o cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos...

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Rua Dr. Celestino, 74 24020-091- RJ Brasil Tel. (21) 2629-9484 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF) ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA (EEAAC) MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ASSISTENCIAL-MPEA PROTOCOLO DE ENFERMAGEM PARA GRUPOS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE AOS HIPERTENSOS E DIABÉTICOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Viviane da Costa Melo Orientador: Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira LINHA DE PESQUISA: O CONTEXTO DO CUIDAR EM SAÚDE Niterói, 2018

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Page 1: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

Rua Dr. Celestino, 74

24020-091- RJ – Brasil

Tel. (21) 2629-9484

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF)

ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA (EEAAC)

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ASSISTENCIAL-MPEA

PROTOCOLO DE ENFERMAGEM PARA GRUPOS DE

EDUCAÇÃO EM SAÚDE AOS HIPERTENSOS E DIABÉTICOS NA

ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Viviane da Costa Melo

Orientador: Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira

LINHA DE PESQUISA: O CONTEXTO DO CUIDAR EM SAÚDE

Niterói, 2018

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PROTOCOLO DE ENFERMAGEM PARA GRUPOS DE EDUCAÇÃO

EM SAÚDE AOS HIPERTENSOS E DIABÉTICOS NA ATENÇÃO

PRIMÁRIA À SAÚDE

Autora: Viviane da Costa Melo

Orientador: Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em

Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora Afonso

Costa da Universidade Federal Fluminense/UFF como parte dos

requisitos para a obtenção do título de Mestre.

Linha de Pesquisa: O Contexto do Cuidar em Saúde

Niterói, Outubro de 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ASSISTENCIAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PROTOCOLO DE ENFERMAGEM PARA GRUPOS DE

EDUCAÇÃO EM SAÚDE AOS HIPERTENSOS E DIABÉTICOS NA

ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Linha de Pesquisa: O Contexto de Cuidar em Saúde

Autora: Viviane da Costa Melo

Orientador: Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira

Banca Examinadora:

______________________________________________________

Presidente - Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira – UFF

______________________________________________________

1ª examinador(a) - Profª. Drª Sonia Sirtoli Färber–FAMIPAR

_____________________________________________________

2ª examinador (a) - Profª. Drª Eliane Ramos Pereira – UFF

________________________________________________________

3ª examinador (a)- Profª. Drª Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva – UFF

Niterói, RJ

2018

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DEDICATÓRIA

À minha filha Maitê Melo Medina, todo o esforço, foi por você!

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ouvir minhas preces ao pedir força e sabedoria para concluir esse estudo.

À minha Mãe que ficou ao meu lado me ajudando na tarefa de cuidar da Maitê enquanto

escrevia. Eu não teria conseguido mesmo!

À minha amiga Luisa por todo o apoio e ajuda desde o processo seletivo para o

mestrado até agora na defesa.

Ao meu companheiro Pedro por todo amor e carinho.

Ao meu orientador Éneas pelo ser humano fantástico e admirável. Eu tive muita sorte.

No desespero ao ligar para ele e dizer: Eu vou desistir, pois não vou conseguir terminar,

e ouvir: “Não desista não, você vai conseguir sim, esse mestrado é importante para

você.” Pronto! Tudo fluiu! Eterna Gratidão!

À coordenadora Eliane Ramos a quem sou muito grata pela minha trajetória no MPEA.

Aos meus 5 irmãos que estão sempre torcendo e orando por mim.

Aos meus tios Nilsa e José por todo o apoio desde a graduação.

À minha afilhada Letícia e amigo Adolfo por me ajudarem nas tabelas suprindo minhas

desabilidades computacionais.

À Gestão do PMF (Fernanda Quintão e Flávia Mariano) por me proporcionar essa

possibilidade de capacitação.

Aos meus colegas da CCF Badu, principalmente minha querida equipe 374 (Dra

Carolina, Abboud, Genicea, Jaqueline, Dayse e Kátia).

Aos componentes da banca Professoras Silvia Teresa Carvalho, Aline Miranda, Eliane

Ramos, Sonia Sirtoli e Rose Rosa pelo aceite e toda contribuição.

A todos, muito obrigada!

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 13

1.1 Motivação para o Tema ........................................................................................ 13

1.2 Contextualização do Tema ................................................................................... 15 1.3 Questões Norteadoras ........................................................................................... 18 1.4 Objeto .................................................................................................................. 18 1.5 Objetivo GeralOBJETIVO GERAL ..................................................................... 19 1.6 Objetivos Específicos .......................................................................................... 19

1.7 Justificativa e relevância ....................................................................................... 19 2. REFERENCIAL CONCEITUAL .............................................................................. 21

2.1 Estado da Arte ...................................................................................................... 21 2.2 Políticas Públicas .................................................................................................. 27 2.3 Os grupos .............................................................................................................. 29

2.4 Referencial Teórico ............................................................................................. 32 2.4.1 Teoria de Leninger......................................................................................... 32

2.4.2 Trabalho de Grupo Segundo Pichon-Riviére ................................................ 33 MÉTODO ....................................................................................................................... 35

3.1 Tipo de estudo ...................................................................................................... 35 3.2 Cenário de estudo ................................................................................................. 35

3.3 População e amostra ............................................................................................. 37 3.4 Critérios de inclusão ............................................................................................. 37 3.5 Critérios de exclusão ............................................................................................ 37 3.6 Coleta de dados ..................................................................................................... 37 3.7 Análise dos dados ................................................................................................. 39 3.8 Aspectos éticos ..................................................................................................... 40

3.9 Riscos e Benefícios ............................................................................................... 41

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 42 4.1. Categoria 1. As atividades grupais e suas características .................................... 49 4.2 Categoria 2. A integração enfermeiro-usuário nas práticas grupais ..................... 56

4.3 Categoria 3. Concepções teóricas e estratégias para abordagem dos grupos na

APS. ............................................................................................................................ 60

5. PRODUTO ................................................................................................................. 67 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 77

Referências ..................................................................................................................... 79 APÊNDICE 1- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA

ENFERMEIROS ............................................................................................................ 85

APÊNDICE 2- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA

USUÁRIOS HIPERTENSOS E DIABÉTICOS. ........................................................... 86

APÊNDICE 3- INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS ................................ 88 ANEXO 1 ....................................................................................................................... 90

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LISTA DE SIGLAS

AB Atenção Básica

ACS Agente Comunitário de Saúde

APS Atenção Primária de Saúde

BDENF Banco de Dados em Enfermagem

BVS Biblioteca Virtual de Saúde

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis

DECS Descritores em Ciências da Saúde

DF Distrito Federal

DM Diabetes Mellitus

ESF Estratégia Saúde da Família

GBT Grupo Básico de Trabalho

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde

MEDLINE Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica

MESH Medical Subject Headings

MS Ministério da Saúde

NASF Núcleo Ampliado de Saúde da Família

NEEP Núcleo de Educação Permanente e Pesquisa

OMS Organização Mundial de Saúde

PACS Programa de Agentes Comunitários de Saúde

PMF Programa Médico de Família

PNAB Política Nacional de Atenção Básica

RAS Redes de Atenção à Saúde

SUS Sistema Único de Saúde

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UBS Unidade Básica de Saúde

UERJ Universidade Estadual do Rio de Janeiro

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1- Descrição dos artigos selecionados de acordo com o autor, ano, título, periódico e

resultados principais....................................................................................................................................16

Quadro 2- Síntese do Protocolo para grupos de educação em saúde aos hipertensos e diabéticos

Tabela 1- Perfil dos enfermeiros participantes das entrevistas da APS Niterói......................................36

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LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 1- Territorialização por Bairro e Policlínica Niterói/RJ...............................................31

Gráfico 1- Caracterização dos enfermeiros quanto ao sexo..................................................................37

Gráfico 2- Caracterização dos enfermeiros quanto a faixa etária..........................................................37

Gráfico 3- Caracterização dos enfermeiros quanto a religião.................................................................38

Gráfico 4- Caracterização dos enfermeiros quanto ao tempo de formado.............................................38

Gráfico 5- Caracterização dos enfermeiros quanto ao número de emprego..........................................39

Gráfico 6- Caracterização dos enfermeiros quanto ao tempo de atuação na APS.................................39

Gráfico 7- Caracterização dos enfermeiros quanto a Renda..................................................................40

Gráfico 8- Caracterização dos enfermeiros quanto a especialização na saúde pública..........................40

Gráfico 9- Caracterização dos enfermeiros quanto a capacitação para práticas grupais........................41

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RESUMO

Introdução: As doenças crônicas como a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus

constituem um desafio para os sistemas de saúde já que os portadores apresentam baixa

adesão ao tratamento e estas condições são muito prevalentes, multifatoriais com

coexistência de determinantes biológicos e socioculturais. As atividades em grupo se

configuram como tecnologia prevista e estratégia efetiva para promover saúde,

estimular mudanças e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Dessa forma, o

enfermeiro deve estar preparado para desenvolver o trabalho educativo individual ou

coletivo de modo a atuar como facilitador no intercâmbio de informações e

conhecimentos nos grupos. Objetivo geral: Elaborar um protocolo de assistência de

enfermagem para grupos de educação em saúde aos hipertensos e diabéticos no

Programa Médico de Família de Niterói e como Objetivos específicos: conhecer os

cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos educativos em saúde para hipertensos

e diabéticos no Programa Médico de Família; descrever como as atividades grupais de

educação em saúde para hipertensos e diabéticos têm sido realizadas pelos enfermeiros;

discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para

hipertensos e diabéticos na perspectiva sócio-cultural. Metodologia: pesquisa

qualitativa, de abordagem descritiva, a coleta de dados ocorreu por meio de entrevista

semiestruturada com os enfermeiros e observação participante nos grupos de educação

em saúde aos hipertensos e diabéticos realizados na Clínica Comunitária da Família do

Badu. Os critérios de inclusão foram: enfermeiros que desejaram participar da pesquisa;

enfermeiros que realizavam grupos para hipertensos e diabéticos; os usuários

hipertensos e diabéticos cadastrados e acompanhados nos grupos. Os critérios de

exclusão serão: Os enfermeiros que atenderam os critérios de inclusão, mas estavam de

licença ou férias. Os dados coletados foram analisados pela análise de Laurence Bardin.

Resultados: foram organizados nos seguintes eixos temáticos: As atividades grupais e

suas características; a integração usuário-enfermeiro nas práticas grupais e concepções

teóricas e estratégias para abordagem dos grupos na Atenção Primária à Saúde

Conclusões: Protocolo de enfermagem para grupos de educação em saúde aos

hipertensos e diabéticos tem como proposta contribuir para respaldar as ações dos

enfermeiros que atuam em grupos de educação em saúde, tendo em vista os aspectos

socioculturais dos usuários.

Descritores: processos grupais, enfermagem em saúde pública, hipertensão arterial,

diabetes mellitus.

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ABSTRACT

Introduction: Chronic diseases such as Hypertension and Diabetes Mellitus constitute

a challenge for health systems since patients have low adherence to treatment and these

conditions are very prevalent, multifactorial with coexistence of biological and

sociocultural determinants. The group activities are configured as predicted technology

and effective strategy to promote health, stimulate changes and improve people's quality

of life. In this way, the nurse must be prepared to develop individual or collective

educational work in order to act as a facilitator in the exchange of information and

knowledge in the groups. Objective: To develop a nursing care protocol for health

education groups for hypertensive and diabetic patients in the Family Medical Program

of Niterói and as Specific Objectives: to know the care performed by nurses in the

health education groups for hypertensive and diabetic patients in the Medical Program

family's; describe how the group activities of health education for hypertensive and

diabetic patients have been performed by nurses; to discuss the care carried out by

nurses in health education groups for hypertensive and diabetic patients from a socio-

cultural perspective. Methodology: qualitative research, descriptive approach, data

collection was done through a semi-structured interview with nurses and participant

observation in the health education groups to hypertensive and diabetic patients at the

Community Clinic of the Badu Family. The inclusion criteria used was: nurses who

wish to participate in the research; nurses who perform groups for hypertensive and

diabetic patients; the hypertensive and diabetic users registered and accompanied in the

groups. The exclusion criteria used was: nurses who met the inclusion criteria but were

on vacation or on leave. The data collected were analyzed by Laurence Bardin's

analysis. Results: were organized in the following thematic axes: Group activities and

their characteristics; the user-nurse integration in group practices and theoretical

conceptions and strategies to approach groups in Primary Health Care Conclusions:

Nursing protocol for health education groups for hypertensive and diabetic patients has

as a proposal to contribute to support the actions of nurses who work in health education

groups, considering the sociocultural aspects of the users.

Descriptors: group processes, public health nursing, hypertension, diabetes mellitus.

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INTRODUÇÃO

1.1 Motivação para o Tema

O interesse em realizar essa pesquisa está relacionado à minha trajetória

profissional na Estratégia Saúde da Família (ESF) em dois municípios do Rio de

Janeiro: Petrópolis onde atuei de 2011 até 2012 e em Niterói de 2013 até os dias de

hoje. Nesses serviços, percebi a demanda de atendimento que emerge diariamente pelos

usuários hipertensos e diabéticos.

No período em que atuei no município de Petrópolis, vivencie a implantação na

minha unidade do grupo de cessação do tabagismo. Recebi uma capacitação em serviço

durante três dias e passei a coordenar esse grupo.

O resultado foi tão satisfatório que a cada dia surgiam novos usuários com

interesse em participar do grupo. Sendo assim, meu entusiasmo e apreciação pelas

atividades grupais tanto para executar quanto para pesquisar só crescia, portanto no

período em que trabalhei em Petrópolis, cursei uma pós-graduação em saúde da família

pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em que meu Trabalho de

Conclusão de Curso (TCC) foi intitulado “Grupo de cessação do tabagismo: relato de

experiência na estratégia saúde da família”.

Após um ano de trabalho nessa unidade, meu contrato foi rescindido, encerrei os

grupos com mais de 40 usuários que conseguiram cessar o tabagismo.

No ano de 2013 iniciei minha trajetória no Programa Médico de Família (PMF)

de Niterói na Clinica Comunitária da Família Ilha da Conceição, em 2015 solicitei

transferência para Clinica Comunitária da Família do Badu.

O PMF adotou no período de 1992 a 2012, a concepção de modelo centrado na

Estratégia de Saúde da Família, através de um desenho metodológico próprio, que difere

em alguns aspectos da proposta do Ministério da Saúde em relação à composição de

profissionais na equipe básica1.

O processo de implantação teve como modelo o programa de Cuba, funcionou

durante 20 anos com a concepção de Grupo Básico de Trabalho (GBT). Cada GBT era

constituído por um coordenador, uma equipe de supervisores (composta por clínico

geral, pediatra, ginecologista-obstetra, sanitarista, assistente social, enfermeiro e

psiquiatra ou psicólogo), que prestavam apoio técnico e metodológico à equipe básica,

constituída de médicos generalistas e técnicos de enfermagem1.

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A partir de 2010, o enfermeiro e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS)

passaram a compor a equipe básica do PMF, e a demanda no cotidiano do trabalho do

enfermeiro acaba por destinar mais tempo as atividades de caráter administrativo em

detrimento daquelas de caráter assistencial. Como exemplo, a regulação de exames e

consultas com especialistas que é realizada pelo enfermeiro nas unidades do PMF.

Concomitante a essa nova organização, iniciou-se um processo de aumento do

número de usuários cadastrados por equipe, antes uma equipe constituída por um

técnico de enfermagem e um médico atendia 750 usuários, atualmente esse número

passou para 2 mil usuários por equipe nos módulos do PMF e nas unidades de Clínica

Comunitária da Família ultrapassam o número de 2 mil usuários cadastrados por equipe.

As equipes de saúde da família devem se organizar para mensalmente atender

aos indicadores de desempenho estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS) em

relação à área estratégica “Doença Crônica” cujos indicadores são: Proporção de

pessoas com diabetes cadastradas, proporção de pessoas cadastradas com hipertensão,

média de atendimentos por diabético, média de atendimentos por hipertenso.

Logo, as atividades de grupos educativos em saúde tornam-se estratégia

executada pelos enfermeiros do PMF para atender uma demanda assistencial que

emerge diariamente nas unidades, para reorganizar os serviços de saúde e atender os

indicadores do MS.

Destarte, interessei-me em desenvolver um protocolo de enfermagem para

grupos educativos aos hipertensos e diabéticos na Atenção Primária à Saúde (APS) por

ser um dos grupos prioritários na ESF, pela demanda que esses usuários trazem para o

serviço, por perceber na unidade em que atuo durante as consultas de enfermagem e

visita domiciliar, a lacuna que existe na compreensão do autocuidado desses usuários.

Além da percepção, durante conversas informais com os profissionais de todas as

categorias, das dificuldades que estes possuem no manejo com grupos de educação em

saúde aos hipertensos e diabéticos.

No entanto, para atendimento em grupo na APS não há um instrumento, como

um protocolo, diretriz, normatização ou caderno do MS especifico para nortear o

trabalho do enfermeiro para prática dessa atividade. Protocolo é definido como:

Protocolo é a descrição de uma situação específica de

assistência/cuidado, que contém detalhes operacionais e

especificações sobre o que se faz, quem faz e como se

faz, conduzindo os profissionais nas decisões de

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assistência para a prevenção, recuperação ou

reabilitação da saúde. 2:3

É importante ressaltar que os grupos possuem características subjetivas, um

espaço de encontro de saberes, culturas e costumes distintos. Logo escrever um

protocolo para essa atividade, não é elaborar algo definido, engessado ou direcionado

como uma linha de trem e sim elaborar um instrumento como se fosse uma trilha para

nortear o enfermeiro que tenha dificuldades de coordenar esses grupos em saúde e para

aqueles que desejarem incorporar as atividades grupais em seu processo de trabalho.

Como de fato, a intenção desse estudo é proporcionar subsídios para que os

enfermeiros realizem práticas grupais efetivas impactando de forma positiva na vida dos

usuários.

O MS assumiu o compromisso de estabelecer uma parceria com Estados,

municípios e sociedade para apoiar a reorganização da rede de saúde, com vistas à

melhoria da atenção aos portadores de diabetes e hipertensão, mediante o

desenvolvimento de ações articuladas de promoção, prevenção, tratamento e

recuperação3.

Nesse contexto, o enfermeiro tem como importantes atribuições assistenciais, as

orientações sobre mudança no estilo de vida e adesão ao tratamento que poderão ser

abordadas nas consultas de enfermagem ou nas práticas grupais.

1.2 Contextualização do Tema

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM) constituem

os principais fatores de risco para as doenças do aparelho circulatório. Entre as

complicações mais freqüentes decorrentes desses agravos encontram-se o Infarto Agudo

do Miocárdio, o Acidente Vascular Encefálico, a Insuficiência Renal Crônica, as

amputações de pés e pernas, a cegueira definitiva, os abortos e as mortes perinatais3.

A HAS representa um sério problema epidemiológico no Brasil, tanto pela sua

elevada prevalência na população adulta e idosa, quanto pelas complicações que

acarreta, com acentuadas taxas de morbimortalidade e impactos relevantes nos custos

hospitalares, previdenciários, econômicos e sociais4.

Dados internacionais estimam que a doença afeta 1 bilhão de pessoas no

mundo4. No Brasil a prevalência da hipertensão varia entre 22,3 e 43,9%, com média de

32,5%5.

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16

O DM apresenta-se como um tema relevante por estar entre os maiores

problemas de saúde pública, afetando em torno de 246 milhões de pessoas em todo o

mundo6.

O diabetes apresenta alta morbi-mortalidade, com perda importante na qualidade

de vida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou em 1997 que, após 15 anos

de doença, 2% dos indivíduos acometidos estariam cegos e 10% terão deficiência visual

grave. Além disso, estimou que, no mesmo período de doença, 30 a 45% terão algum

grau de retinopatia, 10 a 20%, de nefropatia, 20 a 35%, de neuropatia e 10 a 25% terão

desenvolvido doença cardiovascular 6.

As doenças crônicas, especialmente a Hipertensão Arterial e o Diabetes Mellitus

constituem um desafio para os sistemas de saúde já que os portadores apresentam baixa

adesão ao tratamento.

O Plano de Reorganização da Atenção à HAS e ao DM estabelece diretrizes e

metas para a atenção aos portadores desses agravos no Sistema Único de Saúde,

mediante a reestruturação e a ampliação do atendimento básico voltado para esses

agravos, com ênfase na prevenção primária, na ampliação do diagnóstico precoce e na

vinculação de portadores à rede básica de saúde3.

Nesse contexto, merece destaque a iniciativa do MS em desenvolver o 'Plano de

Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis'6, (DCNT) que define e

prioriza as ações e os investimentos necessários à preparação do Brasil para enfrentar e

deter as DCNT no período 2011-20226.

Os serviços de saúde, em sua organização, têm a finalidade de garantir acesso e

qualidade às pessoas. A Atenção Básica (AB), em sua importante atribuição de ser a

porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), tem o papel de reconhecer o

conjunto de necessidades em saúde e organizar as respostas de forma adequada e

oportuna, impactando positivamente nas condições de saúde por meio de ações

previstas para serem executadas pela ESF. Assim essas ações são evidenciadas pelo

MS, que visam à orientação da vigilância à saúde das famílias e dos seus entornos,

propõe-se a estreitar o vínculo entre os portadores de hipertensão arterial e diabetes e as

unidades de saúde7.

Por conseguinte, um grande desafio atual para as equipes de AB é a Atenção em

Saúde para as doenças crônicas. Estas condições são muito prevalentes, multifatoriais

com coexistência de determinantes biológicos e socioculturais, e sua abordagem, para

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17

ser efetiva, necessariamente envolve as diversas categorias profissionais das equipes de

saúde e exige o protagonismo dos indivíduos, suas famílias e comunidade3.

A atuação do enfermeiro da ESF nos programas de hipertensão e diabetes é da

maior relevância, pelas propostas de abordagem não farmacológica, além de sua

participação em praticamente todos os momentos do contato dos pacientes com a

unidade3.

Um dos problemas do modelo assistencial vigente está no processo de trabalho

centrado no fazer do médico que concentra o cuidado para uma prática curativa, no

entanto no campo da atenção básica é preciso inovar e não se restringir a intervenções

tradicionais, sobretudo pelo fato de que o modelo de prática clínica centrada na

dimensão biomédica e com olhar dirigido apenas para a doença é pouco eficiente8.

Nesse cenário, o enfermeiro desempenha papel muito importante na vida dos

usuários com doenças crônicas por meio de ações educativas em diferentes contextos,

como, por exemplo, grupos educativos para hipertensos e diabéticos, visto que o

controle tanto da hipertensão arterial como do diabetes mellitus exige grande

cooperação por parte dos usuários e adoção de ações de autocuidado9.

Junto com o pensamento crítico, é necessário elaborar métodos e tecnologias que

analisem os problemas existentes e que propiciem uma mudança de posição interferindo

diretamente no cuidado, promoção e proteção da saúde e da vida individual e coletiva10

.

Dessa forma, o enfermeiro deve estar preparado para desenvolver o trabalho

educativo individual ou coletivo de modo a atuar como facilitador no intercâmbio de

informações e conhecimentos nos grupos.

A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) define algumas atribuições do

enfermeiro como realizar consulta de enfermagem, visita domiciliar, procedimentos,

atividades em grupo e conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas

pelo gestor federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal (DF)

7.

O PMF possui na organização da assistência aos usuários com HAS e DM a

consulta médica, de especialistas como cardiologista, endocrinologistas e por ser uma

clínica que requer como conduta de tratamento orientação sobre mudança de estilo de

vida, busca-se a adoção de hábitos alimentares saudáveis, abandono do tabagismo,

prática de atividade física regular e adesão ao tratamento medicamentoso.

Nesse contexto, o enfermeiro tem como importantes atribuições assistenciais, as

orientações sobre mudança no estilo de vida e adesão ao tratamento que poderão ser

abordadas nas consultas de enfermagem ou nas práticas grupais.

Page 18: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

18

A possibilidade de proporcionar atendimento a um número maior de usuários

por meio de grupos educativos se dá pela promoção de uma maior convivência dos

usuários, a coletivização das angústias vivenciadas por cada um, podendo assim

partilhar suas dificuldades de enfrentamento, suas angustias e buscar soluções muito

mais coletivas do que individuais11

.

O modelo de atendimento em grupos tem sido uma forma adequada de auxiliar

na promoção da compreensão de situações enfrentadas pelo indivíduo. Estes espaços

favorecem o aprimoramento de todos os envolvidos, não apenas no aspecto pessoal

como também no profissional, por meio da valorização dos diversos saberes e da

possibilidade de intervir criativamente no processo de saúde-doença11

.

Este estudo se insere no Núcleo de Pesquisa em Psicossomática; Cuidados em

Saúde e Enfermagem; Subjetividades na Perspectiva Transdisciplinar.

1.3 QUESTÕES NORTEADORAS

Tendo em vista a potencialidade da prática em grupos, das atribuições inerentes

ao enfermeiro no âmbito da saúde da família e minhas inquietudes a cada grupo

realizado surgiram as seguintes questões norteadoras desse estudo:

1. Como o enfermeiro realiza as atividades de grupos educativos em saúde

aos usuários hipertensos e diabéticos?

2. Como ocorre o processo de integração usuários e enfermeiros nas

práticas grupais, considerando o aspecto sociocultural?

1.4 OBJETO

Práticas grupais de educação em saúde realizadas por enfermeiros aos usuários

hipertensos e diabéticos para elaboração de um protocolo de enfermagem na APS.

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19

1.5 OBJETIVO GERAL

Elaborar um protocolo de enfermagem para grupos de educação em saúde aos

hipertensos e diabéticos da APS.

1.6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Conhecer os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos educativos em

saúde aos hipertensos e diabéticos da APS;

Descrever como as atividades grupais de educação em saúde para hipertensos e

diabéticos têm sido realizadas pelos enfermeiros da APS;

Discutir as atividades de cuidados dos enfermeiros na assistência aos usuários

hipertensos e diabéticos na perspectiva sócio-cultural.

1.7 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

Esse estudo é importante porque a criação de um instrumento de trabalho, como

protocolo, respalda as atribuições do enfermeiro frente às ações de cuidado aos usuários

fundamentado no código de ética do exercício legal do enfermeiro e na PNAB.

Cabe ressaltar que o uso de diretrizes e protocolos assistenciais pelas equipes de

saúde está fortemente relacionado à qualidade da assistência, resultando em

diagnósticos mais precisos, em tratamentos mais adequados, em melhor uso de recursos

e exames e em melhores resultados em saúde12

.

Uma das direções revolucionárias de nossa prática em saúde a possibilidade de

atender em grupos doentes portadores de doenças crônicas13

.

A utilização da tecnologia de grupo operativo, com desenvolvimento de

atividade educativa, é um importante instrumento de ação do enfermeiro para o

enfrentamento de doença crônica degenerativa de grande prevalência13

.

As atividades educativas em grupos, direcionadas a uma determinada clientela,

como portadores de doenças crônicas, têm sido desenvolvidas pelo enfermeiro nas

unidades do PMF como estratégia de prevenção e promoção de saúde, no entanto para a

Page 20: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

20

realização dessa prática não há um protocolo, diretriz ou normativa para nortear o

trabalho do enfermeiro com descrição de como executar o atendimento em grupo,

tornando-se uma prática meramente intuitiva.

Sendo assim, é necessário que tenham mais pesquisas e diretrizes que norteiem a

gestão do trabalho com grupos, desde a implementação à avaliação.

A falta de conhecimento sobre planejamento, dinâmica e funcionamento de

grupos, pode acarretar dificuldades em obter bons resultados nesta atividade, ou até

mesmo não atingir os objetivos traçados14

.

Logo, torna-se fundamental a criação de um protocolo de enfermagem para

grupos educativos aos hipertensos e diabéticos na atenção primária com finalidade de

respaldar o enfermeiro para execução de uma pratica com qualidade e resolutividade.

Quanto às contribuições desse estudo, vale destacar que o PMF é um serviço de

saúde que participa da formação dos graduandos de enfermagem, logo esse estudo tem a

intenção de qualificar a assistência de enfermagem e o ensino na perspectiva da

integração ensino-serviço.

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis e Promoção da Saúde são temas

inseridos na área de prioridade de pesquisa no Brasil o que corrobora para a importância

do desenvolvimento dessa pesquisa.

Page 21: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

21

2. REFERENCIAL CONCEITUAL

2.1 ESTADO DA ARTE

Para compreensão do estado da arte e fundamentação do tema da pesquisa, foi

realizada uma revisão integrativa com intuito de buscar publicações sobre a questão

norteadora: Como são realizadas as práticas grupais de educação em saúde aos

hipertensos e diabéticos nos serviços de saúde?

A pesquisa ocorreu no mês de fevereiro de 2018 na Biblioteca Virtual de Saúde

(BVS), nas bases de dados Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da

Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

(MEDLINE) e (BDENF), por meio dos descritores em Ciências da Saúde (Decs):

hipertensão arterial, processos grupais, diabetes mellitus, enfermagem em saúde pública

e seus respectivos: Medical Subject Headings (MeSH): hypertension, group processes,

diabetes mellitus, public health nursing.

A partir da combinação dos descritores hipertensão arterial and processos

grupais, diabetes mellitus and processos grupais, enfermagem em saúde pública and

processos grupais foram obtidos 213 publicações. Desses, foram excluídos 159 artigos

após critérios estabelecidos conforme descrito abaixo.

Os critérios de inclusão para seleção da amostra foram os seguintes:

Artigos disponíveis na integra online;

Artigos nos idiomas em inglês, português e espanhol;

Artigos publicados nos últimos 10 anos.

Aos critérios de exclusão foram descartados:

Artigos repetidos;

Artigos que não estavam relacionados à temática da pesquisa;

Artigos que não possuíam evidências de contribuição para a enfermagem.

Após leitura prévia com o objetivo de buscar informações que atendessem à

elaboração do estudo em perspectiva foram selecionados 12 artigos conforme quadro 1

abaixo.

Page 22: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

22

Quadro 1. Descrição dos artigos selecionados de acordo com o autor, ano, título,

periódico e resultados principais.

Autor

Ano

Título

Periódico

Resultados Principais

Menezes LCG

et al

2016 Estratégias educativas

para pessoas

diabéticas com pé em

risco neuropático:

síntese de boas

evidências.

Rev. Eletr.

Enfermagem

Todas as estratégias educativas são efetivas na

promoção do autocuidado do pé diabético, porém,

as estratégias grupais mostraram maior eficácia,

Nogueira et al 2016 Pistas para

potencializar grupos

na Atenção Primária à

Saúde.

Rev. Bras.

Enfermagem

Organização do grupo que envolve investimentos

de motivação e liderança por parte de quem

coordena; a produção da grupalidade e coesão é

resultado do encontro entre participantes e

coordenadores, tecida pelos diálogos, dito e não

ditos que se expressam no movimento grupal; o

sentimento de pertença garante a permanência no

grupo pelo reconhecimento de seus saberes e

necessidades afetivas, sociais e de saúde.

Pereira FRLP,

Torres HC,

Candido NA,

Alexandre LR

2009 Promovendo o

autocuidado em

diabetes na educação

individual e em grupo.

Rev.

Ciências

Cuidado

Saúde

A prática educativa individual e em grupo

apresenta-se como uma maneira eficaz de

conscientizar o individuo sobre a importância do

autocuidado, além de possibilitar a estes e aos

profissionais de saúde discussão das informações

acerca da doença e do tratamento.

Fernandes

MTOF,Silva

LBS, Soares

SM.

2011 Utilização de

tecnologias no

trabalho com grupos

de diabéticos e

hipertensos na saúde

da família

Rev. Ciência

& Saúde

Coletiva

O estudo mostrou que os coordenadores de grupo

necessitam de aporte teórico e que existe a

incorporação de tecnologias que abrangem o

contexto de uma prática ora pouco criticada e

diferenciada e ora envolta por elementos

diversificados do cuidado.

Silva LB et al 2013 A utilização da

música nas atividades

educativas em grupo

na saúde da família

Rev. Latino-

Am.

Enfermagem

Observou-se uma tentativa de os coordenadores

transporem as barreiras do patológico a partir do

uso da música. O estudo indicou a necessidade de

capacitação desses coordenadores por meio de

oficinas e acompanhamento constante de suas

práticas musicais.

Merakou K et

al

2015 Group patient

education:

effectiveness of a

brief intervention in

people with type 2

diabetes mellitus in

primary health care in

Greece: a clinically

controlled trial

Health

Education

Research

Observou-se uma diferença significativa nos

parâmetros clínicos dos indivíduos que

participaram do grupo educativo comparado aos

que tiveram atendimento individual.

Melo PM,

Campos EA

2014 “O grupo facilita

tudo”: significados

atribuídos por

pacientes portadores

de diabetes mellitus

tipo 2 a grupos de

educação em saúde.

Rev.Latino-

Am.

Enfermagem

Os grupos estudados mostraram-se como

instancias produtoras de sentidos e de

significados, concernentes ao processo de

adoecimento e aos modos de navegação social no

interior do sistema oficial de saúde.

Secco AC,

Paraboni P,

Arpini DM

2017 Os grupos como

dispositivo de cuidado

na AB para o trabalho

Mudanças-

Psicologia da

saúde

O trabalho com grupos ainda é um desafio para

algumas equipes de saúde, porém quando as

práticas grupais se efetivam através de uma

Page 23: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

23

com pacientes

portadores de

Diabetes e

Hipertensão

perspectiva relacional e interativa em que os

problemas e as soluções são partilhados num

ambiente empático, seguro e contentor, essas têm

se mostrado estratégias importantes e efetivas de

promoção de saúde e autocuidado.

Cardoso LS,

et al

2011 Finalidade do

processo

comunicacional das

atividades em grupo

na Estratégia Saúde

da Família

Rev. Latino-

Am.

Enfermagem

Estabelecimento de interações de reciprocidade

entre profissionais/cliente/família favorece a

intervenção promotora da saúde, por estimular a

troca de conhecimentos entre os participantes, a

respeito de suas experiências de saúde

Oliveira AK,

et al

2012 Práticas educativas

em Diabetes Mellitus

Rev. Gaucha

Enfermagem

As práticas de educação em saúde realizadas no

Brasil enfocam num processo de mudança do

paradigma da educação bancária para o enfoque

da educação problematizadora e dialógica com

vistas a promoção da saúde.

Rocha LP et

al

2010 Processos grupais na

estratégia saúde da

família: Um estudo a

partir da percepção

das enfermeiras

Rev. Enferm.

UERJ

A diversidade de ações desenvolvidas requer dos

profissionais uma organização prévia para

contemplar as recomendações ministeriais.

Silva FM et al 2014 Contribuições de

grupos de educação

em saúde para o saber

de pessoas com

hipertensão

Rev.

