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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO DIOGO CARNEIRO SANTIAGO O DESEMPENHO DE CARTEIRAS IGUALMENTE PONDERADAS COM QUANTIDADES PEQUENAS DE AÇÕES RIO DE JANEIRO 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

DIOGO CARNEIRO SANTIAGO

O DESEMPENHO DE CARTEIRAS IGUALMENTE PONDERADAS COM

QUANTIDADES PEQUENAS DE AÇÕES

RIO DE JANEIRO

2013

Page 2: O DESEMPENHO DE CARTEIRAS IGUALMENTE … · O número de ações em uma carteira encontra-se novamente em debate na literatura, com alguns autores sugerindo que o número de ações

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Diogo Carneiro Santiago

O DESEMPENHO DE CARTEIRAS IGUALMENTE PONDERADAS COM

QUANTIDADES PEQUENAS DE AÇÕES

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientador: Ricardo Pereira Câmara Leal, D.Sc.

RIO DE JANEIRO

2013

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iii

Santiago, Diogo Carneiro.

O desempenho de carteiras igualmente ponderadas com quantidades

pequenas de ações. / Diogo Carneiro Santiago. -- Rio de Janeiro: UFRJ,

2013.

58 f.; 30 cm.

Orientador: Ricardo Pereira Câmara Leal.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Instituto COPPEAD de Administração, 2013.

1. Administração financeira. 2. Mercado de ações. 3. Administração –

Teses. I. Leal, Ricardo Pereira Câmara. II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de Administração. III. Título.

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Diogo Carneiro Santiago

O DESEMPENHO DE CARTEIRAS IGUALMENTE PONDERADAS COM

QUANTIDADES PEQUENAS DE AÇÕES

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração

Aprovada por:

________________________________

Ricardo Pereira Câmara Leal, D.Sc. - COPPEAD/UFRJ

________________________________

Fernando Nascimento de Oliveira, Ph.D. - Banco Central do Brasil e IBMEC/RJ

________________________________

Marcelo Cabús Klotzle, Ph.D.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Grace e Luciano, por todo o amor, apoio e ensinamentos.

Ao meu orientador e professor Ricardo Leal, por todo o apoio e dedicação durante a

realização desta dissertação.

A todos os professores da COPPEAD, por toda a dedicação e pelo aprendizado

proporcionado.

Aos meus irmãos, familiares, amigos e a todos que fizeram parte desta trajetória e

contribuíram de alguma forma durante o Mestrado.

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RESUMO

SANTIAGO, Diogo Carneiro. O desempenho de carteiras igualmente ponderadas

com quantidades pequenas de ações. Dissertação (Mestrado em Administração de

Empresas) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de

Administração. Rio de Janeiro, 2013.

Artigos recentes apontam vantagens das técnicas ingênuas de formação de carteiras. Thomé Neto et al. (2011) afirmam que os retorno de carteiras com investimento igual em cada ativo (1/N) superam os do índice Ibovespa e de muitos fundos de investimento em ações com gestão ativa (FIAs). Este trabalho analisa o desempenho de carteiras com pesos iguais para cada ação e o compara com o Ibovespa, uma carteira de mínima variância global com limite de 10% (MVP 10%) sobre os pesos e FIAs com gestão ativa. O foco está na gestão de pequenas carteiras e, por isso, a quantidade de ações na carteira (N) é baixa, entre 6 e 16, e o rebalanceamento é feito poucas vezes ao ano (quadrimestral no caso base). As comparações foram feitas por meio de testes não-paramétricos apurados entre 1998 e 2011. As carteiras 1/N não apresentaram retornos ajustados ao risco maiores do que os da MVP 10%, mas superam os do Ibovespa e de muitos dos FIAs analisados. Não se constatou retorno mediano significativamente maior do que o do Ibovespa e da MVP 10%. O rebalanceamento é relevante e pode ser feito poucas vezes por ano. O critério de seleção das ações segundo o índice de Sharpe é relevante. As carteiras 1/N constituem estratégia simples e de baixo custo, viável e competitiva para investidores individuais e pequenas carteiras em geral.

Palavras-chave: otimização de carteiras de investimento; relação risco-retorno;

carteiras igualmente ponderadas; carteiras ingênuas; mercado de ações.

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ABSTRACT

SANTIAGO, Diogo Carneiro. O desempenho de carteiras igualmente ponderadas

com quantidades pequenas de ações. Dissertação (Mestrado em Administração de

Empresas) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de

Administração. Rio de Janeiro, 2013.

Recent articles highlight the advantages of naive portfolios. Thomé Neto et al. (2011) argue that portfolios with equal investment in each asset (1/N) display returns greater than those of the Ibovespa index and many actively managed mutual stock funds. This study analyzes the performance of equally weighted portfolios and compares it to the Ibovespa, global minimum variance portfolio with weights limited to 10% (MVP 10%), and actively managed mutual stock funds. The focus is on the management of small portfolios and, thus, the number of stocks in the portfolio (N) is low, between 6 and 16, and rebalancing is done a few times per year (every four months in the base case). Comparisons were made using non-parametric tests on daily returns calculated between 1998 and 2011. The 1/N portfolios did not show risk-adjusted returns greater than those of the MVP 10%, but outperformed those of the Ibovespa and many stock mutual funds. There were no median returns significantly greater than those of the Ibovespa and the MVP 10%. Rebalancing is relevant and can be done a few times per year. The stock selection criterion according to the Sharpe Index is relevant. The 1/N portfolios are a viable and competitive simple low-cost strategy for individual investors and small portfolios in general.

Keywords: portfolios optimization; return-risk relationship; equally weighted portfolios;

naive portfolios; stock market.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estatísticas descritivas dos retornos diários entre 5/1998 e 12/2011 ....... 26

Tabela 2 - Indicadores de desempenho ajustados a risco dos retornos diários entre

5/1998 e 12/2011 ...................................................................................................... 31

Tabela 3 – Comparação das carteiras 1/N com o Ibovespa entre 5/1998 e 12/2011 34

Tabela 4 – Comparação das carteiras 1/N com a MVP 10% entre 5/1998 e 12/2011

.................................................................................................................................. 36

Tabela 5 – FIAs que superam carteiras 1/N selecionadas entre 5/1998 e 12/2011 .. 39

Tabela 6 – Estatísticas descritivas dos retornos de carteiras 1/N originais e

alternativas classificadas do menor para o maior Índice de Sharpe entre 5/1998 e

12/2011 ..................................................................................................................... 40

Tabela 7 – Comparação das carteiras 1/N classificadas do menor para o maior

Índice de Sharpe em relação ao Ibovespa entre 5/1998 e 12/2011 .......................... 42

Tabela 8 – Estatísticas descritivas para as carteiras 1/N com repetição reduzida de

setores de atividade entre 5/1998 e 12/2011 ............................................................ 44

Tabela 9 – Comparação das carteiras 1/N com repetição reduzida de setores de

atividade em relação à carteira MVP 10% entre 5/1998 e 12/2011 ........................... 45

Tabela 10 – Estatísticas descritivas para as carteiras com pesos diferentes entre

5/1998 e 12/2011 ...................................................................................................... 47

Tabela 11 – Comparação das carteiras com pesos diferentes com a MVP 10% entre

5/1998 e 12/2011 ...................................................................................................... 48

Tabela 12 – Estatísticas descritivas para as carteiras 1/N com rebalanceamento

anual entre 1/1999 e 12/2011.................................................................................... 49

Tabela 13 – Estatísticas descritivas para as carteiras 1/N com rebalanceamento

anual e líquidas de custos de transação e IR entre 1/1999 e 12/2011 ...................... 50

Tabela 14 – Comparação das carteiras 1/N com rebalanceamento anual e líquidas

de custos de transação e IR com o Ibovespa entre 1/1999 e 12/2011 ...................... 51

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Retorno acumulado diário para carteiras selecionadas e o Ibovespa entre

5/1998 e 12/2011 ...................................................................................................... 28

Figura 2 - Relação entre o desvio-padrão e a quantidade de ações presentes nas

carteiras 1/N entre 5/1998 e 12/2011 ........................................................................ 29

Figura 3 – Relação entre retorno e risco de carteiras selecionadas e do Ibovespa

entre 5/1998 e 12/2011 ............................................................................................. 32

Figura 4 – Relação entre o desvio-padrão e a quantidade de ações presentes nas

carteiras 1/N classificadas do menor para o maior Índice de Sharpe entre 5/1998 e

12/2011 ..................................................................................................................... 41

Figura 5 – Relação entre o desvio-padrão e a quantidade de ações nas carteiras 1/N

com repetição reduzida de setores de atividade entre 5/1998 e 12/2011 ................. 44

Figura 6 – Relação entre o desvio-padrão e a quantidade de ações nas carteiras

com pesos diferentes entre 5/1998 e 12/2011 .......................................................... 47

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SUMÁRIO

1 Introdução .......................................................................................................................................... 11

2 Breve Revisão da Literatura ............................................................................................................... 14

3 Metodologia ....................................................................................................................................... 18

3.1 Dados ........................................................................................................................................... 18

3.2 Critérios de formação de carteiras .............................................................................................. 19

3.3 Cálculo de desempenho das carteiras......................................................................................... 21

4 Resultados Principais ......................................................................................................................... 25

4.1 Análise descritiva das carteiras 1/N ............................................................................................ 25

4.2 Análise do desempenho das carteiras 1/N ................................................................................. 29

4.3 Análise comparativa das carteiras 1/n ........................................................................................ 32

4.3.1 Carteiras 1/N em relação ao Ibovespa ................................................................................. 32

4.3.2 Carteiras 1/N em relação à MVP 10% .................................................................................. 35

4.3.3 Carteiras 1/N em relação a FIAs ........................................................................................... 37

5 Testes de Robustez ............................................................................................................................. 39

5.1 Reordenação das ações ............................................................................................................... 39

5.2 Exclusão de ações de mesmo setor............................................................................................. 42

5.3 Atribuição de pesos diferentes para cada ação .......................................................................... 46

5.4 Rebalanceamento anual e líquido de tributos e custos de transação ........................................ 49

6 – Conclusões ....................................................................................................................................... 51

Referências Bibliográficas ..................................................................................................................... 54

Apêndices .............................................................................................................................................. 56

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1 INTRODUÇÃO

A trajetória descendente das taxas de juros nos últimos anos diminuiu a

atratividade do segmento de renda fixa e fez com que os investidores individuais

começassem a buscar o aperfeiçoamento de suas estratégias de investimento. O

investimento no mercado de ações tornou-se mais comum no Brasil. Os avanços

tecnológicos e a facilidade proporcionada pelo uso das ferramentas de home broker

também são fatores responsáveis pelo crescimento dos investimentos em ações

(Oliveira e Paula, 2008). Contudo, investidores individuais e gestores de pequenas

carteiras terão dificuldade de gerir uma carteira com um número elevado de ações.

Este trabalho investiga o desempenho de carteiras pequenas formadas segundo

critérios simples e o compara a fundos de investimentos em ações (FIAs) e a uma

carteira de mínima variância global.

Bloomfield, Leftwich e Long (1977), DeMiguel, Garlappi e Uppal (2009) e

Thomé Neto, Leal e Almeida (2011) estão entre os artigos que destacam as

qualidades das carteiras que atribuem pesos iguais para cada um dos ativos que as

constituem. Este método de formação de carteiras é muitas vezes chamado de

"carteiras 1/N", onde N é o número de ativos na carteira, ou de carteiras ingênuas.

DeMiguel et al. (2009) comparam o desempenho de uma carteira ingênua com

carteiras formadas com o emprego de diversos métodos mais sofisticados de

seleção de ativos e concluem que ela os iguala ou supera. Thomé Neto et al. (2011)

realizam testes para carteiras de mínima variância global (MVP) no Brasil, impondo

limites máximos para os pesos positivos das ações da carteira e sugerem que uma

carteira com pesos limitados a 10% do seu patrimônio superam o índice Ibovespa e

é competitiva quando comparada ao desempenho dos melhores fundos de gestão

ativa e a carteiras ingênuas. O universo de ações considerado foi o das

componentes do índice Ibovespa. O número médio de ações na carteira com pesos

máximos limitados a 10% foi de cerca de 16. Alguns autores brasileiros argumentam

que carteiras formadas com critérios mais sofisticados superam as carteiras 1/N,

porém, eles usam um número maior de ações do que Thomé Neto et al. (2011),

períodos mais curtos para estimativas ou rebalanceamentos mais frequentes

(Santos e Tessari, 2012; Rubesam e Beltrame, 2013).

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Sendo assim, a literatura nacional ainda não deixou claro se carteiras 1/N,

com N pequeno, são atraentes para investidores menos sofisticados. Este trabalho

tem como objetivo investigar, portanto, se carteiras 1/N com N pequeno, entre 6 e

16, apresentam desempenho aceitável em relação a FIAs e à MVP. A relevância da

proposta está em preencher esta lacuna na literatura e oferecer evidências sobre as

carteiras ingênuas com N pequeno enquanto alternativa viável e de baixo custo para

gestão de pequenas carteiras. Carteiras igualmente ponderadas também podem

gerar um novo padrão de referência de mercado que norteie a estratégia de FIAs

(menos provável) ou de clubes de investimento (mais provável), ou até mesmo um

exchange traded fund (ETF).

O número de ações em uma carteira encontra-se novamente em

debate na literatura, com alguns autores sugerindo que o número de ações

necessárias para que se tenha uma carteira bem diversificada é muito grande. Por

um lado, artigos recentes sugerem que o número de ações necessário para que uma

carteira apresente risco próximo ao do mercado é relativamente pequeno no Brasil.

Oliveira e Paula (2008) e Ceretta e Costa Jr. (2000) consideram que carteiras com

12 ações captam a maior parte dos benefícios da diversificação no Brasil. Brito

(1989) encontra resultados semelhantes para o mercado brasileiro nos anos 70.

Bennett e Sias (2011) e Chance, Shynkevich e Yang (2011), por outro lado,

contestam os resultados de trabalhos como estes. Eles argumentam que os

investidores dificilmente conseguem reduzir o risco sistemático a níveis desprezíveis

porque a carteira de certo investidor é uma só, entre muitas possíveis, enquanto que

estes estudos chegam a seus resultados ao formar um grande número de carteiras

com ações escolhidas de forma aleatória e calcular a média do retorno, do risco e da

redução do risco sistemático. Sendo assim, não se pode afirmar que carteiras

ingênuas com poucos ativos, mesmo até um pouco mais do que o recomendado

pelos estudos brasileiros citados, sejam bem diversificadas. Neste estudo não se

defenderá que gestores de pequenas carteiras adotem a estratégia ingênua porque

ela leva a uma boa diversificação. Vale ressaltar, também, que, em momento algum,

este trabalho procura defender o uso da estratégia de alocação 1/N para formação

de carteiras em detrimento de modelos mais complexos ou da análise

fundamentalista de ações. Santos e Tessari (2012) e Rubesam e Beltrami (2013)

mostram que modelos mais complexos podem superar a carteira 1/N. O estudo visa

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mostrar que estratégias simples, como a 1/N, podem ser capazes de superar o

índice Ibovespa e, desse modo, pode ser relevante para os gestores de pequenas

carteiras, além de sugerir outro benchmark para o mercado.

O trabalho tampouco procura advogar a favor do uso do índice de Sharpe ex-

post, aqui usado para escolher as ações que comporão as carteiras ingênuas, como

critério de seleção de ativos, sendo tal índice empregado, neste caso, pela sua

simplicidade e uso corriqueiro como indicador de desempenho no mercado para

facilitar a seleção das ações a serem consideradas. O uso de técnicas mais simples

de formação de carteiras pode oferecer vantagens importantes em relação ao custo,

mas admite-se que possam ser inferiores às empregadas por alguns gestores

profissionais, que dispõem de muito mais recursos e conhecimento técnico para

fazer mais uso da informação disponível por meio de procedimentos mais

complexos.

