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229 THEMIS - Revista da Escola Superior da Magistratura do Estado do Ceará O DEFENSOR PÚBLICO NO ESTADO DO CEARÁ COMO GUARDIÃO DOS DIREITOS DOS EXCLUÍDOS: UM ENFOQUE VOLTADO A SUA ATUAÇÃO NAS VARAS DE FAMÍLIA 1 Paulo Rogério Areias de Souza Aluno do curso de Direito da Faculdade Christus Bolsista da Iniciação Científica Flávio José Moreira Gonçalves Professor Mestre em Direito e Mestrando em Filosofia, Orientador Resumo. O presente trabalho tem como finalidade abordar, sem contudo ter a pretensão de esgotar o assunto, o trabalho desenvolvido pela Defensoria Pública do Estado do Ceará, através dos Defensores Públicos atuantes nas 18 Varas de Família da Comarca de Fortaleza, Capital do Estado do Ceará. Será abordada a forma de ingresso na carreira de Defensor Público, da análise da lei Federal que instituiu a Defensoria Pública no Brasil e da Lei estadual criadora e regulamentadora da Defensoria em nosso Estado. Dentro deste caminho investigativo abordaremos o número de varas especializadas nas questões de família, bem com o número de Defensores Públicos disponíveis para atuar nesse tipo específico de prestação jurisdicional. Serão abordados também os tipos de ações comumente ingressadas nessas 1 Trabalho de Iniciação Científica desenvolvido sob a orientação do professor Flávio José Moreira Gonçalves, Mestre em Direito e Mestrando em Filosofia. V.5 n.2 ago/dez 2007 V.5 n.2 ago/dez 2007

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O DEFENSOR PÚBLICO NO ESTADO DO CEARÁ

COMO GUARDIÃO DOS DIREITOS DOS EXCLUÍDOS:

UM ENFOQUE VOLTADO A SUA ATUAÇÃO NAS

VARAS DE FAMÍLIA1

Paulo Rogério Areias de Souza

Aluno do curso de Direito da Faculdade Christus

Bolsista da Iniciação Científica

Flávio José Moreira Gonçalves

Professor Mestre em Direito e Mestrando em Filosofia, Orientador

Resumo.

O presente trabalho tem como finalidade abordar,sem contudo ter a pretensão de esgotar o assunto, o trabalhodesenvolvido pela Defensoria Pública do Estado do Ceará,através dos Defensores Públicos atuantes nas 18 Varas deFamília da Comarca de Fortaleza, Capital do Estado doCeará. Será abordada a forma de ingresso na carreira deDefensor Público, da análise da lei Federal que instituiu aDefensoria Pública no Brasil e da Lei estadual criadora eregulamentadora da Defensoria em nosso Estado. Dentrodeste caminho investigativo abordaremos o número de varasespecializadas nas questões de família, bem com o númerode Defensores Públicos disponíveis para atuar nesse tipoespecífico de prestação jurisdicional. Serão abordadostambém os tipos de ações comumente ingressadas nessas

1 Trabalho de Iniciação Científica desenvolvido sob a orientação do professor

Flávio José Moreira Gonçalves, Mestre em Direito e Mestrando em Filosofia.

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varas especializadas do Fórum Clóvis Beviláqua e asdificuldades materiais enfrentadas pelos Defensores nadefesa dos direitos dos hipossuficientes. Tentaremosmensurar o tempo médio para solução de conflitos, tanto noâmbito consensual como litigioso e, também o trabalho demediação realizado pelo Defensor Público, com o intuito dedesafogar o Poder Judiciário. Ao final traçaremos umpanorama da realidade encontrado pelos cidadãos,considerados pobres perante a lei na defesa de seusdireitos, garantidos pela Constituição Federal de 1988. Seráconsiderada também a realidade enfrentada pelosDefensores Públicos, que também carecem de auxíliourgente, seja do ponto de vista de material de trabalho,salários condizentes com suas funções, ou seja, isonomiasalarial com os membros da Magistratura e do MinistérioPúblico e outras prerrogativas de sua função, que muitasvezes, são relegados à segundo plano.