Brasileira de

Enfermagem

O grupo de educação em saúde foi apontado

como espaço relevante, tanto pelas explicações

disponibilizadas pelos profissionais, quanto pela

troca de conhecimentos e experiências com os

demais participantes.

Fonte: Elaborado pela autora

De acordo com os artigos selecionados e lidos alguns assuntos foram mais

abordados como planejamento dos grupos, estratégias e atividades em grupo,

coordenador de grupos, efetividade das práticas grupais e conceitos de grupo.

O grupo é considerado um espaço de comunhão entre diferentes culturas,

conhecimentos e visões de mundo, no qual cada pessoa se diferencia e se reconhece no

outro, por meio de uma relação dialógica que lhes possibilita falar, escutar, refletir,

questionar e aprender mutuamente 15

.

Essa modalidade de assistência incorporada na lista de procedimentos

financiados pelo SUS direcionada para indivíduos diabéticos e hipertensos ficou

conhecida como grupos Hiperdia 16

.

A partir da leitura dos artigos, observa-se que estudo aponta para efetividade das

praticas grupais na APS trazendo benefícios para o individuo com doença crônica 17

.

Estudos trazem estratégias utilizadas nos grupo de educação em saúde que

possibilitaram melhoria da qualidade de vida das pessoas assistidas 17, 18

.

O estudo intitulado: “Estratégias educativas para pessoas diabéticas com pé em

risco neuropático” teve como objetivo identificar as melhores evidências sobre

estratégias de educação em saúde utilizadas para ensino-aprendizagem de pessoas com

Page 24: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

24

diabetes, nas quais foram citadas orientação em grupo, orientação individual em

consulta e a distancia por telefone, dentre essas no que diz respeito à efetividade das

estratégias, o trabalho em grupo foi a mais efetiva 18

.

Essa estratégia voltada para educação em saúde, que valoriza a discussão e o

dialogo, amplia o entendimento do usuário sobre seus problemas e, conseqüentemente,

favorecem mudanças nos hábitos de vida que constituam risco à saúde 19

.

A educação em saúde é favorecida pelas atividades em grupo, na medida em que

essa modalidade promove o aprofundamento das discussões referentes às questões de

saúde, facilitando a construção coletiva de saberes, sendo assim os grupos de educação

em saúde são estratégias utilizadas pelos profissionais da atenção primária com foco na

promoção da saúde 15

.

Os grupos de educação em saúde aos hipertensos e diabéticos tem a finalidade

de promoção da saúde e também de prevenção de complicações. No entanto, na

literatura observa-se que as práticas grupais são executadas com foco maior no controle

da doença e nos problemas de saúde apresentados pelos usuários. Conforme aponta o

estudo em que relata o acompanhamento através de grupos de apoio aos portadores de

diabetes por 6 meses para avaliação de parâmetros clínicos como: peso corporal,

glicemia capilar pós-prandial, pressão arterial e circunferência abdominal, logo essas

intervenções profissionais visam, especialmente, à obtenção do controle glicêmico para

evitar ou minimizar tais complicações 20

.

Para reafirmar essa discussão, outro achado nesse estudo trata-se de um ensaio

clinico controlado 21

que objetivou avaliar o impacto da intervenção de grupo educativo

em pessoas com DM Tipo II da atenção primária da Ática na Grécia. Uma amostra de

193 pessoas com DM tipo 2 foi dividida em dois grupos, 138 indivíduos (intervenção -

grupo educativo) e 55 pacientes (grupo controle individual). Os indivíduos da

intervenção participaram de um grupo educativo estruturado em que utilizaram Mapa de

conversação enquanto o grupo controle recebeu atendimento individual padrão. Esses

indivíduos tiveram índice de massa corporal, colesterol, hemoglobina glicada e

triglicerídeos avaliados antes da intervenção e após 6 meses.

Observou-se uma diferença significativa nos parâmetros clínicos dos indivíduos

que participaram do grupo educativo comparado aos que tiveram atendimento

individual.

Page 25: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

25

Na prática dos enfermeiros da saúde da família, as ações são organizadas para

usuário e família com intenção de prevenir doenças e agravos, como, também para

diminuir o sofrimento desses no enfrentamento de situação de adoecimento 22

.

Esse achado é corroborado em uma revisão de literatura crítica-reflexiva que

afirma que estudos têm apontado que muitos serviços de saúde têm embasado suas

ações em modelos prescritivos, com enfoque no controle da doença, reproduzindo a

lógica individual nas práticas grupais23

.

Estudo afirma que os grupos Hiperdia são dispositivos terapêuticos nos quais se

realizaram ações de educação em saúde, seguimento clínico regular, fornecimento de

medicação, controles periódicos e atendimento de intercorrências16

. Portanto a

realização de grupos educativos ainda é um desafio para as equipes de saúde, porque

muitas vezes seguem trabalhando sem levar em consideração os anseios, necessidades e

demandas dos usuários, executando suas atividades de maneira mais prescritiva do que

interativa.

Nesse contexto, observa-se, que nem sempre os profissionais de saúde estão

preparados para assumir a coordenação desses grupos, na medida em que esta prática

exige atributos e habilidades, imprescindíveis para a interpretação dos fenômenos

grupais24

.

Entretanto, um estudo realizado em cinco unidades básicas de Belo Horizonte

cujo objetivo foi descrever como a música é utilizada no desenvolvimento de atividade

educativa em grupo, observou-se uma tentativa dos coordenadores transporem as

barreiras do patológico a partir do uso da música, considerando o grupo na sua

integralidade. No entanto, este estudo indicou como avanço para a produção do

conhecimento, a necessidade de capacitação dos coordenadores por meio de oficinas e

acompanhamento constantes de suas praticas musicais 25

.

Mediante o exposto, apesar de prevalecer grupos focados na doença, há esforços

de coordenadores para lançar estratégias não tradicionais apontando para a criatividade

e buscando novas maneiras de cuidar25

.

Sendo assim, os grupos de educação em saúde são considerados ações

revolucionárias na assistência da APS, no entanto é preciso que os enfermeiros

coordenadores saibam conduzir essa prática por meio de estratégias efetivas com

impacto positivo na vida das pessoas para que essa prática assistencial não seja

desacreditada pelos usuários.

Page 26: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

26

Nesse sentido, é necessário abordar temas de cunho social, cultural, de cidadania

além das discussões centradas na prevenção de doenças.

O enfermeiro, como profissional fundamental da equipe, assume a educação em

saúde como atividade inerente do seu processo de trabalho, e ao coordenar os trabalhos

de grupo deve ter o domínio de tecnologia para aplicá-la em beneficio do

desenvolvimento grupal.

O papel do coordenador de grupo é ajudar o grupo a sair dos estereótipos, do já

conhecido, e facilitar o diálogo entre os membros, de modo a não centralizar a fala do

grupo em si 24

.

Estudos dessa revisão discutem a temática da coordenação do grupo sobre

diversos aspectos:

Rocha et al 26

analisam o modo de desenvolvimento das atividades em grupo da

ESF pelo enfermeiro e equipe multiprofissional. Apontam sobre a necessidade dos

coordenadores atuarem como facilitadores no intercambio de informações e

conhecimentos, num processo dialógico com o usuário e a comunidade a partir de

técnicas diferenciadas e integrativas, evitando as palestras.

Esse mesmo estudo cita que, o coordenador deve-se dar preferência a ações

lúdicas, como teatros, jogos, trabalhos artesanais e dinâmicas audiovisuais, agregadas às

informações da temática que a equipe deseja trabalhar, ainda relata para um processo de

trabalho eficaz é necessário um planejamento das atividades26

. Constata-se que a

periodicidade do grupo mensal é considerada satisfatória para construir e manter um

vínculo profissional-usuário.

Estudos afirmam que trabalhar com grupos ainda é um desafio, torna-se

necessário que o coordenador seja devidamente capacitado, pois este ainda trabalha

numa lógica “profissional centrada” executando suas atividades de maneira mais

prescritiva do que interativa e modelos de intervenção centrados na transmissão vertical

e impositiva do conhecimento prescritivo do profissional19, 23

.

A coordenação dos grupos deve ser representada por uma figura que o usuário

possa depositar suas ansiedades e dificuldades, é fundamental que tenha atitude de

maternagem, de pensar junto, apoiar na construção da autonomia. Sendo assim, a

coordenação se destaca pela relação de horizontalidade e proximidade criando um

contexto favorável para estimular as potencialidades dos integrantes17, 26

.

Estudos relatam que os coordenadores do grupo têm utilizado as atividades

grupais para verificar pressão arterial, pesagem, glicemia capilar, entrega de

Page 27: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

27

medicamentos, troca de receitas, marcação de exames e consultas com intenção de

monitorar a situação de saúde dos usuários e como uma estratégia para participação nos

grupos 19, 26

.

Destaca-se ainda a diversidade de práticas desenvolvidas nos grupos pelo

coordenador, compreendendo ações curativas, dialógicas e lúdicas, sendo que uma não

exclui a outra e todas convergem para assistência integral ao cliente17

.

As bases teóricas que norteiam o cuidado do enfermeiro coordenador na prática

das atividades grupais foram identificadas em apenas um artigo, dos 16 selecionados.

Sendo assim, verifica-se essa lacuna que precisa ser preenchida com realização

de novos estudos acerca de embasamentos teóricos nas praticas grupais.

2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS

As políticas públicas de saúde devem viabilizar o acesso do usuário às

instituições, essas por sua vez, devem promover a acessibilidade aos serviços propostos

a estes usuários, nesse sentido esse estudo terá como fundamentação as seguintes

políticas:

A Lei Nº 8080, De 19 DE SETEMBRO DE 1990 que dispõe sobre as

condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o

funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências27

.

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover

as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de

políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros

agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário

às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.

PORTARIA Nº 2.488, DE 21 DE OUTUBRO DE 2011 aprova a Política Nacional de

Atenção Básica (PNAB)7 estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a

organização da atenção básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa

de Agentes Comunitários de Saúde (PACS).

Esta portaria, conforme normatização vigente do SUS define a organização de

Redes de Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para um cuidado integral e

direcionado às necessidades de saúde da população. As RAS constituem-se em arranjos

Page 28: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

28

organizativos formados por ações e serviços de saúde com diferentes configurações

tecnológicas e missões assistenciais, articulados de forma complementar e com base

territorial, e têm diversos atributos, entre eles, destaca-se: a atenção básica estruturada

como primeiro ponto de atenção e principal porta de entrada do sistema, constituída de

equipe multidisciplinar que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado

e atendendo às suas necessidades de saúde. A AB deve cumprir algumas funções para

contribuir com o funcionamento das Redes de Atenção à Saúde, são elas7:

I - Ser base: ser a modalidade de atenção e de serviço de saúde com o mais elevado grau

de descentralização e capilaridade, cuja participação no cuidado se faz sempre

necessária;

II - Ser resolutiva: identificar riscos, necessidades e demandas de saúde, utilizando e

articulando diferentes tecnologias de cuidado individual e coletivo, por meio de uma

clínica ampliada capaz de construir vínculos positivos e intervenções clínica e

sanitariamente efetivas, na perspectiva de ampliação dos graus de autonomia dos

indivíduos e grupos sociais;

III - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e gerir projetos terapêuticos singulares,

bem como acompanhar e organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das

RAS. Atuando como o centro de comunicação entre os diversos pontos de atenção,

responsabilizando-se pelo cuidado dos usuários por meio de uma relação horizontal,

contínua e integrada, com o objetivo de produzir a gestão compartilhada da atenção

integral. Articulando também as outras estruturas das redes de saúde e intersetoriais,

públicas, comunitárias e sociais.

IV - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde da população sob sua

responsabilidade, organizando-as em relação aos outros pontos de atenção, contribuindo

para que a programação dos serviços de saúde parta das necessidades de saúde dos

usuários.

No entanto essa política teve seu texto revisado sendo atualizada através da

PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 201728, tendo como principais

alterações o financiamento de equipes de Atenção Básica, a continuidade do uso dos

sistemas de informação em saúde, a integração com as vigilâncias, mudanças com

relação ao prazo de implantação das equipes, à cobertura do Núcleo Ampliado de Saúde

da Família e Atenção Básica (NASF-AB), ao teto populacional e à incorporação do

Registro Eletrônico em Saúde, além da criação do perfil de gerente de Unidade Básica

de Saúde (UBS).

Page 29: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

29

O PLANO DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA O ENFRENTAMENTO DAS

DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT) no Brasil, 2011-2022

define e prioriza as ações e os investimentos necessários para preparar o país para

enfrentar e deter as DCNT nos próximos dez anos6. Para a consecução desse Plano,

foram estabelecidas diretrizes que orientarão a definição ou redefinição dos

instrumentos operacionais que o implementarão, como ações, estratégias, indicadores,

metas, programas, projetos e atividades6.

O objetivo do Plano de Enfrentamento de DCNT é o de promover o

desenvolvimento e a implementação de políticas públicas efetivas, integradas,

sustentáveis e baseadas em evidências para a prevenção e o controle das DCNT e seus

fatores de risco e fortalecer os serviços de saúde voltados às doenças crônicas.

O Plano aborda os quatro principais grupos de doenças (circulatórias, câncer,

respiratórias crônicas e diabetes) e seus fatores de risco em comum modificáveis

(tabagismo, álcool, inatividade física, alimentação não saudável e obesidade) e define as

diretrizes e ações em: a) vigilância, informação, avaliação e monitoramento; b)

promoção da saúde; c) cuidado integral6.

PORTARIA Nº 687, DE 30 DE MARÇO DE 2006 aprova a Política de

Promoção da Saúde cujo objetivo geral é promover a qualidade de vida e reduzir

vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes –

modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura,

acesso a bens e serviços essenciais, prioriza ações de alimentação saudável, atividade

física, prevenção ao uso do tabaco e álcool, inclusive com transferência de recursos a

estados e municípios para a implantação dessas ações de uma forma intersetorial e

integrada29

.

2.3 OS GRUPOS

Os indivíduos vivem grande parte do tempo em grupo como a família, escola,

clubes, igrejas, cursos, etc. Desde o nascimento, participa de diferentes grupos, numa

constante dialética entre a busca de sua identidade individual e a necessidade de uma

identidade grupal e social30

.

No grupo, o individuo aprende, desenvolve-se, se modifica, se protege, se

arrisca, se identifica e se diferencia. As diversas possibilidades de aprendizagem em

grupo favorecem mudanças rápidas e eficientes30

.

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30

O trabalho com grupo surge na década de 30, pelo psicólogo alemão Kurt Lewin

escreveu sobre a “dinâmica de grupo” influenciando o movimento grupalista. Lewin

demonstrou que, quando os seres humanos participavam de atividades em grupos

democráticos, não somente sua produtividade era intensificada, como também “o seu

nível de satisfação era elevado e as suas relações com os outros baseavam-se na

cooperação e na redução das tensões31

.

Jacob Levy Moreno, romeno, médico e filosofo, em 1932, foi quem usou o

termo Psicoterapia de Grupo. Desde 1920 já vinha usando técnicas de grupos com

ênfase na catarse e na dramatização de conflitos psicológicos como fatores terapêuticos

principais. Utilizava a dramatização para discutir problemas sociais com grupos de

pessoas antes mesmo de lançar suas teorias, hoje muito utilizadas como técnicas

grupais. Na concepção de Moreno todos os grupos são agentes terapêuticos, onde a

espontaneidade, criatividade e interação são regras fundamentais32

.

Freud é considerado o pai da psicanálise, foi o primeiro a utilizar os postulados

da Psicanálise para explicar a Dinâmica Grupal em sua obra "Psicologia de grupo e

análise do ego. Assim, os estudos psicanalíticos com grupos partem da hipótese que

este, enquanto conjunto de vários sujeitos interagindo é o lugar de uma realidade

psíquica própria. A psicanálise busca ajudar os indivíduos a descobrir e compreender as

fontes de seus conflitos, o grupo aparece como um lugar privilegiado onde os conteúdos

individuais inerentes a cada membro possam vir a se manifestar33

.

Joseph H. Pratt trabalhava como clínico geral, no Ambulatório do

Massachussetts General Hospital (Boston). Em 1905, iniciou programa de assistência

aos doentes de tuberculose, incapazes de arcar com os custos de internação. Reunia-os

uma vez por semana, em grupos de 15 a 20 membros, no máximo 25, para que fosse

possível estabelecer maior contato com os pacientes31

.

Além dos cuidados clínicos, orientava-os a adotar atitudes positivas em relação

às suas condições, enfatizando a necessidade de manter a confiança e a esperança31

.

Pratt começou seus grupos com o propósito educacional de ensinar aos pacientes

a melhor maneira de cuidar de si próprio e da doença. Alguns anos depois, seu modelo

foi adotado em diversas localidades dos Estados Unidos da América para tratamento

não só de pacientes com tuberculose bem como com doenças mentais. Assim,

desenvolveu seu trabalho de forma intuitiva, espontânea, humana e empírica,

focalizando o bem-estar e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, princípios que

Page 31: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

31

seriam posteriormente incorporados como eixo básico do tratamento dos transtornos

mentais35

.

Enrique Pichon-Rivière psiquiatra e psicanalista argentino elaborou a teoria de

“grupos operativos” a partir da vivencia em Buenos Aires, no hospital de Las Mercedes,

uma greve de enfermeiras. Por esta ocasião, propôs para os pacientes com doenças

mentais menos graves uma assistência para aqueles mais comprometidos. A experiência

produtiva para ambos os pacientes, os cuidadores e os cuidados, estabelecendo uma

troca de posições e lugares, resultando numa melhor integração32

.