O estudo é delimitado de forma a englobar somente ações do mercado

brasileiro que compõem o índice Ibovespa, o que permite uma comparação justa

entre as carteiras ingênuas 1/N e o Ibovespa. Além disso, vale ressaltar que um dos

critérios empregados para a construção do Ibovespa é a liquidez das ações, o que

parece pertinente uma vez que a liquidez é um aspecto crítico do investimento dos

indivíduos e dos gestores de pequenas carteiras.

Os resultados sugerem que as carteiras ingênuas 1/N apresentam, de forma

geral, desempenho melhor do que o do Ibovespa e muitos FIAs para valores de N

entre 6 e 16. Todas as carteiras 1/N rebalanceadas a cada quadrimestre

apresentaram retornos estatisticamente maiores do que os do Ibovespa, e não

houve diferença estatística entre o retorno das carteiras 1/N e as MVP com limites

de peso de 10% utilizadas por Thomé Neto et al. (2011), sugerindo que o emprego

de técnicas de otimização também é meritório, como concluíram Santos e Tessari

(2012) e Rubesam e Beltrame (2013). Contudo, as carteiras 1/N não apresentam

medidas de desempenho ajustado a risco, tal como o alfa de Jensen, o índice de

valor adicionado e o M2 maiores do que a carteira MVP.

O restante do trabalho é composto por cinco partes. A seção 2 apresenta uma

breve revisão da literatura. A seção 3 descreve a metodologia, destacando os dados

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empregados, o critério de composição das carteiras e os indicadores e testes

usados para a comparação de desempenho. A seção 4 apresenta os resultados da

carteira 1/N e sua comparação com outros índices e carteiras. A seção 5 apresenta

os testes de robustez e a seção 6 conclui o trabalho.

2 BREVE REVISÃO DA LITERATURA

Um aspecto fundamental para o investidor que decide aplicar seu dinheiro em

ações é técnica a empregar para escolher os ativos e seus pesos na carteira. Alguns

investidores fazem estudos detalhados dos diversos papeis e empregam técnicas

quantitativas sofisticadas, o que é comum na gestão profissional. Muitos

investidores, porém, sobretudo os de menor porte, escolhem comprar ações sem

poder contar com muitos recursos para realizar análises detalhadas e decidir o peso

que eles terão em suas carteiras. Sendo assim, é importante saber se é vantajoso

dedicar esforço e recursos na busca de técnicas mais complexas de formação das

carteiras.

Bloomfield et al. (1977) afirmam que o uso de técnicas mais sofisticadas de

formação de carteiras implica em um custo de estimação maior. Técnicas mais

simples de formação de carteiras podem reduzir os custos do processo, a despeito

do número de ativos. Estes autores realizaram um experimento para comparar o

desempenho de uma carteira ingênua 1/N com quatro estratégias mais complexas

de formação de carteiras e concluíram que o uso de técnicas mais sofisticadas não

implica em retornos significativamente superiores para qualquer tamanho de N.

DeMiguel et al. (2009) sugerem que o uso da carteira 1/N apresenta

desempenho ajustado ao risco competitivo em relação a procedimentos mais

sofisticados de alocação dos recursos. Eles argumentam que muitos investidores

ainda empregam procedimentos simples para a escolha de ativos mesmo diante dos

métodos mais sofisticados já desenvolvidos. Eles compararam o desempenho de 14

modelos de formação de carteira que empregaram sete conjuntos de dados

distintos, provenientes dos EUA e de outros países, com uma carteira 1/N. Os

autores concluíram que nenhum dos modelos testados apresenta desempenho

significativamente superior à carteira ingênua, seja em relação ao Índice de Sharpe

ou ao retorno equivalente-certo. A carteira 1/N superou, inclusive, alguns métodos

robustos de formação de carteiras. Os autores também verificaram que seria

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necessária uma janela de estimação de 3000 meses para que uma carteira de 25

ativos construída com um modelo de média-variância, ou uma de suas extensões,

fosse capaz de superar a carteira 1/N. A janela aumentaria para 6000 meses para

uma carteira de 50 ativos.

Thomé Neto et al. (2011) analisaram carteiras de Mínima Variância Global

(MVP) para as ações mais líquidas do Brasil, no período de janeiro de 1998 a

dezembro de 2008, comparando-as com o desempenho do Ibovespa e de FIAs. A

MVP é a carteira localizada mais à esquerda na fronteira eficiente, ou seja, a que

possui menor risco entre todas as carteiras eficientes (MARKOWITZ, 1952). Os

autores não encontraram diferenças de desempenho estatisticamente significativas

entre a carteira MVP sem limites impostos sobre a participação positiva de cada

ativo na carteira e o Ibovespa. Contudo, ao construir carteiras MVP com limites

impostos ao peso dos ativos, verificam que a carteira com limite de peso máximo

positivo de cada ativo de 10% apresenta desempenho superior ao do Ibovespa. Os

autores não admitiram pesos negativos em sua análise.

Thomé Neto et al. (2011) também compararam a alocação igual entre os

ativos (1/N) que compunham a carteira MVP sem limites sobre os pesos positivos

com a carteira MVP com pesos positivos máximos de 10%. Seus resultados indicam

que essa forma de alocação ainda mais simples apresentava desempenho

equivalente ao da carteira MVP 10%. Thomé Neto et al. (2011) não se preocuparam

em limitar N, que poderia chegar à quantidade de ações constituintes do Ibovespa.

Santos e Tessari (2012) analisaram três procedimentos de encolhimento

("shrinkage") sugeridos na literatura, além da formação de carteiras com uma matriz

RiskMetrics, a matriz amostral de covariâncias e da carteira 1/N para retornos de

ações brasileiras. Eles concluíram que as carteiras que empregaram técnicas de

otimização apresentaram desempenho ajustado a risco superior. Eles empregaram

as ações que constituíram o índice Ibovespa entre março de 2009 e novembro de

2011 e usaram rebalanceamentos diários, semanais e mensais. Thomé Neto et al.

(2011) usaram um período bem mais longo de retornos e rebalancearam suas

carteiras a cada quadrimestre. Santos e Tessari (2012), contudo, usaram um

número bem maior de ações em suas carteiras (45) do que Thomé Neto et al.

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(2011), o que dificulta o processo de formação de carteiras para investidores

individuais.

Rubesam e Beltrame (2013) analisaram retornos diários entre junho de 1998

e junho 2011 e consideraram todas as ações existentes no mercado brasileiro, até o

momento de pararem de negociar, reduzindo, assim, a influência do viés de

sobrevivência. Eles empregaram quatro métodos para formação das matrizes de

covariância para calcular carteiras de mínima variância global: RiskMetrics,

encolhimento, amostral e uma variante do modelo Generalized Autoregressive

Conditional Heteroscedasticity (GARCH). Eles usaram rebalanceamento semanal,

mensal e trimestral. As carteiras de mínima variância com matriz de covariâncias

amostral apresentaram retorno ajustado ao risco superior tanto ao Ibovespa quanto

a uma carteira igualmente ponderada. Os autores empregaram diversos tamanhos

de carteira entre 30 e o máximo possível segundo seus critérios de admissão na

análise. Sendo assim, este estudo também não contemplou carteiras com N muito

pequeno. Battaglia (2013), por outro lado, usou carteiras 1/N selecionadas

aleatoriamente com N igual a 10 e concluiu que elas superaram diversos FIAs de

gestão ativa. O autor também concluiu que seus resultados se mantém para

diversos períodos de rebalanceamento, mas seu caso base se referia ao

rebalanceamento trimestral.

A grande diferença entre os períodos amostrais, na frequência de

rebalanceamento e no número de ações considerado deixa em aberto a

superioridade das carteiras 1/N no País, particularmente para aquelas com N

pequeno. Contudo, estas carteiras superaram o índice Ibovespa nos estudos de

Thomé Neto et al. (2011), Santos e Tessari (2012) e Rubesam e Beltrame (2013) e

são indiscutivelmente mais simples de se formar do que carteiras que empregam

métodos de otimização. Este trabalho, portanto, procurará analisar se carteiras com

N pequeno, menor do que o empregado pelos estudos brasileiros anteriores, e

rebalanceamento menos frequente do que os de Santos e Tessari (2012) são

competitivas para os gestores de carteiras de pequeno patrimônio.

O número de ativos que leva a uma carteira bem diversificada vem sendo

discutido na literatura recente. Chance et al. (2011) e Bennet e Sias (2011)

discordam do pensamento acadêmico padrão em relação ao número de ativos ótimo

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para se obter a maior parte dos benefícios da diversificação em uma carteira.

Segundo Chance et al. (2011), vários estudos sugerem que esse número seja de 10

a 30 ativos, na maioria dos casos, chegando ao máximo de 40. Eles argumentam

que a curva de diversificação mais difundida na literatura, na qual o desvio-padrão

da carteira vai caindo exponencialmente com o aumento do número de ativos, só é

observada para a média de uma grande amostra de carteiras. Cada investidor

individual, porém, possui apenas uma carteira, podendo suas curvas apresentar

formatos diferentes, quando analisadas isoladamente, o que torna incorreto supor

que um pequeno número de ativos é suficiente para tornar uma carteira bem

diversificada. Chance et al. (2011) também empregaram experimentos com uma

amostra de estudantes de pós-graduação em negócios e verificaram que os

indivíduos fazem escolhas tendenciosas, de acordo com suas preferências e

familiaridades, podendo optar por ativos altamente correlacionados, o que dificulta a

diversificação.

DeMiguel et al. (2009) também acreditam que é necessário que N seja grande

para que uma carteira ingênua possa superar outros modelos de formação de

carteiras, uma vez que um N elevado aumenta o potencial de diversificação. Eles

constataram que um menor número de ativos torna a carteira ingênua menos efetiva

em relação a outros métodos de seleção de ativos. Bennet e Sias (2011) também

acreditam que o número de ativos necessários para obter uma carteira bem

diversificada deva ser muito maior do que 50, e até duvidam que seja possível

construir uma carteira bem diversificada. Eles argumentam que não é fácil eliminar o

risco não-sistemático com carteiras cujo N não é muito grande, e mesmo carteiras

com N igual a 200, 300 ou até 500 ativos ainda conteriam considerável risco não-

sistemático, o que impede que sejam consideradas bem diversificadas.

Estes resultados sugerem que não é possível obter carteiras bem

diversificadas com N pequeno, como se pretende formar neste trabalho. Entretanto,

vale destacar que esses estudos não pretendem mostrar que é mais vantajoso ter

uma carteira com N muito grande, mas alertar para os perigos do investidor acreditar

que está bem diversificado com uma carteira com N igual a 10 ou 15 ativos, por

exemplo. Já este estudo não aborda a questão da diversificação plena, mas analisa

comparativamente o desempenho de carteiras ingênuas 1/N com N pequenos como

estratégia alternativa para investidores individuais e gestores de pequenas carteiras

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que visam um baixo custo de gestão, sem supor que eles estejam bem

diversificados. Em outras palavras, o estudo investiga se carteiras formadas com

técnicas simples e mal diversificadas conseguem obter retorno ajustado ao risco

equivalente ou superior a carteiras constituídas de outras formas.

3 METODOLOGIA

3.1 DADOS

O universo de ações considerado para formar as carteiras 1/N será o das

constituintes do Índice Ibovespa no início de cada quadrimestre entre janeiro de

1998 e dezembro de 2011. As carteiras 1/N também serão construídas

quadrimestralmente para seguir a formação das carteiras teóricas do Ibovespa.

Optou-se por três rebalanceamentos por ano uma vez que o foco do trabalho recai

sobre a gestão de pequenas carteiras, visando reduzir os custos e, também,

comparar os resultados com os de Thomé Neto et al. (2011). Ademais, Battaglia

(2013) mostrou que o desempenho ajustado ao risco de carteiras 1/N selecionadas

aleatoriamente é pouco afetado para frequências de rebalanceamento mensal,

bimestral, trimestral, quadrimestral, semestral e anual. O início do período de análise

é o mesmo que o de Thomé Neto et al. (2011) para permitir a comparação entre as

carteiras formadas nos dois trabalhos. O final do período de análise corresponde ao

último ano calendário encerrado quando da decisão sobre os critérios de coleta dos

dados.

O imposto de renda (IR) e os custos de negociação com ações serão

considerados nos testes de robustez, pois, obviamente, podem impactar os

resultados, dependendo da quantidade de transações e do número de ativos (N) na

carteira, como destacam Oliveira e Paula (2008). O IR corresponde a uma alíquota

de 15% aplicada sobre os ganhos de capital maiores do que R$ 20.000 reais em um

mês. O IR sobre o investimento em FIAs só é apurado quando do resgate, total ou

parcial. As taxas de administração dos fundos serão consideradas na forma

empregada por Thomé Neto et al. (2011) quando forem feitas as comparações entre

as carteiras 1/N e fundos de investimento. Os preços obtidos foram ajustados para

proventos (em particular, dividendos e juros sobre capital próprio).

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Primeiramente, foram obtidas as ações que compunham cada carteira

quadrimestral do Ibovespa no sítio da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros

(BM&FBovespa) na Internet entre janeiro de 1998 e dezembro de 2011. Em seguida,

foram obtidas as cotações diárias (médias e de fechamento) dessas ações e do

Ibovespa, para os períodos em que faziam parte da carteira do Ibovespa, na base de

dados Economática®. Durante o período de análise, ocorreram mudanças de

códigos de ações, fusões ou cancelamentos, sendo essas informações verificadas

na base de dados da Bloomberg®.

As cotas líquidas diárias e demais informações dos FIAs foram obtidas da

base de dados Quantum Axis® que inclui milhares de fundos de investimento.

Assim, alguns filtros foram aplicados para que as comparações com as carteiras 1/N

pudessem ser feitas. Foram escolhidos somente os fundos classificados pela

Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais

(Anbima) como “Ações Ibovespa Ativo”, que são FIAs que utilizam o Ibovespa como

benchmark, possuindo o objetivo explícito de superá-lo. Somente FIAs que

permaneceram ativos foram selecionados, ou seja, que ficaram abertos durante todo

o período de análise das carteiras 1/N, estabelecidos antes de maio de 1998 e que

ainda existiam em dezembro de 2011, mesmo que esse filtro possa ter excluído da

amostra fundos que tiveram bom desempenho. Cabe notar que esse critério de

seleção não é favorável às carteiras 1/N aqui formadas uma vez que elas serão

comparadas a fundos que sobreviveram ao período e que, portanto, devem ser

fundos de bom desempenho. Foram considerados tanto fundos que admitiam

alavancagem ou não. Dessa forma, restaram 52 fundos para análise, que podem ser

vistos no Apêndice A.

3.2 CRITÉRIOS DE FORMAÇÃO DE CARTEIRAS

O Índice de Sharpe ex-post (IS) ao final de cada quadrimestre foi empregado

para escolher os N ativos das carteiras ingênuas devido a seu uso corriqueiro, como

destaca Póvoa (2010, p. 395-405), e por ser de fácil aplicação. A Equação 1 mostra

a forma de cálculo do IS, em que o retorno foi calculado com base nas cotações

diárias de fechamento das ações, com ajuste de proventos e dividendos. A taxa livre

de risco usada foi a taxa SELIC over diária.

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20

Eq. 1

Onde:

ISt = Índice de Sharpe no quadrimestre t

Rt = Média das diferenças diárias entre o retorno da ação e da taxa SELIC

over no quadrimestre t

DPt = Desvio-padrão das diferenças diárias entre o retorno da ação e da taxa

SELIC over no quadrimestre t

A Equação 1 segue a metodologia de Sharpe (1994), que define o IS como a

razão entre a média histórica dos retornos em excesso e a variabilidade histórica

dos retornos em excesso. Assim, o numerador da equação representa a média das

diferenças diárias dos retornos diários da ação e da taxa SELIC, enquanto o

denominador representa o desvio-padrão das diferenças dos retornos diários no

quadrimestre.

As ações que compuseram o índice Ibovespa no segundo quadrimestre de

1998, por exemplo, foram selecionadas com base no IS calculado com os retornos

diários de fechamento no primeiro quadrimestre de 1998. A primeira carteira 1/N

formada foi a do segundo quadrimestre de 1998 por esta razão.

