o credo símbolo dos apóstolos -...

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1. O Ano da fé Neste ano da fé o Papa Bento XVI convoca toda a Igreja para uma meditação em pro- fundidade sobre o acto de fé propriamente dito – ou seja, a adesão do coração à Palavra de Deus como expressão da Sua Vontade que deseja que o homem viva e possa contemplar a glória de Deus – , mas também sobre os conteúdos fundamentais da nossa fé, que se encontram em síntese formulados no símbolo dos Apóstolos ou Credo. Com isto Bento XVI deseja vivamente que neste ano da fé todos os cristãos tenham a possibilidade de reavivar o entusiasmo do que significa acreditar, ou seja, confiar em alguém que merece confiança. O acto de fé está in- timamente ligado à esperança e à caridade, porque verdadeiramente só acreditamos em quem confiamos e só confiamos em que merece o nosso amor. A crise de fé na qual vivemos hoje, e que Bento XVI evoca na Carta Apostólica «Porta da fé», é também uma crise de confiança e uma crise de amor. Mesmo na nossa experiência humana, fé e fidelidade e amor estão intima- mente relacionadas, porque a fé/fidelidade é a vitória do amor sobre o tempo. Os 12 artigos do Credo sintetizam a doutrina dos 12 apóstolos os quais, conforme reza uma antiga tradição, se juntaram e cada um deles enunciou um aspecto/artigo da fé, do que todos acreditavam, e assim surgiu o credo dos apóstolos, os dados fundamentais da tradição apostólica, sobre os quais todos estavam de acordo e nesta base partiram para todo o mundo anunciando o Evangelho, de que o Credo é uma síntese harmoniosa e articulada. E é por isso que se fala nos artigos da fé, que são precisamente doze e estão de tal modo ligados uns aos outros que nenhum deles pode subsistir sem a sua relação com os outros, constituindo assim o que pode chamar-se a sinfonia da fé. 2. O primeiro artigo do Credo diz: creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra É o artigo mais importante do Credo, do qual todos os outros dependem, tal como nos dez mandamentos o primeiro é o mais importante, e os outros são o seu comentário e o desenvolvimento. O Credo Símbolo dos Apóstolos “Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra” Outubro de 2012

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Page 1: O Credo Símbolo dos Apóstolos - paroquiasaonicolau.ptparoquiasaonicolau.pt/pdf/13/anoFe_credo_ficha01.pdf · fundidade sobre o acto de fé propriamente dito – ou seja, ... velou

1. O Ano da féNeste ano da fé o Papa Bento XVI convoca toda a Igreja para uma meditação em pro-

fundidade sobre o acto de fé propriamente dito – ou seja, a adesão do coração à Palavra de Deus como expressão da Sua Vontade que deseja que o homem viva e possa contemplar a glória de Deus – , mas também sobre os conteúdos fundamentais da nossa fé, que se encontram em síntese formulados no símbolo dos Apóstolos ou Credo. Com isto Bento XVI deseja vivamente que neste ano da fé todos os cristãos tenham a possibilidade de reavivar o entusiasmo do que significa acreditar, ou seja, confiar em alguém que merece confiança. O acto de fé está in-timamente ligado à esperança e à caridade, porque verdadeiramente só acreditamos em quem confiamos e só confiamos em que merece o nosso amor. A crise de fé na qual vivemos hoje, e que Bento XVI evoca na Carta Apostólica «Porta da fé», é também uma crise de confiança e uma crise de amor. Mesmo na nossa experiência humana, fé e fidelidade e amor estão intima-mente relacionadas, porque a fé/fidelidade é a vitória do amor sobre o tempo.

Os 12 artigos do Credo sintetizam a doutrina dos 12 apóstolos os quais, conforme reza uma antiga tradição, se juntaram e cada um deles enunciou um aspecto/artigo da fé, do que todos acreditavam, e assim surgiu o credo dos apóstolos, os dados fundamentais da tradição apostólica, sobre os quais todos estavam de acordo e nesta base partiram para todo o mundo anunciando o Evangelho, de que o Credo é uma síntese harmoniosa e articulada. E é por isso que se fala nos artigos da fé, que são precisamente doze e estão de tal modo ligados uns aos outros que nenhum deles pode subsistir sem a sua relação com os outros, constituindo assim o que pode chamar-se a sinfonia da fé.

2. O primeiro artigo do Credo diz: creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terraÉ o artigo mais importante do Credo, do qual todos os outros dependem, tal como nos

dez mandamentos o primeiro é o mais importante, e os outros são o seu comentário e o desenvolvimento.

O CredoSímbolo dos Apóstolos

“Creio em Deus Pai Todo-Poderoso,Criador do céu e da terra”

Outubro de 2012

Page 2: O Credo Símbolo dos Apóstolos - paroquiasaonicolau.ptparoquiasaonicolau.pt/pdf/13/anoFe_credo_ficha01.pdf · fundidade sobre o acto de fé propriamente dito – ou seja, ... velou

Este artigo confessa a paternidade divina, pois Pai é o nome de Deus, que Jesus nos re-velou e nos ensinou a invocar no Pai-nosso. Daqui decorre que Ele é a origem de tudo o que existe, o homem e todos os seres que constituem o universo visível e invisível, e aqui está a proclamação da criação dos seres espirituais puros, os anjos. O mais importante, porém, é o que diz respeito à criação do homem, à imagem e semelhança de Deus, ou seja, um ser dotado de inteligência e de vontade, de capacidade de se relacionar com Deus e com os outros, na dinâmica da liberdade e do amor. É neste quadro que o Catecismo narra a história do pecado, como expressão da liberdade humana, do risco que representa para o homem ter sido criado como ser livre, tendo inscrito no seu ser o desejo do infinito, de ser como Deus. Neste primeiro artigo do Credo está assim enunciado todo o drama da história da humanidade, desta relação de liberdades entre Deus e o homem e dos homens entre si. Daqui decorre a visão cristã do homem e do mundo, das suas origens e do processo da história como drama ou seja como acção da liberdade, como risco e como aventura. É revelada ao homem a sua origem – de onde vem – e a sua finalidade – para onde vai. O homem tem a sua origem em Deus e Deus mesmo é a sua meta. Mas se a origem não depende do homem, a meta essa sim também depende do homem, pois aquele que nos criou sem nós, não nos salva sem nós. Estão assim lançados os dados com os quais a nossa história pessoal e colectiva se articula.

3. Para meditar1. Como tenho vivido este primeiro artigo de fé?

2. Tenho cultivado esta certeza de a origem do nosso ser estar radicalmente fundada em Deus?

3. Como tenho rezado o Pai-nosso, a oração que o Senhor nos ensinou e que é a resposta agradecida ao dom da vida que em Deus tem origem?

4. Tenho tido consciência de que o pecado representa em nós a pretensão de querer ser como Deus e como esta pretensão está tão enraizada em nós que podemos até perder a noção da nossa condição de criaturas e de filhos?

5. Tenho tido consciência de que a nossa origem e o nosso fim se encontram em Deus e de que Ele é o único necessário perante o qual todas as riquezas do mundo perdem o seu significado?

6. Tenho relacionado este primeiro artigo do Credo com o primeiro mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas ou, por outras palavras, nada antepor à Sua vontade?

Sugestão Bibliográfica:

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA nn. 198-430.J. RATZINGER, Introdução ao cristianismo (S. João do Estoril: Principia 2005) 71-138.

Paróquias da Baixa-Chiado, Lisboa com a colaboração do Prof. Doutor P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj