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  • 7/25/2019 O Contributo Das Atividades Ldicas Na Aprendizagem De

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    FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO

    Elisabete Maria Macedo Lopes

    O contributo das atividades ldicas na aprendizagem de

    L1 e L2

    Relatrio/ Mestrado de Estgio Pedaggico apresentado em Ensino do Portugus para o3 Ciclo do Ensino Bsico e Secundrio e Espanhol para o 3 Ciclo do Ensino Bsico e

    Secundrio

    Professor Orientador: Professor Doutor Manuel Ramos

    2013

    Classificao: Ciclo de estudos:

    Dissertao/relatrio/Projeto/IPP:

    Verso definitiva

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    FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO

    Elisabete Maria Macedo Lopes

    O contributo das atividades ldicas na aprendizagem de

    L1 e L2

    Relatrio/ Mestrado de Estgio Pedaggico apresentado em Ensino do Portugus para o

    3 Ciclo do Ensino Bsico e Secundrio e Espanhol para o 3 Ciclo do Ensino Bsico e

    Secundrio

    Professor Orientador: Professor Doutor Manuel Ramos

    2013

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    Resumo

    O presente trabalho tem por objetivo a reflexo sobre a utilizao de atividades

    ldicas na aprendizagem de L1 e L2. Como os professores se deparam, no dia a dia,

    com alunos cada vez mais desmotivados e desinteressados, ficam dificultados tanto o

    papel do professor, como o do prprio aluno, e a desejvel sintonia no processo de

    ensino-aprendizagem, que a todos beneficiaria, fica seriamente comprometida. Segue-

    se, implacvel, o insucesso escolar.

    a que surge, como recurso alternativo e/ou estratgico, o ldico, cuja principal

    finalidade cativar/ motivar os alunos para a aprendizagem e lev-los, custa do prazer

    e da satisfao que das atividades ldicas possvel extrair, compreenso. De outra

    forma os contedos inerentes ao estudo da lngua materna e estrangeira no seriam

    fceis de reter. A conscincia desta realidade fez com que achasse ser necessrio o

    desenvolvimento desta temtica, que se me apresenta desafiadora e atrativa.

    A nvel estrutural, o presente trabalho apresenta, depois da introduo do tema, o

    enquadramento terico, no Captulo I, cuja finalidade fundamentar a aplicao prtica

    apresentada no Captulo III, em que apresentarei propostas didticas desenvolvidas e

    trabalhadas em ambiente de sala de aula, durante o estgio pedaggico, entre outras. No

    meio fica o Captulo II, reservado a uma breve caracterizao da escola, do ncleo de

    estgio e das turmas com as quais trabalhei e abordei este tema. A partir da anlise dos

    dados apresentados ao longo destes captulos foi possvel aferir algumas concluses no

    mbito deste projeto de investigao. A elas reservei o Captulo IV.

    Palavras Chave:Ldico, motivao, aprendizagem, L1 e L2.

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    Abstract

    The aim of the current work is a reflection on the use of recreational activities in

    the process of learning a First Language and a Second Language. Every day teachers

    have to face students increasingly unmotivated and uninterested, which makes difficult

    not only the role of the teacher but also the one of the student and, because of this, the

    desirable harmony in the teaching-learning process, that would benefit all, becomes

    seriously endangered. Following this there is the, implacable, academic failure.

    Bearing in mind the reasons above, the recreational activities appear as analternative and/or a strategic resource, which aims to captivate / motivate students for

    the learning process and lead them, due to the pleasure and satisfaction that is possible

    to achieve through recreational activities, to the comprehension. If it wasnt the case, it

    wouldnt be easy to retain the contents inherent to the study of a mother tongue and a

    foreign language. The awareness of this reality has made me feel necessary to research

    about this theme, which I consider to be challenging and attractive.

    Structurally, this work presents, after the introduction of the theme, thetheoretical framework, in Chapter I, in order to substantiate the practical application

    presented in Chapter III, in which it will be presented the didactic proposals, among

    others, developed and worked in a classroom environment, during the teaching

    traineeship. In the middle there is Chapter II, reserved for a brief description of the

    school, the core of the traineeship and the classes with which I have worked and dealt

    with. From the analysis of the data presented in these chapters was possible to assess

    some conclusions in the context of this research project. To them I have reservedchapter IV.

    Key Words:recreational, motivation, learning, L1 and L2.

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    Agradecimentos

    Foi uma longa e rdua caminhada e, por isso, quero agradecer ao meu

    Orientador, o Professor Doutor Manuel Ramos, pela sua ajuda, apoio, compreenso e

    disponibilidade.

    Agradeo aos meus Orientadores de estgio, a Professora Ana Rosa Silva e o

    Professor Joaquim Lopes, por toda a dedicao, apoio e amizade.

    Agradeo minha amiga e colega de estgio Maria Manuel por todos osmomentos que partilhmos e por mutuamente nos termos apoiado e conseguido manter

    estveis quando tudo parecia ruir. Fomos umas valentes!

    Aos meus amigos, o meu muito obrigada pelo vosso apoio e carinho.

    Para o fim, deixo-vos a vs, razo da minha existncia e da minha essncia,

    minha adorada famlia! Aos meus pais, o meu muito obrigada por tudo, aos meus

    irmos por me apoiarem sempre e, finalmente, agradeo ao meu marido por todo o

    apoio, compreenso e, principalmente, por no me deixar desistir. Obrigada a todos vs!

    Nesta caminhada, que se mostrou mais longa do que havia inicialmente suposto,

    vivi a experincia mais maravilhosa da minha vida: fui me! Dedico, pois, esta

    dissertao minha filha Mariana, o bem mais precioso que na vida tenho e que me faz

    ver o mundo com outros olhos!

    A todos, obrigada!

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    Lista de abreviaturas utilizadas

    L1 Lngua materna (Lngua Portuguesa)

    L2 Lngua segunda (Lngua Espanhola)

    LE Lngua estrangeira

    ELE Espanhol Lngua Estrangeira

    UD Unidade Didtica

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    ndice Geral

    Introduo .10

    Captulo I O ldico 13

    1. O ldico

    1.1. O ldico e o seu significado/ importncia ao longo dos tempos...14

    1.2. O ldico e a pedagogia .18

    1.3. O ldico no processo ensino-aprendizagem .21

    1.4. A componente ldica e o papel do professor ....24

    1.5. Os alunos e a dimenso ldica ..........281.6. O ldico na aprendizagem de L1 e L2 ..31

    1.7.A motivao, momento privilegiado para a apresentao de contedos

    ldicos. Dois tipos de motivao.35

    Captulo II O contexto em que se desenvolveu o tema ...39

    1. A Escola Secundria Dr. Manuel Laranjeira ...40

    2. O ncleo de estgio .........413. Caracterizao das turmas .......41

    Captulo III O contributo das atividades ldicas na aprendizagem de L1 e L2:

    aplicao prtica ..44

    1. Objetivo da aplicao prtica ....45

    2. Propostas de atividades ldicas realizadas durante o estgio pedaggico a

    Lngua Portuguesa(L1) e a Lngua Espanhola (L2) ...................................472.1. A motivao, momento privilegiado para a apresentao de

    contedos ldicos ....................................................................................47

    2.2. Outros momentos da aula, outros exemplos de atividades: .............54

    2.2.1. Lngua Portuguesa L1 .........................................................54

    2.2.2. Lngua Espanhola L2 ..........................................................63

    3. Outras propostas didticas para Lngua Portuguesa (L1) e para Lngua

    Espanhola (L2) .............................................................................................76

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    Captulo IV Concluso ......85

    Referncias bibliogrficas 89

    ndice de Autor .............................................................................................................93

    Anexos 95

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    As atividades ldicas podem ser a luz que faltava para iluminar as mentes dos alunos.

    Marli P. dos Santos (2010: 9)

    Introduo

    O ensino , para ns, professores, um mundo cheio de desafios, dificuldades,

    barreiras e incertezas que tm que ser ultrapassadas e vencidas. nosso dever estar bem

    informados e alertar para as mais variadas e inesperadas situaes que vo surgindo no

    nosso percurso enquanto formadores e cabe-nos essencialmente fazer com que os

    nossos alunos se sintam parte de toda a comunidade educativa, onde eles so o centro

    do nosso trabalho, estudo e pesquisa. Torna-se, assim, necessrio que os discentes

    entendam a escola como potenciadora de saberes, aquisio de valores para a vida e, por

    isso, preciso senti-la de forma plena para que aprendam, evoluam com mais satisfao,

    mais realizao e, desta forma, sejam alunos mais interessados e motivados pelo seu

    prprio processo de ensino-aprendizagem e dele tenham mais conscincia.

    A minha escolha pela temtica do contributo das atividades ldicas na

    aprendizagem de L1 e L2 residiu principalmente por sentir que cada vez mais

    necessrio e urgente termos, na sala de aula, alunos mais motivados e mais interessados

    pelas matrias lecionadas e, dessa forma, alcanarem resultados mais positivos.

    Acredito que o ldico seja uma mais valia no processo da aprendizagem dos alunos e, se

    na realidade, o podermos tornar num recurso auxiliar de motivao e de despertar neles

    o gosto pelo desafio, pela aprendizagem e pela criatividade, ento importante coloc-

    lo em prtica. Devemos, no entanto, estar cientes de que no uma tarefa to simples

    como aparentemente possa parecer, pois necessrio ter em ateno uma srie de

    fatores na hora de pensar, delinear e planificar uma atividade ldica para trabalhar comos alunos na sala de aula.

    Quero frisar que o meu interesse por este tema, que para muitos pode ser

    interpretado como um tema menor ou at indispensvel na sala de aula o de reforar

    que h mais uma ferramenta, mais um recurso valioso que todos conhecemos,

    valorizamos e que nos acompanha a vida inteira, o ldico. A componente ldica est

    presente no nosso quotidiano em diversas situaes e em todas as fases da nossa vida,

    embora seja muito mais visvel e imediato na fase infantil. medida que crescemos a

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    dimenso ldica, a necessidade de brincar, de sermos espontneos ainda assim continua,

    mas de uma forma diferente como expectvel, pois faz parte do crescimento e

    amadurecimento. Contudo, todos gostamos e temos momentos de lazer, de deleite, de

    descompresso relacionados na sua maioria com momentos ldicos, por exemplo: jogos

    de cartas com os amigos, jogos de tabuleiro, palavras cruzadas, sopa de letras, jogos de

    mmica, jogos de memria, quebra-cabeas, etc. De referir ainda, que a prtica deste

    tipo de jogos/ atividades pode ajudar como terapia psicolgica e pode, inclusive, ajudar

    em algumas doenas porque de forma descontrada trabalham a memorizao e a

    agilidade de raciocnio.