A liquidez foi outro critério importante para a escolha das ações que

compuseram a carteira de cada quadrimestre. As ações que não apresentaram

cotação para todos os dias do quadrimestre anterior foram excluídas da carteira

correspondente. As ações que não passaram por este filtro, somadas aos casos de

ações que não apresentaram histórico de cotação na base de dados Economática®

por motivo de cancelamento, atingiram um total de 213 exclusões em todo o período

de análise. Uma ação pode ser excluída por falta de liquidez mais de uma vez, a

cada rebalanceamento. Não se acredita que isso traga um viés de sobrevivência

significativo, além daquele que já está presente no índice Ibovespa, porque as

carteiras são rebalanceadas três vezes ao ano.

Foram construídas onze carteiras por período quadrimestral analisado, com N

variando de seis a 16 ações. Desses valores, 12 é o número ótimo de ativos

encontrado por Oliveira e Paula (2008) em uma carteira de investidores individuais

no Brasil e, ao mesmo tempo, é o número médio de ativos na carteira MVP sem

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limites sobre os pesos máximos positivos construída por Thomé Neto et al. (2011).

Já 16 é o número médio de ativos da carteira MVP com peso positivo limitado a 10%

no estudo realizado por Thomé Neto et al. (2011), que foi a que apresentou

desempenho superior em relação ao Ibovespa, bem como o limite superior do

número de ativos sugerido por Brito (1989). Cabe destacar que oito é o limite inferior

do número de ativos sugerido por Brito (1989).

Depois de definidos os critérios de seleção de ativos, formação das carteiras

e os valores de N que serão empregados, foram atribuídos pesos iguais, como já

mencionado anteriormente, para cada ativo presente nas carteiras ingênuas. Assim,

a carteira com N igual a 10, por exemplo, é composta pelas ações com os dez

maiores IS do período anterior, com pesos iguais a 10% para cada uma. Não foi feito

rebalanceamento para que as ações mantivessem as mesmas quantidades teóricas

iniciais ao longo de cada período quadrimestral. Contudo, ao final de cada

quadrimestre, se formou uma nova carteira com as novas ações de maior IS.

O critério usado para formar a carteira MVP com limite de peso por ação de

10% foi o mesmo de Thomé Neto et al. (2011), no qual a participação de cada ativo

em cada período foi definida pela carteira MVP global de Markowitz (1952). As

carteiras MVP também foram construídas com as cotações dos quadrimestres

anteriores. Não foram admitidas vendas a descoberto e nem captação de

empréstimos à taxa livre de risco. O peso máximo de 10% em cada ativo foi imposto

como restrição.

3.3 CÁLCULO DE DESEMPENHO DAS CARTEIRAS

Cada carteira ingênua constituiu um índice cujo valor inicial foi de 100 pontos.

O número de pontos de cada ativo é 100/N em cada carteira 1/N. No caso da MVP

10%, os 100 pontos foram distribuídos segundo os pesos que cada ativo teria na

carteira, que foram derivados do procedimento de Markowitz (1952). Em seguida, os

pontos de cada ação foram divididos pela cotação de fechamento da respectiva

ação no dia anterior ao de formação da carteira. Dessa forma, ficava estabelecida a

quantidade teórica de cada ação da carteira. Para uma carteira 1/N com 10 ações,

por exemplo, a cada ação i corresponderiam 10 pontos e a quantidade teórica das

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ações na carteira seria igual a Qi = 10/Pi onde Pi é o preço da ação i no primeiro dia

do quadrimestre. A quantidade teórica Qi permanece constante durante o

quadrimestre. Ao final de cada dia, a cotação de fechamento de cada ação da

carteira foi multiplicada por Qi para se apurar o valor em pontos da carteira. A

Equação 2 apresenta esse cálculo.

∑ Eq. 2

Onde:

N = Número de ações presentes na carteira

Pi = Preço da ação i no final do dia

Qi = Quantidade da ação i no quadrimestre

Esse procedimento foi repetido a cada quadrimestre, usando o valor em

pontos da carteira no último dia do quadrimestre anterior como base para calcular a

nova quantidade teórica de ações em cada carteira ingênua. Os retornos diários das

carteiras foram calculados com base no histórico de seu valor em pontos e foram

usados para fazer as análises comparativas entre as diversas carteiras ingênuas em

relação ao Ibovespa, à carteira MVP 10% e aos FIAs selecionados.

Mediu-se a frequência de dias, meses, quadrimestres e anos com que cada

carteira 1/N apresenta retorno e IS maiores e risco menor do que o do Ibovespa no

período de análise. Além dessas janelas que consideram períodos discretos, repetiu-

se a análise com janelas rolantes, que se movem um dia por vez. Também foram

calculados os betas de cada carteira, em relação à carteira do Ibovespa, o alfa de

Jensen, o Índice de Treynor, o índice de valor adicionado (IVA) e o M2 de cada

carteira.

O Índice de Treynor é a razão entre a média histórica dos retornos em

excesso à taxa livre de risco (SELIC) da carteira e seu respectivo beta. Esse

indicador mede o desempenho de uma ação ajustado a seu risco sistemático. Os

betas e alfas de Jensen foram obtidos conforme a equação 3 por meio de

regressões lineares com o método dos mínimos quadrados ordinários do prêmio de

risco da carteira sobre o prêmio de risco de mercado, tanto pare retornos diários

quanto para mensais. A equação 3 é uma estimativa do Capital Asset Pricing Model

(CAPM) cujo intercepto (αp) deve ser nulo. A gestão da carteira adiciona valor

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quando alfa é significativamente maior do que zero. Rp,t é o retorno no período t (dia

ou mês, conforme o caso), Rf,t é a taxa SELIC over no período t, Rm,t é o retorno do

Ibovespa no período t, βp é o beta da carteira de interesse e εp,t é o resíduo na

equação 3.

( ) ( ) Eq. 3

O IVA é a razão entre o alfa de Jensen e a variância dos resíduos, que

representa o risco não sistemático. O IVA é uma medida de retorno gerado pelos

atos do gestor em relação ao risco diversificável, isto é, aquele ele ou ela incorreu ao

assumir pesos diferentes do mercado para tentar superar o retorno do mercado. O

IVA foi empregado uma vez que não se considerou que as carteiras 1/N fossem bem

diversificadas. O IVA foi calculado dividindo-se o αp pela variância de εp,t, estimada

dividindo-se a soma do quadrado dos resíduos pelo número de observações da

série temporal (T) menos dois graus de liberdade, conforme retratado pela equação

4.

(∑

)

Eq. 4

A razão M2 calcula um alfa em relação ao mercado de uma carteira ajustada

que consiste de uma proporção x investida na carteira de interesse e o restante

investido no ativo livre de risco. A proporção x é determinada de forma que o desvio-

padrão da carteira ajustada seja igual ao do índice de mercado. O M2 é a diferença

entre o retorno médio da carteira ajustada e o retorno médio do índice de mercado,

ambos com o mesmo desvio-padrão. A equação 5 retrata M2. O termo em colchetes

é o retorno da carteira ajustada, que investe uma proporção σm/σp na carteira de

interesse p e 1-σm/σp no ativo livre de risco. As variáveis R são os retornos médios

históricos no período analisado da carteira de interesse (p), do mercado (m) e da

taxa livre de risco (f) na equação 5. Como se pode ver, M2 é a diferença entre o

retorno de uma carteira composta pela carteira de interesse p e o ativo livre de risco,

o termo em colchetes, a o retorno do índice de mercado. Esta e as demais medidas

de desempenho empregadas neste estudo estão detalhadas em Varga (2006).

[

(

) ] Eq. 5

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24

Finalmente, a razão de Sortino é uma modificação do IS que considere

apenas o downside risk em relação a uma meta de retorno. Este estudo empregará

o retorno médio do Ibovespa como a meta de retorno. A equação 6 retrata a razão

de Sortino e a 7 o cálculo do downside risk (σDR). Rp é o retorno médio da carteira de

interesse, Rm é o retorno médio do mercado, Rp,t é o retorno da carteira de interesse

em determinado dia ou mês, Rm,t é o retorno do Ibovespa em determinado dia ou

mês e T é o número de retornos na série temporal considerada. Esta e as demais

medidas de desempenho empregadas neste estudo estão detalhadas em Varga

(2006).

Sortino =Rp - Rm

sDR

Eq. 6

s DR =min 0,Rp,t - Rm,t( )

2éëê

ùûúå

T Eq. 7

A análise da significância estatística das diferenças de desempenho entre as

carteiras ingênuas, o Ibovespa e os FIAs selecionados foi estimada com o teste não

paramétrico de postos com sinais de Wilcoxon. Levine et al. (2005) afirmam que este

teste é amplamente empregado e é mais eficaz do que o teste t quando não se pode

afirmar que os dados possuem distribuição normal, como certamente é o caso de

séries de tempo de retornos financeiros diários. Ainda assim, o teste de Wilcoxon

requer que as observações sejam independentes entre si e, por isso, testes de

autocorrelação serial foram usados para verificar essa exigência. Da mesma forma,

em vez de usar a estatística de correlação de Pearson, que pressupõe distribuição

normal das observações, emprega-se o coeficiente de correlação de Spearman, que

também é uma estatística não paramétrica que não faz suposições acerca da

distribuição das observações.

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4 RESULTADOS PRINCIPAIS

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DAS CARTEIRAS 1/N

A Tabela 1 mostra as estatísticas descritivas de cada carteira 1/N para o

período de maio de 1998 a dezembro de 2011. Os resultados encontrados para o

Ibovespa e a MVP com limite de alocação máxima de 10% para cada ativo também

se encontram nessa tabela e serão analisados em comparação às carteiras 1/N na

seção seguinte.

Os retornos acumulados e médios das carteiras com menor número de ações

são maiores. A carteira 1/N com 10 ações, por exemplo, atingiria um valor

acumulado 4,7 vezes maior do que o Ibovespa e 1,2 vezes maior do que a MVP

10%. As medianas dos retornos diários também mostram um quadro similar.

Contudo, a conclusão muda ao se observar as medianas para os retornos mensais,

especialmente para a MVP 10%, o que sugere a influência maior de valores

extremos nas carteiras 1/N. A Figura 1 retrata as séries de retornos acumulados de

algumas carteiras e mostra graficamente a superioridade de desempenho das

carteiras com N menores.

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Tabela 1 - Estatísticas descritivas dos retornos diários entre 5/1998 e 12/2011

CARTEIRA Retorno

Acumulado (%)

Média (%)

Mediana (%)

Desvio padrão

(%) Curtose

Assime-tria

Jarque Berra

Mínimo (%)

Máximo (%)

Acima de 0 (%)

Auto correla-

ção serial

Ljung Box Q

(1)

Retornos diários (3385 observações)

1/N (N=6) 2778,55 0,1374 0,1427 2,9677 435,83 12,35 3,E+07 -37,77 102,20 53,80 0,1060 38,36*

1/N (N=7) 2615,06 0,1324 0,1377 2,8168 405,91 11,56 2,E+07 -36,02 95,37 53,23 0,0980 32,44*

1/N (N=8) 2448,89 0,1278 0,1160 2,6848 367,73 10,60 2,E+07 -34,51 88,66 53,00 0,0920 28,78*

1/N (N=9) 1725,26 0,1162 0,1029 2,5944 326,90 9,59 1,E+07 -33,39 83,11 52,38 0,0810 22,49*

1/N (N=10) 1820,72 0,1162 0,1237 2,5210 303,07 9,00 1,E+07 -32,47 79,21 53,18 0,0730 18,25*

1/N (N=11) 1724,11 0,1133 0,1248 2,4466 271,06 8,20 1,E+07 -31,06 74,72 53,21 0,0710 17,08*

1/N (N=12) 1742,71 0,1127 0,1493 2,3964 246,60 7,59 8,E+06 -30,30 71,43 53,53 0,0650 14,19*

1/N (N=13) 1511,29 0,1077 0,1443 2,3416 216,22 6,78 6,E+06 -29,43 67,44 53,91 0,0650 14,14*

1/N (N=14) 1456,70 0,1057 0,1256 2,2865 190,47 6,15 5,E+06 -28,32 63,66 54,09 0,0530 9,67*

1/N (N=15) 1461,47 0,1054 0,1114 2,2634 171,68 5,67 4,E+06 -27,53 61,28 53,53 0,0470 7,49*

1/N (N=16) 1477,40 0,1052 0,1256 2,2336 158,53 5,29 3,E+06 -26,90 59,23 53,74 0,0450 6,88*

MVP 10% 1508,76 0,0937 0,1104 1,5255 8,65 -0,10 4514 -11,11 12,27 53,00 0,8900 2682,90*

Ibovespa 386,03 0,0710 0,1128 2,2194 22,90 1,11 6,E+04 -15,83 33,40 52,41 0,0090 0,25

Retornos mensais (164 observações)

1/N (N=6) 2778,55 3,3223 1,6407 22,8512 116,98 9,86 9,E+04 -39,79 271,34 65,24 -0,0930 1,46

1/N (N=7) 2615,06 3,0538 2,2745 19,4588 160,35 9,14 8,E+04 -36,83 225,86 62,20 -0,1100 1,84

1/N (N=8) 2448,89 2,8800 1,8366 17,3380 95,40 8,39 6,E+04 -34,52 196,03 62,80 -0,1000 1,80

1/N (N=9) 1725,26 2,5564 1,2883 15,5568 85,12 7,66 5,E+04 -32,59 170,92 61,59 -0,0900 1,37

1/N (N=10) 1820,72 2,4994 1,2152 14,1758 75,25 6,94 4,E+04 -30,81 151,18 61,59 -0,0800 1,10

1/N (N=11) 1724,11 2,4332 1,2224 13,5602 68,79 6,45 3,E+04 -30,48 141,43 61,59 -0,0700 0,76

1/N (N=12) 1742,71 2,3924 1,4686 12,7321 59,49 5,72 2,E+04 -30,16 128,12 63,41 -0,0600 0,62

1/N (N=13) 1511,29 2,2724 1,6472 12,1112 52,77 5,17 2,E+04 -30,60 118,21 60,37 -0,0500 0,42

1/N (N=14) 1456,70 2,1993 1,5099 11,2654 44,12 4,41 1,E+04 -32,20 105,06 60,98 -0,0600 0,51

1/N (N=15) 1461,47 2,1790 1,5114 10,8704 39,13 3,94 9,E+03 -33,02 98,27 60,98 -0,0500 0,45

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1/N (N=16) 1477,40 2,1628 1,4472 10,5560 36,26 3,71 8,E+03 -31,99 93,61 59,76 -0,0500 0,40

MVP 10% 1508,76 1,9631 2,0468 7,1271 5,62 -0,31 49,47 -30,18 21,70 66,46 0,0900 1,42

Ibovespa 386,03 1,3879 1,4309 8,9903 5,19 -0,58 42,02 -39,55 24,05 56,71 0,0300 0,17

Notas: (1) as estatísticas Jarque-Berra para a normalidade das distribuições têm distribuição quiquadrado e são todas significativas ao nível de 1%; (2) as estatísticas Ljung-Box para a significância da autocorrelação para a primeira defasagem têm distribuição quiquadrado; (3) * significativo ao nível de 1%; (4) carteiras rebalanceadas a cada quatro meses.

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Figura 1 - Retorno acumulado diário para carteiras selecionadas e o Ibovespa entre 5/1998 e 12/2011

A Tabela 1 também mostra que as carteiras com N menores foram as que

tiveram mais valores extremos, com os maiores máximos e mínimos absolutos e

curtoses elevadas. Todas as séries apresentaram mais retornos positivos do que

negativos. A normalidade da distribuição dos retornos é rejeitada para todas as

carteiras. Todas as distribuições de retornos diários das carteiras 1/N são

assimétricas à direita, como já é bem conhecido em finanças, indicando maior

frequência de retornos positivos. É interessante observar que o retorno mínimo

mensal entre as carteiras 1/N com N entre 10 e 12 é comparável ao da MVP 10%.