Palavras-chave: Hipossuficiente. Cidadania. DefensorPúblico. Direitos Fundamentais.

1 Considerações Introdutórias.

A defesa dos hipossuficientes no Brasil sempreesteve presente de forma não oficializada, ou seja,constitucionalizada ou imposta por qualquer lei. A Ordem dosAdvogados do Brasil sempre, em sua história, colocou àdisposição das camadas pobres da sociedade a prestaçãojurisdicional de forma gratuita, porém de forma modestaatingindo alguns poucos em sua tentativa de minimizar asdesigualdades sociais e promover o acesso à justiça. OEstado do Rio de Janeiro tem a Defensoria Pública maisantiga do Brasil, que conta com mais de 50 anos de atuação.

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Porém, a maioria dos estados brasileiros só veio a implantarsuas Defensorias após a promulgação da Constituição de1988, que instituiu em seu artigo 134 § 1º a obrigação daUnião, dos Estados membros e do Distrito Federal, criarsuas respectivas Defensorias Públicas . A ConstituiçãoCidadã colocou a Defensoria Pública como instituiçãoessencial à função jurisdicional do Estado.

Art. 134. A Defensoria Pública éinstituição essencial à funçãojurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, emtodos os graus, dos necessitados, naforma do art. 5º, LXXIV. (CF, 1988).

No Estado do Ceará a regulamentação daDefensoria Pública do Estado, se deu pela lei complementarn.º 06 de 28 de abril de 1997, sancionada pelo entãoGovernador do Estado do Ceará o Excelentíssimo SenhorTasso Ribeiro Jeressati. Nessa legislação foi traçada àcriação da Defensoria no Estado do Ceará, suascompetências e forma de ingresso na carreira de DefensorPúblico, que deverá ser dar por concurso público de provase títulos com a participação da Ordem dos Advogados doBrasil.

2 Varas de Família na Comarca de Fortaleza.

A Comarca de Fortaleza conta hoje com 18 Varasde Família funcionando nas dependências do Fórum ClóvisBeviláqua. A Defensoria Pública do Estado do Cearádisponibiliza um Defensor Público para mais de uma varadessa justiça especializada, nos casos de impedimentos,

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férias, licenças, ou seja, nos casos de afastamentos legaisdesses membros de poder exercer suas funções . Cadadefensor responde pela assistência jurídica a pessoas, que,perante a lei, são consideradas pobres, não podendo arcarcom custas processuais e honorárias advocatícios, parapleitearem em juízo seus pretensos direitos. Vejamos o quepreleciona a Defensora Pública Mônica Barroso:

Os Defensores que trabalham noFórum, lotados nas varas (e as vezesem duas ou três) acumulam de talforma o serviço que é difícil seconseguir uma advocacia de razoávelnível desses profissionais.Estamos assoberbados de trabalho,é impossível darmos conta de tantoinjustiça social e de tantos problemasjurídicos. (BARROSO, p. 79)

Dentro da universalidade de ações que tramitamnas varas de família de Fortaleza, destacam-se as açõesde divórcio de reconhecimento e dissolução da uniãoestável, juntamente com a ação de alimentos e o pedido dereconhecimento de paternidade e a ação de guarda. Essegrande contingente de ações, provoca uma demanda deinúmeros processos que são ajuizados diariamente nadistribuição do Fórum. As questões sociais, muitas dasquais, oriundas de relacionamentos onde prevalece, quasesempre, a agressividade e miséria, deveriam ter do PoderJudiciário uma manifestação de pronto, visto que, envolvem,quase sempre, menores, incapazes e o direito a alimentos.Esses processos, na maioria das vezes, arrastam-se porperíodos longos, em função da própria lentidão da máquina

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judiciária estatal. O que por fim, acaba por provocar umaenorme frustração dos Defensores diante da situação denecessidade de seus assistidos.