A teoria de grupos operativos de Pichon-Rivière será um dos referenciais

teóricos para embasamento dessa pesquisa.

De acordo com Zimerman30

, os grupos podem ser classificados em dois grandes

ramos Psicoterapêuticos e Operativos. Cada um destes por sua vez subdivide-se em

outras ramificações. Assim, os grupos operativos - como o nome indica - visam a operar

em uma determinada tarefa, sem que haja uma precípua finalidade psicoterápica. Eles

cobrem os seguintes quatro campos: Grupos de ensino-aprendizagem, Institucionais,

Comunitários e Terapêuticos.

Os grupos psicoterápicos, por sua vez, também podem ser subdivididos em

quatro linhas de utilização da dinâmica grupal, e cada uma delas obedece a uma distinta

corrente teórico-técnica: A corrente psicodramática, teoria sistêmica, cognitivo-

comportamental e corrente psicanalítica35

.

No entanto, a essência dos fenômenos grupais, é a mesma em qualquer tipo de

grupo, pode-se afirmar o fato de que o que determina as óbvias diferenças entre os

distintos grupos é a finalidade para a qual eles foram criados e compostos35

.

Os grupos são classificados de acordo com o MS36

em: aberto quando há uma

temática aberta aos interessados, com uma divulgação geral na unidade de saúde e os

participantes variam não é o mesmo grupo de pessoas em todos os encontros e fechado

tem um limite de participantes, a programação é determinada do início ao fim para

determinadas pessoas e uma proposta terapêutica definida para determinadas pessoas

participantes.

Page 32: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

32

2.4 REFERENCIAL TEÓRICO

Este estudo tem como referencial teórico os preceitos da Teoria da Diversidade e

Universalidade do Cuidado Cultural de Madeleine Leininger e a Técnica de Grupo

Operativo, fundamentada na Psicologia Social de Enrique Pichon-Riviére.

2.4.1 TEORIA DE LENINGER

A Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural de Madeleine

Leininger propõe o cuidado sob a ótica transcultural e holística37

e objetiva identificar

os meios para proporcionar um cuidado de enfermagem culturalmente congruente aos

fatores que influenciam a saúde, o bem-estar e a doença das pessoas de culturas diversas

e semelhantes38

. Foi desenvolvida a partir da Antropologia; porém, reformulada para a

Enfermagem Transcultural com perspectivas de cuidado humanizado 37

.

Essa teoria propõe três formas para se realizar o cuidado, considerando a cultura:

a preservação do cuidado – que se constitui naqueles cuidados já praticados por um

indivíduo, família ou grupo, benéfico ou mesmo inócuos para a saúde; a acomodação do

cuidado – ações e decisões para assistir, dar suporte, facilitar as pessoas de determinada

cultura e adaptar-se ou negociar com provedores de saúde profissionais; e a

repadronização do cuidado – ações e decisões para facilitar os indivíduos e grupos a

reordenar, trocar ou, em grande parte, modificar seus modos de vida para o novo, o

diferente, beneficiando os padrões de cuidado à saúde38

.

Na sua aplicação, o enfermeiro considera os indivíduos, famílias ou grupos,

ativamente envolvidos no processo de cuidar, evitando as práticas de saúde

culturalmente impositivas37

.

O cuidado satisfatório é aquele em que o profissional considera o indivíduo

como participante no planejamento e ações do cuidado, de modo que a atuação da

enfermeira é direcionada para a preservação, acomodação ou repadronização das

práticas de saúde38

.

Dessa forma, o oposto da prática impositiva é o cuidar culturalmente congruente,

no qual o indivíduo é sujeito do cuidado, ser participativo, que possui conceitos próprios

de saúde, doença e necessidades de cuidados38

.

Diante do contexto da assistência de enfermagem na saúde da família, o

enfermeiro desempenha papel muito importante na vida dos usuários com doenças

Page 33: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

33

crônicas com práticas educativas que proporcionem a adoção de ações de autocuidado

para o controle tanto da hipertensão arterial como do diabetes mellitus.

Logo, o cuidado cultural permite a construção de um plano de cuidados único e

congruente ao contexto cultural do indivíduo, havendo, de certa forma, o alcance sobre

a forma como o mesmo deseja participar do cuidado, qualificando-o. A intenção é o

reconhecimento singular dos respectivos saberes e práticas de cuidado, valorizando a

totalidade da vida de cada um, tudo que o cerca, numa perspectiva holística da vida

humana38

.

2.4.2 TRABALHO DE GRUPO SEGUNDO PICHON-RIVIÉRE

A técnica de grupo operativo fundamentada na Psicologia Social de Enrique

Pichon-Riviére, grande psiquiatra criador dos Grupos Operativos, constitui um instru-

mento de intervenção grupal, sustentado na concepção de sujeito, que é social e

historicamente produzido. Neste caso, o grupo é considerado como a unidade básica de

interação entre os sujeitos, que se encontra em constante dialética com o ambiente em

que vivem, ou seja, constroem o mundo e nele se constroem, com a inter-relação entre

os sujeitos valorizando a experiência da aprendizagem39

.

O objetivo da técnica é abordar, através da tarefa, da aprendizagem, os

problemas pessoais relacionados com a tarefa, levando o indivíduo a pensar. A

execução da tarefa implica em enfrentar alguns obstáculos que se referem a uma

desconstrução de conceitos estabelecidos e de certezas adquiridas. Para o grupo implica

em trabalhar sobre o objeto-objetivo (tarefa explícita: aprendizagem, diagnóstico ou

tratamento) e sobre si (tarefa implícita: o modo como cada integrante vivencia o grupo),

buscando romper com estereótipos e integrar pensamento e conhecimento39

.

Segundo Pichon-Riviére o conceito de grupo operativo é:

“Um conjunto restrito de pessoas ligadas por constantes de tempo e

espaço, articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe

de forma explícita ou implícita a realizar uma tarefa, que constitui sua

finalidade”39:175

.

Neste caso, não só o resultado é importante, como também o processo que

possibilitou a mudança dos sujeitos. Desta forma, o grupo operativo não está centrado

nas pessoas individualmente, nem no grupo, mas no processo de inserção dos sujeitos

Page 34: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

34

no grupo, na noção de vínculo e na tarefa que estes se propõem a realizar em conjunto,

buscando alcançar os objetivos comuns13

.

A aprendizagem é um dos indicadores de fundamental importância no processo

grupal. A partir do processo interacional, estabelece-se uma situação de aprendizagem,

que permite aos integrantes apropriarem-se da realidade, mutuamente, e aprenderem a

pensar em uma coparticipação do objeto de conhecimento, ou seja, compartilhando os

pensamentos e conhecimentos que cada um tem, compreendendo estes como produções

sociais13

.

A aprendizagem acontece a partir da leitura crítica da realidade, através de uma

constante investigação, em que a resposta alcançada possibilita o iniciar de novas

perguntas, em que a capacidade de compreensão e de ação transformadora de uma

realidade envolve mudanças nas pessoas integradas entre si e no contexto no qual as

mesmas estão inseridas13

.

Assim, o grupo apresenta-se como instrumento de transformação e seus

integrantes passam a estabelecer relações grupais que vão se constituindo, na medida

em que começam a partilhar objetivos comuns, a ter uma participação criativa e crítica e

a poder perceber como interagem e se vinculam39

.

Page 35: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

35

MÉTODO

3.1 Tipo de estudo

Para desenvolver essa pesquisa optei pela abordagem qualitativa, de natureza

descritiva. A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou

fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir, com a maior precisão

possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros,

sua natureza e suas características40

.

A pesquisa pode ser considerada um procedimento formal com método de

pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho

para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Busca-se de modo

significativo encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos

científicos41

.

Em uma pesquisa com abordagem qualitativa é necessário um diagnóstico inicial

da situação e trabalhar com dados e busca a compreensão e investigação dos

significados das relações humanas41

.

3.2 Cenário de estudo

Este estudo teve como campo para seu desenvolvimento 8 unidades PMF e

Policlínicas de Saúde de Niterói no Estado do Rio de Janeiro que realizam grupos para

hipertensos e diabéticos conforme descritas abaixo:

As unidades estão distribuídas de acordo com as Regiões conforme Figura 1

abaixo: (Regional Praias das Baia I (Policlínica Regional Carlos Antonio da Silva

,Clinica Comunitária da Família - CCF Ilha da Conceição e PMF Maruí); Praias da

Baia II (Policlínica Sergio Arouca) Regional Norte I (PMF Bernardino e Clinica

Comunitária da Família- CCF Teixeira de Freitas); Regional Norte II (Policlínica

Engenhoca); Regional Leste Oceânica (PMF Cafubá I) e Regional Pendotiba

(Policlínica Regional Largo da Batalha, PMF Atalaia, e PMF Matapaca).

Page 36: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

36

Figura 1: Territorialização por Bairro e Policlínica Niterói/RJ

Fonte: Fundação Municipal de Saúde de Niterói, 2016

O trabalho de campo foi estruturado em duas etapas: Observação participante e

Entrevista com enfermeiros.

Os enfermeiros participantes atuam nas seguintes unidades: PMF Atalaia, PMF

Bernardino, PMF Cafubá, CCF Ilha da Conceição, PMF Matapaca, PMF Maruí e CCF

Teixeira de Freitas e as Policlínicas Regionais Largo da Batalha e Engenhoca.

Para coleta de dados (observação participante) durante a realização de grupos

educativos aos hipertensos e diabéticos ocorreu na CCF Professor Barros Terra

localizada no Badu na Regional Pendotiba, unidade de atuação do pesquisador

principal.

Esse serviço funcionou como Unidade Básica de Saúde (UBS) durante 28 anos

e a partir de 2014 tornou-se Clínica Comunitária da Família passando a integrar 4

equipes no modelo de saúde da família e mantendo alguns especialistas médicos e não

médicos que já atuavam quando UBS.

Passei a fazer parte como enfermeira de uma dessas equipes em setembro de

2015 até março de 2018, quando solicitei transferência para o PMF Atalaia.

Page 37: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

37

3.3 População e amostra

Os participantes da pesquisa foram selecionados:

Durante os treinamentos de educação permanente foi possível realizar um

levantamento de quais unidades de saúde realizam a prática de atividades em

grupos, sendo assim foram selecionados 20 enfermeiros (as) que coordenam os

grupos educativos para hipertensos e diabéticos em suas unidades;

Os usuários hipertensos e diabéticos participantes dos grupos realizados na CCF

Badu.

3.4 Critérios de inclusão

Enfermeiros (as) que desejaram participar da pesquisa;

Enfermeiros (as) que realizavam grupos educativos para hipertensos e diabéticos

no PMF, Clinicas Comunitárias da Família e Policlínicas de Niterói;

Usuários hipertensos e diabéticos cadastrados e acompanhados na CCF Badu.

3.5 Critérios de exclusão

Enfermeiros (as) que atenderam aos critérios de inclusão, mas que se recusaram

a participar e aqueles que estavam de licença ou férias no período da entrevista;

Usuários hipertensos e diabéticos que não desejaram participar do estudo;

3.6 Coleta de dados

Para a coleta de dados, foi utilizada a entrevista semiestruturada com

enfermeiros que atenderam aos critérios de inclusão desta pesquisa e a observação

participante nos grupos para hipertensos e diabéticos.

O roteiro de entrevista semiestruturada, individual compreendendo perguntas

abertas e fechadas, tendo relação com o objetivo da pesquisa, com os enfermeiros que

realizam grupos para hipertensos e diabéticos. O roteiro para orientação pode ser

Page 38: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

38

modificado durante a entrevista caracterizando certa flexibilidade, mas sem desviar-se

do tema43

.

A entrevista é a técnica mais usada no processo de trabalho de campo. Ela

ressalta a importância do trabalho de campo formado a partir de referenciais teóricos e

de aspectos que envolvam questões conceituais. Na forma de realizá-los é que se

revelam as preocupações científicas dos pesquisadores na forma da escolha dos fatos a

serem coletados como a forma de recolhê-los44

.

A entrevista como uma conversa orientada levando para um objetivo definido

que irá recolher através do interrogatório dados para a pesquisa. E que se deve recorrer a

entrevista como forma de se obter resultados que não são encontrados em registros e

fontes documentais45

.

Ao realizar contato com os enfermeiros das unidades definidas para pesquisa, 4

enfermeiros se recusaram a participar, 2 enfermeiras encontravam-se de férias no

período da entrevista.

No período da coleta de dados da pesquisa, os profissionais do PMF estavam

passando por um processo em que todos os funcionários seriam demitidos e

recontratados por meio de um processo seletivo de avaliação curricular. Essa situação

dificultou a coleta de dados com todos os enfermeiros que atendiam aos critérios de

inclusão, visto que os funcionários estavam desmotivados e apreensivos com o

resultado da seleção.

Cabe ressaltar que os usuários não foram entrevistados, os dados surgiram a

partir das minhas observações durante os grupos de educação em saúde.

As entrevistas foram agendadas previamente por telefone, ocorreram nas

unidades de atuação dos enfermeiros, assim o pesquisador principal que se deslocou até

às unidades de saúde, sendo realizadas com 10 enfermeiras distribuídas nas unidades de

PMF, Clínicas Comunitárias da Família e Policlínicas Regionais no mês de fevereiro de

2018.

As entrevistas foram gravadas por meio de gravador de celular para garantir a

fidedignidade dos dados, total de 3horas e 36 minutos e com duração média de 20

minutos em cada entrevista, todas transcritas na íntegra no software Word, sendo

respeitada a linguagem e a maneira peculiar de expressão de cada entrevistado. Os

trechos dos relatos dos participantes foram apontados em itálico e entre apóstrofes (‘ ’),

além disso, a fim de manter o anonimato e preservar a identidade dos enfermeiros e

Page 39: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

39

usuários envolvidos no estudo, utilizou-se uma codificação com as seguintes letras e seu

número de ordem no estudo: enfermeiro (E) acrescido de 1, 2, 3,... 10 e usuário (U).

Com intuito de maior aprofundamento da investigação, foi realizada observação

participante na Clínica Comunitária da Família Professor Barros Terra nos grupos de

educação em saúde aos hipertensos e diabéticos, durante a execução de 9 encontros que

aconteceram aproximadamente de 8h30 min às 10h:30min (com duração de 1 hora e 20

minutos a 2 horas em cada encontro, totalizando 12 horas) com um total de 77 usuários,

média de 15 usuários por grupo, a maioria da terceira idade com predominância do sexo

feminino, os depoimentos emergiram durante a observação, bem como os registros de

diário de campo após o término dessas atividades.

A pesquisa de campo é o tipo de pesquisa que pretende buscar a

informação diretamente com a população pesquisada. Ela exige do

pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o pesquisador

precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou ocorreu e reunir um

conjunto de informações a serem documentadas 45 :31

Essas três modalidades de técnicas de investigação: entrevista com enfermeiros,

diária de campo das observações e produções da literatura sobre a temática permitem a

realização da triangulação de dados dando maior confiabilidade à pesquisa qualitativa46

.

3.7 Análise dos dados

Na análise, o pesquisador entra em maior detalhe sobre os dados decorrentes da

pesquisa, a fim de conseguir respostas as suas indagações, e procura estabelecer as

relações necessárias entre os dados obtidos e as hipóteses formuladas. Estas são

comprovadas ou refutadas, mediante a análise46

.

Os dados coletados das entrevistas com os enfermeiros foram baseados pela proposta

de análise de conteúdo de Bardin, que consiste em um conjunto de instrumento e

técnicas metodológicas que se aplicam em diversificados discursos. Trata-se de um

esquema geral no qual podemos verificar um conjunto de processos que podem ser

implementadas para o tratamento dos dados e analisar o conteúdo dos mesmos47

.

A análise de conteúdo se traduz como um conjunto de técnicas de análise das

comunicações, visando obter, por meio de procedimentos sistematizados e objetivos, a

descrição de conteúdo das mensagens e indicadores (qualitativos ou não), que permitem

Page 40: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

40

a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção dessas

mensagens47

.

Entre as várias modalidades de análise de conteúdo conhecidas, a análise

temática pareceu a mais apropriada para este estudo, a qual consiste na identificação de

núcleos de sentido que têm relação com o objeto de estudo escolhido. Esses núcleos de

sentido são, então, relacionados às características comportamentais ou outras estruturas

relevantes apreendidas no discurso47

.

Após leitura das entrevistas, os depoimentos foram analisados e categorizados

conforme AC de Bardin.

3.8 Aspectos éticos

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital

Universitário Antônio Pedro, conforme preconiza a Resolução 466/2012 do Conselho

Nacional de Saúde a qual delibera as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de

pesquisa em relação a seres humanos48

em 29 de Janeiro de 2018, sob o Parecer

2.476.867, Registro CAAE: 79103617.2.0000.5243 em anexo.

Ressalto que o projeto de pesquisa também foi enviado para o Núcleo de

Educação Permanente e Pesquisa (NEPP) de Niterói sendo autorizado por meio de carta

de anuência para realização da pesquisa.

Um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) com uma linguagem

acessível foi entregue aos participantes da pesquisa sendo solicitada a sua assinatura

para validar a sua participação na referida pesquisa. Eles formalizaram suas

participações através da assinatura do TCLE.

Quanto à explicitação dos critérios para suspender a pesquisa, caso algum sujeito

quisesse se retirar foi informado que isto não causaria e nem implicaria em qualquer

tipo de problema para o mesmo. Os sujeitos possuem liberdade para participar ou não

do processo de pesquisa.