Por outro lado, os retornos máximos mensais são muito maiores para todas as

carteiras 1/N.

Quanto maior o número de ativos na carteira 1/N, menor o desvio-padrão da

carteira. O desvio-padrão diminui mais acentuadamente para N menores e, quando

N aumenta, a redução do desvio-padrão com o acréscimo de mais um ativo é

menor, como já é bem conhecido. O desvio-padrão de todas as carteiras 1/N é maior

do que o da MVP 10%. A Figura 2 mostra o comportamento do desvio-padrão em

relação a N. Essa evidência, naturalmente, não contradiz o que tradicionalmente se

divulga nos livros texto de finanças.

-500%

0%

500%

1000%

1500%

2000%

2500%

3000%

Re

torn

o A

cum

ula

do

1/N (N=6)

1/N (N=10)

1/N (N=16)

MVP 10%

Ibovespa

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29

A autocorrelação serial é positiva e significativa para os retornos diários, o

que também é bem conhecido em finanças. Isso quer dizer que testes que

presumem que cada observação é independente das demais, como o teste não

paramétrico de postos com sinais de Wilcoxon, que será usado adiante, devem ser

interpretados com cautela uma vez que uma de premissas é violada nestas séries

de retornos diários.

A conclusão da análise descritiva desta seção é que as carteiras 1/N

oferecem retorno acumulado e médio maior do que o do Ibovespa e da carteira MVP

10%. Contudo, este desempenho vem ao custo de mais volatilidade e, naturalmente,

valores extremos, refletidos em uma acentuada assimetria positiva. É interessante

observar que os valores mínimos mensais são comparáveis aos da carteira MVP

10% enquanto que os diários são maiores e que os valores máximos diários e

mensais são muito maiores que os da MVP 10%. É possível que a disciplina imposta

pelo rebalanceamento quadrimestral segundo o IS seja eficaz ao limitar o downside

risk.

Figura 2 - Relação entre o desvio-padrão e a quantidade de ações presentes nas carteiras 1/N entre 5/1998 e 12/2011

4.2 ANÁLISE DO DESEMPENHO DAS CARTEIRAS 1/N

A Tabela 2 mostra a análise com indicadores de desempenho ajustados ao

risco selecionados para retornos diários e mensais. Os IS das carteiras ingênuas

são maiores para carteiras com menores N para retornos diários. A relação entre

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

3,0

6 8 10 12 14 16

De

svio

Pad

rão

(%)

Número de Ações

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30

risco e retorno está representada na Figura 3. O retorno diário médio aumenta, de

forma geral, com o aumento do desvio-padrão. As carteiras com menores N

possuem maior risco conjugado a um retorno maior. O comportamento do IS com

retornos mensais não segue o mesmo padrão e é maior para a MVP 10%.

Os betas das carteiras 1/N são todos menores do que 1 e ficam próximos a

0,80 para retornos diários, sendo um pouco maior para retornos mensais. As

carteiras de menores N apresentam menores betas com retornos diários, mas betas

maiores com retornos mensais. O Índice de Treynor é maior para as carteiras com

menores N.

Os alfa de Jensen de todas as carteiras ficaram abaixo de 7 pontos base (7

centésimos de 1 por cento) com retornos diários e duzentos pontos base com

retornos mensais. Aparentemente a geração de alfa é um mérito das carteiras 1/N.

O IVA dá uma medida do alfa de Jensen em relação ao risco não sistemático da

carteira e revela que o valor adicionado aumenta com N. A carteira MVP com limite

de alocação máxima de 10 por cento apresenta IVA mais de duas vezes maior do

que a melhor carteira ingênua. O alfa que aparentemente era gerado pelas carteiras

ingênuas vem ao custo de elevado risco não sistemático.

O M2, que também é uma espécie de "alfa", para carteiras ajustadas ao

mesmo nível de risco total, também ficaram sempre abaixo de 5 pontos base para

retornos diários e 74 pontos base para retornos mensais, sendo o maior valor o da

carteira MVP 10%. Todos os métodos têm dificuldade de gerar retornos em excesso,

quando ajustados ao risco. Os índices de Treynor são maiores para as menores

carteiras ingênuas, refletindo o retorno maior e o beta menor destas carteiras.

Esta análise dos indicadores de desempenho não sugere uma clara

superioridade das carteiras ingênuas quanto aos retornos ajustados ao risco em

relação à carteira MVP 10%.

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Tabela 2 - Indicadores de desempenho ajustados a risco dos retornos diários entre 5/1998 e 12/2011

Nota: (1) todos os betas são significativos ao nível de 1%; (2) nenhum alfa é significativo ao nível de 5%, embora os alfa das carteiras com N igual a 6, 7 e 8 e da carteira MVP 10% sejam significativos ao nível de 10%; (3) SQR é a soma dos quadrados dos resíduos da equação 3; (4) IT é o índice de Treynor; (5) o índice de Sharpe (IS) foi definido na equação 1, o alfa e o beta pela equação 3, o IVA pela equação 4 e o M2 pela equação 5.

CARTEIRA IS Alfa Beta IT SQR IVA M2 Sortino

Retornos diários (3385 observações)

1/N (N=6) 0,0269 0,0007 0,78 0,0010 1,9692 1,20 0,0005 0,0269

1/N (N=7) 0,0248 0,0006 0,78 0,0009 1,6683 1,22 0,0005 0,0264

1/N (N=8) 0,0261 0,0006 0,78 0,0009 1,4334 1,42 0,0005 0,0259

1/N (N=9) 0,0232 0,0005 0,78 0,0008 1,2654 1,34 0,0004 0,0215

1/N (N=10) 0,0238 0,0005 0,78 0,0008 1,1468 1,47 0,0004 0,0223

1/N (N=11) 0,0204 0,0004 0,78 0,0006 1,0185 1,33 0,0004 0,0217

1/N (N=12) 0,0208 0,0004 0,78 0,0006 0,9243 1,46 0,0004 0,0219

1/N (N=13) 0,0214 0,0004 0,78 0,0006 0,8328 1,62 0,0004 0,0200

1/N (N=14) 0,0218 0,0004 0,79 0,0006 0,7353 1,84 0,0004 0,0194

1/N (N=15) 0,0221 0,0004 0,80 0,0006 0,6780 2,00 0,0004 0,0196

1/N (N=16) 0,0224 0,0004 0,80 0,0006 0,6337 2,14 0,0004 0,0198

MVP 10% 0,0196 0,0003 0,58 0,0005 0,2194 4,63 0,0003 0,0211

Ibovespa 0,0045 – 1,00 0,0001 – – – 0,0000

Retornos mensais (164 observações)

1/N (N=6) 0,0888 0,0194 0,96 0,0211 7,2150 0,44 0,0070 0,0882

1/N (N=7) 0,0904 0,0167 0,92 0,0191 4,9814 0,54 0,0071 0,0921

1/N (N=8) 0,0917 0,0150 0,90 0,0177 3,7785 0,64 0,0072 0,0940

1/N (N=9) 0,0817 0,0118 0,87 0,0146 2,8987 0,66 0,0063 0,0832

1/N (N=10) 0,0853 0,0113 0,84 0,0144 2,3076 0,79 0,0067 0,0881

1/N (N=11) 0,0841 0,0106 0,85 0,0134 2,0059 0,86 0,0066 0,0876

1/N (N=12) 0,0864 0,0102 0,85 0,0129 1,6561 1,00 0,0068 0,0913

1/N (N=13) 0,0809 0,0090 0,84 0,0116 1,4251 1,02 0,0063 0,0857

1/N (N=14) 0,0807 0,0083 0,84 0,0109 1,1187 1,20 0,0063 0,0862

1/N (N=15) 0,0819 0,0080 0,83 0,0107 0,9866 1,31 0,0064 0,0883

1/N (N=16) 0,0824 0,0079 0,82 0,0105 0,8998 1,42 0,0064 0,0895

MVP 10% 0,0940 0,0061 0,65 0,0102 0,2619 3,77 0,0074 0,1169

Ibovespa 0,0111 – 1,00 0,0010 – – – 0,0000

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32

Figura 3 – Relação entre retorno e risco de carteiras selecionadas e do Ibovespa entre 5/1998 e 12/2011

4.3 ANÁLISE COMPARATIVA DAS CARTEIRAS 1/N

Esta seção apresenta a comparação dos retornos das carteiras 1/N em

relação ao Ibovespa, à MVP 10% e aos FIAs, respectivamente.

4.3.1 Carteiras 1/N em relação ao Ibovespa

A Tabela 1 mostrou que todas as carteiras 1/N formadas apresentaram

retorno acumulado e retorno diário médio superiores aos do Ibovespa no período de

análise. A carteira do Ibovespa apresentou um percentual de retornos extremos

maior do que grande parte das carteiras 1/N, com desempenho comparável ao das

carteiras 1/N com menos ações. Por outro lado, os valores absolutos de retorno

mínimo e máximo encontrados foram menores do que os obtidos para as carteiras

1/N.

O desvio-padrão do Ibovespa foi menor do que o de todas as carteiras 1/N.

Porém, o número de ações na carteira do Ibovespa é bem maior, com média de 59

ações no período de análise, o que poderia sugerir que o seu desvio-padrão seria

0,05

0,07

0,09

0,11

0,13

0,15

1,5 1,8 2,1 2,4 2,7 3,0

Re

torn

o D

iári

o M

édio

(%)

Desvio Padrão (%)

Carteiras 1/N

Ibovespa

MVP 10%

Legenda:

N=16

N=15

N=14

N=13

N=12

N=11N=10 N=9

N=8

N=7

N=6

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consideravelmente menor, o que não ocorreu. Isso pode ser explicado, em parte,

pelos diferentes critérios de formação das carteiras. A carteira do Ibovespa é

constituída por pesos diferentes de cada ação e algumas têm participação de quase

10% no índice, como a Vale e a Petrobrás, e grande parte tem participação inferior a

1%. O IS do Ibovespa na Tabela 2 foi bem inferior em relação ao das carteiras 1/N.

A Figura 2 também evidencia que o Ibovespa tem pior relação risco-retorno que as

carteiras 1/N.

A Tabela 3 apresenta um resumo comparativo entre as carteiras 1/N e o

Ibovespa. Ela mostra o percentual de vezes em que cada carteira foi superior ao

Ibovespa, considerando janelas de tempo discretas e rolantes, isto é, que se movem

um dia por vez. Como é possível observar, a proporção de períodos em que as

carteiras 1/N superam o retorno do Ibovespa é maior tanto para janelas discretas

quanto rolantes, qualquer que seja o tamanho do período.

As carteiras 1/N apresentaram menor desvio-padrão do que o Ibovespa com

certa frequência, tanto na análise de janelas discretas quanto rolantes na Tabela 3.

No caso desse indicador, o percentual de vezes em que as carteiras formadas

apresentam desvio-padrão inferior ao do Ibovespa é maior para N maiores. Quanto

ao IS, as carteiras 1/N foram superiores ao Ibovespa de forma mais contundente,

particularmente para as janelas maiores.

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Tabela 3 – Comparação das carteiras 1/N com o Ibovespa entre 5/1998 e 12/2011

Nota: (1) A carteira 1/N foi considerada superior quanto ao desvio-padrão quando apresentou desvio-padrão inferior ao do Ibovespa (2) os testes de Wilcoxon realizados foram bicaudais e foram feitos com base em ordenações positivas (Ibovespa > 1/N); (3) o Rho de Spearman mede o coeficiente de correlação entre a carteira 1/N e o Ibovespa; (4) todos os coeficientes de correlação são significativos ao nível de 1%.

Os testes não paramétricos de postos com sinais de Wilcoxon, apresentados

no Painel C da Tabela 3, mostram que nenhuma carteira 1/N tem mediana

significativamente maior do que a do Ibovespa. A Tabela 2 mostrou que há

autocorrelação serial significativa em todas as séries de retornos diários, porém,

diante da ausência de significância de um teste que já é considerado conservador,

não se pode dizer que as carteiras 1/N com N pequeno superam o índice Ibovespa.

Os coeficientes de Spearman são elevados em todos os casos, demonstrando que

há correlação alta e significativa de todas as séries de retorno de carteiras 1/N com

o Ibovespa.

Os resultados históricos apresentados nesta seção indicam que um investidor

tem chance de obter retornos maiores do que os oferecidos pelo Ibovespa, com

risco menor, investindo em carteiras 1/N, segundo a frequência com que estas

N=6 N=7 N=8 N=9 N=10 N=11 N=12 N=13 N=14 N=15 N=16

Retorno Dia 3385 50,72 51,43 51,29 51,64 51,70 51,46 51,85 51,85 52,29 52,35 52,38

Mês 164 59,76 59,15 60,37 59,15 56,10 56,10 60,37 57,32 55,49 55,49 56,71

Quadrim. 41 58,54 58,54 60,98 56,10 58,54 58,54 58,54 60,98 63,41 60,98 63,41

Ano 14 64,29 57,14 64,29 64,29 78,57 78,57 71,43 64,29 64,29 57,14 57,14

Mês 164 51,22 51,83 58,54 61,59 61,59 62,20 64,63 67,07 68,90 67,68 69,51

Quadrim. 41 53,66 48,78 53,66 58,54 63,41 65,85 63,41 68,29 70,73 65,85 70,73

Ano 14 57,14 64,29 64,29 71,43 64,29 64,29 64,29 64,29 64,29 64,29 78,57

Mês 164 57,32 58,54 58,54 55,49 55,49 58,54 60,37 58,54 57,93 57,32 54,27

Quadrim. 41 58,54 56,10 56,10 58,54 56,10 60,98 60,98 65,85 60,98 58,54 58,54

Ano 14 50,00 50,00 57,14 50,00 64,29 64,29 64,29 57,14 57,14 57,14 57,14

Retorno 21dias 3365 55,93 57,41 58,01 56,52 55,90 55,84 56,49 55,10 55,51 55,10 55,84

84dias 3302 57,06 58,48 59,84 58,42 61,75 61,39 62,54 63,14 62,72 62,75 63,84

252dias 3134 68,28 69,05 73,71 73,29 75,56 76,64 75,85 74,82 72,24 71,19 64,71

21dias 3365 52,69 52,07 56,02 59,35 60,77 62,20 62,94 66,00 67,04 67,52 68,50

84dias 3302 50,55 51,79 55,09 60,48 61,24 65,32 66,90 69,96 71,17 71,41 74,29

252dias 3134 54,18 54,72 56,76 59,92 58,42 57,31 61,97 66,50 66,85 66,85 70,20

21dias 3365 54,47 56,52 56,97 55,75 55,51 56,26 57,33 55,90 56,20 55,72 56,17

84dias 3302 55,36 57,57 59,45 58,72 62,99 62,30 63,36 62,75 62,81 63,66 64,90

252dias 3134 65,19 65,73 70,77 70,74 73,64 73,93 74,57 72,62 71,25 69,72 63,78

Wilcoxonz 3385dias 1 0,070 0,030 0,007 0,220 0,084 0,093 0,011 0,099 0,100 0,062 0,004

Probabilidade 3385dias 1 0,944 0,976 0,994 0,826 0,933 0,926 0,991 0,921 0,921 0,950 0,997

Spearmanρ 3385dias 1 0,749 0,777 0,797 0,810 0,821 0,835 0,845 0,853 0,863 0,870 0,876

DesvioPadrão

Índicede

Sharpe

PainelC:testenãoparamétricodeWilcoxoneRhodeSpearman

Tamanhodo

Período

Quantidade

deAmostras

PainelA:percentualdevezesemquecada1/NsuperaoIbovespaconsiderandoperíodosdiscretos(nãosobrepostos)

DesvioPadrão

Índicede

Sharpe

PainelB:percentualdevezesemquecada1/NsuperaoIbovespaconsiderandojanelasrolantesquesemovem1diaporvez

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superam o Ibovespa em diversas janelas de tempo. Contudo, não houve

significância estatística para a diferença entre a mediana dos retornos diários das

carteiras 1/N e do Ibovespa.