3 As dificuldades matérias enfrentadas pelosDefensores Públicos.

A Defensoria Pública do Estado do Cearáagoniza quando seus Defensores Públicos, os “guardiõesdos excluídos”, são obrigados a trabalhar com legislaçãoobsoleta pela falta de investimento em cursos deaperfeiçoamento e compra de livros atualizados com alegislação em vigor, e com a escassez de recursos materiaise humanos. A pesar da crescente abertura de escritórios-modelo, através de convênios entre as Instituições de EnsinoSuperior de Fortaleza e a Defensoria Pública do Estado doCeará, onde, através das disciplinas de estágiosupervisionado, alunos dos cursos de direito têm aoportunidade de aprender, prestando um serviço de carátersocial. É importante salientar que a demanda pela procurade assistência jurídica tem crescido assustadoramente emFortaleza, mas o reduzido número de defensores, e a faltade abertura de concurso público para aumentar os quadrosda Defensoria tende a agravar esse quadro.

O Ministério da Justiça realizou em 2004 umestudo com o intuito de conhecer a realidade dasDefensorias Públicas nos Estados brasileiros e no DistritoFederal, chegando à conclusão de que o número deDefensores Públicos no Brasil ainda é muito reduzido, e queem certos Estados se quer a Defensoria Pública chegou aser instituída. Esses dados ensejam preocupação, visto quejá se passam 19 anos da promulgação da Carta Magna de

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1988 e por mais que o estudo tenha sido realizado em 2004,o quadro não apresentou melhoras significativas, apesar denosso Estado não figurar dentre os Estados com situaçãomais crítica, a estatística apontada no quadro nacional épreocupante .

Em todas as unidades da Federação,o número de defensores é menor doque o de magistrados. As DefensoriasPúblicas com as situações maiscríticas no que se refere ao número deintegrantes são as dos seguintesEstados: Alagoas, Espírito Santo,Mato Grosso, Piauí, Rondônia e RioGrande do Sul, além do DistritoFederal. Em todos esses casos, onúmero de defensores não chega arepresentar 40% do número de juízesde primeiro grau.Se considerarmos o número total dedefensores em relação à populaçãobrasileira, concluímos que há no Brasil1,86 defensores para cada 100.000habitantes, enquanto dispomos de 7,7juízes para cada grupo de 100.000habitantes (BRASIL, 2004).

4 O papel do Defensor Público como agente Mediadordos Conflitos da Sociedade.

A atuação dos Defensores Públicos nas varas defamília não se restringe apenas a ajuizar ações. O Defensor

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atua também como agente pacificador de conflitos, muitasvezes resolvendo as lides de forma amigável, colaborando,assim, para o desafogamento do Poder Judiciário e com apromoção da paz social.

A Defensora Pública Mônica Barroso ferrenhalutadora pelos direitos de sua classe e do povo excluído doCeará, preleciona em seu livro:

Somos os Advogados que cuidam dosdireitos da maioria do povo cearensepois, no dizer da própria lei, pobre éaquele que não pode retirar do seusustento orçamento domésticos um“quatum” suficiente para pagarhonorários advocatícios e custasprocessuais. Somos um povo pobre,não podemos pagar honorários nemcustas processuais se tivermosproblemas jurídicos a resolver, temosque ser atendidos pelo AdvogadoPúblico (BAROSO, p 78)

Com a maioria de nosso povo composto depessoas pobres, o único meio de ter seus direitosfundamentais amparados juridicamente, é através doAdvogado Público. Mas como efetivarmos esse direito queé garantido pela Constituição Federal com um contingentetão pequeno de advogados públicos. Destarte, o exercíciodesse direito fundamental de acesso à justiça tem ficadocada vez mais num plano abstrato em função da falta dezelo pelos ditames da Carta Magna por parte do PoderExecutivo e Legislativo.

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5 Entrevistas com diretores de secretária das varas defamília do fórum Clóvis Beviláqua.

Dentro da linha de pesquisa adotamos aentrevista de campo para, assim, traçarmos um perfil darealidade das situações cotidianas ocorridas no âmbito dasvaras de família. Para tal fim, peregrinamos em busca deinformações em dez das dezoito varas de família do FórumClóvis Beviláqua.

Foram entrevistados diretores de secretária, como objetivo precípuo de obter informações que nos desse umavisão da realidade do direito de família e a atuação doDefensor Público nos processos patrocinados pelaDefensoria Pública do Estado do Ceará.

