS EMPRESARIAIS E GOVERNAMENTAIS DE COMBATE À CRISE

NO BRASIL E NO PIM.........................................................................................................39

6.5 A IMPORTÂNCIA DA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DOS

TRABALHADORES PARA A MANUTENÇÃO E ABERTURA DE NOVAS VAGAS

DE EMPREGO NO PIM.......................................................................................................50

7 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ................................................................................60

8 CRONOGRAMA DE RECURSOS .................................................................................61

CONCLUSÃO .......................................................................................................................62

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................65

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INTRODUÇÃO

O tema aqui enfocado – O desemprego na cidade de Manaus: o índice de

desemprego no Pólo Industrial de Manaus após a deflagração da crise global

iniciada no segundo semestre de 2008 – insere-se no universo de aspirações

explicativas do autor, do ponto de vista do enorme contingente de trabalhadores,

antigos ou não em seus postos, que perderam seus vínculos empregatícios com as

empresas do Pólo Industrial de Manaus a partir da deflagração da crise global em

2008. Tentando mostrar aos leitores, quão grande é a importância da manutenção

dos vínculos empregatícios dessas pessoas, tanto na parte econômica da região,

como na parte social, pois é sabido que o PIM se apresenta ainda como a maior

fonte de renda para a população local.

Em outros termos mais amplos, a grande razão que propiciou a presente

investigação acadêmica, e integralmente a permeou até o fim, foi a extrema

curiosidade sobre o tema abordado bem como a busca de uma saída plausível e

eficaz para o problema abordado neste trabalho acadêmico. Por tanto, se faz

necessária uma investigação minuciosa para que se tenha embasamento às

tentativas de hipotéticas soluções de problemas, principalmente um problema como

o desemprego que é a tônica real do trabalho na sua totalidade.

Partindo para um horizonte mais especifico do projeto, observa-se o seguinte

questionamento pessoal do autor: como as empresas, em parceria com órgãos

governamentais, devem proceder para que o índice de desemprego no Pólo

Industrial de Manaus (PIM) seja diminuído e quais medidas devem ser tomadas para

que isso ocorra?

Não obstante, a analise de problemas como o mencionado aqui, requer uma

sistemática de ação que englobe todo o processo de investigação, do inicio ao fim,

até que se chegue a um patamar satisfatório do âmago da pesquisa. Por tanto, o

passo seguinte foi delimitar o objetivo da presente pesquisa. Logo, objetiva-se por

meio deste estudo, demonstrar a influência da crise global na demissão em massa

que ocorreu no Pólo Industrial de Manaus (PIM) entre o segundo semestre de 2008

e o primeiro de 2009, ressaltando importância da intervenção pública no processo de

reestruturação da economia no pólo industrial, a fim de re-alocar os trabalhadores

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que perderam seus empregos por conta da crise deflagrada num âmbito global a

partir de 2008.

Como o objetivo expressado na sentença anterior ainda se apresentava de

uma forma muito generalizada, se percebeu a necessidade de especificar melhor

este objetivo global, o que levou à definição dos seguintes objetivos particularmente

voltados ao fim real do projeto: a) observar formas de reduzir o índice de

desemprego no Pólo Industrial de Manaus; b) contribuir para o entendimento das

causas da crise global e como ela afeta as indústrias de Manaus; c) apresentar

fatores incentivadores da oferta de novos postos de trabalho nas empresas do pólo

industrial.

Após o delineamento dos objetivos (geral e específico) e a constatação de

certo avanço na pesquisa documental referente ao tema abordado, levou a pesquisa

em direção a criação de uma previa e provisória hipótese de solução para o

problema delineado aqui como base de estudos e pesquisas documentais e

bibliográficas, hipótese esta que poderá ser visualizada ao longo da leitura do

projeto, por qualquer pessoa que se dispuser a analisá-lo.

Por conseguinte, visando à ampla explicitação dos enunciados do objetivo

geral e da hipótese do projeto, devem ser levados em consideração os seguintes

termos conceituais, que permeiam toda a pesquisa: Pólo Industrial de Manaus (PIM)

que se refere ao parque industrial erguido em plena Manaus que oferece vários

incentivos fiscais para que as empresas instaladas se mantenham e para atrair

novos investidores visando o crescimento da região; Zona Franca de Manaus (ZFM),

onde se encontra o parque industrial, abrange uma área de relativo livre comércio

entre paises que comercializam na região, visando reduzir as desvantagens

logísticas; Crise Global, refere-se a crise deflagrada mundialmente no segundo

semestre de 2008 que afetou sobremaneira os mercados do mundo bem como as

relações de emprego que são a tônica principal deste trabalho de pesquisa.

Em relação ao cerne da justificativa deste trabalho, vê-se que o tema por si

só, se justifica, tendo em vista a quantidade de indivíduos destituídos de seus cargos

nas empresas industriais do PIM, que se mostrou bem acima das expectativas, bem

como, a necessidade de se procurar formas de dirimir este déficit para regularizar o

mercado, pois se o trabalhador não possuir uma fonte de renda, também não terá

como adquirir produtos, desta forma, esfriando as relações mercadológicas de

compra e venda que fazem a roda economia girar.

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Desta feita, entende-se que a pesquisa aqui apresentada, oferecerá ao leitor

assíduo ou ocasional, uma visão geral da situação do país em decorrência da crise e

uma visão especifica da vulnerabilidade das empresas industriais, frente aos

desagravos da crise global. Mostra ainda a maciça quebra das relações de emprego

no Pólo Industrial de Manaus e, por conseguinte, tenta vislumbrar formas de

resoluções desta contenda mercadológica que afeta sobremaneira a área social da

região em que o PIM encontra-se inserido.

1 TEMA

O desemprego na cidade de Manaus.

1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA

O índice de desemprego no Pólo Industrial de Manaus após a deflagração da

crise global iniciada no segundo semestre de 2008.

2 JUSTIFICATIVA

O tema apresentado nesse projeto visa buscar soluções praticas para eliminar

o crescente aumento do número de desempregados na cidade de Manaus, mais

especificamente os provenientes do Pólo Industrial de Manaus, visto que a base da

economia são os indivíduos que possuem vinculo empregatício no setor industrial

Manauara, como fonte principal da renda familiar, que aquecem o mercado de

compra e venda de produtos e serviços. Sendo assim, se pelo menos um ou mais

membros das famílias não possuírem vinculo empregatício ou negócio próprio, não

possuirão renda para promover o aquecimento de mercado, o que implicaria

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diretamente na desaceleração econômica e mercadológica na localidade onde

habitam.

3 OBJETIVOS

3.1 GERAL

Demonstrar a influência da crise global na demissão em massa que ocorreu

no Pólo Industrial de Manaus (PIM) entre o segundo semestre de 2008 e o primeiro

de 2009, ressaltando importância da intervenção pública no processo de

reestruturação da economia no pólo industrial, a fim de re-alocar os trabalhadores

que perderam seus empregos por conta da crise deflagrada num âmbito global a

partir de 2008.

3.2 ESPECÍFICO

a) observar formas de reduzir o índice de desemprego no Pólo Industrial de

Manaus;

b) contribuir para o entendimento das causas da crise global e como ela afeta as

indústrias de Manaus;

c) apresentar fatores incentivadores da oferta de novos postos de trabalho nas

empresas do pólo industrial.

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4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 DESENVOLVIMENTO E EVOLUÇÃO DAS PRÁTICAS EMPREGATÍCIAS AO

LONGO DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE

4.1.1 O que é o emprego?

Pode-se conceituar como emprego a relação estável e mais ou menos

duradoura, que existe entre quem organiza o trabalho e quem realiza o trabalho. É

uma espécie de contrato no qual o individuo que é dono dos meios de produção1

paga pelo trabalho de outros indivíduos, que não são possuidores dos meios de

produção, mas contribuem com a força de trabalho para transformar os recursos

oferecidos, por aquele que contrata, em serviços e/ou produtos acabados passíveis

de venda e posterior arrecadação de divisas para o empregador e seu negócio e

ainda para si próprio mediante remuneração pelos serviços prestados (RIFKIM,

1995).

4.1.2 O emprego ao longo da história

Muitos indivíduos confundem as palavras trabalho e emprego e acham que

possuem o mesmo significado, não obstante se deve afirmar que o trabalho

propriamente dito, surgiu muito antes do emprego, o ser humano já mantinha

práticas de trabalho antes mesmo da criação da escrita, quando o ser humano

deixou de ser nômade para fixar-se em um único local, teve que aprender a cultivar

seus alimentos e cuidar da terra onde se estabelecera, bem como, dos animais que

1 Segundo a teoria marxista, o termo meios de produção se refere ao conjunto formado por meios de trabalho e objetos de trabalho - ou tudo o que medeia a relação entre o trabalho humano e a natureza, no processo de transformação da própria natureza. Os meios de trabalho incluem os instrumentos de produção: instalações prediais (fábricas, armazéns, silos etc.), infra-estrutura (abastecimento de água, energia, transportes, telecomunicações, etc.), máquinas, ferramentas, etc.

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serviam tanto como comida como um auxílio nos afazeres diários (CASTELLS,

2007).

Segundo Filho (1970) as práticas empregatícias começaram a se moldar

muito depois, com a relação mestre e aprendiz, onde este aprendiz já era

razoavelmente remunerado pelos trabalhos que completasse e depois de aprender

as práticas da profissão com o seu mestre era avaliado por uma bancada de

mestres e se aprovado, passaria a compor o rol dos mestres também.

O vínculo empregatício nos moldes que conhecemos hoje despontou

realmente a partir da revolução industrial (1929), com a criação das linhas de

produção mecanicista que visavam o maior índice produtivo possível sem uma maior

preocupação com o bem estar da classe trabalhadora empregada (RIFKIM, 1995).

Até que se chegasse às relações trabalhistas de hoje, muito caminho foi

percorrido após a primeira revolução industrial, abordagens mais humanísticas

foram adotadas e o empregado passou a ser observado não mais como uma

máquina, mas também como uma pessoa cheia de necessidades a serem saciadas.

Observa-se também, que em algumas partes do globo estas práticas humanísticas

são sumariamente ignoradas, mas num contexto geral, o humanismo é

predominante (RIFKIM, 1995).

4.1.3 A importância socioeconômica do emprego

As classes dominantes, mundialmente falando, são compostas

exclusivamente de pessoas bem sucedidas e abastadas financeiramente, que

sustentam altos padrões de vida. Mas quando se pensa bem nas economias local e

mundial, percebe-se que os maiores aquecedores do mercado são as famílias de

menor renda que não possuem uma quantidade tão grande de bens materiais e que

estão classificadas entre as classes B e C (RIFKIM, 1995).

Portanto, voltando-se a questão do emprego, pode-se analisar que o vínculo

empregatício entre essas classes é essencial para as divisas de um país, pois,

enquanto o indivíduo socialmente ativo estiver empregado possuirá renda para

adquirir produtos e contratar serviços essenciais ou supérfluos (dependendo de sua

vontade e capacidade) e com isso, este comprador/contratante em potencial,

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fomenta a circulação de renda na localidade onde habita formando uma reação em

cadeia fomentando também a economia de instâncias maiores como, Estado, País e

quiçá alcançando um patamar mundial (PASTORE, 1998).

Tomando esses fatos como objeto de dissertação, torna-se lógica a

percepção de que se não houver uma manutenção do vínculo empregatício, não

haverá circulação de renda, o que desaquecerá o mercado e trará prejuízos

enormes no que se refere à questão sócio-econômica do país (MOURA, 1998).

4.2 A HISTÓRIA DA ZONA FRANCA E DO PÓLO INDUSTRIAL DE MANAUS

A Zona Franca de Manaus (ZFM) foi idealizada pelo Deputado Federal

Francisco Pereira da Silva e criada pela Lei Nº 3.173 de 06 de junho de 1957, como

Porto Livre (BENCHIMOL, 1997).

Dez anos depois, o Governo Federal, por meio do Decreto-Lei Nº 288, de 28

de fevereiro de 1967, ampliou essa legislação e reformulou o modelo, estabelecendo

incentivos fiscais por 30 anos para implantação de um pólo industrial, comercial e

agropecuário na Amazônia. Foi instituído, assim, o atual modelo de

desenvolvimento, que engloba uma área física de 10 mil km², tendo como centro a

cidade de Manaus e está assentado em Incentivos fiscais e extra fiscais, instituídos

com objetivo de reduzir desvantagens logísticas e propiciar condições de

alavancagem do processo de desenvolvimento da área incentivada (SUFRAMA,

2009;).

No mesmo ano de 1967, por meio do Decreto-Lei nº 291 , o Governo Federal

define a Amazônia Ocidental tal como ela é conhecida, abrangendo os Estados do

Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. A medida visava promover a ocupação

dessa região e elevar o nível de segurança para manutenção da sua integridade.

Um ano depois, em 15 de agosto de 1968, por meio do Decreto-Lei Nº 356/68, o

Governo Federal estendeu parte dos benefícios do modelo ZFM a toda a Amazônia

Ocidental (SUFRAMA, 2009).

A partir de 1989, a Superintendência da Zona Franca de Manaus

(SUFRAMA), que administra o modelo, passou a abrigar em sua área de jurisdição

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sete Áreas de Livre Comércio2 (ALCs), criadas com objetivo promover o

desenvolvimento de municípios que são fronteiras internacionais na Amazônia e

integrá-los ao restante do país, por meio da extensão de alguns benefícios fiscais do

modelo ZFM, da melhoria na fiscalização de entrada e saída de mercadorias e do

fortalecimento do setor comercial, agroindustrial e extrativo (SUFRAMA, 2009).