    Este relatrio procura essencialmente despertar nos docentes um interesse

    crescente pela utilizao das atividades ldicas como um recurso capaz de provocar

    mudanas na motivao e interesse dos nossos alunos e, por conseguinte, numa maior e

    melhor realizao no processo ensino-aprendizagem.

    Darei incio a este estudo pela parte terica, analisando a questo do ldico,

    primeiramente num plano abstrato e teortico, que parte do geral para o particular,

    fundamentando deste modo o seu contributo para uma aprendizagem mais eficaz e

    efetiva e pondo em relevo o seu valor. Em relao parte prtica, apresentarei algumas

    propostas didticas elaboradas por mim e colocadas em prtica durante o estgio

    pedaggico em L1 (Lngua Portuguesa) e L2 (Lngua Espanhola). Alm delas, irei

    apresentar mais algumas propostas de atividades ldicas para ambas as disciplinas, pois

    as aulas que administrei durante o meu estgio ao longo de vrias UD (Unidades

    Didticas) foram, apesar de tudo, limitadas, quer em termos de nmero, quer em termos

    de temticas. Nesta parte prtica, pretendo referir todo o processo, contextualizando a

    apresentao e desenvolvimento de cada atividade ldica, assim como avali-la e referir

    os pontos que podem ser melhorados ou mesmo alterados. De facto, s colocando em

    prtica as vrias atividades apropriadas s turmas e aos alunos, que conseguimosreceber o seu feedback e perceber se a atividade resultou ou no e qual a razo ou

    razes para tal.

    Para mim, este tema importante porque visa fundamentalmente tornar as aulas

    mais aprazveis e simplificar as matrias que, muitas vezes se apresentam abstratas e

    difceis para um esprito jovem; mas o mais importante esperar que os alunos estejam

    mais despertos para a aprendizagem, mais interessados, mais motivados e que consigam

    obter melhores resultados; e mais do que reconhecerem que a escola importante para a

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    sua formao, sentirem-se bem com o aprender, o descobrir uma relao diferente

    com a escola, no a vendo como um castigo ou obrigao, mas sobretudo como um

    lugar onde desenvolvem as suas competncias, afiam as suas habilidades, assim como a

    criatividade, a socializao, o lugar onde se formam cidados melhores.

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    Captulo I O ldico

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    1. O ldico

    Em todos os tempos, para todos os povos, os brinquedos evocam as mais sublimes

    lembranas. So objectos mgicos, que vo passando de gerao a gerao, com um

    incrvel poder de encantar crianas e adultos. (Velasco, 1996)

    1.1.O ldico e o seu significado/ importncia ao longo dos tempos

    ldico(latim ludus, -i, jogo, divertimento, distraco, escolaprimria + -ico)adj.1. Relativo a jogo ou divertimento. = RECREATIVO2. Que serve para divertir ou dar prazer.

    priberam.pt

    Ldico tem a sua origem na palavra latina ludus e, como a definio do

    dicionrio comprova, relaciona-se com jogo, divertimento, distrao e prazer1. Se

    atendermos, nestas quatro palavras, facilmente nos apercebemos que todas elas tm um

    carcter positivo e apelativo e, por isso mesmo, o ldico acaba por ser quase sinnimo

    de algo que nos atrai, que nos motiva e que desperta em ns (crianas, adolescentes e

    adultos) reaes positivas e de descompresso do dia a dia, da vida agitada e atribulada

    a que todos estamos sujeitos.

    O ato de brincar e jogar faz parte da condio humana e -nos inerente: As

    atividades ldicas representadas pelos jogos, brinquedos e dinmicas so manifestaes

    presentes no cotidiano das pessoas e, portanto, na sociedade desde o incio da

    humanidade. (Marli P. dos Santos, 2010: 11). Desde a Antiguidade que o jogo ou o

    ldico fazem parte do quotidiano, esto presentes das mais variadas formas e so vrios

    os autores que tratam e relevam a importncia que os jogos tm na nossa formao

    enquanto cidados e o desenvolvimento que proporcionam, as sensaes que

    transmitem de descontrao, de lazer, de brincar e ao mesmo tempo a sua relao com a

    aprendizagem. O ldico, como bvio, est mais presente na infncia mas importante

    em todas as idades. A criana precisa de sentir-se atrada pelos jogos ou brincadeiras

    que lhe propomos para o seu desenvolvimento psicomotor, a linguagem, a socializao,

    a autoconfiana, o pensamento, o afeto ()

    1Significa ainda escola primria, o que revela a ligao e proximidade entre este nvel de ensino inicial ea pedagogia centrada no jogo

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    Si hacemos un breve recorrido histrico comprobamos que son muchos los autores que

    mencionan el juego como parte importante del desarrollo del nio. Entre los filsofos que

    abordan este tema est Platn, uno de los primeros que reconoce el valor prctico del juego.

    Asimismo Aristteles en varias de sus obras alude al tema del juego como parte del proceso

    de formacin.2

    Como j havia referido, so vrios os autores que estudaram e que se

    debruaram sobre o ldico, sobre os jogos. Como podemos verificar, Plato e

    Aristteles, dois dos filsofos mais conceituados da Antiguidade Clssica, tambm

    abordaram esta temtica e reconheceram o valor prtico dos jogos e a sua importncia

    no processo de formao. Segundo o autor Ferrari (2003: 7):

    Plato foi o principal deles e forma, com Aristteles, as bases do pensamento ocidental. A

    educao, segundo a concepo platnica, deveria testar as aptides do aluno (...) formulou

    modelos para o ensino por que considerava ignorante a sociedade grega de seu tempo. Por

    seu lado, Aristteles, que foi discpulo de Plato, planejou um sistema de ensino bem mais

    prximo do que se praticava realmente na Grcia de ento, equilibrado entre as atividades

    fsicas e intelectuais e acessvel a grande nmero de pessoas.

    Ludus est necessariusad conversationem humanae vitae.3

    So Toms de Aquino4, principal pensador da poca medieval, com esta frase

    acaba por valorizar o brincar como sendo essencial vida humana. Defende que o ser

    humano tem necessidade de repousar, descansar e que o faz atravs do brincar.

    preciso notar que, na poca medieval, a cultura estava essencialmente centrada na

    religio. O filsofo defende ainda a importncia do brincar no ensino: este no deveria

    ser enfadonho, nem aborrecido pois dessa forma comprometeria seriamente a

    aprendizagem.

    2FUENTES, N. Charo, El componente ldico en las clases de ELE.marcoELE. revista de didctica ELE / ISSN 1885-2211 / nm. 7, 2008, pp.3-4:http://marcoele.com/el-

    componente-ludico-en-las-clases-de-ele/3Toms de Aquino, Suma teolgicaII-II, 168, 3, ad 3.LAUAND, Jean, Deus Ludens - O Ldico no Pensamento de Toms de Aquino e na Pedagogia

    Medieval, 2000: WWW.hottopos.com/notand7/jeanludus.htm4Toms de Aquino (Roccasecca, 1225 - Fossanova, 7 de maro 1274) foi umpadre dominicano, filsofo, telogo, distinto expoente da escolstica, proclamado santo e Doutor da

    Igreja cognominado Doctor Communisou Doctor Angelicuspela Igreja Catlica.http://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A1s_de_Aquino

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    Avanando na Histria e voltando-nos para a era contempornea, do sculo XX,

    encontramos uma obra intituladaHomo Ludens do autor Johan Huizinga, um historiador

    holands, que atribuiu ao jogo um papel to fundamental como a reflexo e o trabalho.

    A sua obra dedica-se ao estudo do jogo como fenmeno cultural. Para o autor jogo era:

    [] uma atividade ou ocupao voluntria, exercida dentro de certos e determinados

    limites de tempo e de espao, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente

    obrigatrias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tenso e

    de alegria e de uma conscincia de ser diferente da vida quotidiana. (2004: 33)

    Dois autores incontornveis no que toca ao desenvolvimento e aprendizagem da

    criana so os psiclogos Jean Piaget5 e Lev Vigotsky6. Ambos reconhecidos pelo

    contributo que as suas teorias trouxeram para uma compreenso mais ampla e

    abrangente sobre a construo do conhecimento na criana, e tambm, a importncia

    que ambos reconhecem na utilizao do ldico para o seu desenvolvimento e para a sua

    aprendizagem.

    De acordo com Piaget (1978), o desenvolvimento da criana acontece atravs

    do ldico. Ela precisa de brincar para crescer, precisa do jogo como forma de

    equilibrao com o mundo. O autor refora uma questo particularmente importante,

    de que o jogo no pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para

    desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento fsico, cognitivo, afectivo e

    moral (1967: 32), Piaget defende, portanto, que o jogo ajuda construo do

    conhecimento, logo tem que ser encarado como um elemento fundamental na

    aprendizagem e no ensino.

    5Sir Jean William Fritz Piaget (Neuchtel, 9 de agosto de 1896 - Genebra, 16 de setembro de 1980) foi

    um epistemlogo suo, considerado um dos mais importantes pensadores do sculo XX. Defendeu umaabordagem interdisciplinar para a investigao epistemolgica e fundou a Epistemologia Gentica, teoriado conhecimento com base no estudo da gnese psicolgica do pensamento humano. Adaptado:http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Piaget6Lev Semenovitch Vygotsky (Orsha, 17 de Novembro de */*1896, Moscou, 11 de Junho de 1934) foi

    um psiclogo bielo-russo. Pensador importante em sua rea foi pioneiro na noo de que odesenvolvimento intelectual das crianas ocorre em funo das interaes sociais e condies de vida.