Quanto aos critérios para encerrar a pesquisa, foi observado à saturação dos

dados relacionado à repetição do conteúdo das falas dos enfermeiros durante as

entrevistas.

Page 41: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

41

3.9 Riscos e Benefícios

Os riscos envolvendo o estudo foram mínimos e relacionados a questões

emocionais, tal como constrangimento que os entrevistados pudessem sentir ao expor

suas experiências/vivencias que seria evitado com a explicação a todos da garantia da

livre expressão junto ao estudo, como também foi garantido o sigilo da identidade e a

confidencialidade na divulgação dos resultados, e possível desconforto físico durante a

entrevista que poderia ser interrompida, se solicitado. Assim um possível cansaço de

ficar muito tempo sentado, se fosse observado. Ademais a entrevista com os

enfermeiros foi realizada em cada unidade do enfermeiro com dia e hora agendada

previamente de acordo com a disponibilidade e preferência deles.

Os benefícios relacionados à participação na pesquisa foram oportunidade de

refletir sobre atuação do enfermeiro na assistência aos hipertensos e diabéticos, a

possibilidade de contribuir para a compreensão da importância de uma diretriz de

enfermagem baseada em evidências, com foco nas características do território e no

processo histórico-social da saúde da família de Niterói. Os resultados da pesquisa serão

divulgados por meio de artigos científicos publicados posteriormente, e serão

informados aos enfermeiros da APS de Niterói.

Contribuir para a prevenção e controle das doenças crônicas não transmissíveis,

como é preconizado pela agenda Nacional de Prioridade em Pesquisa49

.

Page 42: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

42

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diante dos objetivos relacionados aos cuidados realizados pelos enfermeiros nos

grupos educativos em saúde aos hipertensos e diabéticos da APS, assim como a análise

de como o enfermeiro realiza as atividades de grupos educativos em saúde aos usuários

hipertensos e diabéticos e como ocorre o processo de integração usuários e enfermeiros

nas práticas grupais, considerando o aspecto sociocultural, delimitamos 3 categorias

temáticas, a fim de compreendermos o conteúdo das falas dos enfermeiros e o conteúdo

das informações obtidas pela observação participante nos grupos da CCF Badu.

Baseadas no método de análise proposto por Bardin, as categorias temáticas

emanadas referem-se a: As atividades grupais e suas características; Processo de

integração enfermeiro/usuário nas práticas grupais; Concepções teóricas e estratégias

para abordagem dos grupos na APS.

Para apresentar o perfil dos 10 enfermeiros participantes com a descrição de suas

principais características sociodemográficas relacionadas às variáveis: idade, sexo,

religião, renda, tempo de atuação na APS, tempo de formado, especialização na área de

saúde pública, número de empregos, assim como se foi capacitado para realizar práticas

grupais conforme a tabela 1:

Page 43: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

43

Tabela 1: Perfil dos enfermeiros participantes das entrevistas da APS Niterói - Fev 2018

Dados Sociodemográficos

Idade 30 - 35 36 - 40 41 – 45 46 – 50

n 6 3 0 1

% 60% 30% 0%

10%

Sexo Masculino Feminino

0

10

0%

100%

Tempo de Formado 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 16 anos

2 1 2 4 1

20% 10% 20% 40% 10%

Tempo de Atuação na atenção primária 3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 7 anos 9 anos

2 2 1 2 1 2

20% 20% 10% 20% 10% 20%

Especialização na área Saúde da Família Saúde Coletiva Não possui especialização Cursando

3 2 4 1

30% 20% 40% 10%

Renda 1 – 3 Salários Mínimos 4 – 6 Salários Mínimos Acima de 6 Salários Mínimos

1 8 1

10% 80% 10%

Número de Emprego 1 emprego 2 empregos

8 2

80% 20%

Religião Evangélico Católico Não tem religião

3 6 1

30% 60% 10%

Capacitado Para Práticas Grupais Sim Não

2 8

20% 80%

Fonte: Elaborado pela autora

Page 44: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

44

A seguir, segue o perfil sociodemográfico dos participantes do estudo em

formato de gráfico para melhor visualização.

Gráfico 1. Caracterização dos enfermeiros quanto ao sexo

Fonte: Elaborado pela autora

Dos 10 enfermeiros desse estudo, 100 % são do sexo feminino. Esse achado confirma

como já sabido, que a feminilização é característica forte da profissão. Esta

predominância feminina na enfermagem é compartilhada por outros autores,

reproduzindo a característica histórica da enfermagem50

.

Gráfico 2. Caracterização dos enfermeiros quanto a faixa etária

Fonte: Elaborado pela autora

Nesse estudo a idade dos enfermeiros participantes variou de 32 a 46 anos.

Sendo a prevalência a faixa etária de 30 a 35 (60%). Foram encontrados de 36 a 40anos

(30 %). Enquanto nenhum enfermeiro de 41 a 45 anos e de 46 a 50 anos (10 %).

Assim, é possível inferir que a enfermagem é uma profissão em processo de

rejuvenescimento, constituída, predominantemente, por jovens

Page 45: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

45

Gráfico 3. Caracterização dos enfermeiros quanto a Religião

Fonte: Elaborado pela autora

Quanto à religião, houve predomínio da religião Católica (60 %), seguido por

Evangélica (30 %) e não tem religião (10%). Observa-se que 90 % dos enfermeiros

relataram possuir religião.

A religião ocupa um lugar privilegiado na história da enfermagem brasileira, por

alguns momentos uma chega a ser porta-voz da outra na formulação de um pensamento

e na consolidação de atitudes que influenciam a formação e o exercício profissional dos

enfermeiros52

.

Gráfico 4. Caracterização dos enfermeiros quanto ao tempo de formado

Fonte: Elaborado pela autora

O tempo de formado de 9 anos (40 %) 6 anos ( 20 %), 8 anos (20 %), 7 anos

(10 %), e 16 anos (10 %).

Page 46: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

46

Assim, é possível inferir que a maior parte dos enfermeiros está formada há

menos de 10 anos (90 %). Esse dado associa-se a uma maior oferta de cursos nos

últimos anos e está respaldado no significativo aumento do número de concluintes no

Brasil 51

.

Gráfico 5. Caracterização dos enfermeiros quanto ao número de emprego

Fonte: Elaborado pela autora

Apresentaram apenas 1 emprego (80 %) e relataram que mantêm duplo vínculo

empregatício apenas 2 participantes (20%).

Gráfico 6. Caracterização dos enfermeiros quanto ao tempo de atuação na APS

Fonte: Elaborado pela autora

Quanto ao tempo de atuação na APS 9 anos (20 %), 7 anos ( 10%), 6 anos (20%), 5

anos ( 10%), 4 anos ( 20%) e 3 anos (20%).

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47

Gráfico 7. Caracterização dos enfermeiros quanto a Renda

Fonte: Elaborado pela autora

A renda apresentada foi em sua maioria (80 %) relatam receber de 3 a 6 salários

mínimos, (10 %) de 1 a 3 salários mínimos, e (10 %) informou ter renda acima de 6

salários mínimos.

Gráfico 8. Caracterização dos enfermeiros quanto a especialização

na área da saúde pública

Fonte: Elaborado pela autora

No tocante a especialização na área de saúde de saúde pública, (40 %)

responderam não ter especialização na área de saúde da família ou afins, (30 %)

possuem especialização em saúde da família, (20%) relatam residência em saúde

coletiva e (10%) está cursando pós-graduação em saúde da família.

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48

Gráfico 9. Caracterização dos enfermeiros quanto a capacitação para práticas

grupais

Fonte: Elaborado pela autora

E por fim, há uma prevalência (80 %) de enfermeiros que não foram capacitados

para realizar práticas grupais para hipertensos e diabéticos enquanto apenas (20%)

afirmam que foram capacitados para realizar grupos voltados para hipertensos e

diabéticos.

Infere-se a partir deste estudo, a necessidade de implantar um programa de

capacitação que contemple as práticas grupais para os enfermeiros da APS em Niterói.

A seguir serão apresentadas as categorias emanadas da análise de conteúdo dos

depoimentos dos enfermeiros e da observação participante de acordo com os objetivos e

questões norteadoras dessa pesquisa.

Page 49: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

49

4.1. Categoria 1. As atividades grupais e suas características

O trabalho com grupos é estabelecido como atribuição das equipes da Estratégia

Saúde da Família e dentre os grupos prioritários, preconiza-se a pratica do atendimento

coletivo para os usuários portadores de doenças crônicas não transmissíveis,

especificamente a hipertensão arterial e a diabetes mellitus.

Dessa forma, ao questionar os enfermeiros se a realização do trabalho em grupo

parte de uma iniciativa deles ou é uma proposta estabelecida pela instituição. Percebe-se

que os enfermeiros se apropriam dessa prática espontaneamente em seu processo de

trabalho conforme as falas dos enfermeiros:

“É uma proposta estabelecida pela instituição, mas desde que a

gente trabalhando na saúde da família, a gente sabe que é

necessário esse grupo prioritário, que é o grupo hiperdia” (E1)

“ (...) mas parte mais, pela..., pelo interesse meu e do outro

enfermeiro do que instituído.” (E2)

“Acho que as duas coisas, né?Porque a instituição estabelece,

mas tem gente que não faz, né? Mas a gente faz.” (E3)

“Olha eu acredito que os dois, é, porque é uma proposta da

instituição né? A gente ter, desenvolver esses grupos e pela

gente também, pela equipe porque é uma forma que a gente tem

de ter um acompanhamento do paciente hipertenso e diabético

(...)”. (E4)

As falas desvelam que nos serviços de saúde de Niterói os grupos são realizados

mais por iniciativa dos próprios profissionais do que por exigência da instituição e

apontam que a prática dessa ação é uma possibilidade de acompanhamento dos usuários

hipertensos e diabéticos.

Sendo assim, para a maioria dos enfermeiros o objetivo dos grupos é de controlar a

doença, conforme os relatos mais freqüentes. O grupo é apreendido como estratégia

para ensinar o autocuidado, promoção da saúde, conscientizar, diminuir a demanda da

agenda, porém aponta também timidamente para a ruptura do modelo biomédico

conforme relato de um enfermeiro.

“ (...) nós fizemos uma oficina sobre Direitos

dos idosos. Eles participavam, falavam muito.”Eles

gostam de vir pra cá também, uma vez ou outra a gente

libera uma tarde só de jogos, então é dominó, eles

jogam Uno, então, eles ficam bem a vontade.” (E5)

Page 50: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

50

“É, na verdade a gente faz o grupo mais para

diminuir um pouco a demanda das agendas. E é mais

para orientação mesmo do dia a dia desses pacientes,

tentar reduzir, é, os danos da hipertensão e do

diabetes.”(E6)

“A finalidade do grupo é de promoção da

saúde, né? Que eles melhorem a qualidade de vida, de

integração mesmo deles, né? mas com a finalidade

maior de promoção da saúde.” (E2)

“(...) então se você não tiver a consciência do

seu autocuidado, a gente nunca vai conseguir controlar

a sua doença, né?Então, eu tentava sempre trabalhar

dessa forma, da conscientização deles nessa questão,

entendeu? (E 4)

“(...) o grupo tem a finalidade de ensinar os

próprios pacientes, a eles terem uma alimentação

saudável, uma atividade física, o autocuidado em si,

né? E também ajustar os medicamentos que, muita das

vezes não usa adequadamente, a gente orienta.” (E1)

Essa questão é encontrada na literatura, estudo afirma que a utilização dos grupos na

APS pode servir para monitorar a situação de saúde dos usuários, sendo uma ferramenta

de racionalização do trabalho dos profissionais, pois diminui a demanda por consulta19

.

Assim, autores afirmam que muitos serviços de saúde têm embasado suas práticas

em modelos prescritivos, com enfoque no controle e prevenção da doença53

.

Compreende-se que o saber das ciências da saúde, de predomínio biomédico, ainda

marca os discursos das práticas educativas em saúde54

.

No entanto, o grupo se apresenta como um espaço social, de estabelecimento de

vínculo, integração dos usuários e uma possibilidade para conhecer a cultura do usuário.

“ E aí você consegue uma resposta, até trazer

ele mais pra perto de você, né? Então, as consultas

ficam em dia, as pesagens ficam em dia, as verificações

em dia, ele consegue tomar o remédio no horário

certo,né? De uma forma geral, acho que a importância

de fazer esses grupos por conta disso” (E3)

“ (...) Na outra oficina faremos do carnaval de

outrora. Eles já começaram a trazer fotos do tempo de

carnaval deles, né? pra nos contar a memória daquele

tempo, o que faziam, o que faziam naquele tempo.” (E5)

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51

Dessa forma, o grupo ajuda e dá oportunidade de aprender outras formas de pensar e

se comportar perante a doença além de ser um espaço para que as pessoas valorizem sua

própria experiência de vida e saberes práticos que desenvolveram55

.

Outro achado importante nos depoimentos para discussão e reflexão se refere ao

planejamento das praticas grupais, em que todos os enfermeiros relatam que os grupos

são planejados, em equipe, durante as reuniões mensais.

As principais discussões no planejamento prevalecem os temas, escolha do

coordenador do grupo planejado, elaboração de material como folder e convites e

divisão de tarefas.

“A gente faz a reunião, vê na verdade, a gente vê o que

é mais, que tá tendo mais problema aqui na unidade. E

se são pacientes que são descompensados, se

alcoolistas, se são pacientes que estão descompensados

porque usam errado a medicação e aí a gente tenta

priorizar esses temas e aí às vezes, a gente no grupo, a

gente pede pra eles escolherem o que eles gostariam de

falar, abordar no próximo. E a gente planeja baseado

nisso.” (E6)

“Então, a gente faz, como a gente fez planejamento do

ano, a gente vai traçando as datas na reunião de equipe

e a gente vê o que faz” (E7)

“A gente sentava com equipe, porque na unidade cada

setor era responsável um período pelo grupo, então a

gente sentava com a equipe e falava qual o tema que a

gente vai abordar nos próximos grupos. A gente fazia

uma listagem dos temas e aí ia pesquisando” (E3).

“(...) a gente sentava uma vez por mês. Acabava

aquela, a gente sentava na segunda, era sempre

normalmente sexta. A gente sentava organizava o tema

e no final de cada um, a gente questionava eles, o que

eles queriam saber. A gente achava interessante eles

falarem o que eles gostariam de saber e não a gente

falar. Hoje eu vou falar de dieta? Não! E que duvidas

vocês tem? Sobre o que? E a gente achava que era

melhor em relação a isso”. (E8)

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52

Pode-se dizer que no planejamento dos grupos, algumas equipes trabalham os

temas com uma dupla perspectiva: temas demandados pelos profissionais e ofertados de

acordo com a escolha do usuário.

Esse discurso está consoante com as premissas da Política de Promoção da Saúde29

no que tange à participação popular para identificação de problemas e solução de

necessidades.

As atividades devem ser planejadas com o intuito de identificar as oportunidades e

intervenções baseadas nas preferências da população56

.

Ademais, ter conhecimento e domínio sobre a temática não é suficiente para uma

prática de qualidade, é necessário conhecer e analisar o contexto em que está inserido o

usuário, e quais as necessidades e prioridades dos usuários57

.

Na teoria pichoniana, o cuidado satisfatório é aquele em que o profissional

considera o indivíduo como participante no planejamento e ações do cuidado39

.

Ao questionar os enfermeiros sobre os temas abordados nos grupos, houve

prevalência de alimentação saudável, em seguida foi uso correto e adesão ao tratamento

medicamentoso e por fim exercício físico. Apreende-se que esses temas vão de encontro

com a prática prescritiva e controle da doença que caracteriza as praticas grupais,

embora haja uma abertura de poucos enfermeiros para que o usuário escolha o tema,

assim como um enfermeiro em seu depoimento expõe que no seu grupo há temas

abordados que envolvem outros aspectos que não a doença.

“(...) vimos a necessidade, então é dentro da

necessidade do dia a dia que nós buscamos os temas.

Nós fizemos uma oficina sobre política, gerou

polemica, sabe gerou polemica de ficar bem quente,

política e opiniões.”(E5)

“a gente trabalha sobre alimentação saudável,

atividade física, é, a gente também faz..., começamos a

usar a integrativas, entendeu?” ( E1)

“Alimentação, atividade física, uso correto da

medicação, cronograma de consultas, né? A

periodicidade de consultas e outras dúvidas que

surgirem deles.” (E6)

“Então, os temas não são escolhidos pelo

profissional não, eles são escolhidos pelo usuário.

Então são variados, né? A gente já falou de depressão,

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53

de ansiedade, de alimentação, convivência, a gente já

incluía a prevenção e promoção. Falamos de diabetes,

hanseníase, das doenças que..., mas a gente falou sobre

tudo assim, de atividades manuais, sobre tabagismo

assim, eles que trazem os temas.” (E2)

Nesse sentido, compreende-se que, os grupos ofertados na APS prevalecem para

atender aos desafios de acompanhar os usuários no sentido de prevenção de doenças,

porém alguns enfermeiros reconhecem à necessidade de que a abordagem temática seja

as questões emergentes de vida diária da comunidade para responder aos anseios dos

usuários rompendo com paradigma da doença.

As atividades grupais apresentam-se como um enorme potencial de transformação

na prática das equipes de atenção básica quando se supera o velho modelo verticalizado,

onde o profissional de saúde dá aula sobre temas variados e os usuários assistem

desinteressadamente36

.