A primeira a ser criada foi a de Tabatinga, no Amazonas, por meio da Lei nº

7.965/89. Nos anos seguintes, foram criadas as de Macapá-Santana (Lei nº

8.387/91, artigo II), no Amapá; Guajará-Mirim (Lei nº 8.210/91), em Rondônia;

Cruzeiro do Sul e Brasiléia-Epitaciolândia (Lei nº 8.857/94), no Acre; e Bonfim e Boa

Vista (Medida Provisória 418/08), em Roraima. O histórico do modelo ZFM pode ser

configurado em quatro fases distintas até chegar a fase atual (SUFRAMA, 2009).

4.2.1 A primeira fase do modelo zona franca de Manaus

De 1967 a 1975, a política industrial de referência no país caracterizava-se

pelo estímulo à substituição de importações de bens finais3 e formação de mercado

interno (BENCHIMOL, 1997).

Nesta fase, o modelo ZFM tinha como aspectos relevantes:

a) a predominância da atividade comercial (sem limitação de importação de

produtos, exceto armas e munições, fumos, bebidas alcoólicas, automóveis

de passageiro e perfumes);

b) grande fluxo turístico doméstico, estimulado pela venda de produtos cuja

importação estava proibida no restante do país;

c) expansão do setor terciário4; e

2 Dá-se o nome de área de livre comércio (ALCs) ou zona de livre comércio a um grupo de países que concordou em eliminar as tarifas, quotas e preferências que recaem sobre a maior parte dos (ou todos os) bens importados e exportados entre aqueles países. O propósito da área de livre comércio é estimular o comércio entre os países participantes por meio da especialização, da divisão do trabalho e da vantagem comparativa. 3 Bens Finais são bens que não vão ser transformados ou incorporados a outros bens. Eles já estão prontos para o uso. 4 O setor terciário da economia envolve a prestação de serviços às empresas, bem como aos consumidores finais. Os serviços podem envolver o transporte, distribuição e venda de mercadorias do produtor para um consumidor que pode acontecer no comércio atacadista ou varejista, ou podem envolver a prestação de um serviço, como o antiparasitas ou entretenimento.

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d) início da atividade industrial, com atividade baseada em CKD – Completely

Knock-Dow e SKD – Semi Knock-Down (produtos totalmente ou semi-

desmontados) e com liberdade de importação de insumos. O lançamento da

pedra fundamental do Distrito Industrial ocorreu em 30 de setembro de 1968.

A SUFRAMA, por seu turno, tinha como principais características

institucionais, o controle de entradas e estocagem de mercadorias, com predomínio

da função aduaneira e foco de atuação em Manaus (SUFRAMA, 2009).

4.2.2 A segunda fase do modelo zona franca de Manaus

Compreendeu o período de 1975 a 1990. Nesta fase, a política industrial de

referência no país caracterizava-se pela adoção de medidas que fomentassem a

indústria nacional de insumos, sobretudo no Estado de São Paulo. O modelo ZFM

passou a ter as seguintes características (SUFRAMA, 2009):

a) com a edição dos Decretos-Leis Nº 1435/75 e 1455/76, foram estabelecidos

Índices Mínimos de Nacionalização para produtos industrializados na ZFM e

comercializados nas demais localidades do território nacional;

b) foram estabelecidos, ainda, limites máximos globais anuais de importação

(contingenciamento);

c) cresce a indústria de montagem em Manaus, também contribuindo com o

fomento de uma indústria nacional de componentes e insumo. Em 1990, a

indústria de Manaus registrou um dos seus melhores desempenhos, com a

geração de 80 mil empregos diretos e faturamento de US$ 8,4 bilhões;

d) o comércio permanece como vetor dinâmico;

e) os incentivos do modelo ZFM são estendidos para a Amazônia Ocidental;

f) é criada a primeira das sete Áreas de Livre Comércio (ALCs), em Tabatinga,

Amazonas, conforme a Lei nº. 7.965/89;

g) é prorrogado, pela primeira vez, o prazo de vigência do modelo ZFM, de 1997

para 2007, por meio do Decreto nº 92.560, de 16 de abril de 1986. Em 1998,

por meio do Artigo 40 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição

Federal, o prazo foi prorrogado para até 2013.

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A SUFRAMA passou a operar com a gestão dos incentivos e o controle de

projetos industriais e expandiu suas ações para os estados da Amazônia Ocidental,

com a implantação de unidades descentralizadas e Áreas de Livre Comércio (ALCs)

(SUFRAMA, 2009).

4.2.3 A terceira fase do modelo zona franca de Manaus

Compreendeu os anos de 1991 e 1996. Nesta fase, entrou em vigor a Nova

Política Industrial e de Comércio Exterior, marcada pela abertura da economia

brasileira, redução do Imposto de Importação para o restante do país e ênfase na

qualidade e produtividade, com a implantação do Programa Brasileiro de Qualidade

e Produtividade (PBPQ) e Programa de Competitividade Industrial. A edição da Lei

8.387 de 30 de dezembro de 1991, estabeleceu profundas mudanças no modelo

ZFM (SUFRAMA, 2009).

O modelo ZFM foi obrigado a adaptar-se à nova política industrial de

referência do país, vivenciando as seguintes características:

a) perda de relevância do comércio, que deixou de ter a exclusividade das

importações como vantagem comparativa;

b) eliminação dos limites máximos globais anuais de importação, por meio do

Decreto nº 205, de 5 de setembro de 1991;

c) adoção de redutor de 88% do Imposto de Importação para a ZFM, com a

edição da Lei 8.387 de 30 de dezembro de 1991;

d) adoção do Processo Produtivo Básico (PPB), em substituição ao Índice

Mínimo de Nacionalização;

e) a Lei 8.387/91 também estabeleceu que as indústrias de produção de bens e

serviços de informática, para fazer jus aos incentivos do modelo ZFM, devem

aplicar, anualmente, no mínimo 5% do seu faturamento bruto em atividades

de pesquisa e desenvolvimento a serem realizadas na Amazônia;

f) por meio do Decreto nº 783 de 25 de março de 1993, as indústrias ficaram

obrigadas a implantar normas técnicas de qualidade, conforme padrões de

entidades credenciadas pelo Instituto nacional de Metrologia, Normalização e

Qualidade Industrial (INMETRO);

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19

g) as empresas do Pólo Industrial de Manaus deram início a um amplo processo

de modernização industrial, com ênfase na automação5, qualidade e

produtividade; Em 1996, a reestruturação do parque fabril refletiu em

faturamento recorde para aquela década, da ordem de US$ 13,2 bilhões;

h) foi criada a Área de Livre Comércio de Macapá-Santana, no Amapá, únicos

municípios da Amazônia Oriental que integram a área de jurisdição da

SUFRAMA.

A SUFRAMA adotou, nesta fase, o planejamento corporativo de orientação e

passou a atuar na gestão dos Processos Produtivos Básicos (PPBs), na atração e

promoção de investimentos e no desenvolvimento de ações capazes de irradiar os

efeitos positivos do Pólo Industrial de Manaus, com a intensificação dos

investimentos em toda sua área de jurisdição. Nesta fase, a Autarquia torna-se

braço político federal na região (SUFRAMA, 2009).

4.2.4 A quarta fase do modelo zona franca de Manaus

Compreende o período de 1996 a 2002, em que a política industrial de

referência do país caracterizava-se por sua adaptação aos cenários de uma

economia globalizada e pelos ajustes demandados pelos efeitos do Plano Real,

como o movimento de privatizações e desregulamentação (SUFRAMA, 2009).

Nesta fase, o modelo ZFM tinha como principais características:

a) a inclusão da função exportação como política intencional, com objetivo de

estimular as vendas externas do Pólo Industrial de Manaus, que saíram de

pouco mais de US$ 140 milhões em 1996 para US$ 2 bilhões em 2005;

b) esgotamento das ALC’s como instrumentos de interiorização do modelo ZFM.

Nos moldes em que foram criadas, com incentivos para importação, perderam

relevância com a abertura da economia do país;

5 Automação (do latim Automatus, que significa mover-se por si), é um sistema automático de controle pelo qual, os mecanismos verificam seu próprio funcionamento, efetuando medições e introduzindo correções, sem a necessidade da interferência do homem. Automação é a aplicação de técnicas computadorizadas ou mecânicas para diminuir o uso de mão-de-obra em qualquer processo, especialmente o uso de robôs nas linhas de produção. A automação diminui os custos e aumenta a velocidade da produção (Lacombe, 2004)

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20

c) estabelecimento de critérios para repasse de recursos financeiros da

SUFRAMA para promoção do desenvolvimento regional, por meio da

Resolução nº 052, de 01 de agosto de 1997, tornando a distribuição mais

equânime;

d) busca de ampliação da competitividade tecnológica das indústrias de

Manaus, que teve como marco inicial a criação do Centro de Ciência,

Tecnologia e Inovação do Pólo Industrial de Manaus 6(CT-PIM);

e) iniciativas para criação de um pólo de bioindústrias na Amazônia que

culminou com a implantação do Centro de Biotecnologia da Amazônia,

inaugurado em 2002.

A SUFRAMA passou a operar, nesta fase, como instância regional das

políticas industriais nacionais e como articuladora e mediadora de interesses

regionais. Nesse período, a autarquia consolida o seu planejamento estratégico,

aperfeiçoando seus sistemas de controle, incluindo em suas estratégias a função

tecnológica e realiza a primeira Feira Internacional da Amazônia, como ferramenta

para promover a inserção internacional competitiva do modelo (SUFRAMA, 2009).

4.2.5 Fase atual do modelo zona franca de Manaus

Entra em vigor a Política de Desenvolvimento Produtivo7 (PDP) em

aprofundamento da Política Industrial Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE),

que prevê maior eficiência produtiva e capacidade de inovação das empresas e

expansão das exportações. A PDP define macro metas para o país, até 2010, que

prevêem o aumento da formação bruta de capital fixo, maior dispêndio do setor

privado em pesquisa e desenvolvimento (P&D), e ampliação das exportações

brasileiras, em especial, das micro e pequenas empresas (SUFRAMA, 2009).

6 O CT-PIM foi criado para promover a aplicação de conhecimentos científicos e tecnológicos avançados para o desenvolvimento econômico, ambiental e social sustentável da Zona Franca de Manaus, a partir do Pólo Industrial de Manaus e da Amazônia Ocidental. Seu objetivo primordial é suprir a necessidade de agregação de valor aos produtos regionais, através de capacitação tecnológica voltada ao melhor aproveitamento das potencialidades regionais e geração de práticas e conhecimentos com foco na inovação e no aumento da competitividade. 7 A Política de Desenvolvimento Produtivo consta de quatro macro metas, que têm o objetivo de acelerar o investimento fixo; estimular a inovação; ampliar a inserção internacional do Brasil e aumentar o número de micro e pequenas empresas exportadoras.

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Em 2006 foi regulamentada, por meio de decreto presidencial, a nova Lei de

Informática, que prorrogou de 2009 até 2019 incentivos fiscais para o setor em todo

país. O Decreto 5.906, de 26 de setembro de 2006, regulamentou artigos da Lei n.º

11.077, de 30 de dezembro de 2004, da Lei n.º 8248, de 23 de outubro de 1991 (que

dispõem sobre a capacitação e competitividade do setor de informática e

automação) e da Lei n.º 10.176, de 11 de janeiro de 2001, (este último dispõe sobre

a capacitação e competitividade do setor de tecnologias da informação),

(SUFRAMA, 2009).

Entra em operação, em 2007, o Sistema Brasileiro de TV Digital, padrão de

transmissão digital baseado no sistema japonês ISDB-T (Serviço Integrado de

Transmissão Digital Terrestre), que é apontado como o mais flexível entre os

existentes, ao permitir mobilidade e portabilidade. Este novo cenário incrementa o

processo de convergência digital no país (SUFRAMA, 2009).

Concentra-se nesta fase também a implementação estratégica do Processo

Produtivo Básico (PPB) dos biocosméticos, estabelecendo as participações em valor

agregado local e as quantidades mínimas de utilização de insumos regionais, por

intermédio da Portaria Interministerial n.º842, de 27 de dezembro de

2007(SUFRAMA, 2009).

Características atuais do modelo Zona Franca de Manaus:

a) o prazo de vigência do modelo foi prorrogado de 2013 para 2023, por meio da

Emenda Constitucional n.º 42, de 19 de dezembro de 2003;

b) a definição de Processos Produtivos Básicos (PPBs) para produtos fabricados

no PIM é orientada pelo maior adensamento de cadeias produtivas nacionais,

inclusive dos biocosméticos;

c) há um esforço para ampliar a inserção internacional do modelo, sobretudo por

meio de missões comerciais, participação em acordos de comércio exterior e

realização de eventos de promoção comercial, a exemplo da Feira

Internacional da Amazônia;

d) permanece a busca pelo aumento das exportações e maior equilíbrio da

balança comercial;

e) há um esforço das indústrias do Pólo Industrial de Manaus (PIM) em fomentar

o adensamento tecnológico do parque industrial, por meio de investimentos

em institutos de pesquisa regionais, sobretudo advindos de recursos do

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percentual destinado à Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), determinado pela

Lei de Informática em vigor;

f) ampliam-se os investimentos da SUFRAMA em projetos de modernização

produtiva e infra-estrutural, nos municípios da sua área de atuação,

envolvendo construção de aeroportos, estradas, estrutura turística, projetos

pilotos de produção e capacitação de mão-de-obra.

A Suframa, na fase atual, consolida o processo de revisão do seu

planejamento estratégico, em que melhor configura o desempenho da sua função de

agência de desenvolvimento regional. Ao mesmo tempo, incrementa projetos para o

fortalecimento do PIM e o aproveitamento de potencialidades regionais, sobretudo

por meio do Centro de Ciência, Tecnologia e Inovação do Pólo Industrial de Manaus

(CT-PIM) e do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) (SUFRAMA, 2009).