Em uma síntese dos depoimentos colhidos,observamos que a figura do Defensor Público é muito bemrecepcionada por todos os funcionários das varas, o quevem a facilitar a tramitação dos processos, visto que aproximidade física entre os Defensores e as secretáriasbeneficia a agilidade processual. O que queremos transmitiraqui não é que o Defensor tenha privilégios especiais juntoàs varas, e que os Advogados particulares não o tenham,mas sim, o fato de o gabinete do Defensor ficar ao lado dasecretária, traz o benefício de o Defensor poder fiscalizar eagilizar o andamento dos processos de forma mais eficaz eprodutiva. Podendo ter acesso ao próprio Juiz do feito deforma mais informal, em função de trabalharem lado a lado.

As ações propostas nas varas de família variammuito, indo desde as mais comuns, como o pedido dealimentos, indo até o pedido de reconhecimento depaternidade. Segundo os diretores de secretária osDefensores estão presentes em mais de 80% das açõesque tramitam nas varas.

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Ficou bem salientado, por todos os entrevistados,que o público atendido pelas varas de família é quase sempreformado por pessoas de baixo poder aquisitivo e cultural. Écomum segundo eles as partes procurarem as secretáriasachando que poderão resolver seus conflitos, apenasfazendo um relato de suas necessidades diretamente aosJuízes. Alguns Defensores dão plantão diário em suas varas,mas alguns por terem outras atribuições, comparecem aoFórum duas ou três vezes por semana o que segundo osresponsáveis pelas secretárias, trás um verdadeiro problemanos balcões de atendimento. Os assistidos quase semprenão compreendem que não poderão ajuizar suasreclamações sem um patrono que tenha a prerrogativa deexercer o jus postulandi na defesa de suas causas.

E unânime o reconhecimento da importância dafigura do Defensor Público por todos que trabalham nas varasde família, o carinho e respeito externado pelas funçõesexercidas por esses operadores do direito é expresso deforma aberta em todas as secretárias que visitamos ao longoda feitura desse trabalho de pesquisa.

Agradecemos a todos os diretores de secretáriae seus serventuários e em especial aos da 18ª Vara deFamília e da 10ª Vara de Família, pela atenção dedicada ea relevância das informações prestadas para a formaçãode nossa opinião.

6 Entrevistas com cinco dos dezoito DefensoresPúblicos das varas de Família da Comarca de Fortaleza.

Seguindo nossa linha investigativa nãopoderíamos deixar de ouvir o depoimento do objeto de nossapesquisa, ou seja, os Defensores Públicos atuantes nasVaras de Família da Comarca de Fortaleza. Hoje o Fórum

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Clóvis Beviláqua conta com 18 Varas de Família ematividade. Em função da grande demanda de procura porassistência judiciária, não podemos entrevistar todos osdefensores, mas conseguimos audiência com cincoDefensores Públicos.

Em função de convicções particulares dosentrevistados só fomos autorizados a divulgar o nome deum dos cinco entrevistados, fato que não prejudica em nadanossa pesquisa, visto que, as declarações feitas pelo Dr.Francisco Leitão de Sena, espelha o pensamento geral dosdemais entrevistados.

Perguntado qual a maior dificuldade encontradapara o exercício da função, dentro das Varas de Família, aresposta foi unânime, a alta evasão e a falta de compromissodos estagiários voluntários, que assim que conseguem umestagio remunerado, abandonam a defensoria. Fato queprovoca o atraso de processos e a conseqüente falha naprestação jurisdicional. Ao ver dos Defensores cada Varadeveria ter ao menos um estagiário remunerado para quenão houvesse atraso, e até mesmo, segundo essesoperadores do direito o estagiário remunerado, serviria decoordenador dos voluntários agilizando mais ainda o trabalhodentro dos gabinetes.

As dificuldades não são apenas de pessoal, mastambém material, faltam computadores, códigos e livrosdoutrinários atualizados, e outros materiais de expediente.