Silva e Soares afirmam:

“A necessidade de redirecionar os temas

abordados nos grupos de acordo com a

realidade local. A adequação das temáticas à

população-alvo é essencial para o planejamento

e o desenvolvimento dos grupos, permitindo

que os participantes identifiquem-se como parte

da realidade que se quer transformar, como

sujeitos ativos que constroem suas vidas em um

contexto sociocultural permeado por seus

valores, hábitos, crenças e expectativas”. 53:640

A partir das observações e relatos dos enfermeiros compreende-se que ocorre desvio

do tema por iniciativa dos participantes pelo desinteresse no momento pelo tema ou por

ter uma demanda mais emergente.

Essa assertiva é corroborada por Fernandes31

é possível que o indivíduo se interesse

por temas não programados inicialmente que deverão ser discutidos de modo a atender

às expectativas do grupo.

“Eles começam a falar e não só direcionado para

aquilo ali, para hipertensos e diabéticos. Eles começam a falar

outras coisas: – Ah meu pé dói, minha coisa dói.”

“Começam a falar de outros problemas de saúde que

eles têm.” (E10)

“(...) um dos participantes era muito eufórico, queria

falar o tempo inteiro e às vezes ele falava coisas que não tinha

nada a ver e isso estava atrapalhando o grupo, porque as

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54

outras pessoas estavam achando chato, né?(...) Então, assim

teve um momento, no inicio, que foi difícil, mas depois a gente

foi conversando, tentando trazer ele mais pra gente, tipo ah!

Mais que legal que você fez isso, mas então, sabe? A gente

conseguiu dar uma cortadinha nele, mas no inicio foi brabo.”

(E3)

Durante observação em um grupo, foi explanado que a proposta daquele

encontro seria para orientações sobre os cuidados com os pés e compartilhar saberes em

relação a esses cuidados. Após conclusão da fala explicativa do objetivo do grupo, um

usuário solicitou a fala e argumentou:

“O meu problema não é meu pé e

sim o Pezão.” (U1).

[Referenciando ao Governador do

estado do RJ]

Situações como essas exigem habilidade do enfermeiro, pois a coordenação de

grupos é uma arte e ciência, na medida em que exige sensibilidade, criatividade, emoção

e ao mesmo tempo, teoria, técnica e compromisso com o cuidado humano58

.

A literatura desvela que falar de tópicos como doença, prevenção, saúde, corpo e

mesmo de medicamentos com os quais o profissional de saúde tem necessariamente que

lidar, abrange aspectos da vida do usuário fortemente arraigados a valores sociais e

culturais capazes de provocar reações diversas (conscientes ou inconscientes) e de

intensidade também variável59

.

Sendo assim, o enfermeiro deverá intervir nessa vivencia grupal de maneira que

todos possam continuar ativos, para que essas manifestações subjetivas ocorram para

fortalecer o processo grupal.

Conforme afirmam Motta e Munari58

, o papel do coordenador é intervir, lidando

com a dialética dos elementos grupais, trazendo-os para uma dimensão transparente,

plana, horizontal, de modo que todos tenham acesso às questões que estão ocorrendo no

universo grupal.

Na teoria dos grupos operativos de Pichon-Reviere essas manifestações grupais são

denominadas em 2 conceitos: verticalidade e horizontalidade. A verticalidade seria a

história de cada participante, levando a uma desatualização emocional do grupo, e

horizontalidade, o campo grupal, constantemente modificado pela ação e interação dos

membros39

.

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55

Deste modo, coordenar esse processo pode se tornar uma tarefa difícil, para isso a

teoria pichoniana propõe o Esquema Conceitual Referencial e Operativo (ECRO) que é

um conjunto de noções, regras, acordos e conceitos gerais que permitem ao grupo

aproximar-se de seus objetivos60

.

Com relação ao número de usuários, os relatos revelam que não há uma restrição de

usuários para participação nos grupos, portanto a maioria dos enfermeiros relata que a

estrutura do grupo é aberto, inclusive estende aos familiares e estes acontecem semanal,

quinzenal ou mensal de acordo com cada unidade.

Apesar dos enfermeiros planejarem e almejarem a participação de um número

maior, no entanto a adesão não acontece conforme esperado. Quando é oficina cujo

objetivo é realização de atividade física ou trabalhos manuais, observa-se um número

maior de participantes.

“Ultimamente tem diminuído muito esse número. A

gente não sabe se é por conta do calor, o horário, a

gente está tentando até colocar esse horário para parte

da manhã porque ultimamente tem vindo poucos

pacientes. Em base 9 pacientes” ( E1)

“Eu posso colocar uma média de 40 usuários fixos, né?

Cadastrados são 92. Então, desses 90, eles mesmos se

organizam e vem freqüentando, então a média, é de 40

participantes por oficina.” (E5)

“Olha em torno de 40 a 50 pacientes tá? Porque eles

são iguais a formiguinha mesmo, vêm com os

familiares, fora as pessoas que também, às vezes vem

para uma consulta médica e acaba sabendo da nossa

palestra e a gente não se preocupa.” (E9).

No entanto, observa-se que um enfermeiro reestruturou o grupo ao trabalhar com

números acima de 20 participantes

“Então, a gente já chegou a ter 40. Aí dividimos em

dois grupos, grupo A e grupo B que aconteciam no

mesmo mês. (E4)

É evidente que o profissional deve atentar para que o número de pessoas possibilite

a efetividade do grupo61

.

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56

Autores corroboram essa assertiva ao afirmar que o número de participantes no

grupo deverá ser o suficiente para que todos possam se conhecer e se engajar em

relações sociais30, 62

.

O número entre 12 a 15 participantes é considerado ideal para um bom

funcionamento dos grupos31

.

Os grupos caracterizam-se por serem espaços de escuta, em que o coordenador

indaga, pontua, problematiza as falas para dar oportunidade para seus integrantes

pensarem, falarem de si e poderem elaborar melhor suas próprias questões63

.

Sendo assim, é preciso que esses espaços sejam bem estruturados e que o enfermeiro

tenha em mente quais são os objetivos do grupo, para estabelecer quantidade de

participantes, periodicidade e duração, sendo assim obter o que se pretende alcançar, do

contrário, é muito provável que o grupo tenha conseqüências indesejadas como

insatisfação dos participantes e desgaste profissional.

4.2 Categoria 2. A integração enfermeiro-usuário nas práticas grupais

Para alguns enfermeiros, o processo de integração ocorre a partir do uso da

linguagem (comunicação) apropriada pelo profissional para alcançar objetivo esperado

no grupo.

No estudo intitulado “Finalidade do processo comunicacional das atividades em

grupo na Estratégia Saúde da Família”, autores consideram que:

“A comunicação como a capacidade de diálogo entre

os trabalhadores da equipe e desses com os clientes

permite que o processo de trabalho constitua-se em

um instrumento para produzir a corresponsabilidade,

a resolutividade e a autonomia dos clientes para a

transformação dos fins em produto.” 22:6

Logo, a comunicação exige validação constante do conteúdo emitido e recebido

com a finalidade de evitar ruídos comunicacionais que alteram o sentido desejado do

trabalho.

“(...) como eu falei, eu tento falar a

linguagem mais simples porque é o que eu falo,

eu acho que um trabalho bem feito é um

trabalho de formiguinha, que você se preocupa

com a linguagem que você vai falar.” (E9)

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57

“E aí a gente percebe neles assim, a

diferença muito grande no entendimento, né?

Nas realizações dos cuidados. Do entendimento

mesmo, né? Da questão cultural e social.”

(E10)

“A gente via que tinha um

entendimento melhor que o outro, e aí, eu tinha

que explicar com mais calma usando outras

palavras.” (E4)

“Por mais que nossa linguagem seja

bem tranqüila, não seja uma linguagem formal,

alguns têm muita dificuldade de entender,

muita dificuldade” (E6)

A comunicação constitui-se em um fenômeno sócio-histórico de ações

cotidianas do viver, de modo a produzir relações recíprocas entre os indivíduos que

compartilham de um conjunto de conceitos, práticas e valores validados por meio da

troca de significados construídos no contexto das interações humanas22

.

A comunicação entre os constituintes do grupo permite a expressão de múltiplos

conceitos, sentimentos e identificações salutares, caracterizados como distribuidores e

desencadeadores de crescimento e do desenvolvimento, por meio da técnica grupal64

.

A efetividade do grupo depende da convivência e da adesão de seus membros,

bem como da integração e comunicação entre os participantes e os profissionais.

Portanto, é necessário conhecer e saber ouvir os participantes, o que possibilitará

analisar, além das dificuldades dos usuários, o real potencial de cada um para que, de

forma integral sejam traçados objetivos comuns para o trabalho65

.

O dialogo possibilita tanto o reconhecimento do saber do outro, quanto a

compreensão de seu ponto de vista, e por isso, resulta em saberes produzidos a partir da

(re) leitura da realidade dos envolvidos66

.

Nesse contexto, é possível inferir que, por meio da relação dialógica ocorre o

processo de integração enfermeiro e usuário considerando os aspectos socioculturais

conforme relatos abaixo:

“Eu tinha um paciente lá no grupo que ele era da Bahia, então

tudo que a gente falava, ele dizia: - Mas na minha terra não é

assim. Sabe? E ele falava algumas coisas, que eram bem

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58

interessantes, davam para contribuir para o grupo, entendeu?

Assim, a questão da alimentação, que a gente falava e ele”:

“- Mas na minha terra não tem esse tipo de fruta.”

“A cultura dele era diferente, né? Então, quando a gente falava

alguma coisa, ele falava assim:”

“- Mas eu não como. Eu como muita farinha e aí?”

“A gente tinha que respeitar a cultura dele”. (E2)

“A gente tem que respeitar porque às vezes eles têm uma

cultura até mesmo da alimentação. A gente fala uma coisa e

eles já pensam outra, porque já foram acostumados, outros já

vieram do nordeste, não é do sudeste, então é assim, a gente

tenta associar isso e respeitar mais a parte cultural deles e

social também porque nem tudo que a gente coloca, eles

podem, a gente tenta adaptar, né? (E1)

“Quando a gente orienta alimentação não adianta a gente

orientar alimentação cara, né? a gente sempre orienta fruta da

época que é mais acessível (...) Não dá pra você pedir pra

pessoa consumir uma uva, então a gente vê isso no grupo, né?

(E7)

“Estou falando aqui, doutora essas coisas são antigas,

[temperos artificiais como sazon] minha família sempre usou

na comida, então nunca achei que fizesse mal para pressão.”

(U2)

“Eu já usei muito esses temperos, gostava muito de colocar no

feijão, macarrão, porque vou dizer uma coisa, é gostoso, mas aí

fui participando dos grupos aqui, aí um dia falaram que esses

temperos têm muito sal, né? E pra nós hipertensos é perigoso.”

(U3)

Quando se pensa em costumes alimentares de uma população, existem

dificuldades de mudança relacionadas a diversos fatores como hábitos condicionados, a

rotina de horários, questões socioeconômicas, além do valor cultural associado aos

alimentos67

.

Assim, a compreensão da experiência de cuidado no contexto sócio-político,

econômico e cultural em que ocorre, busca a potencialização do individuo como

cidadão17

.

No entanto, é necessário que os coordenadores tenham essa compreensão e

sensibilização para se respeitar as diferentes dimensões socioculturais que formatam a

visão de mundo de cada pessoa. Não obstante, o cuidado se efetivará na integração entre

profissional de saúde e usuário, utilizando-se do conhecimento popular e científico e da

interatividade com o outro24

.

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59

Esses depoimentos remetem a Teoria de Leninger37

, em que decisões e ações

devem ser tomadas para facilitar os indivíduos e grupos a reordenar, trocar ou, em

grande parte, modificar seus modos de vida para o novo direcionada para a preservação,

acomodação ou repadronização das práticas de saúde considerando a questão da cultura

familiar.

Esses aspectos culturais presentes nas situações de saúde e doença podem ser

percebidos a partir do vínculo que se estabelece entre o profissional e o usuário. Logo,

apreende-se que o vínculo por sua vez é compreendido como uma estrutura complexa,

que tem um caráter social e que envolve uma inter-relação entre sujeitos e objetos por

meio dos processos de comunicação e aprendizagem39

.

Uma boa relação profissional-usuário contribui para maior adesão ao

autocuidado e deve ser baseada na confiança, na escuta às suas necessidades, no

estabelecimento de vinculo e autonomia18

.

Nas observações apreendi que esse vínculo se fortalece à medida que o grupo

inicia com apresentação, face a face, pois estão todos em círculo, porém quando esse

espaço se propõe para uma relação dialógica. Esse achado é corroborado por um estudo

ao afirmar que a formação de círculo facilita o estabelecimento do vínculo e da

confiança, além de horizontalizar as relações, uma vez que coloca todas as pessoas em

situação de igualdade perante os demais membros do grupo61

.

Através dos relatos, a roda de conversa foi compreendida como possibilidade de

integração.

“No consultório, fica muito assim, muito a

mesa no meio, no grupo a gente senta em roda,

fica mais assim, a gente é tudo igual, né? Cada

um vai dando a sua informação.” (E1)

“É mais uma roda de conversa, onde ali são

abordados os temas de promoção da saúde.”

(E2)

“A roda facilita essa integração até do

compartilhar experiências.” (E3)

“Acho que a palestra fica muito aluno e

professor, então a gente senta em círculo, a

gente fica bem juntinho, né? mas é assim que

conseguimos interagir e trocar idéias.” (E5)

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60

“(...) porque a gente faz um círculo pra que

todos possam se olhar entendeu? E eles dão

exemplos pra gente, a gente pergunta quais são

os sinais e sintomas e eles respondem e a gente

pergunta, mas por que você sente isso?” Então,

assim é uma interação pra que todos

participam, não é uma aula, é uma dinâmica

em grupo.”( E9)

O Método da Roda de acordo com Campos 68

trabalha-se, nos diferentes grupos,

na perspectiva de incluir os sujeitos, criando espaços coletivos de reflexão,

possibilitando ou buscando ampliar a capacidade de análise e de intervenção dos

diferentes atores que participam desses encontros.

No entanto, por mais que enfermeiro não pratique o método da roda ou em

algumas abordagens utiliza-se de palestras no processo grupal, um relato aponta o

cuidado que esta se propõe ao problematizar a ação viabilizando o método dialógico.

“A nossa palestra é assim, é uma interação pra

que todos participem, não é uma aula, é uma dinâmica

em grupo.” (E9)

Sobre a utilização de palestra é necessário se atentar sobre a forma de interação

entre coordenador e membros, tendo em vista que a comunicação nessas atividades se

dá, especialmente, no sentido do coordenador para os membros69

.

4.3 Categoria 3. Concepções teóricas e estratégias para abordagem dos

grupos na APS.

Abrahão e Freitas afirmam que os enfermeiros têm pouca oportunidade de

conhecer aspectos teóricos do trabalho grupal, mas revelam grande experiência nesse

tipo de abordagem70

.

Ao acompanhar o trabalho dos coordenadores de grupos de uma unidade e pelos

relatos dos enfermeiros coordenadores foi evidenciado que os grupos são realizados, em

sua maioria, destituídos de embasamento teórico-metodológico para nortear essa

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61

prática, no entanto alguns revelam resultados positivos alcançados com essas ações

mesmo a partir de um cuidado intuitivo.

“a gente tinha um paciente que precisa emagrecer,

era obeso, precisava emagrecer para poder fazer a

cirurgia de joelho (...) e ele perdeu muitos quilos e assim,

ele, na fala dele atribuía isso ao grupo, sabe, era

interessante porque sempre tinha participação com a fala

dele no grupo, e aí ele falava disso, que esse grupo era

importante pra ele continuar, perseverar” (E4)

“A gente conseguia uma melhoria muito grande

em alguns. É na glicose, na glicemia, né? Na hora de

fazer os exames estavam muito mais conscientes. O grupo

ajuda muito.” (E8)

“Eles mesmo falam que se sentem acolhidos no

grupo, que gostam de estar ali, se sentem bem.” (E2)

Um estudo traz em seus escritos que é fato que equipes que se baseiam em

outras técnicas metodológicas de grupo ou até mesmo que não possuem embasamento

teórico podem ainda alcançar bons resultados em experiências de grupo71

.

Entretanto, a falta de conhecimento sobre funcionamento dos grupos, pode

acarretar dificuldades em obter bons resultados nas atividades em grupo, ou até mesmo

não atingir os objetivos planejados14

.

Ao indagar os enfermeiros se possui teórico, autor ou filósofo para embasar seu

trabalho com grupo, surgiram respostas distintas com prevalência para a não utilização,

alguns enfermeiros responderam que buscam os cadernos de atenção básica do MS e

uma enfermeira depõe trabalhar com o processo educativo a luz do referencial teórico

de Paulo Freire.

“Particularmente não, deveria, a gente busca

assim, esse ano eu vou buscar alguma literatura né, algum

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62

prático pra poder estar se aplicando, mas até em oficinas

que a gente ver os hot-shot que tem né? mas a gente acaba

fazendo nós mesma.” (E5)

“Sim, utilizo o teórico Paulo Freire” (E2)

Infere-se que alguns enfermeiros buscam conhecimento a partir da leitura nos

cadernos da atenção básica do MS para fundamentar os temas abordados e quanto ao

saber realizar grupos apreende-se que a capacitação ocorre no decorrer dos grupos.

“A gente faz mesmo do nosso jeito,

do dia a dia, a capacitação de estar com

eles, a experiência de levá-los a rua,

passeio cultural, cinema, tudo é do nosso

meio mesmo, nada da cadeira acadêmica.

