o contexto da inovação em portugal

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1 O Contexto da Inovação em Portugal Francisco Luís Murteira Nabo Ordem dos Economistas Lisboa, 18 de Maio de 2004

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O Contexto da Inovação em Portugal. Francisco Luís Murteira Nabo Ordem dos Economistas Lisboa, 18 de Maio de 2004. Sumário. 1. Obstáculos à Inovação 2. Algumas Evidências 3. O Papel da COTEC Portugal 4. Algumas reflexões. 1 - Obstáculos à Inovação Geração de conhecimento - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: O Contexto da Inovação  em Portugal

1

O Contexto da Inovação

em Portugal

Francisco Luís Murteira Nabo

Ordem dos Economistas

Lisboa, 18 de Maio de 2004

Page 2: O Contexto da Inovação  em Portugal

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Sumário

1. Obstáculos à Inovação

2. Algumas Evidências

3. O Papel da COTEC Portugal

4. Algumas reflexões

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1 - Obstáculos à Inovação

• Geração de conhecimento• Recursos Humanos• Financiamento• Outros Aspectos

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Geração de conhecimento

Page 5: O Contexto da Inovação  em Portugal

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O investimento em I&D é reduzido

• A I&D é uma componente

essencial da inovação.

• Portugal investe somente

0.77% do PIB em inovação,

um valor que é menos do que

metade da média comunitária.

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Uma parte substancial do investimento em I&D é canalizado para investigação básica

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O esforço de I&D é muito fragmentado• Os dados mais recentes indicam que o número de unidades de I&D em Portugal

é muito disperso, sendo de 431 unidades dos quais 15 são Laboratórios Associados.

• No ano de 2003 o financiamento do Sistema Científico, Tecnológico e de Inovação foi de 45 milhões de euros (30 milhões referentes às unidades de I&D e 15 milhões referentes aos Laboratórios Associados).

• O facto de esta fragmentação do esforço de I&D não ter sido combatida contribuiu para limitar o impacto potencial desse esforço no tecido económico.

• A concentração do financiamento num número limitado de áreas que potenciam a competitividade é uma política seguida em muito países desenvolvidos.

Distribuição das unidades de investigação por área científica

(2001)

Ciências exactas

Ciências naturais

Ciências da Saúde

Ciências da engenharia e tecnologias

Ciências sociais

Artes e humanidades

Page 8: O Contexto da Inovação  em Portugal

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O investimento em I&D não é transformado em propriedade indústrial

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O investimento em I&D não origina empresas de base tecnológica com valor acrescentado significativo

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A maioria dos recursos humanos afectos à I&D encontra-se nas universidades e não tem motivações para transferir o conhecimento que gera para o sector produtivo

ECDU – Estatuto da Carreira

Docente Universitária

estabelece que «os concursos

para professores catedráticos

e associados destinam-se

a averiguar o mérito da obra

científica dos candidatos,

a sua capacidade

de investigação e o valor

da actividade pedagógica

já desenvolvida».

Page 11: O Contexto da Inovação  em Portugal

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Recursos humanos

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A qualificação da mão-de-obra é baixaEnsino Superior

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Ensino Secundário

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Apesar do investimento em formação por aluno no ensino básico e no ensino secundário ser comparável à de países com um PIB da mesma ordem de grandeza de Portugal …

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… o mesmo não se verifica no ensino superior

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A proporção de licenciados e pós-graduados no mercado de trabalho é reduzida

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• Limitações à mobilidade de investigadores quer entre instituições de ensino/investigação quer entre estas e as empresas.

• Limitações à diferenciação salarial entre investigadores, em função do desempenho.

• Formalidade do ensino, não conducente à aquisição pelos alunos de competências complementares como, por exemplo, de comunicação e de criatividade.

• Utilização excessiva dos investigadores/docentes em tarefas administrativas.

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Financiamento

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• O novo modelo de financiamento do sistema científico,

tecnológico e de inovação inclui um factor de majoração

da base de financiamento das entidades do sistema,

bem como um factor complementar do financiamento base,

que incentivam a transferência do conhecimento para o tecido

económico.

• Contudo, tendo em conta o facto de que a maioria

dos recursos humanos do sistema são também docentes

universitários, a entrada em vigor deste novo modelo

de financiamento deveria ser acompanhada por medidas

de incentivo semelhantes no ECDU- Estatuto da Carreira

Docente Universitária

Modelo de Financiamento

Page 20: O Contexto da Inovação  em Portugal

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A contribuição das empresas para o investimento em I&D é reduzida

A proporção das despesas

totais em I&D coberta

pelas empresas nacionais

é de 32.4%, valor

que é bastante inferior

ao da média comunitária

(56.1%).