Um dos maiores entraves na solução rápida dosprocessos é o fato de os oficiais de justiças não serem maisligados diretamente a Varas, sendo hoje as citações eintimações remetidas a uma central dentro do Fórum, ondeé distribuída a um oficial de justiça para cumprimento.Segundo os Defensores a sistemática antiga era mais eficaz,pelo fato de a maior parte dos assistidos serem pessoas

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que residem em locais de difícil localização, e quando ooficial era afeto a vara, era comum o oficial ser chamadopelo Defensor e a própria parte dava as coordenadas aooficial de justiça para encontrar o endereço do réu. Muitosprocessos ficam sem solução ou demoram mais do quedeveriam, em função da demora da central de mandadosem devolver as citações ou intimações, cumpridas ou não.

Os problemas de Família são ao ver dosDefensores, as questões que deveriam ter a maiorpreocupação, tanto do Poder Judiciário, quando do PoderLegislativo. É no seio da Família que se criam os futurosproblemas que irão amontoar o Poder Judiciário comprocessos de natureza civil e criminal. Políticas públicas deresgate da educação e dos valores familiares é ao ver dosDefensores a única solução para desafogar o judiciário.

Não se poderia terminar a entrevista com osDefensores sem tocar na questão salarial e a diferença queexiste entre os salários dos Defensores dos Magistrados edos Membros do Ministério Público.

O Dr. Francisco Leitão Sena, quando indagadosobre o tema, após alguns minutos de silêncio, declarou sera diferença salarial entre os Defensores, Magistrados eMinistério Público uma “aberração” uma afronta ao principioda razoabilidade, proporcionalidade e um desrespeito totala Constituição Federal. Um Defensor Público tem aincumbência de zelar pelo direito de uma população, emgeral, pobre e desamparada, têm uma carga excessiva deprocessos para cuidar, elaborando petições iniciais,contestações, comparecendo a audiências e ainda tem queatender aos assistidos nos plantões.

Nada justifica a disparidade entre os salários dacarreira de Defensor Público e as demais carreiras jurídicas.A defensoria Pública finda por se tornar um trampolim para

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carreiras jurídicas mais bem remuneradas, o bacharelconcorre ao cargo de Defensor é aprovado, nomeado, esegue estudando para concorrer a outros cargos, com aestabilidade de te rum salário garantido mensalmente. Fatoque cria um grande número de vagas ao longo do tempo econseqüentemente, prejuízo a sociedade hipossuficiente.

Perguntados sobre a relação com os assistidostodos foram unânimes em dizer, que as relaçõesprofissionais transcorrem em um nível extremamente pacificoe amigável onde a relação de respeito e amizade épreponderante.

Os cinco entrevistados quando indagados sobreo porquê da escolha da carreira de Defensor Público, todosresponderam que foram motivados pela vocação em ajudaro próximo e que apesar da questão salarial, não deixariamsuas careiras, mas esperam a equiparação salarial queacreditam estar próximo.

7 Entrevistas com a Presidente da Associação dosDefensores Públicos do Estado do Ceará – ADPEC.

Dentro do caminho investigativo de nossapesquisa, procuramos a Associação dos DefensoresPúblicos do Estado do Ceará, em busca de maisinformações concernentes a carreira de Defensor Públicoem nosso estado.

A associação funciona na Av. Santos Dumont nº.1740 sala 1008, no bairro da Aldeota, a presidência daentidade é exercida pela Dra. Mariana Lobo Botelho deAlbuquerque. A instituição tem o condão de ser a voz daclasse dentro da sociedade cearense e junto aos podresExecutivo, Legislativo e Judiciário de nosso Estado.

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Dentre as funções desempenhadas pelaassociação, destaca-se a de luta pela melhoria salarial dosDefensores Públicos do Estado do Ceará, melhorescondições de trabalho, fiscalização do cumprimento dosdireitos e prerrogativas constitucionais asseguradas aosDefensores.