    Veio a ser descoberto pelos meios acadmicos ocidentais muitos anos aps a sua morte, que ocorreu em1934, por tuberculose, aos 37 anos. Adaptado: http://pt.wikipedia.org/wiki/Vigotsky

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    Segundo o autor Lev Vigotsky (1989):

    O ldico influencia enormemente o desenvolvimento da criana. atravs do ldico que a

    criana aprende a agir, a sua curiosidade estimulada,adquire iniciativa e autoconfiana,

    proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentrao.7

    Vrios foram os autores8 das mais diversas reas, alm dos referenciados

    anteriormente, que dedicaram pesquisas e estudos sobre a questo do ldico, dos jogos

    como meio de desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem. Ao longo dos tempos o

    ldico foi encarado de diferentes formas, primeiramente com jogos coletivos e mais

    direcionados para os adultos. Posteriormente direcionou-se mais para a criana e para os

    seus benefcios quando aliado educao. Reconheceram a utilidade do ldico, na

    questo do prazer e do agradvel, e de que a brincar tambm se aprende, se cresce, seadquirem competncias, autonomia, mais criatividade ()

    Como h um considervel nmero de teorias sobre a importncia do ldico e da

    sua dificuldade numa s definio, cito a autora Marli P. dos Santos:

    () Todo o ser humano sabe o que brincar, como se brinca, por que se brinca, mas a

    grande dificuldade surge no momento em que se pretende formular um conceito claro sobre

    o ldico. Nesse momento, as palavras so insuficientes, pois h necessidade de abandonar a

    emoo e mergulhar nas trilhas da razo. Ser que, para ter credibilidade, o ldico tem queser racionalizado? Por que cada pessoa no pode conceituar o ldico pelo que sente e no

    pelo que as palavras possam dizer? Assim, o ldico teria um conceito sentido pela emoo

    e no pela razo, mais vivido e menos teorizado. Talvez seja por isso que no h consenso

    quando se define o brincar. (2010: 11)

    7MONTEIRO, J. L.Jogo, interactividade e tecnologia: uma anlise pedaggica. Cadernos da pedagogia

    ano I vol. 01 janeiro/julho de 2007, p.130.

    http://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/viewFile/11/118Podemos referir nomes de outros autores que se dedicaram a estudos e teorias que ligam ldico/jogocom o ensino como: Rosseau, Pestalozzi, Dewey, Frobel, Decroly, Roger Caillois, Bruner, entre outros.

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    1.2. O ldico e a pedagogia

    Tanto as atividades ldicas quanto a educao so indispensveis vida humana quando

    situadas como ingredientes que ofeream melhoria para a qualidade de vida das pessoas.

    Santa Marli P. dos Santos (2010: 9)

    A escola deve ser um local de formao para a vida e no ser encarada, por uma

    parte dos alunos, como uma obrigao, um castigo que lhes imposto sem qualquer

    recompensa. Se detivermos a nossa ateno nesta questo que muitos dos nossos alunos

    sentem dessa forma a escola, verificaremos que o nosso papel como professores torna-

    se mais dificultado, dado que os alunos no se sentem motivados, nem interessados emaprender, em ter aquela curiosidade s de quererem saber sempre mais, de indagarem

    constantemente. Da que, para despertar tal curiosidade, sobretudo nos alunos mais

    novos, seja necessrio ligar o ensino ao ldico, mas sem infantilizar.

    O sistema educativo, como qualquer outro sistema, tem que se atualizar

    constantemente, tem que estar a par de iniciativas que auxiliem e tentem diminuir o

    insucesso e o abandono escolar, o desinteresse dos alunos, a desconcentrao, a

    indisciplina na sala de aula, entre outros fatores. muito importante recorrer a

    estratgias, entre as quais as estratgias que recorrem no ldico, para elevar o interesse

    dos estudantes, a participao na sala de aula e, em consequncia, os resultados

    escolares.

    Justamente a autora Marli P. dos Santos aponta a utilizao das atividades

    ldicas como uma estratgia vivel no futuro da educao, uma vez que estas tendem a

    ser mais abertas, criativas e dinmicas. Salienta a importncia das prticas pedaggicas

    estarem em constante atualizao e, por isso, deve-se procurar sempre alternativas que

    auxiliem no sucesso escolar:

    As prticas pedaggicas atuais tm por tarefa construir competncias, buscar novos

    conhecimentos, procurar mtodos ativos, tornar as disciplinas menos rgidas, respeitar os

    alunos, utilizar didticas mais flexveis, buscar avaliaes mais formativas, usar novas

    tecnologias e tratar os alunos atravs de tcnicas reflexivas. Essas prticas tendem, no

    futuro, a mudar a educao e um dos caminhos viveis pode ser a utilizao das atividades

    ldicas, pois estas tm a possibilidade de ajudar na busca de mudanas, uma vez que

    tendem a ser mais abertas, criativas e dinmicas.(2010: 21)

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    Atravs dos jogos ldicos as crianas brincam e aprendem, juntam-se aqui dois

    ingredientes essenciais vida humana: o prazer e o conhecimento. Se, na realidade, os

    pudermos juntar e continuar a desenvolver atividades com componente ldica e que

    estas nos acompanhem pelo nosso percurso como indivduos e profissionais, ento

    gratamente reconhecemos que o ldico, quando aliado pedagogia, torna-se num

    elemento importante e enriquecedor. Como um recurso auxiliar, contribui para que a

    aprendizagem dos nossos alunos possa ser mais produtiva e eficaz, pois tudo gira em

    torno dessa questo: da aprendizagem ser mais efetiva e que os nossos discentes sintam

    prazer em aprender e ainda que isso sobressaia nos resultados alcanados.

    O ldico torna-se assim numa mais valia, numa ferramenta que, bem trabalhada,

    bem elaborada, pode obter resultados muito positivos e, por isso, necessrio que lhe

    seja dedicado mais tempo, mais estudo, que seja implementado de uma forma mais

    marcante e percetvel nas escolas e no ensino.

    Uma outra autora, Tezani (2004) defende a importncia do jogo na educao

    escolar, aponta os benefcios da sua utilizao e reala o facto de este ser muito

    relevante na educao escolar:

    O jogo no simplesmente um passatempo para distrair os alunos, ao contrrio,corresponde a uma profunda exigncia do organismo e ocupa lugar de extraordinria

    importncia na educao escolar. Estimula o crescimento e o desenvolvimento, a

    coordenao muscular, as faculdades intelectuais, a iniciativa individual, favorecendo o

    advento e o progresso da palavra. Estimula a observar e conhecer as pessoas e as coisas do

    ambiente em que se vive. Atravs do jogo o indivduo pode brincar naturalmente, testar

    hipteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa.

    Outro autor ainda, Prieto Figueroa, reconhece tambm a importncia dos jogos

    didticos para a educao, uma vez que estes contribuem para o desenvolvimento e

    aprendizagem dos alunos. Reconhece ainda o jogo como sendo um elemento essencial

    vida humana e que afeta de forma diferente cada fase. Destaca o jogo livre para a

    criana e o jogo sistematizado para o adolescente:

    El juego, como elemento esencial en la vida del ser humano, afecta de manera diferente

    cada perodo de la vida: juego libre para el nio y juego sistematizado para el adolescente.

    Todo esto lleva a considerar el gran valor que tiene el juego para la educacin, por eso hansido inventados los llamados juegos didcticos o educativos, los cuales estn elaborados de

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    tal modo que provocan el ejercicio de funciones mentales en general o de manera particular.

    (1984: 85)

    Se, na realidade, o ldico pode e deve ser um aliado com o ensino, a verdade

    que se verifica por parte das escolas e de muitos educadores alguma relutncia emexplorar este recurso estimulador, potenciador e capaz de desenvolver competncias

    e inteligncias como nos refere Marli P. dos Santos:

    A escola, de modo geral, tem-se preocupado pouco com o valor prtico da ludicidade. Os

    educadores exigem que os alunos prestem ateno, contem histrias, demonstrem memria,

    tenham pensamento lgico, criatividade e imaginao, mas quando oferecem atividades

    ldicas, estas esto dissociadas do contexto do aluno e, tambm, de qualquer tipo de

    aprendizagem. Eles no tm o hbito de desenvolver habilidades e nem de usar os jogoscomo estratgias de interveno psicopedaggica. Portanto, no aproveitam o ldico para

    afiar as habilidades e de desenvolver competncias e inteligncias. (2010: 13)

    fundamental que se perceba a importncia das atividades ldicas aplicadas

    num contexto bem definido, com regras claras e precisas tanto para os professores,

    que levam a atividade para a sala de aula, como para os alunos, que a vo realizar.

    Muitos educadores ainda confundem e apresentam este tipo de atividades fora do

    contexto lecionado na aula, apresentam-nas como simples passatempo, recreio e,

    desta maneira, obviamente no desenvolvem nem aproveitam as competncias e

    habilidades para a aprendizagem. Esta problemtica centra-se mais nas escolas de

    modelo mais tradicional, onde o aluno mero espetador e ouvinte, tem um papel

    passivo e onde o professor ocupa o papel central e monopolizador. Todavia, tem-se

    notado um esforo para que a escola seja aberta a mudanas, visto ser necessrio que

    o sistema educacional evolua, atualize e se coloque a par de iniciativas que se

    mostrem produtivas e eficazes no processo ensino-aprendizagem.

    Brincar com crianas no perder tempo, ganh-lo; se triste ver meninos sem escola,

    mais triste ainda v-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exerccios estreis,

    sem valor para a formao do homem. (Carlos Drummond de Andrade)

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    1.3. O ldico no processo ensino-aprendizagem

    aprendizagems. f.1. Acto ou efeito de aprender.2. Tempo durante o qual seaprende. = APRENDIZADO3. Experincia que tem quemaprendeu. =APRENDIZADO

    Adaptado de priberam.pt

    O processo de ensino aprendizagem deve ser algo prazeroso que nos d vontade de

    continuar.

    Maria Clara Fraga Lopes

    importante a vontade de aprimorar o conhecimento: tudo motivo para aprendizagem e

    crescimento. Nunca perca a curiosidade e a vontade de progredir, independente de sua

    idade.

    Perfect Liberty

    Por aprendizagem significativa, entendo, aquilo que provoca profunda modificao no

    indivduo. Ela penetrante, e no se limita a um aumento de conhecimento, mas abrange

    todas as parcelas de sua existncia.Carl Rogers

    A alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e aprender ainda mais.

    Aristteles

    A aprendizagem representa na vida de qualquer ser humano o desenvolvimento

    do conhecimento e processa-se de diferentes formas nas diferentes fases da vida:beb, criana, adolescente, adulto e idoso. Em todas elas, a aprendizagem deve

    possuir caractersticas que a tornem digna de interesse, que se deseje saber e

    aprender mais, que se tenha curiosidade em indagar, prazer e alegria no descobrir/

    conhecer novos contedos. Logo, aprender deveria relacionar-se com interesse,

    prazer, alegria e, desta forma, o processo ensino-aprendizagem seria certamente mais

    cativante, motivador e com bons resultados.

    No entanto, as escolas tm-se deparado com srios problemas (j referido no

    ponto anterior) e estes tm sido abordados no sentido de encontrar respostas capazes

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    de provocar mudanas, de alcanar estratgias que consigam inverter esta situao

    to complicada no sistema educativo. Um recurso que tem vindo a despertar cada vez

    mais a ateno das escolas e, claro, dos professores a utilizao do ldico na

    aprendizagem, pois quando se aprende de forma agradvel, de forma mais

    descomprimida, por norma conseguem-se melhores resultados. Na realidade,

    necessrio recorrer a ferramentas que possam ser uma mais valia no que concerne

    aprendizagem dos nossos alunos, ao seu interesse e motivao por aquilo que esto a

    aprender.

    Macedo, Petty & Passos (2005: 10) O que significa aprendizagem? Propomos

    () que consideremos as diferentes partes que compem essa palavra: a+ aprendiz+

    agem. O sufixo agem que substantiva o verbo a+ prender. Prender o mesmo que

    atar, fixar, pregar em. Seu correspondente etimolgico apreender significa

    abarcar com profundidade, compreender, captar. O prefixo a- (ad-), indica

    aproximao, movimento em direo a (). Segundo os autores, a aprendizagem

    deve ser realizada de forma, a que tenhamos a capacidade de fixar/ ligar e

    compreender os contedos adquiridos, pois a aquisio de conhecimentos que

    fazemos durante a nossa vida faz parte de um processo evolutivo e gradual.

    Quando falamos em ensino-aprendizagem falamos obviamente de um processo,

    pois o que se pretende que se progrida, se evolua e que, atravs de diversos

    mtodos aplicados no sistema educativo, este obtenha certos resultados, neste caso,

    pretende-se obviamente o sucesso dos nossos alunos, a obteno de bons resultados.

    Surge-nos ento um caminho vivel, o ldico, que necessita de mais estudos, de mais

    atualizaes principalmente pelos professores, para que a sua implementao seja

    cada vez mais visvel e significativa, nas salas de aula e fundamentalmente nos

    nossos alunos.

    A propsito do ldico como cincia, a autora Marli P. dos Santos defende:

    A ludicidade, como cincia, fundamenta-se em quatro eixos: o sociolgico, o psicolgico, o

    pedaggico e o epistemolgico. Sociolgico, porque a atividade de cunho ldico engloba

    demanda social e cultural. Psicolgico, porque se relaciona com o processo de

    desenvolvimento e aprendizagem do ser humano em qualquer idade em que se encontre.

    Pedaggico, porque se serve tanto da fundamentao terica existente como das

    experincias educativas provenientes da prtica docente. Epistemolgico, porque tem

    fontes de conhecimentos cientficos que sustentam o jogo como fator de desenvolvimento.(2010: 18)

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    A anterior citao comprova a importncia do ldico e os quatro eixos nos quais

    assenta, da a autora definir ludicidade como uma cincia, mas logo de seguida fala

    das resistncias que os agentes da educao tm contra o ldico e que de difcil

    implementao na escola, devido a variados fatores:

    No fcil transformar uma realidade e isso no acontece de uma hora para a outra, pois as

    prticas docentes so diversas, as concepes dependem de cada educador, pois os

    educadores, mesmo leccionando a mesma disciplina e trabalhando na mesma escola,

    diferem em suas concepes. Por outro lado, sabe-se que uma mudana s ocorre ao longo

    de um perodo e, para que acontea, necessrio que existam pessoas inovadoras, criativas

    e capazes de incentivar a busca por novos caminhos que possam levar transformao.

    (2010: 21)

    As mudanas no so fceis de ocorrer, exigem uma srie de circuntncias e, no

    que concerne ao sistema educativo, implicam obviamente diversas prticas docentes,

    vrias disciplinas, programas curriculares que tm que ser cumpridos, muita

    burocracia e claro est, preciso tambm que haja educadores que sejam criativos,

    que estejam recetivos no s mudana como serem eles prprios agentes dessa

    mudana. Desta forma, podero, quem sabe, levar outros colegas a serem mais

    inovadores e buscarem estratgias para melhorarem a aprendizagem dos alunos.

    Tudo converge para que o processo ensino-aprendizagem seja mais eficaz, produtivo,

    agradvel e de interesse para a mente, tanto de quem aprende como de quem ensina.

    As vantagens do ldico ficam mais uma vez assinaladas neste texto de Juliana

    Tavares. As vantagens do seu uso ultrapassam em muito o campo da escola:

    [] o ldico pode contribuir de forma significativa para o desenvolvimento do ser humano,

    seja ele de qualquer idade, auxiliando no s na aprendizagem, mas tambm no

    desenvolvimento social, pessoal e cultural, facilitando no processo de socializao,

    comunicao, expresso e construo do pensamento. Vale ressaltar, porm, que o ldico

    no a nica alternativa para a melhoria no intercambio ensino aprendizagem, mas uma

    ponte que auxilia na melhoria dos resultados por parte dos educadores interessados em

    promover mudanas.9

    9 MAURCIO, Juliana Tavares. Aprender brincando: O ldico na aprendizagem, p.18.

    http://www.profala.com/arteducesp140.htm

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    1.4. A componente ldica e o papel do professor

    Professor || (latimprofessor, -oris)

    s. m.1. Aquele que ensina uma arte, uma actividade, umacincia, uma lngua, etc.2. Pessoa que ensina em escola, universidade ou noutroestabelecimento de ensino. = DOCENTE[]5. Entendido, perito.adj.6. Que ensina.

    Adaptado de priberam.pt

    O professor um dos elos mais importantes dentro do chamado sistemaeducativo. Como a prpria definio diz: o professor aquele que ensina, portanto, que

    instrui.

    O papel do professor foi-se modificando ao longo dos tempos. Nos dias de hoje,

    o educador visto cada vez mais como um orientador e mediador, abandonando assim o

    papel central e autoritrio que lhe estava confinado na designada escola tradicional.

    Tambm o papel passivo dos alunos pertence cada vez mais ao passado. Hoje os alunos

    tm um papel mais central e ativo e esto mais conscientes do seu prprio processo deensino-aprendizagem.

    Alunos estimulados e motivados o desejo e ambio de todos os docentes, pois

    no h nada mais significativo do que ensinar alunos que queiram efetivamente

    aprender e que gostem de estar na escola, e no a sintam como uma priso. nesse

    sentido que a escola necessita de procurar solues, respostas capazes de manter os

    alunos motivados, incentivados para o ensino-aprendizagem. E, os professores tm um

    papel bastante ativo neste sentido, pois so eles que lidam diretamente com os alunos e

    que mais facilmente se apercebem do desnimo, da indisciplina, do desinteresse, da

    falta de motivao, das dificuldades cognitivas, etc.

    Como defendem as autoras Santos e Balancho, necessria uma mudana da

    educao e, para isso preciso mudar mentalidades; e acrescentam ainda que cabe ao

    professor o papel mais preponderante, pois ele dever ser o mais lcido e conhecedor da

    realidade escolar:

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    [] Essa atitude pressupe a capacidade de mudar a educao por dentro, provocando a

    alterao das mentalidades de todos os protagonistas do processo educativo. A iniciativa

    cabe, necessariamente, ao professor, porque ele dever ser, de entre todos, o mais lcido

    dos protagonistas: pela vocao de sujeito atento, que opera e que transforma; pelo

    posicionamento estratgico que ocupa; pela sua cosmoviso, favorvel, por inerncia defunes, activao dos mecanismos que conduzem comunicao aberta; pela

    capacidade de definio de uma atitude pedaggica assente no dilogo criativo.10

    De facto, os educadores/ professores procuram alternativas e estratgias capazes

    de tornar o seu trabalho mais eficiente e mais produtivo, porque entenderam que as

    atividades ldicas so uma grande valia na tentativa de alcanar uma aprendizagem

    mais significativa quer como alunos quer como pessoas. Marli P. Dos Santos (2010: 7)

    fala precisamente desse af dos professores em captar a ateno dos seus alunos e

    tornarem o seu ensino mais atraente, aguar tambm adoo de prticas ldicas:

    Os profissionais de educao, na sua grande maioria, tm a inteno de fazer um trabalho

    pedaggico mais eficiente; por isso, nesse meio, a discusso sobre a melhoria do ensino

    tem-se voltado para a busca de alternativas que tornem o ensino mais atraente e que

    proporcionem uma aprendizagem significativa pela via do prazer, do afeto, do amor e do

    despertar de emoes, pois a falta de concentrao dos alunos, o desinteresse pelas aulas, a

    indisciplina, a ansiedade, a falta de capacidade de memorizao, de lgica e de apropriao

    dos contedos tem sido a tnica das discusses escolares. Os educadores j perceberam

    tambm que a atividade ldica uma das mais educativas atividades humanas e no serve

    somente para aprender contedos escolares, mas tambm para afiar habilidades e educar as

    pessoas a serem mais humanas.

    E noutro passo:

    O educador do novo milnio deve promover novos e estimulantes desafios, contextualizar

    contedos, outrora ministrados sem valor prtico, pois, enquanto o aluno no perceber a

    utilidade do que aprende na escola para a sua vida, sentir os contedos sem significado e a

    escola desnecessria.11

    10SANTOS, Ana Maria Ribeiro dos, BALANCHO, Maria Jos S,A criatividade no ensino do portugus,

    1992, p.8.11

    SANTOS, Santa Marli P. Dos, O brincar na escola Metodologia Ldico-vivencial, coletnea dejogos, brinquedos e dinmicas, 2010, p. 23.

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    Obviamente o professor ao traar, delinear e planificar uma atividade de

    componente ldica precisa estar ciente do que pretende. Necessita definir objetivos

    claros e precisos, e aspeto muito importante, tem de atender sempre aos grupos de

    alunos aos quais vai aplicar a atividade, pois este um dos principais fatores que

    contribuem ora para uma maior implementao das atividades ldicas no processo

    ensino-aprendizagem, ora para a inibio de as colocar em prtica, no caso de em

    turmas mais difceis, com alunos mais perturbadores. Por isso, as regras, na hora de

    elaborar uma atividade ldica, serem de extrema importncia.