4.3.2 Carteiras 1/N em relação à MVP 10%

A Tabela 1 mostra que somente as carteiras 1/N com N igual a 14, 15 e 16

não tiveram retorno acumulado no período superior ao da carteira MVP com limite

de peso de 10% (MVP 10%) para cada ativo, embora todas as carteiras 1/N tenham

tido retorno médio diário superior à MVP 10%. Como já era esperado, a carteira

MVP 10% apresentou desvio-padrão bem inferior a todas as carteiras 1/N montadas.

Cabe ressaltar que a média de ativos presentes na MVP 10% foi de 16,4,

considerando todo o período de análise, sendo seu desvio-padrão cerca de 30%

inferior ao da carteira 1/N de 16 ativos. O IS apresentado pelas carteiras de N menor

ou igual a 13 foi superior ao da MVP 10%. A Figura 3 mostra que a MVP 10% possui

desvio-padrão muito menor, embora tenha retorno diário médio um pouco menor do

que as carteiras 1/N. Além disso, a MVP 10% apresentou os menores máximos e

mínimos, em módulo, bem como um percentual bem menor de valores extremos do

que todas as carteiras 1/N. A Tabela 2 também mostra que a carteira MVP 10% teve

desempenho superior ao do Ibovespa em todos os indicadores.

A Tabela 4 apresenta um resumo comparativo entre as carteiras 1/N e a

carteira MVP 10%, com o percentual de vezes em que cada carteira 1/N foi superior

à MVP 10%, considerando janelas discretas e rolantes. O retorno acumulado da

carteira MVP 10% superou o de algumas carteiras 1/N em períodos discretos

diários, mensais e quadrimestrais, com maior frequência em períodos anuais. Já

para janelas rolantes, todas as carteiras 1/N superaram o retorno acumulado da

MVP 10% em períodos de 21 e 84 dias úteis, embora em períodos de 252 dias úteis,

a superioridade das carteiras 1/N em relação ao retorno acumulado só tenha

ocorrido para tamanhos de N menores.

A MVP 10% apresentou desvio-padrão muito menor do que os das carteiras

1/N na grande maioria dos casos da Tabela 4. No caso de períodos anuais,

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nenhuma das carteiras 1/N superou a MVP 10%. Quanto ao IS, a MVP 10% superou

a maioria das carteiras 1/N em mais 50% das vezes.

Tabela 4 – Comparação das carteiras 1/N com a MVP 10% entre 5/1998 e 12/2011

Nota: (1) A carteira 1/N foi considerada superior quanto ao desvio-padrão quando apresentou desvio-padrão inferior ao da MVP 10% (2) os testes de Wilcoxon realizados foram bicaudais e foram feitos com base em ordenações positivas (MVP 10% > 1/N); (3) o Rho de Spearman mede o coeficiente de correlação entre a carteira 1/N e a MVP 10%; (4) todos os coeficientes de correlação são significativos ao nível de 1%.

O teste não paramétrico de postos com sinais de Wilcoxon apresentado no

Painel C da Tabela 4 mostra que não há diferença estatística de desempenho entre

as carteiras 1/N e a MVP 10%, ao nível de 10% de significância. Os coeficientes de

Spearman apresentados foram bem elevados em todos os casos, demonstrando

que há correlação alta de todas as séries de retorno das carteiras 1/N com a MVP

10%.

Os resultados nesta seção permitem concluir que as carteiras 1/N não

apresentam desempenho significativamente superior à MVP com limite de pesos de

10%, formadas considerando o universo de ações constituintes do Ibovespa a cada

N=6 N=7 N=8 N=9 N=10 N=11 N=12 N=13 N=14 N=15 N=16

Retorno Dia 3385 49,36 48,71 49,87 49,72 49,99 49,48 49,96 49,81 49,81 50,22 50,87

Mês 164 50,61 51,83 51,22 48,78 46,95 49,39 50,61 50,00 50,61 50,61 50,00

Quadrim. 41 56,10 53,66 51,22 48,78 53,66 53,66 51,22 53,66 48,78 48,78 51,22

Ano 14 57,14 50,00 57,14 42,86 28,57 28,57 35,71 42,86 28,57 35,71 50,00

Mês 164 7,93 8,54 9,76 10,98 10,37 9,15 10,98 10,37 11,59 10,98 9,76

Quadrim. 41 4,88 7,32 4,88 4,88 7,32 4,88 4,88 4,88 7,32 7,32 7,32

Ano 14 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Mês 164 49,39 49,39 47,56 48,17 48,17 47,56 48,78 48,17 47,56 46,95 48,78

Quadrim. 41 48,78 48,78 48,78 48,78 48,78 51,22 51,22 46,34 43,90 43,90 43,90

Ano 14 57,14 57,14 57,14 42,86 35,71 42,86 42,86 42,86 42,86 42,86 50,00

Retorno 21dias 3365 51,68 52,10 51,32 50,25 50,49 50,16 50,46 50,64 50,25 51,05 51,05

84dias 3302 54,75 55,15 53,82 48,46 51,09 51,73 53,48 52,36 52,00 52,36 52,36

252dias 3134 56,83 60,15 62,41 50,99 52,14 50,22 49,71 43,33 44,13 44,16 47,86

21dias 3365 5,82 7,79 7,46 8,68 7,58 7,16 8,26 8,38 9,60 8,62 8,59

84dias 3302 2,67 3,51 2,85 2,73 2,54 2,18 1,97 1,39 2,42 2,45 2,27

252dias 3134 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

21dias 3365 49,39 50,40 49,60 48,53 48,92 48,32 48,23 48,29 47,99 47,85 48,08

84dias 3302 50,33 50,88 49,06 45,64 47,49 45,40 47,30 46,21 45,82 45,70 45,88

252dias 3134 51,75 51,72 52,68 45,44 47,64 47,64 47,83 43,59 42,57 43,14 45,92

Wilcoxonz 3385dias 1 0,011 0,098 0,077 0,152 0,016 0,023 0,082 0,018 0,027 0,009 0,068

Probabilidade 3385dias 1 0,991 0,922 0,938 0,880 0,987 0,981 0,934 0,986 0,979 0,993 0,946

Spearmanρ 3385dias 1 0,744 0,761 0,775 0,787 0,794 0,804 0,813 0,820 0,828 0,831 0,833

DesvioPadrão

Índicede

Sharpe

PainelC:testenãoparamétricodeWilcoxoneRhodeSpearman

Tamanhodo

Período

Quantidade

deAmostras

PainelA:percentualdevezesemquecada1/NsuperaaMVP10%considerandoperíodosdiscretos(nãosobrepostos)

DesvioPadrão

Índicede

Sharpe

PainelB:percentualdevezesemquecada1/NsuperaaMVP10%considerandojanelasrolantesquesemovem1diaporvez

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37

quadrimestre. A evidência apresentada é consistente com a de Thomé Neto et al.

(2011) e com a afirmativa de DeMiguel et al. (2009) de que o valor de N deve ser

grande para que as carteiras ingênuas apresentem desempenho superior aos

oferecidos por carteiras formadas por meio de técnicas de otimização. Embora os

investidores que empreguem carteiras 1/N tenham boas chances de superar o

Ibovespa, eles terão chances muito menores de superar uma carteira de mínima

variância formada segundo a otimização clássica de Markowitz com desvios-padrão

e correlações históricas.

4.3.3 Carteiras 1/N em relação a FIAs

Os retornos dos FIAs foram calculados com as cotas reportadas, que são

líquidas das taxas de administração e performance. Assim, empregou-se a

metodologia de ajuste das cotas diárias de Thomé Neto et al. (2011), que fizeram a

recomposição das taxas de administração por meio da Equação 7. Para o primeiro

dia da série, a cota empregada foi a não ajustada (reportada) do primeiro dia. Dos

52 FIAs, somente 11 apresentaram taxas de performance, mas, por ser mais

complexa, sua recomposição não foi calculada.

(

) Eq. 7

Onde:

CAt = Cota ajustada do FIA no dia t

Ct = Cota reportada do FIA no dia t

f = taxa de administração do FIA presente no último dia de análise do período

A Tabela 5 apresenta a quantidade de FIAs que superaram as carteiras 1/N

com N igual a 6 e 16 em mais da metade dos períodos analisados, destacando quais

fundos são alavancados. A análise foi realizada apenas para estas duas carteiras

para maior concisão dos resultados relatados. A quantidade de FIAs com retorno

superior ao das carteiras 1/N em mais da metade dos períodos é bem pequena, para

qualquer tamanho da janela, sendo que somente um fundo superou a carteira com N

igual a 6 e quatro superaram a com N igual a 16 durante todo o período de maio de

1998 a dezembro de 2011. Dentre as poucas vezes em que algum FIA superou as

carteiras 1/N, há uma quantidade relativa maior de fundos alavancados,

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38

considerando que a amostra possui um total de 18 FIAs alavancados e 34 não

alavancados.

Todos os FIAs apresentaram desvio-padrão menor do que o da carteira com

N igual a 6, para qualquer que seja o tamanho do período. A maioria dos FIAs

também apresentou desvio-padrão menor do que a carteira com N igual a 16 em

mais da metade dos períodos, com uma quantidade relativa maior de FIAs sem

alavancagem superando a carteira com N igual a 16. Também pode-se perceber que

a frequência de vezes em que isso ocorre é elevada. Já para o IS, uma quantidade

pequena de FIAs foi capaz de superar as duas carteiras 1/N em mais da metade dos

períodos analisados, com maior destaque para os FIAs alavancados.

Os resultados desta seção indicam que o desempenho ajustado ao risco

medido pelo IS de carteiras 1/N pode ser melhor do que o de muitas carteiras com

gestão profissional, particularmente aquelas que não empregam alavancagem. Esse

resultado torna-se ainda mais forte quando se recorda que foram usados apenas os

FIAs que sobreviveram no período de análise, que é razoavelmente longo. Este

resultado também é consistente com o apresentado por Thomé Neto et al. (2011)

que indica que a carteira MVP 10% supera a maior parte dos fundos com os quais

ela foi comparada. Embora não se possa afirmar que as carteiras 1/N superem a

MVP 10%, elas apresentam bom desempenho em relação a muitos FIAs e superam

o Ibovespa na maioria das vezes.

É importante destacar que muitos investidores escolhem fundos de Ibovespa

passivos como alternativa para o investimento em ações. Os resultados relatados

sugerem que carteiras 1/N superam estes fundos na maior parte dos casos. Por

outro lado, embora haja FIAs que superem as carteiras 1/N, é difícil para o investidor

selecionar, a priori, fundos vencedores. Considerando a facilidade de seu critério de

formação para investidores individuais, que não demanda o entendimento da

otimização de Markowitz, nem de técnicas de análise, os resultados obtidos

sugerem que a alocação 1/N pode ser uma alternativa muito razoável para

investidores individuais e gestores de pequenas carteiras.

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Tabela 5 – FIAs que superam carteiras 1/N selecionadas entre 5/1998 e 12/2011

Nota: (1) períodos de janelas rolantes que se movem um dia de cada vez; (2) o percentual médio de vezes em que a 1/N foi superada considera somente os FIAs que superaram as carteiras 1/N; (3) foram empregados 52 FIAs, sendo 18 alavancados (4) O FIA foi considerado superior quanto ao desvio-padrão quando apresentou desvio-padrão inferior ao da carteira 1/N.

5 TESTES DE ROBUSTEZ

Os testes de robustez envolveram reordenar as ações presentes nas carteiras

1/N, excluir ações de setores de atividade repetidos nas carteiras 1/N, atribuir pesos

diferentes às ações nas carteiras e formar carteiras 1/N rebalanceadas anualmente

incluindo-se tributos e custos de transação. Os testes são relatados em cada uma

das quatro seções a seguir.

5.1 REORDENAÇÃO DAS AÇÕES

Escolheram-se as ações segundo a ordenação inversa pelo IS para verificar

se as características apresentadas pelas carteiras 1/N ocorrem independentemente

do método usado na seleção de ativos. As ações escolhidas para formar as carteiras

1/N foram ordenadas do menor para o maior IS, privilegiando o pior desempenho em

relação ao risco. O IS pode não ser um critério relevante de seleção caso o

comportamento das carteiras não seja diferente da ordenação do maior para o

menor IS. O IS pode denotar um comportamento de reversão à média caso o

desempenho das carteiras com ações que privilegiam os IS menores seja melhor do

Tamanho

do Período

Quantidade

de Amostras

Número de

fundos

Número de

fundos

alavancados

Percentual

médio de vezes

em que a 1/N

foi superada

Número de

fundos

Número de

fundos

alavancados

Percentual

médio de vezes

em que a 1/N

foi superada

Retorno 1 dia 3385 3 2 50,60 5 3 50,28

21 dias 3365 1 1 51,20 3 3 51,27

84 dias 3302 1 1 50,79 2 2 54,01

252 dias 3134 1 1 53,10 3 2 58,27

3385 dias 1 1 1 100,00 4 3 100,00

21 dias 3365 52 18 67,01 49 15 59,05

84 dias 3302 52 18 67,88 48 14 60,99

252 dias 3134 52 18 69,90 44 13 62,35

3385 dias 1 52 18 100,00 51 18 100,00

21 dias 3365 3 2 52,45 4 3 52,07

84 dias 3302 4 3 52,95 4 3 52,49

252 dias 3134 5 4 52,76 5 4 56,28

3385 dias 1 2 2 100,00 4 3 100,00

Comparação com 1/N (N=6) Comparação com 1/N (N=16)

Desvio

Padrão

Índice de

Sharpe

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40

que os das carteiras que privilegiam os IS maiores. O universo de ações é o mesmo

empregado nos testes da seção 4.

A Tabela 6 mostra os resultados encontrados para as novas carteiras 1/N.

Todas elas apresentaram retorno acumulado, retorno diário médio e IS inferiores aos

das carteiras originais correspondentes. Entretanto, elas apresentaram desvio-

padrão menor, indicando que as novas carteiras ofereceram retorno menor com

risco menor. Há várias carteiras 1/N com critério de formação alternativo com

retornos medianos significativamente menores do que os das carteiras 1/N originais.

Isso indica que elas não superariam o Ibovespa e a MVP 10%, uma vez que as

Tabelas 3 e 4 já mostraram que as carteiras originais não o fizeram. A Figura 4

mostra que o desvio-padrão das novas carteiras 1/N também tende a diminuir com o

aumento de N.

Somente a carteira com N igual a 6 superou o retorno acumulado e o retorno

diário médio do Ibovespa para o período. As três carteiras com maior N

apresentaram desvio-padrão menor do que o do Ibovespa e somente duas carteiras

1/N apresentam IS maior do que o do Ibovespa. Todos os indicadores das novas

carteiras 1/N construídas são piores do que os da carteira MVP 10%.

Tabela 6 – Estatísticas descritivas dos retornos de carteiras 1/N originais e alternativas classificadas do menor para o maior Índice de Sharpe entre 5/1998 e

12/2011

Nota: os testes de Wilcoxon bicaudais se referem à diferença entre as medianas das carteiras 1/N originais e as com critério de formação alternativo.