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A alteração do regime fiscal de incentivo à I&D empresarial não contribui para melhorar esta situação

• Do ponto de vista da inovação, a suspensão do SIFIDE e a sua “substituição” pela Reserva Fiscal ao Investimento é negativa:

– Ao contrário do que sucedia no SIFIDE, na Reserva Fiscal o incentivo reparte-se pela inovação e pelo investimento (o que, para muitas empresas significará uma ausência de incentivo à inovação)

– Para os grandes investidores empresariais em I&D, mesmo admitindo que estes não recorrem aos incentivos para investimento, os incentivos para a inovação decrescerão de uma forma muito significativa (de acordo com simulações efectuadas por alguns associados da COTEC, os incentivos reduzem-se a 1/5 ou mesmo a 1/10 daqueles que obtinham recorrendo ao SIFIDE)

– Ao contrário do que sucedia no SIFIDE, na Reserva Fiscal foram excluídos sectores chave para o desenvolvimento (por exemplo, o do software)

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O investimento em capital de risco é diminuto e …

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… praticamente inexistente nas fases iniciais

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Outros aspectos

• Culturais• Dimensão do Mercado• “Informalidade” da Economia

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Aspectos culturais• Um estudo recente conclui que da população activa, entre 20

e 64 anos, somente 7.1% estavam envolvidos em “iniciativas

empreendedoras” e que um número significativamente menor

(1.4%) estaria a investir em “projectos criados de raiz”.

• De entre as causas para uma tão reduzida vocação

empreendedora destacam-se do estudo as seguintes:

– Uma atitude cultural que privilegia o trabalho dependente,

resultante da aversão ao risco.

– Uma atitude social de condenação do insucesso.

– Uma contribuição muito reduzida do sistema educativo para

o desenvolvimento da vocação empreendedora dos seus actores.

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Dimensão do mercado interno

• A reduzida dimensão do mercado interno

é muitas vezes apontada como um bloqueio

ao desenvolvimento de empresas tecnológicas

de elevado potencial de crescimento.

• Este bloqueio resulta de um certo

‘provincianismo’ cultural que deverá ser

combatido através do sistema educativo.

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“Informalidade” da economia

• A “informalidade” da economia, caracterizada no projecto “Portugal 2010”, justifica em grande parte o diferencial de produtividade relativamente aos nossos principais parceiros.

• Esta “informalidade” desincentiva o investimento em empreendimentos de elevado potencial e risco, pois permite a obtenção de elevadas remunerações em sectores tradicionais que normalmente não as potenciam.

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2 - Algumas Evidências

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Parece Incontroverso Que:• Na transição para a Sociedade do Conhecimento a Inovação

não é um mas “o factor” determinante da Criação de Riqueza

• Um processo de mudança de tipo civilizacional obriga

a opções estratégicas de ruptura, uma elevada

coordenação dos Agentes e uma rigorosa aplicação

dos recursos mobilizáveis

• A Europa não tem tido sucesso na concretização

dos objectivos traçados nas Cimeiras de Lisboa e Barcelona

• Os Centros de Decisão europeus recomendam

o desenvolvimento de plataformas tecnológicas

transnacionais e redes de excelência de âmbito europeu

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E Que:• Nos últimos anos Portugal foi dos países europeus com uma

das mais elevadas taxas de investimento em I & D

• Apesar do forte investimento efectuado em I & D o País não

conseguiu criar riqueza significativa

• Portugal tem claras debilidades, quer quanto à clareza

estratégica, quer quanto à coordenação do SNI, quer ainda

quanto ao contexto do “output” gerado

• Depois de longos anos em que se “optou” pelo investimento

em infra-estruturas físicas opta-se agora, finalmente,

em investimento em Inovação

• São fracas as nossas condições de participação nas futuras

plataformas e redes de excelência europeias

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3 - O papel da COTEC Portugal

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• Foi neste contexto que a COTEC Portugal foi formalmente constituída nos em Abril de 2003, tendo iniciado a sua actividade no início de Setembro.

• Esta iniciativa conta com a adesão de 102 empresas, cujo valor acrescentado bruto representa, globalmente, quase um quinto do PIB português.