    Receios de falhar vo existir sempre. H que ter em conta que no ensino todos os

    materiais a que recorremos, que elaboramos e que adaptamos so pensados para o

    desenvolvimento e aprendizagem dos nossos alunos, para o seu sucesso. H sempre

    uma espcie de incerteza quando levamos sala de aula um material diferente dos

    habituais, mas importante faz-lo pois o nosso trabalho, enquanto professores, ,

    acima de tudo, conseguir que os nossos alunos se sintam interessados.

    Para Celso Antunes (2001), naturalmente que um professor empenhado e

    preocupado com o sucesso dos seus alunos ter mais hipteses de despertar a sua

    ateno e acabar por ver os seus esforos recompensados:

    Um professor que adora o que faz, que se empolga com o que ensina, que se mostra

    sedutor em relao aos saberes de sua disciplina, que apresenta seu tema sempre em

    situaes de desafios, estimulantes, intrigantes, sempre possui\ chances maiores de obter

    reciprocidade do que quem a desenvolve com inevitvel tdio da vida, da profisso, das

    relaes humanas, da turma [...]

    E noutro passo, a propsito da adaptao do professor aos novos tempos:

    O professor do sculo XXI precisa se adequar s transformaes tecnolgicas, adquirindo

    novas competncias e habilidades para que possa no s ensinar como tambm aprender a

    conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto e aprender a ser. Antunes (2001)

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    Marli P. dos Santos tem uma posio muito semelhante face ao papel do

    professor e ao ldico:

    () o educador ldico deve ser um profissional srio, que estuda, que pensa, que

    pesquisa, que experimenta, dando um carter de cientificidade a seu trabalho e, ao mesmo

    tempo, uma pessoa que vivencia, que chora, que ri, que canta e que brinca, dando um

    carcter de humanizao ao trabalho escolar. Esse conceito possibilita vislumbrar um

    educador holstico que une razo e emoo. Se ele agir assim em sala de aula possivelmente

    os alunos tero uma formao diferenciada. (2010: 23-24)

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    1.5. Os alunos e a dimenso ldica

    H um mundo a ser descoberto dentro de cada criana e de cada jovem. S no consegue

    descobri-lo quem est encerrado dentro do seu prprio mundo. (Augusto Cury)

    Nos pontos tratados anteriormente, j foi referida informao sobre a vantagem da

    utilizao de atividades ldicas nas salas de aula, tendo estas como principal funo a

    motivao, o interesse e, claro, a melhoria dos resultados escolares dos nossos alunos.

    Estes so o cerne de toda a nossa preocupao e razo suficiente para, procurar

    iniciativas vlidas que contribuam para um melhor desempenho dos seus processos de

    ensino-aprendizagem.

    O aluno tem que perceber as mudanas e as implementaes das estratgias queos professores levam sala de aula e quais os seus propsitos, pois, se assim no

    ocorrer, ento o erro ser do docente, e este no poder sentir-se admirado por

    determinada tarefa/ atividade no ter funcionado. No caso de lhes apresentar um jogo

    didtico, por exemplo, sem especificar o que realmente pretende com a atividade, o

    mais passvel de acontecer que os alunos encarem isso como momento de pausa, de

    recreio, de descontrao e, tornem esse momento num grande tormento para o

    professor, que no soube definir os limites e as regras para esse momento da aula.Os alunos, assim como qualquer pessoa, gostam de se sentir estimulados e

    desafiados, gostam de atividades que quebrem as rotineiras. necessrio inovao e,

    por isso, defende-se o uso do ldico como um recurso potenciador e apelativo para

    despertar nos nossos alunos o seu poder de imaginao, a sua criatividade, a sua

    capacidade de trabalhar em grupo, de respeitar colegas e professores, de resgatar o

    interesse; pelo prazer de aprender.

    Para Rubem Alves o ldico tem a capacidade potenciadora de abrir novoscaminhos:

    O ldico privilegia a criatividade e a imaginao, por sua prpria ligao com os

    fundamentos do prazer. No comporta regras preestabelecidas, nem velhos caminhos j

    trilhados, abre novos caminhos, vislumbrando outros possveis.12

    12ALVES, Rubem,A gestao do futuro, 1987.

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    No confundamos a educao ldica com a mera distrao ou brincadeira vulgar.

    Para Almeida (1994: 10), a educao ldica est distante da conceo ingnua de

    passatempo, brincadeira vulgar, diverso superficial. A educao ldica uma ao

    inerente na criana, adolescente, jovem, adulto e aparece sempre como uma forma

    tradicional em direo a algum conhecimento, que se redefine na elaborao constante

    do pensamento individual em permutaes constantes com o pensamento coletivo.

    Trabalhar com atividades ldicas permite aos alunos:

    Desenvolver a criatividade, imaginao e a sociabilidade;

    Reforar os contedos lecionados;

    Reforar o respeito pelas regras, colegas e professores;

    Aceitar diferentes opinies;

    Adquirir novas competncias e habilidades;

    Reforar os laos com os seus companheiros, coeso grupal;

    Saber lidar com os resultados (principalmente quando se perde ou erra);

    Tornarem-se mais seguros e confiantes;

    Serem mais espontneos (o ldico inerente condio humana) e uma

    maior e melhor integrao quer na turma, quer na escola;()

    O aluno co-responsvel na apresentao de atividades ldicas. Cabe-lhe

    tambm o sucesso ou fracasso de uma atividade, pois depende muito de como reage

    atividade proposta, e sabe-se que h situaes em que os discentes no do sequer

    espao para que o professor leve para a aula atividades ou jogos ldicos devido,

    principalmente, a fatores de indisciplina. Os alunos, pelo contrrio, podem e devem atfazer sugestes de atividades de componente ldica aos seus professores e, se estas

    resultarem eficazes, ento mais motivos haver para que este recurso seja aproveitado e

    trabalhado na sala de aula; e que, desta forma, o ensino parea mais atraente e apelativo

    aos nossos alunos e, por conseguinte, a escola seja vista como um stio mais agradvel e

    cheio de oportunidades.

    Escola obrigatria que no ldica no segura os alunos, pois eles no sabem nem tm

    recursos cognitivos para, em sua perspectiva, pensar na escola como algo que lhes ser bom

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    em um futuro remoto, aplicada a profisses que eles nem sabem o que significam. As

    crianas vivem seu momento. Da seu interesse despertado por certas atividades, como

    jogos e brincadeiras. Nessas atividades, o que vale o prazer, o desafio do momento.

    (MACEDO, PETTY & PASSOS, 2005: 17)

    Termino com uma citao de Saint-Exupry sobre cativar, pois relaciono-a com o

    uso do ldico nas escolas. um recurso potenciador e pode-se optar por trabalh-lo ou

    no, mas caso o faamos e resulte tudo bem, ento, passa a ser algo necessrio para

    tornar as aulas mais atrativas, ter os alunos mais interessados e motivados pela

    aprendizagem, pelo saber.

    Eu no preciso de ti. Tu no precisas de mim. Mas, se tu me cativares, e se eu te

    cativar...Ambos precisaremos um do outro. A gente s conhece bem as coisas que cativou.

    Tu te tornas eternamente responsvel por aquilo que cativas! (Antoine de Saint-Exupry)

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    1.6. O ldico na aprendizagem de Portugus (L1) e Espanhol (L2)

    A aprendizagem de lnguas, tal como a aprendizagem de qualquer outra disciplina,

    deve ser realizada com motivao, interesse, empenho Contudo, sabemos que a

    realidade escolar est longe de conseguir ser um espao que rena consenso quanto

    viso dos alunos sobre estar na escola e sobre aprender, como j foi anteriormente

    referido.

    Particularizando a questo do ldico com a aprendizagem efetiva de lnguas, neste

    caso em estudo L1 Lngua Portuguesa e L2 Lngua Espanhola, que o tema central

    deste trabalho, no seria muito pertinente no me referir aprendizagem da Lngua

    Inglesa, dado que um bom exemplo, como lngua universal que . Os alunos comeam

    a aprend-la logo na pr-primria, ainda bastante pequenos, e quando ainda tm tanto

    que aprender e descobrir da sua prpria lngua.

    As actividades propostas na lngua estrangeira no pretendem ultrapassar ou escamotear a

    maturidade e o domnio socio-cultural da criana. Muito pelo contrrio, pretendem mostrar

    novos horizontes atravs da realizao das tarefas pedaggicas propostas por este ensino.

    Seria, pois, no s pernicioso como tambm impraticvel tentar, por exemplo, ensinar a

    crianas de quatro anos de idade as horas em ingls uma vez que este um conceito que

    elas ainda no dominam, na generalidade dos casos, na sua lngua me.13

    No ser por acaso a insero destas atividades como parte do seu processo de

    desenvolvimento, atravs precisamente da componente ldica pois est presente logo

    nos primeiros meses de vida da criana. No 1 ciclo alm das disciplinas obrigatrias,

    as curriculares, os alunos tm as atividades de enriquecimento curricular, vulgo AECS,

    que tm ento essa pretenso de motivar os alunos atravs de atividades que lhes sejam

    apelativas e despertem no aluno um maior interesse pelo saber, atividades que odesafiem, que o tornem mais autnomo, mais socivel, onde demonstre tambm mais as

    suas emoes e afetos. Desta forma, as crianas ao brincarem, ao jogarem esto a

    aprender, esto a adquirir contedos. E, assim deveria continuar pelo ensino em diante,

    pois se est comprovado que as atividades ldicas so enriquecedoras, atrativas e

    motivadoras talvez, no faa muito sentido erradic-las, tornando as aulas

    13NOBRE, C. R. O jogo no ensino precoce da lngua inglesa,p. 166.

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    enfadonhas, da eu acreditar que o ldico pode alterar a relao entre aluno escola-

    aprendizagem.

    Na aprendizagem das lnguas precisamos igualmente de sentir os alunos

    empenhados e interessados, para que o nosso papel enquanto professores seja o mais

    bem sucedido. Para tal dependemos dos bons resultados dos nossos alunos.

    Ser que a aprendizagem de Portugus (L1) mais eficaz que Espanhol (L2)?

    Tratando-se da nossa lngua, aquela que nos acompanha desde tenra idade e que

    aprendemos espontaneamente, seria expectvel que gostssemos de saber mais, de ler e

    escrever bem, de compreender bem um texto, de conseguir argumentar, de saber utilizar

    as estruturas gramaticais corretamente e, tudo isto, com muita motivao, dado que a

    nossa lngua. Todavia, o que se verifica que existem muitas dificuldades na

    aprendizagem de Portugus (L1), levando o MEC14a reforar esta disciplina em carga

    horria e fora da sala de aula para tentar suprir ou diminuir as dificuldades apresentadas

    pelos alunos.