Indagada sobre a disparidade existente entre ossalários da Magistratura e Ministério Público em relação aosda Defensoria Pública a Dra. Mariana demonstrou esperançana breve equiparação salarial entre essas carreiras. Estásendo articulada uma frente parlamentar, com o apóio depolíticos da esfera Estadual e Federal, com o intuito depressionar o Poder Executivo Estadual a realizar concursospúblicos para a efetivação de mais Defensores, com vista acumprir o que preceitua a Constituição Federal, no que dizque deverá haver ao menos um Defensor Público porComarca. A questão e meramente política, tudo dependede vontade, do chefe do Poder Executivo Estadual, os gastoscom a Defensoria Pública do Estado do Ceará nãoultrapassam 2% (dois por cento) do orçamento geral doEstado, diz a presidente. Existe um fundo de aparelhamentoda Defensoria Pública, que segundo a presidente se fosseadministrado somente pela Defensoria, ajudaria muita nasolução de problemas de ordem material, que vem sendoum dos maiores problemas encontrados pelos Defensorespara cumprir com a assistência jurídica aos assistidos.

A Dra. Mariana estará em Brasília no mês de junhopara promover a frente parlamentar a fim de adquirir apóiopolítico dos Senadores e Deputados Federais paraaprovação de Projeto de Lei Federal, que já tramita noCongresso Nacional, para corrigir distorções referentes àsquestões salariais e outras necessidades da categoria noâmbito nacional. Aproveitando a oportunidade, promoverá

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juto aos políticos cearenses a adesão a proposta de emendaa Constituição do Estado do Ceará que trará benefícios aDefensoria Pública e a toda a sociedade cearense.

Salienta a presidente que a Defensoria Públicado Estado do Ceará, perde cerca de 10% (dez por cento)de seus Defensores por ano. Essa evasão se dá em funçãoda migração dos Defensores para outras carreiras jurídicascom salários mais atrativos. Essa realidade só poderá sermodificada com a aprovação de Leis que garantam aisonomia salarial entre as carreiras de Magistrados,Promotores e Defensores.

Dentro de sua função social a associação têmpromovido vários eventos com o objetivo de conscientizar aclasse política e a sociedade em geral da importância dafigura do Defensor Público para a efetivação do estadodemocrático de direito em nosso país. No dia 19 do mês demaio é comemorado o dia Nacional do Defensor Público,em Fortaleza a ADPEC promoveu um evento na Praça doFerreira, onde a sociedade cearense teve a oportunidadede ser atendida, e ter suas causas avaliadas por DefensoresPúblicos.

Como o objetivo de nossa pesquisa e o DefensorPúblico atuante nas varas de família da Comarca deFortaleza não poderíamos deixar de ouvir a opinião da Dra.Mariana em relação a essa categoria de Defensor Público.

Para a presidente da Associação dosDefensores Públicos do Estado do Ceará estes profissionaissão verdadeiros heróis, visto que trabalham sobre condiçõesmateriais e humanas escassas. Tem uma excessiva cargade processos para administrar. Lidam com umaespecialidade de caráter extremamente delicado, onde sãodecididos problemas de guarda de menores,reconhecimento de paternidade, alimentos dentre outras

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situações extremamente traumatizantes, tanto para as partescomo para o próprio Defensor, como figura humana que énão consegue ficar alheio as situações que têm que enfrentarem seu dia-a-dia de trabalho.

Ressaltamos a delicadeza e o respeitoexternados pela Dra. Mariana ao responder nossasindagações e sua dedicação à causa da efetivação dosdireitos dos Defensores Públicos no Estado do Ceará.

8 Entrevista com o Presidente do Instituto Brasileiro deDireito de Família no Estado do Ceará – IBDFAM.

Como a especialidade de trabalho de nossoobjeto de pesquisa o “Defensor Público”, é o Direito deFamília, não poderíamos deixar de citar neste trabalho opapel do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM,representado no Estado do Ceará por seu presidenteregional o Dr. Marcos Venicius Matos Duarte, presidindoessa entidade já em seu segundo mandato. O Institutolocaliza-se na Av. Santos Dumont 3131 sala 1002, Torre DelPaseo no bairro da Aldeota.

O instituto tem o objetivo precípuo de contribuircom a pesquisa cientifica, voltada para a produção dedoutrina na área do Direito de família. Dentre seuscolaborados estão renomados doutrinadores e juristas emâmbito nacional como o Filósofo Eduardo Bittar, dentreoutros.