A autarquia trabalha, ainda, no aprofundamento e aperfeiçoamento da função

de fomento e fiscalização de projetos fim (Industriais, Agropecuários, etc.);

institucionalização da função de agência de desenvolvimento (execução de estudos,

fomento a projeto-meio, infra-estrutura, P&D etc.); na expansão e integração de

atividades de prospecção tecnológica, inteligência comercial e de planejamento

estratégico, e na expansão de atividades de estudos e pesquisas sobre políticas

públicas e desenvolvimento socioeconômico na Amazônia Ocidental (SUFRAMA,

2009).

Desenvolve ações para fortalecer o sistema regional de Ciência, Tecnologia e

Inovação, por meio da aplicação de recursos em estruturas de ensino e P&D,

formação de recursos humanos pós-graduado, e de acordos de cooperação técnico-

científica com instituições nacionais e internacionais. Também apóia a cooperação e

integração econômica da Pan-Amazônia (SUFRAMA, 2009).

4.2.6 A criação do Pólo Industrial de Manaus (PIM)

O pólo Industrial de Manaus possui mais de 450 indústrias de alta tecnologia

gerando mais de meio milhão de empregos, diretos e indiretos somente na cidade de

Manaus e outros 60 mil nos demais estados da região. O lançamento da pedra

fundamental do Distrito Industrial, no dia 30 de setembro de 1968, reunindo no ato o

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superintendente da Zona Franca de Manaus, Floriano Pacheco, e o governador do

Amazonas, Danilo Duarte de Mattos Areosa, marcou também a aprovação do

primeiro projeto industrial para instalar-se na ZFM: o da indústria Beta S/A,

fabricante de jóias e relógios, que funcionou até meados da década de 90

(BENCHIMOL, 1997).

A área escolhida situa-se entre as terras pertencentes ao Campus

Universitário, num total de aproximadamente, 1.700 hectares divididos em

aproximadamente, 150 lotes, hoje, totalmente ocupados (SUFRAMA, 2009).

Os trabalhos de infra-estrutura começaram no final de 1969, com a instalação

das redes de energia elétrica, água e esgotos, abertura da malha viária. Todas as

obras foram feitas com recursos próprios. Em 1972, o Distrito recebe a primeira

indústria, a CIA - Companhia Industrial Amazonense, ocupando uma área de 45.416

m², para produção de estanho e, logo em seguida, a Springer, para produção de

aparelhos de ar condicionado (SUFRAMA, 2009).

O Distrito possui estação de captação e tratamento de água, rede de esgotos

sanitários e de telecomunicações e sistema viário com 48 km de ruas asfaltadas e

com manutenção própria. Os lotes são vendidos às empresas a preço simbólico,

com prazo de 10 anos para pagamento (SUFRAMA, 2009).

Em 1980, a SUFRAMA adquiriu uma área de 5.700 ha, contígua à do Distrito

já ocupado, para expansão. Nessa área já estão instaladas algumas empresas, nos

1000 ha que receberam toda a infra-estrutura necessária à ocupação. Da mesma

forma que o Distrito I, esta área foi planejada preservando-se áreas verdes em

proporção às áreas construídas, visando à manutenção do equilíbrio ecológico

(SUFRAMA, 2009).

5 METODOLOGIA

O presente projeto foi baseado em pesquisas de ordem documental, junto à

instituição literárias (bibliotecas) bem como, em pesquisas via internet em sites

relacionados ao tema.

A pesquisa consistiu em visitas periódicas aos estabelecimentos

mencionados acima e também a órgãos públicos relacionados à questão

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empregatícia na cidade de Manaus. Os dados recolhidos foram divididos em ordem

de importância documental e em dois níveis:

a) nível geral do tema – apresentação ampla do teor didático e prático da

pesquisa;

b) nível especifico do tema – ênfase no ponto central da temática, foco principal

da pesquisa.

O estudante universitário desenvolve habilidades teóricas e práticas que

facilitam o desenvolvimento do processo de investigação diante da necessidade de

tomar decisões oportunas na busca do saber e na formação do estado de espírito

crítico, daí a importância da metodologia na vida acadêmica (GONÇALVES 2005).

5.1 MÉTODO

O método de abordagem adotado será o dedutivo que, segundo Gonçalves

(2005) parte de verdades universais para obter conclusões particulares, e é muito

requisitado na lógica e na matemática.

Método proposto pelo racionalismo que pressupõe que só a razão é capaz de

levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o

conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem

descendente, de análise do geral para o particular, chega a uma conclusão

(DESCARTES, 1994).

Usa o silogismo, construção lógica para, a partir de duas premissas, retirar

uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão

(GONÇALVES, 2005).

5.2 QUANTO À NATUREZA DA PESQUISA

A pesquisa do presente projeto se mostra de natureza original, já que

usa textos e publicações de outros autores somente com o intuito de embasar um

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novo texto que apresenta idéias novas sobre o tema abordado, diferindo assim de

um projeto de resumo de assuntos preexistentes (GONÇALVES, 2005).

5.3 QUANTO À FINALIDADE DA PESQUISA

No presente trabalho a pesquisa se classificará como exploratória e

descritiva. A pesquisa exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o

problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que

esse tipo de pesquisa objetiva o aprimoramento de idéia ou a descoberta de

intuições. Na maioria dos casos a pesquisa exploratória assume a forma de

pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso (GIL, 2002).

Ainda segundo Gil (2002) a pesquisa descritiva têm como objetivo primordial

a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, o

estabelecimento de relações entre variáveis. Apresenta como característica mais

significativa a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como

questionário e observação sistemática.

5.4 MEIOS DE INVESTIGAÇÃO

Para a elaboração do presente projeto usou-se como base de investigação as

pesquisas, Bibliográfica e Documental, a pesquisa documental consiste no primeiro

passo em todo e qualquer tipo de pesquisa, tem como finalidade, conhecer as

diferentes contribuições cientificas sobre o assunto que se pretende abordar,

revisando a literatura existente para não repetir estudos e experimentações já feitas

na área (GONÇALVES, 2005).

Em relação à pesquisa Documental, tratasse de recolher todo e qualquer

registro escrito ou não que possa ser usado como fonte de informação e servir de

prova do momento em que o fenômeno ocorreu, ou depois, ampliando muito seu

campo de atuação, pois leva em consideração também, arquivos como fotos,

filmagens e audiovisuais (GONÇALVES, 2005).

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6 A CRISE GLOBAL, SUA DEFLAGRAÇÃO E A INFLUÊNCIA EXERCIDA POR

ELA NO PÓLO INDUSTRIAL DE MANAUS (PIM)

6.1 A CRISE

A crise americana deflagrada no resto do mundo em 2008 se desenvolveu no

mercado imobiliário americano, mas teve sua gênese na crise das empresas de

tecnologia em 2001, as chamadas "pontocom", que eram supervalorizadas por

serem uma novidade que apresentava números altíssimos de possibilidade de

desenvolvimento e expansão, por tanto, passíveis de altos investimentos sem o

cálculo necessário do risco de se investir nesse tipo de vertente mercadológica,

logo, quando estas empresas se desvalorizaram, levaram muitos investidores à

bancarrota ou a reverterem seus investimentos para outros campos de negócio

(MENDONÇA et al., 2009).

Depois da crise de 2001 (bolha da internet)8, a solução para recuperar o

mercado foi injetar dinheiro na economia através da constante queda dos juros pelo

Federal Reserve (o Banco Central dos EUA), com tudo, não se previu a tempo o que

ocorreria após as reduções drásticas nas taxas de juros. Com as divisas abundantes

e uma taxa de juros irrisória proveniente dos bancos, estes passaram a emprestar

dinheiro sem muito critério principalmente para quem quisesse adquirir uma casa

própria, não se importando muito com a credibilidade e a capacidade do tomador de

arcar com a hipoteca do imóvel. Até imigrantes ilegais tiveram acesso fácil a

financiamentos de US$ 50.000 (MENDONÇA et al., 2009).

Este fato ocorreu devido à ânsia dos executivos dos bancos que tentavam a

qualquer custo aumentar os lucros para que pudessem aumentar os seus bônus

(concedidos baseados no número de empréstimos realizados), executivos esses que

obtiveram lucros exorbitantes em detrimento a estabilidade da economia. Para isso

investiram maciçamente nesse segmento de tomadores de empréstimo de baixa

8 “Bolha da Internet” que teve seu início nos meados da década passada, e estourou em 2001 fazendo com que o mercado de ações despencasse, levando à bancarrota diversas empresas. A Bolha da Internet foi à alucinada busca por ações de tecnologia por parte de investidores, que levou empresas recém-nascidas ficarem milionárias da noite para o dia e morrerem endividadas em menos de três anos.

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renda, com possível histórico de inadimplência e com dificuldade de comprovação

de renda, (MENDONÇA et al., 2009).

Apesar dos lucros que já haviam obtido, para adquirir mais dinheiro para

emprestar, os bancos passaram a emitir títulos que tinham a dívida subprime9 de

seus clientes como garantia, e esses títulos passaram a servir de garantia a outros

títulos e assim por diante. Após a constatação de que essas dívidas advindas de

empréstimos desregrados não seriam quitadas pelos mutuários, pois os endividados

se tornaram inadimplentes, o sistema bancário viu que uma montanha de papéis

dados como garantia simplesmente não valiam nada. Não obstante, ninguém

emprestava mais nada para ninguém e quem tinha uma dívida muito maior que o

patrimônio, através de um processo conhecido como alavancagem10 , não tinha mais

como refinanciá-la e quebrou (MENDONÇA et al., 2009).

Quando grandes bancos de investimento, tradicionais, daqueles que dão nota

de risco-país para países como o Brasil, começaram a quebrar, empresas

começaram a ser vendidas para não falir, a crise deixou de ser imobiliária e passou

a ser de todo o sistema financeiro (MENDONÇA et al., 2009).

Gráfico 1 – Produção Industrial. Fonte: FGV, 2008.

9 Dividas subprime são aquelas em que os tomadores de empréstimos são pessoas de baixo poder aquisitivo e de alto risco financeiro (BOOKSTABER, 2008). 10 Dividas no processo de alavancagem: investir mais dinheiro do que aquele que na realidade se tem (BOOKSTABER, 2008).

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No gráfico demonstrado acima, é visível o declínio da confiança

mercadológica percebida até meados do ano de 2008, principalmente no que tangia

o setor produtivo industrial, transformando os aspectos da crise, de essência

financeira, em pânico generalizado principalmente para os países mais

industrializados11 que dependiam e dependem do setor de transformação para

manter suas características mercadológicas em relação ao resto do globo

(MENDONÇA et al., 2009).

A confiança dos investidores desapareceu e somado a outros índices, como a

taxa de desemprego, fez com que as ações começassem a despencar e o fantasma

da recessão começar a se materializar. Como os EUA é o país que mais compra

produtos de outros países a crise se tornou global. Um clássico efeito dominó

(MENDONÇA et al., 2009).

Figura 1 – Como começou a crise. Fonte: Vilammo, 2008 A figura disposta acima, mostra de forma resumida, passo a passo o que

causou o desenvolvimento da crise mundial, avistada e sentida pelo mundo todo a

partir do ano de 2008, no Brasil mais especificamente a partir do segundo semestre

do referido ano.

11 O grupo dos paises mais industrializados e desenvolvidos economicamente do mundo também chamado de G8 é composto por: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia.

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6.2 A INFLUÊNCIA DA CRISE NO BRASIL E NO PIM

Neste tópico será abordado o tema principal deste trabalho, mas antes de

partir diretamente a esse foco é primordial que se recorde como e em que momento

a crise global se instalou realmente no Brasil, para depois ressaltar como a referida

crise afetou sobremaneira as relações de emprego, principalmente no setor

industrial, e em se tratando do projeto em questão, mais especificamente nos

vínculos empregatícios do pólo industrial de Manaus. Em meados de agosto de 2008

o dólar ainda era cotado em torno de R$ 1,60. Em pouco mais de quarenta dias,

especificamente em 18 de outubro de 2008, o dólar já fechara com uma cotação em

torno de R$2,30 apresentando dessa forma uma desvalorização de mais de 30%.

Segundo Silva (2009, p.2):

[...] Ela (a crise) é conseqüência da crença cega na capacidade de auto-regulação dos mercados e, em grande medida, na falta de controle sobre as atividades de agentes financeiros. Por muitos anos especuladores tiveram lucros excessivos, investindo o dinheiro que não tinham em negócios mirabolantes. Todos estamos pagando por essa aventura. [...].

Esta rápida e fulminante desvalorização do câmbio fez com que a economia

brasileira se desestabilizasse. Diversas empresas do setor produtivo, principalmente

as empresas exportadoras, sofreram prejuízos bastante significativos com a

desvalorização do real. Um dos efeitos mais imediatos sentidos no Brasil foi a baixa

das cotações em bolsas de valores, provocado pela venda maciça de ações de

especuladores de curto prazo estrangeiros, que visavam de qualquer maneira

repatriar seus capitais para cobrir suas perdas em seus paises de origem

(MENDONÇA et al., 2008; KRUGMAN, 2009).

Para que se entenda melhor o que foi dito no parágrafo anterior, é preciso

ressaltar que, existe uma taxa no Brasil denominada de, taxa Selic12 (Especial de

Liquidação e Custódia), a qual concerne o juro oficial (taxa básica de juro), ou seja,

aquele pelo qual o governo paga os investidores e pelo qual, empresários de

12 A taxa SELIC é um índice pelo qual as taxas de juros cobradas pelos mercados se balizam. É a taxa básica utilizada como referência pela política monetária. A taxa overnight do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) expressa na forma anual, é a taxa média ponderada pelo volume das operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e realizadas no SELIC, na forma de operações compromissadas. É divulgada pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

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grandes setores pagam o governo quando emprestam, dito isso, observa-se também

que a taxa Selic Brasileira é uma das mais altas do mundo, chegando ao segundo

semestre de 2008 a um valor de 13,75% ao ano. Com a taxa considerada alta,

muitos dos chamados investidores se mostram como especuladores de mercado.