CARTEIRA

Retorno

Acumulado

(%)

Média(%)Mediana

(%)

Desvio

padrão

(%)

IS

Retorno

Acumulado

(%)

Média

(%)

Mediana

(%)

Desvio

padrão

(%)

ISz

Wilcoxon

Probabi-

lidade

1/N(N=6) 2778,55 0,1374 0,1427 2,9677 0,0269 431,02 0,0772 0,0525 2,3647 0,0065 2,0702 0,04

1/N(N=7) 2615,06 0,1324 0,1377 2,8168 0,0248 387,55 0,0733 0,0496 2,3046 0,0050 1,9633 0,05

1/N(N=8) 2448,89 0,1278 0,1160 2,6848 0,0261 337,42 0,0690 0,0526 2,2550 0,0032 1,3922 0,16

1/N(N=9) 1725,26 0,1162 0,1029 2,5944 0,0232 298,78 0,0659 0,0576 2,2378 0,0018 1,4656 0,14

1/N(N=10) 1820,72 0,1162 0,1237 2,5210 0,0238 342,22 0,0693 0,0671 2,2550 0,0033 1,6142 0,11

1/N(N=11) 1724,11 0,1133 0,1248 2,4466 0,0204 281,41 0,0646 0,0384 2,2389 0,0012 1,6837 0,09

1/N(N=12) 1742,71 0,1127 0,1493 2,3964 0,0208 387,14 0,0716 0,0595 2,2300 0,0044 2,1430 0,03

1/N(N=13) 1511,29 0,1077 0,1443 2,3416 0,0214 374,43 0,0706 0,0572 2,2203 0,0040 2,1202 0,03

1/N(N=14) 1456,70 0,1057 0,1256 2,2865 0,0218 347,40 0,0687 0,0546 2,2136 0,0031 1,6032 0,11

1/N(N=15) 1461,47 0,1054 0,1114 2,2634 0,0221 321,65 0,0664 0,0310 2,1855 0,0021 1,3008 0,19

1/N(N=16) 1477,40 0,1052 0,1256 2,2336 0,0224 265,76 0,0620 0,0441 2,1758 0,0000 1,8003 0,07

MVP10% 1508,76 0,0937 0,1104 1,5255 0,0196 - - - - - - -

Ibovespa 386,03 0,0710 0,1128 2,2194 0,0045 - - - - - - -

Carteirasoriginais Carteiras1/NclassificadasdomenorparaomaiorÍndicedeSharpe

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41

Figura 4 – Relação entre o desvio-padrão e a quantidade de ações presentes nas carteiras 1/N classificadas do menor para o maior Índice de Sharpe entre 5/1998 e

12/2011

A Tabela 7 apresenta um resumo comparativo com o percentual de vezes em

que as novas carteiras 1/N superaram o Ibovespa, considerando janelas discretas e

rolantes. O retorno acumulado das novas carteiras 1/N foram bem inferiores ao do

Ibovespa nos diversos períodos, sobretudo nas janelas rolantes, onde o Ibovespa foi

superior todas as vezes. O desvio-padrão do Ibovespa também foi muito inferior aos

de todas as novas carteiras 1/N, seja na análise de janelas discretas ou rolantes.

Houve equilíbrio maior em relação ao IS, embora o Ibovespa tenha se mostrado

superior às carteiras 1/N em tamanhos de janela menores.

Os resultados desta seção indicam que o critério de seleção das carteiras por

meio do ordenamento das ações líquidas constituintes do Ibovespa do maior para o

menor IS apurado com dados do quadrimestre anterior é relevante para o resultado

das carteiras ingênuas. O resultado oferece uma recomendação prática importante

para o investidor, uma vez que indica que o desempenho ajustado ao risco de curto

prazo, um quadrimestre, é importante para o sucesso da uma estratégia ingênua.

2,0

2,2

2,4

2,6

6 8 10 12 14 16

De

svio

Pad

rão

(%)

Número de Ações

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42

Tabela 7 – Comparação das carteiras 1/N classificadas do menor para o maior Índice de Sharpe em relação ao Ibovespa entre 5/1998 e 12/2011

Nota: (1) A carteira 1/N foi considerada superior quanto ao desvio-padrão quando apresentou desvio-padrão inferior ao do Ibovespa.

5.2 EXCLUSÃO DE AÇÕES DE MESMO SETOR

Bennet e Sias (2011) verificaram se usar ações de diferentes setores de

atividade contribui para reduzir o número de ações necessárias para a diversificação

da carteira e concluíram que, mesmo assim, o número de ativos para se obter uma

boa diversificação deve ser muito alto. Chance et al. (2011) afirmam que as pessoas

tendem a escolher ativos altamente correlacionados para suas carteiras.

Esta seção apresenta carteiras 1/N construídas de forma a obter a maior

diversificação possível entre os setores de atividade das companhias. Excluiu-se o

maior número possível de ações do mesmo setor de atividade, mas se manteve a

ordem dos ativos nas carteiras em cada período. A segunda ação de certo setor de

N=6 N=7 N=8 N=9 N=10 N=11 N=12 N=13 N=14 N=15 N=16

Retorno Dia 3385 49.36 49.81 49.48 49.13 49.60 49.93 50.22 50.22 50.01 49.66 49.45

Mês 164 43.90 46.34 45.12 46.95 47.56 45.12 48.17 47.56 46.34 45.73 46.34

Quadrim. 41 56.10 46.34 48.78 43.90 51.22 48.78 53.66 51.22 48.78 51.22 48.78

Ano 14 50.00 42.86 50.00 35.71 50.00 42.86 50.00 50.00 57.14 57.14 42.86

Mês 164 32.93 36.59 40.24 45.12 44.51 40.85 42.68 45.12 45.12 45.73 45.12

Quadrim. 41 34.15 36.59 39.02 43.90 46.34 46.34 43.90 46.34 48.78 48.78 46.34

Ano 14 21.43 21.43 28.57 21.43 21.43 35.71 35.71 35.71 42.86 57.14 57.14

Mês 164 46.95 45.12 45.73 46.34 48.17 45.73 50.00 49.39 47.56 48.17 47.56

Quadrim. 41 58.54 43.90 58.54 56.10 58.54 56.10 51.22 53.66 51.22 53.66 48.78

Ano 14 57.14 50.00 50.00 42.86 42.86 50.00 57.14 57.14 57.14 57.14 57.14

Retorno 21 dias 3365 46.81 47.28 46.54 47.04 47.07 45.88 47.31 46.95 46.45 47.07 45.47

84 dias 3302 47.76 46.91 46.34 45.91 46.61 44.00 48.36 48.88 48.21 46.61 44.58

252 dias 3134 49.39 44.29 44.45 39.92 40.94 38.39 45.47 43.52 41.67 41.86 41.74

21 dias 3365 33.25 35.51 39.85 42.02 40.77 40.83 42.50 42.82 42.62 43.77 44.28

84 dias 3302 24.11 27.44 31.07 34.28 34.92 34.46 36.92 38.40 39.82 42.64 42.10

252 dias 3134 15.73 19.56 22.56 22.75 24.82 27.47 30.06 31.21 31.75 41.19 43.52

21 dias 3365 46.27 46.84 46.12 46.95 47.40 47.52 48.89 48.77 47.64 47.93 47.16

84 dias 3302 51.12 49.18 50.09 49.00 51.42 48.30 52.76 52.12 52.03 51.85 49.06

252 dias 3134 54.98 48.34 47.73 45.92 47.93 45.88 53.51 50.57 50.38 50.96 49.04

Desvio

Padrão

Índice de

Sharpe

Painel A: percentual de vezes em que cada 1/N supera o Ibovespa considerando períodos discretos (não sobrepostos)

Painel B: percentual de vezes em que cada 1/N supera o Ibovespa considerando janelas rolantes que se movem 1 dia por vez

Tamanho

do Período

Quantidade

de Amostras

Desvio

Padrão

Índice de

Sharpe

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43

atividade, por exemplo, a aparecer na carteira em um quadrimestre era deslocada

para o final da lista ordenada do maior para o menor IS. Admitiu-se incluir ações de

setores de atividade já representados quando necessário para completar a carteira.

A Tabela 8 apresenta os resultados encontrados para as novas carteiras 1/N

que excluem ações do mesmo setor, tanto quanto possível. Somente as novas

carteiras de N igual a 7, 8 e 9 apresentaram retorno acumulado maior do que as

carteiras originais correspondentes, mas nenhuma apresentou diferença estatística

significativa em relação às carteiras 1/N originais. As carteiras de N entre 6 e 10

também apresentaram retorno maior do que a carteira MVP 10% no período. Uma

vez que não houve diferença estatisticamente significativa entre as carteiras 1/N

com o critério alternativo e as originais, elas, naturalmente, não superariam o

Ibovespa e a MVP 10%.

Os desvios-padrão de todas as novas carteiras diminuíram, o que sugere que

a diversificação setorial pode colaborar para a redução do risco da carteira.

Entretanto, a carteira com N igual a 16 apresentou desvio-padrão superior ao das

carteiras com N menores, como mostra a Figura 5. Isso pode ser explicado pelos

retornos de 58,98% e -26,66% que a carteira de N igual a 16 obteve em 15 de março

de 1999 e em 31 de março de 1999, respectivamente, devido às grandes variações

da ação ordinária da Eletropar Participações (LIPR3). Esse acontecimento destaca a

importância dos retornos extremos sobre os resultados das carteiras. Somente as

novas carteiras de N entre 6 e 9 apresentaram IS maior do que o das originais

correspondentes. As novas carteiras com N entre 6 e 9 superam também o IS da

carteira MVP 10%.

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Tabela 8 – Estatísticas descritivas para as carteiras 1/N com repetição reduzida de setores de atividade entre 5/1998 e 12/2011

Nota: os testes de Wilcoxon bicaudais se referem à diferença entre as medianas das carteiras 1/N originais e as com critério de formação alternativo.

Figura 5 – Relação entre o desvio-padrão e a quantidade de ações nas carteiras 1/N

com repetição reduzida de setores de atividade entre 5/1998 e 12/2011

A Tabela 9 mostra um resumo com o percentual de vezes em que as novas

carteiras 1/N superaram a MVP 10%, considerando janelas discretas e rolantes. Os

retornos acumulados e IS das novas carteiras 1/N foram, em geral, superiores aos

da MVP 10% para tamanhos de N menores. As novas carteiras apresentaram

desvio-padrão maior. Os resultados apresentados pelas novas carteiras 1/N são

superiores à MVP 10% para tamanhos de N menores, e são superiores aos

apresentados pelas carteiras 1/N originais em relação à MVP 10%. A eliminação de

ações de mesmo setor de atividade pode trazer benefícios em relação à estratégia

CARTEIRA

Retorno

Acumulado

(%)

Média(%)Mediana

(%)

Desvio

padrão

(%)

IS

Retorno

Acumulado

(%)

Média

(%)

Mediana

(%)

Desvio

padrão

(%)

ISz

Wilcoxon

Probabi-

lidade

1/N(N=6) 2778,55 0,1374 0,1427 2,9677 0,0269 2624,31 0,1176 0,1443 2,0030 0,0279 0,3564 0,72

1/N(N=7) 2615,06 0,1324 0,1377 2,8168 0,0248 2869,92 0,1195 0,1593 1,9654 0,0293 0,0898 0,93

1/N(N=8) 2448,89 0,1278 0,1160 2,6848 0,0261 2701,10 0,1166 0,1415 1,9047 0,0287 0,7739 0,44

1/N(N=9) 1725,26 0,1162 0,1029 2,5944 0,0232 2238,24 0,1106 0,1357 1,8726 0,0261 1,0615 0,29

1/N(N=10) 1820,72 0,1162 0,1237 2,5210 0,0238 1563,25 0,1002 0,1297 1,8536 0,0207 0,1016 0,92

1/N(N=11) 1724,11 0,1133 0,1248 2,4466 0,0204 1388,54 0,0968 0,1436 1,8461 0,0190 0,0052 1,00

1/N(N=12) 1742,71 0,1127 0,1493 2,3964 0,0208 1212,60 0,0928 0,1412 1,8287 0,0169 0,9807 0,33

1/N(N=13) 1511,29 0,1077 0,1443 2,3416 0,0214 1245,64 0,0935 0,1497 1,8277 0,0173 0,6929 0,49

1/N(N=14) 1456,70 0,1057 0,1256 2,2865 0,0218 940,16 0,0860 0,1276 1,8305 0,0132 0,3676 0,71

1/N(N=15) 1461,47 0,1054 0,1114 2,2634 0,0221 854,86 0,0834 0,1364 1,8271 0,0118 0,1251 0,90

1/N(N=16) 1477,40 0,1052 0,1256 2,2336 0,0224 1112,02 0,0965 0,1409 2,1939 0,0158 0,5437 0,59

MVP10% 1508,76 0,0937 0,1104 1,5255 0,0196 - - - - - - -

Ibovespa 386,03 0,0710 0,1128 2,2194 0,0045 - - - - - - -

Carteirasoriginais Carteiras1/Ncomrepetiçãoreduzidadeaçõesdomesmosetor

1,7

1,9

2,1

2,3

6 8 10 12 14 16

De

svio

Pad

rão

(%)

Número de Ações

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1/N original, sobretudo para carteiras com menor quantidade de ativos, ainda que

não se tenha encontrado diferenças significativas com os testes não paramétricos

conservadores empregados.

Thomé Neto et al. (2011), entre muitos outros, já haviam demonstrado que a

imposição de limites sobre a alocação são importantes. A imposição de um critério

adicional de diversificação, evitando tanto quanto possível a repetição de empresas

do mesmo setor de atividade, leva a um IS maior das carteiras 1/N, particularmente

aquelas com N pequeno, em relação às carteiras 1/N correspondentes formadas

com o critério original. Contudo, o IS da carteira MVP 10% ainda supera o de

algumas carteiras 1/N, principalmente as de tamanhos de N maiores. O teste não

paramétrico, porém, mostrou que não há diferença significativa de retorno entre as

carteiras 1/N novas e originais.

Tabela 9 – Comparação das carteiras 1/N com repetição reduzida de setores de atividade em relação à carteira MVP 10% entre 5/1998 e 12/2011

Nota: (1) A carteira 1/N foi considerada superior quanto ao desvio-padrão quando apresentou desvio-padrão inferior ao da MVP 10%.

N=6 N=7 N=8 N=9 N=10 N=11 N=12 N=13 N=14 N=15 N=16

Retorno Dia 3385 49.81 50.43 51.34 50.75 50.49 51.14 50.46 50.96 49.96 49.42 49.51

Mês 164 51.22 54.88 54.27 53.66 50.61 47.56 50.00 49.39 45.73 45.73 49.39

Quadrim. 41 46.34 53.66 51.22 48.78 46.34 48.78 41.46 46.34 36.59 34.15 39.02

Ano 14 50.00 57.14 57.14 57.14 50.00 42.86 42.86 42.86 28.57 28.57 35.71

Mês 164 12.20 14.63 13.41 12.80 13.41 11.59 12.80 13.41 10.98 10.98 8.54

Quadrim. 41 2.44 7.32 7.32 9.76 7.32 7.32 4.88 7.32 4.88 2.44 2.44

Ano 14 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Mês 164 48.17 54.27 54.27 52.44 51.83 50.00 51.83 50.00 47.56 47.56 47.56

Quadrim. 41 48.78 51.22 48.78 48.78 46.34 41.46 39.02 43.90 36.59 41.46 41.46

Ano 14 50.00 57.14 57.14 57.14 50.00 50.00 50.00 50.00 42.86 42.86 50.00

Retorno 21 dias 3365 52.30 53.22 52.90 52.39 50.25 48.71 49.09 50.13 48.02 48.17 48.32

84 dias 3302 53.63 58.72 57.69 54.78 48.67 46.43 45.34 45.64 41.19 39.61 41.97

252 dias 3134 56.19 62.51 67.20 66.40 58.42 53.51 50.67 51.24 44.99 41.67 50.70

21 dias 3365 9.60 11.29 12.54 12.24 12.21 12.07 12.69 12.36 11.65 11.44 9.45

84 dias 3302 2.73 5.15 6.54 4.94 5.30 3.85 3.30 3.30 3.36 2.97 2.27

252 dias 3134 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

21 dias 3365 50.82 52.48 51.95 50.34 49.30 48.41 48.65 49.30 47.61 47.64 46.75

84 dias 3302 50.42 54.78 55.09 53.45 47.58 45.79 45.70 46.70 42.37 42.40 43.03

252 dias 3134 50.00 54.08 63.34 62.70 54.66 48.69 44.22 46.59 40.24 40.33 48.40

Desvio

Padrão

Índice de

Sharpe

Painel A: percentual de vezes em que cada 1/N supera a MVP 10% considerando períodos discretos (não sobrepostos)

Painel B: percentual de vezes em que cada 1/N supera a MVP 10% considerando janelas rolantes que se movem 1 dia por vez

Tamanho

do Período

Quantidade

de Amostras

Desvio

Padrão

Índice de

Sharpe

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46

5.3 ATRIBUIÇÃO DE PESOS DIFERENTES PARA CADA AÇÃO

Chance et al. (2011) e Bennet e Sias (2011) afirmam que grande parte dos

investidores não possui carteiras igualmente ponderadas, embora elas sejam

usadas na maior parte dos estudos sobre a quantidade de ativos e sua relação com

o risco diversificável. Além disso, esses autores alegam que há estudos que

sugerem que carteiras com valores diferentes para os pesos dos ativos podem

apresentar benefícios quanto à diversificação em relação a carteiras igualmente

ponderadas. Os resultados de Thomé Neto et al. (2011) já indicam isso, pois a

carteira de mínima variância global com pesos limitados a 10% apresenta

desempenho melhor do que as carteiras 1/N em muitas das situações apresentadas

anteriormente neste trabalho. Assim, formaram-se novas carteiras utilizando as

mesmas ações presentes nas diversas carteiras 1/N, porém atribuindo pesos

diferentes para cada uma. A atribuição de pesos diferentes, como no caso da

maximização por média-variância, reconhece que há informação relevante nos

dados históricos empregados na estimativa dos pesos.