    Em relao ao contributo do ldico na aprendizagem de Portugus (L1), quase

    no h literatura disponvel que reflita seriamente esta temtica, principalmente a partir

    do 2 ciclo, ou seja, com alunos mais crescidos, depreendendo-se desta forma que, para

    a aprendizagem da lngua materna no ser muito relevante a componente ldica, apesar

    de todos os benefcios e potencialidades apontadas e fundamentadas nos pontos

    anteriores. Situao diferente verifica-se na aprendizagem de Espanhol (L2), onde a

    importncia dada motivao, ao cativar os alunos pela aprendizagem de um novo

    idioma tornam o ldico num recurso indispensvel para trabalhar os contedos em sala

    de aula. Os professores de E/LE reconhecem o contributo das atividades ldicas como

    um elemento enriquecedor e potenciador de conseguir bons resultados, capaz de tornar a

    aprendizagem mais efetiva, que o verdadeiro cerne de toda esta temtica.

    Veja-se o testemunho de Fuentes:

    Y por si faltan razones para su implementacin en clase quizs convenga recordar que el

    Plan Curricular publicado por el Instituto Cervantes aconseja, entre los procedimientos y

    recursos para la prctica en el aula de espaol E/LE, la utilizacin de los juegos para

    14Ministrio da Educao e da Cincia.

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    favorecer la creacin de un ambiente relajado y motivador y obtener as el mayor provecho

    de las actividades.15

    En el momento en que la educacin ms tradicional da un paso ms all, pasando de la

    formalidad en sus explicaciones y del protagonismo del professor como nico representante

    del acto educativo, a la idea de introducir actividades dinmicas en las que el discente pasaa formar parte directa del proceso de enseanza, descubrimos que el componente ldico

    cobra un papel fundamental en la programacin. Los profesores nos adentramos en este

    mundo descubriendo gratamente que se aprende jugando en clase y no slo eso, sino que

    todo lo que genera el juego a su alrededor facilita enormemente el proceso de aprendizaje,

    las relaciones en el aula potenciando la integracin y la cohesin grupal. (2008: 2)

    Fuentes (2008: 7) afirma ainda:

    Ya en el Marco comn europeo de referencia para las lenguas: aprendizaje, enseanza,

    evaluacin (MCER), se hace referencia al papel que desempea el componente ldico en el

    aprendizaje y desarrollo de la lengua. 16

    A questo continua e precisa de ser abordada, estudada e fundamentada no que

    concerne aprendizagem de Portugus (L1), pois se o ldico reconhecido como uma

    ferramenta bastante til e importante em ELE (aqui cabe ressaltar a importncia referida

    em Espanhol - L2) ento necessrio alargar horizontes e mudar mentalidades, embora

    creia que j se caminhe nesse sentido e seja muito importante para combater o insucesso

    registado em L1, em particular.

    As dificuldades no que respeita a Portugus (L1) e a desmotivao por parte dos

    alunos no prejudica somente os resultados desta disciplina, acabando por interferir com

    todas as outras, pois, se um aluno no possui os conhecimentos suficientes da sua

    prpria lngua, vai deparar-se com srios problemas tambm nos outros saberes. Alis,

    15 VV.AA. (1994) Plan Curricular del Instituto Cervantes. La enseanza del espaol como lenguaextranjera. Instituto Cervantes.http://www.cuadernointercultural.com/aprender-idiomas-con-actividades-ludicas-y-juegos/

    16Dentro del MCER( en el captulo 4: El Uso de la lengua y el usuario o alumno, en el punto 4.3.:Tareas

    y propsitos comunicativos hay un apartado que hace referencia a los usos ldicos de la lengua,recogiendo algunos ejemplos de juegos que se pueden llevar al aula de ELE. Centro Virtual Cervantes,Marco comn europeo de referencia para las lenguas: aprendizaje, enseanza, evaluacin, InstitutoCervantes, 2002-2008. Disponvel em: http://cvc.cervantes.es/obref/marco/

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    so vrios os professores que relatam que os alunos no conseguem aprender a(s)

    disciplina(s) porque no conseguem interpretar as questes colocadas pelos professores,

    assim como no conseguem fundamentar, argumentar, exprimir-se quer a nvel oral

    quer de escrita.

    Portugus (L1) permite a comunicao entre todos, a interao, a tomada de

    decises e, para isso, necessrio que os alunos compreendam a sua importncia ao

    longo das suas vidas, independentemente da profisso que venham a desempenhar, e

    mais, pretende-se a formao de cidados criativos, crticos e aptos para tomar decises.

    imprescindvel que a escola, que os docentes, os pais, os alunos consigam

    encontrar estratgias, iniciativas, mudanas capazes de contornar esta situao e fazer

    dos nossos alunos melhores comunicadores, melhores escritores, melhores cidados,

    melhores pessoas.

    Friedmann (1996: 54) argumenta:

    A escola um elemento de transformao da sociedade, sua funo contribuir, junto com

    outras instncias da vida social, para que essas transformaes se efectivem. Nesse sentido,

    o trabalho da escola deve considerar as crianas como seres sociais e trabalhar com eles no

    sentido de que sua integrao seja construtiva.

    Um dos caminhos apontados tem sido a componente ldica, o uso de atividades

    ldicas, dinamizadoras e, por isso, a autora Marli P. dos Santos refere:

    A formao ldica se assenta em pressupostos que valorizam a criatividade, o cultivo da

    sensibilidade, a busca da afectividade, a nutrio da alma, proporcionando aos futuros

    educadores vivncias ldicas, experincias corporais, que se utilizam da ao, do

    pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora. (1997: 14)

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    1.7. A motivao, momento privilegiado para a apresentao de contedos

    ldicos. Dois tipos de motivao.

    A questo da motivao fundamental no processo de ensino-aprendizagem,

    principalmente quando prevemos que os estudantes vo ter dificuldade em entender

    algum tipo de matria, quer por ter a sua complexidade, quer por o momento em que

    ocorre a aula ser inconveniente. Mas o que a motivao em contexto escolar?

    El trmino motivacin se deriva del verbo latino movere, que significa `moverse, `poner

    en movimiento o `estar listo para la accin. Cuando un alumno quiere aprender algo, lo

    logra com mayor facilidade que cuando no quiere o permanece indiferente. En el

    aprendizaje, la motivacin depende inicialmente de las necesidades y los impulsos del

    individuo, puesto que estos elementos originan la voluntad de aprender en general y

    concentran la voluntad.17

    Portanto, a questo da motivao fundamental no processo de ensino-

    aprendizagem como afirma a autora Caballero de Rodas, por implicar uma srie de

    variveis importantssimas para alcanar com sucesso os contedos curriculares. Vale a

    pena citar esta autora, pondo em destaque a sua importncia antes da exposio de uma

    matria algo mais difcil:

    La motivacin es una caracterstica absolutamente indispensable para la adquisicin

    significativa de los contenidos curriculares, porque modifica variables como la atencin, la

    concentracin, la persistncia y la tolerancia a la frustracin, todas ellas presentes y

    determinantes del proceso de aprendizaje. (Caballero de Rodas et al, 2001: 102)18

    O nosso papel, enquanto professores, centra-se precisamente na preocupao de

    estarmos rodeados de alunos motivados, alunos interessados, alunos atentos e mais

    participativos no processo de aprendizagem. Contudo, h um nmero significativo dealunos desmotivados, desinteressados e que encaram a aprendizagem de contedos

    como um trabalho forado, custoso e desinteressante. Esta , na verdade, uma realidade

    cada vez mais frequente, muito devida massificao do ensino e desagregao da

    instituio famlia.

    17PEA, Xchitl de la,La motivacin en el aula. http://www.psicopedagogia.com/motivacion-aula18

    SANTOS, M Joo, Actividades dinmicas e a motivao nas aulas de lngua estrangeira, 2010,pg. 16. http://repositorioaberto.up.pt/bitstream/10216/55853/2/TESEMESMARIAJOAOSANTOS000127197.pdf

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    Detetado / encontrado o problema, h que tentar procurar a soluo ou solues.

    Neste caso em particular, devem-se procurar iniciativas e/ ou estratgias vlidas capazes

    de alterar comportamentos e de conseguir alcanar os objetivos pretendidos, pois os

    alunos so o centro do nosso trabalho, e um professor tambm se sentir muito mais

    motivado se trabalhar com alunos interessados em aprender, em adquirir novos

    conhecimentos, enfim, alunos motivados.

    A motivao um fator que atinge todas as pessoas, desde as mais jovens s

    mais crescidas, e todos acabam por ser fortemente influenciados no dia a dia por este

    fator, especialmente os mais jovens. Se nos sentirmos motivados para determinado

    aspeto ou assunto, mais nos vamos empenhar, envolver, dedicar; pois, na realidade,

    estamos a realizar algo que nos apraz, que nos agrada e estimula. O oposto tambm

    acontece, a desmotivao, mas necessrio ento um esforo maior para combater esse

    estado que muito afeta e que incapacitante, dado que no nos sentimos estimulados e

    isso pode repercutir-se de uma forma menos positiva.

    H a destacar dois tipos de motivao: a motivao intrnseca e a motivao

    extrnseca. Segundo os autores Lieury e Finouillet (1997: 51)19, A motivao intrnseca

    significa que o indivduo vai realizar uma actividade unicamente por causa do prazer

    que ela lhe proporciona, enquanto a motivao extrnseca definida pelos mesmos

    autores como aquela que (...) faz referncia a todas as situaes em que o indivduo

    realiza uma actividade para dela retirar qualquer coisa de agradvel, tal como o

    dinheiro, ou para evitar qualquer coisa de desagradvel.

    Aplicando estes conceitos ao mbito escolar, entende-se que um aluno que esteja

    intrinsecamente motivado realiza as atividades propostas por gosto e satisfao,

    enquanto que o aluno motivado extrinsecamente necessita de fatores externos, como por

    exemplo: dinheiro, uma bicicleta nova, um jogo para a consola, etc, ou seja, precisa de

    um estmulo extra para que se sinta motivado para realizar determinada tarefa/ atividadecom sucesso e, desta forma, lograr da recompensa.