Emprestam dinheiro porque tem a certeza que receberão de volta o valor investido

com alta correção (GONÇALVEZ, 2009).

A operação mais freqüente nesse nicho é aquela em que os grandes

empresários obtém dinheiro do governo americano ao juro de 4,5% ao ano e, por

conseguinte, emprestam ao brasileiro a 13,75% ao ano. Como muitos desses

investidores tiveram grandes prejuízos porque compraram ações das empresas de

construção civil americanas, que praticamente faliram, recorreram à retirada dos

empréstimos feitos ao Brasil para repatriá-los e sanar dívidas provenientes da

quebra do setor imobiliário Norte Americano (GONÇALVEZ, 2009).

Esta situação fez com que aumentasse exponencialmente a saída de dólares

do mercado brasileiro. Com a diminuição da oferta de dólares no mercado e a

grande procura por parte dos que necessitavam de dólares para realizar transações

comerciais, observou-se um aumento do valor da moeda, visto que, de acordo com

a lei de mercado, quanto menor a oferta maior o valor. Na outra ponta, as mesmas

empresas internacionais, atingidas pela crise, passaram a ter movimento menor e,

conseqüentemente, diminuíram a compra de produtos nacionais, como o aço, no

caso da Rússia. Logo, se as empresas nacionais diminuem suas exportações,

precisam reduzir seu quadro funcional e, por conseguinte os trabalhadores

desempregados deixaram de comprar, esfriando as relações de mercado. Segundo

Silva (2009, p.5):

[...] A crise não se resolve com choradeira nem com pessimismo e sim com investimento e com trabalho, e isso é o que eu vou continuar fazendo porque eu acredito no potencial do Brasil... , quando a crise financeira internacional intensificou seus efeitos negativos no quarto trimestre deste ano, o Brasil foi um dos primeiros a divulgar medidas que pudessem conter o impacto da crise sobre a economia real.

Em se tratando das Indústrias, logo em meados de 2008 se percebia que a

crise não só afetaria a produção como a venda de produtos ao longo dos meses

seguintes, pois as exportações apresentaram um decréscimo muito acentuado. Em

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dezembro de 2008, de acordo com a CNI13 (Confederação Nacional da Indústria) o

setor Industrial no Brasil já apresentava os piores resultados dos últimos seis anos, o

emprego na indústria caiu 0,5% em relação a novembro e as horas trabalhadas na

produção caíram 8%, reduzindo assim a utilização da capacidade total das

empresas que ficou em 80,2% nesse período (CUCOLO, 2009).

Gráfico 2 – Produção Industrial. Fonte: IBGE, 2009.

Como se pode observar no gráfico acima, a produção industrial no Brasil em

janeiro de 2009 apresentava um decréscimo vultoso, demonstrado pelos números

negativos que variam de, -5,32% até -33,21% entre os estados da federação, no

mês de março de 2009 a produção nas indústrias brasileiras recuou em -10,0%, na

somatória do primeiro trimestre de 2009 a produção industrial no país recuou em -

14,7% em comparação com o mesmo período do ano de 2008 (BERGAMINI, 2009).

13 A Confederação Nacional da Indústria (CNI) é a instituição máxima de organização do setor

industrial brasileiro. Coordena um sistema formado por 27 federações de indústria dos estados e do Distrito Federal - às quais estão filiados 1.016 sindicatos patronais - e administra o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Instituto Evaldo Lodi (IEL). Foi criada em 12 de agosto de 1938 por uma iniciativa de quatro federações de indústrias: São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro (capital do Brasil à época). Sua sede é localizada em Brasília no edifício Roberto Simonsen.

PRODUÇÃO INDUSTRIAL, JAN. 2009 BASE: IGUAL PERÍODO DE 2008

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Partindo para o foco principal deste projeto, observa-se que os malefícios da

crise global que desestabilizaram o país também fazem parte da realidade do Pólo

Industrial de Manaus (PIM). Com a queda na produção e a baixa nas exportações as

empresas industriais também declinaram, não suportando mais manter o quadro de

funcionários que excedia o potencial produtivo das empresas naquele momento,

muitas delas começaram a romper seus contratos, demitindo até mesmo os

funcionários mais experientes, a fim de se manter no mercado que se mostrava cruel

após a deflagração da crise no Brasil. O saldo de demissões no ano de 2008

apresentava um aumento de 35% em relação a 2007, além da redução oficial de

4.500 postos de trabalho com base no ano anterior (FUOCO, 2009).

Isso somente entre os trabalhadores com mais de 1 ano de carteira assinada,

estimando-se que mais 6.000 empregados, com um período de trabalho menor que

o citado anteriormente, foram destituídos de seus cargos. Mesmo levando em

consideração que nos ultimo meses do ano, são comuns as demissões devido

contratações temporárias, observa-se que o número de demissões excedeu uma

simples dispensa de temporários, somente a somatória dos meses de novembro e

dezembro de 2008 chegou a 4.312 demissões, enquanto que no mesmo período do

ano anterior chegava-se a um número máximo de demissões de 1.857 trabalhadores

da indústria (FUOCO, 2009).

Logo, os empresários de Manaus viram que a crise havia de fato se instalado

em todo pólo industrial e que ainda traria muitas preocupações. Mesmo no mês de

janeiro de 2009, mês em que geralmente não se computa nenhuma demissão, já se

via que 800 demissões haviam sido promovidas por seis companhias do Pólo

Industrial de Manaus (FUOCO, 2009). A redução da jornada de trabalho e as férias

coletivas foram algumas das medidas adotadas pelas indústrias para lidar com

situações como a falta de componentes importados para montagem de produtos,

que diminuíram no mercado externo e impedem a importação para o Brasil, e com a

redução de parte da produção em algumas empresas diretamente afetadas pela má

fase econômica (MOTA, 2009).

Empresas dos setores de duas rodas, termoplástico e eletroeletrônico, por

exemplo, desde o início do ano de 2009 já se buscavam acordos junto aos governos

Estadual e Federal para garantir, em troca de benefícios fiscais temporários, a

manutenção do número de empregados. Pode-se citar como exemplo desse tipo de

acordo a redução de 3,38% para 0,38% no Imposto sobre Operações Financeiras

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(IOF), cobrado nos financiamentos para compras de motos por pessoas físicas e a

redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para o

segmento de duas rodas (MOTA, 2009).

Partindo para o mês de maio de 2009, observa-se que, mesmo com uma

desaceleração do número de demissões dentro do Pólo Industrial de Manaus, ainda

é muito extensa a lista de trabalhadores que perderam seus empregos, passando de

90.924 para 88.979 empregos diretos na comparação de março com o mês de

fevereiro, uma redução de 1.945 relações de emprego, sem contar os trabalhadores

indiretos ligados ao PIM. Analisada toda a situação ressaltada neste tópico, vê-se

que o Pólo Industrial de Manaus (PIM) foi afetado sobremaneira nas suas relações

produtivo/comerciais, o que refletiu também nas relações trabalhistas, mas, segundo

especialistas, a economia brasileira deverá apresentar sinais mais evidentes de

recuperação a partir do segundo trimestre e isso acarretará em números positivos

para o parque industrial amazonense. (QUEIROZ; ALANÍS, 2009).

6.3 COMPARATIVOS DO PIM, ANTES E DEPOIS DA DEFLAGRAÇÃO DA CRISE

Este tópico apresenta de forma bastante clara e concisa, o impacto causado

pela crise econômica e financeira mundial que se deflagrou no Brasil a partir do

segundo semestre de 2008, diretamente no Pólo Industrial de Manaus que é tema

principal deste trabalho. Como já era de se esperar, todos os setores da economia

mundial foram afetados pela crise, não poderia ser diferente em relação ao PIM,

visto que se trata de um dos maiores parques industriais da América Latina e

depende diretamente da estabilidade econômica mundial para se manter, já que as

empresas que nele atuam, em sua maioria, são estrangeiras e trabalham

maciçamente dentro do ramo de importação e exportação.

O Pólo Industrial de Manaus que se encontra inserido no palco central do

modelo Zona Franca de Manaus, prorrogado até 2023 no ano de 2003, abrange uma

gama de diversas empresas com variados ramos de atuação como, pólo de duas

rodas (motocicletas e bicicletas), eletro eletrônicos (TV’s, computadores, celulares,

etc.) entre outros. Apesar de trabalhar mais com a fabricação de produtos para

suprir o mercado interno, também trabalha com exportações, é claro que em menor

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volume tendo como principal comprador externo o mercado Argentino. As empresas

no PIM instaladas são isentas do pagamento do IPI14 e do Imposto Sobre Produtos

Importados e têm o ICMS15 reduzido de acordo com o produto comercializado.

Em virtude dessa diversidade de ramos de atuação das empresas instaladas

no PIM, algumas dessas instituições sentiram mais que as outras a carga pesada

estabelecida pela crise. Setores como os de duas rodas apresentaram uma queda

considerável e até mesmo abrupta em relação aos mesmos períodos de outros

anos, a margem de decréscimo nesse setor já nos dois primeiros meses de 2009,

era da ordem de 39,37% e 53,15% no faturamento (em R$) e na produção,

respectivamente, em relação ao ano anterior. A retração foi consequência,

sobretudo, da diminuição no consumo ocasionada pelas maiores dificuldades no

acesso ao crédito. Segundo Piacentini (2009):

Setores como o pólo de duas rodas foram mais afetados por esta crise porque geram produtos de maior valor e cujas vendas estão relacionadas à oferta de crédito para os consumidores. Contudo, no geral, as políticas governistas industriais e a melhoria das relações com os sindicatos têm nos ajudado nessa fase.

A retração causada pela crise no setor anteriormente citado, também afetou

todas as outras empresas interligadas às instituições que atuam no pólo de duas

rodas. Fornecedores diretos das maiores empresas que compõem esse cenário

como a MOTO HONDA e a YAMAHA, quase que quebraram, algumas até chegaram

a falir por não receberem mais pedidos dessas grandes empresas que se

apresentam como responsáveis por, mais ou menos, 80% de toda a renda mensal

14 O imposto sobre produtos industrializados (IPI) incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros. Suas disposições estão regulamentadas pelo Decreto 4.544 de 2002 (RIPI/2002). O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), observados as disposições contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que corresponde à notação "NT" (não-tributado). 15 O ICMS (imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação) é de competência dos Estados e do Distrito Federal. Sua regulamentação constitucional está prevista na Lei Complementar 87/1996 (a chamada “Lei Kandir”), alterada posteriormente pelas Leis Complementares 92/97, 99/99 e 102/2000. O imposto incide sobre operações relativas à circulação de mercadorias, prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, prestações onerosas de serviços de comunicação, fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios, fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre serviços, a entrada de mercadoria importada do exterior, o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior, a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização.

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680

1.177

1.580

2.732

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

quantidade de demissões

2007 2008

ano

COMPARATIVO DE DEMISSÕES NO PIM 2007/2008

Novembro

Desembro

de entidades adjacentes a elas, empresas prestadoras de serviços como as

tornearias mecânicas e as de injeção plástica sofrem sobremaneira com a escassez

de trabalho demandado por suas principais compradoras, já que essas grandes

empresas que aquecem o quadro mercantil do PIM, não mais pontuavam como as

gigantes que eram num período anterior a crise.

Com a desaceleração econômica sofrida pelas empresas do PIM, era só uma

questão de tempo pra que as relações trabalhistas também se desestabilizassem,

pois com a capacidade produtiva abalada pelos reflexos da crise, as ofertas de

emprego no mercado se tornam cada vez mais escassas e a destituição dos

trabalhadores já empregados de seus postos de trabalho cada vez mais freqüente.

Estima-se que no último trimestre de 2008, 14.555 empregos, entre mão-de-obra

efetiva, terceirizada e temporária, foram eliminados, medidas como redução da

jornada de trabalho e férias coletivas, foram tomadas pelas empresas, mas não

impediram que vários desligamentos de funcionários fossem efetivados.

Gráfico 3 – Comparativo de demissões no PIM 2007/2008. Fonte: SUFRAMA, 2008

No gráfico acima se observa muito bem como o mercado se comporta com

relação às demissões que ocorrem nos dois últimos meses dos anos de 2007 e

2008, fazendo um comparativo, pode-se constatar que o número de demissões

aumenta nestes dois últimos meses do ano, o que é justificável devido as

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contratações temporárias feitas nos meses anteriores para suprir a demanda com as

festas de fim de ano, não obstante, se constata também que após a deflagração da

crise no segundo semestre de 2008, esse número de demissões que geralmente é

considerado normal sofreu um exacerbado acréscimo e ultrapassou o contingente

da chamada mão de obra temporária, passando também para o desligamento de

trabalhadores efetivos em seus cargos.

Partindo para uma visão macro dos percalços enfrentados pelo PIM devido a

crise, se pode observar, de acordo com dados fornecidos pela Coordenação Geral

de Comunicação Social da SUFRAMA, que o faturamento do PIM no primeiro

trimestre de 2009 foi de R$ 10,494 bilhões, o que representa uma queda de 13,74%

ante o primeiro trimestre de 2008. As exportações no trimestre inicial de 2009

atingiram US$ 197,826 milhões, resultado 17,59% menor que o alcançado em igual

período do ano anterior, esses dados demonstram de modo geral, que o abalo nas

relações mercadológicas entre as empresas do PIM e seus compradores (clientes)

internos e externos, foi grande e que muito deve ser feito para que se aviste uma

reversão neste quadro de instabilidade.

Felizmente logo após este primeiro impacto da crise sobre o PIM, alguns

números como os das demissões e os de declínio mercadológico se estabilizaram

ou aumentaram pouco em ralação aos primeiros meses em que a crise se instalou

definitivamente dentro das relações mercadológicas das empreses que compõem o

quadro geral do Pólo Industrial de Manaus. Em março de 2009, as empresas do PIM

faturaram US$ 1,744 bilhão, resultado 24,14% maior que o alcançado em fevereiro

(US$ 1,403 bilhão), e as exportações consolidadas no mês foram de US$ 74,970

milhões, valor 14,37% maior em relação aos US$ 65,546 milhões obtidos no mês

anterior. Em reais, a variação do faturamento foi de 24,2%, passando de R$ 3,247

bilhões em fevereiro para R$ 4,033 bilhões em março.