• Reunidas estas condições, acredita-se que a COTEC Portugal pode liderar o processo de mudança contemplado na sua missão:

«promover o aumento da competitividade das empresas

localizadas em Portugal, através do desenvolvimento

e difusão de uma cultura e de uma prática de inovação,

bem como do conhecimento residente no País».

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Cultura da COTEC-Portugal• Associação empresarial sem fins lucrativos

e de utilidade pública

• Pequena estrutura com as características de uma integradora de serviços fornecidos em “outsourcing”

• Envolvendo ao máximo os seus Associados na sua acção

• Coordenando-se ao máximo com os restantesAgentes de Inovação

• Postura muito “focada” em poucos objectivos

• Uma cultura muito centrada no “fazer”

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Plano de Acção 2003-2004• Lançamento de 2 Iniciativas estruturantes: Florestal e Logística

Nacional

• Dar sustentabilidade e internacionalização ao Pólo Tecnológico

da Universidade do Minho no “cluster” do “software”

• Executar 3 estudos de oportunidade tecnológica:

a) Sector do automóvel na Região Norte

b) Sector das TICE’s na Região Norte

c) Sobre o desenvolvimento da Biotecnologia em Portugal

• 2 Acções de demonstração de metodologias para a valorização

de I&D praticadas pela Universidade Estatal da Carolina

do Norte,(EUA) baseadas em tecnologias reais e que conduzem

ao aparecimento de “start-ups” em sectores de Alta Tecnologia

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E Ainda• O lançamento de um Portal de Inovação interactivo inovador

• Propostas orientadas para a instalação de capacidades de I&D

nas empresas, uma maior “focagem” das Universidades na criação

de valor (Doutoramentos nas empresas) e valorização da Carreira

Docente Universitária

• Criação de um ambiente favorável ao aparecimento de uma

“capital network”, que partilhe o risco com o Empreendedor,

em especial na fase de arranque, em projectos de Alta Tecnologia

• Criação do “Clube PME’s Inovadoras COTEC;

• Encontros de Sensibilização à importância da inovação

na estratégia das empresas;

• Lançamento do Prémio de Inovação COTEC

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4 - Algumas Reflexões

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Um projecto transformador de longo prazo só terá sucesso real se tiver em conta que:

• A estratégia tem de ser ambiciosa e clara, as prioridades devem

ser poucas, conduzindo ambas a uma muito selectiva afectação

de recursos e, acima de tudo, a uma avaliação rigorosa

e quantificada da sua eficácia, em termos de valor criado;

• O País tem de ter um Programa consensual de IDI, de âmbito

nacional, com uma clara liderança pública, uma eficiente

coordenação dos Agentes do SNI e uma elevada mobilização

empresarial;

• São chaves ao processo de mudança as parcerias

público/privado e a atracção de IDE, que procure profissionais

com níveis de qualificação mais elevados;

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E Também Que:• O fomento à criação e integração de Centros de Excelência nacionais

nas redes e plataformas tecnológicas europeias

“é crucial” para o fortalecimento e internacionalização

das empresas portuguesas, e integração da nossa economia

no Projecto Europeu de criação de valor;

• “É crítica” para a transformação do conhecimento em valor, uma

profunda e eficaz mudança das mentalidades, da cultura

e do “governance” da Universidade e dos Centros de Investigação

nacionais;

• É igualmente critica a ausência no País de reais empresas

de “venture capital”, em especial na fase de maior risco

das empresas, ou seja, a ausência de “capital semente”

e partilha de riscos no financiamento das “start-ups”

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E Ainda:• São determinantes no contexto competitivo europeu actual, medidas eficazes de

fomento ao empreendedorismo, bem como políticas de atracção de jovens para

licenciaturas nas áreas da Ciência e da Tecnologia;

• A criação de condições ao aparecimento de modernos Pólos Tecnológicos,

vocacionados para o desenvolvimento de “clusters” em indústrias de alta

tecnologia, com parcerias internacionais tecnológicas e comerciais, devidamente

suportadas por centros de investigação e capital de risco, poderão ser “âncoras”

indutoras de profunda reconfiguração do PIB,

em termos de subida na cadeia de valor;

• Enfim, a aposta das Associações Empresariais em efectivas políticas

de fomento da inovação, do cooperativismo empresarial e da internacionalização

entre os seus Associados, como forma de aumentar

a competitividade das empresas portuguesas, é igualmente cada vez

mais crítico.

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