No Ceará o IBDFAM realizou em agosto de 2006o I Congresso Brasileiro de Direito de Família com aparticipação de renomados operadores do direito, e já seprepara para em 2008 realizar o II Congresso Brasileiro deDireito de Família e Sucessões. O IBDFAM vê na mediaçãoo caminho para desafogar as Varas de Família e resolveros conflitos familiares com maior agilidade.

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O IBDFAM colaborou com o Deputado FederalSérgio Barradas Carneiro PT/BA na elaboração do Projetode Lei nº. 2.285/2007 intitulado “Estatuto das Famílias”,que tramita no Congresso Nacional, tendo como relatora aDeputada Federal Rita Camata, PMDB/RS. O projeto ecomposto de 274 artigos que tratam de reformular osconceitos de Direito de Família inserindo assuntos polêmicoscomo união homoafetiva, alteração no regime de bens eoutras alterações ao Código Civil de 2002 na parte que tratado Direito de Família. Ao ver do Instituto não há mais que sefalar em Direito de Família mais sim em Direitos de Famílias,visto que a evolução histórica da sociedade trouxe novasinterpretações para o conceito de família. Hoje família podeser a união de um homem e uma mulher, a união de pessoasde mesmo sexo, há também a família monoparentalcomposta por qualquer dos pais e seus descendentes, essanova maneira de pensar e um reflexo da evolução cultural dasociedade.

O IBDFAM contribui com o trabalho dosDefensores dos Direitos de Família, na proporção que produzdoutrinas, apóia a elaboração de leis, divulga o conceito deproteção aos princípios basilares da sociedade que é apromoção e efetivação do Direito de Família.

Indagado sobre a atuação dos DefensoresPúblicos nas Varas de Família da Comarca de Fortaleza,Dr. Marcos, que é advogado atuante na área do Direito deFamília e Sucessões, foi taxativo em dizer que o serviçoprestado por esses profissionais e de maior relevância paraa promoção do estado democrático de direito e para adistribuição da justiça. Como todos aqueles que conhecema realidade salarial do Defensor Público no Estado do Ceará,o Dr. Marcos espera que essa distorção salarial seja logoresolvida, para que, esse agente de transformação social,tenha a devida retribuição pelo seu importante trabalho.

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9 Entrevista com assistidos pela Defensoria Pública naárea do Direito de Família.

Sempre pairou no seio da sociedade que serviçojurisdicional gratuito, oferecido pela Defensoria do Estado,teria uma qualidade inferior em função de sua gratuidade.Saímos em busca de desmistificar ou confirmar o problema,e para tanto, optamos por entrevistar assistidos pelosDefensores nas Varas de Família do Fórum Clovis Bevilaqua.

Inicialmente, e com a permissão dos Defensoresresponsáveis pelas Varas, e tendo o cuidado de preservara imagem dos entrevistados, em função do fato de se tratarde pessoas que estão ali para tratar de assunto referente àsuas vidas familiares e em alguns casos os processoscorrem em segredo de Justiça. Entrevistamos cincoassistidos em Varas diferentes e com ações diversas.

As perguntas aos entrevistados foram em tom omais claro possível e com linguajar sem tecnicismos paraque as respostas fossem nos dadas de forma clara eespontânea.

Formularemos uma síntese geral das entrevista,visto que as perguntas forma as mesmas a todos osentrevistados.

Indagado sobre sua satisfação com o serviçoprestado pelos Defensores as respostas forma conflitantes,mas prevaleceram à satisfação dos assistidos de uma formageral, as maiores queixas tinham um viés temporal, ou seja,há uma insatisfação geral dos assistidos, em relação aotempo de espera para serem atendidos pelos Defensores eapós propostas as ações, o tempo para solução definitivadas lides. Houve casos em que a parte assistida pelaDefensoria já esperava a mais de seis meses pela citaçãodo requerido, observe-se que, os assistidos demonstraram

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ter o conhecimento que essa demora não é culpa doDefensor, e sim da máquina judiciária.