Quanto à mão-de-obra, houve desaceleração no número de demissões, com

queda de 2,14%, passando de 90.924 para 88.979 empregos diretos, na

comparação de março com o mês de fevereiro de 2009. Nos meses anteriores,

houve queda de 4,51% de janeiro para fevereiro, e de 6,02% de dezembro de 2008

para janeiro de 2009, é lógico que este quadro está longe de ser o ideal para a

sociedade amazonense que depende sobremaneira do desempenho das atividades

fabris para o aquecimento das relações mercadológicas e para a melhora de sua

condição sócio econômica, mas, esses números ainda tímidos reforçam o otimismo

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principalmente dos industriários em relação ao futuro da economia no PIM, e trazem

a esperança de dias melhores.

De acordo com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), no

comparativo anual, o PIM terminou o primeiro trimestre de 2009 com faturamento de

US$ 4,540 bilhões, resultado 35,24% inferior no comparativo com o mesmo período

do ano anterior, muito embora a queda expressiva deva-se, em grande parte, à

valorização do dólar frente o real no período analisado. Na conversão monetária, o

faturamento foi de R$ 10,494 bilhões, o que representa uma queda de 13,74% ante

o primeiro trimestre de 2008. As exportações no trimestre atingiram US$ 197,826

milhões, resultado 17,59% menor que o alcançado em igual período de 2008,

“Nossa avaliação é que a economia brasileira deverá apresentar sinais mais

evidentes de recuperação a partir do segundo trimestre e isso acarretará em

números positivos para o parque industrial amazonense” afirmava a superintendente

da Suframa, Flávia Grosso.

Segundo a Suframa os cinco principais segmentos do Pólo Industrial de

Manaus apresentaram resultados positivos no comparativo entre os meses de março

e fevereiro de 2009. O segmento eletroeletrônico registrou em março faturamento de

US$ 748,755 milhões e crescimento de 20,51% ante o mês anterior; o segmento de

duas rodas, faturamento de US$ 367,187 milhões e crescimento de 29,32%; o

segmento químico, faturamento de US$ 223,543 milhões e crescimento de 26,26%;

o segmento metalúrgico, faturamento de US$ 131,559 milhões e crescimento de

31,70%; e o segmento termoplástico, faturamento de 105,016 milhões e crescimento

de 12,08%. Juntos, esses segmentos foram responsáveis por mais de 90% do

faturamento do PIM nos três primeiros meses de 2009. No comparativo do primeiro

trimestre com igual período do ano de 2008, os segmentos que mais apresentaram

aumento no faturamento foram os setores de beneficiamento de borracha

(crescimento de 65,52% no faturamento) e o naval (crescimento de 12,44%).

Reforçando a idéia de que alguns seguimentos sofreram mais que outros,

constatou-se que, enquanto a empresa Moto Honda lutava para não se

desestabilizar mais ainda no mercado, a empresa Nokia do ramo de eletrônicos, se

mostrava como um exemplo de empresa que continuava remando na contramão das

correntezas da crise econômica. Em março de 2009, a direção da empresa anunciou

a fabricação do primeiro telefone celular de alta qualidade (high-end) do país, na

fábrica em Manaus, já a partir de abril do corrente ano. O presidente da Nokia do

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Brasil, Almir Narcizo, disse na ocasião que o foco da nova produção é o mercado

nacional, disse ainda que o Brasil é o oitavo maior mercado consumidor para a

Nokia e, apesar da crise financeira internacional, a empresa estava investindo na

ampliação de produtos. Nos meses anteriores a março de 2009, a Nokia demitiu

apenas servidores temporários o que, segundo Narcizo, “é um processo normal

após o período de festas de fim de ano”. Ainda segundo Narcizo (2009):

Nos últimos meses, a Nokia não demitiu seus funcionários. Evidentemente que houve redução de temporários após o Natal, mas isso é natural e ocorre todo ano na indústria em geral. Estamos atacando esta crise com investimentos e enriquecimento do portifólio de produtos num momento em que outros fabricantes estão diminuindo essas iniciativas. Isso vai nos permitir ser mais competitivos durante a crise.

Voltando à questão do vinculo empregatício nas Indústrias do pólo Industrial

de Manaus, que é a tônica principal deste trabalho acadêmico, constatou-se através

de pesquisas junto a órgãos como a Suframa e o Sindicato dos Metalúrgicos do

Amazonas, que de um contingente de aproximadamente 108 mil trabalhadores do

PIM computado em 2008, somente até março de 2009 esse número já havia sido

reduzido para 88.979, um alarmante declínio de mais de 19 mil relações de

emprego, provenientes principalmente do setor de duas rodas que agregava em

2008 cerca de 30 mil trabalhadores dos estimados 108 mil que compunham o

quadro funcional das empresas do PIM, perdendo em números somente para o setor

de eletroeletrônicos que reunia 45 mil trabalhadores. Na avaliação do economista e

vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon AM/RR), Erivaldo

Lopes o pólo de duas rodas sofreu mais com a crise por comercializar um produto

de maior valor agregado. Segundo Lopes (2008):

Produtos mais caros, como motos, dificilmente são comprados à vista. O consumidor desse produto precisa de crédito para fazer o financiamento do produto e levá-lo para casa. Com a diminuição do crédito, é normal que os empresários queiram desacelerar a produção.

Os dados apresentados neste tópico confirmam a existência da crise e os

impactos por ela causados nos diversos setores de atuação que estão incorporados

dentro do Pólo Industrial de Manaus, mas também demonstra que existe muito

otimismo em relação ao futuro, pois o abalo das instituições é inevitável, mas com

medidas preventivas e corretivas é possível driblar os obstáculos econômicos

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financeiros colocados no caminho das empresas, logo, a crise é um fato e a luta

para se sair bem dela também.

6.4 POLÍTICAS EMPRESARIAIS E GOVERNAMENTAIS DE COMBATE À CRISE

NO BRASIL E NO PIM

Muitos acreditam que exista uma “mão reguladora do mercado” que, em

tempos de crise, se encarrega de estabilizar a economia e regularizar as relações

financeiras entre paises numa cooperação internacional ou mesmo internamente,

dentro de seu próprio país. Após uma pesquisa detalhada dos fatos que ocorrem

durante uma crise como a que se deflagrou no Brasil na segunda metade de 2008,

chamada por muitos de crise da confiança. O autor deste trabalho defende que se

não houver a intervenção do estado e/ou das autoridades políticas competentes, a

ilusão de estabilização por conta própria do mercado, jamais ocorrerá. Políticas

sérias devem ser criadas e colocadas em prática, tanto para conter quando para

minimizar os efeitos de uma crise.

Não obstante, no Brasil, tanto num âmbito nacional como regional, políticas

governamentais foram criadas e medidas sérias foram tomadas com o intuito de

combater os efeitos da crise e reduzir os índices de queda econômica computados

no final de 2008 e inicio de 2009. Neste tópico serão enumeradas as decisões

políticas que se mostraram cruciais para que o país (Brasil) desponte hoje como um

dos que menos sofreram com a crise financeira e demonstrará que com um

determinado esforço das autoridades competentes, o abalo ao país é mínimo em

comparação aos considerados mais desenvolvidos, o que reflete diretamente nas

relações de emprego dentro do PIM, haja vista que este é o enfoque principal deste

trabalho.

Já em janeiro de 2009 medidas eram tomadas para minimizar os efeitos da

crise no pólo industrial de Manaus, o governo do Amazonas aumentou os incentivos

às empresas. De acordo com o superintendente adjunto de projetos da

Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Oldemar Ianck, empresas

que assinaram acordo com o governo estadual estavam livres da taxa de serviços

administrativos por três meses, desde que se comprometessem a não demitir

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qualquer funcionário dentro de um período de, pelo menos três meses, para garantir

que a roda da economia local continuasse girando, pois se os trabalhadores não

mantivessem seus empregos perderiam o seu poder de compra e com isso, as

mercadorias não mais circulariam, causando um efeito dominó que afetaria todas as

relações comercias. Segundo Ianck (2009):

No meio dessa crise sempre surgem oportunidades e nós estamos com a nossa força de trabalho toda imbuída em dar a maior celeridade possível nos processos das empresas. De modo que elas também iniciem ou ampliem o mais rápido possível as produções naqueles nichos de mercado que, eventualmente, venham a ter aumento de demanda.

Nacionalmente falando, ainda em 2008, várias medidas foram tomadas pelo

governo federal sob o comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na tentativa

de sanar os malefícios que a crise havia causado e prevenir novos percalços na

economia nacional. A partir de setembro de 2008, ações como o leilão de dólares

pelo Banco Central, atacaram as fortes quedas no mercado financeiro, enquanto

lançamentos de novas linhas de crédito e aumentos nos limites de financiamento

procuravam garantir a produção agrícola e industrial no país. Também foram criadas

linhas de financiamento para consumo, assinados decretos para garantir a estrutura

do setor bancário e modificadas as regras do recolhimento do compulsório16. Abaixo

seguem algumas medidas tomadas descritas pelo caderno de economia no sitio

UOL, e suas respectivas datas de implementação, todas dentro ainda do ano de

2008.

19 de setembro: quatro dias depois de o Lehman Brothers17 recorrer à lei de

falências nos EUA, o Banco Central faz leilão de U$ 500 milhões para segurar o

valor do dólar, que chegou a subir mais de 5% ante o real.

16 O depósito compulsório é uma das formas de atuação de um Banco Central para garantir o poder de compra da moeda, e, em menor escala, para execução da política monetária. O depósito compulsório é geralmente feito através de determinação legal, obrigando os bancos comerciais e outras instituições financeiras a depositarem, junto ao Banco Central, parte de suas captações em depósitos à vista ou outros títulos contábeis. O principal objetivo do depósito compulsório é evitar a multiplicação descontrolada da moeda escritural. 17 Lehman Brothers Holdings Inc. foi um banco de investimento e provedor de outros serviços financeiros, com atuação global, sediado em Nova Iorque. Era uma empresa global de serviços financeiros que, até declarar concordata em 2008, fez negócios no ramo de investimentos de capital venda em renda fixa, negociação, gestão de investimento. Seu negociante principal era o tesouro americano no mercado de valores mobiliários. As suas principais filiais incluíam Lehman Brothers Inc., Neuberger Berman Inc., Aurora Loan Services, Inc., SIB Mortgage Corporation, Lehman Brothers Bank, FSB, Eagle Energy Partners, e o grupo Crossroads. A sede mundial da empresa estava em Nova Iorque, com sedes em Londres e Tóquio, bem como escritórios localizados em todo o

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24 de setembro: BC adia data prevista para a implantação do recolhimento

compulsório sobre as operações de leasing. Os bancos teriam de recolher 25% do

dinheiro que captassem das empresas de leasing a partir de 16 de janeiro, mas a

nova data passou a ser 13 de março.

1º de outubro: Banco do Brasil antecipa liberação de crédito de R$ 5 bilhões

para financiamento da safra agrícola.

2 de outubro: BC oferece para bancos a opção de deduzir até 40% do

dinheiro recolhido para o compulsório, desde que essas instituições comprem

operações de crédito de uma outra instituição.

6 de outubro: governo edita medida provisória que permite que parte das

reservas internacionais do país sejam usadas para financiar exportações. Outra

MP18 editada dava poderes ao Banco Central para adquirir a carteira de bancos

nacionais se a crise o fizesse necessário.

8 de outubro: Banco Central decide vender dólar no mercado à vista. No

momento da intervenção, a alta no dólar era superior a 9%.

9 de outubro: CMN19 (Conselho Monetário Nacional) regulamenta condições

para que o Banco Central possa aceitar carteiras de crédito20 de bancos nacionais.

Com a regulamentação da MP editada na mesma semana, o BC terá de exigir

garantias de carteiras de boa qualidade para completar eventuais aquisições.

13 de outubro: O BC eleva o limite de dedução do compulsório sobre a

parcela adicional (que inclui depósitos à vista, a prazo e poupança) de R$ 300

milhões para R$ 1 bilhão. O limite de dedução do compulsório sobre depósitos a

prazo passou de R$ 700 milhões para R$ 2 bilhões.

16 de outubro: O BC amplia as possibilidades para que os bancos possam

aumentar a quantidade de dinheiro que têm em caixa a partir da venda de ativos

para bancos maiores.

mundo.Em 15 de setembro de 2008, a empresa pediu concordata, já que vinha tendo prejuízos causados pela crise dos subprime nos Estados Unidos. 18 No direito constitucional brasileiro, medida provisória (MP) é um ato unipessoal do presidente da República, com força de lei, sem a participação do Poder Legislativo, que somente será chamado a discuti-la e aprová-la em momento posterior. Os pressupostos da MP são urgência e relevância. A medida provisória, assim, embora tenha força de lei, não é verdadeiramente uma lei, no sentido técnico estrito deste termo, visto que não existiu processo legislativo prévio à sua formação. 19 O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional. Ao CMN compete: estabelecer as diretrizes gerais das políticas monetária, cambial e creditícia; regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras e, disciplinar os instrumentos de política monetária e cambial. 20 A carteira de contas a receber ou carteira de crédito é um registro de todas as contas e saldos das vendas a crédito de uma empresa.

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22 de outubro: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lança decreto que

autoriza Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal a comparem ações e

participações de instituições financeiras nacionais. A Caixa também obteve

autorização para comprar ações de construtoras com problemas de liquidez21.

23 de outubro: governo decide zerar o IOF (Imposto sobre Operações

Financeiras) na liquidação de cambio para a entrada de investidores externos no

Brasil.