Não foi passado nada pra gente.” (E4)

“Não tenho nenhum autor pra

embasamento do grupo não, realmente eu

não tive na graduação e nem na pós, aula

sobre como atender em grupos.” (E10)

No entanto, ao serem movidos pelo senso comum, são influenciados pelos

valores, crenças e experiências vivenciadas, o que pode limitar o olhar crítico do

profissional sobre a realidade do grupo, tanto no seu aspecto evolutivo, quanto no

monitoramento da dinâmica das suas relações72

.

Com isso, torna-se fundamental que o trabalho do enfermeiro com grupos seja

embasado na literatura, assim como tenha um preparo específico para conduzir essas

atividades, do contrário uma atividade empírica pode não ter resultados tão satisfatórios.

A ausência de capacitação voltada para práticas grupais e o não embasamento

teórico pelos enfermeiros podem dificultar os coordenadores de manejar os movimentos

inesperados que surgem nos grupos.

De acordo com Ribeiro:

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63

“Conduzir um grupo é uma ciência, uma

técnica e uma arte, sendo que nesse caso, lançar

mão da improvisação é perigoso, caso um

coordenador não tenha uma fundamentação teórica

filosófica e técnica sobre o grupo em que atuará as

conseqüências aos membros podem ser danosas,

não respondendo aos objetivos estabelecidos

anteriormente”. 73:79

Nesse contexto, essa pesquisa desvela que o fazer das práticas grupais com

estratégias de abordagem citadas pelos enfermeiros participantes são pensadas, a partir

da vivencia, experiência e conhecimento de cada coordenador.

Contudo, apreende-se que os enfermeiros entrevistados possuem algumas

experiências semelhantes na utilização de estratégias para abordagem, como exemplo o

mesmo modo de manejar os grupos quando relatam o uso de dinâmicas de grupo.

“A gente geralmente faz dinâmica,

muita dinâmica de grupo porque a gente

acha que interage mais. Antigamente a

gente falava e ele só ouvia, mas ai a gente

viu que não dava muito certo. Todo grupo é

dinâmica.” (E1)

“Utilizamos cartaz, dinâmicas também,

tem uma apostilinha com algumas

dinâmicas ou então procuro na internet. É

mais embasado nas dinâmicas do que no

próprio cartaz. Entendeu?” (E2)

“Sempre Dinâmica. Às vezes eu boto

alguns cartazes, mas nada de data show.

Não faço nada disso. Dinâmica! Dou

papelzinho. Às vezes a gente botava tipo

uma garrafa PET, um monte de dúvida

deles e misturando, um tirava a dúvida do

outro e no final a gente tirava junto.

Entendeu? Ah...dúvida de quem? “(E8)

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64

“Uso muitas dinâmicas. Eu cheguei a fazer

assim, eu buscava na internet, buscava com

colega de profissão, médico, ah...me dá

uma idéia, vamos lá, como a gente pode

trabalhar? E aí, a gente ia criando dentro

das nossas condições(...)” (E4)

A dinâmica de grupo constitui um valioso instrumento educacional que pode ser

utilizado para trabalhar o ensino-aprendizagem, possibilita que as pessoas envolvidas

passem por um processo de ensino-aprendizagem onde o trabalho coletivo é colocado

como um caminho para se interferir na realidade. Isso porque a experiência do trabalho

com dinâmica promove o encontro de pessoas onde o saber é construído junto74

.

Essa estratégia pode desenvolver potencialidades nos indivíduos e no próprio

grupo, obtendo como resultado um grupo com interação, porém autores afirmam que

utilizar dessa técnica sem um sentido específico ou fora do contexto, pode levar o grupo

a não entender o que está acontecendo ou não colaborar para a proposta do

coordenador58

.

Considerada um instrumento facilitador do processo educativo, quando bem

aplicada, pois de acordo com objetivo da dinâmica, ocorre troca de saberes entre o

cientifico e o senso comum através do dialogo. Ademais, apresenta se como uma

estratégia para discussão das situações de saúde, conduzindo o usuário a reflexão para

enfrentamento das situações vivenciadas.

Para Pichon-Rivière o objetivo da técnica é abordar, através da tarefa, da

aprendizagem, os problemas pessoais relacionados com a tarefa, levando o indivíduo a

pensar39

.

“O grupo encerrou e a terapeuta ocupacional

perguntou em voz alta se haviam gostado do grupo, eles

logo se pronunciaram que gostaram da brincadeira das

placas, [referindo-se à dinâmica aplicada] outros não

responderam, mas sorriram e vieram me abraçar, percebi

pela expressão no rosto o quanto estavam se sentindo bem

por estar ali, e eu também. (Nota do Diário de Campo)

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65

Os jogos e brincadeiras utilizados nas atividades de grupo propiciam um

ambiente agradável, que favorecem a aprendizagem, facilitando a construção de

processos internos75

.

Assim, estudo corrobora afirmando que a dinâmica de grupo é uma das

estratégias que favorecem a ação integrada da equipe multiprofissional em processos de

educação em saúde, estimula a construção de conhecimentos por meio de uma

perspectiva dialógica, interativa, em que os problemas e soluções são compartilhados,

caracterizando-se como uma estratégia efetiva de promoção da saúde75

.

Outras estratégias apontadas pelos enfermeiros referem-se à aferição da pressão,

pesagem, verificação da glicemia e renovação de receita nos grupos. Esses

procedimentos já estão incorporados nas práticas grupais, mesmo quando a equipe não

se propõe a esse cuidado, surge essa demanda pelos usuários.

A literatura se refere à participação do sujeito no grupo, que, na maioria das

vezes, é motivada por trocas simbólicas, relacionadas à manutenção do tratamento como

tais procedimentos 23,26

.

Fernandes compara esses procedimentos como um ritual que cumpre com a

função, retratando de maneira simbólica, valores essenciais e orientações culturais24

.

Ademais, importante ressaltar outro achado nessa pesquisa, os enfermeiros

relatam o compartilhamento do trabalho em grupo com outros profissionais como

nutricionista, terapeuta ocupacional, psicólogo, dentista e cardiologista.

“O nosso trabalho é principalmente com a nutricionista, porque

eu trabalho com ela pra tudo, o nosso trabalho é justamente isso,

tentar ofertar o que é melhor para o paciente.” (E9)

“Aqui a gente tem o apoio, suporte da terapeuta ocupacional” (E10)

“Na unidade tem alguns especialistas, fisioterapeuta,

nutricionista, psicólogo, então elas ajudavam a gente a fazer o

grupo” (E3)

“(...) Porque eles estão acostumados a vida toda fazer um

tipo de uso de alimentação, pra mudar é difícil, então foi uma das

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66

coisas que a gente, com a nutricionista que deu para observar

melhor.” (E1)

Nessa perspectiva, observa-se a percepção dos profissionais quanto a

complexidade do individuo em relação aos seus valores sociais e culturais, necessitando

de vários saberes para repadronização do cuidado nos diversos hábitos e modos de vida

dos usuários.

Esse trabalho multidisciplinar nos processos grupais nos remete ao princípio da

promoção da saúde quanto à integralidade do cuidado, que tem o reconhecimento da

complexidade, potencialidade e singularidade de indivíduos, grupos e coletivos,

construindo processos de trabalho articulados e integrais29

.

Portanto, conclui-se que os enfermeiros mesmo não se apropriando de

embasamento teórico conforme relatos, porém usam algumas técnicas grupais que

potencializam o movimento grupal e, sobretudo incorporam no processo de trabalho os

princípios e diretrizes da política da Promoção da Saúde.

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67

5. PRODUTO

Protocolo de Enfermagem para Grupos de Educação em Saúde aos Hipertensos

e Diabéticos na Atenção Primária À Saúde

Elaboração: Viviane da Costa Melo

Revisão Técnica: Dr Enéas Rangel Teixeira

Drª. Aline Miranda da Fonseca Marins

Drª. Eliane Ramos Pereira

Drª. Silvia Araújo

Drª. Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva

Niterói

2018

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68

Introdução

As doenças crônicas, especialmente a Hipertensão Arterial e o Diabetes Mellitus

constituem um desafio para os sistemas de saúde já que os portadores apresentam baixa

adesão ao tratamento. Estas condições são muito prevalentes, multifatoriais com

coexistência de determinantes biológicos e socioculturais.

Desse modo, um grande desafio atual para as equipes de Atenção Básica é a

Atenção em Saúde para as doenças crônicas. Logo, uma das direções revolucionárias

de nossa prática em saúde a possibilidade de atender em grupos doentes portadores de

doenças crônicas13

.

A atuação do enfermeiro da ESF nos programas de hipertensão e diabetes é da

maior relevância, pelas propostas de abordagem não farmacológica, alem de sua

participação em praticamente todos os momentos do contato dos pacientes com a

unidade.

O enfermeiro, como profissional fundamental da equipe, assume a educação em

saúde como atividade inerente do seu processo de trabalho, e ao coordenar os trabalhos

de grupo deve ter o domínio de tecnologia para aplicá-la em benefício do

desenvolvimento grupal.

Esse protocolo é um produto da dissertação do “Mestrado Profissional

Enfermagem Assistencial- MPEA da Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa de

autoria da enfermeira Viviane da Costa Melo.

Protocolo é a descrição de uma situação específica de assistência/cuidado, que

contém detalhes operacionais e especificações sobre o que se faz, quem faz e como se

faz, conduzindo os profissionais nas decisões de assistência para a prevenção,

recuperação ou reabilitação da saúde.

A descrição desse instrumento está fundamentada em diversos autores

estudiosos da temática e como embasamento teórico para execução dos grupos a

Técnica de Grupo Operativo de Enrique Pichon-Riviére e a A Teoria da Diversidade e

Universalidade do Cuidado Cultural de Madeleine Leininger.

É importante ressaltar que os grupos possuem características subjetivas, um

espaço de encontro de saberes, culturas e costumes distintos. Sendo assim, esse

protocolo não tem a intenção de descrever uma prática engessada ou elaborada, mas sim

oferecer subsídios para um trabalho reflexivo, além de criar uma trilha para nortear o

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enfermeiro que tenha dificuldades de coordenar esses grupos em saúde e para aqueles

que desejam incorporar as atividades grupais em seu processo de trabalho.

Objetivos:

Nortear o enfermeiro coordenador para realização de grupos com fundamento

técnico-científico;

Atentar para enfermeiro coordenador da relevância dos aspectos socioculturais

nos grupos;

Garantir aos usuários a prestação de um cuidado baseado na ciência.

Resultados Esperados:

Qualificação dos atendimentos em grupo;

Aumento do grau de satisfação dos usuários e profissionais de saúde.

Pressupostos:

Organizar o processo de trabalho no que refere às práticas grupais aos

hipertensos e diabéticos;

Operar a gestão de cuidados de enfermagem nos grupos Hiperdia;

Inovar e simplificar a prática dos grupos;

Transformar à relação profissional - usuário baseado em parâmetros éticos.

Atribuições do Enfermeiro Coordenador

Planejar o grupo considerando os aspectos mencionados;

Articular com integrantes da equipe para executar/auxiliar as atividades

grupais quando necessário;

Promover acolhimento dos usuários durante todo o processo da atividade

grupal;

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70

Atuar como facilitador no intercambio de informações e conhecimentos,

num processo dialógico com o usuário e a comunidade a partir de técnicas

diferenciadas, evitando as palestras;

Promover espaço de escuta para que os usuários possam ter voz no

planejamento da atividade;

Articular com a Rede de Saúde do município para possibilidade de outros

profissionais como psicólogo, nutricionista, assistente social, dentista,

terapeuta ocupacional ou outro profissional participar dos encontros de

acordo com a demanda grupal;

Ajudar, por meio de intervenções interpretativas, o grupo a realizar sua

tarefa;

Realizar avaliação da atividade grupal;

Registro da ação em livro ata e no E-SUS.

Atributos do Coordenador

Acreditar e gostar de grupos;

Postura centrada na verdade, na ética, respeito, paciência e coerência;

A competência interpessoal para conduzir o grupo com espontaneidade,

propiciando um ambiente propício à integração grupal e acolhedor;

A responsabilidade ética com o grupo, que deve ser de uma dimensão

humanística, anti-autoritária e universal;

A capacidade de estabelecer vínculo com os usuários;

A competência técnica que seria o domínio dos conceitos científicos da área,

dos instrumentos a serem aplicados e de habilidade para intervir e

administrar as questões grupais, de tal forma que as pessoas envolvidas

continuem trabalhando efetivamente;

Procura-se colocar entre parênteses os conceitos adquiridos durante a

formação acadêmica, para não enquadrar as pessoas em determinadas teorias

prontas, acabadas e padronizados, marginalizando-as.

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71

Orientar-se por meio do próprio tempo das pessoas, evitando atropelo e

acima de tudo, observar os ritmos, perceber os rituais e as crenças inerentes

ao grupo;

Estar atento para perceber os movimentos e as comunicações verbais e não

verbais presentes no grupo, discriminando o que é inerente a um membro ou

a outro.

O Grupo Operativo

A teoria de Pichon-Rivière dá grande importância aos vínculos sociais, que

são a base para os processos de comunicação e aprendizagem, considerando

que o ser humano é essencialmente um sujeito social. O grupo se põe como

uma rede de relações com base em vínculos entre cada componente e todo o

grupo e vínculos interpessoais entre os participantes. O grupo se une em

torno de uma TAREFA, que é compreendida em nível consciente, mas que

também implica uma dimensão afetiva que existe no inconsciente do

grupo39

.

Estrutura do Grupo Quando a proposta de funcionamento do grupo for classificada como aberta ou

fechada, significa que essa estratégia de funcionamento tem relação direta com o

objetivo do grupo e com a sua duração58

. Abaixo seguem descrições de cada

classificação:

Aberto

Com uma temática aberta aos interessados, com uma divulgação geral na

unidade de saúde;

Os usuários são convidados, não tem compromisso em comparecer;

Que não exige uma frequência de participação;

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72

Que os participantes variam - não é o mesmo grupo de pessoas em todos os

encontros;

Que os usuários podem convidar seus conhecidos e familiares a

participarem.

Fechado

Um limite de participantes;

Determinados usuários com indicação clínica para o grupo;

Os mesmos participantes, do início ao término do processo grupal, ou novos

participantes, mas com indicação, continuidade e freqüência de participação;

A programação determinada do início ao fim para determinadas pessoas;

Uma proposta terapêutica definida para determinados usuários;

O acompanhamento de casos mais graves ou de maior vulnerabilidade, com

continuidade ao longo do tempo, coesão grupal, criação de vínculo e suporte

emocional entre as pessoas.

Objetivo do Grupo

Promoção da saúde: A proposta dos grupos de promoção da saúde é

fundamentada no conceito amplo de saúde, numa abordagem que amplia o

olhar da saúde para as dimensões biopsicossociais, com vistas à construção

da autonomia dos sujeitos. Busca romper com a representação social da

doença, tão arraigada na nossa sociedade pelo modelo biomédico76

.

Prevenção de Doenças: A proposta das ações de prevenção de doenças, por

sua vez, é centrada na doença seguindo a tradição biomédica e o

conhecimento epidemiológico, com o objetivo de controlar as doenças

infectocontagiosas, diminuir as doenças degenerativas e minimizar os danos

à saúde76

.

Page 73: O cuidado de enfermagem aos pacientes hipertensos e ... da...discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para hipertensos e diabéticos na

73

Planejamento

É importante destacar que para o sucesso do funcionamento e eficácia de um grupo,

é preciso que sejam considerados os seguintes pontos: Por que reunir um grupo, em

torno de qual temática e qual a metodologia será utilizada. A linguagem deve ser clara

de fácil compreensão para o grupo em questão, o ambiente deve ser acolhedor. Estes

detalhes podem ser facilitadores da dinâmica do grupo e do bom funcionamento e por

conseqüência a obtenção de um melhor resultado. A seguir itens relevantes do

planejamento:

Temas: Dupla perpectiva- Demandados pelo grupo de usuários ou proposto

pela equipe.

Tamanho do Grupo: 12 a 15 participantes. Grupos muito grandes, a

passagem de informação e/ou reflexão fica frágil, pois é difícil avaliar o seu

alcance.

Tempo: 60 a 90 minutos- De acordo com objetivo- Não deve chocar com

atividades importantes para os usuários como exemplo, horário do almoço.

Local: Unidade ou comunidade

Coordenação e Co-coordenador - Equipe multiprofissional de acordo com a

demanda

Elaborar um contrato em conjunto com os usuários, acordo e Regras de

Convivência (Esquema Conceitual Referencial e Operativo).

Método

Modelo Dialógico: vem ao encontro do movimento da promoção da saúde,

cujo ponto de partida é o individuo e sua realidade. Sua proposta de ação baseia-

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74

se no desenvolvimento da consciência crítica das pessoas em relação a seu

contexto de vida, a partir de uma relação dialógica entre educador e educando15

.

Método da Roda: O Método da Roda de acordo com Campos 68

trabalha-se,

nos diferentes grupos, na perspectiva de incluir os sujeitos, criando espaços

coletivos de reflexão, possibilitando ou buscando ampliar a capacidade de

análise e de intervenção dos diferentes atores que participam desses encontro

Estratégia de Abordagem

Dinâmica de Grupo:

A dinâmica de grupo constitui um valioso instrumento educacional que pode ser

utilizado para trabalhar o ensino-aprendizagem, possibilita que as pessoas

envolvidas passem por um processo de ensino-aprendizagem onde o trabalho

coletivo é colocado como um caminho para se interferir na realidade. Isso porque a

experiência do trabalho com dinâmica promove o encontro de pessoas onde o saber

é construído junto74

.