O critério de atribuição dos pesos privilegia as ações de maior IS no período

anterior. Os pesos atribuídos seguem um critério simples para não exigir que o

investidor use o método de Markowitz (1952), mas atribui ainda mais importância

para a informação histórica usada para estimar o IS. A Equação 8 descreve o

cálculo do peso de cada ação (wi) de cada nova carteira. Os pesos atribuídos são

simplesmente o posto da ação i como proporção da soma dos postos, o somatório

de 1 até N, e são sempre os mesmos para uma carteira de tamanho N. Os pesos

assim obtidos se encontram no Apêndice B.

( )

Eq. 8

Onde:

N = Número de ações na carteira

xi = posto da ação i do maior IS (xi=N) para o menor (xi=1)

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47

Tabela 10 – Estatísticas descritivas para as carteiras com pesos diferentes entre 5/1998 e 12/2011

Nota: os testes de Wilcoxon bicaudais se referem à diferença entre as medianas das carteiras 1/N originais e as com critério de formação alternativo.

A Tabela 10 apresenta os resultados encontrados para as carteiras

construídas com pesos diferentes atribuídos aos ativos, comparando-as com as

carteiras 1/N originais, o Ibovespa e a MVP 10%. Todas as novas carteiras

apresentaram retorno acumulado, retorno diário médio e desvio-padrão maiores do

que os das carteiras 1/N correspondentes, do Ibovespa e da MVP 10%. Os IS das

novas carteiras também são maiores do que os das carteiras 1/N originais e todos

eles superam o IS da MVP 10%. A Figura 6 mostra que o desvio-padrão diminui com

o aumento de N. Não houve, porém, retorno mediano significativamente maior das

carteiras formadas com o critério alternativo em relação às carteiras 1/N originais.

Figura 6 – Relação entre o desvio-padrão e a quantidade de ações nas carteiras com pesos diferentes entre 5/1998 e 12/2011

CARTEIRA

Retorno

Acumulado

(%)

Média(%)Mediana

(%)

Desvio

padrão

(%)

IS

Retorno

Acumulado

(%)

Média

(%)

Mediana

(%)

Desvio

padrão

(%)

ISz

Wilcoxon

Probabi-

lidade

1/N(N=6) 2778,55 0,1374 0,1427 2,9677 0,0269 3296,63 0,1461 0,1326 3,1279 0,0270 1,0071 0,31

1/N(N=7) 2615,06 0,1324 0,1377 2,8168 0,0248 3140,04 0,1427 0,1417 3,0431 0,0266 0,8108 0,42

1/N(N=8) 2448,89 0,1278 0,1160 2,6848 0,0261 2991,92 0,1393 0,1363 2,9599 0,0262 0,0800 0,94

1/N(N=9) 1725,26 0,1162 0,1029 2,5944 0,0232 2701,50 0,1347 0,1327 2,8844 0,0253 0,1181 0,91

1/N(N=10) 1820,72 0,1162 0,1237 2,5210 0,0238 2532,35 0,1314 0,1311 2,8177 0,0247 0,1066 0,92

1/N(N=11) 1724,11 0,1133 0,1248 2,4466 0,0204 2386,21 0,1284 0,1312 2,7551 0,0242 0,0056 1,00

1/N(N=12) 1742,71 0,1127 0,1493 2,3964 0,0208 2283,96 0,1260 0,1266 2,6998 0,0238 0,0269 0,98

1/N(N=13) 1511,29 0,1077 0,1443 2,3416 0,0214 2162,70 0,1235 0,1258 2,6484 0,0233 1,0830 0,28

1/N(N=14) 1456,70 0,1057 0,1256 2,2865 0,0218 2058,85 0,1211 0,1278 2,5991 0,0228 0,4418 0,66

1/N(N=15) 1461,47 0,1054 0,1114 2,2634 0,0221 1977,86 0,1191 0,1270 2,5560 0,0224 0,0470 0,96

1/N(N=16) 1477,40 0,1052 0,1256 2,2336 0,0224 1915,81 0,1175 0,1283 2,5173 0,0221 0,4520 0,65

MVP10% 1508,76 0,0937 0,1104 1,5255 0,0196 - - - - - - -

Ibovespa 386,03 0,0710 0,1128 2,2194 0,0045 - - - - - - -

Carteirasoriginais Carteiras"1/N"compesosdiferentes

2,4

2,6

2,8

3,0

3,2

6 8 10 12 14 16

De

svio

Pad

rão

(%)

Número de Ações

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48

A Tabela 11 apresenta um resumo comparativo do percentual de vezes em

que as novas carteiras superaram a MVP 10%, considerando janelas discretas e

rolantes. O retorno acumulado de todas as novas carteiras foi superior ao retorno da

MVP 10% para janelas rolantes, com apenas uma exceção. O desvio-padrão da

MVP 10% é menor do que o de todas as carteiras com pesos diferentes e seu IS

supera os das novas carteiras em mais da metade das vezes. A ponderação das

carteiras, como poderia se esperar, apresentou algum ganho em relação às carteiras

1/N. O critério de ponderação não torna essas carteiras melhores do que a MVP

10%, mas permite que elas a superem, em relação ao retorno, mais frequentemente

do que as carteiras 1/N originais, sobretudo quando N é pequeno.

Tabela 11 – Comparação das carteiras com pesos diferentes com a MVP 10% entre 5/1998 e 12/2011

Nota: (1) A carteira 1/N foi considerada superior quanto ao desvio-padrão quando apresentou desvio-padrão inferior ao da MVP 10%.

N=6 N=7 N=8 N=9 N=10 N=11 N=12 N=13 N=14 N=15 N=16

Retorno Dia 3385 48.98 48.92 49.72 49.96 50.04 49.66 49.69 49.72 49.75 49.57 49.81

Mês 164 53.05 52.44 50.61 48.78 49.39 47.56 46.95 47.56 48.78 48.78 49.39

Quadrim. 41 48.78 51.22 51.22 51.22 51.22 51.22 51.22 48.78 46.34 46.34 46.34

Ano 14 57.14 57.14 57.14 57.14 57.14 57.14 50.00 50.00 50.00 42.86 42.86

Mês 164 9.15 10.37 9.76 9.76 7.93 8.54 9.15 9.15 11.59 11.59 10.37

Quadrim. 41 4.88 4.88 4.88 4.88 4.88 4.88 7.32 7.32 7.32 7.32 4.88

Ano 14 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

Mês 164 50.00 48.17 46.34 46.95 48.17 47.56 48.78 49.39 49.39 49.39 49.39

Quadrim. 41 48.78 46.34 46.34 43.90 43.90 41.46 41.46 46.34 46.34 46.34 46.34

Ano 14 50.00 50.00 50.00 57.14 50.00 42.86 50.00 50.00 50.00 42.86 42.86

Retorno 21 dias 3365 49.84 51.14 51.29 51.29 50.88 50.55 50.52 50.31 50.19 50.46 50.55

84 dias 3302 52.21 53.39 53.30 52.97 53.06 52.54 52.60 52.60 52.60 53.06 53.00

252 dias 3134 57.50 58.01 58.30 57.59 56.92 55.74 54.88 53.51 52.58 51.53 51.02

21 dias 3365 8.65 8.68 8.59 8.86 8.53 8.47 8.50 8.83 8.77 8.62 8.38

84 dias 3302 4.63 4.36 4.36 4.12 3.94 3.51 3.45 3.48 3.51 3.36 3.36

252 dias 3134 0.00 0.00 0.16 0.19 0.13 0.13 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00

21 dias 3365 47.82 48.23 49.00 48.86 48.68 48.59 48.53 48.29 48.32 48.11 48.14

84 dias 3302 48.73 49.82 49.55 49.33 48.33 47.88 48.21 48.03 48.03 48.18 48.18

252 dias 3134 48.79 49.14 49.78 49.30 48.63 48.40 48.88 49.43 49.55 49.23 48.85

Desvio

Padrão

Índice de

Sharpe

Painel A: percentual de vezes em que cada 1/N supera a MVP 10% considerando períodos discretos (não sobrepostos)

Painel B: percentual de vezes em que cada 1/N supera a MVP 10% considerando janelas rolantes que se movem 1 dia por vez

Tamanho

do Período

Quantidade

de Amostras

Desvio

Padrão

Índice de

Sharpe

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49

5.4 REBALANCEAMENTO ANUAL E LÍQUIDO DE TRIBUTOS E CUSTOS DE

TRANSAÇÃO

Os custos de transação e o IR também impactam o rendimento final de

carteiras de investimento. Essa seção mostra o impacto desses custos nas carteiras

1/N com as carteiras 1/N com rebalanceamento anual. A formação das carteiras

seguiu critério semelhante de usar as ações de maior IS no quadrimestre anterior. A

análise começou em janeiro de 1999, estendendo-se até dezembro de 2011, para

que os rebalanceamentos fossem feitos sempre no primeiro dia de cada ano.

A Tabela 12 apresenta os resultados das carteiras com rebalanceamento

anual, antes da inclusão de custos de transação e IR. Os resultados das novas

carteiras foram inferiores às respectivas carteiras originais, sem significância

estatística. A Tabela 12 indica que um investidor pode obter retornos maiores do que

os oferecidos pelo Ibovespa, com risco maior.

Tabela 12 – Estatísticas descritivas para as carteiras 1/N com rebalanceamento anual entre 1/1999 e 12/2011

Nota: (1) os testes de Wilcoxon bicaudais se referem à diferença entre as medianas das carteiras 1/N originais e as com critério de formação alternativo; (2) o período desta tabela é diferente das demais e vai de 4/1/1999 a 29/12/2011; (3) a diferença entre os retornos das carteiras originais nesta tabela e nas tabelas anteriores se deve ao período omitido entre 4/5 e 30/12/1998 em que o Ibovespa, por exemplo, caiu 41,9%.

A Tabela 13 apresenta os resultados com custos de transação e IR sobre os

ganhos de capital para as carteiras anuais com N variando de 12 a 16, durante o

período de janeiro de 1999 a dezembro de 2011. O impacto dos custos de transação

e IR seria maior nas carteiras de N maior. O investimento inicial simulado foi de

cinquenta mil reais e os custos e tributos empregados para calcular o rendimento

das carteiras se encontram detalhados no Apêndice C. Aplicou-se o equivalente

CARTEIRA

Retorno

Acumulado

(%)

Média(%)Mediana

(%)

Desvio

padrão

(%)

IS

Retorno

Acumulado

(%)

Média

(%)

Mediana

(%)

Desvio

padrão

(%)

ISz

Wilcoxon

Probabi-

lidade

1/N(N=6) 5385,86 0,1607 0,1452 2,9139 0,0346 2027,52 0,1358 0,1088 3,0666 0,0248 1,5852 0,11

1/N(N=7) 4990,16 0,1554 0,1404 2,7708 0,0345 1515,19 0,1240 0,0707 2,9218 0,0220 1,7968 0,07

1/N(N=8) 4608,06 0,1504 0,1338 2,6398 0,0343 1619,47 0,1231 0,1022 2,7871 0,0227 1,4089 0,16

1/N(N=9) 3213,78 0,1377 0,1136 2,5454 0,0306 1580,67 0,1199 0,1113 2,6702 0,0225 0,6927 0,49

1/N(N=10) 3417,99 0,1382 0,1420 2,4750 0,0317 1596,47 0,1189 0,1200 2,6055 0,0227 1,5159 0,13

1/N(N=11) 3304,39 0,1357 0,1315 2,3963 0,0317 1690,43 0,1188 0,1114 2,5197 0,0234 1,0485 0,29

1/N(N=12) 3255,40 0,1344 0,1586 2,3468 0,0318 1659,44 0,1173 0,1050 2,4675 0,0233 1,9021 0,06

1/N(N=13) 2756,82 0,1284 0,1509 2,2891 0,0300 1706,77 0,1169 0,1189 2,4024 0,0237 1,5514 0,12

1/N(N=14) 2789,28 0,1277 0,1293 2,2299 0,0304 1743,08 0,1159 0,1204 2,3231 0,0241 0,8019 0,42

1/N(N=15) 2812,03 0,1274 0,1233 2,1994 0,0307 1982,64 0,1189 0,1013 2,2811 0,0259 0,5347 0,59

1/N(N=16) 2732,59 0,1260 0,1393 2,1644 0,0305 2049,15 0,1194 0,1057 2,2541 0,0264 0,9399 0,35

MVP10% 2828,31 0,1151 0,1153 1,4274 0,0387 - - - - - - -

Ibovespa 736,59 0,0870 0,1210 2,0622 0,0131 - - - - - - -

Carteirasoriginais Carteiras1/Ncomrebalanceamentoanual

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diário de uma taxa de administração de 2 por cento ao ano ao rendimento do

Ibovespa no período para permitir simular um investimento alternativo em um fundo

Ibovespa passivo. Todas as cinco carteiras 1/N da Tabela 13 apresentaram retorno

médio e mediano, desvio-padrão e IS maiores do que os do Ibovespa depois de

custos de transação, sem significância estatística para a diferença entre os retornos

medianos. Os resultados para frequências maiores de rebalanceamento seriam

ainda mais afetados pelos custos de transação e IR, indicando que carteiras com

rebalanceamento quadrimestral dificilmente apresentariam resultados superiores.

Estes resultados também se mantém para as carteiras 1/N com N entre 6 e 11.

Tabela 13 – Estatísticas descritivas para as carteiras 1/N com rebalanceamento anual e líquidas de custos de transação e IR entre 1/1999 e 12/2011

Nota: (1) os testes de Wilcoxon bicaudais se referem à diferença entre as medianas das carteiras 1/N líquidas de custo de transação; (2) Ibovespa deduzido do equivalente diário de uma taxa de administração de 2% ao ano; (3) o período desta tabela é diferente das demais e vai de 4/1/1999 a 29/12/2011.

A Tabela 14 apresenta um resumo comparativo do percentual de vezes em

que as novas carteiras com rebalanceamento anual, líquidas de custos de transação

e IR, superaram o Ibovespa depois da imputação de uma taxa de admnistração,

considerando janelas discretas e rolantes. O retorno acumulado das carteiras 1/N

superou o Ibovespa em quase todos os, tanto nas janelas discretas como rolantes.

O desvio-padrão das carteiras 1/N é sempre menor do que o do Ibovespa. O IS das

carteiras 1/N é superior ao do Ibovespa em todos os casos.

Os custos de transação e o IR não mudam os resultados obtidos com os

retornos brutos.