27 de outubro: O BC autoriza os bancos que anteciparem suas contribuições

ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para 60 meses terão desconto no

compulsório sobre depósito à vista. O valor mensal do desconto será o equivalente à

contribuição de um mês ao FGC.

29 de outubro: o Federal Reserve22 (Fed) americano e o BC brasileiro

estabelecem linha de swap23 no montante de 30 bilhões de dólares, com vencimento

em 30 de abril de 2009. Segundo comunicados do Fed e do BC, o swap tinha por

objetivo "melhorar a liquidez" no mercado financeiro ante a crise global. Outras

linhas foram estabelecidas entre os EUA e México, Coréia do Sul e Cingapura.

30 de outubro: O BC anuncia uma regra para forçar os bancos a liberarem o

crédito obtido com o alívio no compulsório. O dinheiro do compulsório sobre

depósitos a prazo era recolhido como título público24. Ou seja, o banco recebe uma

remuneração igual à do título. Os bancos passaram a recolher apenas 30% em

títulos. Os outros 70% seriam recolhidos em espécie, ficando parados no BC sem

remuneração. Para evitar essa perda, os bancos maiores, em tese, comprariam as

carteiras de crédito e outros papéis de bancos menores.

21 Liquidez é um conceito econômico que considera a facilidade com que um ativo pode ser convertido no meio de troca da economia, ou seja, é a facilidade com que ele pode ser convertido em dinheiro. O grau de agilidade de conversão de um investimento sem perda significativa de seu valor mede sua liquidez. Um ativo é tanto mais liquido quanto mais fácil for transformá-lo em dinheiro vivo. 22 A Reserva Federal dos Estados Unidos da América (em inglês oficialmente Federal Reserve System, mas conhecida simplesmente como Federal Reserve e informalmente como The Fed) é o banco central dos Estados Unidos da América. As funções da Reserva Federal incluem a formulação e execução das políticas monetárias, a fiscalização dos Federal Reserve Banks (Bancos de Reserva Federal) e a regularização e supervisão dos bancos membros. 23 Em finanças, swap (em português, "permuta") são operações em que há troca de posições quanto ao risco e rentabilidade, entre investidores. O contrato de troca pode ter como objeto moedas, commodities ou ativos financeiros. Também conhecida como hedge (cobertura de risco) cambial, a swap cambial é uma operação de câmbio em que há simultaneamente a compra e a venda de moedas. Os valores iniciais, ou seja, o tamanho do contrato, os indicadores e a data de vencimento são livremente pactuados entre as partes. 24 Os títulos públicos são papéis emitidos pelos Governos Municipais, Estaduais ou Federais para financiamento de dívida pública.

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4 de novembro: Banco Central altera as regras para leilões de empréstimos

de dólares às exportações. BC afirmou que linhas de empréstimos se encontram em

patamar até 50% inferior ao normal.

6 de novembro: governo anuncia oferecimento de créditos de US$ 6,9 bilhões

a pequenas e médias empresas e ao setor automotivo.

11 de novembro: governo de São Paulo lança linha de crédito de R$ 4 bilhões

para o setor automotivo pela Nossa Caixa. No mesmo dia, a Caixa Econômica

Federal anuncia aumento do limite de empréstimo para compra de material de

construção de R$ 7 mil para R$ 25 mil.

12 de novembro: Caixa Econômica Federal anuncia liberação de crédito de

R$ 2 bilhões ao consumo, beneficiando pessoas físicas na compra de

eletrodomésticos, equipamentos eletrônicos, móveis e materiais para construção.

13 de novembro: A partir do dia 1º de dezembro, o recolhimento compulsório

adicional sobre depósitos a prazo, à vista e de poupança não será feito em dinheiro,

mas em títulos públicos. A nova regra injetou liquidez, mas redirecionou os recursos

novamente para a dívida pública.

17 de novembro: medida provisória alterou os prazos de pagamento do

Imposto de Renda recolhido na fonte, da contribuição previdenciária, do PIS/Cofins25

e do IPI. O governo estimava que a mudança de datas acarretasse num alívio de R$

21 bilhões aos caixas das empresas brasileiras.

21 de novembro: decreto do governo reduz IOF26 (Imposto sobre Operações

Financeiras) de 3,38% para 0,38% nos financiamentos de motocicletas, motonetas e

ciclomotores, incentivando o consumo desses produtos.

11 de dezembro: governo federal anuncia pacote de medidas anticrise com

mudanças nas alíquotas do Imposto de Renda, corte de tributos e isenção de IPI

para carros de modelos 1.0.

25 O Programa de Integração Social, mais conhecido como PIS/PASEP ou PIS, é uma contribuição social de natureza tributária, devida pelas pessoas jurídicas, com objetivo de financiar o pagamento do seguro-desemprego e do abono para os trabalhadores que ganham até dois salários mínimos. A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) é uma contribuição federal, de natureza tributária, incidente sobre a receita bruta das empresas em geral, destinada a financiar a seguridade social. Sua alíquota é de 7,6% para as empresas tributadas pelo lucro real (sistemática da não-cumulatividade) e de 3,0% para as demais. 26 O Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros IOF, que incide sobre operações de crédito, de câmbio e seguro e operações relativas a títulos e valores mobiliários, é um imposto brasileiro e federal, ou seja, somente a União tem competência para instituí-lo (Art.153, V, da Constituição Federal).

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Por essas iniciativas mercadológicas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e

seu governo receberam elogios até mesmo de figuras políticas inusitadas como o

ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, “No que diz respeito a

consolidar e ativar o sistema financeiro, está fazendo certo” disse FHC, se referindo

ao bom trabalho que o presidente Lula e seus assessores estavam executando no

combate aos malefícios da crise no sistema econômico Brasileiro. Graças ás

políticas sérias e bem elaboradas adotadas pelo governo Lula, a crise financeira

mundial abalou as estruturas econômicas do Brasil, em muito menor escala do que

se as autoridades competentes cruzassem os braços frente ás turbulências.

Segundo Cardoso (2008):

Globalmente, essa crise atual é mais grave. Equivalente a essa, ou com maior gravidade só a de 29. (...) Para o Brasil é diferente, porque não é como as crises que enfrentei, que eram cambiais. Esta é de liquidez e de confiança, é outro tipo de crise.

Assim como as medidas adotadas em âmbito nacional pelo Governo Federal

no combate aos efeitos negativos da crise, o Governo Estadual do Amazonas e

também as próprias empresas que compõem o Pólo Industrial de Manaus, também

implementaram algumas ações contingências da crise e incentivadoras do mercado.

É certo que o PIM, principalmente no cerne das relações empregatícias, sofreu uma

grave redução e uma vertiginosa queda nos seus índices de crescimento e avanço

econômico, algumas empresas menores sequer agüentaram os três primeiros

meses de crise e quebraram, pois dependiam completamente das instituições

maiores e mais consolidadas para sobreviver no mercado, instituições essas que

também amargaram grandes perdas, mas que por seu índice elevado de

participação mercadológica, não chegaram a falir.

Como foi colocado anteriormente, as empresas do PIM se mobilizaram por

meio de ações que pudessem corroborar numa manutenção do mercado em geral,

mas principalmente na manutenção dos empregos dos trabalhadores lotados nos

diversos setores de atuação e nas diversas empresas que atuam nesses setores.

Não obstante, ao passo que se observa com minúcia a evolução da crise dentro do

PIM, se nota que tais medidas foram primordiais para que o mercado local não

desaquecesse por completo e para que as relações de compra e venda de

mercadorias internas e externas não fossem cessadas por falta de liquides

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econômica e queda no poder aquisitivo da população. Algumas das ações e

medidas que foram adotadas pelas entidades industriais do PIM para combater a

crise, principalmente no âmbito empregatício, estão relacionadas em seguida:

a) férias coletivas: esse recurso é usado quando há redução do potencial

produtivo da empresa. Empresas como a Yamaha e a Moto Honda da

Amazônia, concederam férias coletivas a seus funcionários antes de anunciar

as demissões que foram inevitáveis após a constatação da redução abrupta

dos índices de produtividade entre o final de 2008 e os primeiros meses de

2009, já que o número de funcionários excedia o número de pedidos de

fabricação recebidos nesse período;

b) licença remunerada: nesse caso, os empregados recebem o salário integral

sem trabalhar e sem desconto de férias, normalmente porque elas já foram

gozadas. As empresas interrompem a produção temporariamente, no intuito

de reduzir gastos e aumentar a lucratividade. Essa medida foi tomada por

indústrias que tinham a expectativa de normalizar a situação em um curto

espaço de tempo;

c) banco de horas: o colaborador para de trabalhar parte das horas previstas em

seu contrato, mas continua recebendo salário integral. Quando a produção

total é retomada, o empregado passa a trabalhar mais horas por dia, até

compensar as horas pagas não-trabalhadas. O tempo de duração da medida

é negociável;

d) suspensão temporária do contrato de trabalho: o empregado é afastado do

trabalho por um período de até cinco meses. Durante o afastamento, recebe

seguro-desemprego. Pela lei, as empresas precisam oferecer aos

trabalhadores a possibilidade de realizar cursos profissionalizantes, durante

esse período. Algumas empresas eventualmente complementam a renda dos

funcionários pagando parte do salário;

e) redução da jornada com diminuição proporcional do salário: esta medida é

polemica principalmente entre os sindicalistas que dizem que este tipo de

ação abriria precedentes para a instauração de assinaturas de contratos

remunerados por tempo de serviço, implicando num enorme retrocesso na

consolidação das leis trabalhistas.

Não há duvidas de que tais medidas são impopulares e execráveis do ponto

de vista político. Contudo, para o trabalhador não há nada mais impopular e

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execrável que ser destituído daquilo que mais o dignifica perante a sociedade, o seu

emprego. Segundo Ianck (2009):

A recuperação mês a mês do faturamento da indústria é sinal de que as empresas mantiveram a confiança no modelo Zona Franca apesar da crise. Também contribuíram para essa recuperação, as medidas federais e estaduais para os pólos de Duas Rodas e Termoplástico.

Com relação às ações e medidas governamentais do Estado do Amazonas

na pessoa do Ilmo.sr. Eduardo Braga (Governador do Estado), para auxiliar as

empresas que passaram por esse momento delicado de tentativa de superação da

crise financeira no Brasil, mais especificamente no Pólo Industrial de Manaus, se

pode observar que os esforços foram muitos para que se mantivesse o mínimo de

rotatividade mercadológica entre as empresas que se instalaram em Manaus, e que

tais esforços renderam frutos, não deixando que a crise destruísse por completo a

economia local que dependo sobremaneira do bom andamento das empresas do

PIM.

Redução à zero da alíquota da COFINS das motocicletas, foi uma medida

tomada para incentivar o consumo e aumentar a lucratividade das empresas do pólo

de duas rodas no PIM, vale ressaltar que todas as fábricas que atuam nesse ramo

estão em Manaus no Pólo Industrial, portanto, a ação citada é uma das que

favorecem um dos setores mais abalados pela crise e que agrega um quadro

funcional enorme, composto principalmente pela mão de obra local.

Ampliação da lista dos setores prioritários da SUDAM, antigo pleito das

empresas de Manaus, beneficiou as empresas de papel e celulose, material

descartável (barbeadores, canetas, lápis, lapiseiras), brinquedos, relógios e

materiais óticos, que atuavam com responsabilidade sócia ambiental, através de

projetos de reflorestamento.

Derrubada das barreiras impostas pela Argentina aos produtos fabricados na

ZFM. Por intermédio do Governador Eduardo Braga, com o intuito de expurgar o

protecionismo que a Argentina impunha aos produtos advindos da Zona Franca de

Manaus, um acordo de suma importância para o Estado do Amazonas fora

assinado, o que ocasionou em mais força e respaldo político às ações que estão

sendo desenvolvidas para o fortalecimento do Pólo Industrial da Zona Franca de

Manaus, que tem o mercado argentino como um dos seus principais parceiros.

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Redução de 3,38% para 0,38% no Imposto sobre Operações Financeiras

(IOF), cobrado nos financiamentos para compras de motos por pessoas físicas, o

que incentivou a compra de novas motocicletas e desacelerou o quadro crescente e

gradativo das quedas econômicas neste setor.

Estas apresentadas acima, foram algumas das medidas tomadas pelo

governo do estado para reduzir os impactos da crise financeira Global, no Pólo

Industrial de Manaus, mostrando que a ação dos governos nas esferas tanto

estaduais como federais, são imprescindíveis na manutenção dos empregos da

população em época de crise.

Em razão destas medidas adotadas pelo governo e pelas próprias indústrias

que já no quinto mês do ano de 2009, o PIM já apresentava números muito

promissores em relação aos meses anteriores. Dando sinais de recuperação e

retomando gradualmente os índices de crescimento, após o primeiro impacto dos

efeitos da crise econômica internacional, segundo o sitio da Agencia Brasil. Em

março, as empresas do PIM faturaram US$ 1,744 bilhão, resultado 24,14% maior

que o alcançado em fevereiro (US$ 1,403 bilhão), e as exportações consolidadas no

mês foram de US$ 74,970 milhões, valor 14,37% maior em relação aos US$ 65,546

milhões obtidos no mês anterior. Em reais, a variação do faturamento foi de 24,2%,

passando de R$ 3,247 bilhões em fevereiro para R$ 4,033 bilhões em março.

Quanto à mão-de-obra, houve desaceleração no número de demissões, com

queda de 2,14%, passando de 90.924 para 88.979 empregos diretos, na

comparação de março com o mês de fevereiro de 2009. Nos meses anteriores,

houve queda de 4,51% de janeiro para fevereiro, e de 6,02% de dezembro do ano

de 2008 para janeiro de 2009.