Considerada um instrumento facilitador do processo educativo, quando bem

aplicada, pois de acordo com objetivo da dinâmica, ocorre troca de saberes entre o

cientifico e o senso comum através do dialogo. Ademais, apresenta se como uma

estratégia para discussão das situações de saúde, conduzindo o usuário a reflexão para

enfrentamento das situações vivenciadas.

Tem como objetivo investigar a experiência de seus membros a partir do

material emergente, enfocando o aspecto emocional, as crenças e ações de cada pessoa,

possuindo também conotação pedagógica na medida em que, eventualmente são

difundidas informações75

.

Relevância dos Aspectos Culturais- Teoria de Madeleine

Leninger

Essa teoria propõe três formas para se realizar o cuidado, considerando a cultura:

a preservação do cuidado – que se constitui naqueles cuidados já praticados por um

indivíduo, família ou grupo, benéficos ou mesmo inócuos para a saúde; a acomodação

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do cuidado – ações e decisões para assistir, dar suporte, facilitar as pessoas de

determinada cultura e adaptar-se ou negociar com provedores de saúde profissionais; e a

repadronização do cuidado – ações e decisões para facilitar os indivíduos e grupos a

reordenar, trocar ou, em grande parte, modificar seus modos de vida para o novo, o

diferente, beneficiando os padrões de cuidado à saúde38

.

Na sua aplicação, o enfermeiro considera os indivíduos, famílias ou grupos,

ativamente envolvidos no processo de cuidar, evitando as práticas de saúde

culturalmente impositivas37

.

Avaliação

Na avaliação dos grupos, a observação do enfermeiro coordenador como método de

avaliação da intervenção é o mais empregado. A observação é uma análise do

coordenador, a partir das ações dos participantes. Já a entrevista ou a aplicação de

questionário são métodos de análise dos participantes sobre a vivência no grupo. Todos

são propícios para a avaliação de um Grupo Operativo, mas adquirem maior magnitude

quando realizados em conjunto, pois expressam o olhar do enfermeiro e a vivência do

usuário.

Além disto, a relação entre observação e entrevista permite analisar não somente

o processo grupal, mas também o acompanhamento individual, uma vez que, segundo

Pichon-Rivière39

dentro de um grupo, os participantes possuem um duplo investimento:

buscam o reconhecimento pela igualdade grupal e o prestígio como indivíduo.

Registro

As anotações de enfermagem são consideradas um importante meio de

comunicação dentro da equipe de saúde, sobretudo quando realizadas com um

determinado padrão de qualidade.

A finalidade da anotação é, essencialmente, fornecer informações a respeito da

assistência prestada, de modo a assegurar a comunicação entre os membros da equipe de

saúde para assim garantir a continuidade das informações e, conseqüentemente, da

assistência prestada77

.

As atividades de práticas grupais devem ser registradas em prontuários, livro ata

de grupos educativos da unidade e no formulário do e-SUS.

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76

Quadro 2. Síntese do Protocolo para grupos de educação em saúde aos

hipertensos e diabéticos

ASPECTOS RELEVANTES PARA

REALIZAÇÃO DO GRUPO

PROPOSTA DO PROTOCOLO

TIPO DE GRUPO

Grupo Operativo para realização de tarefas

ESTRUTURA DO GRUPO

Fechado/Aberto

PLANEJAMENTO DO GRUPO

Temas (Demanda do usuário e profissional)

Contrato, acordo e Regras de convivência

Tamanho do GO (12 a 15 participantes)

Tempo (60 a 90 minutos) – De acordo com

Objetivo

Escolha do material de apoio: cartazes, folders

e outros similares, confecção de convites

Local e infra-estrutura: Unidade ou

comunidade

Coordenação, coordenador e equipe

multiprofissional

MÉTODO

Dialógico

Círculo- Método da Roda

ESTRATÉGIA DE ABORDAGEM

Dinâmicas de grupo

RELEVANCIA DOS ASPECTOS

CULTURAIS

Preservação, Repradonização e Acomodação

do cuidado cultural.

AVALIAÇÃO DO GRUPO

Durante o grupo observação do coordenador

Questionário de satisfação

Entrevista

Avaliação pelo coordenador e usuários

REGISTRO

Registro do grupo em livro ata/

E-SUS/ Prontuário

Fonte: Elaborado pela autora.

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77

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A investigação desse estudo evidenciou que a prática de grupos de educação em

saúde permeia pela Atenção Primária à Saúde com modos de atuação semelhantes. As

atividades desenvolvidas pelos enfermeiros prevalecem voltadas para controle da

doença. Sendo poucos enfermeiros que buscam temas para o grupo rompendo com o

modelo biomédico, lançando outras formas de abordagem levando em consideração

outros aspectos do usuário, que não o biológico.

A literatura científica confirmou a efetividade do atendimento em grupo

comparado ao atendimento individual e a necessidade de capacitação dos coordenadores

para realização de grupos. Entretanto, como lacuna infere a falta de métodos para

avaliação das práticas grupais e poucos estudos com bases teóricas que norteiam o

cuidado do enfermeiro coordenador

Os enfermeiros desvelam cuidados realizados nos grupos que se aproximam dos

teóricos e autores quanto ao planejamento, utilização das dinâmicas de grupo e método

dialógico no processo de integração, no entanto os enfermeiros ainda precisam de mais

aporte teórico para cada etapa que estrutura o processo grupal.

Por outro lado, o saber/fazer dos enfermeiros condiz com os achados da

literatura em que o processo grupal é realizado de forma intuitiva, desprovidos de

embasamento teórico para fundamentar o cuidado prestado. Infere que há uma

incompreensão e desconforto dos coordenadores ao se deparar com usuários que

desviam o tema do grupo ao sobrepor sua demanda no movimento grupal

desestruturando a dinâmica do grupo, isso aponta para um despreparo do coordenador

ou/ e não conhecimento de técnicas de grupo.

Os resultados encontrados neste estudo confirmam a necessidade de um

protocolo para fundamentar o trabalho em grupo do enfermeiro e a importância dele

para uma assistência prestada ao usuário embasada na ciência, assim como o despreparo

do coordenador de grupo pode impactar de forma negativa no processo de cuidar dos

usuários, deixando-os desacreditados em uma prática considerada revolucionária na

assistência aos portadores de doenças crônicas.

Considero como um limite desse estudo a quantidade de enfermeiros

participantes para entrevista, pois esta ocorreu no momento do processo seletivo e da

transição da forma de contratação dos funcionários do Programa Médico de Família, o

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78

que acarretou do não interesse de alguns enfermeiros participarem da pesquisa,

considerando que o número total de enfermeiros poderia ser maior se atendessem aos

critérios de inclusão e caso não houvesse saturação dos dados.

Apesar dessa limitação, acredito que o estudo atingiu os objetivos traçados,

apresenta relevância pela produção do conhecimento acerca de uma temática pouca

explorada e a possibilidade da prestação de um cuidado com mais qualidade assim

como provocar uma reflexão nos enfermeiros quanto à prática das atividades em grupo.

Essa pesquisa não se finaliza aqui pela necessidade de validação do protocolo

visando subsidiar o trabalho do enfermeiro com padronização de técnicas grupais a

partir de embasamento teórico que valorize as subjetividades de cada grupo.

Por conseguinte, a proposta é apresentar essa pesquisa para Gestão do Programa

Médico de Família para discussão de possibilidades de um desdobramento em

capacitação dos enfermeiros para realização de práticas grupais a partir do produto

elaborado.

Sendo assim, a partir da validação e utilização desse protocolo pelos enfermeiros

almeja-se possíveis impactos como maior segurança aos usuários e profissionais,

viabilização da produção de saúde, melhora na qualificação dos profissionais para a

tomada de decisão, a disseminação de conhecimento, a comunicação profissional e a

coordenação do cuidado.

Ademais, há possibilidades de novos estudos acerca dessa temática, pois esse

estudo é apenas um recorte da imensidão de questões que surgem ao investigar uma

prática profissional considerando os aspectos socioculturais.

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APÊNDICE 1- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO PARA ENFERMEIROS

TÍTULO: PROTOCOLO DE ENFERMAGEM PARA GRUPOS EDUCATIVOS

EM SAÚDE AOS HIPERTENSOS E DIABÉTICOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA.

Pesquisadores Responsáveis: Mestranda Viviane da Costa Melo e Prof. Dr. Enéas

Rangel Teixeira. Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa - Universidade

Federal Fluminense Rua Dr. Celestino, 74, Niterói - RJ CEP: 24020-091

Tel.: (21) 2629-9484 e (21)98177-7181.

Convidamos você a participar da pesquisa em questão. Lembramos que sua participação

é importante, porém voluntária. Os objetivos deste estudo são: conhecer os cuidados

realizados pelos enfermeiros nos grupos educativos em saúde aos hipertensos e

diabéticos do PMF; descrever como os grupos de educação em saúde para hipertensos e

diabéticos tem sido realizado pelos enfermeiros no PMF; discutir as atividades de

cuidados dos enfermeiros na assistência aos usuários hipertensos e diabéticos na

perspectiva sócio cultural visando como produto elaboração de um protocolo de

enfermagem para grupos educativos em saúde aos hipertensos e diabéticos do Programa

Médico de Família. Para que os objetivos do estudo sejam atingidos, os dados serão

coletados durante a entrevista, através de um instrumento contendo pergunta abertas e

fechadas por meio de gravação e observação participante nos grupos educativos

realizados na Clínica Comunitária da Família Professor Barros Terra- Badu.

Esclarecimentos sobre a pesquisa serão fornecidos quando for necessário, onde o

participante poderá recusar-se a participar ou retirar seu consentimento em qualquer

fase da pesquisa, sem nenhuma penalização e prejuízo ao mesmo. A pesquisa garante o

sigilo dos dados do entrevistado. Os resultados poderão ser publicados em artigos e na

dissertação. Você terá o direito de retirar seu consentimento a qualquer momento

deixando de participar do estudo, sem que isso lhe traga qualquer prejuízo.

Este documento será elaborado em duas vias, sendo uma retida pelo participante da

pesquisa e uma arquivada pelo pesquisador.

Eu, ________________________________________, RG nº __________________,

declaro ter sido informado sobre a pesquisa e concordo com minha participação, como

voluntário, no projeto de pesquisa acima descrito. Niterói, ____de _________de_____.

(Entrevistado)

Os Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) são compostos por pessoas que trabalham

para que todos os projetos de pesquisa envolvendo seres humanos sejam aprovados de

acordo com as normas éticas elaboradas pelo Ministério da Saúde. A avaliação dos

CEPs leva em consideração os benefícios e riscos, procurando minimizá-los e busca

garantir que os participantes tenham acesso a todos os direitos assegurados pelas

agências regulatórias. Assim, os CEPs procuram defender a dignidade e os interesses

dos participantes, incentivando sua autonomia e participação voluntária. Procure saber

se este projeto foi aprovado pelo CEP desta instituição. Em caso de dúvidas, ou

querendo outras informações, entre em contato com o Comitê de Ética da Faculdade de

Medicina da Universidade Federal Fluminense (CEP FM/UFF), por e.mail ou telefone,

de segunda à sexta, das 08:00 às 17:00 horas: E.mail: [email protected] Tel/fax: (21)

26299189.

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APÊNDICE 2- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO PARA USUÁRIOS HIPERTENSOS E

DIABÉTICOS.

Pesquisadores Responsáveis: Mestranda Viviane da Costa Melo e Orientador Dr Enéas

Rangel Teixeira.

Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa - Universidade Federal Fluminense

Rua Dr. Celestino, 74, Niterói - RJ CEP: 24020-091

Tel.: (21) 2629-9484 e (21)98177-7181

Gostaríamos de contar com sua colaboração para realização de uma pesquisa. Para isso

é importante que você conheça melhor o estudo. Seguem alguns esclarecimentos

importantes. Título: Protocolo de enfermagem para grupos educativos em saúde aos

hipertensos e diabéticos na Atenção Primária. Objetivos: 1. Conhecer os cuidados

realizados pelos enfermeiros nos grupos educativos em saúde aos hipertensos e

diabéticos do Programa Médico de Família; 2. Descrever como os grupos de educação

em saúde para hipertensos e diabéticos tem sido realizado pelos enfermeiros no

Programa Médico de Família; 3. Discutir as atividades de cuidados dos enfermeiros na

assistência aos usuários hipertensos e diabéticos do ponto de vista sócio cultural para

elaborar um material de trabalho que ajude o enfermeiro na realização de grupos

educativos em saúde aos hipertensos e diabéticos do Programa Médico de Família.

Informações sobre sua participação na pesquisa:

A sua participação é voluntária, podendo deixar de participar a qualquer

momento, se assim o desejar.

Em nenhuma hipótese haverá prejuízo em seu tratamento.

Seu nome não será revelado em nenhum momento na pesquisa.

As informações para esta pesquisa serão por meio de observações registradas em

diário de campo por mim, a pesquisadora durante as atividades em Grupo de

educação em saúde aos hipertensos e diabéticos realizados na Clínica

Comunitária da Família Professor Barros Terra Badu.

Em caso de duvidas poderá entrar em contato com Viviane (21) 98177-7181.

Eu,______________ RG nº_________, Idade__.esclarecido(a) sobre o estudo,

CONCORDO em participar de forma voluntária da pesquisa desenvolvida pela

Enfermeira Viviane da Costa Melo Niterói, ____de _________de_____

(Entrevistado)

Os Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) são compostos por pessoas que trabalham

para que todos os projetos de pesquisa envolvendo seres humanos sejam aprovados de

acordo com as normas éticas elaboradas pelo Ministério da Saúde. A avaliação dos

CEPs leva em consideração os benefícios e riscos, procurando minimizá-los e busca

garantir que os participantes tenham acesso a todos os direitos assegurados pelas

agências regulatórias. Assim, os CEPs procuram defender a dignidade e os interesses

dos participantes, incentivando sua autonomia e participação voluntária. Procure saber

se este projeto foi aprovado pelo CEP desta instituição. Em caso de dúvidas, ou

querendo outras informações, entre em contato com o Comitê de Ética da Faculdade de

Medicina da Universidade Federal Fluminense (CEP FM/UFF), por e.mail ou telefone,

de segunda à sexta, das 08:00 às 17:00 horas: E.mail: [email protected] Tel/fax: (21)

26299189.

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APÊNDICE 3- INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS

ROTEIRO ENTREVISTA- ENFERMEIRO

Entrevista nº____. Data de Aplicação: ___/____/____

BLOCO TEMÁTICO 1- PERFIL DO PARTICIPANTE

1. Nome: _______________________________. (Não entra no banco de dados).

2. Sexo:

3. Idade:

4. Unidade de atuação:

5. Tempo de Formado:

6. Tempo que atua na Saúde da Família:

7. Especialização na área:

8. Número de empregos:

9. Religião:

10. Renda:

11. Foi capacitado para realizar práticas grupais?

BLOCO TEMÁTICO 2- AS ATIVIDADES GRUPAIS E SUAS

CARACTERISTICAS

12. O trabalho em grupo parte de uma iniciativa sua ou trata-se de uma proposta

estabelecida pela instituição?

13. Qual a frequência em que você realiza atividades em grupo para hipertensos e

diabéticos?

14. Como é a estrutura do grupo?

a. - 1[ ]aberto 2[ ]fechado

b. - 1( )operativo 2( )terapêutico 3( ) outro: _________________

15. Qual é a finalidade deste grupo?

16. Quantos usuários participam por cada grupo realizado?

17. Você utiliza algum material para nortear e fundamentar as atividades grupais de

educação em saúde aos usuários hipertensos e diabéticos? Poderia citá-lo?

18. Quais são os conteúdos trabalhados nos grupos?

19. Como são realizadas e planejadas as atividades grupais em sua unidade?

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20. Qual o local da realização das atividades grupais?

21. Que dificuldade e facilidade você identifica ao realizar os grupos?

BLOCO TEMÁTICO 3- ESTRATÉGIAS DE AÇÕES UTILIZADAS

NAS ATIVIDADES GRUPAIS

22. Você utiliza alguma estratégia pedagógica para realização dos grupos de

educação em saúde aos usuários hipertensos e diabéticos?

23. Você poderia descrever como são essas estratégias?

24. O que é trabalhado em grupo que não pode ser trabalhado individualmente em

uma consulta?

25. Você considera e percebe os aspectos social, cultural e participativo durante a

realização dos grupos de educação em saúde aos usuários hipertensos e

diabéticos?

26. Você poderia citar um exemplo de uma situação em que os aspectos social,

cultural e participativo surgiram durante a execução do grupo?

27. Gostaria de relatar mais alguma coisa sobre sua experiência nesse campo?

BLOCO TEMÁTICO 4- AVALIAÇÃO DO GRUPO

28. É realizado o registro das atividades/ encontros?

1[ ]sim 2[ ]não

29. Em caso positivo, como é realizado esse registro?

30. Utiliza algum instrumento de avaliação das atividades realizadas?

1( ) Sim 2 ( ) Não

26.1 - Se não, Justifique.

26.2 - Se sim com que frequência?

[ ] Todos os encontros [ ] Eventualmente [ ] Raramente [ ] Outros

26.3- Que tipo de instrumento utiliza?

26.4 - Essas estratégias/instrumentos refletem resultados positivos sobre os clientes

participantes?

1 [ ] Sim 2[ ] Não

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ANEXO 1

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