    A motivao um dos fatores mais importantes para estimular os alunos para a

    aprendizagem de contedos. Logo, crucial levar sala de aula atividades que

    consigam despertar o interesse dos alunos e, deste modo, mant-los com um esprito

    dinmico para o que vo aprender. O primeiro momento da aula, o incio,

    19

    SANTOS, M Joo, Actividades dinmicas e a motivao nas aulas de lngua estrangeira, 2010,pg. 17. http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/55853/2/TESEMESMARIAJOAOSANTOS000127197.pdf

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    precisamente o ideal para introduzir a motivao atravs de atividades de cariz ldico,

    ou seja, atividades que cativem, que sejam mais dinmicas, mais agradveis, mais

    estimulantes para, precisamente, conseguir a ateno, o desejo e a nsia para a matria

    que vo aprender.

    Maria Joo Santos reconhece a sua utilidade e valor performativo:

    (...) a actividade deveria ajudar os alunos a descobrir o tema da aula, a colocar em prtica o

    seu conhecimento prvio sobre o mesmo e, principalmente, deveria ajudar a aumentar os

    nveis de motivao e os nveis de participao oral aps a atividade. Acrescento ainda que

    atravs da implementao das actividades dinmicas queria mudar a perspectiva negativa

    que os alunos possuem da sala de aula, algo obrigatrio e at aborrecido, para uma

    perspectiva positiva(...)20(2010: 19)

    Hoje, fala-se cada vez mais da importncia da motivao dos nossos alunos, e

    esta est intrinsecamente relacionada com a componente ldica. O primeiro momento da

    aula deve, ento, dar primazia a atividades de cariz ldico, pois pretender cativar os

    alunos para um novo contedo, atravs de atividades que sejam motivadoras, que

    despertem a curiosidade dos alunos em querer saber mais, que sejam atrativas, capazes

    de fazer com que estes se sintam e mantenham interessados pela matria que vai ser

    introduzida. Este primeiro momento da aula crucial para o que se seguir durante essae as prximas aulas.

    As atividades podem ser as mais variadas. H que ter particular ateno ao

    tempo aqui atribudo, cinco a dez minutos. H muitas formas de as apresentar: podemos

    mostrar uma imagem ou vrias, um vdeo, um powerpoint, elaborar uma chuva de

    ideias, uma cano, uma fotografia, etc. A intencionalidade que com este tipo de

    atividades os alunos se sintam mais entusiamados e interessados pelo que vo aprender

    e, que consigam, atravs destas inferir o tema da aula, da UD a que vo dar incio.

    Portanto, no uma perda de tempo ou um momento menos nobre da aula, mas um

    momento preparatrio que vai ter repercusses nas restantes atividades.

    Segundo a autora Carmen Santos, a motivao uma questo muito importante

    e, apesar de todos os obstculos que possam surgir, merece todo o esforo e entrega e

    no o oposto, a desistncia: Motivar al alumno es una verdadera carrera de fondo, en la

    20 SANTOS, M Joo, Actividades dinmicas e a motivao nas aulas de lngua estrangeira, 2010.http://repositorioaberto.up.pt/bitstream/10216/55853/2/TESEMESMARIAJOAOSANTOS000127197.pdf

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    que hay que resistir hasta el final, en la que los obstculos, la soledad, el desnimo no

    son excusas para abandonar.21

    21SANTOS, Carmen Dez,Didctica La motivacin en clase de ELE, pg. 8.www.uni-salzburg.at/pls/portal/docs/1/562804.PDF

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    Captulo II Contexto em que este tema se

    desenvolveu

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    1. Caracterizao da Escola Secundria Dr. Manuel Laranjeira - Espinho

    A escola na qual realizei o meu estgico pedaggico foi a Escola Secundria Dr.

    Manuel Laranjeira, em Espinho. O patrono da escola Manuel Laranjeira. Foi mdico

    de profisso, um homem com um espirito brilhante e inquietante alm do seu

    temperamento apaixonado. A sua obra literria, de grande densidade dramtica e de

    aguda sensibilidade intelectual, repartiu-se por domnios diversificados como a poesia,

    o jornalismo e o teatro.

    A escola encontra-se em reconstruo, dado que, na realidade, j necessitava de

    obras. Eu e a minha colega de estgio, a Maria Manuel, comemos a assistir e a dar

    aulas nos chamados contentores, mas no fim do primeiro perodo as salas novas j

    estavam prontas para receber os alunos e os professores. So salas muito acolhedoras e

    que j possuem as condies necessrias e razoveis para que, desta forma, se possa

    trabalhar e criar um ambiente mais apropriado ao processo de ensino-aprendizagem.

    No incio do ano, quando me apresentei na escola fui recebida de forma

    acolhedora por parte da Diretora da escola que se mostrou uma pessoa disponvel para

    nos ajudar no que precisssemos, contudo isso aconteceu por no acontecer quando

    surgiram alguns problemas relacionados com o estgio em espanhol. Todavia, parece-

    me que a escola organizada, sente-se que toda a comunidade educativa se une para

    alcanar os resultados a que se prope. Nota-se uma participao mais ativa e

    interessada por parte dos pais e responsveis pela educao dos alunos, e isso muito

    positivo. Soma-se ainda a luta para combater o insucesso escolar e conseguir atingir

    resultados positivos a determinadas disciplinas e, para isso; a escola tenta que os alunos

    adquiram hbitos dirios de estudo e de trabalho e que os que sentem mais dificuldades

    na aprendizagem sejam acompanhados atravs de planos de melhoramento individuais.

    A escola Dr.Manuel Laranjeira tem alunos do 5 ano at ao 12 ano, alm doscursos profissionais e dos cursos QNO. , por isso, uma escola que possui uma ampla

    oferta educativa.

    Aos alunos -lhes oferecido uma grande variedade de atividades para que

    possam aproveitar os seus tempos libres com ocupaes teis e saudveis, o que acaba

    por ser mais motivador para os discentes. muito importante que as escolas tenham em

    ateno esses aspetos, que haja tempo para o ensino e tempo para atividades com uma

    vertente mais ldica, mais recreativa que permitam aos alunos criar uma relao mais

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    estreita com a sua escola. A escola dispe de uma biblioteca muito acolhedora, bonita e

    muito bem equipada. H tambm um servio de psicologia e de orientao, que tem

    como principal funo ajudar os alunos a resolver os seus problemas e a discernir as

    suas vocaes, alm de fazer com que estes se sintam acompanhados no seu percurso

    acadmico.

    De referir uma ferramenta muito importante e muito til que j est presente na

    grande maioria das escolas: A pgina da escola. recurso muito til quer para os

    professores, quer para os alunos e pais. Aqui possvel consultar toda a oferta

    educativa, o Projeto Educativo, planificaes, manuais, critrios de avaliao, o jornal

    da escola, atividades vrias, etc. Alunos e professores dispem ainda de uma plataforma

    de E-learning (Moodle) que pode ser bastante til e prtico, uma vez que profesores e

    alunos podem mostrar e ver trabalhos desenvolvidos nas vrias disciplinas.

    Na minha opinio a escola na qual realizei o meu estgio organizada,

    preocupada, dinmica, interessada e para tudo isso contribuem todas as pessoas que l

    trabalham e/ ou estudam, no esquecendo o papel muito importante dos pais na escola.

    Gostaria ainda de salientar e de agradecer a todos os funcionrios, pois tm sido muito

    simpticos e muito atenciosos connosco.

    2. Ncleo de estgio

    Realizei o meu estgio pedaggico na Escola Secundria Dr. Manuel Laranjeira,

    em Espinho. Eu e minha colega Maria Manuel Urbano realizamos o estgio a Lngua

    Portuguesa e a Lngua Espanhola. Os nossos orientadores foram: a Lngua Portuguesa a

    Professora Ana Rosa Silva e a Lngua Espanhola o Professor Joaquim Lopes.

    3. Caracterizao das turmas

    As turmas s quais ministrei as minhas aulas durante o estgio pedaggico foram

    seleccionadas pelos nossos orientadores, uma vez que conheciam as turmas. A

    Lngua Portuguesa ministrei as minhas aulas ao 8 e ao 12 ano de escolaridade.

    Turmas de diferentes faixas etrias mas ambas interessadas, empenhadas e

    motivadas. A Lngua Espanhola, dei aulas a uma turma do 8 e outra do 11 (embora

    englobasse duas turmas juntas). As turmas de espanhol foram mais difceis de

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    trabalhar pois os alunos eram mais indisciplinados, alguns perturbadores e

    desinteressados.

    Os perfis das turmas fornecidos pelos nossos orientadores foram bastante

    importantes para conhecermos melhor cada turma e, desta forma, tentarmos

    implementar iniciativas/ estratgias adequadas na hora de levarmos sala de aula as

    Unidades Didticas elaboradas por ns, professoras estagirias.

    Em relao s turmas de Lngua Portuguesa, a turma B do 8 ano era constituda

    por 29 alunos, com idades compreendidas entre os treze e catorze anos. Dei-lhes seis

    das oito aulas que tinha que lecionar e confesso que gostei bastante de trabalhar com

    eles. Apesar de ser uma turma grande, os alunos eram, no geral, interessados,

    empenhados e muito participativos, havendo sempre alguns casos pontuais de

    distrao e alguma indisciplina.

    Em relao Turma E do 12 ano era constituda 25 alunos. Turma interessada,

    empenhada e madura, embora pouco participativa, o que acabou por dificultar um

    pouco a interao das aulas. Era necessrio questionar bastante os alunos para

    responderem ao que eu solicitava ou para opinarem sobre qualquer assunto. Apesar

    de serem mais inibidos, eram trabalhadores, conscientes da fase acadmica em que

    estavam e bastante responsveis.

    A Espanhol, como referi anteriormente, dei aulas a duas turmas: ao 8E e ao

    11E/F. Ambas as turmas eram de nvel A2, mas, como bvio, tive que ter em

    ateno a diferena de idades, dado que existiam contedos que necessitavam de ser

    desenvolvidos mediante a maturidade dos alunos. De salientar que as duas turmas

    eram de ensino regular e que o 11 ano era de Humanidades e com espanhol

    especfico, ou seja, com sete blocos de quarenta e cinco minutos por semana, e que

    no final do ano letivo iam realizar exame nacional, o que constitua uma grande

    responsabilidade.A turma do 8E era constituda por 27 alunos muito faladores, desatentos e com

    dificuldades em obedecer a muitas das regras de bom comportamento que deveriam

    ter em contexto de sala de aula. Notou-se que os alunos no tinham hbitos de

    estudo e de trabalho e, quanto disciplina em si, as dificuldades mais sentidas foram

    na oralidade e na escrita. Todavia, apesar de tudo o que disse, sentia-se que

    gostavam de aprender a lngua espanhola e que no apresentavam muitas dvidas

    em nos entender.