Podemos observar e que a população carente,que é a grande maioria dos assistidos, tem sim, respeito econfiança no trabalho desenvolvido pela Defensoria doEstado do Ceará. Um caso em particular nos chamou aatenção, em que uma senhora de 60 anos de idade, recorreuao Defensor Público para pleitear alimentos de seus filhospor não ter condições de suprir seu próprio sustento,perguntada sobre o que achava da atuação de seu Defensor,com lágrimas nos olhos respondeu que o Defensor para elatinha tornado-se como um filho querido. O sentimento deafetividade que envolve a relação de Defensor e assistido emuito grande, não só parte dos assistidos, mas também porparte dos Defensores, que como comprovamos, envolvessenão só profissionalmente, mas também emocionalmente noscasos que patrocinam.

10 Entrevistas com a Defensora Geral do Estado doCeará.

Para finalizar nossa pesquisa buscamos porvárias vezes obter uma audiência com a Defensora Geraldo Estado, marcando hora e dia certos, em seu gabinetelocalizado à Rua Caio Cid, onde funciona a sede daDefensoria Geral do Estado do Ceará, mas não obtivemossucesso. Acreditamos que a carga de trabalho e os várioscompromissos a que o cargo exige não permitiram o nossoatendimento. Ressaltamos que fomos muito bem recebidospela chefa de gabinete da Defensora Geral, a Dra. Rosaneque inclusive é professora de prática jurídica no NPJ destafaculdade. Ficando essa lacuna em nossa pesquisa, que foium dos objetivos de nossa proposta inicial de projeto.

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Considerações finais.

As dificuldades que a Defensoria Pública doEstado do Ceará vem enfrentando desde sua criação, aliadaaos problemas que a sociedade fortalezense vem vivendo,tem sido o quadro caótico em que o defensor público dasvaras de família vem atuando profissionalmente. Os serviçosprestados pelo defensor público das varas de família sãode extrema importância para o futuro social e moral de nossoPaís, pois ali são tratados assuntos que envolvem vidashumanas, homens, mulheres e crianças, que por não terema capacidade de resolverem seus conflitos de forma isolada,necessitam de quem os conduza até o ente Estatal, paraque, através do Poder judiciário, lhe seja dito seu direito.

A que se ressaltar, porém, que apesar de todasas dificuldades enfrentadas pela Defensoria Pública noEstado do Ceará, os Defensores têm executado suasfunções com zelo e seriedade. A melhoria salarial paracategoria acontecerá num futuro próximo à atuação daADPEC e do IBDFAN e dos movimentos criados pelospróprios Defensores, tem mobilizado a conscientização dasociedade e dos políticos, no sentido de reconhecer que emum país em que a pobreza predomina a Figura do DefensorPúblico é a única alternativa de se ver efetivamente adistribuição da justiça em todas as camadas sociais.

Agradecemos a colaboração de todos osentrevistados que nos receberam com muito carinho e boavontade. Como ficou claro em nossa proposta de projetoinicial, não tivemos a pretensão de esgotar o assunto, maisabrir caminho para a discussão do tema dentro do meioacadêmico e jurídico. Agradecemos também a DefensoraPública Michelle Pontes e ao Defensor Público CarlosAugusto Medeiros que colaboraram com elaboração do

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projeto inicial de pesquisa e ao nosso Professor orientadorFlávio José Moreira Gonçalves pela paciência e contribuiçãoem nos guiar por essa iniciação a pesquisa. Esperamos quede alguma forma tenhamos contribuído para a reflexão dosproblemas abordados.

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Referências:

BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa

do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988

BRASIL. Ministério da Justiça. Estudo diagnóstico: Defensoria Pública

no Brasil. Brasília, DF: Ministério da Justiça, 2004.

BARROSO, Mônica. Na Trincheira da Defensoria Pública. 1ª ed.,

Fortaleza: INESP, 2002.

ROBERT, Cinthia; SÉGUIN, Elida. Direitos Humanos, acesso à justiça:

um olhar da defensoria pública. 1ª ed., Rio de Janeiro: Forense,

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e) parágrafos com entrelinha simples, semespaçamento entre eles;

f) o artigo deverá conter os seguintes elementos pré-textuais: título e subtítulo (se houver), separados pordois pontos; sumário, com indicação dos itens esubitens em que se divide o trabalho; resumo na lín-gua do texto: sequência de frases concisas e objetivas,de até 100 palavras.

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