Os indicadores de desempenho do PIM, divulgados em maio pela

Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), apresentaram

estatísticas repassadas por 389 empresas do universo de 420 pesquisadas

periodicamente. O parque industrial possui aproximadamente 550 fábricas

incentivadas.

No comparativo anual, o PIM terminou o primeiro trimestre de 2009, com

faturamento de US$ 4,540 bilhões, resultado 35,24% inferior no comparativo com o

mesmo período do ano de 2008, muito embora a queda expressiva deva-se, em

grande parte, à valorização do dólar frente o real no período analisado. Na

conversão monetária, o faturamento foi de R$ 10,494 bilhões, o que representou

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uma queda de 13,74% ante o primeiro trimestre de 2008. As exportações no

trimestre atingiram US$ 197,826 milhões, resultado 17,59% menor que o alcançado

em igual período de 2008.

Segundo a superintendente da (Suframa) Flávia Grosso, a expectativa era

que, a partir do segundo trimestre de 2009, o Pólo Industrial de Manaus como um

todo voltasse ao ritmo de crescimento e de geração de empregos observado no ano

passado. “Nossa avaliação é que a economia brasileira deverá apresentar sinais

mais evidentes de recuperação a partir do segundo trimestre e isso acarretará em

números positivos para o parque industrial amazonense” (GROSSO, 2009), e ainda

acrescentou que a retomada do faturamento e da produção das empresas deveria

demandar novas contratações no PIM.

Os cinco principais segmentos do Pólo Industrial de Manaus apresentaram

resultados positivos no comparativo entre os meses de março e fevereiro de 2009. O

segmento Eletroeletrônico registrou em março faturamento de US$ 748,755 milhões

e crescimento de 20,51% ante o mês anterior; o segmento de Duas Rodas,

faturamento de US$ 367,187 milhões e crescimento de 29,32%; o segmento

Químico, faturamento de US$ 223,543 milhões e crescimento de 26,26%; o

segmento Metalúrgico, faturamento de US$ 131,559 milhões e crescimento de

31,70%; e o segmento Termoplástico, faturamento de 105,016 milhões e

crescimento de 12,08%. Juntos, esses segmentos foram responsáveis por mais de

90% do faturamento do PIM nos três primeiros meses de 2009.

No comparativo do primeiro trimestre deste ano com igual período do ano de

2008, os segmentos que mais apresentaram aumento no faturamento foram o setor

de beneficiamento de borracha (crescimento de 65,52% no faturamento) e o setor

naval (crescimento de 12,44%).

Alguns produtos do segmento Eletroeletrônico estavam entre os que mais

obtiveram indicadores positivos no primeiro trimestre do ano. Os principais

destaques foram os televisores com tela de cristal líquido (LCD), com produção de

236.889 unidades em março e crescimento acumulado no trimestre de 67,49% em

comparação entre 2008 e 2009. Outros produtos que se destacaram foram as

câmeras fotográficas digitais (crescimento de 69,37%), televisores com tela de

plasma (crescimento de 23,98%), home theaters (crescimento de 24,72%) e fornos

microondas (21,34%).

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Todo o otimismo demonstrado pela superintendente da Suframa Flávia

Grosso em maio de 2009, se concretizou alguns meses depois em outubro do

mesmo ano. Segundo dados divulgados pela própria Suframa, O faturamento do

Pólo Industrial de Manaus (PIM) cresceu 12,95% em agosto, na comparação com o

faturamento de julho de 2009. No oitavo mês do ano, as empresas incentivadas do

PIM totalizaram US$ 2,439 bilhões contra US$ 2,159 bilhões de julho. É o quinto

crescimento consecutivo na comparação mensal desde abril segundo os Indicadores

de Desempenho do PIM, divulgados pela Superintendência da Zona Franca de

Manaus (Suframa).

Outra boa notícia é o crescimento na ocupação da mão-de-obra do PIM.

Dados fornecidos por 394 empresas somam 91.062 empregos diretos, um

crescimento de 3,56% sobre julho, que mantinha 87.933 postos segundo

informações de 405 empresas. As exportações registraram queda de 10,65% em

agosto (US$ 62,725 milhões) sobre julho (US$ 76,921 milhões).

Na comparação com agosto do ano passado (US$ 3,048 bilhões), quando a

crise ainda não havia sido deflagrada, o faturamento registra queda de 19,96%. No

acumulado do ano, as indústrias registraram US$ 14,873 bilhões contra US$ 20,999

bilhões do igual período do ano passado, uma queda de 29,17%. Em reais, essa

variação é menor (11,37%) com R$ 31,027 bilhões referente ao período de janeiro a

agosto de 2009 enquanto que no mesmo período do ano anterior, o volume

movimentado foi de R$ 35,009 bilhões, ou seja, a economia no PIM aos poucos vaia

voltando a ser o que era antes da deflagração da crise.

Logo, no Brasil e no PIM, muito do que poderia ser feito para minimizar as

perdas, foi feito, é certo que sempre se pode melhorar, mas o âmago da questão

aqui colocada é que, não se ficou de braços cruzados, esperando a auto

regularização do mercado, ações foram tomadas e ajudaram sobremaneira na

manutenção, se não de todos, mas de boa parte dos postos de trabalho no PIM.

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6.5 A IMPORTÂNCIA DA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DOS

TRABALHADORES PARA A MANUTENÇÃO E ABERTURA DE NOVAS VAGAS DE

EMPREGO NO PIM

Quando se fala em Pólo Industrial de Manaus, logo vem a mente um

vislumbre de trabalhadores braçais altamente focados e condicionados a uma única

função praticamente por toda sua vida fabril, é lógico que em sua maioria são esses

profissionais que compõem o quadro funcional do PIM, mas numa visão mais

contemporânea, se observa que a automação de maquinário e a evolução das

relações trabalhistas estão gradativamente repercutindo na perda desses postos de

trabalhos considerados mais simples, daí vem o questionamento. O que acontece

quando um trabalhador que sempre exerceu a mesma função durante toda sua vida

fabril, eventualmente é destituído de seu cargo?

A resposta mais plausível para o questionamento feito anteriormente é que,

esse indivíduo permanecerá desempregado, já que não procurou qualificar-se em

outra atividade diferente da que sempre exerceu, toda sua vida seu sustento e seus

princípios foram baseados naquela única função, logo a perspectiva de sucesso fora

dessa atividade especifica parece nula. Sem sombra de duvidas a qualificação

profissional hoje, tem função primordial para que o indivíduo tanto se mantenha

como se destaque no mercado de trabalho, dentro de seu ramo de atuação, a

qualificação profissional seja técnica ou acadêmica, remete o individuo a um

patamar mais elevado, concedendo-lhe uma vantagem mercadológica sobre os

demais e garantindo-lhe empregabilidade em diversos níveis e diversos ramos de

atuação.

A exigência de pelo menos o diploma de ensino médio para os braçais da

Indústria em Manaus, não é o bastante para qualificar tais pessoas para um

mercado de trabalho exigente e altamente globalizado como o de hoje, onde o

aprendizado de no mínimo uma língua estrangeira (inglês) se faz altamente

necessário. O PIM como um todo tem, portanto, um enorme obstáculo a vencer: o

de qualificar, em tempo coerente com as necessidades, os trabalhadores para

assegurar-lhes empregos de qualidade e garantir o sucesso do processo de

modernização produtiva.

Essa tarefa esbarra na superação dos seguintes pontos de estrangulamento:

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a) os baixos níveis de escolaridade dos trabalhadores;

b) o grande número de jovens egressos, a cada ano, do sistema educacional,

com preparo inadequado para enfrentar as exigências do mercado de

trabalho;

c) a desatualização e ineficiência do sistema de formação profissional

para atender com rapidez às mudanças tecnológicas e gerenciais;

d) a inexistência de metodologias de ensino (já testadas) adequadas às novas

necessidades do setor produtivo e ao perfil educacional desejado do

trabalhador; e

e) a inexistência do componente de qualificação profissional na política pública

de combate ao desemprego.

Essa realidade acarreta desperdício macroeconômico dos investimentos,

devido à má utilização ou à subutilização da tecnologia instalada, e incapacidade do

trabalhador de adequar-se às modernas técnicas de gestão, dado seu baixo nível de

escolaridade. Esse problema é histórico; ressalvadas as exceções, a sociedade

brasileira pouco valorizou a escolaridade como fator determinante de superação

do subdesenvolvimento. Conseqüências visíveis desse fato são as críticas

condições do sistema de ensino, em especial do ensino público, e a ausência de

políticas públicas de formação profissional.

Hoje, há necessidade de se enfrentar, com urgência, a questão educacional

com a finalidade de melhorar o seu desempenho para obter resultados a médio e

longo prazos e, ao mesmo tempo, equacionar uma política de formação profissional

que aproxime a qualificação dos trabalhadores ao processo educativo formal,

consideradas as exigências do setor produtivo. Isso se torna importante tanto para

atender ao estoque dos trabalhadores adultos quanto para preparar os jovens

educandos, futuros trabalhadores, cujas exigências educacionais serão maiores e

bem mais complexas.

Segmentos de empresários e trabalhadores têm-se sensibilizado, cada vez

mais, para a importância da educação e da formação profissional. Essa

preocupação comum pode ser constatada pelo aumento nas demandas específicas

presentes nos acordos coletivos de trabalho, indicando que hoje, no Brasil, a

questão da necessidade de educação formal e de qualificação profissional vem

tornando-se uma unanimidade; o que falta, ainda, são metodologias adequadas. O

efeito da chamada flexibilização do mercado de trabalho decorrente da

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modernização produtiva poderá ser a precarização do emprego, caso não haja uma

política eficiente de educação e qualificação profissional que vise ampliar as

possibilidades de emprego do trabalhador; ou seja, que forneça um conjunto de

habilidades que possibilite ao trabalhador exercer sua profissão em um maior

número de empresas.

Ao lado disso, é importante abordar a questão da participação da sociedade

nessa temática, como forma de exercício da cidadania. O governo deverá assegurar

a participação dos atores sociais no equacionamento e solução desses problemas,

tendo em vista que a modernização nas relações de trabalho só será conseguida se

trabalhadores e empresários participarem ativamente dos destinos da educação e

da formação profissional. Dada à história das relações de trabalho e a fragilidade do

movimento sindical, cabe ao setor público um papel mais ativo nesta área, com o

objetivo de criar espaços de discussão com a sociedade para orientar novos

investimentos, com vistas à criação de novos empregos, e até mesmo para formular

uma política educacional e de formação profissional que responda às novas

necessidades tecnológicas.

De acordo com uma pesquisa executada pela Action Pesquisas de Mercado

nos meses de dezembro e novembro de 2008, se pôde constatar que existem vários

cargos a serem ocupados nas empresas do PIM que necessitam de uma formação

cultural mais elevada, mas que não são ocupados pela mão de obra regional por

falta justamente da qualificação necessária à essa ocupação. Por isso se torna

imprescindível uma maior dedicação dos trabalhadores que estão inseridos no

quadro funcional do PIM e também dos pretensos ocupantes das vagas oferecidas

no Pólo, seja através de uma reciclagem, aperfeiçoamento ou nova formação.

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Gráfico 4 – Mão de obra permanente no PIM. Fonte: Action, 2008.

O gráfico apresentado na folha anterior demonstra como se comporta o

quadro de funcionários permanentes das empresas dos diversos setores do PIM, e

se torna inevitável, através dele, a avaliação de que é pouquíssima a gama de

profissionais preparados tecnicamente para exercer cargos de acordo com sua

formação dentro de cada setor, é lógico que proporcionalmente ao número dos

chamados trabalhadores de chão de fábrica, o número de indivíduos com formação

técnica será sempre um pouco mais reduzido, até porque se todos fossem técnicos,

haveria escassez de trabalhadores braçais, mas ainda assim a distancia numérica

entre as duas classes é exageradamente gritante, principalmente na área de

componentes que apresenta ínfimos 5% de mão de obra técnica e em contrapartida

95% de mão de obra não técnica.

Essa dissonância entre as classes é um reflexo escancarado das falhas nas

políticas públicas de incentivo a formação profissional e do descaso dos próprios

trabalhadores para consigo mesmos, os quais nem se preocupam em investir na sua

própria qualificação, estes indivíduos caem numa zona de conforto e se acomodam

achando que não necessitam se aperfeiçoar.

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Gráfico 5 – Empresas Com políticas que estimulam o funcionário. Fonte: Action, 2008.

O estimulo que a empresa dá ao seu colaborador é imprescindível para uma

futura agregação de valor pessoal e profissional desses indivíduos, se o trabalhador

já empregado recebe subsídios e fomento a uma formação mais elevada, não só ele

como também a empresa em que atua, estarão galgando degraus e se qualificando

rumo ao excelência profissional. Num mercado moderno os investimentos em

recursos humanos deverão ser cada vez mais intensificados para viabilizar a

incorporação de novas tecnologias. A criação de novos empregos se dará num ritmo

mais lento, porém os novos empregos deverão ser qualitativamente melhores e mais

duradouros, visto isso, também se torna lucrativo para a empresa, investir em mão

de obra qualificada.

Por outro lado, para que empresa incentive a modernização produtiva

da mão de obra, é indispensável que as políticas públicas protejam os

trabalhadores mais vulneráveis a esse processo. Freqüentemente, o

baixo grau de instrução contribui para que o trabalhador torne-se um

prisioneiro de determinado posto de trabalho, já que seu conhecimento é

limitado ao exercício de tarefas, o que o torna dependente de sua ocupação, fato

que limita as oportunidades de treinamento ao longo de sua vida de labor, e causa

dificuldades também no momento de novas contratações, pois nesse ponto, dentro

de alguns setores fabris, se faz necessária uma formação específica.

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Tabela 1 – Dificuldades de contratação. Fonte: Action, 2008.