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    Atravs das fichas informativas sobre os perfis de cada turma, deu para perceber

    que pertenciam a um nvel social mdio/baixo, os seus pais tinham o ensino

    obrigatrio ou ento s o ensino primrio.

    A turma do 11 (constituda por duas turmas juntas) tinha vinte e dois alunos,

    sendo doze do 11E e dez do 11F. Era uma turma muito heterognea, onde

    encontrvamos alunos interessados e empenhados e outros completamente

    desmotivados, desinteressados e sem qualquer vontade de trabalhar. Sentia-se que

    alguns alunos j se preocupavam com o que gostariam de seguir a nvel

    universitrio, enquanto outros no queriam saber rigorosamente de nada, estavam na

    aula por estarem, demonstrando uma grande falta de responsabilidade e tambm de

    maturidade. Alunos da rea de Humanidades e muitos deles no gostavam sequer de

    ler. Estavam na aula com uma atitude e uma postura de desinteresse e muito

    relaxados,inconscientes de que no final do ano letivo iriam ter exame.

    Em relao ao nvel social, notou-se que era tambm turma heterognea.

    Tnhamos Encarregados de Educao com o ensino superior, outros com o ensino

    obrigatrio e alguns com o quarto ano de escolaridade.

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    Captulo III O contributo das atividades ldicas

    na aprendizagem de L1 e L2: aplicao prtica

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    1. Objetivo da aplicao prtica

    Afinal, sem a presena e a participao de professores e alunos, o trabalho em sala de aula

    no acontece. Esta uma relao interdependente, em que um precisa do outro

    reciprocamente, num contexto de trocas. Da a importncia de ambos para a sobrevivncia

    do sistema.

    MACEDO, PETTY & PASSOS (2005: 37)

    Todos ns, antes de exercermos uma profisso, somos primeiramente estudantes.

    atravs do ensino que adquirimos conhecimentos e competncias para mais tarde

    exercermos uma profisso e fazermos parte de uma sociedade onde necessria a nossa

    integrao.

    Foi precisamente no papel de estudante/ aluna que me deparei com o assunto que

    trato neste meu relatrio de estgio sobre o contributo das atividades ldicas para a

    aprendizagem, pois na maioria das disciplinas lecionadas no existiam atividades de

    componente ldica ou, quando ocorriam, muito esporadicamente, era porque sobrava

    algum tempo e ento jogvamos ao jogo da forca, por exemplo. Gostava quando

    jogvamos. O ambiente na sala de aula era outro, j no era to pesado e montono mas

    sim mais descontrado e interessante. A atividade era encarada como um momento mais

    de brincadeira, menos srio, s espera que a campainha tocasse.

    Hoje em dia, no meu curto percurso e ainda curta experincia como professora

    de Espanhol Lngua Estrangeira, vejo o ldico como um recurso fundamental para

    complementar as matrias dadas na sala de aula. uma ferramenta bastante importante

    na minha opinio, pois contribui para um maior interesse, empenho e dedicao. Deixou

    de ser encarada por muitos professores como passatempo ou brincadeira e passou a ser

    vista e utilizada como um recurso srio, eficaz e capaz de mudar a viso de alguns

    alunos que no gostam da escola, que a sentem como uma priso, pois atravs da

    utilizao do ldico consegue-se cativar os alunos, despertar interesse e, logo, melhorar

    os resultados.

    O meu objetivo ao abordar este tema demonstrar que, ao recorrermos ao

    ldico, estamos a contribuir para um crescente interesse e motivao dos alunos pelo

    processo ensino-aprendizagem, pelo conhecimento e sinto que necessrio recorrer a

    estratgias que sejam fiveis e que consigam contribuir para uma mudana no ensino.

    importante para o sistema educativo implementar novas iniciativas, pois este precisa de

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    inovar-se, atualizar-se, necessita de criatividade e de ao. O nosso papel enquanto

    professores, e tendo uma relao mais prxima e direta com os discentes,

    precisamente perceber o que est bem e o que precisa de ser alterado. Tambm

    precisamos de nos sentir motivados e para isso temos e devemos contribuir para as tais

    mudanas, encarando os receios e as incertezas como algo cada vez mais intrnseco

    nossa profisso.

    Nesta parte do relatrio, a parte prtica, pretendo demonstrar, com algumas

    propostas de atividades ldicas, o seu contributo na aprendizagem de Lngua Portuguesa

    - L1 e de Lngua Espanhola L2. Apresentarei algumas propostas de atividades para

    ambas as disciplinas, atendendo s temticas abordadas nas diferentes UD, que foram

    pensadas, elaboradas e postas em prtica por mim durante o estgio pedaggico. Como

    forma de complementar esta vertente prtica irei apresentar outras propostas a

    comprovar a grande valia deste recurso didtico e, por outro lado, mostrar que os alunos

    anseiam por atividades que sejam diferentes, pois, se insistirmos sempre nos mesmos

    exerccios, estes acabam por se tornar rotineiros e desinteressantes aos olhos de quem os

    realiza. O ldico torna-se num aliado quando utilizado em sala de aula para a aquisio

    de conhecimentos ou consolidao dos mesmos.

    Seja prudente com a novidade. Nunca a procure por ela mesma, mas pela melhoria que

    poder proporcionar ao seu trabalho e sua vida. Essa melhoria depende tanto de voc

    como da prpria novidade. (Celso Antunes)

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    2. Propostas de atividades realizadas durante o estgio pedaggico a Lngua

    Portuguesa (L1) e a Lngua Espanhola (L2):

    2.1. A motivao, momento privilegiado para a apresentao de contedos

    ldicos

    Neste ponto proponho-me exemplificar dois momentos de incio de aula,

    integrados, portanto, na motivao, tanto para L1, lngua portuguesa, como para L2,

    lngua espanhola, e demonstrar que o incio de cada aula um momento importante para

    conseguirmos prender, agarrar o interesse dos nossos alunos e, com isso, alcanar

    resultados mais positivos e motivadores tambm para ns, professores.

    Lngua Portuguesa L1Apresento duas motivaes, dando como exemplo duas atividades de carcter

    ldico que apresentei nas turmas de Portugus (L1) ao 8. e 12. anos, respetivamente.

    Turma do 8E UD O texto potico

    No incio da segunda aula desta unidade didctica de trs aulas, ministrada a esta

    turma, selecionei como atividade de motivao a imagem de uma menina vestida debailarina, uma vez que o poema por mim escolhido para levar sala de aula, da poetisa

    brasileira Ceclia Meireles, intitulava-se A Bailarina. Antes de passar audio do

    poema, pedi aos alunos que olhassem a imagem projetada e que criassem uma chuva de

    ideias a partir, precisamente, da palavra bailarina. As ideias foram registadas no

    quadro.

    Fui fazendo questes, para que os estudantes fizessem associaes e, desta

    maneira, conseguissem recordar-se de vocabulrio relacionado com o tema proposto. Aavaliar pela chuva de ideias, podemos dizer que a atividade acabou por resultar muito

    bem. Para o sucesso, contriburam as meninas que j tinham praticado ballet e

    conheciam algum vocabulrio mais especfico.

    Aps esta atividade de enriquecimento vocabular e de motivao partimos para a

    anlise do poema.

    A atividade resultou muito bem e isso acabou por se notar no decorrer da aula.

    Os alunos gostaram bastante do poema e, em parte, foi devida a essa atividade prvia demotivao, alm da qualidade do poema. Como j referi anteriormente, em relao ao

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    perfil das turmas, esta em particular era, sem dvida, interessada e empenhada e as

    atividades levadas sala de aula correram, no geral, todas muito bem. No fim de cada

    aula lecionada a estes alunos sentia-me realizada e muito mais motivada.

    A bailarina

    Esta menina

    to pequenina

    quer ser bailarina.

    No conhece nem d nem rmas sabe ficar na ponta do p.

    No conhece nem mi nem f

    Mas inclina o corpo para c e para l.

    No conhece nem l nem si,

    mas fecha os olhos e sorri.

    -

    Roda, roda, roda, com os bracinhos no are no fica tonta nem sai do lugar.

    Pe no cabelo uma estrela e um vu

    e diz que caiu do cu.

    -

    Esta menina

    to pequenina

    quer ser bailarina.

    -

    Mas depois esquece todas as danas,e tambm quer dormir como as outras crianas.

    -

    A bailarina, in Ceclia Meireles, Ou isso ou aquilo, Civilizao Brasileira.

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    Turma do 12. E UD O texto lrico: Fernando Pessoa Ortnimo

    Para esta turma do 12. ano selecionei como atividade de motivao para incio

    de aula tambm uma imagem, embora, como evidente, esta leitura muito mais

    profunda, o nvel de exigncia claramente superior. No entanto, no deixa de ser

    oportuno, mesmo para alunos bastante mais avanados, uma atividade de motivao. A

    imagem selecionada prende-se com o poema levado sala de aula para estudo: No sei

    quantas almas tenho de Fernando Pessoa. Com este poema pretendi introduzir a

    temtica da fragmentao do eu, dado que, nas aulas seguintes, os alunos iriam dar

    incio ao estudo dos heternimos.

    Apresentei de novo uma imagem, no s por ser oportuno, mas tambm porque

    considero importante realar a importncia da leitura/ interpretao de imagens, pois

    esta uma atividade que pretende que os alunos desenvolvam e estimulem as suas

    capacidades de observao, de perspiccia, de reflexo, ligao de ideias e partilha

    dessas mesmas.

    Esta turma, apesar de interessada e empenhada, era tambm um pouco inibida, o

    que exigiu da minha parte uma maior interao com os alunos. Com esta atividade de

    incio de aula, tive que question-los, de estar em constante interatividade, para que eles

    partilhassem os seus pontos de vista e os justificassem. A atividade decorreu da formaesperada. Eu sabia que primeiro teria que cativ-los e depois tudo seria mais fcil e,

    realmente foi o que aconteceu. As atividades de cariz ldico so importantes e, por

    vezes, decisivas em determinados contedos para conseguir a ateno, o interesse, a

    motivao dos alunos.

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    Lngua Espanhola L2

    Apresento duas motivaes dando como exemplo duas atividades ldicas, que

    levei turma de Espanhol (L2) do 11.