1/N(N=12) 985,53 0,1036 0,0953 2,5275 0,0173 0,84 0,40

1/N(N=13) 1015,05 0,1031 0,1025 2,4602 0,0176 0,75 0,45

1/N(N=14) 1047,31 0,1023 0,1059 2,3784 0,0179 0,74 0,46

1/N(N=15) 1180,42 0,1049 0,0820 2,3355 0,0193 0,71 0,48

1/N(N=16) 1213,07 0,1052 0,0894 2,3075 0,0196 0,55 0,58

Ibovespa 549,60 0,0791 0,1131 2,0620 0,0093 - -

z

Wilcoxon

Probabi-

lidadeCARTEIRA

Retorno

Acumulado

(%)

Média(%)

Desvio

padrão

(%)

ISMediana

(%)

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Tabela 14 – Comparação das carteiras 1/N com rebalanceamento anual e líquidas de custos de transação e IR com o Ibovespa entre 1/1999 e 12/2011

Nota: (1) A carteira 1/N foi considerada superior quanto ao desvio-padrão quando apresentou desvio-padrão inferior ao do Ibovespa; (2) Ibovespa deduzido do equivalente diário de uma taxa de administração de 2% ao ano; (3) o período desta tabela é diferente das demais e vai de 4/1/1999 a 29/12/2011.

6 – CONCLUSÕES

A partir das ações constituintes do índice Ibovespa a cada quadrimestre

formaram-se carteiras igualmente ponderadas e de mínima variância global. O

critério de inclusão das ações em uma carteira igualmente ponderada foi o

ordenamento do maior para o menor Índice de Sharpe (IS). Todas as carteiras 1/N

construídas com as ações de maiores IS no período anterior apresentaram retornos

N=12 N=13 N=14 N=15 N=16

Retorno Dia 3385 51,20 52,13 52,10 52,38 51,79

Mês 164 55,77 55,13 55,77 55,13 54,49

Quadrim. 41 48,72 53,85 53,85 56,41 51,28

Ano 14 61,54 61,54 61,54 53,85 61,54

Mês 164 54,49 57,05 60,26 64,10 61,54

Quadrim. 41 58,97 53,85 56,41 61,54 58,97

Ano 14 53,85 61,54 53,85 69,23 69,23

Mês 164 56,41 56,41 55,13 54,49 53,21

Quadrim. 41 51,28 56,41 53,85 56,41 53,85

Ano 14 61,54 61,54 61,54 53,85 61,54

Retorno 21dias 3365 55,61 54,77 54,42 56,02 56,33

84dias 3302 55,52 55,84 54,46 56,79 57,65

252dias 3134 54,85 56,17 55,32 58,86 60,01

21dias 3365 54,11 56,64 60,89 61,49 62,02

84dias 3302 56,41 59,73 61,26 60,49 61,61

252dias 3134 55,12 58,96 63,01 66,37 63,44

21dias 3365 54,42 54,45 55,20 54,74 55,52

84dias 3302 57,14 56,38 55,26 56,41 56,15

252dias 3134 53,07 54,45 54,75 58,73 59,54

DesvioPadrão

Índicede

Sharpe

Tamanhodo

Período

Quantidade

deAmostras

PainelA:percentualdevezesemquecada1/NsuperaoIbovespaconsiderando

períodosdiscretos(nãosobrepostos)

DesvioPadrão

Índicede

Sharpe

PainelB:percentualdevezesemquecada1/NsuperaoIbovespaconsiderando

janelasrolantesquesemovem1diaporvez

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médios e medianos e IS maiores do que o do Ibovespa para retornos diários, mas o

mesmo não acontece com os retornos mensais. As carteiras 1/N, porém, não

apresentaram retornos medianos estatisticamente maiores do que o do Ibovespa,

segundo testes não paramétricos conservadores. As análises considerando períodos

de vários tamanhos mostraram que carteiras 1/N superam o retornos do Ibovespa

com menor risco com frequência. Contudo, não se pode afirmar que as carteiras 1/N

superam o Ibovespa.

A análise dos retornos ajustados ao risco não revela vantagens claras das

carteiras 1/N sobre a MVP com limite de pesos positivos de 10%. As carteiras 1/N

não apresentam retornos estaticamente diferentes dos da MVP 10%, o que é

consistente com a afirmativa de DeMiguel et al. (2009) de que o valor de N deve ser

grande para que as carteiras ingênuas apresentem desempenho superior aos

oferecidos por carteiras formadas por meio de técnicas de otimização. O desvio-

padrão das carteiras MVP 10% estimadas é muito menor do que o das carteiras 1/N,

o que contribuiu para que sua relação retorno-risco supere às das carteiras 1/N, na

maioria das vezes. Embora os investidores que empreguem carteiras 1/N tenham

grandes chances de superar o Ibovespa, apenas em termos absolutos, mas não

ajustados a risco, as chances de superar uma carteira de mínima variância formada

segundo a otimização clássica de Markowitz serão muito menores. As informações

históricas usadas na determinação dos pesos segundo o processo de maximização

de média-variância introduz informações relevantes que resultam em pesos que

levaram a um desempenho melhor de retorno ajustado ao risco destas carteiras em

relação às carteiras ingênuas. Nota-se, ainda, que o rebalanceamento das carteiras

1/N limita o downside risk.

O desempenho ajustado ao risco medido pelo IS das carteiras 1/N pode ser

melhor do que o de muitas carteiras com gestão profissional, principalmente aquelas

que não empregam alavancagem, em uma comparação com 52 FIAs selecionados.

Os resultados foram ajustados para as taxas de administração dos fundos e á ainda

mais relevante se considerarmos que foram analisados somente os fundos

sobreviventes, que devem ser os de melhor desempenho histórico. Este resultado é

consistente com o apresentado por Thomé Neto et al. (2011), que indica que a

carteira MVP 10% supera a maior parte dos fundos com os quais ela foi comparada,

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e tem relevância prática, uma vez que sugere que a seleção do gestor que será bem

sucedido é crítica para que um FIA supere a carteira 1/N. Naturalmente, fazer a

escolha certa, a priori, é muito difícil.

Os testes de robustez indicam que a ordenação das ações para formar as

carteiras 1/N do maior IS para o menor é relevante, que a exclusão, tanto quanto

possível, de ações do mesmo setor de atividade é interessante, melhorando a

diversificação das carteiras 1/N, e que atribuir pesos maiores para ações com IS

maior, por meio de uma fórmula simples e não por maximização de média-variância,

melhora o desempenho das carteiras ingênuas. O rebalanceamento algumas vezes

por ano pode ser importante uma vez que carteiras 1/N com rebalanceamento anual

tiveram desempenho marginalmente inferior. Os resultados não se alteram quando

se consideram os custos de transação e o IR.

Outra implicação prática deste estudo é que ETFs que imitem carteiras 1/N

podem ser um produto interessante. A escolha do tamanho ideal de N para carteiras

ingênuas está muito relacionada com o risco a que se pretende expor. Carteiras com

N menor ou igual a 10 podem ser aceitáveis se os investidores tolerarem um risco

maior na busca de maiores retornos. Os mais conservadores devem optar por

carteiras com N maior do que 10 ou pela a MVP com limite de peso de 10% por

ativo, que apresenta desvio-padrão bem inferior às carteiras ingênuas.

Há muitas técnicas sofisticadas de formação de carteiras, como algumas das

apresentadas por DeMiguel et al. (2009), que não foram examinadas neste trabalho.

Embora esses autores tenham mostrado que carteiras ingênuas com um grande

número de ativos são capazes de superar essas técnicas, seria relevante que

trabalhos futuros verificassem o comportamento relativo de carteiras ingênuas com

poucos ativos no mercado de ações brasileiro, estendendo trabalhos como os de

Rubensam e Beltrame (2013) e Santos e Tessari (2012). Finalmente, cabe dizer que

estudos futuros podem considerar outros critérios de formação de carteiras

ingênuas, bem como experimentos de Monte Carlo com a formação aleatória dessas

carteiras a partir do universo de ações considerado, com renovação do universo de

empresas para sorteio, estendendo trabalhos como o de Battaglia (2013).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICES

APÊNDICE A – RELAÇÃO E INFORMAÇÕES DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO ANALISADOS

Nome do fundoRetorno

Acumulado

Alavancado

Anbima

Taxa de

Administração

Taxa de

Performance

PRÓSPERO ADINVEST FI AÇÕES 2.972,31% Sim 4,00% Não possui

OPPORTUNITY LÓGICA II FIC AÇÕES 2.526,32% Sim 4,00% Não possui

COMERCIAL MASTER FI AÇÕES 2.081,82% Sim 2,50% 20%

FAMA CHALLENGER FIC AÇÕES 1.528,61% Não 2,00% 20%

RT GALÁXIA FI AÇÕES 1.211,75% Não 0,00% Não possui

BRADESCO PRIME ACTIVE FIC AÇÕES 1.151,64% Sim 2,50% Não possui

BTG PACTUAL ANDRÔMEDA FI AÇÕES 970,20% Não 1,50% 20%

BRADESCO IBOVESPA ATIVO FIC AÇÕES 968,98% Não 4,00% Não possui

BRADESCO PRIVATE ALAVANCADO IBOVESPA FI AÇÕES 897,00% Sim 2,00% Não possui

MULTIPLY VARIABLE FI AÇÕES 778,26% Não 0,10% 30%

FIBRA VIC FI AÇÕES 776,34% Não 2,50% Não possui

FATOR JAGUAR FI AÇÕES 764,69% Sim 2,00% 20%

SANTANDER INSTITUCIONAL BR IBOVESPA FI AÇÕES 734,30% Não 1,00% Não possui

COINVALORES FI AÇÕES 701,74% Sim 3,00% Não possui

BRAM FIB FI AÇÕES 691,62% Não 0,23% 15%

ÁTICO AÇÕES FI AÇÕES 681,26% Não 3,00% Não possui

LUXOR FI AÇÕES 680,22% Não 0,10% 30%

ITAÚ PRIVATE ATIVO FI AÇÕES 674,08% Não 2,00% Não possui

SANTANDER FI AÇÕES 662,70% Não 4,00% Não possui

PREVIDÊNCIA B FI AÇÕES 626,10% Não 0,10% 30%

LEGG MASON PORTFÓLIO FI AÇÕES 619,61% Não 0,00% Não possui

LEGG MASON PRIVATE FOCUS FIC AÇÕES 604,64% Não 4,00% Não possui

ITAÚ TIMING FI AÇÕES 594,54% Sim 2,50% 20%

SANTANDER PLUS FIC AÇÕES 585,78% Não 5,00% Não possui

ITAÚ INSTITUCIONAL IBOVESPA ATIVO FI AÇÕES 584,63% Não 0,90% Não possui

ITAÚ SELECT IBOVESPA FIC AÇÕES 555,07% Sim 4,00% Não possui

SAFRA PRIVATE FI AÇÕES 525,42% Sim 1,00% Não possui

BANRISUL ÍNDICE FI AÇÕES 513,81% Não 4,00% Não possui

VOTORANTIM FI AÇÕES 503,92% Não 1,80% 20%

BANCO DO NORDESTE FI AÇÕES 484,93% Não 3,00% Não possui

SAFRA AÇÕES FI AÇÕES 468,97% Não 3,95% Não possui

LEGG MASON SILVER IBOVESPA ATIVO FIC AÇÕES 455,77% Não 4,00% Não possui

ITAÚ IBOVESPA ATIVO FI AÇÕES 445,07% Sim 4,00% Não possui

ITAÚ PERSONNALITÉ IBOVESPA ATIVO FI AÇÕES 420,20% Sim 2,00% Não possui

ITAÚ STRATEGY FI AÇÕES 418,17% Sim 3,00% Não possui

BRADESCO FIC AÇÕES 387,47% Não 4,00% Não possui

ITAÚ BLUE FI AÇÕES 385,85% Não 5,00% Não possui

ALFA SPECIAL FI AÇÕES 384,54% Sim 2,00% Não possui

HSBC FIC AÇÕES 356,21% Não 2,50% Não possui

MAGLIANO FI AÇÕES 343,30% Sim 2,00% 20%

ALFA DINÂMICO FIC AÇÕES 291,56% Sim 4,50% Não possui

ALFAMAIS FIC AÇÕES 281,82% Sim 7,50% Não possui

UNIBANCO PREVIDÊNCIA IBOVESPA FI AÇÕES 272,26% Não 0,00% Não possui

BRADESCO SUPER AÇÃO FI AÇÕES 269,35% Não 0,80% Não possui

BB IBOVESPA ATIVO FIC AÇÕES 259,27% Não 3,00% Não possui

SLW FI AÇÕES 254,32% Não 4,00% Não possui

BRADESCO MAXI FIC AÇÕES 249,14% Não 4,00% Não possui

BRADESCO IV FIC AÇÕES 246,67% Não 4,00% Não possui

SANTANDER ÔNIX FIC AÇÕES I 227,96% Não 2,50% Não possui

ITAPOÃ FIC AÇÕES 224,48% Não 0,00% Não possui

ALFA FIC AÇÕES 114,60% Sim 8,50% Não possui

BRADESCO BA FIC AÇÕES -88,46% Não 4,00% Não possui

Nota: O retorno acumulado presente considera a recomposição das taxas de administração dos fundos

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APÊNDICE B – PESOS DE CADA AÇÃO SEGUNDO A EQUAÇÃO 4

N=16 N=15 N=14 N=13 N=12 N=11 N=10 N=9 N=8 N=7 N=6

1 11,76 12,50 13,33 14,29 15,38 16,67 18,18 20,00 22,22 25,00 28,57

2 11,03 11,67 12,38 13,19 14,10 15,15 16,36 17,78 19,44 21,43 23,81

3 10,29 10,83 11,43 12,09 12,82 13,64 14,55 15,56 16,67 17,86 19,05

4 9,56 10,00 10,48 10,99 11,54 12,12 12,73 13,33 13,89 14,29 14,29

5 8,82 9,17 9,52 9,89 10,26 10,61 10,91 11,11 11,11 10,71 9,52

6 8,09 8,33 8,57 8,79 8,97 9,09 9,09 8,89 8,33 7,14 4,76

7 7,35 7,50 7,62 7,69 7,69 7,58 7,27 6,67 5,56 3,57

8 6,62 6,67 6,67 6,59 6,41 6,06 5,45 4,44 2,78

9 5,88 5,83 5,71 5,49 5,13 4,55 3,64 2,22

10 5,15 5,00 4,76 4,40 3,85 3,03 1,82

11 4,41 4,17 3,81 3,30 2,56 1,52

12 3,68 3,33 2,86 2,20 1,28

13 2,94 2,50 1,90 1,10

14 2,21 1,67 0,95

15 1,47 0,83

16 0,74

Classificaçao

do ativo pelo

Índice de

Sharpe

Peso do ativo (%) em cada carteira 1/N

Page 58: O DESEMPENHO DE CARTEIRAS IGUALMENTE … · O número de ações em uma carteira encontra-se novamente em debate na literatura, com alguns autores sugerindo que o número de ações

58

APÊNDICE C – CUSTOS DE TRANSAÇÃO E TRIBUTAÇÃO

a. Taxa de corretagem: cada corretora cobra uma taxa diferente para compra e

venda de ações. Utilizou-se o valor sugerido pela Tabela da BM&FBovespa,

de taxa de 0,5% + tarifa fixa de R$ 25,21, para valores de compra e venda

diários acima de R$ 3.029,38. Acredita-se que essa taxa é bastante

conservadora e não beneficia as carteira analisadas.

b. ISS: o Imposto sobre Serviços é cobrado sobre o valor de corretagem.

Utilizou-se 2% nesse trabalho, referente à alíquota cobrada no estado do Rio

de Janeiro.

c. Emolumentos: a BM&FBovespa cobra uma alíquota de 0,0345% aplicada

sobre o volume financeiro das operações.

d. Taxa de custódia: utilizou-se a taxa fixa de R$ 6,90 por mês, pela

manutenção da conta. Também existe uma taxa variável para valores acima

de R$ 300.000,00, mas essa taxa não foi utilizada para facilitar os cálculos

uma vez que o investimento inicial da carteira simulada foi de R$ 50.000,00.

e. Imposto de Renda: é cobrada uma alíquota de 15% sobre o ganho líquido

com ações superiores a R$ 20.000,00.