A tabela acima demonstra as dificuldades de contratação que empresas do

PIM apresentam em relação a contratação de mão de obra técnica, principalmente

nos pólos de Componentes e metalúrgico, este quadro mostra que quanto menos os

pretensos ingressantes na cadeia produtiva do Pólo Industrial de Manaus se

preocuparem com sua qualificação profissional, menos oportunidades terão de

conseguir um novo emprego e uma dignidade trabalhista.

Gráfico 6 – Dificuldades de contratação de mão de obra. Fonte: Action, 2008.

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O gráfico anterior demonstra claramente a necessidade inexorável de

qualificação no que tange a possibilidade de entrada no mercado de trabalho e de

uma eventual contratação no futuro, já que dentre os tópicos abordados no gráfico, a

falta de qualificação ou conhecimento do cargo, pontua como uma das mais

freqüentes e maiores causas de dificuldade de contratação por parte das empresas

do pólo industrial de Manaus.

Gráfico 7 – Dificuldades de contratação de mão de obra. Fonte: Action, 2008.

O que vem demonstrado na figura acima é a diversidade de facetas que o

profissional tem por obrigação, apresentar para que chegue a um patamar de

empregabilidade bom ou ótimo em relação aos demais trabalhadores que somente

fazem a função que lhes é determinada e nada mais, deixando de lado toda a

potencialidade que o ser humano tem, de ser criativo, dinâmico, proativo e muito

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mais, observa-se também que a experiência não é mais o valor vislumbrado pelas

empresas para ocupação dos cargos, outros valores como a responsabilidade e o

dinamismo são bem mais importantes na opinião das empresas.

Gráfico 7 – Dificuldades de contratação de mão de obra. Fonte: Action, 2008.

Não há duvidas de que existem várias instituições em Manaus que auxiliam

sobremaneira na formação de uma nova frente de trabalho, mais moderna e com

uma visão futurista das relações trabalhistas, como mostra o gráfico 7, mas não se

deve esquecer que o incentivo governamental é imprescindível para que essas

instituições continuem fazendo um bom trabalho e ainda, a divulgação de suas

ações educativas, como cursos e palestras, deve ser amplamente veiculada a fim de

conclamar todos os indivíduos interessados a participar dessa corrente de

qualificação que abrange todo mercado regional.

Os currículos escolares, a tecnologia educacional e a metodologia

empregada, como são hoje, devem ser revistos para constituir-se em elemento

facilitador do processo de modernização produtiva e estimular gradativamente a

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evolução das relações trabalhistas, até que se chegue num ambiente mercadológica

ideal no que tange a otimização dos vínculos empregatícios.

O PIM vem fazendo um esforço enorme, e com resultados satisfatórios

até agora, para modernizar seu aparelho produtivo. As empresas são

guiadas pela necessidade de sobreviverem ao aumento da competitividade em uma

economia globalizada, recorrendo à inovação tecnológica e a novas formas de

organização da produção. Esses processos guardam em comum uma característica:

são movidos pela produção de conhecimentos. A disponibilidade de trabalhadores

com grau de conhecimento condizente com as necessidades desse modelo

assegura a rapidez com que se dará a aprendizagem e a capacitação — peças

fundamentais para o sucesso da modernização e a garantia de um emprego de

qualidade.

As novas bases produtivas, centradas na microeletrônica e nos conceitos de

qualidade e produtividade estabeleceram novo paradigma de produção. Este novo

modelo tem como características a flexibilidade, a diversificação de fornecedores e a

descentralização das atividades, de modo a atender às necessidades e interesses

do consumidor, que passa a ditar as novas regras do jogo. Com a produção

descentralizada, passa a prevalecer, agora, o padrão de qualidade e diferenciação

de produtos na conquista de mercados.

As novas características do processo de produção e dos métodos de gestão a

ele associados passam a exigir outras qualificações dos trabalhadores, tais como o

trabalho em grupo, a politecnía, a capacidade de interpretar instruções e a

habilidade para utilizar equipamentos e materiais mais sofisticados, e somente

através do treinamento adequado é que se pode chegar a uma excelência no

aspecto da formação de indivíduos capacitados a enfrentar e se sobressair em

relação aos percalços da metodologia mercadológica da atualidade.

Um novo perfil de qualificação do trabalhador é fundamental ao contexto, no

qual sobressai em primeiro plano — vale a pena insistir — a importância da

educação básica. O núcleo de conhecimentos, habilidades e atitudes adquiridos ao

longo do processo educacional constitui um requisito essencial para que a força de

trabalho possa ampliar as oportunidades de incorporação e de desenvolvimento no

futuro mercado de trabalho, objetivando sua valorização pessoal e profissional e o

atendimento às novas exigências de qualificação. Da mão-de-obra será exigida

maior capacidade de auto-aprendizagem, compreensão dos processos, capacidade

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de observar, de interpretar, de tomar decisões e de avaliar resultados. São

necessários, ainda, o domínio da linguagem técnica, a capacidade de comunicação

oral e escrita, a disposição e habilidade para trabalhar em grupos, a polivalência

cognitiva e a versatilidade funcional no trabalho.

As novas competências colocarão de maneira muito mais acentuada a

importância da educação formal e de complementação profissional, de modo a

propiciar a formação integral do trabalhador, por meio de um processo de educação

continuada. Dessa forma, novas habilidades ganham centralidade para a valorização

pessoal do trabalhador. A superação da concepção tradicional de tarefa

(adestramento) requer formas mais abrangentes e organizadas de aprendizagem,

em que o ato de pensar preside o ato de fazer.

De maneira crescente, é exigido menor grau de habilidades manipulativas e

maior grau de abstração no desempenho do trabalho produtivo. Esta habilidade

cognitiva deve ser criada no processo educativo, em especial durante a formação

profissional básica. Dentro dessa lógica, torna-se importante o desenvolvimento

da capacidade de adquirir e processar intelectualmente novas informações, de

superar hábitos tradicionais, de auto gerenciar-se, e de verbalizar e comunicar-se

com a equipe. É inegável que a modernização produtiva tem levado a um

enxugamento dos postos de trabalho nas empresas em que o fenômeno ocorre. Nos

países desenvolvidos, observa-se um crescimento líquido negativo do emprego

formal, muito embora haja criação de oportunidades de trabalho no chamado

mercado não-formal, através da terceirização, pela criação de pequenas empresas,

e pela contratação temporária de trabalho, mas ainda assim tais oportunidades têm

se mostrado insuficientes para contrabalançar o número de desempregados dentro

do estado do amazonas, mais especificamente no Pólo Industrial de Manaus.

Logo, dentro deste cerne a formação profissional deixa, a muito, de ser um

luxo e passa a ser uma necessidade indispensável àquele que deseja se destacar

dentro do mercado de trabalho, visto que as funções de especialistas ainda existem,

mas vão ficando cada vez mais escassas, pois o mercado de trabalho exige cada

vez mais que o profissional se torne multifuncional e atue em todo e qualquer setor

para o qual for designado.

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7 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

2008 2009 Atividades

J J A S O N D J F M A M J J A S O N D

Levantamento Bibliográfico X

Revisão da Literatura X X X X

Início da Coleta de Dados X X X X X X

Término da Coleta de Dados X X X X X X

Construção do Projeto X X X X

Redação Inicial X

Redação Final X

Entrega do Projeto X

Construção da Monografia X X X X

Redação Final X

Entrega da Monografia X

Contatos com o Orientador X X X X X X X X X

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8 CRONOGRAMA DE RECURSOS

CRONOGRAMA DE ORÇAMENTO

ITENS QUANTIDADE OBSERVAÇÃO VALOR (R$)

Livros 04 Históricos e Atualizados R$ 260,00

Revistas 03 Diversas R$ 27,70

Internet - Lan House R$ 350,00

Papel 01 resma Tipo A4 R$ 20,00

Impressão 75 aproximadamente R$ 75,00

Pen Drive 1 4Gb R$ 45,00

CD-RW 1 700Mb R$ 0,80

Reprografia 300 exatamente R$ 30,00

TOTAL R$ 808,50

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CONCLUSÃO

Esta conclusão, não pretendida como arremate definitivo acerca da temática

proposta para este estudo, se delineia no sentido de prover ao leitor, por uma

espécie de caminhada retrospectiva, a visão de conjunto dos fatores mais relevantes

dos tópicos estudados. Para tanto, o pesquisador tentou exercitar a estratégia de se

posicionar, agora não mais como pesquisador, mas sim, tanto quanto possível, na

condição de analista geral do conjunto da obra decorrente da pesquisa, até o final do

tópico 2.5.

Desta feita, tal dissertação, que objetivou buscar soluções práticas para

eliminar o crescente aumento do número de desempregados na cidade de Manaus,

no final do ano de 2008 e inicio de 2009, mais especificamente os provenientes do

Pólo Industrial de Manaus, visto que a base da economia desta localidade são os

indivíduos que possuem vinculo empregatício no setor industrial Manauara, como

fonte principal da renda familiar, que aquecem o mercado de compra e venda de

produtos e serviços. Sendo assim, se pelo menos um ou mais membros das famílias

não possuírem vinculo empregatício ou negócio próprio, não possuirão renda para

promover o aquecimento de mercado, o que implicaria diretamente na

desaceleração econômica e mercadológica na localidade onde habitam.

Visto que a crise financeira ou crise da confiança Mundial foi deflagrada no

Brasil a partir do segundo semestre de 2008, o autor tentou hipoteticamente buscar

soluções para o terrível quadro mercadológico implementado pela crise, voltando

seus esforços mais especificamente para o cerne da questão trabalhista que é a

tônica geral e principal deste trabalho. Sendo assim, se criou uma hipótese

resolutiva que mais tarde, após o término da pesquisa se mostrou altamente

verdadeira e precisa, pois pontuou antecipadamente, de forma resumida é claro,

cada ação tomada no decorrer da formulação das soluções para os malefícios da

crise financeira dentro do país e ainda mais especificamente, dentro do Pólo

Industrial de Manaus.

O autor, na decorrência da elaboração deste trabalho, vislumbrou a

possibilidade de que para a redução do índice de desemprego na cidade de

Manaus, principalmente na área Industrial que compreende a maior parte da

arrecadação da cidade, existe uma necessidade constante de observância das

características que fomentam essa questão, como, por exemplo, a falta de

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qualificação dos cidadãos dispostos a empregar-se para exercerem cargos

existentes no mercado e também a quantidade de vagas de emprego oferecidas

pelos futuros empregadores.

Então, desse ponto de vista, questionou-se a possibilidade de que medidas

sérias deveriam ser tomadas em favor da educação profissional, do incentivo a

ofertas de novas vagas de emprego e também da criação de políticas

publico/privadas para corroborar com a qualificação de cada individuo que perdeu

seu emprego no PIM por conta da crise. Incentivar o Pólo Industrial de Manaus a se

reerguer apresenta-se como a melhor forma de melhorar os indicativos de

crescimento de toda a cidade, e, por conseguinte, aquecer o mercado dando a

oportunidade ao cidadão, antes desempregado, de reinvestir em si próprio e em sua

família, fazendo o dinheiro circular.

Tendo em vista que esse pensamento se concretizou, a hipótese inicial foi

confirmada, tão logo recolhidas as informações pertinentes ao fato causador da

situação que consiste num alto índice de desempregados provenientes das

demissões em massa causadas pela crise. No âmago da pesquisa se pode

constatar que medidas para reverter o quadro econômico negativo foram tomadas,

tanto pelos governos, Federal e Estadual, como pelas próprias empresas que

sofriam esta recessão decorrente do abalo “sísmico” proveniente da desestabilidade

mercadológica pela qual o país passou.

Foram expostas também, no decorrer da dissertação, as causas primordiais

de deflagração da crise no mundo, sendo observada primeiramente junto aos paises

considerados os mais desenvolvidos, o que, num segundo momento, repercutiu em

outros paises de menor porte que estavam e estão diretamente ligados

mercadologicamente à essas potencias mundiais, que se viram obrigadas a repatriar

bens de investimento externo para tentar fugir da total falência, causando uma

enorme desestabilidade na balança comercial, o que quebrou alguns paises

despreparados para tal situação, felizmente o Brasil, por exercer uma política rígida

em relação à concessão de crédito a quem quer que seja, reagiu melhor do que se

esperava, tanto que em poucos, meses depois da deflagração da crise em território

nacional, alguns seguimentos econômicos já apresentavam crescimento,

logicamente que ainda tímido, mas muito promissor em relação a outros mercados

de outras partes do mundo.

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A crise, como fenômeno sócio-econômico, trouxe um novo panorama às

relações comerciais e trabalhistas, dando uma nova perspectiva mercadológica às

nações no tocante à disponibilização de novas técnicas comerciais que abriram um

arcabouço de oportunidades, principalmente nas áreas de indústria e comércio, mas

em contraponto, trouxe também como efeito colateral o desemprego estrutural,

evaporando assim milhares de postos de trabalho – propensos a não serem

revividos nunca mais – carreiras profissionais que se extinguiram como os

dinossauros da era da informática.

A rapidez da emersão da crise global não foi amplamente assimilada pela

sociedade, os conflitos cresceram, os trabalhadores perderam prerrogativas em

nome da competitividade e da permanência no mercado voraz, na era da

globalização, não pela lei que rege as relações humanas, mas pela lei da

sobrevivência dos mais fortes, sobretudo da sobrevivência das grandes

corporações, o que desestimula o trabalho nos moldes da mercadologia pós critica,

que, globalmente, minimiza os gastos com recursos humanos.

Mas apesar de todos os malefícios mercadológicos vistos e revisados neste

trabalho, ainda se observa a “luz no fim do túnel”. Mesmo por que outras crises

como esta já ocorreram, não obstante a crise de 1929 que faliu a maioria das

empresas dos paises desenvolvidos, mas aos poucos o mercado se recuperou

demonstrando que as crises que aparecem, globais ou não, servem primordialmente

para expurgar o mercado das “maçãs podres” que eventualmente existam, e criar

novas oportunidades para aqueles que realmente sabem fazer negócio.

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